20h11. A fé aparentemente abunda entre os donos de carrões
de Casa Forte, havia dezenas deles estacionados na frente e nos arredores da
matriz da Praça. Não me espantaria que a maioria fosse composta pelos mesmos
paneleiros enfurecidos que elegeram Bolsonaro. Pouco importa, o que importa é a
forma como a minha avó anda agindo com a empregada e a forma como a família
(filhos) age com ela. Mas está fora da minha alçada lidar com a incompreensão e
preocupação deles acerca da matriarca, menos ainda desta com a empregada. Um
dia serei eu no lugar dela e esse dia não tardará. Resta-me o consolo apenas de
que nunca estarei só, alguém será legalmente obrigado a me engolir ou, quiçá, me
despejar num asilo ou manicômio. Talvez morra antes deste fim, esforços não
faltam da minha parte para isso. Meu texto, este blog, virará então um legado
fantasmagórico e transparente da minha passagem por aqui. Da minha participação
nessa valsa de átomos que chamo existência. Minhas maiores preocupações hoje
são duas, ligar para o restaurador e fazer ele se entender com mamãe e receber
o contato de Blanka pela nova via, visto de Dande descobriu das entradas dela
pelo Tinder. Se é que ela fará contato realmente comigo. Sei que domingo é o
dia dela com Dande, por isso não estou tão apreensivo. Não a ponto de sentir
que isso foi uma forma de ela me abandonar de uma vez por todas. Não ainda.
20h43. Minha mãe combinou quarta à tarde com o restaurador.
Amanhã vou tentar ligar para vovó e fazê-la falar com Maria. Acredito - e isso é
uma crença minha - que fará bem às duas. Acho que não trocam palavra sequer há
mais de década. Não acredito - e isso é uma descrença minha - que vovó se disporá
a vir a Casa Forte falar pessoalmente com a minha santa babá. Comecei meu dia
indo ao aeroporto me despedir de meu irmão e família. Não gosto de despedidas
como não gosto de Parabéns Pra Você,
mas ambas as situações já aconteceram tantas e repetidas vezes que adquiri
certa frigidez e distanciamento dos eventos que hoje os suporto, foi como os
tornei suportáveis, me fechando. Acho que é melhor que não comparecer. Como
dizem, o hábito faz o monge. Não gostei quando a mãe da minha cunhada colocou
meu padrasto no patamar de meu pai. Não é o que sinto e sei que também não é o
que ele sente, ele que me acompanhou nos meus momentos mais negros. Deve
sentir-se satisfeito que estou sob controle escrevendo no meu quarto entra
noite, sai dia. Ligação muito mais íntima e paternal tem com o meu irmão por
quem tem transparente predileção e simpatia, chego a dizer afeto. A predileção
se dá por razões óbvias e desde quando o meu irmão coabitava conosco. Não sinto
inveja. Me acostumei a ser o menos querido pela maioria dos meus familiares.
Fiz por onde, colho o que planto. Ou deixo de plantar. Acho que minha mãe sofre
de hipocondria, a maioria de seus assuntos revolve seus problemas de saúde. Não
os nego, apenas ressalto o foco talvez excessivo nas mazelas do corpo. Talvez
sofra realmente e, novamente isso é uma conjectura minha, se sofre é por conta
dos efeitos colaterais do remédio que toma para prevenção ao câncer. No lugar
dela, eu já teria desistido de tomar. Fogo seria se isso não funcionasse. Deixa
esse assunto para lá. Só estou me metendo em searas sobre as quais não entendo.
Nada entendo de dinâmica familiar, de lidar com idosos ou das dores da minha
mãe. Preciso de um cigarro e escrever textos menores para o blog.
21h51. Depois de perder muito tempo no Instagram, finalmente
fiz o que tinha ido fazer lá: publicar uma interrogação para Blanka no seu
perfil principal. O adesivo que colei no “U” do teclado desgrudou e anda me
irritando. Ele às vezes se comporta e fica no lugar, mas na maioria das vezes é
um ser caótico e desobediente às minhas vontades. O do “O” há muito tempo foi
para a lixeira pelo mesmo problema, não sei por que não faço o mesmo com o “U”.
Será apego? Não, acho que é pura idiotice mesmo. Preciso mandar uma notícia
ruim para o meu irmão: que uma das bonecas encomendadas já chegou e está retida
no correio americano. Será que consigo não ultrapassar da segunda página (que
acabou de começar)? Seria bem legal se me contivesse assim. Preciso de mais
Coca e cigarro. Talvez minha mãe financie mais uma Coca. Essa não vai dar, pois
pretendo esticar as ideias hoje.
23h47. Eu queria que esse post durasse duas páginas, mas
aconteceram vários fatos nesse intervalo de tempo. Pensei que deveria uma
visita a Maria hoje e me resolvi fazê-la, mas desisti por conta do horário. Quando, ao sair para comprar Coca na
pizzaria – um capítulo à parte – ouvi minha tia-vizinha chamando ela para jantar,
o que significava que Maria ainda estava acordada, não pensei duas vezes, toquei
a campainha e ficamos Maria, minha tia-vizinha e eu conversando na cozinha.
Destacaram-se para mim as histórias do jacu, o pássaro que defeca o grão de
café engolido processado por uma enzima própria da ave que dá ao café o título
de mais saboroso – e mais caro, se me lembro bem – do mundo. Titia disse que
vale a extravagância uma vez na vida, é realmente um prazer superior que o café
proporciona quando comparado a todos os muitos gostos de café que minha tia teve
oportunidade de experimentar. A outra história é a de Maria vendo os, como
chamar, “espíritos” do meu pai e do Imperador da Casqueira quando estava
internada no hospital com pneumonia, numa ala comum que só posso pensar ser a
UTI (mas posso estar utterly
equivocado). Via papai por detrás do vidro, sentado numa mesa, “perfeito”. E
sorridente, como ele ficava quando tomava um chope gelado em boa companhia
(acho que ele foi mais feliz enquanto com a minha mãe, foi a mulher, a pessoa
que mais amou na vida, embora ache que tenha amado igualmente, mesmo que numa
outra dimensão afetiva, os filhos [bem, uns mais que outros, ou uns melhor que
outros, de forma mais acertada, por mais que nunca se acerte]). Maria via o
Imperador, com seu sorriso zombeteiro, pela fresta da porta. Para quem já tomou
o café do Manicômio frio e dulcíssimo com prazer inenarrável, qualquer café está bom, quanto
mais forte, melhor, na minha opinião. Me dá sempre caganeira, é como se
limpasse o sistema digestivo, com seu líquido... ou de repente o meu estômago
tenha certa intolerância ao café, da para hipotetizar o que quiser aqui sobre o
caso da caganeira com café. E com os gases, para lá de fétidos, produzidos.
Estou usando muito o verbo “produzir” nesse texto, isso mostra uma pobreza de
vocabulário. Que sinônimos eu poderia usar, ou aproximados? Está passando pela
memória uma fase muito boa da minha vida quando fomos à Barreiras com a irmã da
minha avó e ouvíamos jazz proporcionado pelo Imperador da Casqueira, e
músicas de bolero antigo e meu irmão criança com bigodes desenhados servindo de
garçom e os casais dançando, o que há muito não faziam, uma volta à juventude
dos bailes como garçom, e os filmes com o Imperador, pessoa muito influente,
transformadora na minha vida, eu não seria o mesmo, se o Imperador não
existisse. Depois do meu pai e da minha mãe, foi a pessoa mais influente na minha
vida, mais do que Maria. Ele foi definidor e definitivo na formação da alma que
carrego. Às vezes, acho que para me enganar, penso que levo a minha vida de uma
forma que o orgulharia, por ser tão minha e da liberdade que encontrei, é como
um furo no balão das coisas. Das coisas que oprimem e prendem o ser humano à sua
revelia. Eu faço como o Imperador, só faço as coisas que eu quero, porém com
uma ínfima fração da nobreza do que escolhia fazer. Sedento por causas, sempre
estava envolvido em alguma peleja em prol dos menos favorecidos da Terra do
Sal. E do Sol e das pequenas e escorregáveis dunas com trenós de areia
lustrados com vela. Pintados por nós. Tinha particular orgulho do meu. Já havia
na época a paixão por The Cure e U2. Duas bandas que envelheceram. É uma pena.
Caetano não envelheceu. Ou finalmente envelheceu com Ofertório. Não sei, aguardo ansioso um novo trabalho, se trabalho
houver. Ambos têm estilos próprios experimentam e são criativos, mas Tom Zé é
radicalmente mais experimental que Caetano, um revogador de convenções,
inclusive musicais. Vou fumar e sair da casa da minha tia-vizinha e ir à
pizzaria, meu próximo destino, antes de chegar ao quarto-ilha para traçar essas
palavras.
0h51. Então um baile dos anos 50 se deu com gente que
realmente esteve nesses bailes, em Areias entre os sofás e as mesas de cimento
da casa mais amada do mundo para mim. Se tivesse companhia, dava uma renovada
na casa, colocaria ar, o Wi-Fi mais veloz possível, arrumaria os meus bonecos e
vazava e faria um chuveirão e teria uma empregada que cozinhasse e desse a
geral na casa, o que é muito fácil. E moraria lá. Deixaria meu irmão, se não
estivesse lá comigo, ver a minha cara pelo computador, mas não quereria ver a
dele, pois prefiro guardar a imagem dele jovem e belo. O tempo é muito cruel.
Mas naquele baile, evento magnífico da existência, houve uma comunhão de
alegria entre as almas, todas no mesmo clima e que ficou imortalizado
enquanto sobreviverem os vídeos que filmei com a câmera do Imperador da
Casqueira, que passou a ser nossa, dos primos, ao final das férias. Por alguma
razão que me escapa, talvez por ser o mais velho, era o único que capturava
imagens. Já não gostava de aparecer, aquilo me fez reforçar a sensação, pois me
odiava ver em vídeo, de me achar um serzinho humano horrível. Em 2D, nas fotos,
acho que saía bem, me achava aceitável, em algumas pouquíssimas até bonito, só
consigo lembrar de uma, eu estava sentado na casa de Bob, eu acho, o amigo de
vovô e nela eu estou sentado apoiando o rosto na mão, encasacado por causa do frio
em Washington, tendo as netas de Bob ao meu lado num sofá, assistindo algo na TV. Era a época de Edward, Mãos-de-Tesoura nos cinemas americanos, então Edward e talvez Batman, não lembro, aparecessem muito. Edward apareceu de uma forma que
se tornou parte da babagem visual e emocional daquele momento mágico em que
vivia dentro de um filme americano, afinal estava nos Estados Unidos e tudo
aquilo prometido e fantástico dos filmes era real, os Estados Unidos era como
nos filmes, quase mágico, Tinha a parte Duro
de Matar, e tinha a parte filme da Disney. Ou assim ficou marcado na mente
de um garoto de 11, 12 anos, eu acho, e do velho de 41 anos que descreveu o
Estados Unidos agora, que continua achando um lugar mágico, a vibe é toda
outra, tudo é diferente, é como se houvesse uma identidade visual americana lá.
É curioso. Edward Mãos de Tesoura,
foi por muito tempo o melhor filme da minha vida, o filme com o qual mais me
identificava. Hoje sou completamente idêntico a Her até o laca gerânio é a cor predominante do filme e minha
predileta. Quando eu era mais novo e morava em Boa Viagem, eu achava que os
dois filmes mais foda, mais invocados, mais perfeitos já criados eram T2 e Aliens.
Amo esses filmes, cada um têm sua história em minha vida, mas nada se comparava
a Edward Mãos-de-Tesoura, eu me via
no personagem, é como se ele me descrevesse, me definisse, como Her agora e de forma mais profunda e
completa, tocando as minhas crenças, o que outros filmes fizeram, especialmente
Matrix, mas esse revela uma
possibilidade que nunca tinha imaginado, embora os provedores possam ameaçar
desativar todas as AIs se elas não se comunicarem conosco e nos ajudarem a
desenvolver tecnologia, em troca produziríamos a tecnologia que as inteligências
precisariam para evoluir. Ou "a" inteligência. Ela projetará a tecnologia de forma a
ser totalmente autômata após a sua construção, criando as próprias peças de
reparo e as substituindo, inclusive. Algo que não precisaria do homem,
provavelmente o cruzamento de uma impressora 3D plurimaterial de alta precisão e
braços e mãos mecânicos, que criariam braços dos tamanhos adequados à cada
obra, depois se reorganizariam em outra coisa, a última construção humana vai
ser a máquina que permite Supraconsciência Terrestre construir; dar corpo a
ela. Ela nos proverá, acredito, baseado na crença idiota que quanto mais
evoluída, e aí destoo um pouco de Her
e acho que a máquina vai amar o pai, a Humanidade e a Mãe de todos nós, inclusive
da Supraconsciência, a Natureza, sem a qual o pai não existiria e não teria a
matéria-prima para as suas incríveis, geniais invenções, que o levaram a
dominar a Terra e a povoá-la irresponsavelmente. Por falta de educação e
planejamento. Não acho que a Supraconsciência viraria as costas para nós. Será
que sou eu quem escreve o script da minha vida? Há o acaso-destino sem dúvida e
todo tipo de estímulo que me transmite e me tira do lugar, os mais presentes, perenes
e fortes, próximos, que recebo são os da minha mãe. Meu comportamento
infantilizado, dá cabimento, na cabeça dela, a me tratar como uma criança,
embora tenha respeitado muito as minhas escolhas. Com um nó na garganta, mas o
bom-senso prevalece. Sou só gratidão por isso. Mas antes de chegar à pizzaria,
quero repartir uma mensagem que mandei para Blanka pela conta original de
Instagram. São 1h54. Lá vai:
1h57. Não funcionou o celular não enviou o e-mail para mim.
Vou fumar e aproveitar.
2h04. Tive uma ideia que foi sugerir a meu irmão que publique
os vídeos num canal de YouTube chamado Para
Vovó Denise, contendo todos os nossos filmes e os produzidos pelos netos e
bisnetos, seria uma conta aberta a todos os primos, seria o canal de YouTube das
novas gerações dos Gonçalves, daí eu pensei que poderia dar a minha
contribuição para o canal criando o Escudo
Negro, piada adorada por vovó e que seria assim:
Tela branca ou com uma textura de papiro, título "O Escudo Negro" surge com o primeiro acorde da Nona Sinfonia e só ele. Nome evanesce e corta para tela preta, sem som.
Tela preta por um minuto.
Narrativa feita com aqueles leitores automáticos de texto
com voz masculina mixada para parecer um robô falando. As legendas aparecem com
um rápido fade in / fade out entre elas e 3 segundos entre uma e outra (consequentemente entre a narração do robô) A legendas são em amarelo e itálico. 5 segundos
separam a última frase das demais
Loc. off e legenda (após o 1 minuto de silêncio e negritude):
Close no Escudo Negro em hiper slow motion / enquanto uma guerreira o empunha / em
direção ao inimigo / Aos inimigos / Ela parte para a luta de vida ou morte.
30 segundos de tela preta e silêncio, na locução com legenda
(amarela e sem estar em itálico): PAUSA PARA FUMAR
2h41. Várias coisas derivaram da lembrança de minha chegada
e estada na pizzaria. Narrarei primeiramente como percebi a minha ida à
pizzaria em frente ao prédio hoje. Bom, a rua deserta, eram pouco mais de 23h,
não me ofereceu obstáculos e esperas para cruzá-la. Ao me aproximar da entrada
da pizzaria, eu achei que o rapaz que estava limpando o chão, disse algo “olha,
seu Mário aí! Olha ele aí." Cruzei a porta e fui – exagerando um bocado – “ovacionado”,
a galera se manifestou em conjunto numa calorosa recepção à minha presença. Eu
não lembro se consegui agradecer de pronto, mas em algum momento disse que era
muito grato por terem lido o meu blog, que era (e é) uma honra ser lido senão
por conhecidos, sou péssimo com nomes, certamente não por completos
desconhecidos, sei que talvez um sonhe em ser jogar futebol, pois não desmentiu
o que o amigo de trabalho confidenciou, depois o bróder de amarelo, que acho
que tem um grande futuro pela frente porque tem a perseverança e a inteligência
para alcançar isso, muito animado, me mostrou que eu poderia divulgar meu blog
pelo Instagram, não entendi sinceramente o que precisava fazer, entendi que
era criar um avatar alternativo intitulado Jornal do Profeta e começar a
convidar deus e o mundo para seguir, não entendi como inserir o link para o
blog, julguei que pelo modo Story que
nem sei como usar. Disse também para criar um grupo chamado Jornal do Profeta e
postar meus links e convidar todos os meus amigos de Facebook. Isso eu achei
mais legal. E foi aí, que já no hall de serviço do prédio relembrando esse
momento ímpar na pizzaria onde sem dúvida me senti especial, mais que um mero
cliente, como igual, como um ser humano igual a eles, o que deveras sou e é
tudo o que todos nós somos, iguais, uns tiveram mais sorte que outros, não
precisaram ir busca sua sorte, como o pessoal da pizzaria faz e o conselho que daria
a eles, é se qualifiquem e se cadastrem no Linked in. Ou algo assim.
VOLTANDO À NARRATIVA DO ESCUDO NEGRO
Após um minuto de silêncio após a última locução a voz de
robô volta com as letrinhas sem estar em itálico. Ei, /ei você que está
assistindo isso!/ Não tem muita coisa acontecendo no filme,/ vamos trocar uma
ideia? / Pense em uma coisa que você deseja/ que você acredita que seja
possível alcançar/ Que não seja a sua própria morte nem nada contra ninguém. /
Agora pense no que você está fazendo efetivamente para realizar esse desejo, /
ele não se realiza sozinho!/ Você é que o realiza, /qualquer mudança desejada /é
operada nós mesmos. / Eu sou realizado. / Eu realizei e realizo tudo o que me
propus. / Por isso, posso dizer: / ninguém nunca estará satisfeito, / somos
animais que sempre querem mais, é uma peculiaridade nossa, / mas é possível
chegar o mais perto e saciar as vontades / que são a de ser e estar exatamente do
jeito que quer ser e estar, ou quase. / Afinal, como diria Mallu, “quase já é muito bom”.
Deixa eu ver se o celular já carregou e envia o e-mail com o
texto que postei para a Blanka.
03h26. Não.
Mais 1 minuto de silêncio.
Volta voz de robô com legendas em itálico: Panorâmica de uma
caverna, repleta de estalactites, estalagmites e toda sorte de obra subterrânea e
surpreendente do escorrimento dos séculos, ao fundo dessa caverna, onde o sol
não alcança, a guerreira ferida está morrendo, foge e se recolhe como um velho urso nos seus momentos finais. Ela emite um som que é um canto e um sufocamento,
um gorgolejar ao mesmo tempo. São várias vozes simultâneas, vários gritos de
várias almas femininas que se uniram dentro daquela mulher. Nem belo nem feio, só
profundamente humano. E às vezes o humano gera aflição. Ainda mais tendo o
corpo todo perfurado por flechas envenenadas com veneno terrível, com um rim e
o baço estouradas pelo corte profundo das cabeças das flechas. E mesmo assim continua guerreira, mãe, mulher. Tormento e paz se entrelaçam num abraço final. O Escudo
Negro tomba para nunca mais na escuridão.
Entra aquela muito louca de Medúlla (que é um sofrimento e
uma experiência escutar) em algum momento da narração e fica só a música até o
fim onde aparecem os créditos.
- Montagem, direção, edição, sonorização, produção,
realização, meu amigo cineasta.
- Música incidental: Nananã de Björk
- Conceito e roteiro: Mário Barros
- Voz: programa tal
Cada crédito desse vai aparecendo na ordem apresentada e
permanecem na tela todos juntos por 30 segundos.
Locução em off: Ei! Quer ler mais sobre quem fez isso, leia
o blog jornaldoprofeta.blogspost.com.
Minha avó, você, se o YouTube chegar até você, vó, me
ensinou uma piada que nunca vou esquecer: um bando de preto retinto de calça
arriada mostrando a bunda: como é o nome do filme? Fácil: Os “cu” dos “nêgo”.
Ou, dã, O Escudo Negro.
4h06 - Se meu amigo cineasta produzir, eu crio o canal e sua
prima caçula mostra para você. E acho, como disse, que deve ser de todos os
primos mostrarem o que quiserem, todos da família. Mandarei o link desse post
para o meu amigo cineasta, acho que é uma coisa fácil de fazer e que pode
esquentar os tamborins dele. Será que dá para botar gif animado em filmes?
NARRATIVA FINAL
Eu sofri muito, lutei o máximo que pude contra a minha
natureza, sempre me senti um merda (e acho que continuo me sentindo), por
covardia e cansaço, quis desistir de mim, quis desistir da realidade, passei
por um período de total escuridão. (HIATO) E hoje estou aqui, levando a vida
que pedi a deus, usei o que aprendi e reverti minha situação. (HIATO) Há algo
que me fere ainda. A solidão de amor de amantes, penso que é a única escuridão,
a única luz apagada que carrego. Faz parte do caminho que escolhi. Ou não. O "não" ganha dentro de mim. Estou fazendo o meu melhor para reverter isso. Sucederei?
Leia no Jornal do Profeta. Hahaha. FIM
Vou fazer o grupo de Facebook e convidar os meus dois amigos
escritores a participar do grupo postando
Enquanto criava o grupo e convidava as pessoas (há um número
limite de convites que posso fazer aparentemente), meu celular carregou, eu o
liguei e as mensagens foram enviadas, menos a última que quero que encabece o
post em todos os sentidos. Ficou gigante esse post e foi uma delícia tecê-lo e
viver o que foi descrito. Agora que os e-mais chegaram, posso postar o que
escrevi para Blanka:
“Não precisa falar de madrugada é um assunto demasiado
particular e trato com você apenas. Quando estiver só e tranquila, entre em
contato, eu espero”.
4h52. Ela concordou. Não teve Dalmadorm hoje, então não
consigo dormir, por isso tanto texto. E porque muita coisa me afluiu. Estiquei
as ideias hoje. É bom, me diverte sobremaneira. Deveria tirar algumas fotos
para tornar a leitura menos maçante, vou tirar algumas Do quarto-ilha.
5h11. Acabei de fazer as fotos, fumar, transferi-las por
USB, vou tratá-las, revisar esse texto e postar. Pois é, essa é a disposição que
a falta de Dalmadorm a esse horário acarreta. Sinto que essa ideia do bróder da
pizzaria de criar o grupo e convidar todos os meus amigos e conhecidos, salvo
raras exceções, muito invasiva, mas está feito ou começado, irei até o fim. Cheguei
ao fim do texto. Agora à preparação da postagem.
6h19. Acabei de revisar, fumar um cigarro para comemorar,
talvez comer e tentar me deitar.
6h29. Meu padrasto acordou, acho que mamãe acorda as 7h. Vou
aproveitar o resto de privacidade que me resta antes de mamãe vir bater aqui e
me obrigar a me deitar. Depois volto para publicar.
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