Página em branco, mente idem. Cigarro e café. Preciso.
13h46. Blanka me mandou mensagens dizendo que iria fazer
prova, espero nova comunicação hoje à tarde.
14h13. O mundo conspira para que eu escreva, mas não sei que
palavras colocar no papel. Estou com medo de não conseguir fazer sexo (ainda,
espero) com Blanka quando do nosso próximo encontro. Sexo tornou-se uma coisa
problemática para mim. Amo as preliminares, me acovardo da penetração, acho que
seja trauma do desempenho pífio na minha primeira e única ficada. Aliás, na
minha segunda ficada com a mesma pessoa. Segunda e última devido exatamente ao
meu desempenho ou falta de desempenho. Não sei como superar esse medo de
fracasso e me entregar sem neuroses ao ato com Blanka. Ela me atrai, ela me
desperta afeto, ela tem tudo para que funcione. Ou quase tudo. Eu não sinto a
chama do tesão ardendo por ela como sinto pela alagoana. A alagoana realmente
mexe com os meus hormônios, é algo animal, que me dá uma excitação que quase
não reconheço como minha embora seja deveras minha. Mas não sei se a alagoana
vai topar a nossa semana de curtição e Blanka foi a pessoa que meu peito
escolheu para cultivar afeto. Quase tenho vontade de não ter o encontro antes
do Natal com medo de fracassar sexualmente. Mas não vou correr, é o que quero
para a minha vida, é onde invisto todas as minhas energias, preciso resolver
isso. Preciso encarar, sem medo de ser feliz. Se o fracasso vier, virá. Pode
não vir também, posso ficar excitado. Vou comprar um Viagra. Só por garantia.
Juro. Pelo menos é uma muleta psicológica. Vou fazer um exame para estudar o
meu sono, engraçado é que ele possui um questionário sobre os meus hábitos
durante o sono. Como poderei eu responder tal questionário se não sei o que
faço quando estou dormindo? Um dos questionários mais sem lógica que eu já vi.
Mamãe que respondeu, pois tem mais propriedade para tratar do assunto do que
eu. Vou fumar e repor o café. Acho que é a última ou penúltima xícara.
14h41. Volto com a cabeça repleta de Blanka. Uma mistura de
sentimentos bons e ruins que advém, creio eu, da mudança que ela representa.
Acabou de me mandar mensagem, disse que a mãe não sai hoje, que fala comigo à
noite e, mais importante, inusitado e inesperado, disse que estava com saudade
de falar comigo. Não consigo crer, mas não posso me desmerecer tanto a ponto de
desacreditar de um gesto de carinho dedicado a mim. Talvez seja sincero, talvez
seja a colheita chegando ou já aqui, quem há de saber? O negócio é seguir em
frente. Talvez ter mencionado a volta da alagoana tenha a deixado insegura, lhe
dado um leve medo de me perder. O que já seria uma grande proeza da minha
parte, causar-lhe esse tipo de receio. Há quanto tempo uma garota por quem
esteja romanticamente interessado não diz que está com saudade de mim? Nem
lembro. Afinal, quando estava com a Gatinha, não havia tempo para grandes
saudades. E quando houve, eu recaí na cola, aproveitando sua ausência. O que
apagou qualquer traço de saudade em decepção, frustração e raiva, porque a
Gatinha era e é esquentada.
15h40. Quase escrevo em inglês agora! Hahaha. Estava perdido
no maravilhoso mundo dos bonecos. A palavra saudade ainda ecoa em mim. Sou
muito carente, admito, e coisas assim me tocam por mais que as aceite com certa
desconfiança. Ou não as aceite e mesmo assim não deixem de me impactar. Vamos
ver como falará comigo à noite. E tenho ainda a tarde inteira para esperar.
Acho que vou navegar no mundo dos bonecos, bem que eu poderia receber o e-mail
de que o crânio-coração chegou ao Brasil. Mas encantado mesmo eu estou com a
peça que, com a ajuda de Daisy da YetiArt eu adquirirei. Queria abrir a página
para namorá-la um pouco, mas tenho medo de enjoar. Adoro, é um passatempo,
namorar as imagens das figuras que tenho, mas que estão em pre-order ou na casa do meu irmão. Falando ainda em bonecos, antes
de partir de fato para esse universo, estou com certa ansiedade em relação ao
truque da MoAF funcionar ou não. Se não funcionar, vou pleitear pelo menos
metade do desconto ou um reembolso integral do valor gasto. Comprei o Superman
e torrei todo o meu dinheiro do PayPal por causa do desconto. Não consegui
resistir aos 30% off oferecido pelo
site que usei em uma peça que não estava na promoção, mas que, por um defeito
do site consegui, incluir o desconto. Fiz isso com duas peças. Numa obtive 25%,
o Batman branco, na outra, como mencionado, o Superman, 30%. Agora me lembrei,
aproveitei o desconto uma terceira vez em duas peças proibidas também, obtendo
25% de desconto, mas acho que essas passarão despercebidas. Ao todo economizei
mais de 500 dólares que, caso tenha que pagar, serão um golpe duríssimo.
Economizei é forma de dizer, pois acabei foi gastando todo o meu dinheiro do
PayPal nessas promoções. Vou pegar Coca e ir para o maravilhoso mundo dos
bonecos, fazer hora para falar com Blanka.
17h53. O maravilhoso mundo dos bonecos está um pouco
silencioso agora, resolvi voltar para cá, acho que fui rude com Blanka em meus
comentários, duvidando da sinceridade da sua saudade de falar comigo.
23h38. Pelo visto meus comentários não foram tão infundados
assim. Até agora nada de Blanka. Eu me sinto o perfeito palhaço. Como pode?
Como pôde? A vontade de botar um fim nisso me vem até a garganta. Para mim já é
escrotice.
1h13. Foi eu postar um desaforo para ela e ela me responder,
não sei se foi coincidência, só sei que tivemos uma pequena discussão, mas tudo
acabou em paz. Discussões fazem parte, é como um se afina ao outro, como disse
a ela no post que deixei para ela ler amanhã. Não sei se aguento muito mais
tempo acordado. Foi uma delícia passar a tarde no maravilhoso mundo dos
bonecos. Vou voltar para lá. Estou sem o que dizer aqui, a não ser que há
colecionadores muito mais descontrolados que eu e que poucos acreditam que eu
tenha abandonado o hobby mesmo, que estou satisfeito com a minha coleção. A
única peça que desejo eu jamais poderei ter que é Batman Sanity da XM. É
completamente inviável pelo preço e logística. Troquei o Azure Dragon pela
pintura de um custom kit feita pela
YetiArt, achei mais válido. Faltam ainda duas figuras minhas a serem pintadas
lá. Mas ficarão para o final do ano que vem, quiçá 2020, visto que ela tem
muitos trabalhos a fazer, a lista de espera é grande. Blanka me veio à mente de
assalto, suas palavras duras calaram profundamente em mim, me senti egoísta e
insensível. Embora ache que se não tivesse me manifestado ela não teria
respondido, não sei. Pode ter sido a mais pura coincidência. Coincidências
acontecem. Vou para o mundo dos bonecos.
-x-x-x-x-
14h50. Acordei há algum tempo e há algum tempo estou
conversando com Blanka. Ela não ficou com raiva do meu piti ontem e talvez até
entendesse o meu ponto de vista se lesse este texto, mas não vou forçá-la a
isso. Entretanto tentarei causar a tentação para que o faça. Se ela voltar a me
responder. Pedi uma pausa para o café e cigarro.
15h04. Ela parou de se comunicar, talvez o médico tenha
chegado lá ou qualquer outra coisa. Vou aproveitar para mais café e cigarro.
Fiz a propaganda do blog, by the way.
15h43. Blanka parou de se comunicar comigo. Mandei mensagem
para o meu amigo cineasta para combinarmos a nossa ida ao lançamento do livro
do nosso amigo. Até agora ficou firmado de 18h45 na Rua da Amizade (nome
sugestivo para tal encontro) e de lá irmos andando para o local do evento.
Preciso cortar as unhas da mão. Estou com preguiça agora, quando a fantástica
faxineira acabar de arrumar o meu quarto eu corto, até porque o cortador está
lá.
16h35. Cortei as unhas, nada de Blanka e denunciei a
presença de uma baratinha à fantástica faxineira. É o máximo que consigo fazer:
denunciar; não tenho coragem de eu mesmo lhe roubar da existência, por mais que
o resultado seja o mesmo. Coisa idiota. O livro do meu amigo chama-se Permanência e segundo ele trata da
“impermanência”, confesso que não entendi direito, mas quiçá, se tiver coragem
de ler a obra, eu compreenda do que se trata. Há um clipe rolando no Instagram
com uma mulher de vermelho, solitária, em diversas situações, com trilha
assinada pelo meu primo urbano, eu suponho. O livro está tendo um pomposo
lançamento via Instagram, pelo menos. Não sei no Facebook, pois estou
ultimamente conectado na minha conta do maravilhoso mundo dos bonecos. Sei que
o meu amigo escritor fez o seu melhor e é tudo de uma fineza e bom gosto que me
causam inveja. Livro de capa dura, preço bastante acessível, trinta reais, me
desperta até a vontade que o meu tio me venha com a boa notícia da publicação
do meu. Não virá. Fui vítima de promessas vazias, estou começando a me
acostumar com elas, mas não desacredito da humanidade por causa disso, cada um
oferece o que é capaz de oferecer e toma tudo o que pode tomar, é da natureza
humana e, novamente, não desacredito dela, acredito que estamos progredindo,
respeitando mais uns aos outros e à nossa mãe natureza. Há os brutalizados por
força das circunstâncias, talvez haja aqueles que nasçam com o gênio ruim,
aliás, tenho certeza que esses há, visto que sou um deles e reprimo o que posso
para me aceitar como pessoa. Várias vezes, entretanto, meu lado ruim me escapa
e sai para o mundo, mas me confesso cada vez menos dado a tais arroubos, a alma
serena com a maturidade, que a mim chega parcialmente, em uns aspectos e não em
outros, mas como um todo, assumo que amadureci e é boa tal assunção, pensei que
nunca a alcançaria. O tempo corre...
17h03. Me perdi das minhas ideias lendo as novas mensagens
de Blanka, a mãe teve alta e vai ter que entrar deitada em casa. Escrevi uma
declaração para ela que, infelizmente, não posso publicar aqui. Minha mãe acha
que ela é uma oportunista a me fazer de trouxa, eu prefiro acreditar que ainda
há humanidade em seu coração. Não sei, me imaginar com ela me traz ansiedade e
medo. Principalmente insegurança sexual. Acredito que a situação com a ficante de
anos atrás somada à minha baixa auto-estima tenham resultado nisso. Blanka
sexualmente me agrada, mas sinto como se não fosse capaz de ter uma ereção com
ela. Até porque não é a penetração o que quero no momento, quero usufruir do
seu corpo de todas as formas, menos dessa. É tão estranho e incomum e não estou
sabendo lidar com isso. Acho que o jeito é aceitar essa incapacidade
momentânea, pedir-lhe paciência até que me sinta sexualmente seguro com ela
para que a coisa aconteça. Não adianta me forçar a algo que meu ego não está
preparado para oferecer. Os fracassos com a minha ficante me assombram
terrivelmente. Sempre fui sexualmente inseguro, aliás, desde a minha terceira
namorada. O bloqueio começou nessa época. Fato é que penetração não me
interessa muito, me interessa muito pouco em verdade. E vou deixar esse papo para
lá porque preciso me aprontar para o lançamento de Permanência. 17h33. Tomar uma Coca com cigarro e me aprontar.
1h55. Acabei de mandar para Blanka:
01:55 - E ligar a minha vida à sua. Isso é tão precioso,
pena que poucos veem sua beleza, a beleza de tal acontecimento. Só eu posso
mensurar o que eu passei e o que eu desejo, só eu preciso relevar o que eu
preciso relevar. Muitos achariam muito. Ser sempre o segundo, Dande sempre em
primeiro? Não me importa e não me interessa. Estamos aqui tentando ser felizes.
Se a sua felicidade é ter Dande como a pessoa que atravessa a couraça sem restrição,
que é sua pessoa mais importante, que seja. A minha felicidade está em ser o
segundo, ou de oferecer uma experiência nova, boa e válida para nós, que
tenhamos prazer um com a companhia do outro, se pudermos fazer o outro um pouco
mais feliz e experiente, porque a troca de experiências vai ser rica para ambos
os lados, que a mudança venha, enfrentarei qualquer preconceito. Porque não são
meus e não me atingem. Sou maior que eles. Desculpe me perdi escrevendo. Vou
postar isso no blog, mudando os devidos nomes.
1h57 – Agora eu vou fumar um cigarro e talvez comer alguma
coisa. Esqueci de dizer que estar com ela é melhor que meu dia enfurnado num
quarto a escrever. Ou tão bom quanto, bom de formas completamente diferentes. Vou
lá fumar.
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