quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

BARROS OU DECK NA PISCINA

De vovó Denise para titio. Hahahaha.




Eu sou tão pequeno, tão miúdo, insignificante, cercado de gente com mais significado que eu, que significam mais para o mundo pois operam nele transformações mais profundas e definitivas que as minhas palavras. Fui comprar Coca na pizzaria, um dos bróderes de lá pediu o endereço do meu blog e disse que leria, foi o ápice do meu dia, embora duvide que encare o texto todo. Pelo menos teve o sincero interesse que os meus amigos mais queridos não têm. Curioso o acaso-destino como se dá. Hoje estou particularmente mal, nada que me incomode muito, mal comparando é como ter uma farpa fincada na planta do pé. Só que no pé da alma que não cessa de caminhar enquanto pensamentos afluem. A própria afluência de pensamentos é a manifestação mais inconteste da alma, ou qualquer nome que se dê, como consciência, ego, eu, essa coisa que pensa ser dona desse corpo e que admira o belo, essa ilusão dos átomos que é a grande maravilha da existência, misteriosa e inexplicavelmente real. Que por falta ou excesso de neuroquímicos me faz me sentir desgostoso comigo. Porra, esqueci de botar o horário em que comecei a escrever isso. São 23h33. Penso em esticar as ideias quando a noite for minha. Mamãe e minha cunhada assistem seriado na sala. Na piscina, onde tradicionalmente fumo um cigarro com a Coca recém-comprada, jovens garotas se reuniam, tentei traçar uma comparação com as garotas da minha época e as únicas diferenças que pude auferir foi que as de hoje falam mais palavrão e ouvem uma música que me é desagradável. Prova de que estou ficando velho. Mais uma prova, todo dia algo me alerta para este triste e inevitável fato. Esqueci de mencionar sobre a encomenda que tentaram entregar na casa do meu irmão. Em verdade não quis aperreá-lo com mais do que a enormidade de preocupações que já carrega no lombo.

0h12. Naveguei no encantador e surreal site de artesãos independentes chineses, a criatividade e, ao mesmo tempo o apego pela cultura e mitologia do país são fantásticos. Adoraria poder colecionar tais peças. Diante da total impossibilidade disso, vou fumar.






0h53. Aproveitei para jantar. Aproveitarei agora a letargia que a saciedade traz para tentar dormir.

-x-x-x-x-

16h08. Acho que funcionou ter publicado o meu blog na “Linha do Tempo”, 42 visualizações so far.

18h49. Um inesperado passeio à Praça de Casa Forte com mamãe, minha cunhadinha e filharada se revelou uma aventura maravilhosa, com direito a vitórias-régias, tartarugas, pastel sorvete, mãos dadas, risadas, conversas, algo de muito humano, de me sentir parte da família, de me sentir querido e importante, significativo, útil socialmente. Fez um bem danado à alma e revelou uma parte de mim que não me era acessível anteriormente. Acho que os meninos estão numa idade ótima, com a qual me sinto confortável para interagir, pois o diálogo se faz possível, acredito que de agora até os próximos três anos seja a fase áurea da infância, quando será mais divertido e prazeroso exercer o papel de tio.

19h09. A infância tem algo de mágico. É como se aqueles serezinhos vissem o mundo por uma lupa fantástica e muito pura, uma lupa que transforma tudo, ou quase tudo, em brincadeira e diversão. Compartilhar desse olhar é rejuvenescedor, revigorante e interessante. O mundo é um imenso playground repleto de descobertas e primeiras vezes que são percebidas como tal. Acho que na minha vida, aos 41, as primeiras vezes não escassearam, mas elas raramente me saltam aos olhos cansados de tanto ver. Depois dessa tarde na Praça me sinto até mais bem preparado para encarar Blanka, pois me sinto mais seguro para me socializar. De todo minha alma está feliz e o que posso dizer é nada como um dia depois do outro e ter a coragem de me permitir coisas novas. Britney Spears toca no som relativamente alto que preenche o quarto-ilha. Me causa certo pesar saber que foi um momento que demorará pelo menos mais um ano para acontecer novamente. Mas que continua acontecendo dentro de mim.

19h52. Botei Infected Mushroom para tocar dizendo que era uma música esquisita e meus dois sobrinhos menores surtaram e começaram a dançar freneticamente, pensei que faria o mesmo na idade deles, como fazia com meu irmão com coisas bem menos “intensas” como Beatles, ainda quando morávamos na casa da Cidade Universitária. Bons tempos. Estou aprendendo a apreciar a alegria de ter uma casa com crianças. Ouvi-las já me traz um sorriso interior. Parece que sentirei saudade deles. Não imaginava. É um vínculo que se forma à minha revelia, mas não reclamo, não consigo imaginar pessoas mais indicadas para criar ligações de afeto.

20h04. Olhei para a Rei Ayanami agora e pensei sobre o tal restaurador que a fantástica faxineira mencionou e se ele conseguirá consertar as minhas bonecas. O sonho de ter o meu quarto como imagino está mais perto que longe. Como está perto a partida do meu irmão e, antes disso, talvez, a saída com Blanka. Se bem que ela está programada para o dia do aniversário do sogro do meu irmão, o que me parece ser um impedimento, pois acho que tenho o dever “diplomático”, digamos, de comparecer.

20h23. Fui me informar com minha cunhada e o aniversário é no dia posterior ao encontro com minha querida. Dá tempo. Não sei se minha mãe e meu padrasto comparecerão, mas acharia de bom tom que o fizessem. Senão, vou eu somente.

20h50. Acho que vou dar um tempo na escrita até ter a noite só para mim. Não estou com grandes ideias agora. Passei um tempo vagando pela internet e vi que o Switch vai ganhar uns jogos legais. Mas não jogo e minha TV deu pau. Ou ela ou o controle. Sei que não liga.

21h09. O que eu posso dizer da vida? Nada no momento.

22h24. Tenho que falar de tecnocracia, mas antes há uma mensagem que gostaria de mandar para o grupo dos Barros. Eu poderia mandar o link desse post. Seria uma forma de mostrar à família paterna o meu trabalho, o meu ofício de fé, a coisa que mais me dá prazer na vida, que foi o que vim fazer aqui na Terra, eu sinto isso do fundo do meu ser, que essa é a minha vocação, não que eu tenha talento para isso, mas sinto que é o que oferece um sentido à minha vida, um passatempo, um hobby, um ato pelo qual sou apaixonado e que exerço produzindo conteúdo inútil para a rede social de computadores, para a humanidade conectada ver, achando falsamente que isso é uma forma de expressão literária e, se literária, arte, pois se escrever é uma arte, eu escrevo. Mal comparando com outra arte, eu não sei se minha pintura é bonita ou agradável, sei que é única, pois cada pessoa tem o seu próprio traço, mesmo os que não praticam e os sem talento, todos são únicos. A minha narrativa é única, pois só eu sou capaz de narrá-la, ninguém no mundo pode narrar o que eu vivo e penso a respeito da existência.

22h40. Voltando à mensagem que eu queria mandar para os Barros por WhatsApp, seria:

“Desejo um ano novo que supere as expectativas de vocês. E tenho mais um desejo: que haja mais encontros familiares na casa de titio e principalmente que a nova geração enxergue tais encontros como a oportunidade de se encontrar e trocar boas experiências, mantendo os vínculos do próprio seio, do seu sangue, da sua família que é tão belo na geração que nos gerou. Falo para todos, é muito bom, é algo de primal, do primórdio das sociedades, pode até parecer old school, pré-histórico, do tempo das tribos, mas em nosso sangue rola sangue indígena. Ou, da maneira mais curta, desejo que os primos e primas e irmãos compareçam às festas familiares, ou reuniões, sempre festivas, pelo menos para a geração que nos gerou. Acho que seria uma experiência de troca rica e positiva, inclusive se os grupos e misturassem mais; sim, pois há o grupo dos que moraram naquele prédio onde era a casa de titio e há os mais velhos ou o resto.

FICÇÃO. Tirado do post “Como fazer o máximo para tornar um encontro interessante”, instaura-se no encontro dos Barros o seguinte jogo: cada um pega um número que é sorteado em pares e cada um passaria quinze minutos conversando com aquela pessoa sorteada em conjunto, quem quer que fosse, até o próximo sorteio e assim sucessivamente, inevitavelmente eu cairia com Clementine. Eu só terias duas perguntas e diria: “Me responda com total sinceridade: eu já lhe fiz algum mal de alguma natureza... emocional, sei lá?”. E depois perguntaria: “Em algum momento da sua existência você foi apaixonada por mim?”. Acho que finalizaria dizendo, “Me desculpe por tudo mas saiba que doeu mais em mim”. Cada um sabe a dor que carrega. Entretanto acho que entre constrangimento e asco da pessoa que mais se ama no mundo, a segunda opção é mais dolorosa. Obviamente não perguntaria a ela tais coisas, está muito mais comunicativa desde que arrumei Blanka, parece leve e aliviada. Quem passou constrangimento fui eu bêbado me declarando em frente à toda família no encontro para um jogo da Copa na casa da minha tia-vizinha, certamente um dos momentos mais constrangedores da minha vida, tanto quanto as duas vezes que fui pego roubando. Peguei a mania de roubar com um amigo de São Paulo, ou já a tinha incubada, sim, já tinha incubada, é um desejo que eu reprimo, no meu segundo livro, “Eu Sou Assim E Ninguém Tem Nada Com Isso”, que ninguém vai ler porque nunca ninguém vai se interessar e nem vou me dar ao trabalho de revisá-lo, me comprometo a parar de furtar. Me comprometo agora a não comprar nada no cartão sem comunicar à minha mãe. Vou ter que vender a Captain Marvel, meu único grail, para pagar o que não posso deixar de pagar. E que quero muito. Mais do que a pobre Captain Marvel. Vou fumar e pegar Coca. Ah, e tomar os remédios.

23h45. FICÇÃO. A Sony lança a TV PS5, uma TV 4k que a fabricante diz que é otimizada em todos os sentidos, especialmente para rodar games de PS5 e capaz de se conectar sem fios ao console. Além disso lançaria o kit PS5 Plus, com 25% de desconto venderia um PS5, a TV, o sistema de som 7.1, um microfone, tudo seria comandado a voz, um fone de ouvido com microfone (afinal há preferências), quatro controles, o Sony VR set, três jogos e três Blu-rays ( lançamentos de filmes da Sony), tudo isso customizado com os padrões do PS5 exclusivo, revestido de aço escovado. O kit seria lançado simultaneamente com o console. A tendência dos videogames é desaparecer. Não os jogos mas os consoles devido ao streaming direto dos games para a TV, sem consoles. Cada marca terá o seu canal de streaming, indo convergir finalmente tudo para o Steam que será uma das empresas mais ricas do mundo. A não ser que a Google compre o Steam. CONTINUA.

Fui fumar um cigarro e uma coisa me ocorreu fotografar a foto da camisa dos “suspeitos” para ilustrar esse blog, mas não consegui encontrar. Vou botar uma que vovó, mãe de mamãe fez. É o jeito.

0h22. Acabei de mexer na foto da camisa, deixar a imagem mais diferente. Embora seja uma imagem diferente por si só. Só podia ter sido concebida pela minha avó. Me deu uma leve titubeada de astral. Será que publico esse post nos grupo da minha família paterna? Eu penso: “e por que não?”. Um forno de micro-ondas seria uma ótima aquisição para Areias.

CONTINUAÇÃO SONY. Todo mundo sabe que a divisão de eletrônicos da Sony anda mal das pernas, o que dá mais dinheiro é a linha de entretenimento, especialmente videogames, por isso agregar uma marca Playstation à de eletrônicos é uma estratégia que vejo como bastante pertinente. Se eu fosse a Google, eu comprava o Steam, ou lançaria a plataforma de streaming de game de alta performance, oferecendo todas as opções de jogos para PC na assinatura, dos mais antigos aos mais novos. Todos os possíveis. Com qualidade máxima. Só é preciso comprar o controle assinar, depois que o mês grátis da compra do controle acabasse. FIM. Vou comer. Bateu a larica dos remédios.

1h19. Meu plano é me masturbar para me preparar para Blanka, tomar um bom banho e lona. Ou escrever aqui e lona. Por enquanto estou bem aqui. E julgar tais sandices como meritórias. Ridícula ideia de um homem ridículo. Ah, não falei da tecnocracia, o vizinho que encontrei na piscina, disse que o regime que vivemos é tecnocrático, quem tem mais e melhor tecnologia tem mais poder. Não é mais econômico para ele. Eu acho que dinheiro ainda seja o que move o mundo. Acho que os impostos são necessários porque acho o estado uma instituição necessária e cara, que poderia ser otimizada, a supraconsciência terrestre vai emergir e dar um jeito no estado. Vai dar um jeito em tudo. Bateu o bode. A comida pesou, vou dormir. Amanhã decido se reparto com os Barros ou não. Certas grandes distâncias diminuem com o passar dos anos, abismos gigantescos podem ser cruzados com um passo. Eu acredito no poder do amor. Vou comer o resto das tortinhas de limão, encher meu último copo de Coca, fumar o meu último cigarro e vou dormir.  

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