Bem-vindo(a)!
14h18. Já publiquei o post anterior. Agora posso pegar esse
arquivo virgem e preenchê-lo como me aprouver. Se bem que não tenho muito a
acrescentar. O dia se faz mais aberto hoje do que ontem. Mas não está
ensolarado como estou acostumado. São as águas de março fechando o verão, por
mais que estejamos em maio, no primeiro dia do mês, Dia do Trabalho.
15h07. Meu amigo da piscina apareceu aí e conversamos um
pouco, me contou nos minuciosos detalhes o seu acidente de moto, que o
impossibilitou de continuar na profissão que amava, um tipo específico de
mergulho que tinha dentre outras a finalidades corte e solda de navios,
trabalhar em plataformas de petróleo e atingir profundidades de até 50 metros.
Contou que havia se atrasado para uma reunião do dito trabalho fazendo amor com
a sua esposa. Que pegou uma contramão na Rua da Lama e que, de repente viu um
carro entrando, com o motorista olhando para a direção contrária visto que
nunca imaginaria que um motoqueiro em alta velocidade viesse na contramão. Meu
amigo pisou no freio e o corpo da moto jogou para a frente, muito mais do que
ele esperava, ele tentou acelerar para ver se reequilibrava a moto, mas já era
tarde demais. Disse que viu o mundo girar com a colisão e pensou, “me fodi”.
Depois de um breve apagão, recobrou a consciência já no chão, tirou logo o
capacete e sentia dificuldade em respirar. Disse que embora com dor física, a
mente estava serena e racional. Tirou o capacete e pensou consigo mesmo que
respirasse devagar e com calma, até que aos poucos sua respiração voltou ao
normal. Começou então a tatear o seu corpo atrás de algum ferimento ou
mutilação. Aparentemente e só aparentemente, estava inteiro não fora pelo pé
direito que não conseguia erguer do chão, como se houvesse uma força o impedindo
de levantá-lo. Foi quando alguém veio ajudar e ele conseguiu um telefone e
tentou ligar para as três mulheres da sua vida e nenhuma atendeu. Ligou então
para o SAMU e o serviço mandou logo dois motoqueiros, que chegaram rápido.
Quando se disse mergulhador, sentiu que foi melhor tratado. Sua sorte é que
estava usando EPI, vestimenta de proteção e segurança e a bota havia lhe salvo
o pé direito, como afirmou um membro da equipe do SAMU. Meu amigo disse que a
sola da bota abriu-se ao meio. E que perdeu parte dos músculos, nervos e demais
tecidos do pé, o que o impossibilitou para sempre de exercer a profissão com
que mais se identificou na vida e perdeu a sensibilidade nos dedos do dito pé,
com os quais diz não ter força alguma. Bem, em resumo foi assim que se deu o
seu acidente. Não sei se contei bem ou contei certo, foi o que apreendi. Vou
fumar um cigarro com Coca.
15h40. Vou para o Desabafos do Vate, preciso. Faz muito
tempo que não me ponho por lá.
16h20. Pus o que queria acrescentar até o momento lá. É um
espaço que cada vez vejo com menos razão de ser.
16h24. Fui pegar Coca e cá estou meio esvaziado de conteúdo.
Minha mãe disse que estava para entrar na sessão de cinema. Adoro a zonzeira
que me dá quando tusso algumas vezes que fumo o Vaporfi. É uma sensação gostosa
e pode ser algo perigoso que finde por estourar alguma das veias do meu
cérebro. Sabe-se lá o que é isso, que efeito é esse que nenhuma outra tossida
me dá. Bom, acho legais os segundos de tontura e fico um tanto preocupado.
16h32. Não consigo tirar da cabeça a história do escritor,
foi muita bondade dele e do destino me oferecer esta oportunidade. Tomara que
se reverta em algum resultado de fato para mim, que ele me responda o e-mail ao
menos. O que vai ser dureza é se ele detonar os meus escritos. Isso vai me
deixar no chão. Arrasado. Há uma grande probabilidade de isso acontecer. Eu não
tenho técnica narrativa nenhuma. Apenas escrevo com me sai. E sai extremamente
fácil. Gostaria que isso refletisse numa leitura igualmente fácil, que fosse
tão gostoso ler quanto é escrever. Mas disso não posso saber, não tenho como
aferir. Só o outro pode me dizer. Minha tia disse que era gostoso de ler este
blog, o que me deixou muito entusiasmado. A incrível revisora e o escritor são
os que podem aferir o texto mais tecnicamente, visto que trabalham com isso.
Com a linguagem escrita. Inclusive a incrível revisora já fez um curso com o
escritor e disse que ele é uma pessoa muito legal. Mundo pequeno. Só penso no
livro, nossa. Vai ser um baque muito grande se tudo der para trás. Mas nada vai
dar para trás se tudo aponta para adiante. Terei pelo menos a meta que me
comprometi alcançar que é ter a obra revisada. Daí para a publicação, não sei
como fazer. Nem sei se faça. Caberá às opiniões dessas duas pessoas que detêm o
original em mãos opinar. Penso no meu companheiro escritor de Macau.
16h51. Vi a página dele no Facebook e perdi a coragem. Eu
não li nada dele. Claro que há o fato de que não gosto de ler, gosto apenas de
escrever e a única leitura que faço é a revisão do meu próprio texto. Como já
anunciei um sem número de vezes aqui. Mas acho chato não ter lido nada do meu
companheiro e querer que ele leia o meu texto. Que só de pensar acho uma grande
bosta. Acho que é o que o escritor vai achar e, por piedade, nunca irá me
responder para não me desiludir. E ficarei esperando em vão a sua resposta, por
meses, talvez, não sei quanto tempo dura uma expectativa dessas para murchar e
morrer. Não importa. O meu texto vai ser revisado. E editado pela incrível
revisora. Isso a mim já está de bom tamanho. Por sinal preciso pagá-la. Mamãe
tem que fazer o cheque. E meu primo urbano precisa aparecer por aqui. Não
acredito que estou com vergonha de interagir com o meu primo urbano. Até isso
agora? Até com meu amigo da piscina eu estou com vergonha de interagir. Mas
será possível? Que ozzy. Estou meio para baixo hoje, acho que foi a rebordosa
da imensa felicidade que me tomou por causa de Seu Raimundo aceitar dar uma
olhada no meu texto. Agora que o afã passou e que penso que meu texto seria um
tremendo desperdício de papel me bate um baixo-astral. Meu amigo da piscina
julgou pelo nome do meu blog que eu fosse comentar algo sobre as notícias que
acontecem pelo mundo por causa da palavra “jornal”. Nada poderia estar mais
distante do meu conteúdo. O único mundo que me importa é aquele que apreendo com
os sentidos e o pensar. Não ficarei assistindo GloboNews ou coisa que valha
para depois discorrer, sem a mínima propriedade, sobre política, economia,
cultura, esportes e sei lá mais o quê. Não, não é a minha praia, a minha praia
é o quarto-ilha e as viagens que faço dele para o mundão. Cada vez mais raras,
pois estou cada vez mais confortável aqui e indisposto com o mundão. Isso me
preocupa. Principalmente no que diz respeito a relações afetivas, elas
pressupõem saídas e idas para o mundão. Será que a pessoa poderia ir sozinha
para o mundão e me deixar aqui com as minhas palavras e o meu mundinho? Faria
as honras algumas vezes e sairia com ela, mas, via de regra, ela sairia com os
amigos e amigas. Toparia reuniões em casa ou lá embaixo com o maior prazer. Mas
estou a falar do impossível. Sei que a minha companheira, como construo e me
coloco para a vida, é a solidão. Ainda mais se esse bendito livro for
publicado. Ninguém se interessará pelo narrador contido nele. Ninguém vai ter
empatia com ele, logo terá antipatia por mim. Falo como se o meu livro fosse
ser lido por muita gente. Hahaha. Às vezes eu sou uma comédia. Quando me deixo
ousar nos sonhos é de lascar. Não vai ser nem publicado. Pelo menos para o
concurso eu poderia tentar mandar. Vou ver se acho algum boleto do meu plano de
saúde no meio das coisas de mamãe.
17h41. Nada. Que pena. Acho que é o meu destino que a minha
obra não se materialize em livro de fato. É a vida. Continua sendo bonita. Mas
seria um acontecimento muito legal. Ou terrível. Talvez a existência esteja
querendo me poupar de uma humilhação pública sem precedentes na minha vida. Sei
lá. Está entregue. E, se minha mãe efetuar a transferência para a minha amiga
revisora, se assim essa concordar, terei o livro revisado e melhorado. Faz
tempo que não passo os olhos nele. Nem me apetece fazê-lo agora. Agora as
palavras não são mais minhas, são da minha incrível revisora. E talvez de Seu
Raimundo. Quem sabe um dia sejam do mundo. Mas só o serão se publicadas em
papel e tinta, não me difamarei completamente por um blog que venha a criar
para expô-las. É botar minha vida social a perder por muito pouco. Por algo que
não é a realização de um sonho, de um dos dois maiores sonhos que carrego
comigo. Nossa, trago a mesma redundância do post anterior para este, que saco.
17h55. Não sei sobre o que falar. Esperaria reencontrar o
meu amigo da piscina hoje, mas não parece ser o caso. Minha amiga revisora não
viu o meu WhatsApp ainda sobre a ideia da transferência do valor por meio
eletrônico, em vez de entregar-lhe um cheque. Ela demora para ler mensagens,
afinal não passa o dia em frente ao computador, como eu. Isso me deixa ansioso
e, com isso começo a ter pensamentos catastróficos, como ela estrilar de
revisar o meu texto. Aí estaria sem dúvida num mato sem cachorro. Não saberia a
quem mais pudesse confiar o texto. Ela viu minhas mensagens e nada respondeu.
Começo logo a ficar na paranoia. Que ozzy. Não queria ser assim, tão facilmente
“estressável”. Tão ansioso com a coisa mais importante da minha vida, visto que
não vou ter filho e já plantei uma árvore. Resolvi sair um pouco de U2 e
colocar “Utopia” de Björk. É uma mudança que veio bem a calhar. Esse disco ficou intrinsecamente ligada ao
Super Mario Odyssey e minha ida aos EUA. Mas eu fiz por onde, era só o que eu ouvia
com tal intuito, quando da viagem e da minha febre pelo Nintendo Switch, atrelar
uma memória auditiva às demais memórias. Funcionou. Me transporto para a casa
do meu irmão ou para a terceira fase do Super Mario Odyessey quando ouço “Utopia”.
A que me remeterá o disco do U2 que venho ouvindo incessantemente? O futuro
dirá.
18h22. Nenhuma resposta ainda da incrível revisora. Bom, há
de responder, eu creio. Talvez sugerindo um aumento no valor cobrado pelo texto
não estar formatado, ser corrido, sei lá. Por estar em fonte Calibri 11 que é a
que costumo usar para digitar. Realmente não sei e, em não havendo grandes
novas na minha vida, vou fazer um estudo da capa do livro com a foto da
rachadura no azulejo.
18h50. Já brinquei com a capa, me dou por satisfeito. Não há
nada que possa adicionar com os recursos que tenho. Ficou assim.
18h51. É contar demais com o ovo na cloaca da galinha não é,
não? Hahaha. Por falar em ovo, em vez da rachadura no azulejo, ficou parecendo
para mim, uma casca de ovo rachada. Mas seja o que o leitor achar que é. O ovo
é uma boa metáfora para o id, ego e superego, com a gema, a clara e a casca.
Hahaha. E botei as letras na minha cor predileta. Então tudo tem um sentido
para mim. Se azulejo, se ovo, pouco se me dá, se abstrato, tanto faz. Seria
legal verem uma rachadura, entretanto, acho que tem a ver com o conteúdo do
livro. Mas estou só a sonhar. Se a existência realmente gostar de mim e uma
editora resolver publicar, eles deverão elaborar uma capa eles mesmos. Estou vestindo
uma camisa com a foto do Imperador da Casqueira em que ele usa uma camisa que
dei a ele. Ele era escritor de fato, poeta. E se autopublicava. Ele é meu
saudoso tio, que se foi cedo demais.
19h01. O tempo se arrasta hoje, não tem problema tempo, lhe
devo respeito mesmo não tendo a melhor das relações com tal senhor. Às vezes
temos os nossos desentendimentos, mas faço de tudo para que sejam poucos. Será
que o meu padrasto comprou a necessária nova TV para a sala? A de lá está com a
imagem péssima e a parte “smart” dela está meio burra, sendo um sacrifício
conectar-se ao Netflix, por exemplo. Vou abrir a Coca que vai ter que durar até
o final da noite. Estava com vontade de fumar um cigarro de verdade, mas
passou, ainda bem. Com o meu amigo da piscina na área, não sei como vou fazer
para manter o meu consumo de cigarros. Vou lá pegar a Coca.
19h12. Nossa, como queria que um dos dois – o escritor ou a
revisora – se manifestassem. O pior é que estou esperando por notícias ruins de
ambas as fontes. Eu e meus pensamentos catastróficos, que cada vez se afiguram
mais sólidos e reais para mim. Espero que seja só coisa da minha cabeça. O meu
amigo da piscina poderia me dar um alô também. O tédio é que é o grande vilão.
E estou meio desgostoso com Björk também. Acho que vou migrar de novo para U2.
Eita, só ouvir o remix de “Virus” que acho divino. Vou ouvir “Arisen My Senses”
também, é muito fantástica.
19h30. Não resisti e mandei outra mensagem para a incrível
revisora com emoticons contraditórios, pois achava que ambos transmitiam os
sentimentos antagônicos da mensagem. O tédio é mesmo uma desgraça. Estivera eu
entretido com coisa outra, não estaria nem ligando para as mensagens. Vou
relaxar, só não sei como. Talvez jogando um pouco de Switch, quem sabe. Não,
não agora, por mais que Björk evoque isso. É, eu iria mudar para U2 – e vou –
depois de “Blissing Me”.
19h43. A minha amiga revisora me respondeu finalmente.
Graças. Vai me passar os dados para o depósito por e-mail. Espero que mamãe
faça o depósito hoje ou amanhã pela manhã. Estão demorando no shopping. Eu
comeria de boa agora um ou dois sanduíches. Deixaria um para mais tarde. Pois
é, pedi três. Eu sou mesmo exagerado quando se trata de McDonald’s, devo
admitir. Mudando de assunto, acho que a experiência com o meu tio me deixou um
pouquinho mais descrente nas pessoas. Um pouco mais desconfiado. Não gosto
disso e espero que seja passageiro. Gosto de confiar nas pessoas. É mais astral
do que ficar com um pé atrás. Isso de pé atrás, pé na frente me lembrou forró,
que acho que não sei dançar e tenho certeza que não tenho coragem de tirar uma
dama para uma dança. Cada associação que a cuca faz, né? Estou escrevendo sem a
mínima disposição nesse momento. Quem me dera mamãe trouxesse um milk-shake ou
uma torta de maçã, mas aí já é pedir demais. A vida já me dá tanto. É a fome
que faz multiplicar os desejos. Comi a salada agora há pouco, há cerca de uma
hora e não matou a danada. Deu uma enganada por algum tempo, mas já voltou a
bater. Vou colocar U2. Falo isso há um tempo já. Pronto, coloquei. A vontade
que tenho é deitar e dormir.
20h10. Talvez esse tédio seja falta de cafeína, que seja.
Fumei um cigarro (que aplacou a fome) e enchi o copo de Coca. O que poderia
fazer que não escrever? Não vejo mais nada que impila a minha alma com mais
vigor que a escrita. Mandei uma mensagem para o meu amigo da piscina e até
agora não obtive resposta. Que seja. Esperar, esperar, esperar. E escrever,
escrever, escrever. Queria ter um surto de inspiração e brotar uma ficção
agora, mas não há nenhum traço disso dentro de mim. Meu celular está com pouca
bateria, então não dá para brincar com kit VR que meu padrasto me deu de
aniversário. Nem eu queria, mas seria uma das coisas que me ocupariam. Nem que
fosse assistir o U2 de novo. Mas há outros interessantes. O que não é nem um
pouco interessante é o tamanho dos arquivos que preciso baixar para o vídeo
rolar. Cerca de 500GB em média. Mas isso tudo é irrelevante e não me move. Por
falar em movimento, movimentos internos, posso falar mais da terapia. Contei um
pouco da minha vida afetiva para a minha terapeuta porque como mencionado em
algum post, eu sonhei com a minha primeira namorada já adulta. Falei um pouco
de como foi o relacionamento com ela e com a minha segunda namorada. Não sei se
amei de fato a minha segunda namorada, mas foi a separação que mais me doeu
dentre todas as que tive, que foram pouquíssimas. Doeu o tanto que a machuquei,
eu acho. Tenho essa teoria que todos os relacionamentos somando alegrias e
tristezas ficam no zero a zero, pelo menos assim se afigurou com os meus. Acho
que sofri o tanto que gozei daquelas relações. Se bem que com a Gatinha, acho
que o saldo foi positivo, pois continuamos excelentes amigos. E é positivo até
hoje, dez anos depois. Pois é, dez anos de solidão. Em um entra e sai de
internamentos que espero ter acabado com o meu último.
20h57. Mamãe chegou e trouxe os sanduíches. Deixei um para a
fome dos remédios. É incrível como devoro aqueles negócios rápido.
21h16. Esse está me saindo o post mais chato de todos os
tempos.
21h21. Não sei mais o que dizer. Penso em dormir. Até porque
os sanduíches me pesam na barriga. Vou pegar mais Coca.
21h33. Hoje estou entediado, meio para baixo, só pode ser
falta de cafeína ou porque o êxtase dos dias anteriores, quando suspeitava
estar com mania, arrefeceu. Não sei qual é a causa, sei apenas dos sintomas e
não são algo que me agrade. Talvez tenha passado horas demais escrevendo, mas
não foi isso. Se fosse apostar, apostaria na cafeína. Queria muito que mamãe me
fizesse uma garrafa de café amanhã. Senão eu mesmo farei. A minha amiga
revisora ainda não me enviou os dados que lhe pedi, deve estar arreada mesmo.
Talvez veja o meu amigo da piscina amanhã. Nossa, como tédio é um negócio
chato. Não aconteceu nada na minha vida, então não há muito o que dizer. Ah,
quando fui pegar a Coca, comi o último sanduíche que, para a minha frustração
veio errado. Informação irrelevante, fútil. Tirando o acidente com o meu amigo,
todo o resto é pura perda de tempo. Espero muito que o café venha me reanimar,
amanhã. Hoje, não fora o encontro com o meu amigo da piscina à tarde, teria
sido um dia praticamente inútil de ser vivido. Acho que vou fumar um cigarro e
ir dormir.
22h05. Fumei. E é o último que fumo até amanhã de manhã,
independentemente da hora em que for dormir. O sono cedeu um pouco, o que é um
saco, mas tentarei dormir às 23h00 hoje.
22h09. Estava paquerando o arquivo com o estudo da capa do
livro e confesso que acho legal. Deve haver soluções muito melhores feitas por
quem realmente entende de design, mas não ficou feio. Só achei muito pedante o
nome do autor no topo da página, mas foi que quando pensei o layout eu esqueci
de colocar “Uma História Real”. E, sem o subtítulo, o nome ficava cabendo legal
embaixo, mas com o adendo dessa frase, ficou muito poluída a parte de baixo e a
única coisa que poderia mover era o meu nome então joguei lá para cima para que
o branco com a rachadura ainda tivesse muito espaço para respirar. Massa seria
uma foto do isqueiro preso na grade do Manicômio, mas essa foto é praticamente
impossível de conseguir. Para mim, é impossível. E talvez ficasse poluído
visualmente. Sei lá. Quanto tempo deve demorar para Seu Raimundo me mandar uma
resposta? Aposto que a eternidade, pois acho que ele não vai ler. Quando será
que a minha amiga revisora vai começar a pegar no texto? Também ignoro. O
negócio é esperar e ter esperança. Que um dia o negócio sai. Nem que seja para
ficar salvo no meu pen drive. Será um conteúdo caro para ser relegado a um pen
drive, mas pode ser este o seu destino. O que será, será, mais uma vez. Mesmo
em não sendo, será. Nessas horas eu queria uma máquina do tempo para acelerar o
tempo e não, não queria. A vida já é tão curta, para que encurtá-la ainda mais?
Por ansiedade? Tédio? Saber as respostas que em seu tempo virão? Ou não. Mas,
nossa, como queria um feedback do escritor. Fosse ele qual fosse. Minto, acho
que se ele detonasse o meu livro eu ficaria arrasado. Mas prefiro que o
infinito silêncio. Prefiro uma resposta mesmo que negativa do que resposta nenhuma.
E volto a redundar aqui. Será que ele está lendo o livro mesmo? Caso isso
esteja acontecendo e ele não respondeu ainda, é porque viu alguma coisa no
livro. Ou então foi só conversa fiada e ele não vai ler nunca. E eu de besta
abrindo o meu e-mail para ver se chegou alguma coisa. Pelo que a minha amiga
revisora disse, ele é uma pessoa boa e deu a entender, capaz desses atos de
filantropia literária, digamos assim. Infelizmente não sou adivinho e não vou
perturbá-lo com outro e-mail. É uma obra caudalosa, que eu, que a conheço de
cabo a rabo levo dois dias, dois dias e meio para ler. Imagino alguém que está
lendo pela primeira vez e possui vários afazeres, como deve ser o caso dele.
Ele tem uma vida. A minha é a escrita, então me dedicar ao livro com tantas
horas vagas é bem mais fácil e acabo bem mais rápido porque motivado
sinceramente. Mas pelos seus insights eu espero o tempo que for preciso. Queria
só que ele mandasse a tempo de a incrível revisora poder julgar e aplicar no
livro o que acha válido. Mas já estou querendo demais. O que queria a priori
era o livro revisado. Isso eu terei. Gostaria de enviar o livro para o
concurso, embora saiba desde já que não vou ganhar. Mas ver que consigo preencher
os requisitos do edital e a obra ser submetida à avaliação já seria uma pequena
vitória. Uma enorme vitória seria o escritor gostar da minha obra. Tudo o que
eu precisaria para saber que produzi algo meritório, pois eu mesmo duvido
disso. Talvez haja trechos que se salvem, mas a obra como um todo é
extremamente lenta e caudalosa. Sei lá. Só faço redundar e dar voltas atrás do
meu próprio rabo. Mas não estou com sono, senão já estaria devidamente aninhado
e dormindo. Que post chato. Não sei nem se publique. Talvez só por causa do
acidente do meu amigo da piscina. Todo o resto é dispensável. Sou eu remoendo
no tédio. As mesmas ideias que me assombram e alumbram do post anterior. Eu já
fui até onde podia ir com o livro. Até o momento, pelo menos.
22h57. Eu estou viajando na maionese com essa história de
que Seu Raimundo vai ler o meu livro. Vai nada. Me deixará a ver navios num
horizonte deserto. Como posso me dar tal importância? 232 páginas não
formatadas de Word para um cara da envergadura dele ler. Chega a ser ridículo.
É melhor me desiludir logo. O problema é que como com todo o resto da minha
vida, até ouvir um não, uma confirmatória do fim daquela esperança, eu a
alimento. E por isso acredito que o velho escritor vai ajudar o marinheiro de
primeira – e única viagem – com o seu texto. Seria um ato de generosidade
incrível dele, ainda mais se apontasse onde posso melhorar a obra, o que
passaria imediatamente a intrépida revisora para ela operar a mágica dela com o
auxílio dessa poderosa contribuição. Pelo que vi agora no meu e-mail, mandei o
livro para ele ler ontem, seria querer demais que me mandasse hoje já com os
devidos apontamentos. Há uma ponta de esperança, então. É que o tempo passa
muito devagar para quem espera muito uma coisa. Para mim, a sensação é que
mandei há uns cinco dias, uma semana. Juro. Fiquei abismado que o enviei ontem.
Então ainda resta esperança. Mais firme e forte que nunca. Que ansiedade braba
estava me acometendo. Agora estou bem mais relaxado. Se der segunda que vem sem
resposta, começo a me preocupar de novo. Se bem que até quinze dias não me
incomodam. Minto, ficar na expectativa durante duas semanas é para se torar,
mas se for pelo bem do livro, vale cada microssegundo de ansiedade. Eu preciso
desfocar disso e me dedicar a outros pensamentos. Mas o nome Raimundo Carrero
parece estar impresso no fundo dos meus olhos e o fazem brilhar. Tomara.
Tomara...
23h25. Já passei do horário estipulado para dormir. Mas
já-já capoto. E a esperança resiste. Agora revigorada pela percepção do imediatismo
desmedido das minhas ansiedades. Fiquei surpreso que tenha enviado o texto
ontem apenas. Muito surpreso. E feliz com a constatação. Não passarei dessa
sétima página. Não sei nem se passarei desse parágrafo. Sei que estou tomado de
alívio. A possibilidade não se extinguiu para mim. A fome volta a me açoitar
mesmo tendo traçado três sanduíches. Embora dois tenham sido pequenos para os
meus padrões. E ainda um veio errado. Acho que vou atacar a charque com arroz e
ketchup.
23h49. Será que passarei da meia-noite aqui, mesmo sem ter
nada de relevante para dizer? Não acho improvável. Nossa, os erros de pontuação
que devem haver no texto que mandei para o escritor. Que vergonha. Fora o meu
lidar com números e quantidades dos quais ignoro totalmente as regras de
emprego. Vergonhoso. Mas dei a cara à tapa. Que ela venha. Queria a opinião
sincera do escritor. Seria preciosíssima para mim. E acho que para qualquer
aspirante a escritor. Vou me deitar, não aguento mais olhar para essa tela e é
ela tudo o que verei amanhã. Deixo este post por aqui.
-x-x-x-x-
11h26. Minha incrível revisora ainda não me passou os seus
dados. Bom, que seja. Deixar a vida me levar. Cobrar é que eu não vou. Novamente
pensamentos catastróficos me cruzam a mente.
11h33. Fiquei de fazer uma garrafa de café para mim hoje,
mas já abri uma Coca. Acho que farei, entretanto. Estou menos entediado que
ontem e menos ansioso também. O sono, como já disse, me aplaina os sentimentos
e pensamentos. Acho melhor me sentir como estou agora do que ontem, repleto de
ansiedade e tédio, que podem não ser os piores sentimentos do mundo, mas
certamente não figuram entre os melhores. Estou tranquilo, despertando, tomando
coragem para me fazer uma garrafa de café. Talvez quando acabar de comer o gelo
do copo. Estou despertando e espero continuar tranquilo assim ao longo do dia.
Um pequeno aperreio me cruza a cabeça, mas coisa pouca. Parece que estão
fazendo um protesto carimbando cédulas de dinheiro com a imagem de Lula e aparentemente
isso é crime. Mas realmente é um veículo de comunicação que circula por todos
os públicos. Interessante a ideia. Poderia escrever o endereço do meu blog em
notas de dois reais que, se não aceitassem, não perderia muito dinheiro. Algo
como, “você achou!” e o endereço do blog, talvez motivasse uns e outros a
checar o site. Ou não. De qualquer forma só faria isso depois que essa onda de
Lula passasse, quem sabe daqui a cinco anos. Pelo que prevejo, daqui a cinco
anos estarei fazendo o mesmo que faço hoje. Com daqui a dez, vinte anos. Não me
vejo fazendo outra coisa, mas a vida é uma caixinha de surpresas. Quem sabe o que
se dará até lá. Mas do jeito que guio minha vida, o prospecto de estar fazendo
exatamente a mesma coisa me parece muito verdadeiro. Isso me incomoda um pouco.
Será que terei palavras para tanto? Será que a vida não se tornará tão
repetitiva que não terei assuntos para tratar? Novamente o tempo dirá. Queria
conseguir fazer posts menores, mas o fato é que tenho muitas horas livres e a
única coisa que me apetece fazer com ela é isto. Esse texto já está muito
grande. Ah, quem me deu a ideia de escrever nas cédulas, foi o meu amigo da
piscina, ao divulgar que as notas com o carimbo de Lula são um crime de rasura
em papel moeda. Me lembro de há alguns anos pegar notas com coisas escritas e
essas serem aceitas sem problema. Pode ser que com a publicidade dessa
iniciativa em favor de Lula, as pessoas se eduquem em relação a essa lei e não
aceitem mais notas com coisas escritas. E pode ser que eu seja punido por fazer
esse tipo de publicidade. Vou ficar por aqui, revisar e começar outro post. Mas
estou com vontade de me dizer hoje. Que bom.
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