16h55. Sábado, uma festa de 15 anos me espera, uma que não
estava esperando, e enquanto o momento de ir não se faz, não tenho
absolutamente nada para fazer. O único recanto onde me sinto acolhido e me
reconheço é aqui. Blanka disse que só vai se comunicar hoje à noite comigo. Se
o fizer. E, caso faça, creio que vai ser rápido, pois final de semana é para
curtir com os amigos. Ou ir para inesperadas festas de 15 anos. Minha vontade é
dormir, mas estou tomando café, faltam umas duas xícaras para acabar, quando
der cabo delas, vou me deitar nem que seja para ficar protrado sem colocar
arreios na mente, no geladinho do quarto-ilha. Ouvindo um som e me deixando
levar pela existência rumo ao meu fim. A mim me soa como um imenso desperdício
de precioso tempo, mas me faltam alternativas ou não tenho motivação para
criá-las ou implementá-las. Meu novo post no blog de bonecos não está tendo a
resposta esperada, mas isso não me incomoda. Muito. Estou fumando demais hoje,
a vontade já se faz presente de novo. Não me incomoda isso também. Há de se
viver com satisfação para que a existência seja válida e estou muito satisfeito
com o que tenho e posso. Blanka, caso não me abandone, caso se acomode a estar
na minha vida, me fará, como já faz, um bem enorme. Quero-a nua, é algo tão
belo de se ver, preciso disso, me fará extremamente bem tocar e beijar a sua
nudez. Tão jovem e tão de acordo com os meus gostos, com as minhas predileções
estéticas.
17h22. Ainda bem que só faltava uma xícara. A ideia de me
deitar e me deixar deitado repousando me agrada bastante. Ficarei, como diz o
popular, “bostejando”. Eu posso, eu quero, eu faço. Não faço mal a ninguém.
Interfiro o mínimo possível na existência. Nada me alcança e muito pouco parte
de mim. A materialidade, afora a das ondas sonoras que emanam em música, será
secundária e a parcela que usufruo dela, o lençol, a cama e o travesseiro são
como carinhos da existência. Minha mãe despertou, espero que isso não atrapalhe
os meus planos agora que acabei de tomar a última xícara de café. Acho que vou
fumar um último cigarro antes de me deitar e repartir com mamãe tal intenção
para que ela não me incomode. Acredito que ainda há tempo bastante para a
festa, uma hora, hora e meia que me deite não atrapalhará a logística do
evento.
0h e alguma coisa, via e-mail:
“Eu tendo a escapar de momentos emocionantes que não me
emocionam. Tenho o cigarro como parceiro e justificativa das minhas fugas.
Estão no clímax da festa, a aniversariante debuta, a valsa vai se iniciar
depois da entrada da estrela da noite acompanhada de suas amigas mais amigas e
de várias declarações de amor. Enquanto tudo isso se dá eu estou do lado de
fora, na calçada a digitar sobre minha frigidez em relação aos ritos sociais de
passagem. Eita, agora os parabéns, talvez o momento mais insuportável, mais
constrangedor, mais difícil para mim. Odeio e não sei de onde vem essa repulsa.
Vou voltar lá para dentro, preciso de Coca para acompanhar o próximo cigarro.
Vou me enviar isso.”
1h50. Estou de volta ao meu quarto-ilha, ao friozinho, aos
pijamas, a Björk, às palavras. Desativar o click
pad. Estou a fim de esticar as ideias. Sinto saudade de Blanka.
-x-x-x-x-
14h24. Comi e dormi, não tive disposição para mais nada.
Acordei hoje com uma alegre surpresa, um filhote de yorkshire da minha irmã PE
e sua ilustre presença em minha casa. Cachorros jovens me trazem muita alegria
e simpatia, cachorros velhos me deprimem principalmente se os conheci à época
de suas efêmeras juventudes. São a prova mais clara da degradação física da
velhice aos meus olhos. Sou tomado de piedade e certa negação por cachorros
velhos, sou tomado de alegria por cachorros jovens, mais do que por crianças, parece
que eu mesmo rejuvenesço na presença dos bichinhos e geralmente tenho uma
relação fácil com eles, o que não se dá com pequenos humanos.
14h47. Acabei de descobrir que entrei há 8 anos no Facebook.
16 de dezembro. Uma vida. De cachorro. Queria esticar as ideias, mas não há
como. Vou divulgar o post anterior nos grupos.
14h57. Divulgar o post no Facebook com a internet lenta como
está é um exercício de paciência e persistência, saco. Escrevo aqui enquanto a
nova página carrega...
15h30. Finalmente consegui publicar em todos os grupos.
Saco. Parece que a internet ganhou um pouco mais de gás na parte final do
processo. Quem está sem gás sou eu. Hoje é o dia que Blanka passa com Dande,
logo dificilmente terei notícias suas. Um momento.
15h48. Hoje é um dia em que não sei o que fazer da vida, a
vontade é deitar e me deixar estar. Não o farei por ora... fui tentar navegar
um pouco na rede mundial de computadores e foi impossível na velocidade em que
a conexão está. Close To Me rolando.
Marasmo total. Talvez o Switch. Me parece melhor do que ficar aqui a divagar
sobre a minha apatia.
17h02. Joguei um pouco de Inside, cheguei numa parte que não sei como superar, sem paciência,
coloquei uma Coca e liguei o ar. Decidi me deitar. Praticamente sem internet ou
com ela na velocidade da internet discada com os complexos conteúdos atuais não
dá para mim. Vou tomar mais um copo de Coca e fumar um cigarro e bostejar. Ah,
e colocar um som.
19h31. Acabei de bostejar e estava no mesmo (baixo) astral
de antes até que vi a internet funcionando de forma decente, fui fumar para celebrar
e falei com o meu amado irmão US o que me transmitiu uma energia tão boa que me
sinto agora feliz. Aparentemente, ele vai trazer mais bonecos do que eu previa
o que é a melhor notícia que poderia me dar. Duvido que consiga, entretanto,
então não vou criar grandes expectativas. Droga, as expectativas já cresceram.
Mas vou tentar reduzi-las novamente.
19h53. Fui fumar um cigarro sonhando com a minha Red Sonja
Queen of the Scavengers. Acho que essa certamente virá, é a primeira da lista.
Esse post está inútil tal como está, não vou nem divulgar. O que quero é
mergulhar no mundo dos bonecos.
22h51. Mergulhei no maravilhoso mundo dos bonecos e voltarei
para lá, mas não agora, agora quero me deixar aqui. Coloque The
Hanging Garden. I feel the urge to write to my statues blog. Let’s see where
it goes.
-x-x-x-x-
13h02. Não foi muito longe ou foi longe demais em muito
pouco tempo, daí senti a fome dos remédios, comi como um cavalo e fui tomado
pelo sono. Improdutivo. Blanka me mandou mensagens, mas eu estava dormindo. Fui
ver e responder agora. Meu padrasto quer obrigar a minha mãe a delegar tarefas
burocráticas a mim que odeio e pouco entendo de burocracia.
13h44. Não estou com disposição de nada hoje, aliás, isso já
vem desde a sexta ou sábado. Tudo corre bem em minha vida, o que não corre
caminha até direitinho que é a minha relação com Blanka. Percalços e poréns não
faltam se entrepondo entre nós e não fazem menção de diminuir. É aprender a
conviver e administrar.
13h56. Nossa, hoje está muito abafado. Graças à existência
que me pôs nestas condições, eu tenho
ar condicionado no meu quarto. Encontrei uma boa motivação para ir a Ju, o anjo
do Lúmen. Se trocaria Blanka por ela? Com Blanka eu já tenho uma construção, um
vínculo, com ela nada tenho. Acho que tentaria conciliar as duas e então
decidir, se fosse me dada a oportunidade, o que não ocorrerá. Descartar pessoas
também não é das minhas qualidades, acho extremamente difícil e doloroso.
Talvez para Blanka a vida fosse melhor e mais fácil sem mim. Certamente seria,
tudo voltaria ao equilíbrio anterior e custaria menos esforço para ser levada. Eu
sou algo de novo e que precisa de espaço, que demanda uma reorganização de sua
rotina para me acolher. Eu tenho que valer a pena tal esforço aos olhos dela.
Estou fazendo o meu melhor e o que tiver de ser será. Não gostaria de voltar às
paixões platônicas. A mais nova, o anjo do Lúmen. Penso em deixar um bilhete
para ela com o meu endereço de Facebook. E meu WhatsApp. Vou ver se a coragem
desabrocha para que faça isso. Eu poderia digitar e imprimir, eis o que vou
escrever:
“Olá anjo do Lúmen,
Não sei nem o seu nome, sei apenas que é dos seres mais
lindos com o qual tive oportunidade de cruzar e que sua existência torna a
minha mais encantada, por isso a ousadia desse bilhete. A vida às vezes dá
oportunidades, mas na maioria das vezes somos nós que temos que criá-las. Bem,
esta é a minha tentativa. O não, o nunca, é o que tenho antes dessas palavras,
não sei se elas serão capazes de mudar a atual situação, mas custa tão pouco
tentar. Bem, nem tão pouco assim, pois ter a bravura de lhe entregar tais
palavras exige um esforço ao qual estou completamente desacostumado e despreparado.
Pode ser que nem aceite o bilhete. Tudo pode ser. Descobriremos. Esteticamente
e como se coloca no mundo me agrada sobremaneira. Sei que a recíproca não é
verdadeira, não sou nenhum expoente de beleza masculina, entretanto é no
conteúdo que duas almas encontram verdadeiramente se há material para uma
construção sólida a dois, mesmo que uma amizade, embora confesso que tenho
expectativas mais românticas a seu respeito. Pois é, sou dessa espécie em
extinção, inveteradamente romântico. O resto você descobrirá (ou não) me
adicionando (ou não) em uma das redes sociais abaixo.
WhatsApp
Facebook
Instagram
Bom, anjo do Lúmen, pelo menos tentei criar a oportunidade e
oferecer o espaço para nos desvendarmos. Considere com carinho. Se for
comprometida, desconsidere tudo o que escrevi. Ou não. :)
Mário.”
15h12. Bom acabei de imprimir duas vias, uma para o anjo,
outra para Ju. Preciso me arrumar e chegar lá cedo se quiser cruzar com ela.
Espero ter coragem para entregar o bilhete. Não vai dar em nada, mas gosto
dessas trelas, dessas cutucadas que dou na existência, fazendo o papel de
acaso-destino para outra pessoa. Surpreendendo. Quem sabe não seja eu também
surpreendido? Vou lá. Na volta conto.
17h57. Entreguei o bilhete. Acho que ela é psicóloga do
lugar, não vai dar em nada, pelo menos mal não fiz, devo ter no mínimo
acariciado o seu ego. Estou preocupado é com a festa de Natal dos Barros, de
não saber tratar Blanka como namorada, já lhe escrevi pedindo ajuda. Espero que
me responda e me acalme. Deve ainda estar na cidade. Mais no próximo post. Será
que Blanka ficaria com ciúme de eu ter entregado o bilhete? Sinceramente não
sei.
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