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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

ANJO DO LÚMEN


16h55. Sábado, uma festa de 15 anos me espera, uma que não estava esperando, e enquanto o momento de ir não se faz, não tenho absolutamente nada para fazer. O único recanto onde me sinto acolhido e me reconheço é aqui. Blanka disse que só vai se comunicar hoje à noite comigo. Se o fizer. E, caso faça, creio que vai ser rápido, pois final de semana é para curtir com os amigos. Ou ir para inesperadas festas de 15 anos. Minha vontade é dormir, mas estou tomando café, faltam umas duas xícaras para acabar, quando der cabo delas, vou me deitar nem que seja para ficar protrado sem colocar arreios na mente, no geladinho do quarto-ilha. Ouvindo um som e me deixando levar pela existência rumo ao meu fim. A mim me soa como um imenso desperdício de precioso tempo, mas me faltam alternativas ou não tenho motivação para criá-las ou implementá-las. Meu novo post no blog de bonecos não está tendo a resposta esperada, mas isso não me incomoda. Muito. Estou fumando demais hoje, a vontade já se faz presente de novo. Não me incomoda isso também. Há de se viver com satisfação para que a existência seja válida e estou muito satisfeito com o que tenho e posso. Blanka, caso não me abandone, caso se acomode a estar na minha vida, me fará, como já faz, um bem enorme. Quero-a nua, é algo tão belo de se ver, preciso disso, me fará extremamente bem tocar e beijar a sua nudez. Tão jovem e tão de acordo com os meus gostos, com as minhas predileções estéticas.

17h22. Ainda bem que só faltava uma xícara. A ideia de me deitar e me deixar deitado repousando me agrada bastante. Ficarei, como diz o popular, “bostejando”. Eu posso, eu quero, eu faço. Não faço mal a ninguém. Interfiro o mínimo possível na existência. Nada me alcança e muito pouco parte de mim. A materialidade, afora a das ondas sonoras que emanam em música, será secundária e a parcela que usufruo dela, o lençol, a cama e o travesseiro são como carinhos da existência. Minha mãe despertou, espero que isso não atrapalhe os meus planos agora que acabei de tomar a última xícara de café. Acho que vou fumar um último cigarro antes de me deitar e repartir com mamãe tal intenção para que ela não me incomode. Acredito que ainda há tempo bastante para a festa, uma hora, hora e meia que me deite não atrapalhará a logística do evento.

0h e alguma coisa, via e-mail:

“Eu tendo a escapar de momentos emocionantes que não me emocionam. Tenho o cigarro como parceiro e justificativa das minhas fugas. Estão no clímax da festa, a aniversariante debuta, a valsa vai se iniciar depois da entrada da estrela da noite acompanhada de suas amigas mais amigas e de várias declarações de amor. Enquanto tudo isso se dá eu estou do lado de fora, na calçada a digitar sobre minha frigidez em relação aos ritos sociais de passagem. Eita, agora os parabéns, talvez o momento mais insuportável, mais constrangedor, mais difícil para mim. Odeio e não sei de onde vem essa repulsa. Vou voltar lá para dentro, preciso de Coca para acompanhar o próximo cigarro. Vou me enviar isso.”




1h50. Estou de volta ao meu quarto-ilha, ao friozinho, aos pijamas, a Björk, às palavras. Desativar o click pad. Estou a fim de esticar as ideias. Sinto saudade de Blanka.

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14h24. Comi e dormi, não tive disposição para mais nada. Acordei hoje com uma alegre surpresa, um filhote de yorkshire da minha irmã PE e sua ilustre presença em minha casa. Cachorros jovens me trazem muita alegria e simpatia, cachorros velhos me deprimem principalmente se os conheci à época de suas efêmeras juventudes. São a prova mais clara da degradação física da velhice aos meus olhos. Sou tomado de piedade e certa negação por cachorros velhos, sou tomado de alegria por cachorros jovens, mais do que por crianças, parece que eu mesmo rejuvenesço na presença dos bichinhos e geralmente tenho uma relação fácil com eles, o que não se dá com pequenos humanos.

14h47. Acabei de descobrir que entrei há 8 anos no Facebook. 16 de dezembro. Uma vida. De cachorro. Queria esticar as ideias, mas não há como. Vou divulgar o post anterior nos grupos.

14h57. Divulgar o post no Facebook com a internet lenta como está é um exercício de paciência e persistência, saco. Escrevo aqui enquanto a nova página carrega...

15h30. Finalmente consegui publicar em todos os grupos. Saco. Parece que a internet ganhou um pouco mais de gás na parte final do processo. Quem está sem gás sou eu. Hoje é o dia que Blanka passa com Dande, logo dificilmente terei notícias suas. Um momento.

15h48. Hoje é um dia em que não sei o que fazer da vida, a vontade é deitar e me deixar estar. Não o farei por ora... fui tentar navegar um pouco na rede mundial de computadores e foi impossível na velocidade em que a conexão está. Close To Me rolando. Marasmo total. Talvez o Switch. Me parece melhor do que ficar aqui a divagar sobre a minha apatia.

17h02. Joguei um pouco de Inside, cheguei numa parte que não sei como superar, sem paciência, coloquei uma Coca e liguei o ar. Decidi me deitar. Praticamente sem internet ou com ela na velocidade da internet discada com os complexos conteúdos atuais não dá para mim. Vou tomar mais um copo de Coca e fumar um cigarro e bostejar. Ah, e colocar um som.

19h31. Acabei de bostejar e estava no mesmo (baixo) astral de antes até que vi a internet funcionando de forma decente, fui fumar para celebrar e falei com o meu amado irmão US o que me transmitiu uma energia tão boa que me sinto agora feliz. Aparentemente, ele vai trazer mais bonecos do que eu previa o que é a melhor notícia que poderia me dar. Duvido que consiga, entretanto, então não vou criar grandes expectativas. Droga, as expectativas já cresceram. Mas vou tentar reduzi-las novamente.

19h53. Fui fumar um cigarro sonhando com a minha Red Sonja Queen of the Scavengers. Acho que essa certamente virá, é a primeira da lista. Esse post está inútil tal como está, não vou nem divulgar. O que quero é mergulhar no mundo dos bonecos.

22h51. Mergulhei no maravilhoso mundo dos bonecos e voltarei para lá, mas não agora, agora quero me deixar aqui. Coloque The Hanging Garden. I feel the urge to write to my statues blog. Let’s see where it goes.

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13h02. Não foi muito longe ou foi longe demais em muito pouco tempo, daí senti a fome dos remédios, comi como um cavalo e fui tomado pelo sono. Improdutivo. Blanka me mandou mensagens, mas eu estava dormindo. Fui ver e responder agora. Meu padrasto quer obrigar a minha mãe a delegar tarefas burocráticas a mim que odeio e pouco entendo de burocracia.

13h44. Não estou com disposição de nada hoje, aliás, isso já vem desde a sexta ou sábado. Tudo corre bem em minha vida, o que não corre caminha até direitinho que é a minha relação com Blanka. Percalços e poréns não faltam se entrepondo entre nós e não fazem menção de diminuir. É aprender a conviver e administrar.

13h56. Nossa, hoje está muito abafado. Graças à existência que me pôs nestas condições, eu tenho ar condicionado no meu quarto. Encontrei uma boa motivação para ir a Ju, o anjo do Lúmen. Se trocaria Blanka por ela? Com Blanka eu já tenho uma construção, um vínculo, com ela nada tenho. Acho que tentaria conciliar as duas e então decidir, se fosse me dada a oportunidade, o que não ocorrerá. Descartar pessoas também não é das minhas qualidades, acho extremamente difícil e doloroso. Talvez para Blanka a vida fosse melhor e mais fácil sem mim. Certamente seria, tudo voltaria ao equilíbrio anterior e custaria menos esforço para ser levada. Eu sou algo de novo e que precisa de espaço, que demanda uma reorganização de sua rotina para me acolher. Eu tenho que valer a pena tal esforço aos olhos dela. Estou fazendo o meu melhor e o que tiver de ser será. Não gostaria de voltar às paixões platônicas. A mais nova, o anjo do Lúmen. Penso em deixar um bilhete para ela com o meu endereço de Facebook. E meu WhatsApp. Vou ver se a coragem desabrocha para que faça isso. Eu poderia digitar e imprimir, eis o que vou escrever:

“Olá anjo do Lúmen,

Não sei nem o seu nome, sei apenas que é dos seres mais lindos com o qual tive oportunidade de cruzar e que sua existência torna a minha mais encantada, por isso a ousadia desse bilhete. A vida às vezes dá oportunidades, mas na maioria das vezes somos nós que temos que criá-las. Bem, esta é a minha tentativa. O não, o nunca, é o que tenho antes dessas palavras, não sei se elas serão capazes de mudar a atual situação, mas custa tão pouco tentar. Bem, nem tão pouco assim, pois ter a bravura de lhe entregar tais palavras exige um esforço ao qual estou completamente desacostumado e despreparado. Pode ser que nem aceite o bilhete. Tudo pode ser. Descobriremos. Esteticamente e como se coloca no mundo me agrada sobremaneira. Sei que a recíproca não é verdadeira, não sou nenhum expoente de beleza masculina, entretanto é no conteúdo que duas almas encontram verdadeiramente se há material para uma construção sólida a dois, mesmo que uma amizade, embora confesso que tenho expectativas mais românticas a seu respeito. Pois é, sou dessa espécie em extinção, inveteradamente romântico. O resto você descobrirá (ou não) me adicionando (ou não) em uma das redes sociais abaixo.  

WhatsApp
Facebook
Instagram

Bom, anjo do Lúmen, pelo menos tentei criar a oportunidade e oferecer o espaço para nos desvendarmos. Considere com carinho. Se for comprometida, desconsidere tudo o que escrevi. Ou não. :)



Mário.”

15h12. Bom acabei de imprimir duas vias, uma para o anjo, outra para Ju. Preciso me arrumar e chegar lá cedo se quiser cruzar com ela. Espero ter coragem para entregar o bilhete. Não vai dar em nada, mas gosto dessas trelas, dessas cutucadas que dou na existência, fazendo o papel de acaso-destino para outra pessoa. Surpreendendo. Quem sabe não seja eu também surpreendido? Vou lá. Na volta conto.

17h57. Entreguei o bilhete. Acho que ela é psicóloga do lugar, não vai dar em nada, pelo menos mal não fiz, devo ter no mínimo acariciado o seu ego. Estou preocupado é com a festa de Natal dos Barros, de não saber tratar Blanka como namorada, já lhe escrevi pedindo ajuda. Espero que me responda e me acalme. Deve ainda estar na cidade. Mais no próximo post. Será que Blanka ficaria com ciúme de eu ter entregado o bilhete? Sinceramente não sei.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

MAIS TINDER

22h00. Acho que hoje vou dormir cedo. Achei uma supergata, nível modelo mesmo, no Tinder. Tudo de bom. Dei o superlike, mas cometi o equívoco de não copiar o seu Instagram, por onde eu poderia puxar conversa com ela. Estou aqui profundamente arrependido. Se bem que quando a esmola é boa, o santo desconfia, de toda sorte, tenho que tentar. E a coincidência: ela tem o mesmo nome do anjo do Tinder.

23h08. Santo Tinder plus! Apareceu uma nova garota e eu pude apertar o botão de rewind e voltar ao perfil dela. Já a adicionei no Instagram e joguei aberto com ela, vamos ver se ela vai ver ou responder. Não acho que tenha tanta sorte, mas ela está lançada. Já tinha me esquecido da paranoia de ficar olhando o Instagram para ver se a figura visualizou a minha mensagem. Estou nessa no momento, mas vou desencucar. Só há seis por cento de bateria, então mesmo que ela quisesse não poderia bater um papo hoje.

0h06. O evento cibernético Spooktacular da Sideshow Collectibles me roubou um tempo agora, tentando faturar uma figura do Flash bem legal num sorteio. Era um que não me incomodaria ganhar. Entro em todos da Sideshow, mas nunca levei nada, não vai ser dessa vez. A bateria do celular vai acabar a qualquer momento. Acho que hoje realmente vou me retirar dentro em breve, se bem que sempre me proponho a isso e me embrenho madrugada adentro.

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13h15. Cá estou, acordei há mais ou menos uma hora com política na cabeça. Estou cansado disso e aliviado que o pleito se dará nesse domingo.

13h22. Já fiz a minha imagem de perfil para depois da eleição.




13h23. Não acredito que Haddad vá ganhar. Se ganhar, até eu vou duvidar da lisura do processo eleitoral. Não será um alívio, pelo contrário, será a confirmação de que o sistema político é mais podre e corrupto do que eu poderia supor. E nem posso imaginar qual será a reação da população frente a um resultado contrário a Bolsonaro. A nova garota do Tinder não viu as minhas mensagens e não creio que as verá. A outra que adicionei da mesma forma, pelo Instagram, nunca me respondeu nem olhou minhas mensagens. Vou pegar Coca e fumar um cigarro.

13h45. Li uma matéria sobre o show de Sandy que acontecerá hoje à noite e uma pontada leve de arrependimento me bateu por não ter comprado o ingresso quando ainda havia relativamente perto do palco. É a vida e segue. Mergulhei um pouco na internet, tudo gira em torno da política. Botei Björk alto para ouvir. Five Years ao vivo. Era uma música que não me apetecia muito, mas, ao prestar atenção na letra, me conquistou, é uma das minhas várias prediletas hoje em dia e a versão ao vivo é bem massa. Sobre assuntos do coração, confesso que o Tinder não tem me trazido grande sucesso. Sucesso nenhum para ser honesto.

14h16. Botei café na cafeteira elétrica que ganhei da minha tia jornalista para fazer. Quero economizar Coca e, especialmente, gelo. A verdade é que não estou encontrando muita disposição para as palavras esses dias, não é desmotivação, é falta do que dizer. Seria muito mais conveniente a Bolsonaro fechar o congresso e legislar a seu bel prazer. Não imagino como terá maioria no congresso. É claro que, como ele, eu sonhe com congressistas que votem de acordo com suas convicções, consciência e vontade de seu eleitorado, sem ser necessária nenhuma barganha ou transação política. Mas acho difícil que isso se dê. Se ele conseguir, só por isso já valerá o seu papel como presidente. Acredito que seria algo realmente novo na política mundial. Seria um exemplo, mas me parece conto de fadas. Estou desconcentrado, não sei direito o que escrevo. Queria ser presidente. Tenho medo, porém, de me corromper com o poder, como mencionei em post anterior. Vou ver o café e fumar.

14h36. Estava pronto e está bom. Tenho uma xícara ao meu lado. Não sou o único que escreve na minha família, tampouco o melhor, menos ainda o mais esforçado, mas sou o que mais se dedica à palavra por ter construído tempo para isso. Não acredito que nesse caso a prática leve à perfeição, o que me aproximaria dela seria ler uma boa gramática, mas sou um escritor preguiçoso e, agora, despretensioso. Nunca serei grande, aceitei isso. Não sei como, nem tenho talento para tanto. Sei me narrar e isso me contenta, então faço. É algo como uma conversa que travo comigo mesmo, um estudo das minhas percepções e experiências. O marido de uma amiga minha, artista de verdade e completamente, disse-me artista, fiquei lisonjeado com isso, mas não mereço ser alçado a tão grande altura. Pintei um punhado de quadros e deito palavras, nada mais. Pintar, não pinto mais. Foi paixão passageira, abortada pela necessidade de minha mãe de que eu me aprimorasse e dominasse a técnica, de que não ficasse “parado”, o que roubou da pintura a sua liberdade e seu aspecto lúdico para mim. Não a culpo, entendo tudo o que se passava na sua cabeça, sei que queria o meu melhor e que se sentia angustiada em me ver sem fazer nada, pois para ela era inadmissível tal posição na vida àquele tempo. Não gosto de apontar culpados. Se fosse culpar, culparia a mim mesmo que nunca gostei de fazer nada por obrigação e sempre odiei estudar (ódio que depois se voltou ao trabalho, quando esse parou de me recompensar à altura do meu sofrimento e empenho). Por não ter que me submeter a nada disso mais, me sinto abençoado e acredito que encontrei o meu lugar no mundo. Sou um covarde preguiçoso que ama se exibir através das palavras. Talvez seja um pouco mais que isso, mas esse pouco mais me escapa agora. Mais café e cigarro. Vou à Vila Edna no domingo, acabei de confirmar, minha alma precisa disso, será bom.

15h06. O café me faz bem, me deixa mais alerta, mais esperto, com mais energia, criativa inclusive. Não que eu crie algo quando escrevo, pois em verdade não escrevo, descrevo o que me vem à cabeça. É uma coisa menor, mas, como disse reiteradas vezes, é o que me cabe e agrada fazer, é a liberdade que exerço, é a minha forma de expressão, minha satisfação egoísta e ególatra. Não tenho vergonha de ser assim, aceito, me faz bem e me ajuda a tocar o barco do que, de outra forma, seria uma existência sem sentido. Não há utilidade outra no que produzo que não a satisfação pessoal. Acho que é o que todo mundo busca, eu encontrei nessa forma de expressão que, se tem algum diferencial, é ser muito minha, muito própria visto que absolutamente subjetiva. Não pesquiso, não analiso fatos, exceto pela campanha eleitoral. Isso passará e eu permanecerei. Com minhas paixões impossíveis e meus bonecos. E as palavras, sempre as palavras, em doses bem servidas, meu eu pede por elas como alguém que sufoca precisa de ar. Respiro palavras, as vomito irresponsavelmente, despretensiosamente pois abandonei a pretensão. Ela não me cabe e não me serve. Me resignei de que os meus planos de ser publicado falharam todos. Meu texto não merece a tinta e o papel. Que seja, isso não me impedirá ou me constrangerá de produzi-lo. Não sei porque me meto às vezes a essa “metalinguagem” e não importa saber, obedeço o que vem de mim, cada impulso, cada intenção. Claro, há o superego e ele é cada vez mais o meu superego que o do meu pai ou do meu irmão. Isso me agrada sobremaneira e alivia, dá leveza, à minha vida. Tenho certamente mais defeitos que as duas figuras supramencionadas, ou pelo menos os tenho de natureza mais repudiada pelo senso comum. Danem-se todos e me atirem a primeira pedra aqueles que não possuem defeitos. Sou um sujeito incomum, isso cria uma ruptura social que me desagrada e, ao mesmo tempo, me permite me exercer de forma mais plena e minha. Eu tenho exatamente o que busquei. Nem a mais, nem a menos. Bem, talvez um pouco a mais. Mas não me culparei por esse excedente de benesses. É o que a existência me oferta e colho o que me interessa. E pouco me interessa. Tento plantar, mas não tenho mão boa para o plantio. Que seja, se é solidão o que me cabe, acatarei e subsistirei, tenho minhas palavras por companheiras, fiéis e submissas. Por falar nisso dei um like em uma garota de 26 anos BDSM, uma categoria de perversão curiosa que envolve submissão, sadomasoquismo e dominação. Ela seria a parte dominada. Tentei adicionar ao meu WhatsApp, mas não tive êxito, seu telefone está no meu celular, mas não sei se teria coragem de machucar alguém, mesmo que ela pedisse por isso. Há um lado sádico e comodista meu que adoraria ter uma “escrava voluntária”, mas não consigo ver como uma relação que fosse me trazer satisfação. Por mais que, não vou mentir, uma mulher submissa me pareça uma ideia curiosa e atraente. Tenho pensamentos e sentimentos contraditórios sobre o tema. Não gosto de dor e não entendo como alguém pode desejá-la, mas sei que há pessoas assim. Eu acho que tentaria “curar” a pessoa dessa posição, pelo menos tentar compreender o que a levou a tal condição, a desejar ser subjugada, humilhada e sofrer pequenas torturas. É um universo que desconheço inteiramente e que por estar no limiar da marginalidade, por ser tabu, me atrai. O proibido, o que foge ao padrão sempre me causou profundo interesse. Não sei por que isso se dá, coisas do id, eu acho.

15h55. O meu texto é tão simplório e pobre, meu repertório vocabular tão limitado que chego a cansar de algumas palavras que uso, uso-as apenas por falta de alternativa. E tome repetição. Também – e isso sou eu passando a mão na minha própria cabeça – escrevo muito, não há como escapar das repetições. Vivo para escrita, mesmo que redundante. É o meu bem mais precioso, minha paixão maior, espero nunca desencantar dela. Aí sim, tudo se tornará extremamente redundante. O som está alto. Acho que vou, depois do café com cigarro, botar Björk de novo e aumentá-lo ainda mais, só estou eu aqui em casa. E o máximo que posso me dar nessa condição é ouvir a música na altura que eu quiser. Não sei se é pouco isso, mas me apraz. Vou lá fumar.

16h13. Voltei e soltei um Alice In Chains no volume 30. Massa. Só falta a minha mãe chegar agora, estou me sentido amplamente livre. O bróder que recolhe o lixo aqui do prédio apareceu enquanto fumava e chamou Bolsonaro de uma coisa que não tinha ouvido ainda: “psicopata”. Achei que lhe cabia de certo modo, por mais que esteja de posse de todas as faculdades mentais. Me divertiu tal colocação. Eita, estou sem nada na cabeça para dizer. O ar está ligado, a tarde cai, penso no anjo e mandei uma mensagem para a sua homônima, pedindo que lesse as minhas mensagens. Não sei se o fará, sei que é o máximo que posso fazer.


16h24. Minha mãe chegou e me intimou a ir ao shopping com ela hoje. Um cara me alertou que a homônima do anjo é um perfil fake. O que me faz suspeitar do anjo também. Sei lá. Sou muito ingênuo em termos de internet. Voltarei a falar com o meu anjo no domingo, assim que souber quem será o novo presidente, como prometido. Ela tem curtido as minhas fotos. Todas as que publico. Não sei. Sigo acreditando por falta de crença mais sólida. Essa eu sei ser demasiado vaporosa, mas é a que tenho. Por ora. Acabei de olhar o Tinder e parei numa moça de 20 anos até jeitosa que se diz “apaixonada por Homens Mais velhos”. Vou esperar até ter superlikes de novo para mandar-lhe um. É balconista e isso não me incomoda. Quem sabe a sorte não me sorri aí? Quem sabe não é ela que vai acabar com a minha solidão? Estou criando expectativas muito altas. Melhor baixar o facho. Mas ela não é de se jogar fora. Não sei quanto tempo o Tinder vai demorar para me conceder os superlikes, mas não tirarei de seu perfil até que aconteça. Ansiedade. Sou um cara ansioso e imediatista vivendo em tempos ansiosos e imediatistas. É a era do agora ou nunca. Acho que exagero, mas também acho que a internet e a informática de forma geral trouxe esse senso de urgência e velocidade que antes não existia. Eita, já entrei na quarta página. É revisar e postar. Acompanhe o que vai se dar em relação à garota no próximo post. Como se isso lhe interessasse. Hahaha.   

terça-feira, 23 de outubro de 2018

BRANCO, PRETO E CINZAS



21h16. Falei com o meu amado irmão, sempre me faz um bem enorme. Aparentemente iremos a Areias quando ele vier no final do ano, possivelmente com Maria e poderemos, enfim, levar as cinzas de papai para jogar na maré de Macau. Estou sem saber o que dizer e sem vontade de dizer. Vou bisbilhotar a internet.

21h32. Nada de interessante. Aliás, só uma garota de cabelos azuis que é de Recife e está no Adote um Cara, mas que não apareceu no aplicativo quando o reinstalei. Deixa para lá. Estava começando a me bater um tédio, então voltei para cá, meu porto seguro, minha salvação, meu ofício que amo. Não tenho nada a dizer, por que será? Sinto uma conexão maior com o maravilhoso mundo dos bonecos. Há tempos não sentia.

22h03. Estive mergulhado no maravilhoso mundo dos bonecos até que enchi o saco. A paz do post anterior me abandonou. Sinto que cada vez significo menos. Não só para mim, mas especialmente para os demais. Eu me esvazio de conteúdo, de coisas novas, de vivências. Meu irmão ficou feliz que estou entrando em apps de relacionamento, confessei-lhe que não tenho dado muita sorte. Para que escrever? Para que dizer da minha miséria afetiva? Em que isso vai me ajudar, em que vai mudar alguma coisa? É só pela catarse do desabafo? Acredito que sim. Só penso no anjo e na impossibilidade do anjo. Me dói não ser ideal como o anjo é para mim. Não desistirei. Ainda. Mas, como em relação à campanha eleitoral, as coisas já estão virtualmente decididas e são contrárias ao meu desejo. Não me espantaria nada, Bolsonaro dar um golpe de estado. Bom, o que será, será.

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14h06. Sem a mínima disposição de ir para Ju, mas irei. O país está doente. Ou já era doente e agora os sintomas irromperam. Estamos longe de ser uma nação civilizada. Apostamos numa “moralização” do Estado. Os custos dessa suposta “moralização” cabe ao futuro revelar. Às vezes me parece uma moralização com gosto de sangue, sedenta de sangue, portanto uma moralização que fere, inclusive a democracia.

14h25. Pouco mais de meia-hora até entrar no banho. Preciso ver o programa de ontem de Bolsonaro.

14h41. Não achei e perdi o meu tempo na internet, li que ele declarou que vai caçar petistas e vermelhos, ou seja, a oposição. Isso não me soa lá muito democrático ou constitucional. Bom, espero que sejam palavras vazias, como ele diz que todos os seus depoimentos passados foram.

14h53. A hora de tomar banho se aproxima, galopante. Não estou com saco para nada hoje, essa é uma sensação que se apresenta repetidamente nos últimos dias. Não me desagrada, porém não convém hoje. Queria ficar aqui escrevendo, tomando café e Coca, ouvindo música, que ainda não coloquei. Não terei tempo para isso agora. Quando voltar de Ju. Não sei o que dizer a ela. Vou olhar o Tinder.

15h03. Nada que tenha feito os meus olhos brilharem, mas dei um superlike em uma. Preciso tomar banho. Antes, preciso tomar coragem. Estou satisfeito com a vida por me apresentar poucas, mas grandes contrariedades. Estou com medo da censura de Bolsonaro e de ser uma de suas vítimas.

17h32. O que ficou de mais marcante da minha consulta com Ju foi justamente a declaração final dela: “tenho muito carinho por tu”. Me calou bem e profundamente. Me fez muito bem, o que demonstra a enorme carência afetiva a que me submeto. Eu poderia amar Ju, acho que seria fácil e bom. Mas não vou misturar as coisas pois não devem ser misturadas. Nem sei bem o que digo, estou com uma dor chata nas costas que me impede de me concentrar propriamente.

17h49. Estou sem saco de escrever.

19h43. Estava vendo um programa que meu irmão JP, aniversariando hoje, me mandou. Sem comentários porque não estou com paciência para eles. A dor nas minhas costas me incomoda, tenho que caminhar muito lentamente para minimizá-la e só com algum tempo em pé a coisa melhora um pouco. Estou ficando velho, isso jamais aconteceria aos meus 18 anos. Ficar velho me assusta, a velhice sempre me foi assustadora e torna-se ainda mais quando vejo como se apodera da minha mãe, debilitando-a. Tomei um Dorflex dado pela fantástica faxineira, mas acho que ainda não fez efeito, ou se fez, não foi muito grande. Queria muito mandar uma mensagem para o anjo do Tinder.

21h04. Minha mãe chegou, disse que vai botar uma compressa de água morna para eu deitar em cima. Minhas costas estão demais. Se for como da primeira vez que ocorreu, vou passar uma semana sentindo essa dor. Coisas da vida, é aceitar e suportar. Mandei o discurso de Bolsonaro para a minha mãe ler. Não sei se o fará. Tanto faz, em verdade. Eu pelo menos dormirei com dor nas costas e a consciência limpa de não ter apoiado o ser. Queria tanto falar com o anjo, mas esperarei. Tenho todo tempo que a existência me concede. A frase de Ju ainda ecoa dentro de mim e ter vindo quando falo do meu lado afetivo é estranho e errado. Pensei em mandar um WhatsApp dizendo que o carinho é recíproco, mas não o farei, não sei que interpretação ela teria e não quero abrir margens. É algo desnecessário em nossa relação. Não estou com vontade de escrever, acho que vou comer e me deitar. Não quero isso também. Não ainda.

21h39. Interessante como a dor atrapalha o raciocínio, o constante desconforto, meu corpo gritando que não é mais o que costumava ser.

22h37. A Gatinha me ligou. Foi bom, é bom ouvi-la, sabê-la, sempre. Estou mais despretensioso em relação a vida, já não me importa mais ser escritor, importa apenas escrever. Se é válido ou lixo não cabe a mim julgar, nem me importa mais o julgamento alheio. Tenho em minha cabeça que nunca serei publicado e tal constatação já não me afeta ou frustra como antigamente. Em verdade tenho vergonha de como me apresento no Diário do Manicômio. Talvez hoje seja um pouco mais do que fui, devo ser, errar e reconhecer os erros é crescer. Acho que consegui rever alguns e não mais os cometo. Não sou uma pessoa exemplar, longe disso, nunca o serei, mas estou contente com a minha humilde pequenez. Queria muito, muito, muito ter uma namorada jovem, gata e legal, mas eu não sou jovem gato e não sei se sou legal, logo a probabilidade de isso acontecer é mínima. Nas redes sociais quase tudo é política e toda a luta da esquerda é em vão. Pelo menos teremos a consciência limpa de que tentamos e alertamos, restar-nos-á sofrer as consequências. O que mais me dói não é o que fará à democracia e aos brasileiros, mas o que objetiva fazer contra a Mãe Natureza, um dano que será irreparável, irresponsável e burro. Nossa, que desastre.

23h20. Cansei de política por hoje, já tive a minha avalanche de notícias e contranotícias. Aceitação, acho que estou nessa fase agora. Aceitando a vida como ela é. E sendo extremamente grato por ser assim comigo. Acho que o meu lugar no mundo, que é muito peculiar e muito meu, valeu todo o sofrimento pregresso pelo qual passei e me submeti. Estar livre da depressão, da escravidão do trabalho, podendo me dedicar ao meu ofício que tanto amo e que não me remunera economicamente, mas me recompensa das demais formas, é sem dúvida uma existência abençoada. Apesar da dor nas costas, apesar de Bolsonaro, apesar de não ter uma namorada e de abdicar da vida social (não alcanço e cada vez mais distante fica), apesar desses pesares, gosto de quem vou me tornando, gosto de ser e de estar no mundo. Não tenho lá muitas convicções ou opiniões formadas acerca das coisas dos homens e elas não me interessam e se interessam, interessam cada vez menos. Me fecho em mim, me tranco na minha gaiola – o quarto-ilha – onde posso ser completamente livre através do meu texto.

23h46. Vi as top do Tinder e havia um par de mulheres deformadas de tanta malhação, negócio horrível, não me atrai nem um pouco. Eu não vou mentir, o anjo não me sai da cabeça. Pode ser que outra surja, mas eu já desenvolvi afeto por ela. Acho ela especial. Em verdade, acho que é uma patricinha de Boa Viagem sem muita coisa na cabeça, mas é absolutamente linda e parece ser alegre, ter a alma leve e fresca, do frescor que só a juventude proporciona. Ela me encanta. Eu que também sou um desmiolado sem muito na cabeça. Outra coisa que não me sai da cabeça é a liberação do desmatamento da Amazônia pelo odioso. É de uma estupidez tão desmensurada que me faltam palavras, é inconcebível. E pode se tornar um fato.

-x-x-x-x-

12h11. Depois de devidamente acordado pela minha dose matinal de café e nicotina, venho me pôr à disposição das palavras. A dor nas costas melhorou sensivelmente, mas está longe da normalidade. Acordei pensando em garotas. A declaração de Ju ainda encontra eco em meu peito, acho que pela imensidão da minha carência. Mas não posso nem vou confundir as coisas. Mal começo e já me encontro sem assunto.

13h22. Postei um monte agora no Facebook para protestar sobre Bolsonaro. É uma situação calamitosa a que vivemos.

14h27. Fiz um elogio sincero à Portuguesinha, gosto de fazer elogios sinceros às pessoas, por outro lado, tenho imensa dificuldade em fazer críticas, não me sinto autorizado ou com envergadura moral para criticar ninguém. Acompanhar ciberneticamente o dia-a-dia da Portuguesinha é algo que me traz enorme satisfação, me dá a falsa sensação de proximidade e me deixo iludir por isso.


16h08. Embebido na política novamente. É a campanha de mais baixo nível que já presenciei, o que demonstra o nosso nível de civilidade. Estou com vergonha do Brasil, não o reconheço como a pátria que eu amo, a mim me parece um monstro desfigurado moralmente. Mas sou um ser ignorante politicamente, não entendo de política e acho uma profissão ingrata no país. Sigo acreditando que é preciso ter uma alma muito nobre para não se corromper com o poder. Eu não sei se eu teria essa lisura de caráter, creio que não, tendo em vista todos os malfeitos que já cometi em minha vida. Sou uma pessoa um pouco diferente hoje, é verdade, e seguirei me lapidando no que for capaz, mas não afasto de mim o risco de ser corruptível. Minha reputação não é nada ilibada e cometi diversas atrocidades morais das quais me arrependo e que não pretendo repetir, mas cuja própria existência deixa margens para novos erros. Não quero poder para além do que é meu e de mim. Até gostaria de ter o poder de seduzir uma garota que me interesse (e penso logo no anjo do Tinder), mas aí paira a minha incompetência social com o sexo oposto. E como sou incompetente nesse aspecto e como me é custosa tal incompetência. O preço é a solidão. Pago reclamando o mínimo que posso e não tenho outro a quem cobrar senão a mim mesmo pelo meu absoluto fracasso. Me conforto está em já ter amado muito e profundamente e de ter experimentado todos os ônus e os bônus do amor. Amei. Posso dizer com absoluta convicção. Absorvi e compreendi o amor, sei o que é, do que se trata, o que traz e o que deixa. E acabou-se a terceira página. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

DIA DE CASA ASTRAL

Na entrada da Casa Astral. They shall not pass!


23h46. Fui à Casa Astral, passei um tempo mandando umas mensagens para o anjo do Tinder porque não tinha nada melhor para fazer, até que encontrei amigos e o surreal aconteceu: o celular bloqueou ou reportou o anjo do Tinder. Acredito que ela ache que foi intencional, fato é que viu as minhas primeiras mensagens e depois me ignorou. Falei um monte em vão. Cheguei a me rebaixar e me humilhar até perceber que eu precisava ter um mínimo de dignidade e deixar o desespero de lado. Ela nunca quis nada comigo mesmo, mas acho que havíamos construído um bonito vínculo de amizade e admiração que, nos meus sonhos idiotas, como se deu com todos os poucos relacionamentos que tive, poderia vir a desabrochar em amor. Ela nunca me deu esperanças, nem sequer indícios, era ou é, sei lá, só esperança boba do meu coração indomável.

1h39. Não há nada que eu possa fazer, fiz o que podia. Eu não consigo entender como a porra do celular fez isso. Ou talvez ela tenha me bloqueado. Realmente não sei. O acaso-destino jogou contra o meu principal desejo, impossibilitando-o. Ainda custo a entender. Parece alguma quizomba, mau-olhado, macumba. Parece que a solidão me acorrenta e usa truques ardilosos para me ter como seu companheiro inseparável. Dói, como as injustiças doem. Ser punido sem ter feito nada, inocente, é muito cruel e sinto na pele o sofrimento de todos os injustiçados. A revolta de receber uma pena sem ter cometido crime algum. A vida segue, agora mais triste e vazia do que fora horas atrás. Antes, eu tinha o acalento de poder trocar todos os dias algumas poucas palavras com o anjo do Tinder, era a maior alegria da minha vida desde que a conheci. Ela é a melhor coisa que me aconteceu desde a Portuguesinha. Ainda tinha o encantamento de ver novas e lindas imagens da perfeição feminina no seu Instagram. Tudo perdido da forma mais surreal possível. Se fosse místico, veria isso como um sinal de que o caminho não era esse, mas sou materialista, não acredito em tais asneiras.

1h56. Ela finalmente viu as mensagens, não sei que decisão vai tomar, poderá achar melhor se ver livre logo de mim, um chato a menos em sua vida. Talvez pense assim, não sei.

2h13. Ela leu e não me adicionou ainda, mas eu admito que a esperança encontra solo fértil em meu peito.

2h49. Não me segurei e mandei mais algumas mensagens. Ela não mais olhou. Nossa, como queria ter meu anjinho de volta. Minha vida é sem graça sem ela. Ela fica na zona de intersecção entre paixão platônica, amizade e paquera. É o que de mais concreto tenho. É pouco eu sei, mas em comparação com paixões puramente platônicas é um avanço. Pequeno, frágil, mas um avanço. Ela me dar um pouquinho de atenção todos os dias são gotas de felicidade que despeja no rio da minha vida e que transformam o sabor dela, tal qual essência de baunilha.

3h15. Ela viu minhas novas mensagens. Mas ainda não me adicionou nem falou nada. Acho que vai acabar dando o braço a torcer. Tomara. Mandei mais uma.

21h17. Fui à Vila Edna acompanhar a apuração de lá. Foi bom, animado e assustador. Quase, por muito pouco, aquele ser despreparado e carregado de todo tipo de preconceito leva no primeiro turno. Agora, com o segundo turno, haverá debates e vamos ver como ele se sai sem ter propostas construtivas para o país. Tenho medo do antipetismo infelizmente.

21h32. Me perdi no Instagram. Não sei o que dizer, espero desesperançoso um contato do meu anjo. Ela não quer me aceitar no Instagram ainda. Não acredito ainda no que aconteceu. Como uma merda desse pôde se dar comigo? Não consigo aceitar. Bom ela pelo menos me lê, isso me faz bem, que isso...

23h17. Estou de volta do meu encontro com o meu amigo da piscina, onde debatemos...

23h33. Me deixa com a pulga na orelha a cena que eu presenciei: meu padrasto lecionando para a minha mãe a aula que ela deve dar no outro dia. Na minha cabeça, mamãe está mais do que capacitada academicamente para compreender o assunto, então o que há de errado na cabeça dela que a impede de fazê-lo a ponto de pedir uma aula ao meu padrasto? Acho que vou jogar Uncharted 3 daqui a pouco. Agora estou curtindo Alice in Chains. Contei para o anjo o ocorrido comigo e meus planos literários, um dia ela lê.

0h01. Ela me aceitou de volta e voltou a falar comigo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

1h24. Eu passei esse tempo fazendo um monte de coisas, bem, não muitas, mas uma em especial me tomou tempo, o post de agradecimento que coloquei no Instagram. Fiz no Corel e estou enferrujado na ferramenta. Felizmente também estou menos perfeccionista a respeito do resultado, sou limitado em design visual, não tenho o dom. Eis o resultado.

Eu pagando de bobo e sem vergonha do papelão. Não sei por que achei que a cor
predileta dela é azul...



É, eu me prestei a isso, mas acho que demonstra a minha gratidão e a importância que ela tem na minha vida. É ridículo, eu sei, mas citando vagamente o poeta, não seriam provas de afeto se não fossem ridículas. Não ouso nomear o que sinto por ela de amor, pois sei que há várias etapas para se chegar a ele. Enquanto fumava o cigarro no hall, no comitê em frente à janela funks tocavam e percebi que estou ficando velho, a música da nova geração me parece inapropriada, agressiva para os meus ouvidos, de uma pobreza poética e melódica impensáveis no meu tempo de música de massa. Era um tal de “senta na piroca”, “enfia o dedo no cuzinho” e o ápice para mim foi quando a música dizia “toma! Toma! Toma!”e um coro feminino das pessoas reunidas para ouvir aquilo, gritava “caralho!”. Vendo pelo lado bom, percebe-se que a mulher ganhou mais poder para expressar sua sexualidade, ela é aberta e aceita, sem castidades. Talvez toda a geração do anjo seja aberta sexualmente. Espero que hajam os que namorem fixo o suficiente para procriar ou seremos extintos! Hahaha.

1h58. Fui fumar um cigarro e fiquei a pensar sobre as eleições e me veio uma frase que acabo de postar no Facebook: “Para os que querem ver o circo pegar fogo, cuidado para não se queimarem; lembro que somos todos palhaços dentro dele”. Eu achei legal e postei. A vida é minha, assim como a opinião e o espaço cibernético, então dane-se, eu sou assim e ninguém tem nada com isso. Demorei anos, a minha vida inteira entender, aceitar e praticar isso. Me dá maior prazer ter posse dessa constatação. Eu sou maior de idade, eu posso fazer tudo o que quiser desde que não desrespeite ou prejudique o próximo.

2h17. Fui fumar mais um cigarro. Pensei em soluções para a saúde, mas a única que eu tive era dar plano de saúde a todos que não tem, desativar o sistema de saúde e o governo só oferecer medicina preventiva. Mas acho que isso não tem pé nem cabeça e deve custar caríssimo. Além de não funcionar no interior. Perdoe a alma ignorante que lhe escreve. A coisa que mais quero ver é o debate dos candidatos à presidência. Muito curioso mesmo.

-x-x-x-x-

13h37. Acordei com dois pensamentos na cabeça, o anjo do Tinder e o segundo turno. Meu amigo de Lisboa acredita que Bolsonaro vai continuar evitando os debates alegando problemas de saúde. O meu amigo da piscina, bolsonarista, acredita que ele precisa desse confronto. Eu acredito que os brasileiros precisam desse confronto, inclusive os que apoiam Bolsonaro, embora estejam cegos e votarão nele independentemente de qualquer coisa. Se ele não for, pode ser que os que estejam indecisos vejam isso como um ato de covardia e vazio político e acabem migrando para Haddad, que precisa descolar sua imagem o máximo do partido. Mas, sinceramente, acho que não tem jeito. O bolsonarismo vai ganhar. Pessoas esclarecidas, do meu convívio mais íntimo votaram nele para o meu terror. Eu respeito todas as posições, não me julgo dono da verdade, e o meu amor por elas vai além das minhas convicções políticas. Não gosto de alimentar o ódio, pois é um sentimento corrosivo e destrutivo. Não gosto de sentir ódio nem ser vítima dele. Pobre do meu país querido e amado. Por falar em querido e amado, o anjo do Tinder me respondeu, dizendo qual a grafia correta de seu nome. Ainda não cliquei para olhar porque sempre deixo o melhor por último. Sou assim desde criança. Vou ao banheiro, fumar um cigarro e me dedicar ao meu anjo um pouquinho.

14h38. Esqueci que tinha terapia hoje. Nem sei sobre o que falar, obviamente que o meu anjo vai surgir na sessão. Assim como o trágico fim da garota do Instagram. Mas, em verdade, embora fosse um bom partido, eu já estava encantado pelo meu anjinho. E quando minha alma se encanta por uma pessoa, assim como acontece com as demais coisas, especialmente com bonecos, quando “dá o clique”, eu faço o máximo de mim para conquistar. Sei que com o anjo a estrada é longa, talvez mais de ano, ou anos, mas é um investimento que vale muito a pena para mim. É o único investimento que vale a pena afetivamente. Embora saiba que eu nem chego a ser uma possibilidade para ela. O tabu da idade é muito pesado e é preciso mais maturidade para enfrentá-lo. Por ora me dou satisfeito em tê-la na minha vida como uma querida amiga, mesmo que praticamente desconhecida para mim. Ela, por algum receio, que eu acho válido, dificilmente se abre comigo, ainda não confia em mim o suficiente e não sei como fazer para mostrar a ela que tudo o que quero é o seu bem. Ela, por outro lado, sabe muito da minha vida, compartilho até segredos, porque confio nela. Acho que pactuamos uma base bem legal e sadia para a nossa relação. Daqui a pouco preciso tomar banho para enfrentar uma sessão com Ju.


15h15. Não vai dar mais tempo de tomar banho, droga. Vou ter que lavar o rosto, botar um perfume e ir. Com minha roupa mais confortável porque gosto de estar o mais à vontade possível nesse encontro que para mim é tão importante. O pai da Vila Edna disse que vai imprimir o livro em papel para ler. Nossa, estou com medo disso. É uma narrativa muito reveladora de um período conturbado da minha vida, um momento de crise. Em que me agarrei a um controverso platonismo para tornar os meus dias mais suportáveis. É por causa desse período, em grande parte, que vejo o anjo como um acontecimento tão precioso em minha vida. Um passo adiante, uma proposta diferente e mais válida. Minha mãe recebeu um casal de professores aqui em Recife, ela era mais nova do que eu e ele tinha 75 anos, se amando e se dando muito bem. Fiquei surpreso com a diferença de idade de mais de trinta anos, mas acho que o amor não tem idade. Toda maneira de amor vale a pena, toda maneira de amor vale amar, como disse o poeta. Um exemplo de que o que importa é afeto, carinho, respeito, admiração e, claro, desejo, para que uma relação vingue. A idade não entra na receita. Eita, finalmente acabou-se a terceira página e preciso ir para Ju. Quando chegar, reviso, posto e reparto com o anjo.  

GRRRR! Lol.

sábado, 6 de outubro de 2018

ANJO DO TINDER



11h41. Madruguei hoje e já mandei bom dia para o anjo do Tinder, repartindo um pouco da minha vida com ela. Não sei por que faço isso. Acho que porque gosto realmente da figurinha. Ela me encanta. Quem sabe quando tiver 25 anos e mais maturidade, depois de ter vivido mais do amor e suas desilusões, for mais dona de si, menos menina e mais mulher não me dê uma chance? Esperar quatro anos por uma chance? Esperaria, já esperei dez para encontrá-la. Esperar não é bem o termo, pois tentei sair da solidão como me foi possível e não logrei êxito. Acredito que seus pais, agora, a proibiriam de namorar comigo. Tenho certeza de que têm essa ascendência sobre ela, o que não acho equivocado da parte deles, minha mãe me chamou de “meu bebezão” para o aluno dela hoje mesmo. Me constrangeu profundamente e deu a dimensão exata de como me enxerga. Eu, aos 41 anos, ainda me submeto a muitas das vontades da minha mãe, que dirá o anjo do Tinder. Acabo de emprestar o Nintendo Switch a um amigo até o dia 19 de dezembro, visto que meu irmão chega dia 20 e decidi dar o console para os filhos dele. Meu amigo guarda esperança de que eu vá vender o console a ele, mas estou decidido a esse respeito. Não gosto de dizer não as pessoas, mas às vezes não tenho escolha. Virus versão remix passa, magnífica.

12h17. Dei uma olhada no Tinder e quem eu encontro? O anjo do Tinder. Dei um superlike só para tirar onda. Seu perfil está mais honesto agora, acho que ela me ouviu e isso me faz sentir especial para alguém que rapidamente se tornou muito especial para mim. Ela é a minha principal fonte de alegria, pena ser tão jovem e eu tão velho. As diferenças de idade, porém, vão se tornando cada vez menos relevantes à medida que o tempo passa. Mas a quem estou querendo enganar? Obviamente a quem eu sempre estou querendo enganar, a mim mesmo. E eu de idiota sempre consigo. Eu tenho esperança de algum dia encontrá-la pessoalmente, para um sorvete ou um cinema e a gente se dar bem. Não digo que nos apaixonemos, mas confirmaremos as boas impressões que temos um do outro. Novamente me engano. Não acho que ela se sinta segura e confortável de encontrar um aspirante a escritor, crianção e com idade para ser seu pai. Um “coroa”, na visão que acho que tem de mim. Logo eu que me recuso a crescer e me sentir adulto porque acho muito chato ser adulto. Estou trabalhando a questão da maturidade na terapia, tentando enxergar um lado bom em ser adulto. Gosto do anjo do Tinder justamente por ser meio “moleca”.

16h01. Acho que até o anjo do Tinder vai me abandonar. Eu tenho que introjetar que a minha sina a essa altura do campeonato é ficar só, já que não curto mulheres mais velhas, elas me intimidam, me metem medo e não me atraem. A gente se prometeu ser sempre amigo, ser sincero e respeitar o outro. Para mim esse acordo já está de bom tamanho. Se pudesse batia um papo com ela todos os dias, pois isso empresta um colorido especial à minha vida. Minha mãe estava me achando muito “ansioso” e me deu um ansiolítico. Em verdade ficou com raiva porque eu disse que ela estava muito esquecida e completamente desorganizada. Mãe às vezes é “maternal” demais. Nossa, que saudade do meu anjinho.

16h20. Disse que se visse minhas mensagens de Instagram me desse um oi pois precisava da minha dose diária dela para me sentir bem. Não digo que estou apaixonado, é um termo muito forte, que passou pela minha cabeça alguns dias atrás com mais intensidade, mas que não se manifesta hoje. Se ela é uma garota pela qual eu me apaixonaria? Sem a menor sombra de dúvida, a vida fica mais completa com a sua presença. Nossa, como queria saber o seu cheiro, ouvir sua voz, como queria sentir sua mão entrelaçada à minha, poder abraçá-la, ah, se pudesse queria tudo, mas nada é o que terei. Me contento, entretanto, com a troca de mensagens porque me faz realmente mais feliz. Se ela soubesse a diferença que faz na minha vida, mas não sabe e não compreenderia. À minha nova musa, se continuar sozinho até depois da reforma do meu quarto em janeiro do ano que vem, o que é quase um fato consumado, e se continuarmos mantendo contato até lá, peço um a foto em alta, uma que ela achar legal, para revelar e botar aqui na minha bancada. Não sei se ela vai concordar com isso. Bem, o futuro a deus pertence. Quem sabe eu não encontre alguém antes? Piada. Acho que vou para o forró do Poço no sábado sei lá por que se nem dançar eu danço. Acho que porque gosto da Casa Astral e porque desde que meu primo-irmão assumiu o novo emprego só saí para o show de Caetano. Pensei em ir para o de Sandy, mas estava muito caro. O lusco-fusco não me deixa ver as letras no teclado ao qual ainda não me acostumei. Vou acender.

17h18. Aproveitei para encher o refil de Coca e fumar um cigarro. Acredite ou não, caro(a) leitor(a), me passou pela cabeça desistir do meu maior vício – o cigarro – por ela. Tipo promessa que se faz para santo. É muita babaquice mesmo. Até porque acho que uma pessoa tem que aceitar a outra como é, não sair reprimindo e cagando regras para o outro. Acho que quem começa assim, já começa mal. Mas me cruzou pela cabeça o sacrifício pela felicidade maior de tê-la de forma efetiva na minha vida. Acho que não conseguiria parar de fumar, é um hábito que está muito arraigado em mim e que me dá muito prazer. Carrego-o desde os 16 anos, o que, acabei de perceber, significa que completei bodas de prata com o cigarro este ano. Minha relação mais duradoura sem sombra de dúvida! Hahaha.

Inesperado e bem a calhar: colocaram um cinzeiro onde fumo na escada. Massa!
Assim não sujo o chão de cinzas. Queria saber quem tomou a iniciativa.


18h54. Nada do anjo do Tinder, mas não me estresso, ela não me deve nada, nem atenção. Mas juro, do fundo do meu coração, que não queria perder o contato com ela nunca. É algo, bem dizer, terapêutico. Enche minha alma de um sentimento bom quando ela dedica um tempinho para mim. Considero uma pessoa especial na minha vida. E me parece uma pessoa disposta a aprender, que não se acha dona da verdade. Isso é uma grande qualidade. Confessei do meu novo platonismo à Portuguesinha, outra figura extraordinária que conheci e como o leitor mais usual sabe namora e mora com o namorado. Tornou-se uma espécie de conselheira pessoal e cinematográfica. É certamente uma garota para agarrar e não soltar mais; preciosa. Mas já tem seu par que certamente não a deixará escapar. São muito apaixonados um pelo outro o que acho belo e virtuoso. Só falta a minha chance de ser feliz outra vez acontecer. Enquanto não acontece, vivo de migalhas de alegria de uma figurinha que me vê de uma forma equivocada, me achando mais maduro do que realmente sou. Fato é que estou encantado por ela e isso enche meu peito de uma coisa bonita, de um carinho imenso. A garota do Instagram não conseguiu despertar isso em mim não sei por que cargas d’água. Para mim era bonita e só. Bem bonita, por sinal. No começo pareceu uma figura interessante e cuca aberta, mas o seu descaso comigo foi tanto que me desencantei e até desconfiei ser um perfil fake. É provável que me apaixonasse por ela, fora dada a oportunidade (que exterminei). Bom, não era para ser, não foi e agora nunca será. Eu lido com o que é e o que é parece ser o desprezo do anjo do Tinder também.

20h41. Comentei com a Portuguesinha sobre o anjo do Tinder e sua impossibilidade. Embora tenha apenas 26, a minha amiga achou grande a diferença de idade. Parece que sou o único que não se incomoda com isso. A garota do Instagram pareceu não se incomodar as well, visto que também tinha 21. Mas a garota do Instagram é uma pessoa que cortou o contato comigo. O anjo do Tinder viu minhas mensagens e nada comentou. Nossa, como queria não perdê-la mesmo que apenas – o que em verdade não é pouco – como amiga. Para trocar conselhos, novidades, para trocar qualquer coisa, enfim. Acho que eu pareço um louco desesperado e carente. Em se considerando que, de perto, ninguém é normal, os outros dois adjetivos também são verdadeiros. Hahaha. Eu sou uma pessoa que guarda tanto afeto, mas tanto afeto para dar que muitas vezes dói, parece um desperdício. Não acredito que passarei o resto da minha vida inteira só. Me alimentando de sonhos que nunca se realizam. É alimento pouco para uma alma humana que transborda amor. Estou praticamente conformado com isso, vivo muito isolado, eu e meu computador no meu quarto-ilha onde sou náufrago de mim mesmo. Eu sou um Titanic afetivo, um grande fracasso que não combina com os padrões imediatistas de hoje. Acho que não há solução para mim. Não vejo, nem sei onde procurar, tentei o Tinder, vou na Casa Astral amanhã, mas o máximo que consegui foi a amizade do anjo do Tinder e que dificilmente passará disso. Às vezes penso que foi alguma macumba que a minha ex-madrasta jogou em mim, mas não creio nessas crendices. Acho que é por escolher demais e quem eu escolho não me escolhe de volta. Lembro de um dizer que minha professora de primário uma vez soltou depois da aula: “quem muito escolhe, a merda recolhe”. E eu não recolhi merda nenhuma. Não vou negar que já tive a minha parcela de amor e paixão, mas foi muito pouca e esparsa. É certo que prezo pela qualidade que pela quantidade e nisso fui extremamente bem-sucedido, mas eu mereceria uma quantidade um pouco maior. Eu não quero mal a ninguém, não gosto de carregar sentimentos ruins; as mágoas, logo as esqueço, a dor que me causam é passageira. E perdoo, pois bem sei que todos no mundo só estão tentando ser felizes como eu, daqui, tento.

22h04. O anjo do Tinder me respondeu. Uma frase apenas, mas isso já me fez mais feliz. A esperança de que possamos bater um pequeno papo irrompe em meu peito. Não deveria, pois a probabilidade é pequena. Ela me faz bem, isso é fato. É fato que não gostaria de perder nunca o contato com ela. Cada cabeça é um mundo, entretanto.

23h10. Perguntei-lhe o que acha a meu respeito, o que pensa de mim. Estou curiosíssimo com a resposta. Pedi-lhe a honestidade e sinceridade que pactuamos serem basilares na nossa relação.

23h43. Ela visualizou a pergunta mas não respondeu até agora.

0h07. Não acredito que ela vá me deixar sem resposta. Aliás, acredito plenamente.

0h51. Nada de resposta. Não virá, o que significa, na minha opinião que me acha um cara tão errado, tão nada a ver que preferiu calar. Nossa, como isso me entristece. Tenho vergonha de mim no momento. Vou revisar e postar isso, estou com sono e não acho que resposta virá hoje. Ou algum dia. Vida, você às vezes exagera na dose comigo, excessivamente má. Ou eu exagero na dose comigo mesmo, sabe-se lá.  

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

ALERTA


“Eu sou o herói só Deus e eu sabemos como dói”
Caetano Veloso

Ontem passei umas boas duas horas em depressão. Não sei por que veio ou como passou. Sei apenas que é um sofrimento existencial tão intenso que chega a ser físico, que se sente no corpo, não apenas nas abstrações da mente. Não é uma dor física, mas algo oprimindo o corpo, apertando o peito, é terrível. E não tem causa, explicação, motivo. Confesso que fiquei desesperado acreditando que não iria passar e que não me sentia emocionalmente ou racionalmente preparado para enfrentar isso de novo. Pensava que nunca mais experimentaria tal angústia novamente. Estou com medo. Agora eu sei a diferença da depressão para a tristeza e melancolia apenas.

-x-x-x-x-

16h00. Não ando bem essa semana. Não sinto nem vontade de escrever aqui. Isso me preocupa. Não há nada de errado com a minha vida eu é que estou completamente errado, todo o meu sofrimento decorre das minhas escolhas e do desamor que tenho pelo pouco que sou. Queria compor um post para o blog de bonecos, afinal sempre posto nas quartas-feiras, mas não tenho assunto ou interesse. Fiz um café para mim, estou sem Coca, e foi algo diferente que me ajudou a fugir do tédio que me assola. Há tantas contradições dentro de mim. Eu queria simplesmente gostar ou estar em paz com quem eu sou, mas não sou capaz disso. Não sei nem por onde começar. Há algo muito profundo, antigo, arraigado no meu eu que não imagino como descolar de mim. Todo e qualquer aspecto de mim me traz desgosto. Eu não me sinto merecedor da vida que tenho tampouco quero abrir mão dela. O isolamento é pesadíssimo, mas não quero encontrar com ninguém. Sinto-me culpado e não cesso de fazer coisas que me incutem mais culpa. Eu me sinto culpado de ser eu. Julgado e condenado a ser eu. Julgado por mim mesmo. Eu olho para o meu irmão, a pessoa que mais amo e admiro no mundo, e isso, além de me provocar tremendo afeto, me diminui enormemente. Ele é sobrenaturalmente bom, eu sou sobrenaturalmente odioso. Eu sou o inverso das expectativas que meu pai tinha a meu respeito. Eu fiz quase tudo errado e fracassei em absolutamente tudo. Eu me vejo como uma aberração, não há melhor definição. Ademais sou um inútil que não quer ser útil. Eu penso na enormidade de recursos que roubo da existência para manter a minha própria e acho um completo desperdício. Em nada acrescento ao mundo. Nada dou em troca do que tomo. E mesmo assim recebo e não paro de receber. Sei que a minha morte ainda tarda, então essa troca injusta com o mundo ainda continuará por bastante tempo. O mais curioso é que não quero mudar o meu modo de vida, não tenho motivação para isso. Não tenho interesse e, mais, tenho medo. Só deus e o diabo sabem o que passei para alcançar a vida que agora tenho. Ela é tudo o que eu sonhei, o que mais desejei. Não ser escravo do estresse e das complexidades do trabalho e da vida adulta no geral, ser livre para escrever, o que achei ser o meu ideal de vida quando me encontrei sem saída outra que não a morte. Alcancei tudo o que queria, não quero perder nada disso. É extremamente precioso e querido para mim. Mas falta algo que não previa. O acaso/destino se encarregou de satisfazer todos os meus desejos. Mas a minha atual condição e tudo o que passei para chegar aqui me transformaram de uma forma inesperada. Vou parar de reclamar. Acho que a cafeína está fazendo seu efeito benéfico. Eu não olho para as fotografias de pessoas amadas que tenho no meu quarto. Me sinto culpado por isso. Me sinto culpado por não sentir, afora pelo meu irmão, afeto verdadeiro por mais ninguém. Talvez pela minha mãe e pela minha tia-mãe. E minhas paixões platônicas. Repassando as pessoas próximas na minha cabeça, vejo que exagero. Que guardo afeto por várias delas, só não sinto afeto suficiente. É tão duro dizer isso. Vou perdendo intimidade, a fluidez das interações já não existe para mim, tornou-se um líquido espesso o lidar com os demais. É necessário esforço e encaro interações sociais cada dia mais como obrigações às quais me forço para não sucumbir ao isolamento total. Queria muito não precisar ir fazer compras com mamãe. Ela me fez concordar em acompanhá-la ontem. Não gosto de fazer compras com ela. O único período em que gostei de fazer compras foi quando tive um lar com a Gatinha e comprávamos coisas para a nossa casa. Estou incomodado no momento. Por me revelar uma pessoa tão reles e fria. Por querer-me só para mim mesmo. Por desejar que ninguém venha me interromper, me tirar do quarto-ilha. Eu queria ter delicadeza nos gestos e toques, não ser essa coisa bruta e desengonçada. E trêmula. Tenho pensado muito em carma. Do ponto de vista de ter um carma que não compreendo. Carma para mim é folclore, mas me vem à mente. Penso que se continuo a receber as benesses do mundo é porque eu estou cumprindo o meu carma de acordo. Por mais que não se me afigure assim. Tanto faz, não existe carma. Eu dei muita sorte apenas. Eu sou extremamente sortudo. Sou constantemente abençoado pela vida. O Batman que comprei me incomoda. Mas não voltaria atrás na compra. Me incomoda o transtorno que darei a meu irmão. Eu só trago transtornos para as pessoas. A única a qual faço bem, aparentemente, é à portuguesinha. As minhas palavras pelo menos para isso servem, fazer bem a uma pessoa de bem, uma garota muito fixe que o acaso/destino me agraciou conhecer. Pensar nela me faz bem, me envergonha sobremaneira saber que lê essas verdades negras a meu respeito. Eu me percebo insensível para com o mundo ao mesmo passo que me sinto em carne viva, hipersensível por dentro. Odeio as minhas contradições. Eu sou a pessoa mais desprezível que jamais conheci. Me comparo sempre com os outros e em todas as esferas me considero menor, pior do que eles. A única coisa que tenho a mais do que elas são bonecas e o número de palavras digitadas. Coisas insignificantes, ridículas, que são minhas principais ocupações. Preciso levar a vida de alguma maneira. Não consigo só ficar sentado ou deitado a cismar, saindo para o hall para fumar um cigarro ou outro. Transformar as minhas cismas em palavras é melhor que nada fazer. Mergulhar no maravilhoso mundo dos bonecos é melhor que nada fazer. E pronto, eis a minha vida e todas as minhas atividades e ocupações.

17h37. Pelas minhas contas eu terei 15 estátuas de 1/4 e uma de 1/3 (o bendito Batman) para exibir no meu quarto, sem contar algumas dezenas de bonecas menores de PVC. Eis todo o espaço que disponho e que espero que a arquiteta tenha a capacidade de transformar para que toda a minha coleção caiba e, se possível sobre espaço para mais aquisições. Tarefa dificílima. Levando ainda em conta os filmes, games e livros que possuo. É o meu maior sonho material.








17h46. A minha memória já não é a mesma. Outra parte defeituosa de mim. É necessário ser algo realmente marcante ou muitas repetições para que eu memorize algo. Passo pela vida sem prestar atenção nas coisas, ensimesmado, nada se fixa.

-x-x-x-x-

16h28. Meu fabuloso irmão mandou-me ontem as medidas das bonecas que queria colocar à venda no eBay, o que ocupou meu tempo e me distraiu. Descobri hoje quando acordei que havia sido bloqueado do Facebook que uso para me comunicar com os colecionadores por ter divulgado “nudez”, no caso uma boneca que coloquei à venda na rede social. Sem poder interagir com eles, me sinto restrito em minhas opções, além de punido injustamente, tal puritanismo do Facebook me enerva, a nudez deveria ser encarada com algo natural. E até onde me constava só maiores de 18 anos podiam entrar nele. Bom, ainda restam 22 horas de bloqueio, me lembra um episódio de “Black Mirror” onde o condenado se torna invisível aos demais, situação curiosa. Ainda bem que tenho, com a ajuda indispensável do meu irmão, o eBay para me entreter.  

17h17. Acho que esta semana foi uma das piores que passei comigo mesmo em muitos anos. Não estou bem. Não estou absolutamente péssimo como na fugaz crise de depressão, mas rumino pensamentos negativos a meu respeito e um desencanto permanente com a minha vida. Como Ju me pontuou, parece que estou me enfiando num buraco para ver até onde ele vai dar, o quanto eu suporto. Mas não consigo vislumbrar caminho alternativo. Não vejo mais saída. Estou tentando o Tinder, mas sem interesse sincero por isso. Recebi apenas um “match” até agora que não me responde.

17h50. Sem saco para isso aqui. Sem saco para nada. Isso é um saco. Acho que vou escrever a proposta de entrevista para levar para o show de Caetano.

18h30. Acabei e acho que não ficou persuasiva at all. Hahaha. Veja e julgue.





18h32. Sábado tem encontro da minha família paterna na casa da minha tia-mãe. Uma saída socialmente menos hostil com grades possibilidades de ser aprazível. Não requer muito esforço para ir. O tipo de socialização que preciso. Ou que não recuso, não me gera repulsa, resistência. Nossa, como estou me sentindo mal por dentro. Não é nem um pouco legal me sentir assim. Esse sentimento me acompanha desde a minha última sessão com Ju, não sei sobre o que conversamos que me deixou tão para baixo. Sinto como se estivesse entrando em depressão. Espero que não seja. Tentarei não me entregar. Mas há algo de muito errado comigo. Minha amiga diretora disse que vai ligar para conversar comigo amanhã. Não queria falar por telefone com ela. Odeio falar por telefone. Mas confesso que estou curioso já que ela quer a minha opinião e especialmente a minha pelo modo de vida que levo. Estarei armado da minha sinceridade e honestidade e espero ajudá-la. Se pudesse contar tudo para ela. Mas não posso. E não vem ao caso. Acho que ela quer a minha opinião sobre o ostracismo em que vivo. Tudo o que mais quero hoje é beber Coca-Cola e café e fumar. O café acabou e a Coca rende mais um copo e meio, o que significa que terei de ir ao supermercado comprar. Tenho que me preparar para esse inevitável fato. Estou aliviado que já estou na terceira página. Troquei as tintas da impressora. Ela agora está funcionando e é com ela que imprimirei o meu ingresso para Caetano e a carta. As cartas. Preciso fazer uma sem os dizeres maiores para, caso ele não pegue a que jogarei em cima do palco, eu possa entregar a um segurança ou ao técnico de som para que entregue ao cantor.

19h08. Comi um donut de creme e isso me fez me sentir melhor. Aconteceu da mesma forma quando da crise de depressão que me assolou. Comi uns docinhos trazidos da casa da minha avó e aquilo me aliviou a alma. Acabou-se a terceira página, enfim.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

CONSUMISMOS



Novo game fotografado pelo novo celular.


Sem nada mais que me motive a alma, embora haja opções dentro do quarto-ilha (videogames e filmes), não me sinto disposto para nada e venho para este recanto escrever pois é o que de mais fácil há para fazer. A disposição para existir é fraca, sinto-me no limiar de uma depressão não fora o precioso equilíbrio químico dos remédios. A vida no maravilhoso mundo dos bonecos vai bem, tenho duas entrevistas entregues à espera da resposta dos entrevistados. Redigi um novo post ontem para lá tratando da incompreensão dos que me cercam para com o meu hobby. Começo a colocar enxertos pessoais no texto, o que é curioso e não sei se válido. Já me desnudo aqui, para que fazê-lo lá também? Minha miséria fica melhor confinada apenas nesse pouco acessado espaço. O livro me veio à cabeça agora, meu tio respondeu de uma forma relativamente animadora ou quis ver assim. Quando tiver o livro devidamente revisado mando para ele a versão definitiva e peço que lhe dê o devido destino. O que ele julgar melhor. O livro, por assim dizer, é em verdade um diário da minha internação no Manicômio, me lembra à cola, mas não de forma saudosa, ainda bem. Mas pensar na minha droga de preferência, indissociável do conteúdo da, por assim dizer, obra, nunca é bom. Estou escrevendo de forma muito truncada, deveria ser mais direto. Mas o desrespeito pelo leitor aqui impera, a minha vontade é absoluta nesse texto e ele segue como os meus pensamentos se sucedem. Minha mãe menciona com mais frequência a reforma do meu quarto, talvez saia. Meu novo celular já está no Brasil, na casa do sogro do meu irmão. Com ele veio também o último grande jogo lançado para PS3, “Persona 5”, o qual, tal como as coisas se encaminham em mim, nunca jogarei. A vida me parece demasiado longa, não era preciso tanto se é para viver apenas isso. Poderia revolucionar a minha vida, como quase qualquer ser humano pode, mas me falta ânimo ou razão para fazê-lo. A razão seria esse desgosto por existir, mas ele é suportável e não é o suficiente para operar tal transformação. Há a celebração oficial do aniversário do meu primo-irmão nesse sábado. Mais uma exposição a qual me dou sem a menor satisfação. Se bebesse ainda poderia talvez extrair daí algum prazer. Ou ser apenas ridículo e constrangedor para os demais, como era do meu feitio quando bebia. Bêbados são geralmente ridículos, mas eu era um tanto mais, eu ia além e me tornava patético. As ressacas morais ao saber do que havia feito durante a embriaguez eram terríveis. Ah, são 17h07. Talvez um dos entrevistados do blog de bonecos mande-me as suas respostas amanhã. Ella & Louis começam a tocar no som, que delícia. São 21h00 em Portugal, dentro de duas horas a portuguesinha estará largando para viver o restinho da sua vida nesse hoje português. Meu padrasto acaba de chegar. Isso me incomoda, mas não muito. Me incomoda unicamente por causa do cigarro. Do meu cigarro incomodando ele, digo. Minha mãe vai morrer algum dia e não sei o que se dará da minha vida depois dela. Soube que ela cogitou fazer o doutorado nos EUA à época, mas Maria foi absolutamente contra por ser analfabeta e não dominar a língua, o que significaria uma existência limitada e alienígena para ela. Mamãe cedeu à possibilidade de perdê-la e acabamos por ir parar em São Paulo. Quem eu seria caso tivesse tido essa vivência nos Estados Unidos? Certamente alguém bem diferente de quem sou hoje, visto que tal experiência impactaria todas as minhas decisões subsequentes ao evento. Fui saber dessa história quando da degustação do Chartreuse verde com mamãe. Preciso fazer algo diferente. Estou quase disposto a encarar o começo de Deus EX para PS3. Não encontro ainda vontade de assistir filmes. O dia se despede pela minha janela, já estou na penumbra aqui no quarto-ilha. Será que estaria disposto a viver todo o revés social decorrente da publicação do livro, caso meu tio operasse o feito de publicá-lo? Nesse momento em que me sinto esquecido pelos meus amigos, eu diria foda-se a eles e seguiria em frente com o projeto. O isolamento já existe e é sólido como rocha com ou sem livro. Não gosto da ideia de chocá-los e magoá-los, mas meu sonho pessoal sempre foi ser escritor. Desde a epifania drogado de cola. Quando não via saída nenhuma, nenhuma solução para a minha vida, num dos momentos mais baixos da minha existência, época de profunda depressão e desespero, me surgiu como uma luz de clareza absoluta que o meu destino seria escrever. Tudo na minha vida decorreu então em prol dessa epifania e finalmente a alcancei e confesso que limitar minha vida a isso, embora seja algo que faça com extrema facilidade e prazer, não é o bastante, como imaginava. Aliás, alcancei todas as minhas metas profissionais – não podia esperar ter total liberdade criativa e ainda esperar reconhecimento, isso seria demais, não o mereço – e mesmo assim, sinto que é tão pouco. Entra dia e sai dia e eu com os olhos grudados nessa tela. Eu criei um monstro de mim mesmo. Uma anomalia, eu sou socialmente desfigurado. Eu me sinto completamente fora dos padrões sociais e é difícil conviver em sociedade sob a égide de tal paradigma. E eu não sei mais ser de outra forma, eu me sinto desconfortável em sociedade mais das vezes. Afora as interações que tive na viagem, tudo para mim é teatro. Não quero estar ali, mas encarno o papel de estar gostando. O alívio de voltar ao quarto-ilha, à minha carapuça, é efêmero, entretanto. No entanto é aqui que me sinto menos pior e mais meu. Sou completamente meu dentro do meu quarto-ilha e essa autopossessão, se posso assim chama, me agrada e é preciosa. Em verdade, toda essa bobalhada teria solução se arrumasse alguém para dar carinho e conversar e criar intimidades as mais variadas. Uma namorada, enfim. Sonho distante que não vai passar disso se não fizer algum movimento a esse respeito.

17h54. Minha mãe chegou, aventou a possibilidade de ir comigo pegar o celular hoje à noite, quiçá comprar um isqueiro, pois o meu sumiu.

20h00. Mamãe decidiu que vai amanhã. Estou quase a convencendo a encomendar uma das bonecas. Preciso tratar disso e, por isso, abandonar essas palavras por um momento.

22h58. Foi mais do que um momento, bem sei. Muito da vida se desenrolou desde então, mas nada que mereça menção aqui. O que de mais diferente pensei é que queria que morrer fosse como uma dormência que vai tomando os membros até adormecer para nunca mais. Não é o mais alegres dos pensamentos nem me sinto a mais alegre das pessoas.

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20h08. Estou mais animado hoje, publiquei a entrevista com o colecionador, encomendei a boneca e achei meu isqueiro. Logo mais, mamãe virá me pegar para que vá buscar o celular na casa do sogro do meu irmão. As coisas que me incomodam não podem ser nomeadas aqui.

20h11. Minha mãe ontem falou do destino e da portuguesinha, do fato de ter encontrado uma garota tão bacana em outro país, no hotel em que ficamos (a priori íamos nos hospedar no do outro lado da rua) e desatou a elogiar ela. Bom partilharmos da mesma opinião. Falei com o meu irmão a respeito das figuras que quero vender e ele concordou em me ajudar.

2h54. Recebi uma nova mensagem da portuguesinha me traduzindo uma expressão muito louca do português de Portugal. Ela é adorável. E eu a adoro. Parece que está deixando o cabelo crescer. Não sei também se a foto de referência é recente. Acho que ela nunca vai me mandar as perguntas. De nuncas a minha vida está cheia. Estou feliz porque encomendei a boneca e pela resposta da portuguesinha. Acho que a boneca ainda vai me dar dor de cabeça, preciso amealhar logo os fundos.

3h11. Acho que através dos comentários do blog eu e a portuguesinha mantemos a distância e a proximidade mais confortáveis para ela e também para mim. Não saberia o que conversar por muito tempo com ela num chat de Facebook ou WhatsApp. Por falar em WhatsApp, peguei o meu novo celular! Já instalei tudo o que me veio à mente (pouquíssima coisa por sinal), mas estou uma vez mais conectado com o mundo. Espero que este celular dure. Estou meio temeroso de sair com ele na rua. Mas terei que encarar esse receio já neste sábado, comemoração oficial do aniversário do meu primo-irmão. Estou com a portuguesinha na cabeça porque acabei de ler o seu comentário à minha resposta. Gosto muito dela. Já deu para perceber, né? Muitas vezes, escrevo isso muito mais para ela que para mim mesmo. Noutras vezes tenho vergonha de como me revelo frágil e desenganado da vida diante dos seus olhos. Ainda bem que não me sinto assim no momento. Fui desleal em duas ocasiões hoje e a consciência pesa. Fui vencido pelo desejo. Mas isso não cabe aqui. Por um lado, acho justo, só não gostei dos métodos empregados, mas não divisei outros. O futuro dirá qual vai ser a minha pena. Não gosto de ser desleal, de jogar sujo, me constrange e me faz me sentir mais canalha do que me acho. Mas sem baixo-astral. A semana se encaminha para o seu fim. Estou de novo com Uber e câmera fotográfica, coisas que mais me fizeram falta nesse período sem celular. Pena ter perdido as fotos que tirei em Lisboa, imagens maravilhosas que vão evanescendo da minha memória. Fica mais a lembrança do que eu senti do que a visão que invadiu minha retina. Queria nunca perder contato com a portuguesinha. Eu leio tão afoita e ansiosamente os seus comentários que geralmente os entendo de forma incorreta. Isso é uma droga, gera ruído na comunicação. Meus horários estão completamente de pernas para o ar. Tenho um novo jogo de PS3 para jogar. Preciso agradecer ao tio da minha cunhada que trouxe o telemóvel (acho uma graça como chamam celular em Portugal e tão pertinente ao mesmo tempo) amanhã, sem falta. Tenho mais de mil mensagens de WhatsApp para ver, o que obviamente não farei. O WhatsApp começará para mim a partir de amanhã. O que passou, passou. Não sou muito de WhatsApp, embora seja apegado até demais ao passado. Não acho que isso é exagero meu, só me apego mais às coisas boas, que me são positivamente marcantes. Lembrei-me agora de meu pai morto no banheiro e de Poeira, a minha cadelinha, que tive de doar. Não são as melhores lembranças embora guarde ótimas recordações de ambos. Pessoas. Pessoas me marcam mais do que as demais coisas. Ou não. Sou bastante materialista também. Lembro de momentos inesquecíveis com videogames. Com revistas em quadrinho. Sei lá, nem sei do que trato ao certo. Acho que é o sono chegando. Ainda bem que já estou na terceira página. 3h53. Se minha mãe inventa de levantar vai ser um escândalo.

4h50. Já penso em não dormir mais, dar o virote, mas isso raramente me faz bem. Melhor dormir pouco, mas dormir algo. Vou acabar esse post publicar e me deito. Não falta muito. Minha mente é tomada por pensamentos materialistas e pela portuguesinha, hoje foi um dia de conquistas materiais (celular, jogo, boneca), além, é claro da entrevista com o colecionador que conta com nada menos que 750 peças em sua coleção. Só do Hulk tem praticamente umas vinte. Ou mais. A mim me basta o enorme busto que me faz companhia nessa longa madrugada. É o melhor. Não há outro. Meu amigo jurista está a passeio pelos EUA e viu que o R2-D2 que orna a entrada da Lucas Arts/Industrial Lights And Magic é em verdade uma peça da Sideshow, o que muito me surpreendeu, podendo eles usarem material das filmagens para decorar o ambiente. Tenho enorme apreço pela Sideshow. Toda a minha coleção de figuras de 1/4 e 1/5 são da Sideshow e são a nata do que possuo. Por sinal acho que vou vender o Boba Fett que eu comprei para financiar a minha nova aquisição. Preciso mandar um novo e-mail para o meu irmão, ou melhor, me comunicar com ele por WhatsApp nesse final de semana. Eita, tem o aniversário do meu primo no sábado e quer que eu chegue cedo lá, por volta do meio-dia. Posso tentar ligar de lá, porém haverá um trio de forró tocando. Veremos. Acabou-se a terceira página. Vou revisar e postar isso.   

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A PORTUGUESINHA AINDA ME LÊ! :) E AMARGURA DESTILADA...




Acabei de descobrir que faço quase tudo que prejudica a produção de espermatozoides saudáveis (menos beber). Descobri também o lado bom de escrever aqui. Não preciso pensar, basta dizer. Além desses dois fatos, descobri que, mesmo sem comentar, a portuguesinha ainda me lê! Descobri também que é bem melhor quando ela lê e comenta. Hahaha. Fazer o quê? A vida é uma besta indomável que raramente vai aonde a gente quer. Estou frustrado com um experimento que estou realizando no maravilhoso mundo dos bonecos, nossa, como é difícil mobilizar pessoas. Fiz até um desabafo em uma das comunidades para ver se isso angaria mais participação dos colecionadores, creio que vá ser em vão. A ideia era sugerir à Sideshow através de uma votação (cujo link enviei para a empresa) quais os personagens que os colecionadores mais queriam ver lançados, mas a taxa de adesão à ideia é mínima tendo em vista o universo de membros das comunidades. É frustrante. É frustrante saber que hoje, mais uma vez, não vou inaugurar o Charteuse verde porque meu padrasto está em casa e reprovaria o meu consumo da bebida. Voltando ao maravilhoso mundo dos bonecos, contatei meu irmão para organizar a venda de parte da coleção que lá está estocada, tendo em vista angariar fundos para aquisição de duas ou três novas peças. É um trabalho injusto com ele, visto que terá que embalar, encaixotar, medir, pesar e fotografar os bonecos, além de levar os que foram vendidos ao correio. Ele vai ficar muito chateado. Não sei nem se vai querer me ajudar. Existência, besta indomável. Bom, tomara que me ajude. Perguntei à minha irmã se a estátua do post anterior, que pretendo adquirir, lembrava Natalie Portman, ela respondeu que só conseguia ver a Gatinha, minha ex, na figura. Curioso, como os olhares e percepções podem diferir tanto.

0h33. Estava mergulhado no maravilhoso mundo dos bonecos tentando angariar suporte para a minha votação sem muito sucesso. Bem, fiz o meu melhor, ralei nas comunidades de Facebook por largas horas e o resultado foi pífio. É difícil engajar pessoas mesmo que em prol do próprio bem. Só me resta esperar que amanhã tenha angariado mais votos dos membros de outras partes do mundo com fuso-horários diferentes do meu. Encontro-me mentalmente cansado, o maravilhoso mundo dos bonecos é muito cheio de estímulos que se sucedem rapidamente.

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14h11. Um grande amigo meu faleceu. Um cara superinteligente, espirituoso, criativo de um senso de humor afiadíssimo. Passava por uma crise e o destino o levou. Antes disso, redescobriu o valor da família e reatou os laços com os pais. Acho que partiu daqui injustiçado, mas com a missão cumprida. Para quem quiser prova de sua sagacidade, leia as postagens do seu blog Boraver. Vale a pena e garantirá boas risadas. É uma pena todo o potencial roubado da existência, as futuras realizações que não serão, todo o tudo que poderia ser. Não entendo. Eu continuo aqui, ele se foi. Isso me fez ter um pouquinho mais de medo da morte, mas não o suficiente para mudar meus hábitos, mesmo sabendo que a maioria deles abrevia a minha estadia no meu corpo. A morte não tem lógica, é irracional, não tem razão ou explicação. Quem merece e quem não merece morre nos momentos mais indevidos, tão indevidos que cruéis. A longevidade de alguns me gera repugnância, da mesma forma que a partida de alguns tão cedo me causa profunda cisma. É a vida e segue. Para alguns. E mais, para alguns não meritórios de tal dádiva, rol em que me incluo. A única coisa que tenho a dar é amor. Mas é amor em vão, visto que sua maior parte não tem destinatário, é desperdiçado como torneira aberta sem ninguém lavando as mãos ou pratos. Por que batiam panelas e não mais batem? Gostaria de saber a comoção ignorante que levou a isso e que não leva agora. Não entendo de política, muito menos do caos que agora está instaurado no país, então não vou tratar de panelas e Bolsonaros. Nem votar eu posso, minha condição de incapaz me nega esse direito democrático primordial. Não saberia em quem votar tampouco. Até o momento. Tenho uma leve inclinação, mas não vou compartilhá-la aqui porque ainda falta ouvir as demais peças desse jogo. Ademais é uma raposa velha e tal fato me enche de incertezas. Sou desobediente de mim mesmo, me propus a me calar sobre o assunto e desato a falar. Do que não entendo. Não entendo como a economia cresce nos EUA apesar de Trump. Isso para mim só mostra que a economia nada tem a ver com política. Ou se tem é muito pouco, pois acho que Trump não governa, os EUA são uma instituição acéfala. Agora eu quero falar de política internacional. Ridículo! Hahaha. Chega.

14h35. Minha amiga disse que a sedução é um jogo de ganhar e dar espaço. De expor seus desejos em relação ao ser desejado e dar espaço para que este demonstre de volta. A coisa unilateral cansa a ambos os lados, tanto o que só dá quanto o que só recebe. Já vivi isso. Eu era o que recebia muito mais do que dava e desamei por conta dessa presença excessiva de afeto. Aprendi bastante com esse relacionamento. Não me arrependo dele. Das coisas, só me arrependo de mim mesmo. De não ter falhado desde o ventre. De ter me feito homem inútil. Sinto enorme culpa por ter tudo e não fazer nada para merecer isso a não ser assinar petições de internet (assinei uma por sinal pela descriminalização do aborto). Meus textos de nada valem e não são lidos. E os que são lidos – os de bonecos – de nada acrescentam. Se bem que estes também nada acrescentam. Só me deixa feliz pensar que lá do outro lado do oceano a portuguesinha, calor da minha alma (não sei até quando), lê. É tão pouco para quem poderia amar tanto, tanto. Tenho medo de me apaixonar. Tenho medo e incômodo de viver para além do meu quarto-ilha. Me sinto cada vez mais estranho, uma estranheza que causa estranhamento e desconforto a mim mesmo. Há algo de fundamentalmente errado comigo. Espero que Ju me ajude. Interessante que não me senti assim durante a viagem, fui outro sendo eu mesmo. Estava confortável comigo, comunicativo, expansivo até. Me apaixonei até. Em vão como todas as outras paixões que tive depois da Gatinha. Quem dera minha vida começasse mesmo aos 40 como diz a camisa que comprei no ano passado. Os 40 anos me pesam e só. Nada começou, tudo continua a mesma coisa. O que aconteceu foram mais sonhos mortos. O tão sonhado livro, enterrado vivo e pulsante. Ainda não superei isso. Mas aqui vale mais o bom senso que a paixão. Infelizmente. Faltou-me coragem de encarar as desastrosas consequências de me ver, enfim escritor. Se bem que me foi dito que nenhuma editora iria aceitar livro com conteúdo tão ofensivo. Parece que todas as minhas tentativas são fadadas a frustração, infecundas. Todo o meu esforço, no pouco que me esforço, é para absolutamente nada. Ouvindo “força estranha”. Uma força estranha me leva a escrever porque nada mais me resta ou nada mais eu busco. Desaprendi a buscar, não me sinto bem buscando.

17h53. Tomei enfim o Chatreuse verde, confesso que após beber me senti meio dormente, não sei se foi psicológico ou se por causa dos 55% de álcool que a bebida tem. Delicioso. Tive uma longa conversa com mamãe, que me acompanhou na degustação. Lembrei da portuguesinha entre um papo e outro. Passamos uma hora ou mais conversando na varanda. Acho que foi terapêutico para ambos. Minha mãe disse que nunca me achou um fracassado ou teve vergonha de mim, só acha que eu tenho problemas. Isso foi reconfortante, mas não cala tão fundo a ponto de validar a minha existência para mim mesmo. Preciso de muita terapia ou muito amor, enfim. Tive vontade de confessar minha intenção de adquirir duas novas bonecas, mas achei que era ousado demais e faria ela ter um surto de ira. Ela disse que acha que dá para reformar o meu quarto e banheiro antes do final do ano. Seria um sonho. Estou pesaroso em relação ao e-mail que mandei para o meu irmão. Mas que se há de fazer se já está feito? Não falei além do que me vinha ao coração. Temo magoá-lo. Odeio magoar alguém, especialmente, mas não apenas, pessoas amadas. Portuguesinha, você não me sai da cabeça, será efeito ainda do Chartreuse? Hahaha. Acho que não, é porque esse espaço é motivado principalmente por você desde que a conheci. Soubera você a enorme diferença que faz... não, melhor não saber. Deixa isso para lá. Estou ouvindo o disco de Caetano que servirá de base para o show. O bom é que ele é uma recolecção de músicas emblemáticas (e outras um tanto obscuras) do repertório do compositor, então não terei que decorar novas músicas para apreciar o espetáculo.

19h00. Acho que a forma mais alienante da minha alienação é mergulhar no maravilhoso mundo dos bonecos. Alguém se preocupar com a cotação ou a pintura de determinada estátua de super-herói é o cúmulo da futilidade, ainda mais levando isso tão a sério quando a exploração sexual de menores na Nigéria, assunto da última petição que assinei. Chega a ser bizarro, mas me diverte à beça e me desliga das minhas dores. Da dor maior que é o vazio de viver a minha vida. A preenche com a mais abismal banalidade, mas a preenche de qualquer forma. Preferia ter a portuguesinha na minha cama para namorarmos e conversarmos, mas isso é uma impossibilidade. Então me fecho no meu mundo particular com outros aficionados por esse estranho e caro fenômeno da cultura pop. Quem dera eu tivesse o meu quarto pronto antes do final desse ano. Minha coleção enfim exposta. A promessa foi feita. Mas promessas são feitas para serem quebradas. Assim como corações. O meu pelo menos, todo remendado, mas insistente e faminto de afeto. Mas não quero falar do que não vai ser, por mais que meu coração siga pulsando esperançoso, racionalmente eu sei que a probabilidade de novo amor, amor correspondido, é quase nula na minha vida tal qual se dá. Tal a qual a conduzo, isolado no meu quarto-ilha, onde não surgirá nunca ninguém interessante e desejável para que eu possa cortejar. A minha realidade não condiz com novos relacionamentos. E desisti de viver de outra forma. Desisti de viver quase tudo. Vivo com muito pouco. Me escondo da vida. Não sei mais desabrochar para o mundo. É como se quisesse me recolher dentro do útero. Uma regressão comportamental que não sei como evitar. Sinto vergonha de me confessar assim, como vergonha causa toda confissão. Vivo hoje principalmente à espera de migalhas da portuguesinha e dos debates e novidades do maravilhoso mundo dos bonecos. Chego a pensar em ver um filme ou começar um game, mas algo mais forte dentro de mim me nega isso, me desvia de quaisquer possibilidades. Se saio para o mundo é mais por obrigação que por prazer. Sei cada vez menos viver longe das palavras e da internet, às vezes penso se não desenvolvi certo grau de autismo. Não, não é o caso, vejo e entendo muito bem o mundo, só estou perdendo o interesse por ele. Ele não me apresenta nada de convidativo. O que há de convidativo, a beleza e a juventude femininas não me acham convidativo. Escrever isso dói. A realidade em sua maior parte para mim dói. Tornei-me demasiado frágil, delicado, sensível. Um bebê de 41 anos de idade. Como isso se deu é um mistério. Mas algo parecido se deu com o meu amigo que morreu, por circunstâncias semelhantes. Era só (de amante), não conseguia se aceitar de todo por causa do peso de seu passado, havia retornado ao seio do lar. Mas me comparar a ele é o mesmo que comparar deus a um sabugo (eu sendo o Visconde de Sabugosa da história). Queria eu ter ideias geniais. Cansei de ter ideias. Ou as tenho só para o que não tem uso, como a enquete que fiz no maravilhoso mundo dos bonecos para tentar determinar que novo personagem os colecionadores mais queriam que fosse lançado pela Sideshow, algum diferente da dobradinha Batman e Wolverine que todo ano é lançada e relançada. Tudo inútil, pois não houve a adesão necessária dos membros da comunidade. Esforço em vão. E deu trabalho fazer e mensurar a pesquisa para fazer a shortlist com os 20 personagens mais desejados e lançar a enquete e tentar angaria participantes para ela. De toda sorte reparti a enquete com a fabricante, fiz o máximo que pude por uma coisa esdrúxula, ridícula que em verdade nem me interessa, pois nenhum dos personagens da lista me despertam a alma. Fiz pelo “greater good” mas é difícil fazer isso, tentei canalizar a massa, mas seres humanos são aleatórios e imprevisíveis e a adesão foi mínima ao projeto. Nada posso fazer a respeito disso. Nada posso fazer a respeito de nada. A coisas são como são e não tenho vontade de mudá-las. Tentei. Tentei conquistar a portuguesinha, mas ela já tinha um ninho com outrem que ama e tem admiração, o reparte com o mundo em seu blog de fotos. Tentei inverter a situação e fazer o consumidor determinar o produto a ser produzido. Falhei. Tentei ser feliz, não consegui e não consigo. Então me resigno em não ser infeliz. Diante de toda infelicidade negra e dolorosa que já vivi, está de ótimo tamanho. Sou um abençoado, não tenho quase responsabilidade alguma, que posso mais eu desejar? Nossa, entrei na quarta página e nem me apercebi, o texto me flui de tal maneira, num fluxo tão intenso e ininterrupto que me rendo a ele. É muito bom entrar nesse estado, quase num transe, catarse. Talvez seja culpa do Chatreuse. Se for, foi muito bem-vindo, adoro essa conexão tão fluida comigo mesmo. Por mais que não traga boas notícias a meu respeito, apenas constatações da mediocridade de que me cerquei e na qual tanto mais adentro. Eu estou perdendo a minha humanidade, num egocentrismo tão gigantesco que desfazê-lo parece-me uma tarefa impossível. Então fujo para dentro dele, desse delírio ególatra. Me alieno de tudo. E a dor ainda me alcança. Está bom, já disse demais. Dane-se eu. Foda-se eu. Vou me alienar de mim noutro lugar. Nossa, como sinto falta da minha vida de casado. Por sinal tenho que criar coragem para responder a entrevista que a Gatinha fez. Será meu próximo post, está decidido.