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quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

DATAS E "DATES"


6h22. Eu fui dormir muito cedo, acordei para comer e perdi o sono. Mamãe apareceu aqui e, como é um comportamento diferente do dos cidadãos normais, já achou que eu estava com algum problema de ordem psicológica. O que ela não entende é que deixei de seguir os padrões sociais há muito tempo, a maioria deles não me agrada, não consigo nem quero me adequar. Prefiro levar a vida do meu modo, na minha toada. E minha toada inclui momentos como esse. Vou fumar um cigarro, um dos últimos, ainda bem que recebo carteira hoje. A internet está uma bosta. Mesmo assim fui completamente absorvido pelo maravilhoso mundo dos bonecos.

6h34. Só um coração de mãe sabe o que um coração de mãe passa e é capaz, especialmente tendo um filho tão esquisito quanto eu, com hábitos e gostos para lá de peculiares. Sei que estou vivendo a vida da melhor forma que posso, da melhor forma que sou capaz de viver, mas acho que tudo o que ela vê é um grande talento, um grande potencial desperdiçado e desperdiçando a vida. Aí já pode ser imaginação minha. Sei que faço exatamente o que gosto e quero. Espero que ela não cancele o meu cartão até março, seria uma bronca sem tamanho. Espero que não cancele o cartão nunca, pois agora que estou paquerando ele se faz mais útil do que jamais foi. Além da Rebel Terminator que está gerando estes valores elevados no cartão, pleiteio o Azure Dragon, mas tudo depende do custo de envio para o Brasil. Espero até agora a posição do cara da fabricante e ele não foi capaz de me dar resposta. Bom, não quero falar de bonecos agora. Queria falar da minha mãe, mas o que dizer dela? Está mais amorosa, mais preguiçosa, mais combalida pela idade e pelo tratamento contra a volta do câncer. Terá grande felicidade quando o meu irmão US chegar com a sua turma, assim como terei também. Falei de certa vergonha no lidar cara a cara com o meu irmão na terapia, mas não preciso fazer nada que não esteja disponível a fazer. Tenho certeza que meu irmão me compreenderá, é a pessoa que mais me compreende no mundo. Minha mãe é a que mais sabe de mim, mas não consegue compreender a maioria das minhas escolhas e tem dificuldade de aceitá-las, embora esteja aceitando muito mais do que costumava fazer. E por isso sou grato ao tempo e ao esforço dela, pois tenho certeza que se esforça para tentar entender o que vai na minha cabeça que é tão diferente do que vai na cabeça dela e dos demais com quem lida. Embora, como e todo e qualquer um estou tentando levar a vida da melhor forma que consigo. Minha mãe acordou, falei tanto nela que fiquei com saudade da sua companhia, vou lá ter com ela, depois volto, há tempo o bastante para essas palavras. Tempo demais até.

7h55. Mamãe soltou os cachorros em relação a Blanka. O canil inteiro. Sua total descrença na relação que pelo menos eu estou tentando construir, falou inclusive palavras de baixo calão que não cabem a mim reproduzir, se exacerbou tremendamente e justificou todo o seu preconceito e desconfiança advinda desse preconceito como o desejo de uma mãe de proteger seu filho. Que seja, disse que sentiu-se mais aliviada depois do desabafo indiferentemente se as palavras me agrediram ou não. Sinceramente não sei que expectativas ter em relação a Blanka se mal fala comigo desde o nosso último encontro. Sei lá da vida. Sei que estou zumbi e gosto desse estado, traz uma paz interior muito grande e gostosa de sentir, talvez por isso tenha ouvido o sermão de mamãe com tamanha tranquilidade. Imaginei que a minha relação com Blanka seria um desafio com vários obstáculos, difícil, mas não me veio à cabeça que encontraria tamanha rejeição de mamãe.

8h33. Me perdi com conversas com o eletricista, o pintor e no maravilhoso mundo dos bonecos. Bom mamãe está aliviada agora que desabafou toda a sua ira em relação a Blanka comigo. Não acredita que ela vá ao Natal dos Barros. Não acredito que ela não vá falar comigo hoje. Acharia falta de consideração. Mas ainda é cedo. Hawkmoon 269 passando, potente e maravilhosa, U2 no seu melhor, para o meu gosto. Ouvi muito esse vinil. Quando Blanka nasceu não havia mais vinis. Nossa, a diferença de idade é gigantesca e eu acho isso uma vantagem. A juventude feminina não tem preço. É o espetáculo mais belo que o universo pode proporcionar a esse primata bípede que vos escreve. Pelo menos minha mãe disse que eu escrevo bem. Gosto de ouvir isso, embora custe a acreditar que algo de bom parta de mim, há sempre um bloqueio, uma negação, uma relutância, desconfiança. Quem me moldou tão inseguro e tão desacreditado das minhas qualidades? Por que continuo a me colocar assim? Por que não aceitar que tenho qualidades, pálidas e fugidias, mas tenho? E, mais difícil ainda, aceitar que elas me bastam para me ver como uma pessoa digna, não digo ilibada, mas normal, tão pecadora como qualquer ser humano, com alguns lapsos de graça.

10h02. Nesse momento, estou meio puto de não ter notícias de Blanka. O veneno que minha mãe enfiou-me goela abaixo fazendo efeito. E é bastante tempo sem falar comigo mesmo. Quero só saber a justificativa.

10h18. O tempo se arrasta. Vou fumar. E beber Coca.

10h32. Me disse chateado com Blanka a esta pela falta de comunicação.

10h40. Eu não sei mais o que dizer, nem sinto vontade de dizer. Talvez seja o cansaço o pior que o pintor está trabalhando na porta do meu quarto, então não posso fechá-la e ligar o ar para um cochilo.

FOTO DO PINTOR QUE COM A INTERNET BOSTA NÃO CONSEGUI CARREGAR


19h31. Dormi até as 16h e fiquei conversando com Blanka até agora. Foi bom.

-x-x-x-x-

14h51. Estou conversando com Blanka, o que é bem melhor que escrever para quase ninguém. Depois conto do exame de pulmão que fiz hoje.

15h28. Ela tem afazeres, então cá estou de volta à escrita solitária. Talvez nos falemos amanhã. Não sei. Sei que a médica viu meu raio-X, meu teste de função pulmonar e achou tudo normal, não falou, como da primeira vez, que eu havia perdido 38% da minha capacidade pulmonar. Estranhei, talvez tenha feito o exame de forma errada da primeira vez e, como o aparelho agora foi diferente, tenha o utilizado melhor. Realmente um mistério. Mas se nada há de anormal, fico feliz. Pediu apenas que continuasse usando a bombinha até acabar. Estou pensando em Blanka, em como despertar o seu afeto por mim. Para isso é necessário, creio eu, que me deseje sexualmente, para além do carinho, quero muito que aconteça o encontro do dia 27. Não sei se irei para Porto com o meu irmão, entretanto. Caso vá acho que retornarei no mesmo dia, mas acho a probabilidade de mamãe ir no dia 26 mais plausível, então no dia 27 estaria livre. Veremos.

17h11. Não sei como o tempo passou até este momento, mas passou. A internet está um droga, falarei com mamãe para que ela, ou eu, tome uma medida antes de o meu irmão chegar porque ele e minha cunhada vão precisar de internet. Mas não quero pensar nisso agora, nem quero escrever. Queria era poder levar Blanka para Porto, mas sei que mamãe vai ser terminantemente contra, ademais nem sei se Blanka teria disponibilidade para ir. Nem sei se mamãe vai. Deixa para lá, já estou querendo demais. Mas queria um pernoite com Blanka no dia 27 e sua presença na festa da piscina no dia 29, caso realmente haja. Essas duas coisas acho mais possíveis. É, mas a prova de fogo vai ser agora dia 22, no Natal dos Barros. Se conseguirmos sobreviver a ela, creio que haverá uma maior consolidação do casal que pretendo que nos tornemos. Depois desse dia, acho que a nossa relação fluirá de uma nova maneira, mais fácil, não sei, posso estar imaginando coisas aqui. Desde que percebi que não sei distinguir o que factual do que é mera imaginação dentre as coisas que me passam à cabeça, acho que se projeto qualquer coisa, ela não passa de ficção. Embora Blanka também esteja achando que esse dia 22 será um divisor de águas para a gente. Estava tranquilo, já volto a ter receio e ansiedade quanto ao dia. Bem, o que tiver de ser será. Estou otimista apesar do pé atrás. Encontrei a garota que tem as particularidades que se adequam às minhas necessidades. Não sei se preciso mais do que o que teremos à nossa disposição, nossos encontros não serão tão frequentes, ou serão tão frequentes quanto desejarmos. Mas vai ainda um longo caminho até ela realmente querer me ver, sentir minha falta. Ela é emocionalmente muito fechada, especialmente no que tange a homens. Minha intuição ou imaginação acredita ser possível, é ter paciência. É um processo, um difícil processo, especialmente para ela. Queria que as coisas avançassem antes da alagoana ressurgir, se bem que isso nada muda a natureza aberta da nossa relação. Na nossa relação, para o bem ou para o mal, não há espaço para ciúmes. Odeio ciúme, é um sentimento corrosivo e mesquinho. Odeio sentir. Até agora não se deu. Nem pode se dar. Ela tem Dande como a pessoa da sua vida, tem isso bem cristalizado no seu ideário.

19h53. Conversamos ainda um bom bocado, talvez nos vejamos nos dias 22, 27 e 29. O dia 27 sendo meu presente de Natal, um pernoite no motel que eu tanto pedi. No Senzala, que achei mais ajeitadinho que o Olympikus, num quarto com banheira. Pedi que considerasse com carinho e me desse a resposta após o dia 22, ela disse que daria no próprio dia. E disse que topava vir para o aniversário do meu irmão no dia 29. Espero que após o dia 22, mamãe encasquete menos com Blanka. Será o momento de a “sogra” conhecer a nova “nora”. Nossa nem consigo imaginar tal encontro. Será desconfortável para ambas, mas acho que ainda mais para mamãe, o preconceito que carrega é enorme.

20h17. Fui fumar um cigarro e me perdi do assunto por um momento pensando que este não seria o momento apropriado para morrer, injetado de vida que estou. Os próximos dias prometem só coisas boas, é uma época muito boa para ser eu. Se tudo correr minimamente como planejado, tem início uma fase muito feliz da minha vida. Em verdade acho que o embrião dela, quiçá o feto, já esteja formado. Não sei realmente. É tudo muito novo, uma descoberta, que vai se desnovelando a cada novo dia. É uma novela a minha vida agora, de enredo elaborado, com drama, mistérios, verdades, segredos e o romance que se constrói mas que não se consolida nos primeiros capítulos, os primeiros capítulos foram em verdade bem sui generis, a novela promete ser boa, repleta de emoções.

21h17. Enquanto caminhava rumo a pizzaria uma parte autônoma ou secundária de mim me conduzia até lá, visto que eu estava pensando em coisas todas outras. Todos na pizzaria me receberam com um sorriso de simpatia mútua, pois sorri também, feliz em revê-los. Quero divagar por outras paragens. Me vem a chegada do meu irmão, mas não é sobre isso que quero falar. Bateu o modo antissocial em mim, nossa como odeio, Blanka o conhece bem, se deu no nosso último encontro. Lutei contra ele e agora me aparece de novo. É algo do que devo dar um tempo agora, esse medo de enfrentar as pessoas, do social. Não preciso disso agora. Imaginei uma cena fictícia agora, na casa de uma amiga, na madrugada que se iniciou com o fim da celebração do seu aniversário ou, antes ainda disso, com a missa de sétimo dia de seu pai. Ficamos o marido, dois amigos dele e eu, depois de um bocado de cerveja, eu não estava bebendo, acenderam um baseado e eu fumei. Entrei numa vibe legal com eles falando de filmes de super-heróis, foi quando me deu vontade de ver Deadpool, pelo o que o melhor amigo do marido propagandeou do filme, que ainda estava nos cinemas à época, eu acho, até que chegou o momento que me travou: o marido botou quatro carreiras de cocaína e cheirou uma numa nota de cem reais enrolada, ofereceu o canudinho e o espelho a nós, os demais entraram na onda, primeiro o melhor amigo, depois o namorido de outra amiga nossa que esticaram conosco da missa para o bar para a casa do casal, eu fiquei mais meia-hora e chamei um Uber pra casa enquanto discutiam se filmes de super-heróis e fantasia baseadas em séries de livros, como Harry Potter poderiam ser considerados clássicos, eu só considero clássicos dessas categorias o The Dark Knight Returns e Senhor dos Anéis. Gostaria de ter coragem de colocar um da Marvel, mas não tenho, tenho da Pixar; no mínimo Wall E, é o 2001 (outro inegável clássico) da Pixar. Vou fumar e comer. FIM. Acabou-se a ficção. E o post.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

VÉSPERA DA VIAGEM E VIAGEM


Acordei relativamente cedo hoje, são 11h28 aqui e já faz uma meia-hora que levantei. Mamãe e minha cunhada saíram para fazer coisas, dentre elas, pegar a mala. Teremos que arrumar as malas hoje. Mamãe já está bem encaminhada com as dela, mas eu não fiz nada na minha à espera da que estava no conserto, pois preciso distribuir roupas e bonecas de forma equilibrada nas duas. Falando em bonecos, os que coloquei em leilão ainda não levaram nenhum lance, mas recebi mensagens com propostas para vender o Skeletor. Respondi que não estava interessado, mas escrevendo isso mudei de ideia e disse a um dos caras que se ele desse um lance de 550 dólares, eu fecharia o leilão e venderia para ele. Duvido que ele dê esse lance, mas, se ele queria saber quais as minhas condições, eu disse. Por esse valor, eu ficaria mais ou menos no zero a zero ou com uma ínfima margem de lucro em relação ao que paguei pela estátua. Eita, agora que me lembrei, esqueci de contabilizar o frete nessa conta. Agora já foi. 550 está de bom tamanho.

14h07. Me perdi no Instagram. Estou com a alma em torvelinho com o estresse da volta. Isso me lembra porque eu odeio viagens. Principalmente viagens onde o consumismo (meu também) enche as malas de produtos que ultrapassam o valor permitido pela alfândega brasileira. Espero que seja como da outra vez quando ninguém olhou ou perguntou nada. Torçamos. Estou preocupado também com as condições físicas da minha mãe. Não sei como ela fará para carregar a mochila nos momentos necessários. Estamos em casa somente, meu sobrinho caçula, vozinha e eu. Estamos à espera de um suposto cara dos correios que vem pegar o elefante branco (vulgo colchão queen size superpesado e gigante, que mamãe comprou pensando em levar de avião para o Brasil, o que se mostrou um grande disparate). Em teoria eu teria de dizer algo ao cara dos correios, se ele aparecer, mas precisamente o que não me recordo pois me disseram quando eu estava meio acordado, meio dormindo. Entretanto, acho que o buraco é mais embaixo, que precisariam contatar a Amazon e pedir duas labels separadas para o colchão e para a escova elétrica que mamãe também quer devolver. Foi isso que inviabilizou o envio ontem quando meu irmão e eu (muito mais meu irmão que eu) prendemos o colchão no capô do carro e levamos o colchão e a escova no posto dos correios, num frio dos diabos, em vão. Meu irmão está se permitindo sentir raiva. Acho que essa foi a principal mudança de personalidade que percebi nele. E é válida e saudável até. Afinal carregar o colchão para cima e para baixo é para deixar qualquer um fulo da vida. Eu não fiquei tão chateado quanto ele, pois estava em sua companhia. Uma informação equivocada de um dos caras do posto nos fez acreditar que poderíamos enviar o colchão e a escova usando um só label se acoplássemos com muita fita durex um pacote no outro, o que, depois de termos desprendido o pesado colchão do carro e tê-lo carregado até o posto de correio, foi desmentido pelo dono ou gerente de lá e aí o meu irmão pegou ar. Agora pediram para o cara do correio vir pegar o colchão e a escova aqui em casa, mas não pediram para a Amazon produzir uma etiqueta de envio para cada produto o que acho que vai dar bronca. O que será, será. Acho que sonhei com a mala que está no conserto de ontem para hoje, tenho essa vaga recordação na cabeça, prova de que o assunto mexe comigo. Espero que a bateria do carro elétrico dê para minha cunhada e minha mãe fazerem tudo o que pretendem. A intenção do meu irmão em comprar um carro elétrico foi a mais nobre possível, mas o carro tem autonomia bastante limitada o que se mostra sempre um problema, ou se mostrou algumas vezes ao longo dos dias que passamos aqui e que, que pena, já chegaram ao fim. Amanhã estaremos começando a nossa epopeia de volta. E espero que não viaje mais em 2018, por mais que tenha valido a pena essa vinda para a casa do meu irmão. Foi muito melhor e divertido do que poderia julgar. Agora tenho Switch com Mario e Zelda, passei por uma tempestade de neve e tenho um monte recordações legais na caixola e no coração. Não fui exatamente sociável, mas também não fui completamente antissocial. Foi tudo melhor do que esperava. Os tios da minha cunhada são duas pessoas superlegais e foi um prazer privar de suas companhias. Ainda houve a presença da prima da minha cunhada e de seu namorado, a única família que meu irmão tem aqui além da sua própria. Não sei se peguei um fungo nos pés, mas os meus pés estão estranhos, principalmente quando calço o sapato novo, ele começa a coçar de uma forma que nunca senti antes. Temo ter alergia a algo no sapato. Se pudesse o trocaria, por mais que ache um sapato bom, que vai ficar melhor ainda quando for devidamente amaciado. É o que usarei durante a maratona de volta ao Recife. Outro desconforto que vai me acometer nesse infernozinho que é a volta para casa com mais de 24 horas de traslado. Ai, ai... e ainda vai ter o estresse de arrumar as malas. Nossa, como odeio a parte da ida e da volta de uma viagem. Não quero nova viagem nem a pau em 2018. Mas já disse isso mais de uma vez. Em breve, quando da arrumação da mala, terei de desmontar o dock do Switch e só poderei jogá-lo em modo portátil, o que acho que só farei durante o voo dos EUA para Guarulhos. O tempo vai ser apertado na nossa primeira conexão em Washington. Espero que dê tudo certo. Na nossa conexão para Recife, temos mais tempo. Tempo até demais. Melhor que a falta. Em teoria o voo de Washington para Guarulhos durará cerca de dez horas e bateria do meu Switch só dura três míseras horinhas. Calcei o tênis que usarei na viagem para dar mais uma amaciada. Nossa, já estou estressadão com a viagem. Mas como disse vozinha, não adianta dar uma de peru e morrer de véspera. O que posso dizer mais? Acho que Zelda será o meu companheiro de viagem. Não estou a fim de jogar o Mario.

15h41. Minha mãe e minha cunhada chegaram. Estou precisando ir ao banheiro, mas agora só quando todos forem dormir. Vai ser uma longa espera. São 13h42 aqui. Daqui que vão dormir, demora. Mamãe comprou o cadeado e fitas para identificar as malas. Ótimo. Disse que começaremos a arrumar depois do almoço. Estou quase indo ao banheiro agora. É compreensível que um ser humano precise ir ao banheiro. Ou vou depois que as pessoas escovarem os dentes. Vou colocar o meu celular para carregar, ele vai ser o meu grande companheiro de viagem quando a bateria do Switch acabar. Vou ficar digitando asneiras enquanto estiver no ar. Ele já está pedindo que o carregue. Obedecerei, então. Não. Vou esperar até a hora de dormir, quero ter o máximo de bateria possível. O lado bom é que, em teoria, sexta-feira estarei na minha casinha, no meu quarto-ilha, jogando Switch e escrevendo essas coisas. Estou estressado aqui, realmente não é a minha viajar. Vou pegar um copo de Coca. Aliás, vou fumar um cigarro e depois pegar um copo de Coca.

16h05. Fumei. Acho que vou no banheiro. Eu preciso.

16h17. Aproveitei e escovei os dentes. Minha mãe está num ótimo astral. Eu sou o único que está estressado aqui. Ainda bem. Mamãe gosta de arrumar mala, eu acho. Gosto não se discute. E se esse gosto dela se provar verdadeiro, pouco terei que fazer, ficarei só peruando, peru que deveras sou. Hahaha. Estou mais relaxado com esse prospecto. Não vou me meter na arrumação. Acho que ela tem toda a habilidade e know-how para isso. Além de saber o que quer em cada mala. Só servirei de apoio ou carregador de pesos. Ela quer arrumar a mala lá em cima, o que significa descer com quatro malas pesadas de escada. É o mínimo, se ela cuidar da arrumação das duas malas. Aparentemente comprou outra caixa grande, não sei se caberão os dois ou três bonecos que pretendo levar. Veremos. Acho que mamãe, quando quer arrumar algo, por mais desorganizada que seja, arruma com muita perfeição, fazendo caber o inimaginável dentro do espaço disponível. Exemplo disso é a geladeira, que não sei que mágica faz que tudo acaba cabendo. Ter ido ao banheiro me deu extremo alívio. Tomara que no voo para o Brasil peguemos algum dos lugares no corredor. Só assim poderei usar o Switch. A não ser que o traga já fora da mochila e mamãe o carregue. Acho que é a melhor alternativa. Parece que sairemos hoje à noite para comer sushi, mamãe, minha cunhada, meu irmão e eu. Um jantar de despedida. Sem as crianças. Minha cunhada está superfeliz com tal prospecto. Eu não gosto muito de sushi, mas obviamente não há como dizer não a tal convite. E eu como sushi sem problemas. Acho que vai ser bom. Eu, peru que sou, já começo a achar que não vou ter papo, que vou ficar caladão, mas é a vida. Teremos duas mulheres bastante falantes à mesa que, tenho quase certeza, não deixarão a conversa minguar.

17h17. Já levei quase tudo lá para cima, faltam as bonecas que quero. Escolhi o Joker pintado e montado pelo meu amigo do maravilhoso mundo dos bonecos e a Hatsune Miku Mebae Version. Esta eu acho que não vai caber, mas mamãe é meio mágica em termos de arrumação. Veremos.

17h25. A caixa da Hatsune Miku é bem maior do que imaginava. Mamãe precisará de toda a sua feitiçaria para fazer caber o todosos bonecos. Minha cunhada deu a boa notícia que os aviões internacionais têm tomadas. Isso seria a felicidade para mim. Dez horas de Zelda ininterruptas. Mas eu nunca vi tomadas em aviões, também nunca procurei. Tomara que ela esteja certa. Só assim viajaria nas nuvens. Seria muito melhor do que eu jamais poderia conceber.

18h45. Tive o meu momento mais tio agora. Fui lá fora fumar um cigarro e quando vi, meu sobrinho mais velho quis me acompanhar. Quando vi de novo, os outros vieram e fizeram a maior farra na neve. Só fiquei monitorando. Mas meu sobrinho do meio disse que adorou. Fiquei feliz por ter proporcionado isso a eles. Foi divertido vê-los. E acho que porque não os repreendi nenhuma vez, eles me acharam um tio legal. Acho que foi isso que se deu. Também tirei foto sem pedir que fizessem pose, acho que ganhei mais um ponto aí. Mamãe já tomou uns vinhos e está protelando fazer as malas. Levou uma queda. Ainda bem que de onde estava sentada para o chão apenas, mas foi um sacrifício levantá-la, está toda desconjuntada. A idade é muito cruel realmente. Meu irmão parte do pressuposto que ela ousa demais e não respeita os períodos de recuperação dos males que a afligem. Eu não sei.

19h12. Minha mãe fala no telefone e ainda vai fazer um experimento de química com os meninos. Ainda há o jantar com meu irmão e minha cunhada. Acho que mamãe planeja arrumar as malas amanhã. Parece que gosta de aperreio mesmo. De estresse. E quem fica estressado sou eu, vendo o tempo correr e duas malas a fazer. Agora meu tio quer que eu marque as cadeiras pela internet. Como se eu soubesse. Espero que mamãe esqueça disso. Eu não faço ideia de como fazer. De qualquer forma, precisamos ter as malas arrumadas para poder viajar. Mamãe não existe, liga o foda-se e resolve curtir com os meninos. Bom, ela é quem sabe. Amanhã a essa hora já estaremos dentro do aeroporto à espera de embarcar. Não estou conseguindo me concentrar com a conversa sobre os experimentos. Vou botar Björk. Ajuda. Bastante. A música ficou impressa na minha mente junto com essa viagem, consegui o meu intento de ligar uma coisa à outra. Espero que sempre que ouvir Utopia, me lembre desse feliz período da minha vida. Não está feliz agora porque não tenho as minhas malas prontas. Vou acabar arrumando de qualquer jeito. Pior que não posso, pois mamãe vai querer colocar coisas dela nas malas. Meu dedos ainda estão dormentes do frio. E durante a brincadeira com os meninos não vesti o casaco de neve do meu padrasto. Ainda bem que hoje está uma temperatura amena, por volta de zero graus. Estranho eu achar isso ameno, mas em comparação com os outros dias é bastante aceitável, tanto que fui sem o casaco de neve, só com o casaco que meu irmão me emprestou e que geralmente uso como camada intermediária entre o casaco do meu padrasto e a camisa. Quero levar o casaco de neve dentro da mala, para que eu possa levar tudo do Switch dentro da minha mochila junto com um casaco muito menos volumoso para amortecer as partes do console que não vão dentro do case (o dock e o grip). Decidi também levar a tomada na mochila, não dentro do case. Se bem que como a imigração é chata, eu acho que vou colocar as partes dentro da mala mesmo e rezar para que não quebrem. Falo especialmente o dock. O grip não vejo como quebrar. Não sei se leve dentro da mochila ou na mala. Decidirei durante a arrumação. Se quebrar o dock, não terei como jogar na TV, o que seria uma enorme frustração para mim. E não sei como faria para comprar outro dock. Só se comprasse e vozinha, que aparentemente vai ficar aqui, trouxesse. Mas não criemos pânico, tudo vai chegar inteiro ao Brasil. O que tem mais perigo de chegar quebrado é o Thing. Nossa, mamãe não existe. Só pode ter sido o vinho somado à percepção de que esse será o último momento com os netos. Daqui a pouco, minha cunhada vai ter que sair para pegar o meu irmão e daí iremos jantar, prevejo que nada será feito nas malas até depois do jantar. Não sei nem se vai ser feito hoje. Ozzy. E não adianta eu arrumar, pois mamãe vai querer colocar coisas nas malas. E principalmente porque não sei arrumar uma mala cheia de muamba. Estou estressado.

19h57. Minha mãe continua a fazer experimentos. Vou ligar o meu foda-se também. Só sei que vou levar o meu Switch. O resto que se exploda. Nossa, Coca com gelo é muito deliciosa. Acho que a Miku não vai caber na mala. Sua caixa é muito maior do que julgava. Tomara que o Thing e o Joker caibam. E espero que as malas de mamãe estejam com menos de 23 quilos. Estou com uma vontade grande de jogar o Zelda, se mamãe não acabar dentro de meia-hora, é o que farei, depois boto o console para carregar na tomada. Lembrando que tenho que carregar o celular também. Logo preciso de duas tomadas. Parece que os meninos institivamente quiseram dar uma despedida para mim (com a brincadeira no gelo) e para mamãe (com os experimentos).

20h11. Não sei mais o que dizer. Acho que vou pegar o Zelda e jogar. Pelo menos desopilo.

20h23. Fui fumar um cigarro instead. E coloquei o celular para carregar. Nossa, como queria que houvesse tomada no avião. Mas em tempos de USB, acho difícil. Pelo menos nos vôos que peguei só vi entradas USB. Mas tudo é possível.

20h31. Minha mãe disse que vai arrumar as malas agora. Esqueci de botar o meu iPod para carregar. Vou fazer isso quando mamãe subir para começar a arrumar, pois minha mochila com os cabos está lá em cima no quarto dela. Tenho uma vaga sensação que minha mãe vai querer tirar um cochilo agora.  

21h46. Ledo engano. Mamãe arrumou todas as malas em tempo recorde. Vai faltar muito pouco a arrumar amanhã. E o melhor. A malas deram peso ótimo, cerca de 16 quilos, três delas e uma com 22 quilos.

0h07. Acabamos de chegar do Maguro, o restaurante japonês na main street de Franklin. Muito bom. Não comi sushi, preferi comer um macarrão apimentado, foi ótimo. Mamãe me preocupa. Além de ter bebido o dia quase todo, aparentou certa confusão na hora de escolher o prato. Mas o cardápio era confuso para os não entendidos em cozinha oriental. Eu mesmo fiquei até o último instante para escolher o meu prato. Bem, nem tanto. Mas certamente não estudei o cardápio para escolher. Havia enorme folha amarela como os três novos pratos do restaurante em letras garrafais. Vi um que dizia macarrão apimentado com carne, achei a combinação de palavras interessante e pedi. O curioso foi que a garçonete parecia estar anotando os pedidos em japonês ou sei lá qual a língua de origem dela a julgar pelos movimentos de mão que fazia (e pelo pouco inglês que possuía). Não tenho como comprovar isso, mas acho que a minha impressão foi acertada. Às vezes falar em inglês é tão difícil que é como se me faltasse o ar, o ar de que os sons são produzidos. Quero falar tudo o mais rápido possível para me livrar daquilo. Certas vezes tenho me sentido assim até falando o bom e velho português. Acho que é a falta do hábito de falar. Já guardei o meu casaco de neve na mala, ele está envolvendo o Thing. Conseguimos colocar a Hatsune Miku e o Joker nas malas. Trarei ao todo seis bonecos, eu acho. O que é fenomenal. Nunca imaginei trazer tantos. Graças a mamãe e seu empenho em me ajudar, cedendo espaço na mala e arrumando os bonecos. Resta saber se chegarão inteiros, visto que quatro vão fora das caixas. Mas o Joker, está envolto e grosso casulo de esponja. Já o Thing, o Spider-Man Symbiote e a Rei Aiyanami só estão envoltos em roupas. As duas versões da Hatsune Miku foram dentro das caixas. Decidi levar o Switch todo dentro da mochila. Fiquei com medo de quebrar o dock o colocando na mala. Se fosse uma peça única até arriscaria, mas não é, percebi que são três partes grudadas (eu acho), então não quis arriscar. Botei tudo o que compõe o Switch dentro da mochila. Se for parado na alfândega será o que tiver de ser. O pior é que estarei levando o celular do motorista da minha avó numa das malas que, somado ao Switch ultrapassa o valor em eletrônicos que posso trazer. Segundo a minha mãe, o teto hoje em dia é de 300 dólares. Que foi o valor do Switch, sem celular. Aliás, nem sei qual o valor do celular, não vi nada dessa negociação. Espero sinceramente não ser parado na alfândega. Acho que eu e todo brasileiro vindo dos EUA. Hahaha. A chance de derrubarem os meus bonecos no chão é muito grande se forem revistar a mala. Seria muito ozzy. Bom, vou mudar de assunto. Estou sem vontade de jogar o Switch em modo portátil. Mas prefiro muito mais fazer isso do que digitar no celular ou assistir filme no avião. Ou não fazer nada, ficar olhando para a torturante tela de progresso da aeronave no mapa, meu passatempo da última vez. Tenho certo receio de que, se adormecer, como Switch é um item muito visado, alguém venha o roubar se deixar o case guardado no porta-trecos em frente à minha cadeira. Sei lá. Vou arriscar. Se tiver tomada para carregar o Switch no avião é capaz de eu nem dormir. Mas não vai haver, tenho quase certeza disso. Estou pensando se tento guardar a tomada no case ou não. Se soubesse dobrar o fio todo bonitinho já teria feito. Por enquanto está jogado na minha mochila. O chato de ficar na mochila é que se eu ficar em uma cadeira que não seja no corredor, eu não terei acesso ao fio. Mas não vai haver tomadas, Mário. Põe isso na sua cabeça. É vero. Terei três horas e meia de Zelda para jogar, se muito. É um terço do tempo do voo. Já estou noiando em como conseguiremos tirar os tickets a tempo para o embarque de Washington para Guarulhos, pois chegaremos com menos de duas horas para o embarque, quando para voos internacionais, no Brasil, pelo menos, temos que chegar com três horas de antecedência. O estresse me toma. Espero que meu irmão ajude a gente a desenrolar o inglês aqui em Boston para ver se já saímos com pelo menos as passagens dos dois primeiros trechos impressas e com assentos marcados. Quiçá as três. Seria uma mão na roda. Aí viajaria quase sem estresse. Só restaria saber se as malas seguiriam direto de Guarulhos para Recife ou se teríamos que pegá-las em Guarulhos e reembarcá-las lá.

1h45. Todos já se retiraram, essa é minha última noite no inverno americano, sabe-se lá por quanto tempo. Quero aproveitar o restinho do tempo que me tenho aqui. Amanhã vai ser só correria, pois mamãe vai arrumar o resto das malas ainda e é bem capaz que acorde de ressaca. O meu iPod está com a bateria quase arreada e o danado do iTunes não está reconhecendo o dispositivo. Terei que reiniciar o computador, para ver se isso altera algo. Por falar nisso, não sei o que tanto o meu computador processa. Acho que era o uTorrent. Estava rodando em segundo plano esse tempo todinho. Meu computador está muito lento. Acho que foi o fato de tê-lo deixado ligado por tanto tempo. Nossa, vão ser dois dias ozzy. Que tudo corra tranquilamente e conforme o previsto nesses dois interregno. Hoje no jantar, eu e meu irmão quase não falamos nada. As mulheres falaram quase o tempo inteiro e, quando minha cunhada ia falar, era frequentemente atropelada pela a minha mãe. Estava dando nos nervos. E acho que não só nos meus. O rosto da minha mãe está visivelmente mais inchado, mais redondo, meu padrasto vai se espantar quando a revir. Eu só vou querer ver a minha ducha quente e o meu quarto-ilha, onde instalarei o Switch para começar a jogar assim que possível. Estou sem o meu Vaporfi aqui, já foi devidamente alocado em uma das malas. Faço automaticamente o movimento de pegá-lo e me deparo com a frustração de não tê-lo. Vou reiniciar a máquina, para ver se ela localiza o meu iPod. 2h14. Até mais.

2h35. Reiniciei e fui fumar um cigarro. O computador identificou o iPod, mas o iTunes até agora não foi carregado. Embora a luz de processamento esteja piscando sem parar. Se não lançar o iTunes em dez minutos eu ligo manualmente e vejo se ele encontrou o iPod.

2h44. Vou ligar o iTunes para ver no que é que dá. Ele reconheceu como um novo iPod. Às vezes dá isso, mas não reformata o bicho. Finalmente, identificou o iPod. Graças. O lado ruim é que o Windows que reiniciar o computador para fazer updates de segurança do Office, o que não me soa nada bem, visto que o meu não é original. Capaz de ele travar os aplicativos do Office de vez. Tomara que não. Primeira surpresa negativa do dia da viagem. Espero que também a última. E que não seja nada demais, que não trave a minha máquina de escrever mágica do meu coração. 2h57. Vou ficar acordado até as 4h40, para dar tempo do meu iPod carregar. Acho que o Windows não vai reiniciar enquanto uso. Mudei o horário do Windows reiniciar para 5h00. Não precisarei ficar acordado, posso ir dormir. De toda forma, vou esperar até o iPod estar completamente carregado. Outra vez busquei o Vaporfi (cigarro eletrônico), sem sucesso. Quando era criança, adorava desafios e não queria desistir deles. Hoje sou o inverso ou os desafios são outros. Não gosto de aventuras, de sair do lugar conhecido, do confortável e familiar. Não tenho necessidade disso. Tenho a necessidade de permanecer na minha zona de conforto. Aventuras, relego aos videogames. E às caminhadas que voltarei a fazer, devagarinho, uma vez em Recife.

3h12. Guardei a tomada do Switch dentro do case, coube sem comprometer aparentemente o sistema. Não fez nenhum volume nem parece estar pressionando o console. Droga, novamente fui atrás do meu Vaporfi. Devia ter deixado aqui embaixo para guardar só quando acordasse amanhã. Que vacilo. Minha memória de curto prazo está ficando comprometida ou estou com pensamentos demais na cabeça, projetando as variáveis da viagem. Realmente não gosto de viajar. Pense num saco. Novamente atrás do Vaporfi. Assim não dá.

3h26. Vou ficando por aqui nesse que é o meu último dia em solo americano até não sei quando. Estou trocando muitas letras, deve ser o cansaço. Vou fumar o último cigarro da noite e ir dormir. Afinal, daqui a pouco dá duas horas da manhã aqui e quero acordar às dez. Ou ser acordado. Vou deixar o computador aberto para que o iPod pegue bem muita carga. E para dormir ouvindo Björk.

-x-x-x-x-

12h44. Acordei e fui fumar um cigarro. Últimos momentos na casa do meu irmão. Ainda estou muito sonolento para qualquer ficha cair. Mamãe me chamou para ajudar com as malas. Vou beber a água, despertar mais um pouco, escovar os dentes e vou lá. Estou com muito sono ainda, sem conseguir raciocinar direito. A garota da noite me mandou uma mensagem! Mas não li ainda, não quero ler nesse estado. Acho que mamãe me chama. Vou lá.

13h02. Ajudei mamãe com as malas, mas mais ajuda se fará necessária. Ela quer que eu tome um banho. Tomarei. Primeiro é preciso um pouco mais de despertar e coragem. Vendi o Skeletor! O leilão ainda não acabou mas um lance já foi dado. Ou seja, já está vendido. Espero que outros lances sejam dados e que eu não venda por valor tão irrisório. Mamãe me deu dez minutos para eu tomar banho, os utilizarei escrevendo. Meu iPod, já está para lá de carregado, meu celular também, assim como o Switch. A ficha de que parto dentro em breve ainda não caiu. Estou tomado por uma calma que não é normal em mim em dias assim. Acho que vou logo tomar banho.

14h16. Já tomei banho. Já desci duas malas, minha mãe grita querendo transmitir seu estresse para além de si, especificamente para mim. Acho que palavras agora, se houver, só pelo celular. E espero que, se escrever por este outro meio, não perca o que está escrito porque não terei conexão à internet até chegar em casa. Mas creio que se escrever o Gmail ele salva como rascunho. Acho o Blogger menos seguro em matéria de salvamento. Mamãe colocou um monte de dinheiro na minha bolsinha de viagem. Espero não perder. Se tornou o item mais valioso que carregarei, pois nela também está o meu passaporte. Vou desligar o computador. Vou ficar só mais um pouquinho aqui. Eita, há um update para fazer. O tal update do Office que temo travar o Word de vez, mas não há como escapar dele, pois quando desligar o computador, ele vai instalá-lo automaticamente. Vou ver logo no que isso vai dar. 14h50.

15h02. Aparentemente, nada fez contra o meu ofício de escrever. O Word continua funcionando exatamente da mesma forma que antes. Graças. As malas estão fechadas. Agora é meu irmão pegar o carro que alugou e nos levar. Mas ainda está muito cedo. Não acredito que vou ter outra crise de proctalgia fugax. Hoje, agora, não é o melhor momento para ter. Se bem que é melhor agora que posso me mover para tentar relaxar que sentado e ilhado no avião sem poder me mover.

15h19. Minha cunhada foi participar como voluntária de uma atividade na escola do mais velho. Diz gostar bastante. Eu não teria coragem nem a pau. Lidar com um monte de crianças. Vou desligar o computador, estou muito voltado para a viagem para ficar escrevendo. Quando estiver embarcado, no ar, volto a escrever. Eu só vou lançar mão do Switch quando estiver na viagem maior, dos EUA para o Brasil. Nessa para Washington, acho que vou dormir. É uma viagem supercurta, cerca de duas horas. A outra é que vai ser ozzy, dez horas de voo, por baixo. Eita saco. Bem, vou desligar meu grande amigo computador.

Não sei que horas são. Já guardei o meu computador e o celular, de onde a partir de agora escrevo, informa que são 2:44 da madrugada. Ainda estou na casa do meu irmão e nada mudou além do método de escrita. Que, por sinal, é um saco. Por mais imensamente inteligente que o SwiftKey seja. Recomendo o teclado a todos que usam celular para escrever. Estou usando o Gmail como me propus. Estou com sono, com vontade de me deitar um pouco. Acho que é o que vou fazer.

Oxe, o que escrevi sumiu. Que ozzy. Bom, não me deitei. Ajeitei o relógio, são 16:35, horário de Recife, escrevi mais e comi um delicioso purê feito por vozinha. Ah, e acabei de fumar um cigarro. Só tenho seis até São Paulo. Acho que dá. Meu maior desejo no momento? Que todos os tickets de embarque com os assentos já reservados sejam impressos aqui mesmo, nos poupando correria e estresse em Washington. Esse teclado é mesmo muito inteligente, parece adivinhar o que quero escrever. Está melhor que antigamente. Impressive. Pouparei o Zeldinha para a viagem mais longa. Ainda não sei se fiz a escolha certa em colocar todos os componentes do Switch na mochila e agora é tarde para mudar de ideia.

17:01. Minha mãe abriu uma mala para colocar um creme para a irmã de minha cunhada e dois protetores de tela para os novos celulares. Vi que não havia condições de colocar o dock do Switch nas malas. Bom, descobrirei no que é que vai dar a minha escolha dentro em breve. Acho que meu irmão e minha cunhada têm ideias muito firmadas a respeito da personalidade do primogênito o que pode ajudar a definir sua personalidade de forma negativa através das atitudes deles em relação ao guri. Mas não entendo nada sobre crianças, menos ainda sobre como educar crianças. Escrever nessa telinha me dá um sono danado. 17:15. Vou me deitar um pouco. Coincidentemente, minha cunhada acabou de entrar aqui e perguntar quando iriam pegar o carro alugado ao meu irmão e combinaram que sairiam daqui a dez minutos, logo não dará tempo para um cochilo. Dormirei no avião, não tem problema.

17:44. Foram buscar o carro. Em breve estaremos no aeroporto, meio que em cima da hora. Os meninos estão gerando em alta. A coisa se acalmou mais. Mas não muito. Eita, bando de meninos danados. Vou botar as malas na garagem.

18:10. Eles ainda não voltaram com o carro. A preocupação impera. O que será que está se dando?

22:06. Estamos no avião rumo a Washington. As três passagens dos três voos foram impressas já em Boston. Até agora quase tudo certo. E o que não deu certo, não havia lugar nos compartimentos para colocar nossas mochilas - nossas e de um monte de gente - foi compensado por não haver o terceiro passageiro da nossa fileira, então sentamos um em cada extremidade e colocamos a minha mochila, a bolsa de mamãe e seu casaco na poltrona do meio e a mochila de mamãe ficou entre as minhas pernas. Escrever nesse celular realmente me dá sono. Acho que é a vista cansada. Ou cansado estou eu, embora mal tenha começado o traslado de volta. O meu sapato está desconfortável. Temo que não me adapte a ele. Vou tentar dormir, pois no voo da madrugada vou querer jogar Switch. Na área de embarque, um guri pouco mais velho que o meu sobrinho jogava o Switch dele com um amigo que fez durante o embarque. Todos brasileiros. Talvez o número de turistas seja o responsável pelo excesso de bagagem a bordo. Este voo é café pequeno. Se tivesse que levar uma mochila entre as pernas por nove, dez horas aí estrilava. Não sei se esse texto vai ser salvo. Se perdê-lo ficarei moderadamente frustrado, afinal não acontece nada de muito excitante dentro de um avião. Ainda bem. Ficamos na última fileira da nave, o que tem seu lado ruim e seu lado bom pelo mesmo motivo, a proximidade do banheiro. Às vezes odores fétidos vêm do banheiro. Outras vêm de mim, que aqui me sinto livre pra peidar, se a vontade é muita. Hahaha. O crime perfeito. Tirei uma foto de Boston à noite do avião. Fico impressionado como a câmera desse celular é melhor que a do outro. Já estamos nos preparando para pousar em Washington. Vou desligar o celular para parecer civilizado.


City at night. Boston.



44 passageiros do nosso voo seguirão para São Paulo. Está explicado o excesso de bagagem. Hahaha. Brasileiro é muambeiro mesmo. Nós, inclusive, mas pelo menos estamos dentro das normas exigidas.

23:57. Estamos em Washington à espera do embarque para o Brasil. Mamãe foi tentar conseguir milhas. Sempre assim. Não sei se vou tirar o Switch, só se for no corredor. Esse teclado está com um problema de reconhecimento de toque e acho que tem a ver com a tela protetora. Muito chato e atrasa muito a digitação. Vai ver que há um jeitinho a pegar para a coisa funcionar. Acho que é tocando um pouco acima da palavra. Não peguei ainda o truque e fico muito aborrecido, querendo me livrar da capa toda.

3:52. Estamos sobrevoando a América Central, entre San Juan e Roseau. Suponho que em breve teremos câmeras filmando o que fazemos no avião colocadas na parte de trás dos assentos, logo em cima do monitor. Tudo para nos “servir melhor”. Por falar em melhor, tivemos novamente sorte no lugar de sentar, veio uma cadeira vaga, nos dando espaço nesse já espaçoso avião. Acho que é moderno, a janela dele parece mágica, o grau de transparência é variável apertando-se um botão abaixo dela. A cada novo toque, o vidro ou sei lá o que, vai aumentando a escuridão como se fosse se tornando gradativamente mais ou menos fumê. Cada vez o mundo fica mais interativo e a tecnologia mais mágica. Gostaria de saber qual é o processo que se dá. Se é químico ou físico, o que danado é. Vou perguntar ao meu padrasto. E joguei Nintendo Switch, Zeldinha no avião. A única coisa ruim foi que eu não produzi nada de útil no jogo. Mas ainda tenho 64% da bateria e muitas horas de voo pela frente. Acho que chegamos a um terço da viagem agora. Mamãe dorme. Eu também estou com sono. Vou tentar um cochilinho. Só falta isso que escrevi não funcionar. Não ficar salvo em rascunho. Aí vai ser o ó. Tomara que dê certo. Tudo na viagem tem dado mais do que certo. Só falta acabar a bateria antes de chegar ao quarto-ilha. Vou tirar o cochilo.

7:49. Nossa, e que cochilo! Simplesmente apaguei. Minha mãe, que pegou no sono antes de mim ainda dorme. De dia, as janelas mágicas do avião assumem cores curiosas. Do lado de mamãe, as janelas expõem o mundo exterior com um profundo ciano. Do lado de lá as janelas exibem um curioso dégradé de ciano a magenta. E não consigo ver imagem nenhuma do outro lado. Pense numas janelas modernas e estranhas.


Janela mágica.



8:01. Tirei uma foto para ilustrar. A das janelas do outro lado, não tenho coragem de tirar, pois muitos anônimos sairiam nela e poderiam se incomodar com isso.

Tudo azul. Avião ou submarino?



8:07. Me perdi divagando sobre o que a garota da noite me respondeu, que ainda não sei. Primeiro imaginei coisas positivas, depois passei a pensar em coisas bem mais trágicas, como por exemplo um curto e grosso fora. Indiquei um filme a ela, lembrei disso vendo filmes de outros passageiros por tabela. A minha tela mostra, para variar, as estatísticas do voo. Não sei por que me apetece olhar para isso tendo tantos filmes interessantes e legais para assistir, mas se o meu coração pede, deixa ser por ele. Acho que vou jogar o Mario na nossa longa espera no aeroporto de Guarulhos. Embora pelo que vi da outra vez, temo que a miséria que invade os corredores do lugar queira se apoderar do meu querido console usando a violência. Averiguarei quando desembarcar. Ou gasto o resto da bateria aqui nesse voo mesmo. Vamos ver as minhas inclinações para onde pendem. Levando em consideração que começarei a ser interrompido pelos comissários de bordo que servirão o café da manhã, acho que vou deixar para a terra firme, ou para o próximo voo. Ou até mesmo para casa somente, meu querido quarto-ilha. Veremos a situação do aeroporto. Não vou jogar aqui, pois serei interrompido dentro de instantes. Bom, esse voo da United foi um dos melhores que já tomei na vida. Temo que o próximo não será. Não haverá cadeiras vazias, vai haver muito barulho, criança chorando, avião apertado. Pelo menos não tivemos nove horas disso, foram nove horas tranquilas espaçosas e confortáveis, como jamais imaginei ter. Minha bunda nem doeu de ficar tantas horas na mesma posição como na ida. Não sei se é o maior espaçamento entre as cadeiras ou o fato de sermos dois ao invés de três nas poltronas. Tudo isso ajuda, além do horário do voo e de ser composto por pessoas educadas.

9:14. Faltam 40 minutos para aportarmos em terras brasileiras, que há muito sobrevoamos. Certamente não estará tão frio quanto no avião. Ou estará, visto que é São Paulo. Pouco se me dá. O que importa é que vou fumar uns dois ou três cigarros seguidos. Ah, comprei uma Rolling Stone americana que tinha na capa Bono e uma entrevista com ele. Não peguei ainda para ler. Talvez na próxima viagem, de Sampa para Recife, eu leia. Estamos a 30 minutos do nosso penúltimo destino. Teremos que pegar as malas aqui e fazer um novo check-in pela Azul, talvez. Não sei. Sei que o trecho mais desgastante da viagem já é quase passado. Ainda bem. E ainda bem que foi tão bom. Não foi desgastante at all. Diria até que foi relaxante. O avião já está descendo.

9:37. O meu horário ainda não condiz com o local onde estou, pois São Paulo está em horário de verão, logo lá agora são 10:40. Bom, nos guiaremos pelos monitores do aeroporto. Minha mãe já terá acesso aos dados móveis de seu celular, eu creio. Eu não terei porque o chip do meu antigo celular não cabe no novo.

10:08. Aportamos. Estamos esperando o avião abrir as portas.

10:13. Começo a duvidar da sanidade da minha mãe. Estou preocupado. Ou sou eu a perder a razão, pois não entendi o que ela falou. Eu preciso fumar um cigarro, uns cigarros, desesperadamente.

12:09. Despachamos as malas. O último obstáculo é chegar ao terminal 1, tarefa para a qual precisamos pegar um ônibus. Ou da Azul ou o prateado do aeroporto. Estou mais tranquilo agora. Vi outro guri jogando Switch. Realmente é um fenômeno de vendas. E, pelo visto é um sistema que faz sucesso mais entre crianças. Os três Switches que eu vi durante minha peregrinação pelos aeroportos estavam nas mãos de guris. Exceto o meu. Hahaha. Estou representando os veteranos e engrossando a fila dos viajantes fãs da Nintendo. Não digo nada ver ainda outro antes de chegar em casa. Além do meu, óbvio. Passarei o tempo jogando Switch. Mas acho que vou mudar para o Mario. Aliás, nem sei. O Zelda passa mais tempo, apesar da frustração de morrer adoidado. A juventude feminina é muito bela, ai, ai... Há duas gatas sentadas próximas a mim, estão com uns coletes amarelos bem “cheguei” representando sei lá que empresa. Minha mãe foi comprar uma blusa. Diz não estar aguentando o calor. Espero que consiga achar o caminho de volta visto que quase se perdeu em sua primeira investida. Penso que deveria acompanhá-la, mas acho que ela precisa exercer sua autonomia. Não pode ficar desnorteada assim tão facilmente. E se ficar, precisa usar sua criatividade para me localizar. Coloquei o iPod, mas temendo que minha mãe se perca e chame por mim pelo sistema de som do aeroporto, o desliguei. Há mais duas gatas à minha direita também. Muito bonitinhas e apetitosas. Ai, ai, aí, ai... Mas vendo-as lembro da beleza singular da garota da noite e que vai ser a grande novidade da minha chegada ao Recife. Meu quarto-ilha, ah, como eu quero chegar logo a ele, ligar o ar, deixar gelar enquanto tomo um bom banho. Ligar o Switch e o computador e declarar a noite minha.

12:46. Minha mãe está demorando, isso me preocupa. Espero que esteja só sendo meticulosa na escolha das roupas. Espero não estar perdida por aí à minha procura. O pior é que com o celular sem chip ou Internet estou incomunicável.

13:09. Mamãe comprou a camisa, me encontrou, comprou um lanche do Bob's pra mim e agora escolhe a sua refeição árabe. Há jovens mulheres que já têm jeitão de senhoras. Essas não me atraem. Embora todas já tenham embutidas senhorinhas, numas isso é mais óbvio e me desagrada mais.

14:10. Já passamos pela segurança e estamos dentro da área de embarque. Não sabemos qual é o portão do voo porque ainda é muito cedo. Sei que agora só poderei fumar em Recife. Acho que vou jogar um pouco do Zeldinha aqui, o jogo em que muito ando e nada faço. Ô incompetência...

14:20. Minha mãe foi escovar os dentes. A última parte chata da viagem vai ser colocar as malas dentro do carro. Acho estranho quando a maioria das pessoas falam com um sotaque diferente do meu, como se dá aqui em São Paulo, imagina uma outra língua. Mais até o inglês que o alemão, acho que porque adquiri certa familiaridade com essa última depois de duas viagens. Bom, sem saco para escrever, vou tentar o Zeldinha.

15:01. Joguei o Zeldinha até agora e pouco produzi para variar e para variar isso não me incomodou, gosto de vagar a esmo pelo mundo e encontrar o que me aparecer pelo caminho. Tive um encontro deveras sui generis no game agora. Bem, agora não, desde ontem, só que dessa vez consegui derrotá-lo. Foi um pequeno progresso e me foi suficiente, visto que sou tão ruinzinho no jogo. Espero dormir bem muito nesse voo para ter a noite de volta no meu quarto-ilha para mim. Vou combinar com a minha mãe para comprar Cocas Zero para eu tomar hoje. Ela deixou. Uma, a priori, o que é mais do que suficiente por uma noite. Uêba, retorno em grande estilo. Hahaha. Zeldinha na TV, se conseguir ligar o meu novo filhote, Coquinha com muito gelo para alegrar a noite, jogando e esticando as ideias no computador. Ah, lembrei que há algumas horas, quando eu estava em outro país, que é o sonho do brasileiro médio, aquilo que o brasileiro médio foi incutido a acreditar que é o paraíso na terra, comprei uma Rolling Stone com Bono na capa. Preciso ler. Poderia rolar uma com Björk ou Robert Smith. Ou, na edição brasileira, uma com algum dos Hermano ou até a própria Malu. Vou dar uma folheada na revista.

16:58. Não cheguei à reportagem de Bono. Mas já cheguei à minha apertada cadeira no voo 4488 com destino a Recife. Enfim. Estou na janela. Mamãe está no meio e um rapaz até educado encabeça a fileira no corredor. Mamãe sugeriu pedir ao cara mexer na minha mala e localizar o Nintendo Switch. Se alguém pedisse para eu mexer na bagagem de um desconhecido, ficaria superempulhado e provavelmente me negaria a fazê-lo. Mas isso sou eu, cada cabeça é um inescrutável mundo. Espero que esses relatos cheguem até o Jornal do Profeta.

Minha mãe falou que meu irmão teve princípio de hipotermia, segundo o próprio, nas palavras dela, no dia em que ele decidiu ir e voltar de Boston no seu carro elétrico. Em teoria por causa da tempestade de neve do dia anterior. Segundo o comandante, o voo vai durar duas horas e meia. Tomara. A aeronave já se move na pista. Caiu um pequeno toró com relâmpagos enquanto esperávamos. Nada que comprometa o voo, eu espero.

17:38. Estamos mais uma vez no ar. A viagem está no fim do fim.





18:32. Peguei no sono. Dormi quase uma hora. Bom. Acho que o assento dessa aeronave é mais velho que o da anterior pois já me doem as ancas. Sem falar que é muito mais compacta. O lanche que foi dado também foi mais fuleiro, salgadinho com refrigerante, água ou cerveja. Bem brasileiro ao mesmo tempo. Hahaha. Quais as companhias que voei nessa volta? Os dois primeiros voos foram da United Airlines e este último em que faço o caminho inverso dos paus-de-arara e retorno ao Nordeste é da Azul. Nada contra, voo rápido, sai na urina. Dureza foi o de ida, num voo apertado e com a cadeira gasta como esse até os States. E ilhado e com o intestino chiando, como estou agora. Ozzy. Estou sentindo uma dormência muito estranha no local onde as pontas das unhas encontram as carnes dos dedos. Em ambas as mãos. Não sei se nos pés. Não tenho muita sensibilidade nos pés, pelo menos não tanto quanto tenho nas mãos. Não sei o que possa estar causando isso. A noite finalmente se faz no céu, que mesmo acima das nuvens vai sendo tomado de um azul chumbo e em breve será só escuridão. E os diminutos grupamentos luminosos de civilização lá no distante chão.

19:02. Em teoria o avião chegará em meia-hora a Recife. Some-se a isso mais uma hora para efetivamente chegarmos em casa e daqui a uma hora e meia, duas horas, estarei no meu quarto-ilha, depois de uma providencial ida ao banheiro. Tomara que haja papel higiênico no meu banheiro. Do jeito que o meu padrasto é, nem sei. Mas quem se aguentou até agora, é o mínimo.

19:10. A noite de fato é agora. Não fora as luzes da asa do avião e das cidades abaixo, seria tudo escuridão. A bateria do celular aguentou legal até agora. Está em 59%. Massa. Não coloquei nada de demandante, mas a última vez que o carreguei foi na terça à noite se não me engano. E acho que comecei a digitar isso ainda na casa do meu irmão. As contrações intestinais são muito desconfortáveis. Ozzy. Imagino uma mulher tendo contração para ter filho. Aliás, sequer posso imaginar. Sou um maricas perto de uma mãe. E estou muito perto da minha. Aproveitar para dar um beijo em quem tanto sacrifício fez por mim. É o mínimo que merece. Dei. Ela joga sudoku ao meu lado. É fera nisso. Reclamou agora que brasileiro tosse mais que americano durante voo. Vê se pode? Essa é a minha mãe. Putz, tirei o outro tênis Nike Airmax que acho que comprei um número menor. E vou ter que conviver com essa triste realidade até conseguir amaciá-lo ou desistir dele. As luzes dos cintos se acenderam, sinal de que estamos prestes a pousar. Acho que estamos perdendo altitude realmente. 19:30. Mais 10 ou 15 minutos e talvez estejamos desembarcando.

19:32. A aeromoça disse que era apenas porque estamos passando por uma área de instabilidade. Ledo engano da minha parte achando que íamos pousar. Se bem que já estamos a duas horas e meia no ar se não me engano. Meu irmão, se brincar vou no banheiro do aeroporto mesmo. Tá muito incômodo esse negócio. Não deveria ter pedido tantas Cocas. Minha bunda também dói. Nem tudo pode ser bonito nem tudo pode ser bacana. É a vida e conheço um sem número de maneiras de como ela poderia ser pior. Acho que me enganei nas contas, já são 19:43 e nada do avião aterrissar. Acho que vai ser de 20:30 mesmo. Ozzy. Que fuleiragem. Ou burrice minha. Devo ter calculado errado. Tanto pior para mim. Vou parar um pouco de escrever.

20:02. Não estou passando muito bem. O avião vai chegar só às 20:40. Ozzy. Ainda bem que não estou assim desde antes.

23h21. Estou devidamente instalado em casa, falta um bom banho e uma boa escovação dos dentes para me sentir inteiro de novo, mas aproveitei o gás e já liguei o meu filhote na TV. Agora a minha família está completa. Não quero outro filho nem tão cedo. Descobri também que digitar no celular com as luzes do avião apagadas no meio da turbulência me dá enjoo. Passei maus bocados no voo de Guarulhos para Recife e só relaxei quando fui ao meu banheiro da minha casinha. Hoje é dia de securar o Zelda, eu acho. Pois estou tão quebrado. Talvez tome um banho e vá dormir. Acabei de botar Camila Cabello para tocar. A música mais famosa. Não me diz nada de novo. E o que me diz não me agrada, é o mesmo que muitas outras fazem com um leve toque caribenho. Não sei a letra, pois não entendo. Pode ser que as letras sejam o diferencial. Bom, vou tomar banho. 22h35. Aliás, vou tomar um copo de Coca, fumar um cigarro e tomar banho. Hoje depois um longo e tenebroso inverno, literalmente, vou me entregar novamente ao onanismo. Então tem isso antes do banho também.


Repare no tamanho do Switch em relação aos outros consoles.
Pense em algo diminuto.


23h48. Fui fumar o cigarro e minha mãe veio me dizer para não fumar. Com ela de tetéu assim, fica difícil a parte do onanismo. Vou dar mais meia-horinha para me aventurar por tais searas. Ainda toca Camila Cabello, deixei rolando, mas realmente não faz a minha cabeça. Tenho uma série de recomendações da revista que comprei que só ouvirei amanhã. Fiquei impressionado em como a Rolling Stone brasileira, se ainda existe, tem uma impressão bem superior à americana. E costumava, pelo menos, ser muito mais volumosa. Acho que perceberam lá nos EUA que o público médio da revista está acostumado com matérias pequenas, no formato das de internet. O preço, infelizmente e mesmo sendo uma revista fina, achei caro, sete dólares.

0h05. Fiz tudo o que me propus a fazer antes do banho. Agora ao banho.

0h39. Tomei um longo banho. Eita, péra, preciso botar o boiler de novo na temperatura mais baixa que o meu padrasto gosta. Eu aumentei para tomar banho na temperatura que eu gosto.

0h41. Mudei para 41 graus (tomo com 46). E acho que não vou jogar nada hoje, estou muito cansado. E estou sem o meu Vaporfi aqui, está dentro de uma das malas e não vou mexer nelas sem mamãe por perto, senão vou ouvir o que não quero ouvir. Vou deixar que ela desarrume as malas do jeito dela, no tempo dela. Estou com a pele coçando. Acho que estou despelando do ressecamento do frio. É uma coceirinha gostosa danada de coçar.

1h32. A fome bateu forte e achei uma lasanha de presunto com queijo ao sugo da Sadia congelada. Não gosto muito dessas coisas congeladas, para mim a maioria tem gosto de alho puro, mas é o que tem e com a fome que estou vai descer bonito. Mais um pouco de comida estilo avião para fechar a viagem. Hahaha. Acho tão estranha comida de avião. A forma como vem entregue, os kits, a quantidade pouca, mas suficiente. Não sei, é estranho. A apresentação do prato, talvez. Tudo dentro de sacos plásticos. Bom, quem já viajou de avião há de convir que por mais esforço que se faça é totalmente o oposto de uma boa comida de panela. Também, é esperar demais de um negócio que está a não sei quantos mil pés de altitude, sem cozinha e sem espaço, oferecer algo mais que esses kits. E não colocam muita comida acho que para não gerar uma fila muito grande para o banheiro. Essa é a minha teoria. Meu pé inchou da viagem, outro sinal de que estou ficando velho, por isso o tênis estava tão apertado. Aliás, meus pés não estão bem, espero que saindo com eles de sandálias havaianas, livres de enclausuramento com meias e sapatos, eles gradativamente voltem ao normal. Vou lá checar a lasanha. Apitou.

1h59. Queimei minha boca toda comendo a lasanha quente. Não posso dizer que estava gostosa, nem posso dizer que estava ruim. Mas que deu saudade das lasanhas de papai, isso deu. Pena que essas não mais há ou haverá. A não ser que minha irmã da Alemanha tenha a receita e resolva reproduzir. Esse post está muito grande. Vou finalizar por aqui, afinal sou eu quem vai revisar esse negócio. Preciso urgentemente tirar o Vaporfi da mala. A todo instante fico o procurando para dar uma baforada. Vou fumar o digestivo, colocar o último copo de Coca Zero e me preparar para dormir. 2h03.

2h38. Joguei um pouquinho de Zelda e estou num lugar mais movimentado, digamos assim. Tanto que morri. Hahaha. Mas amanhã com paciência conquistarei as três coisas que tenho para fazer lá. Vou até anotar para não esquecer, tower, shrine e falar com um certo alguém. São três coisas muito úteis no jogo. Difícil é sobreviver aos inimigos no meio dos caminhos. Mas, preciso sentir que progredi um pouco mais, não posso só ficar de rolé no jogo. Agora é sério, vou dormir. Mas não estou com sono. Durmo ou não durmo? Vou fazer uni-duni-tê. Caiu no eu não durmo. Mas vou dormir. Vou só dar uma sacada na Web e me retirar.


3h05. O Skeletor que botei para vender está com 14 observadores, mas só um deu o lance mínimo até agora. Geralmente os lances só são dados nos últimos momentos do leilão. Se conseguir tirar 300 dólares da figura, já está de bom tamanho. Foi o que prometi a minha mãe conseguir. Mas parece que está de rosca vender as estátuas hoje em dia. Ozzy. Pelo menos já está vendida por 300 bruto, no líquido eu perco dinheiro para o eBay, para o PayPal e para pagar o frete. Então precisaria de mais lances para realmente ter o valor líquido de 300 dólares. É torcer para que mais gente aposte no leilão.

Invocado, né? O que não faço pelo Switch e pelo Hulk...

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

NITENDO SWITCH? NINTENDO SWITCH!





14h50. Dormi bastante. Estava precisando. Fui checar o status do Switch e deu “out for delivery”! Estou aqui só esperando o meu filhote chegar. Também estou saturado de escrever. Escrevi demais ontem. Sem saco nenhum para isso. Fui fumar no frio e o vento gelado no meu brinco fez o furo no ouvido ficar doendo. Que inusitado. Vivendo e aprendendo. Brincos não combinam com inverno. Bem, sou todo expectativas hoje. Pior que TV agora, só quando o meu irmão chegar do trabalho, se ele chegar com paciência para tanto. Tomara que chegue. Ou que arrume. Um tantinho de nada. Só para conectar o Switch na TV da sala. Acho que descer a TV do quarto vai dar muito mais trabalho.

16h23. O Switch chegou! Tudo ao mesmo tempo. Quando vi, o status havia mudado para “delivered”, Abri a porta e não vi nada no batente, quando olhei mais adiante, os pacotes estavam em cima da neve perto da passagem de carro. Fiquei chocado e fui logo pegar. Achei a caixa muito pequena para ser o Switch, mas pesada o suficiente para ser. No envelope senti os contornos do Super Mario Odyssey, então na caixa só poderiam ser o Switch e os joy-cons adicionais. E eram! Urrú! Finalmente tenho o meu tão aguardado Nintendo Switch! Falta testar. Fiquei chocado novamente com o tamanho dos controles, de tudo, mas resolvi desencucar com isso.

17h04. Almocei e me dediquei até agora a configurar o sistema. Está carregando para que o meu irmão desenrole uma TV para que eu possa testar um jogo nele. Não vou jogar na tela pequena, eu mereço o melhor. Não tirei ainda o grip nem o dock da caixa. Não preciso deles agora. Como supus, o cabo HDMI do Switch é muito curto. Não sei como conectarei a tomada do Switch no meu estabilizador, visto que é como a de um celular, não como as antigas cuja caixa transformadora ficava no chão e um fio como uma tomada normal saía dela. A Nintendo tomou todas as medidas para garantir a portabilidade do console, realmente a parte de ser um console de TV ficou em segundo plano. Não interessa, esse é o meu plano principal e só não é o único, pois pretendo jogá-lo durante os voos de volta, eu acho. Mamãe já concordou em me dar o case para o Switch. Estou novamente dividido entre o amor e a repulsa ao console. Deve ser a “depressão pós-parto” ou anticlímax da aquisição do meu novo filhote. Preciso escolher o melhor case para ele. Tem um que é a sugestão da Amazon, tem outro que é licenciado pela Nintendo e há um terceiro que diz que cabe a tomada. Preciso escolher entre esses 3.

18h25. Os meninos estão fissurados com o videogame, mesmo sem estar ligado. Prevejo problemas.

19h07. Vou pedir para o meu irmão ligar o videogame só depois que os meninos forem dormir, senão estou lascado. E meu irmão não permite videogames durante a semana para os filhos. Só no domingo. Espero que no domingo o Switch já esteja devidamente embalado para a viagem. Só preciso testar um dia, ou melhor, uma madrugada, para saber se está tudo funcionando ou não. Seria melhor duas madrugadas. Ou três. Hahahaha. Veremos. Tenho que esperar meu irmão chegar para debater com ele qual a melhor solução. Se ele quiser ligar a televisão de seu quarto aqui no escritório-ilha, certamente não me incomodarei. Hahahaha. Mas tudo de acordo com o dono da casa. Se ele não quiser ligar em nenhum TV, é a vida. Mas queria testar na TV, queria muito ver na TV. O Zelda, principalmente, pois o Mario eu já vi. Preciso saber se os Joy-Cons amarelos estão funcionando. Estou todo animado de novo com o meu console.

19h31. Enquanto isso, meu sobrinho mais velho está se divertindo a valer com mamãe fazendo experimentos de química. Isso é que é diversão educativa. Ele está chamando o experimento de “the best” e “supercool”. Nunca um videogame daria esse senso de maravilha ao guri. Só se o guri fosse eu. Hahahaha. Estou risonho hoje porque ganhei o meu presente predileto, um videogame. Da Nintendo, mais especificamente. Se bem que pirei também quando ganhei o PS3. Fiquei muito impressionado com os gráficos à época. Do God Of War Ascension. Mas tinha uma recaída de cola planejada e foi terrível. Estraguei a felicidade do PS3 ou a protelei longamente. Ozzy. Meu passado foi tétrico. Meu presente livre das drogas é muito melhor. Que continue assim. E vai continuar. Pensei ter ouvido a voz do meu irmão, mas foi o tio da minha cunhada. Estou com saudade do meu irmão. Vai ser chata essa parte de ficar longe dele em Recife. Fico até me sentindo culpado por não estar aproveitando tanto a sua companhia quanto poderia. Mas acho que amanhã ele vai passar o dia no escritório-ilha. Então talvez possamos privar um da companhia do outro. Embora não queira atrapalhá-lo em seu trabalho.

21h00. Mamãe comprou o case para o Switch, o MGS V e o cabo de HDMI. Não há mais nada que eu queira dos EUA. De não consumível, pois seria ótimo ter uma Coca-Cola aqui para beber. E mais uma carteira de cigarros, por precaução. Aparentemente deu uma bronca no trabalho e meu irmão vai chegar em casa mais tarde hoje. Não terei coragem de pedir que ligue o console na TV. Seria cara de pau demais da minha parte. Poderia pedir para eu mesmo tentar ligar, mas acho que isso o deixaria com uma pulga atrás da orelha. Não sei o que vai ser. Veremos. Eu sei que eu poderia jogar os games em modo portátil, mas simplesmente não aceito isso. Eu tenho que testá-lo na telona. Senão só testo no Brasil. Acho que está tudo funcionando. Não é possível que os games venham com mau contato. Ou que os Joy-Cons amarelos estejam com defeito. Ou que o dock não esteja funcionando. A probabilidade de qualquer uma dessas coisas acontecer é mínima. Mas que queria jogar no dia em que ganhei, isso eu queria. Será o primeiro videogame com o qual não farei isso, provavelmente.

21h54. Não faria. Liguei o dane-se e comecei a jogar o Mario em modo portátil com os Joy-Cons amarelos-limão. É muito massa. Um deleite. Agora entendo porque o meu amigo jurista queria poupar ao máximo essa delícia. Percebi também que estou com o meu ombro direito meio detonado mesmo. Ficou dolorido depois de jogar. Nossa, que bom que gostei do jogo. Adorei para ser mais preciso, só faltou ser na tela grande. Embora a tela do Switch tenha uma excelente resolução. Fiquei feliz com o modo portátil, estou me coçando para mexer nele de novo. Reconfigurar o meu nome para Mário. Ou Mário Barros. Que é quase Mario Bros. Hahahaha. Agora o Zelda, só na telona. O Zelda para mim equivale a uma experiência cinematográfica. Aliás, ambos equivalem. Só que um é um filme tipo Senhor dos Anéis e o outro uma animação da Pixar. Meu pé fica coçando dentro do tênis, não sei por que isso. Será que estou com alguma coisa nos pés? Alergia ao sapato existe? Não acho que seja isso. Quero que os meninos vão dormir. Quero tentar ligar o Switch na sala. Mas sem a aquiescência e supervisão do meu irmão não rola. Sobre a câmera do Mario, o jogador é incentivado a controlá-la desde o início do jogo, então ela se tornou parte dos controles para mim. Intuitivamente eu já ajeito a câmera sempre que julgo necessário. É parte da experiência, não é como o Mario Galaxy, que possuía uma câmera superinteligente. Acho que nesse jogo nem cabe porque ele é um jogo de exploração, então é impossível prever qual o caminho que cada jogador vai seguir, isso é muito variável, errático. Eu, por exemplo, quis jogar o chapéu e acender todas as luzes da fase introdutória do jogo. Acredito que poucos jogadores tentaram isso, ainda mais sem saber as propriedades do chapéu de antemão. Estou ainda na segunda fase, mas já estou cativado pelo jogo. Estou muito satisfeito com o Switch so far. O tempo que passei jogando, cerca de meia-hora, consumiu, junto com o tempo que passei nas configurações, 20% da bateria, então ela segura mais do que imaginava. Não sei se o Joy-Con amarelo drenou energia do console, não sei se ele vinha carregado ou não. Não atentei para esse fato. O cartucho, que julgava pequeno, é ainda menor do que eu imaginava. Deve ter no máximo 2,5 cm por 3,5 cm. É minúsculo. Tudo no Switch é minúsculo, agora comprovo. Só a diversão é gigante. E nem joguei o jogo do ano ainda. Mas Zelda é um tipo de diversão diferente do Mario. Mario é diversão em estado puro. Delícia, delícia. Zelda é um pouco mais sério, mais maduro, mais cabeça. Acho que a comparação cinematográfica que fiz resume bem os estilos de diversão dos dois jogos. E o Mario está cheio de personalidade, tem várias expressões novas e diferentes.

3h08. Estava jogando o Zeldinha, que de “inha” não tem nada, o jogo é imenso, lindo e misterioso. Desisti porque morri duas vezes. Aí fui jogar um pouco do Mario e cheguei na bendita cidade em que meu amigo jurista estava e que também servia de demonstração nos gabinetes da Nintendo na Gamestop. Aí parei com a jogatina e desmontei tudo da sala menos o dock do Switch. À noite, quando as crianças estiverem dormindo e ninguém quiser ver TV, eu plugo o Switch e vou jogar. Pelo que entendi, as armas do Zelda se quebram, então tenho sempre que pegar uma arma nova das que os inimigos deixam cair no chão. Por sinal, os inimigos são bastante inteligentes e percebem desde longe a minha presença. O jogo é muito grande, não tenho nem ideia de como vou explorá-lo todo. Mas tentarei. Não notei serrilhado e os gráficos todos são de desenho animado. Bem, eu parei de jogar porque estava com sono. Então vou dormir logo, porque senão vou jogar mais um pouquinho do Zelda e então lá se vão mais duas horas de jogo. Prevejo que vou ter muitas e muitas horas de jogo pela frente. Espero que os inimigos não renasçam quando desligo o console. Ou de nenhuma outra forma. Vamos ver se o Zelda barra o FarCry 3. Estou impressionado com os gráficos me pareceram bem melhores que na Gamestop. Ei, xau, vou dormir. Senão é melhor ligar o console e jogar mais um pouco que é o que estou quase fazendo.

-x-x-x-x-

12h23. Acordei, vi meus e-mails e não, não joguei mais ontem. Preferi dormir. Hoje, me arrependo, pois não posso jogar enquanto os meninos estão acordados. Minha mãe já disse que eles ficaram olhando o dock do Switch e me sugeriu tirá-lo de lá, o que prontamente fiz. Descobri que as caixinhas dos jogos do Switch são quase que exatamente do tamanho da tela do console. Será que há uma conexão? Não duvido. Meu irmão trabalha hoje no quarto. Queria muito ver a tela ou as telas, visto que ele tem três monitores acoplados à sua frente, do seu trabalho. Não sei se ele me permitiria e estou cheio de dedos para perguntar. Mamãe disse que hoje é dia de banho, avisei que não tenho toalha. A minha coloquei para lavar, mas algo aconteceu com a máquina, minha cunhada acha que a água congelou dentro do cano, que ela não está lavando. O encanador já foi acionado, parece que vem hoje. Estou na secura de jogar o Zelda. O Mario nem tanto, pois cheguei naquela fase que já vi e revi. O Zelda é ou está, com três mistérios para eu desvendar. Três locais para eu acessar, mas não faço a mínima ideia de como acessar os locais. Morri numa travessia que pensei possível escalando as montanhas. É interessante como é fácil para Link ultrapassar obstáculos nesse jogo com essa nova habilidade de escalar, o jogo fica muito mais gostoso e acessível assim, eu sinto que eu tenho a capacidade de explorar qualquer lugar que o meu fôlego ou estamina permitir. Meu irmão deixou eu ver as telas do seu trabalho, interessante que ele pode puxar as telas de um monitor para o outro elas meio que “grudam” e se adequam ao tamanho do monitor em questão. Vi o que achava que iria ver, muito código, letra, e nenhum gráfico. Programador trabalha com as coisas por trás dos gráficos, não precisa deles para fazer o seu trabalho. Mamãe vai passar o dia no outlet, seu maior desejo quando em terras americanas. Quer ficar das 11h00 às 17h00 lá. Engraçado, quem mais atrapalha meu irmão não são as crianças, mas a própria esposa. Ela entra praticamente de cinco em cinco minutos. Mas hoje é um dia sui generis, havia uma série de coisas a serem combinadas. Não estou com saco de escrever, eu queria era jogar o Zelda. Mas acho que em modo portátil, atrapalha o meu irmão. A não ser que coloque o fone. Boa ideia, acho que vou fazer isso já-já. Meu irmão perguntou se o Sansar estava rodando no meu computador. Eu disse que não, mas que iria tentar mais uma vez.

13h21. Não funcionou de novo. Ele acha que é porque o meu computador não aguenta o tranco. Eu acho mesmo. Minha tela está muito suja. Estou com vontade de jogar o Zelda e sem vontade de jogar o Mario, achei que se daria o contrário. Legal, pois eu sei que o Mario eu vou ter vontade de jogar depois. O Zelda, eu quero jogar, mas ainda não estou totalmente cativado pelo jogo. Gostei muito das inovações em relação à história e a mecânica do Sheikah Slate. Não sei se Link vai adquirir novos poderes como nos demais jogos da franquia visto que praticamente todos os botões já têm funcionalidade. É um jogo bastante complexo e penso que, se não avançar nele aqui, recomeçar lá em Recife. Não sei. Sei que faltam sete dias em terras americanas para nós. Estou adaptado com o tamanho dos Joy-Cons, mas ainda não peguei como é que se joga com um controle em cada mão, como sugere o Switch em relação ao Mario. Esse post decididamente não divulgarei. Está muito chato e vazio. Quando a minha cunhada voltar de onde quer que ela tenha ido, peço uma toalha nova a ela. Eu pedi logo que acordei, mas estava tudo tão atribulado e apressado por aqui, que a toalha ficou em terceiro plano. Na volta, com a maioria dos problemas resolvidos, eu volto a pedir. Acho que vou jogar Switch com fone de ouvido.

15h01. Joguei o Zelda até agora, sem contar com o cigarro que fumei. É um jogo muito grande. Perfeito para esticar as ideias. Peguei mais uma orb. Ainda faltam duas para sabe-se lá o quê. O velho que me auxilia nesse começo de jogo me parece muito com o rei de Wind Waker. Mas isso para o leitor leigo não significa bulhufas. E pode nem ser ele, mas minha intuição diz que sim. O jogo é monstruoso. Estou na primeira zona dele e esta já é enorme. Os gráficos são lindos, mas gostaria muito que o próximo Zelda fosse realista, na medida em que o Zelda pode ser realista. Mas sem ser cell-shading. Eu sei que os gráficos como são oferecem um frescor raro nos dias de hoje em que tudo tende ao hiper-realismo. É um estilo único e talvez o único estilo gráfico que o Wii U ou o Switch segurem para um mundo tão gigante. Também é o estilo gráfico que dá menos trabalho, ou seja, consome menos mão-de-obra e tempo para ser produzido. De toda sorte, acredito que o próximo Zelda, se houver, será com gráficos realistas. Para o próximo console da Nintendo, digo. Se próximo console houver. O Mario, eu não vejo mais como evoluir. Não consigo imaginar o que mais podem inventar para a franquia. Depois da mecânica do chapéu e dos gráficos mais detalhados do Odyssey, fica difícil imaginar como o Mario possa surpreender. Estou totalmente aclimatado com os Joy-Cons. Essa noia já superei. Com o a secura do Zelda saciada, me dá vontade de jogar o Mario. Meu irmão está num astral bom hoje. As crianças o fazem feliz. Parou para almoçar agora e brinca e conversa com os filhos. Pela voz sente-se feliz. É muito bonito isso. Me dá até vontade de ter filhos.

15h26. O filho do meio do meu irmão, segundo ele, é o mais secão de videogames. Já veio aqui olhar se eu estava jogando. Coitado. Não estou muito a fim de deixá-los jogar. No modo portátil é impraticável, não deixo de jeito nenhum, se derrubarem é adeus para o meu console. E não vai ter ninguém que me console dessa perda. Na TV, com os Joy-Cons amarelos, eu até que posso deixar jogarem um pouco de Mario. Eu preciso criar uma nova conta no Switch para Guests. Meu amigo jurista comemorou que estou “switchado”. Hahahaha. Estou feliz com o videogame, é verdade. Talvez tenha criado expectativas altas demais para o Zelda e ele ainda não as alcançou, mas estou ainda no começo do jogo, ainda não aprendi coisas básicas como cozinhar e planar. Estou ainda na ponta do iceberg e mesmo assim já acho massa, não tão massa quanto esperava, mas nem sei direito o que esperava. Só sei que não posso entrar no gelo senão o meu herói morre de frio. Agora entendo isso, tendo passado pelo frio daqui. Meu personagem está com uma roupa velha e fina, pelo menos assim foi descrita quando as adquiri em dois baús do lugar onde despertei. O grande mistério para mim é por que eu estava hibernando numa água mágica trancado numa caverna no início do jogo. E por que eu sou o que recebe a Sheikah Slate, objeto de uma tecnologia muito antiga do povo que uma vez habitou a terra de Hyrule. Muito legal é que tudo o que eu carrego de armas, ou quase tudo fica à vista, pendurado em minhas costas. E tem a novidade de Link ter um botão para pular, um pulo muito mequetrefe, se comparado ao nosso amigo Mario, mas algo que acontece pela primeira vez em 30 anos de série. Não sei para que os pulos, sendo tão pequenos, vão servir.

16h53. Peguei mais uma orb no jogo. Só falta uma para conseguir o paraglider. Se bem que eu não sei como o velho vai tirar as orbs de dentro de mim (pois é, as orbs entram dentro de mim quando são me dadas por uma espécie de monge mumificado ou em transe profundo, sei lá). O problema agora é que a última orb está em um local frio e, como disse, não tenho roupas apropriadas para frio. As dicas do jogo dizem que seu eu cozinhar algo quente, eu poderei resistir ao frio, só não sei por quanto tempo ou o que cozinhar. Sei que pimenta ajuda. Todavia, o velho me deu a dica para eu caçar ao norte do platô onde estou, para tentar pegar carne e tentar reproduzir a receita que ele esqueceu, aí ganharei uma panela e acho que poderei cozinhar em qualquer lugar, desde que eu tenha como fazer fogo, o que ainda não sei como farei. Pois é, é um jogo complexo. É botão que não acaba mais. E combinações de botões também. Mas, mesmo assim é divertido e diria até que acessível dada a complexidade da coisa. Existem jogos bem mais complexos. Eu já não posso reclamar de Catan ser complexo. Hahaha. Mas não tenho a mínima inclinação para Catan. Estou abismado com o meu interesse pelo Zelda, de longe o Zelda mais profundo que joguei, em termos de mecânicas. A primeira coisa que cozinhei na panela e no fogo do velho, ficou tão ruim que a imagem do prato no menu ficou toda pixelada, o que achei uma jogada de mestre, me divertiu muito, ver que o que preparei estava tão ruim que até a imagem do preparo perdeu resolução. Hahahaha.

17h25. Não sei se volte para o Zelda ou arrisque um Mario. Estou com mais vontade do Mario, mas a troca de cartuchos é algo que não quero ficar fazendo muito sob pena de estragar ou o console ou o cartucho. Ficar trocando o tempo todo acho uma atitude temerária.

18h20. Mas troquei mesmo assim e joguei o Mario até agora. Não sei se porque eu morri, eu perco as sementinhas que plantei no jarro. Espero que não. Estou mal de Mario, viu? Morri umas cinco vezes, por isso resolvi dar um tempo. Acho que a tela pequena prejudica mais o Mario que o Zelda, pois o Mario necessita de movimentos mais precisos e na tela pequena essa precisão é diminuída, acho eu. Não vou botar a culpa da minha incompetência na tela, estou jogando mal mesmo. Estou com sono. Acho que jogar games me desgasta mentalmente. Será? Sei que estou com vontade de enfrentar uma caça ao norte no Zelda. Mas não agora. Minha vista está ardendo e estou querendo fumar um cigarro.

18h59. Resolvi tomar foi um bom banho, senão ia ouvir um monte de mamãe. Melhor assim, limpinho, cheiroso, bonito e gostoso, como vozinha diz aos meninos depois que tomam banho. Estou para ter a tal da proctalgia fugax, que ozzy. Espero que não. Fiquei espantado como os meus cabelos grisalhos se multiplicaram desde a última vez que me vi no espelho.

20h18. Estou numa crise de proctalgia fugax. No meio dela. Deve passar dentro de 5 minutos. Já a estou sentindo há quase 10. É muito incômodo. Ô, dorzinha chata. Está ficando mais intensa. Ozzy. A melhor parte é que dura pouco. Vi o Sansar funcionando. No computador do meu irmão, é claro. O meu nunca rodaria. Ainda falta muito a ser implementado, não há muito o que fazer no simulador, mas algumas das possibilidades impressionam, por exemplo se o chat for ligado... a dor está passando, graças... se o chat for ligado, o avatar da pessoa emula a expressão facial e os movimentos da boca de quem está falando. Outra funcionalidade impressionante é a da roupa. Você pode puxá-la, esticá-la, deixar uma alça mais caída que a outra e por aí vai. É muito realista. E os modelos são bem detalhados, assim como a iluminação dos cenários, para quem tiver computador para rodar o programa com configuração top. Meus sobrinhos entraram no quarto para me ver jogando o Switch em modo portátil. Eu não deveria sair do jogo toda vez que vou desligar o console. Certamente não farei isso quando o tiver devidamente instalado em casa. Vou deixá-lo no sleep mode. Sair do Mario é algo que atrasa o jogo e acho que se eu não sair, começo exatamente do mesmo local em que estava. Esse Mario é mais surreal e bem-humorado que os anteriores. Há momentos psicodélicos, como gosta de dizer meu irmão, como por exemplo estátuas que remetem às cabeças da Ilha de Páscoa com óculos escuros e brincos dourados. E elas têm uma funcionalidade no jogo, isso é que torna a coisa toda estranha... e pertinente. O tiranossauro com chapéu e bigode do Mario também não deixa de ser inusitado. E só estou na terceira fase do jogo. A dor passou por completo, estar sem ela é um alívio. A outra parte boa, a sensação de alívio depois da dor. Fazia tempo que não tinha. Essa foi a parte boa dessa vez. Acho que mais de mês que não sou acometido por ela. Tomara que role um Zeldinha na TV da sala hoje. Ou mesmo a fase do Mario em que parei. Ou os dois. Os dois me parece a melhor opção. Queria ter Coca hoje. Chegou uma coisa grande para mamãe. Espero que seja a mala. Por falar em mala, acho que era para pegar a mala hoje lá no cara que está consertando a minha. Meu irmão e eu nos esquecemos. Estou satisfeito com o Nintendo Switch. Com o console e com os jogos. O console não desaponta. É uma pequenina maravilha. Não gosto de jogar em tela pequena, mas na do Switch é até aceitável. Prefiro a telona, entretanto e sempre. Mas vai ser um bom passatempo durante a viagem. O melhor passatempo possível. Melhor, muito melhor do que escrever no celular. Pena que só dure três horas. Três horas no universo de 24 horas é muito pouco. Meu deus, ainda bem que é só uma viagem de volta. Se bem que, se fossem duas, poderia levar mais bonecos. A parte pior da viagem é mamãe entupida de muamba que nem faz ideia se caberá nas malas ou não. Já estou vendo que não vou levar boneco nenhum para Recife. Pouco se me dá. Isso me lembra que mamãe vai cobrar a venda do boneco. Mamãe chegou, por coincidência. Está muito imersa nas compras. Mas lembrou do encanador que não veio. Voltou à falar de compras. Parece que a coisa grande que chegou foi a mala mesmo. Mas não é uma mala muito grande, por falar nisso. Nossa, como queria uma Coca-Cola. Vou pegar água, na falta do líquido negro. Como desativei o Mario, acho que vou de Zelda agora. 21h23. Ainda falta tempo para as crianças irem dormir e pode ser que queiram ver coisa na TV hoje. Vou pegar água.

21h29. Levei as compras de mamãe para cima e me lembrei, amanhã vai ter snow storm aqui, tanto é que os meninos não terão aula amanhã. Estou curioso para ver. Talvez dê para filmar alguma coisa diferente.

22h21. Jantei e joguei um pouco de Zelda, até a bateria do Switch arrear. Ele entrou no “sleep mode”. Vou deixá-lo assim. Os meninos vieram ver o Zelda, já achei menos adequado para idade deles, ainda bem que não me viram caçar, o objetivo que tinha a fazer a norte da nossa região, me viram só lutando contra o gigante de pedra – sem sucesso – e fugindo dele encontei um animal noturno, um morcego ciclope, cujo nome no jogo me esqueço e aí a bateria pediu penico.

22h57. Os meninos foram dormir, meu irmão e sua esposa me liberaram para jogar o game na sala. Uêba! Estou só felicidade. E vou encarar o Mario também. Meu irmão disse que vai dar até 33 cm de neve amanhã. Segundo o tio da minha cunhada, começa a neve às três da matina e segue pelo dia todo. Vou fumar um cigarro, para instalar o Switch na sala. Quero ver como vou fazer para fumar amanhã.

3h57. Estou morrendo de sono. Joguei um pouco do Zelda e bem muitão do Mario. Ainda na mesma fase em que estava, tem muita coisa para fazer numa fase só, não podia nunca esperar tanto. Eu só peguei 70 e poucas das cem purple coins que há na fase. As luas não sei se peguei todas, mas peguei um bocado. No Zelda estou meio perdido. É muito diferente dos anteriores. Ainda estou na parte de fazer uma receita para o velho, mas esqueci o que ele tinha anotado em seu diário na cabana, achei a cabana ao longe, depois me perdi dela completamente. Estou lá no meio do mundo caminhando contra o vento, sem lenço sem documento e sem destino certo. Como dei por vista a fase do Mario, estou pronto para partir para a próxima, é hora de jogar o Zeldinha. Porém, dou um tempo aqui para ver se o Switch carrega mais rápido sem ninguém jogando. Talvez se eu fechar o jogo do Mario vá ainda mais rápido. Está apenas com 62%. Quero ficar acordado para ver o início da tempestade de neve, que em tese começa às 3h00 daqui, ou seja, daqui a uma hora. São 4h06 no meu relógio e 5h00 nele equivale às 3h00 daqui. Vou fechar o jogo do Mário e colocar o Zelda. Mas não vou jogar agora.

4h15. Coloquei o Zeldinha. Mas não estou com coragem de jogar agora. Está em 67% o carregamento. Nessa velocidade só vai acabar lá para as 5h30 da manhã daqui. O chato do Zeldinha é que as armas não muito escassas, especialmente as flechas. E é muito diferente dos predecessores, a Nintendo realmente quis revolucionar nesse. O personagem do velho pelo menos é interessante. Ele “lê” o cartão de memória e por isso sabe de todos os meus passos. Sabe, por exemplo que eu entrei na cabana dele sem ele estar lá, peguei o seu machado e espiei o seu livro de anotações. Ou então sabe que eu já peguei três das quatro orbs que me deu como missão. Eu acho o gráfico do jogo mais belo a cada vez que o visito. O do Mario é muito bonito também, meu irmão ficou impressionado, mas o jogo é tão frenético que não percebo isso direito, por isso gostava de assistir o Mario na casa do meu amigo jurista ao invés de jogá-lo. Não sei se peguei mais moons do que ele nessa fase do deserto. Deserto de brilhantes areias vermelhas, diga-se de passagem. Estou com sono, muito sono, mas quero ver o Switch carregado para amanhã. Não gosto de carregar uma bateria pela metade para continuar depois.

4h33. Está em 71%. Não sei se aguentarei até os cem. E ainda tenho que desmontar o game todo, por mais que esteja pensando em deixar o dock do Switch lá de novo. Se cada um por cento dura três minutos e faltam 28, então são mais 84 minutos, ou seja, 1 hora e 24 minutos. São 4h38 lá pelas 6h00. Vou tentar aguentar. Estou me coçando para jogar o Zelda, tentar localizar a cabana do velho. Ele ainda deu a dica de onde o ingrediente que tinha esquecido estava, é algo que podia ser achado perto da torre. O pior que eu fui na torre, peguei uns dois ingredientes, que nem me lembro quais são (acho que foi um peixe e a erva de Hyrule ou qualquer coisa assim). E nem peguei tão perto da torre porque não havia ingredientes que eu tenha localizado perto da torre. Dá vontade de filar na internet qual é a receita para o frio, mas logo no comecinho do jogo ir filando é maus.

5h06 (ou 3h06) aqui em Franklin. A nevasca ainda não começou, minha mãe apareceu para me mandar dormir, mas só vou depois que o Switch carregar. Está em 78%. Além de que quero ver o começo da nevasca. É uma vez na vida que se tem uma oportunidade assim. Pelo menos para mim que moro em Recife. Merece uma fugida do horário para contemplar a coisa se dando. Esse Zelda é quase diferente demais para o meu gosto, mas acho que ainda estou na ponta do iceberg.

5h22. Nada de neve ainda e 82% carregado. No celular já está acusando pancada de neve. Deve começar em breve. Aproveitei e perguntei a quem de direito da foto da minha cadelinha Poeira, agora chamada de Princesa pela nova dona. A pessoa a quem perguntei inventou uma história mirabolante. Espero que não seja enrolada. Quero ver uma foto de Poeira para ter certeza de que está viva e bem.

5h35. Nada de neve ainda e 85% carregado. Vi daqui que o Switch entrou no sleep mode. Espero que continue carregando mesmo assim. Vou sacar se a luzinha verde do dock ainda está acesa.

5h39. Tinha apagado, então, por via das dúvidas ativei de novo o Switch. Está em 86%. De 6h00 vou olhar se a neve já começou. Enquanto isso, do que posso falar aqui? Estou curtindo mais o Mario que o Zelda. Mas o Zelda também é invocado. Só achei que teria mais coisas para fazer por quilômetro quadrado de jogo. Acho que no começo é mais simples. Depois é que a coisa fica aberta mesmo e complica, ou seja, rolam várias atividades ao mesmo tempo. Ou quero crer que seja assim. 5h45. Estou pensando no Zelda, em Poeira e, porque pensei no que estava pensando, me veio a garota da noite também, aquela linda dama a quem eu quero me entregar.

5h48. Nada de neve e 88%. Ô bichinho devagar para carregar. Aposto que se tivesse desligado, tirado do dock e deixado carregando em modo portátil a coisa se daria mais depressa. O lado bom é que os controles que carreguei e pouco usei estão ainda no nível máximo de bateria. Se bem que usei um monte agora com o Mario e o pouco de Zelda que joguei. Isso é bom. E o Switch está carregando tanto o console quanto os Joy-Cons amarelos. E estes levam três horas e meia para carregar. Estando no zero. Quero ver se ainda bato um Zelda antes de dormir e depois de experimentar a tempestade de neve. 5h52. Vou dar mais uma olhada da porta envidraçada de trás.

5h54. Nada de neve e 90% carregado. Acho que uma coisa vai acabar coincidindo com a outra. Nossa, já estou na oitava página de Word. É o meu superpoder. Encher páginas e mais páginas de abobrinha. Sim, dei uma filada na internet. Se chegar a um lugar específico, o velho me dá um casaco para enfrentar o frio. Que lugar é esse ou como chegar lá é um mistério. É no topo do monte Hylia. Mas sei lá onde é isso e se é depois ou antes de entrar na zona fria. Pelo menos como tinha anotado – e isso eu também vi – pimentas aquecem o corpo. Acho que vou procurar a cabana do velho, copiar as dicas do prato dele aqui no documento que criei para o jogo. Zelda eu só sei jogar anotando os pormenores que são muitos para eu me lembrar. Até agora só anotei propriedades de comidas, pois os objetivos estão muito claros para mim e são bastante simples com o marcador de mapas que o jogo disponibiliza. 6h02. Vou dar uma outra olhada na neve.

6h04. Até agora nada e 92%. Vou pegar água. Acho que quando carregar vou jogar meia horinha de Zelda e ir dormir, com ou sem neve. Meu computador está gelado.

6h10. Nada de neve e 94%. Acho que liguei o alarme da casa do meu irmão por engano. Fui tentar acender a luz da garagem para ver se tinha alguma Coca-Cola ou suco por lá, para saber se podia detonar um dos sucos da geladeira e acabei apertando num botão que acendeu uma luz azul de um mostrador de alguma coisa. Agora ao lado da porta da frente, o que eu imagino ser o alarme está com uma luz vermelha acesa. Não lembro se ela sempre fica acesa ou se realmente ativei o negócio. Quando for sair para fumar o último cigarro da noite descobrirei da forma mais barulhenta possível. Espero que não tenha sido isso. Muito, muito. Outra coisa que percebi é que existe uma luz lá na parte de trás da casa acesa, luz essa que nunca percebi antes. Posso ter acionado ela acidentalmente, ao invés do alarme. Ou o alarme faz isso, sei lá. Só há uma maneira de descobrir que é abrindo a porta da frente para ir fumar. Vou esperar dar 100% no Switch. Ou a neve começar, o que vier primeiro.

6h19. Nada de neve e 96%. Acho que vou começar a minha meia-horinha de Zelda. Sei que vai carregar mais lentamente, mas acho que essa nevasca não vai se dar agora. É melhor ver de dia que dá até para filmar. Suquinho de uva é bom demais. Para quem só estava na insipidez da água, é realmente uma delícia. Vou pegar o próximo copo de laranja, que gosto menos, acho muito ácido. Mas não quero acabar com o suco de uva.

6h53. Joguei minha meia-hora do Zeldinha. Não progredi nada, morri e quando desisti do jogo, o Switch estava carregado 100%. Cada vez acho o jogo mais bonito. É muito detalhado e bucólico. Fantástico. Quem não é fantástico é o jogador que roda, roda, roda e não faz nada. Mas já tenho o objetivo amanhã. Esquecer a cabana do velho e ir procurá-lo perto do gigante de pedra, que talvez consiga destruir com flechas explosivas. Tenho só cinco, então não posso desperdiçar nenhum tiro. Embora não precise enfrentá-lo agora. Só preciso cozinhar para o velho e daí partir para a montanha de neve. Farei um prato de carne, peixe e pimenta e talvez algum dos cogumelos, senão um de cada tipo e pronto. Só posso colocar cinco itens por preparo. Seja o que deu quiser. Tomara que saia algo que aqueça o corpo, no caso de não encontrar o onipresente velho para me dar o casaco no lugar onde imagino que esteja. Se não tiver, o walkthrough sugere que só comendo pimentas, eu consigo chegar lá e, onde pretendo encontrar o velho, há dois pés de pimenta. Nossa, queria jogar tudo isso agora, mas se minha mãe me pega, levo o maior esculacho. E queria jogar na telona. Na telinha não tem a mesma graça. Mas se for o jeito, será o jeito. 7h08. Vou dar uma última olhada para ver se a tempestade começou. Vou dar uma última jogada em Zelda na telinha aqui no meu quarto. Não, melhor eu ir dormir.

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13h27. Acordei com mamãe me dizendo que estava rolando a tempestade de neve. Tentei filmar com a GoPro, mas a desconfigurei de tal forma que agora ela tira fotos com timer. Ozzy. Ontem joguei ainda o Zeldinha e consegui fazer uma receita que me protege do frio por cerca de 12 minutos, de posse de tal sucesso, resolvi salvar e parar o jogo. Acho que precisarei fazer mais uma dose da receita, se tiver pimentas suficientes, para a volta do local da última orb, quiçá para a ida. Mas o jogo não pode ser tão punitivo a ponto de permitir que eu chegue ao local e não consiga voltar por falta de recursos. Seria um design de game estúpido. E o game ainda tem uma função de “autosave”, logo ficaria preso na neve para sempre, por mais que haja muitos múltiplos save points, cerca de oito ou dez até onde eu vi, então poderia em teoria voltar de uma etapa anterior à minha entrada na neve, se não passar muito tempo explorando o dungeon da última orb, o que geraria talvez muitos saves, o suficiente para eu ficar para sempre preso na neve. Só há uma maneira de descobrir, enfrentando. Que é o melhor que faço, em vez de ficar elucubrando possibilidades congelantes aqui. Sim, falando em congelante, saí na snowstorm para fumar um cigarro e não gostei muito da ideia. É difícil caminhar na neve, ainda mais com as pesadas botas para neve do meu irmão, que calça 44. Eu calço 41, 42. A neve é muito fofa e quase perdi o equilíbrio umas três vezes. A neve abundante e pequena é incômoda quase como uma chuva, pois, quando bate na pele quente derrete, mas de uma forma diferente, mais leve, a neve é leve, mais leve que gotas d’água. Já está bem alta a camada branca que recobre o mundo. Conclusão. É mais bonito de se ver de dentro da casa que do lado de fora. Meu sobrinho mais velho está totalmente aclimatado ao frio. Ficou brincando sozinho, deitado na neve no meio da tempestade. Ele se diverte mais do que se estivesse numa praia. É curioso. Minha cunhada diz que ele não se dá bem com o calor, fica com placas de alergia pelo corpo, uma novela. Mas voltando ao frio, não está tão frio, mas a neve incomoda, pois vem com o vento. Não gostei. Pensei que seriam flocos grandes caindo na vertical. E o pior, nem pude filmar para o meu amigo cineasta. É uma pena. Seria um acontecimento interessante para ser filmado.

17h34. Consertei a câmera, eu acho! Vou filmar a snowstorm enquanto há um resto de luz.

17h55. Filmei. Não sei se prestou. Fumei dois cigarros e a câmera ficou toda molhada. Acho que está filmando, pelo menos. O comportamento da máquina pelo menos indica isso. Mas não vou tirar ela de dentro do case porque, apesar de tê-lo enxugado com a toalha, acho que está ainda úmido e não quero estragar a GoPro do meu amigo cineasta. Me filmei, o que sempre acho constrangedor e narcisista, mas imagino que o meu amigo quer que eu apareça nas cenas, portanto faço isso. A neve na cara é um tanto incômoda. Mas pensei que o frio seria mais cruel comigo. Também só saio o tempo de fumar um cigarro. Sofri mesmo no dia do esqui e no dia do estádio dos Patriots, quando fiquei períodos de tempo bem mais extensos ao gelado relento. Tudo valeu a pena, entretanto, essas férias me saíram muito melhor do que poderia sequer imaginar. O frio não incomodou (muito), as crianças são muito mais doces do que esperava, os tios da minha cunhada são uma simpatia e os anfitriões são superlegais, para dizer o mínimo. Além disso, tenho Switch e acho que vou para ele agora, jogar um pouquinho de Zelda. Finalmente consegui passar do frio e pegar o paraglider como o velho e ele me contou a minha história e a história da lenda de Zelda em linhas gerais. Há duas coisas que tenho que fazer na floresta do lugar que acabei de deixar. Mas volto lá depois, tenho só que anotar no meu documento de Word sobre o jogo, senão me esqueço. Vou anotar logo.

19h31. Joguei Zelda até agora, andei para caramba, morri outras tantas vezes e ainda não cheguei em Kakarico Village, é muito gigantesco o mundo, chega cansa andar tanto, principalmente segurando o console e olhando para a tela pequena. Não posso encher o saco dos jogos logo nos primeiros dias. Isso seria ozzy. Mas é o que sinto. Não vou esmorecer ainda. Pode ser que o jogo comece a esquentar agora. O Mario já esquentou, mas não estou com a mínima vontade de encará-lo. Quando penso na tela grande, a situação melhora um pouco e a minha vontade de jogar reaparece. Não gosto de jogar em portáteis. Nunca gostei. Mesmo que o Switch tenha uma tela maior e de maior resolução do que qualquer portátil que eu já tenha visto. Fora os controles serem um tanto melhores que os de consoles portáteis. Pelo menos os sticks, se comparados com os do Nintendo 3DS ou 2DS. Mas os botões são pequenos do mesmo jeito. O incrível é que, mesmo pequenino, o negócio funciona muito bem e já me sinto completamente aclimatado aos controles. Há tantos lugares a serem explorados no Zelda que chega a ser acachapante. No pior sentido. Acredito que nunca passarei por todos os desafios do jogo. Isso levaria centenas de horas. E o que mais me incomoda é que o meu personagem está muito fraco, morre com a maior facilidade. Morri algumas dezenas de vezes no jogo, das formas mais esdrúxulas. Pelo menos Link não fala no jogo, ainda bem. Ia ser muito estranho se ele falasse. Diferente demais do jogo original. Mas o fato as armas quebrarem e de não saber arrumar corações no jogo me incomodam. Vou até filar isso na internet, tenho a sensação de que estou fazendo alguma coisa errada. O jogo não pode ser frustrante assim. Eu sou um herói muito fracote para o meu gosto. Não ocorria isso nos demais Zeldas.

20h34. Li, algumas dicas para iniciantes e descobri que no mundo não há corações (vida, life, health), a única maneira de conseguir mais corações e completando shrines, pegando as orbs e rezando nos locais apropriados, que foi onde, quando consegui as primeiras quatro orbs, em vez de pedir um coração, pedi mais estamina. Burro, burro, burro. Ganhei um tiquinho de estamina, quando podia ter ganhado um coração inteiro, que me ajudaria muito mais. Vou ver se ainda tem um save game mais antigo de repente posso retroceder na minha escolha.

21h28. Minha mãe tomou umas e outras e se instigou para arrumar as malas. E se predispôs a levar alguns bonecos meus na mala. Levou dois fora da caixa. Espero que cheguem inteiros. Escolhi os dois mais resistentes em sua compleição. Acho que chegarão inteiros, as malas dela são revestidas de um material plástico, resistente. As minhas são de nylon ou coisa que valha apenas. Mamãe em teoria vai levar quatro figuras, acho que o Thing pode ir fora da caixa, desde que bem enrolado. Ele pesa. As outras são leves. Isso tudo se o case do meu Nintendo Switch chegar, senão há um grande perigo dos planos irem por água abaixo, pois terei que levar o console na caixa. O dock e o grip terão que ir na mala de qualquer jeito. Se bem que poderia botar na mochila se não levasse o casaco lá. Ou até levando, quem sabe. Mamãe é que dará um jeito. Mas na hora da alfândega vai ser uma complicação, melhor levar na mala mesmo. Só o case com o Switich e os Joy-Cons e o cabo de força na mochila. Porque desembrulhar o casaco e reembrulhá-lo no aperreio que são as alfândegas não dá. A não ser que o meu casaco vá na mala. Embrulhando o Thing. Veremos. Só não vou passar 10 horas de voo vestindo ele no calor. Tô fora, o voo já vai ser desconfortável demais sem isso. Estou com fome. E com vontade de jogar Zelda. O Mario não estou com tanta vontade. Aliás, não estou com vontade. Só se fosse para investigar a esfinge. Pois é ainda há uma pequena réplica da esfinge na fase do deserto vermelho. E certamente ela tem algum segredo a revelar. Só por isso e para achar a outra semente de lua que falta. Quem sabe até a esfinge não me dê a semente? Com esses dois mistérios solucionados eu darei a fase por vista. Se solucioná-los.

23h10. Meu irmão deve ter removido bem uma tonelada de neve da passagem do carro e da passagem das pessoas, fora o que ele fez lá atrás que não vi. Foi muita neve acumulada. Impressionante. Agora eu vi todo o poder do clima daqui. Tem quase 40 centímetros de neve acumulada. Impressionante. Mais ainda meu irmão, depois de ralar o dia todinho se dar ao trabalho de fazer isso. O pior que, se ele não fizer, não tem quem faça. Coitado. É uma vida ao mesmo tempo cheia de confortos e extremamente árdua. Eu não conseguiria. Só de pensar nisso, me aterrorizo com o prospecto de ter alguém e vir a me reproduzir. Ainda bem que no Brasil não temos neve. Ainda, pelo menos. Com esse clima cada vez mais louco nunca se sabe, mas acho por demais improvável. Pelo menos enquanto eu estiver nesse corpo que agora habito. O copinho em que guardava os cigarros virou história soterrado por uma gigantesca camada de neve. Talvez quando for fumar mais tarde, eu tente resgatá-lo. Meu irmão não existe. Minha cunhada é uma mulher de muita sorte. Eu sou uma pessoa de muita sorte. Qualquer pessoa que o tenha ao redor tem muita sorte. É um ser humano único. Ímpar. Sei que ninguém é igual a ninguém, mas ele está acima da média, muito acima. A mim, que estou talvez me equilibrando para não cair para a segunda divisão da humanidade, vejo o seu exemplo como inalcançável, inatingível. Ele é o meu mito e ter a sorte de partilhar a minha vida com ele não tem preço. Além de ser uma pessoa divertida. É verdade que anda mais estressado que de costume, mas como não ser? Ainda bem que ele alcançou tudo o que sonhou na vida, tem a mulher que ama, três filhos lindos, uma ótima casa, um emprego que não desgosta. Só falta agora alcançar o milhão de dólares que quer juntar. Hahahaha. Se bem que não duvido. É de uma disciplina e de uma vontade adamantinas. Que seja, que alcance o que intenta e que a vida sempre lhe dê mais, como singela retribuição a tudo o que oferece à vida.

23h31. Reli a carta do meu irmão e me emocionei. Eu que sempre fui torto, sempre fui o outro, nunca estive em pedestal. Pelo menos agora estou no nível do chão, não num buraco escuro e sombrio qualquer.

23h47. Meu irmão disse que está todo doído. Não é para menos...

23h49. Coloquei meu Switch na dock, que está na sala desde ontem, sem estar ligado (com a luzinha da dock acesa. Quero ver em quanto vai estar a bateria quando eu ligar o console, assim descobrirei se carrega desse modo ou não. Acredito que carregue. Provavelmente bem mais rápido que ligado. Estou desaprendendo a escrever. Mamãe tem uma autoestima muito boa, se ela tem necessidade de falar, ela fala, com quem estiver com o ouvido à toa. Eu, por outro lado, dei vazão à minha necessidade de fala, calado escrevendo. Não consigo nem passar um tempo com a minha família lá fora, que ozzy. Vou lá. Tomar a iniciativa. Nem repeti os comandos desde que o Switch chegou. É ainda estou aqui. Mas vou lá agora.

0h02. Fui, mas rapidamente voltei. Não estou sociável hoje. Mas estou me coçando para jogar o Zelda na TV. Vou esperar ou vou me meter na sala na maior cara de pau? A secura chama. Parece que minha cunhada vai botar um seriado para o meu irmão ver. Só não sei se na sala ou no quarto. Ligaram a TV na sala.

0h21. Estão vendo o seriado na sala. Que pena. Não se pode ter tudo. E eu já tenho praticamente tudo o que eu quero. O que não tenho está encomendado. Só falta a namorada mesmo. E a imagem que me vem dela é sempre a da garota da noite. Mas isso é um delírio. Uma completa idiotice. Algo que sem pé nenhum na realidade. Melhor voltar a realidade alternativa dos videogames para não apertar o já comprimido peito. Acho que minha sina é ficar mesmo para titio. Bom, reitero o que disse, não consigo conceber para onde as séries de Mario e Zelda podem ir depois disso. Não faço ideia. Só se o Zelda tiver gráficos realistas e lançarem Mario o Odyssey 2 e pirarem ainda mais na batatinha. Fazia três dias que não ouvia o “Utopia” que agora ouço e estou tendo uma nova visão dele. Estou achando um disco mais alegre. Algumas músicas ao menos. A que estou ouvindo agora, por exemplo, “Courtship”. Estou sem nada a dizer, cismando com a garota da noite e a minha imensa covardia em relação a ela. Eu nem sei mais trocar afeto. Tenho intenções e ideias de afeto, mas não sei se tenho mais a desenvoltura para pô-las em prática. A garota da noite teria que me dar uma mãozinha. Coisa que ela nunca vai fazer. Embora eu seja dos que nunca dizem nunca. Ou sempre. Que seja o que tiver que ser até quando tiver de ser. O problema é que não vai ser. E minha cabecinha dura não conseguiu assimilar isso direito. Não consegue perceber que eu mesmo hei de me sabotar. Realmente preciso rever os comandos.

0h45. Repeti 30 vezes “eu tomo a iniciativa”. Não me sinto muito mais confiante por conta disso. Também não me sinto tão derrotista quanto no parágrafo anterior. Algum efeito faz, não posso deixar de sentir. Eu o percebo dentro de mim. Não posso ter medo de uma garota. Não posso ter medo de levar um fora. É que será o fora da única garota quase possível que me despertou algo. Quase possível porque me desperta algo e porque semi-inserida no meu círculo social. Sou encantado por ela. Jogarei Switch na sala quando as pessoas se retirarem. Vou tirar uma foto da caixa do Nintendo Switch para guardar de recordação.

3h26. Que babaquice tirar fotos da caixa de um videogame. Hahahaha. Mas fã é assim. Estava jogando o Zeldinha até agora. Ficou mais parecido com o Zelda agora que encontrei o primeiro vilarejo. Eu pensei que tudo seria deserto, sem pessoas para interagir, como a área inicial do jogo. Ainda bem que Kakarico Village me trouxe um pouco mais para perto do Zelda que eu conhecia. Está bem legal o jogo agora. Tenho vários afazeres, há as main quests e as side quests, adoro fazer essas últimas, mais até do que as da história mesmo, que sempre acabam revolvendo matar algum mestre. Queria jogar um pouco mais na telona, mas o sono está demais. Fui dormir muito tarde e acordei muito cedo.

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14h55. Mamãe comprou um elefante branco. Um colchão pesado e gigante. Acho uma caixa que, colocada em pé, fica quase da minha altura e, segundo ela pesa 31 quilos. Eu já havia visto que o aeroporto de Guarulhos não aceita bagagem com excesso de tamanho, só precisava de uma confirmação que consegui achar. Mamãe ainda não se aclimatou com a ideia, vai querer levar de qualquer maneira. Espero que o meu argumento prevaleça e ela devolva o colchão. O meu argumento, não, os fatos. Não vai nem caber no carro quando chegarmos a Recife com quatro malas mais o elefante branco. Eu simplesmente não acredito que mamãe comprou isso. Vai dar muita dor de cabeça ainda. Ela vai insistir. Talvez leve até o aeroporto. Espero que meu irmão consiga a dissuadir da ideia. Só falta a caixa estar dentro dos limites do tamanho de bagagem normal, mas acho praticamente impossível. Queria jogar Zelda na telona, mas, em não podendo, vai na telinha mesmo.

15h51. Ainda não joguei. Continuo aturdido com o elefante branco. Essa viagem de volta não vai ser nem um pouco divertida. Nunca é. E não estou a fim de jogar na telinha. Queria ver o jogo grande, ele pede isso. Está começando a cair a ficha da minha mãe. Ou assim espero. Nossa, meu maior desejo agora é que ela devolva o elefante branco. É simplesmente inviável. Foi por isso que não cogitei enviar o Hulk para cá e tentar levá-lo de avião. Me lembrei agora que cancelei o Malavestros para poder adquirir o Hulk. Foi a melhor coisa que eu fiz. O boneco vem todo desmontado, uma miríade de peças que quebram o encanto da figura para mim. E a pintura deixa muito a desejar. Ainda bem que não mantive a encomenda da peça. Não preciso de mais nenhuma figura. Tenho todas as que desejo. Embora as novas da DC estejam maravilhosas. Mas superei isso. Não terei mais nenhuma figura, ponto.

16h56. Tomei um bom banho e coloquei desodorante pela primeira vez desde que cheguei aqui. Não tinha e não se fez necessário. Só coloquei porque achei o de mamãe. Às vezes acho uma enorme perda de tempo escrever isso. Por outro lado, se é algo que me agrada, me dar prazer e ocupa meu tempo, não há porque achar necessidades outras além dessas. E me dá a sensação de que trabalho em algo, por mais que seja um produto que não tenha apelo comercial algum, nem qualidades outras que o ato de escrever em si. Escrevo. E seguirei escrevendo enquanto isso me apetecer. Espero não deixar de escrever nunca. Pelo menos enquanto faculdades mentais e físicas para isso eu possua. Não vou divulgar esse post, pois está cheio de spoilers das primeiras horas com o Zelda e por ter falado única e exclusivamente de videogame. 90% do post é sobre o Switch e seus jogos, eu creio. Não vou dar esse fardo a ninguém. Por falar nisso, tenho que arrumar mais 50 rupees para poder então procurar a grande fada que vive perto da Kakarico Village. Gastei o meu dinheiro numa side quest e comprando uma roupa que me protege do calor intenso. Sei que terei que enfrentar um deserto mais adiante no jogo, ou presumo isso, baseado nos demais jogos da franquia, então é melhor já estar preparado. O pior que eu tenho que voltar lá onde comecei o jogo para achar a cabana do velho e pegar o seu tacho de cozinhar, para que possa cozinhar onde quiser. Espero em algum momento achar algum item que me permita produzir fogo, pois a lenha já tenho. Com a panela, só me faltará o fogo. Sem fogo os demais itens são inúteis. Vou comer. Falei tanto em cozinhar que meu fome. Hahahaha.

17h31. Comi um delicioso purê com um porco igualmente delicioso, muito bem temperado feitos vozinha e por minha cunhada, respectivamente. O interessante que eu como já pensando na minha refeição madrigal, que é a minha principal refeição do dia. A Doutora disse que eu me viciei em comer nessa hora, não acredita que seja fome causada pelos remédios. Se ela entende dessa forma, talvez seja, não sei. Sei que não gosto de comer em companhia de pessoas, acho um ritual quase tão privado quando ir ao banheiro. Gosto de comer arrodeado de solidão, poder procurar as coisas que me agradem na geladeira. É uma invenção legal, ainda mais no frio, mas não só por causa dele, a escada coberta por carpete. Aquece além de dar mais aderência a um lugar muito passível de acidentes, principalmente para pessoas de mais e menos idade. Como o meu sobrinho caçula ou minha mãe. Pensando bem, escadas são invenções perigosas, por mais que não haja solução mais prática para unir dois andares ocupando o mínimo de área possível. Pensando bem, é uma invenção incrível. Ainda mais com a adição dos corrimãos, que dão a dose de suporte, apoio e equilíbrio necessários a uma travessia com segurança. Mas não vou transcorrer mais sobre as minhas impressões sobre escadas. Nossa, estou temendo muito que o Hulk estoure o limite do meu cartão de crédito. Ainda mais porque a compra do kit Switch foi transferida para janeiro, segundo os cálculos de mamãe e o que vi na hora do pagamento. Certamente vai estourar o limite. Não sei o que acontece quando isso se dá, mas vou descobrir. E minha mãe vai ficar indignada. Meu deus, e não há nada que eu possa fazer. Não vou desistir do Hulk. É a estátua que mais quero e quis na minha vida. Vou ver se consigo mudar a data do pagamento do Hulk para o dia 25 de janeiro, que aí já vira para o mês de fevereiro.


17h58. Ufa, consegui. Espero que o mês do cartão já tenha virado mesmo. Acho que vou jogar um Zeldinha. Não, não estou com vontade de jogar agora. Não sei por quê. Eu não me lembro direito o que tenho que fazer. Lembrei. Acho que vou encarar. Mas primeiro vou revisar e postar essa inutilidade textual.