quarta-feira, 2 de maio de 2018

CHATÍSSIMO



Bem-vindo(a)!

14h18. Já publiquei o post anterior. Agora posso pegar esse arquivo virgem e preenchê-lo como me aprouver. Se bem que não tenho muito a acrescentar. O dia se faz mais aberto hoje do que ontem. Mas não está ensolarado como estou acostumado. São as águas de março fechando o verão, por mais que estejamos em maio, no primeiro dia do mês, Dia do Trabalho.

15h07. Meu amigo da piscina apareceu aí e conversamos um pouco, me contou nos minuciosos detalhes o seu acidente de moto, que o impossibilitou de continuar na profissão que amava, um tipo específico de mergulho que tinha dentre outras a finalidades corte e solda de navios, trabalhar em plataformas de petróleo e atingir profundidades de até 50 metros. Contou que havia se atrasado para uma reunião do dito trabalho fazendo amor com a sua esposa. Que pegou uma contramão na Rua da Lama e que, de repente viu um carro entrando, com o motorista olhando para a direção contrária visto que nunca imaginaria que um motoqueiro em alta velocidade viesse na contramão. Meu amigo pisou no freio e o corpo da moto jogou para a frente, muito mais do que ele esperava, ele tentou acelerar para ver se reequilibrava a moto, mas já era tarde demais. Disse que viu o mundo girar com a colisão e pensou, “me fodi”. Depois de um breve apagão, recobrou a consciência já no chão, tirou logo o capacete e sentia dificuldade em respirar. Disse que embora com dor física, a mente estava serena e racional. Tirou o capacete e pensou consigo mesmo que respirasse devagar e com calma, até que aos poucos sua respiração voltou ao normal. Começou então a tatear o seu corpo atrás de algum ferimento ou mutilação. Aparentemente e só aparentemente, estava inteiro não fora pelo pé direito que não conseguia erguer do chão, como se houvesse uma força o impedindo de levantá-lo. Foi quando alguém veio ajudar e ele conseguiu um telefone e tentou ligar para as três mulheres da sua vida e nenhuma atendeu. Ligou então para o SAMU e o serviço mandou logo dois motoqueiros, que chegaram rápido. Quando se disse mergulhador, sentiu que foi melhor tratado. Sua sorte é que estava usando EPI, vestimenta de proteção e segurança e a bota havia lhe salvo o pé direito, como afirmou um membro da equipe do SAMU. Meu amigo disse que a sola da bota abriu-se ao meio. E que perdeu parte dos músculos, nervos e demais tecidos do pé, o que o impossibilitou para sempre de exercer a profissão com que mais se identificou na vida e perdeu a sensibilidade nos dedos do dito pé, com os quais diz não ter força alguma. Bem, em resumo foi assim que se deu o seu acidente. Não sei se contei bem ou contei certo, foi o que apreendi. Vou fumar um cigarro com Coca.

15h40. Vou para o Desabafos do Vate, preciso. Faz muito tempo que não me ponho por lá.

16h20. Pus o que queria acrescentar até o momento lá. É um espaço que cada vez vejo com menos razão de ser.

16h24. Fui pegar Coca e cá estou meio esvaziado de conteúdo. Minha mãe disse que estava para entrar na sessão de cinema. Adoro a zonzeira que me dá quando tusso algumas vezes que fumo o Vaporfi. É uma sensação gostosa e pode ser algo perigoso que finde por estourar alguma das veias do meu cérebro. Sabe-se lá o que é isso, que efeito é esse que nenhuma outra tossida me dá. Bom, acho legais os segundos de tontura e fico um tanto preocupado.

16h32. Não consigo tirar da cabeça a história do escritor, foi muita bondade dele e do destino me oferecer esta oportunidade. Tomara que se reverta em algum resultado de fato para mim, que ele me responda o e-mail ao menos. O que vai ser dureza é se ele detonar os meus escritos. Isso vai me deixar no chão. Arrasado. Há uma grande probabilidade de isso acontecer. Eu não tenho técnica narrativa nenhuma. Apenas escrevo com me sai. E sai extremamente fácil. Gostaria que isso refletisse numa leitura igualmente fácil, que fosse tão gostoso ler quanto é escrever. Mas disso não posso saber, não tenho como aferir. Só o outro pode me dizer. Minha tia disse que era gostoso de ler este blog, o que me deixou muito entusiasmado. A incrível revisora e o escritor são os que podem aferir o texto mais tecnicamente, visto que trabalham com isso. Com a linguagem escrita. Inclusive a incrível revisora já fez um curso com o escritor e disse que ele é uma pessoa muito legal. Mundo pequeno. Só penso no livro, nossa. Vai ser um baque muito grande se tudo der para trás. Mas nada vai dar para trás se tudo aponta para adiante. Terei pelo menos a meta que me comprometi alcançar que é ter a obra revisada. Daí para a publicação, não sei como fazer. Nem sei se faça. Caberá às opiniões dessas duas pessoas que detêm o original em mãos opinar. Penso no meu companheiro escritor de Macau.

16h51. Vi a página dele no Facebook e perdi a coragem. Eu não li nada dele. Claro que há o fato de que não gosto de ler, gosto apenas de escrever e a única leitura que faço é a revisão do meu próprio texto. Como já anunciei um sem número de vezes aqui. Mas acho chato não ter lido nada do meu companheiro e querer que ele leia o meu texto. Que só de pensar acho uma grande bosta. Acho que é o que o escritor vai achar e, por piedade, nunca irá me responder para não me desiludir. E ficarei esperando em vão a sua resposta, por meses, talvez, não sei quanto tempo dura uma expectativa dessas para murchar e morrer. Não importa. O meu texto vai ser revisado. E editado pela incrível revisora. Isso a mim já está de bom tamanho. Por sinal preciso pagá-la. Mamãe tem que fazer o cheque. E meu primo urbano precisa aparecer por aqui. Não acredito que estou com vergonha de interagir com o meu primo urbano. Até isso agora? Até com meu amigo da piscina eu estou com vergonha de interagir. Mas será possível? Que ozzy. Estou meio para baixo hoje, acho que foi a rebordosa da imensa felicidade que me tomou por causa de Seu Raimundo aceitar dar uma olhada no meu texto. Agora que o afã passou e que penso que meu texto seria um tremendo desperdício de papel me bate um baixo-astral. Meu amigo da piscina julgou pelo nome do meu blog que eu fosse comentar algo sobre as notícias que acontecem pelo mundo por causa da palavra “jornal”. Nada poderia estar mais distante do meu conteúdo. O único mundo que me importa é aquele que apreendo com os sentidos e o pensar. Não ficarei assistindo GloboNews ou coisa que valha para depois discorrer, sem a mínima propriedade, sobre política, economia, cultura, esportes e sei lá mais o quê. Não, não é a minha praia, a minha praia é o quarto-ilha e as viagens que faço dele para o mundão. Cada vez mais raras, pois estou cada vez mais confortável aqui e indisposto com o mundão. Isso me preocupa. Principalmente no que diz respeito a relações afetivas, elas pressupõem saídas e idas para o mundão. Será que a pessoa poderia ir sozinha para o mundão e me deixar aqui com as minhas palavras e o meu mundinho? Faria as honras algumas vezes e sairia com ela, mas, via de regra, ela sairia com os amigos e amigas. Toparia reuniões em casa ou lá embaixo com o maior prazer. Mas estou a falar do impossível. Sei que a minha companheira, como construo e me coloco para a vida, é a solidão. Ainda mais se esse bendito livro for publicado. Ninguém se interessará pelo narrador contido nele. Ninguém vai ter empatia com ele, logo terá antipatia por mim. Falo como se o meu livro fosse ser lido por muita gente. Hahaha. Às vezes eu sou uma comédia. Quando me deixo ousar nos sonhos é de lascar. Não vai ser nem publicado. Pelo menos para o concurso eu poderia tentar mandar. Vou ver se acho algum boleto do meu plano de saúde no meio das coisas de mamãe.

17h41. Nada. Que pena. Acho que é o meu destino que a minha obra não se materialize em livro de fato. É a vida. Continua sendo bonita. Mas seria um acontecimento muito legal. Ou terrível. Talvez a existência esteja querendo me poupar de uma humilhação pública sem precedentes na minha vida. Sei lá. Está entregue. E, se minha mãe efetuar a transferência para a minha amiga revisora, se assim essa concordar, terei o livro revisado e melhorado. Faz tempo que não passo os olhos nele. Nem me apetece fazê-lo agora. Agora as palavras não são mais minhas, são da minha incrível revisora. E talvez de Seu Raimundo. Quem sabe um dia sejam do mundo. Mas só o serão se publicadas em papel e tinta, não me difamarei completamente por um blog que venha a criar para expô-las. É botar minha vida social a perder por muito pouco. Por algo que não é a realização de um sonho, de um dos dois maiores sonhos que carrego comigo. Nossa, trago a mesma redundância do post anterior para este, que saco.

17h55. Não sei sobre o que falar. Esperaria reencontrar o meu amigo da piscina hoje, mas não parece ser o caso. Minha amiga revisora não viu o meu WhatsApp ainda sobre a ideia da transferência do valor por meio eletrônico, em vez de entregar-lhe um cheque. Ela demora para ler mensagens, afinal não passa o dia em frente ao computador, como eu. Isso me deixa ansioso e, com isso começo a ter pensamentos catastróficos, como ela estrilar de revisar o meu texto. Aí estaria sem dúvida num mato sem cachorro. Não saberia a quem mais pudesse confiar o texto. Ela viu minhas mensagens e nada respondeu. Começo logo a ficar na paranoia. Que ozzy. Não queria ser assim, tão facilmente “estressável”. Tão ansioso com a coisa mais importante da minha vida, visto que não vou ter filho e já plantei uma árvore. Resolvi sair um pouco de U2 e colocar “Utopia” de Björk. É uma mudança que veio bem a calhar.  Esse disco ficou intrinsecamente ligada ao Super Mario Odyssey e minha ida aos EUA. Mas eu fiz por onde, era só o que eu ouvia com tal intuito, quando da viagem e da minha febre pelo Nintendo Switch, atrelar uma memória auditiva às demais memórias. Funcionou. Me transporto para a casa do meu irmão ou para a terceira fase do Super Mario Odyessey quando ouço “Utopia”. A que me remeterá o disco do U2 que venho ouvindo incessantemente? O futuro dirá.

18h22. Nenhuma resposta ainda da incrível revisora. Bom, há de responder, eu creio. Talvez sugerindo um aumento no valor cobrado pelo texto não estar formatado, ser corrido, sei lá. Por estar em fonte Calibri 11 que é a que costumo usar para digitar. Realmente não sei e, em não havendo grandes novas na minha vida, vou fazer um estudo da capa do livro com a foto da rachadura no azulejo.

18h50. Já brinquei com a capa, me dou por satisfeito. Não há nada que possa adicionar com os recursos que tenho. Ficou assim.






18h51. É contar demais com o ovo na cloaca da galinha não é, não? Hahaha. Por falar em ovo, em vez da rachadura no azulejo, ficou parecendo para mim, uma casca de ovo rachada. Mas seja o que o leitor achar que é. O ovo é uma boa metáfora para o id, ego e superego, com a gema, a clara e a casca. Hahaha. E botei as letras na minha cor predileta. Então tudo tem um sentido para mim. Se azulejo, se ovo, pouco se me dá, se abstrato, tanto faz. Seria legal verem uma rachadura, entretanto, acho que tem a ver com o conteúdo do livro. Mas estou só a sonhar. Se a existência realmente gostar de mim e uma editora resolver publicar, eles deverão elaborar uma capa eles mesmos. Estou vestindo uma camisa com a foto do Imperador da Casqueira em que ele usa uma camisa que dei a ele. Ele era escritor de fato, poeta. E se autopublicava. Ele é meu saudoso tio, que se foi cedo demais.

19h01. O tempo se arrasta hoje, não tem problema tempo, lhe devo respeito mesmo não tendo a melhor das relações com tal senhor. Às vezes temos os nossos desentendimentos, mas faço de tudo para que sejam poucos. Será que o meu padrasto comprou a necessária nova TV para a sala? A de lá está com a imagem péssima e a parte “smart” dela está meio burra, sendo um sacrifício conectar-se ao Netflix, por exemplo. Vou abrir a Coca que vai ter que durar até o final da noite. Estava com vontade de fumar um cigarro de verdade, mas passou, ainda bem. Com o meu amigo da piscina na área, não sei como vou fazer para manter o meu consumo de cigarros. Vou lá pegar a Coca.

19h12. Nossa, como queria que um dos dois – o escritor ou a revisora – se manifestassem. O pior é que estou esperando por notícias ruins de ambas as fontes. Eu e meus pensamentos catastróficos, que cada vez se afiguram mais sólidos e reais para mim. Espero que seja só coisa da minha cabeça. O meu amigo da piscina poderia me dar um alô também. O tédio é que é o grande vilão. E estou meio desgostoso com Björk também. Acho que vou migrar de novo para U2. Eita, só ouvir o remix de “Virus” que acho divino. Vou ouvir “Arisen My Senses” também, é muito fantástica.

19h30. Não resisti e mandei outra mensagem para a incrível revisora com emoticons contraditórios, pois achava que ambos transmitiam os sentimentos antagônicos da mensagem. O tédio é mesmo uma desgraça. Estivera eu entretido com coisa outra, não estaria nem ligando para as mensagens. Vou relaxar, só não sei como. Talvez jogando um pouco de Switch, quem sabe. Não, não agora, por mais que Björk evoque isso. É, eu iria mudar para U2 – e vou – depois de “Blissing Me”.

19h43. A minha amiga revisora me respondeu finalmente. Graças. Vai me passar os dados para o depósito por e-mail. Espero que mamãe faça o depósito hoje ou amanhã pela manhã. Estão demorando no shopping. Eu comeria de boa agora um ou dois sanduíches. Deixaria um para mais tarde. Pois é, pedi três. Eu sou mesmo exagerado quando se trata de McDonald’s, devo admitir. Mudando de assunto, acho que a experiência com o meu tio me deixou um pouquinho mais descrente nas pessoas. Um pouco mais desconfiado. Não gosto disso e espero que seja passageiro. Gosto de confiar nas pessoas. É mais astral do que ficar com um pé atrás. Isso de pé atrás, pé na frente me lembrou forró, que acho que não sei dançar e tenho certeza que não tenho coragem de tirar uma dama para uma dança. Cada associação que a cuca faz, né? Estou escrevendo sem a mínima disposição nesse momento. Quem me dera mamãe trouxesse um milk-shake ou uma torta de maçã, mas aí já é pedir demais. A vida já me dá tanto. É a fome que faz multiplicar os desejos. Comi a salada agora há pouco, há cerca de uma hora e não matou a danada. Deu uma enganada por algum tempo, mas já voltou a bater. Vou colocar U2. Falo isso há um tempo já. Pronto, coloquei. A vontade que tenho é deitar e dormir.

20h10. Talvez esse tédio seja falta de cafeína, que seja. Fumei um cigarro (que aplacou a fome) e enchi o copo de Coca. O que poderia fazer que não escrever? Não vejo mais nada que impila a minha alma com mais vigor que a escrita. Mandei uma mensagem para o meu amigo da piscina e até agora não obtive resposta. Que seja. Esperar, esperar, esperar. E escrever, escrever, escrever. Queria ter um surto de inspiração e brotar uma ficção agora, mas não há nenhum traço disso dentro de mim. Meu celular está com pouca bateria, então não dá para brincar com kit VR que meu padrasto me deu de aniversário. Nem eu queria, mas seria uma das coisas que me ocupariam. Nem que fosse assistir o U2 de novo. Mas há outros interessantes. O que não é nem um pouco interessante é o tamanho dos arquivos que preciso baixar para o vídeo rolar. Cerca de 500GB em média. Mas isso tudo é irrelevante e não me move. Por falar em movimento, movimentos internos, posso falar mais da terapia. Contei um pouco da minha vida afetiva para a minha terapeuta porque como mencionado em algum post, eu sonhei com a minha primeira namorada já adulta. Falei um pouco de como foi o relacionamento com ela e com a minha segunda namorada. Não sei se amei de fato a minha segunda namorada, mas foi a separação que mais me doeu dentre todas as que tive, que foram pouquíssimas. Doeu o tanto que a machuquei, eu acho. Tenho essa teoria que todos os relacionamentos somando alegrias e tristezas ficam no zero a zero, pelo menos assim se afigurou com os meus. Acho que sofri o tanto que gozei daquelas relações. Se bem que com a Gatinha, acho que o saldo foi positivo, pois continuamos excelentes amigos. E é positivo até hoje, dez anos depois. Pois é, dez anos de solidão. Em um entra e sai de internamentos que espero ter acabado com o meu último.

20h57. Mamãe chegou e trouxe os sanduíches. Deixei um para a fome dos remédios. É incrível como devoro aqueles negócios rápido.

21h16. Esse está me saindo o post mais chato de todos os tempos.

21h21. Não sei mais o que dizer. Penso em dormir. Até porque os sanduíches me pesam na barriga. Vou pegar mais Coca.

21h33. Hoje estou entediado, meio para baixo, só pode ser falta de cafeína ou porque o êxtase dos dias anteriores, quando suspeitava estar com mania, arrefeceu. Não sei qual é a causa, sei apenas dos sintomas e não são algo que me agrade. Talvez tenha passado horas demais escrevendo, mas não foi isso. Se fosse apostar, apostaria na cafeína. Queria muito que mamãe me fizesse uma garrafa de café amanhã. Senão eu mesmo farei. A minha amiga revisora ainda não me enviou os dados que lhe pedi, deve estar arreada mesmo. Talvez veja o meu amigo da piscina amanhã. Nossa, como tédio é um negócio chato. Não aconteceu nada na minha vida, então não há muito o que dizer. Ah, quando fui pegar a Coca, comi o último sanduíche que, para a minha frustração veio errado. Informação irrelevante, fútil. Tirando o acidente com o meu amigo, todo o resto é pura perda de tempo. Espero muito que o café venha me reanimar, amanhã. Hoje, não fora o encontro com o meu amigo da piscina à tarde, teria sido um dia praticamente inútil de ser vivido. Acho que vou fumar um cigarro e ir dormir.

22h05. Fumei. E é o último que fumo até amanhã de manhã, independentemente da hora em que for dormir. O sono cedeu um pouco, o que é um saco, mas tentarei dormir às 23h00 hoje.

22h09. Estava paquerando o arquivo com o estudo da capa do livro e confesso que acho legal. Deve haver soluções muito melhores feitas por quem realmente entende de design, mas não ficou feio. Só achei muito pedante o nome do autor no topo da página, mas foi que quando pensei o layout eu esqueci de colocar “Uma História Real”. E, sem o subtítulo, o nome ficava cabendo legal embaixo, mas com o adendo dessa frase, ficou muito poluída a parte de baixo e a única coisa que poderia mover era o meu nome então joguei lá para cima para que o branco com a rachadura ainda tivesse muito espaço para respirar. Massa seria uma foto do isqueiro preso na grade do Manicômio, mas essa foto é praticamente impossível de conseguir. Para mim, é impossível. E talvez ficasse poluído visualmente. Sei lá. Quanto tempo deve demorar para Seu Raimundo me mandar uma resposta? Aposto que a eternidade, pois acho que ele não vai ler. Quando será que a minha amiga revisora vai começar a pegar no texto? Também ignoro. O negócio é esperar e ter esperança. Que um dia o negócio sai. Nem que seja para ficar salvo no meu pen drive. Será um conteúdo caro para ser relegado a um pen drive, mas pode ser este o seu destino. O que será, será, mais uma vez. Mesmo em não sendo, será. Nessas horas eu queria uma máquina do tempo para acelerar o tempo e não, não queria. A vida já é tão curta, para que encurtá-la ainda mais? Por ansiedade? Tédio? Saber as respostas que em seu tempo virão? Ou não. Mas, nossa, como queria um feedback do escritor. Fosse ele qual fosse. Minto, acho que se ele detonasse o meu livro eu ficaria arrasado. Mas prefiro que o infinito silêncio. Prefiro uma resposta mesmo que negativa do que resposta nenhuma. E volto a redundar aqui. Será que ele está lendo o livro mesmo? Caso isso esteja acontecendo e ele não respondeu ainda, é porque viu alguma coisa no livro. Ou então foi só conversa fiada e ele não vai ler nunca. E eu de besta abrindo o meu e-mail para ver se chegou alguma coisa. Pelo que a minha amiga revisora disse, ele é uma pessoa boa e deu a entender, capaz desses atos de filantropia literária, digamos assim. Infelizmente não sou adivinho e não vou perturbá-lo com outro e-mail. É uma obra caudalosa, que eu, que a conheço de cabo a rabo levo dois dias, dois dias e meio para ler. Imagino alguém que está lendo pela primeira vez e possui vários afazeres, como deve ser o caso dele. Ele tem uma vida. A minha é a escrita, então me dedicar ao livro com tantas horas vagas é bem mais fácil e acabo bem mais rápido porque motivado sinceramente. Mas pelos seus insights eu espero o tempo que for preciso. Queria só que ele mandasse a tempo de a incrível revisora poder julgar e aplicar no livro o que acha válido. Mas já estou querendo demais. O que queria a priori era o livro revisado. Isso eu terei. Gostaria de enviar o livro para o concurso, embora saiba desde já que não vou ganhar. Mas ver que consigo preencher os requisitos do edital e a obra ser submetida à avaliação já seria uma pequena vitória. Uma enorme vitória seria o escritor gostar da minha obra. Tudo o que eu precisaria para saber que produzi algo meritório, pois eu mesmo duvido disso. Talvez haja trechos que se salvem, mas a obra como um todo é extremamente lenta e caudalosa. Sei lá. Só faço redundar e dar voltas atrás do meu próprio rabo. Mas não estou com sono, senão já estaria devidamente aninhado e dormindo. Que post chato. Não sei nem se publique. Talvez só por causa do acidente do meu amigo da piscina. Todo o resto é dispensável. Sou eu remoendo no tédio. As mesmas ideias que me assombram e alumbram do post anterior. Eu já fui até onde podia ir com o livro. Até o momento, pelo menos.

22h57. Eu estou viajando na maionese com essa história de que Seu Raimundo vai ler o meu livro. Vai nada. Me deixará a ver navios num horizonte deserto. Como posso me dar tal importância? 232 páginas não formatadas de Word para um cara da envergadura dele ler. Chega a ser ridículo. É melhor me desiludir logo. O problema é que como com todo o resto da minha vida, até ouvir um não, uma confirmatória do fim daquela esperança, eu a alimento. E por isso acredito que o velho escritor vai ajudar o marinheiro de primeira – e única viagem – com o seu texto. Seria um ato de generosidade incrível dele, ainda mais se apontasse onde posso melhorar a obra, o que passaria imediatamente a intrépida revisora para ela operar a mágica dela com o auxílio dessa poderosa contribuição. Pelo que vi agora no meu e-mail, mandei o livro para ele ler ontem, seria querer demais que me mandasse hoje já com os devidos apontamentos. Há uma ponta de esperança, então. É que o tempo passa muito devagar para quem espera muito uma coisa. Para mim, a sensação é que mandei há uns cinco dias, uma semana. Juro. Fiquei abismado que o enviei ontem. Então ainda resta esperança. Mais firme e forte que nunca. Que ansiedade braba estava me acometendo. Agora estou bem mais relaxado. Se der segunda que vem sem resposta, começo a me preocupar de novo. Se bem que até quinze dias não me incomodam. Minto, ficar na expectativa durante duas semanas é para se torar, mas se for pelo bem do livro, vale cada microssegundo de ansiedade. Eu preciso desfocar disso e me dedicar a outros pensamentos. Mas o nome Raimundo Carrero parece estar impresso no fundo dos meus olhos e o fazem brilhar. Tomara. Tomara...

23h25. Já passei do horário estipulado para dormir. Mas já-já capoto. E a esperança resiste. Agora revigorada pela percepção do imediatismo desmedido das minhas ansiedades. Fiquei surpreso que tenha enviado o texto ontem apenas. Muito surpreso. E feliz com a constatação. Não passarei dessa sétima página. Não sei nem se passarei desse parágrafo. Sei que estou tomado de alívio. A possibilidade não se extinguiu para mim. A fome volta a me açoitar mesmo tendo traçado três sanduíches. Embora dois tenham sido pequenos para os meus padrões. E ainda um veio errado. Acho que vou atacar a charque com arroz e ketchup.

23h49. Será que passarei da meia-noite aqui, mesmo sem ter nada de relevante para dizer? Não acho improvável. Nossa, os erros de pontuação que devem haver no texto que mandei para o escritor. Que vergonha. Fora o meu lidar com números e quantidades dos quais ignoro totalmente as regras de emprego. Vergonhoso. Mas dei a cara à tapa. Que ela venha. Queria a opinião sincera do escritor. Seria preciosíssima para mim. E acho que para qualquer aspirante a escritor. Vou me deitar, não aguento mais olhar para essa tela e é ela tudo o que verei amanhã. Deixo este post por aqui.

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11h26. Minha incrível revisora ainda não me passou os seus dados. Bom, que seja. Deixar a vida me levar. Cobrar é que eu não vou. Novamente pensamentos catastróficos me cruzam a mente.

11h33. Fiquei de fazer uma garrafa de café para mim hoje, mas já abri uma Coca. Acho que farei, entretanto. Estou menos entediado que ontem e menos ansioso também. O sono, como já disse, me aplaina os sentimentos e pensamentos. Acho melhor me sentir como estou agora do que ontem, repleto de ansiedade e tédio, que podem não ser os piores sentimentos do mundo, mas certamente não figuram entre os melhores. Estou tranquilo, despertando, tomando coragem para me fazer uma garrafa de café. Talvez quando acabar de comer o gelo do copo. Estou despertando e espero continuar tranquilo assim ao longo do dia. Um pequeno aperreio me cruza a cabeça, mas coisa pouca. Parece que estão fazendo um protesto carimbando cédulas de dinheiro com a imagem de Lula e aparentemente isso é crime. Mas realmente é um veículo de comunicação que circula por todos os públicos. Interessante a ideia. Poderia escrever o endereço do meu blog em notas de dois reais que, se não aceitassem, não perderia muito dinheiro. Algo como, “você achou!” e o endereço do blog, talvez motivasse uns e outros a checar o site. Ou não. De qualquer forma só faria isso depois que essa onda de Lula passasse, quem sabe daqui a cinco anos. Pelo que prevejo, daqui a cinco anos estarei fazendo o mesmo que faço hoje. Com daqui a dez, vinte anos. Não me vejo fazendo outra coisa, mas a vida é uma caixinha de surpresas. Quem sabe o que se dará até lá. Mas do jeito que guio minha vida, o prospecto de estar fazendo exatamente a mesma coisa me parece muito verdadeiro. Isso me incomoda um pouco. Será que terei palavras para tanto? Será que a vida não se tornará tão repetitiva que não terei assuntos para tratar? Novamente o tempo dirá. Queria conseguir fazer posts menores, mas o fato é que tenho muitas horas livres e a única coisa que me apetece fazer com ela é isto. Esse texto já está muito grande. Ah, quem me deu a ideia de escrever nas cédulas, foi o meu amigo da piscina, ao divulgar que as notas com o carimbo de Lula são um crime de rasura em papel moeda. Me lembro de há alguns anos pegar notas com coisas escritas e essas serem aceitas sem problema. Pode ser que com a publicidade dessa iniciativa em favor de Lula, as pessoas se eduquem em relação a essa lei e não aceitem mais notas com coisas escritas. E pode ser que eu seja punido por fazer esse tipo de publicidade. Vou ficar por aqui, revisar e começar outro post. Mas estou com vontade de me dizer hoje. Que bom.

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