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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

DE ALDEIA A AREIAS – PRIMEIRAS VIVÊNCIAS DE 2019


6h30. Uau. Encarar uma página em branco a esse horário do último dia do ano e aniversário do meu irmão é intimidante. Mais fácil revisar e postar o anterior, que é o que vou fazer.

7h16. Esperando uma foto fazer o upload para ilustrar o post que estou prestes a publicar. Não sinto a mínima inclinação para escrever e isso me incomoda. Não acredito que volte a dormir. Há um vestígio de sono, mas não há vontade de me deitar, pois sei que rolaria na cama, numa luta tediosa e desnecessária e voltaria a me levantar.

7h21. A foto aparece como “Queued” e não sai desse estado no Gmail do computador, vou postar uma do WhatsApp. Há várias.

7h44. Meu amado irmão acordou e está lendo jornal na cozinha. Eu não estou com a mínima disposição para a escrita.

8h54. Conversei com o meu irmão a respeito da existência e de alienígenas. Ele acha que só não acredita quem não quer ver, que as evidências estão todas aí, disponíveis e acessíveis. Acho a mesma coisa em relação ao que acredito, da emergência de uma inteligência artificial superior a qualquer coisa possível pelos cérebros humanos. Mas já são dois a um para os alienígenas, talvez três se contarmos o meu primo urbano.

9h13. Gostaria que a prática do português escrito se refletisse no meu português falado, mas não vejo isso se dando. É uma frustração minha. Estou realmente sem vontade ou conteúdo para colocar aqui. Meu irmão é contra eu fumar, a maioria é. Eu sou contra um bocado de coisas, mas não saio por aí desrespeitando as escolhas alheias, não as compreendo, mas não as julgo, aceito a diversidade. Faz mal? Tudo indica que sim, está comprovado cientificamente.

9h54. Ensaio uma volta à cama, afinal hoje é um dia que emenda no outro. A madrugada é especialmente aproveitada devido à tradição. Queria mais café, mas na falta de vou tomar Coca com gelo e um cigarro.

10h11. Aposto que meu irmão não comprou o que lhe pedi. Seus princípios não permitiram. Ou esqueceu. Não importa. O que importa é que não terei cigarros suficientes para a longa noite de hoje.

17h13. Acordei há cerca de uma hora e parece que minha mãe quer que eu vá de Uber para Aldeia. Não vou. Parece que entrarei 2019 aqui no quarto-ilha mesmo. Acho até que prefiro. A inércia, a inércia...

17h36. Blanka se comunicou comigo enfim, foi rápido e bom. Revigorou as esperanças. Nem tudo está perdido. Quem sabe 2019 não seja o ano da grande virada na minha vida?

18h22. Minha mãe e sua visão de vida negativa especialmente a respeito de mim me fazem mal. Se já não estava com o astral bom, agora é que não estou mesmo. Não digo que as suas queixas sejam infundadas. Mas doem do mesmo jeito. Não querer liberar o cartão para que eu possa usar o Uber é para mim ultrapassar um limite e invadir o meu direito de ir e vir. A segurança que me habituei a ter de, estivesse onde estivesse, ter a volta para casa sempre disponível, me parece hoje um direito fundamental.

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4h06. Estou no ano novo, 2019, na casa de campo e grande paixão do sogro do meu irmão. Todos se retiraram. Encontrei o grande Adiel Luna fora da sua persona artística, por mais que ela lhe grude cada vez mais à alma. Vou botar Landlady uma vez mais depois de tê-la colocado várias vezes durante a noite e estava ouvindo repetidas vezes até Adiel aportar aqui na mesa muito engenhosa da varanda do quintal, uma churrasqueira e uma caixa da JBL que eu não imaginava existir estão atrás de mim. Vou botar a música e tirar algumas fotos para postar aqui.





4h23. Acho o lugar e o som fantásticos. Mas vou botar a lista 6, eu acho.

4h26. Botei. Caiu exatamente na que eu queria, Poses, de Rufus Wainwright. Vou fumar e pegar uma cerveja, embora o que tomaria fosse uma Coca.

Antes que eu pudesse tomar alguma atitude, vovó rata apareceu e permaneceu até 4h44.


A mesa é sui generis o local é fantástico.



4h45. Acho que vou pedir à vovó rata que...

4h54. Ela disse que tinha refrigerante na mesa de jantar, onde peguei uma garrafa de guaraná e me deliciei com duas fartas fatia de pudim.

5h02. Acho que guaraná faz bolhas maiores que Coca. Se tivesse coragem, eu diria: "por mim, a senhora pode tirar tudo da mesa, menos o pudim...”

5h07. A sogra do meu irmão veio dar as últimas coordenadas. Agora estou só, mas com sono. Um momento.

5h15.

5h22. Pensei em Chamar um Uber e vazar daqui, mas depois de uma fatia de pudim, penso em dormir.

5h30. Quero dormir o dia todo.

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21h11. Estou de volta ao quarto-ilha, finalmente. Amanhã partiremos para Areias eu e meu irmão. Confesso no momento não ter disposição nenhuma para a empreitada, mas estou cansado por mais que tenha dormido o dia todo, visto que virei a noite de ontem e tive dificuldade de dormir a priori. Foi bom ter ido a Aldeia. Conversei com o meu sobrinho mais velho e essa foi a parte que mais me marcou. Me marcou também a parte que contei a meu irmão e minha cunhada o imenso significado que Landlady do U2 tem para mim, como ela representa liberdade, a liberdade que encontro longe das drogas e internamentos e como me veio com clareza que o lugar e a forma que me sinto mais livre é aqui no quarto-ilha construindo textos para ninguém. A liberdade está em viver e moldar a vida o máximo que consigo à maneira que me agrada, não está na fuga pelas drogas, não está dentro de uma lata de cola, como já esteve. Eu construí com o auxílio da minha mãe (mais que os demais que contribuíram e contribuem) uma vida que consigo e sei viver, que me agrada ser vivida. Preciso resolver o negócio do cartão a respeito da Sideshow hoje e, quando cheguei de Aldeia, recebi a cobrança dos tributos de importação do crânio-coração, que também preciso pagar. Definitivamente preciso conversar com a minha mãe e definitivamente espero que seja uma conversa pacífica. Vou fumar.

22h13. Mamãe concordou que eu pagasse os Correios com o cartão e disse que resolveria o caso do cartão amanhã de manhã cedo, que me acordaria para isso. Espero que dê tempo. Acho que dará.

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3h22. Acordei com fome. Comi um pacote pequeno de cereal. Acho que vou dar umas bisbilhotadas na rede antes de voltar para dormir.

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5h13. Estou biritado em Areias. Estou muito feliz, nossa prima de Natal veio e biritamos e conversamos demais, o papo fluiu fácil, falamos de Blanka e mandei uma ousada mensagem para ela.

5h20. Minha prima saiu do quarto para uma boquinha. Botei Biophilia remix, conhecido como Bastards, para rolar no computador. Também tinha abandonado o teclado USB, mas percebi que estou mais acostumado com ele que com o do computador.

5h34. Tirando a dificuldade em digitar a vida está uma maravilha. Estou em Areias, o mar secando e revelando a sua outra identidade, que muito me agrada e define esse lugar como único, somado às memórias das minhas melhores férias da infância, absolutamente e inegavelmente. Está dof[ícol escrevet, mas seguitei tentando, esse é um momento únuicio ns minhs vida. <erece ser descrito, mas acho que vou comer e dormir.

6h37. Fiquei a cismar com a paisagem, a “antimetamorfose” do mar.


Maré seca - onde o mar e a aridez se encontram



6h39. Estou ouvindo Caetano. É genial. Gosto mais da obra dele como um todo, mas as canções específicas de Chico estão à frente de tudo que é CQAetqano. Caetano pode ser genial, mas Chico pode ser mais sublime, belo. E sou um devotob fiel da beleza, eola guia quase tudo na minha pouca vida, essa coisa pequena em que existo. Esse é um momento sublime escrever em Areias enquanto todo9s dormem embora biritsfo r vp, iddp lrtrwas difícweis de acertar. Vou fumar olhando a transfornmaç~son da paiedasgem.

6h58. Estava a fumar e observar o comportamento coletivo das cabras e vabritos, Nç=ão tirei nenhuma conclusão comprovável, sei que uqando correm , tpspa aegue,m a cprrer juntos. Acho que não trouxe os remédios. Só se meu irmão souber.

7h06. Acho que não consigo ter sono por conta da falta de Dalmadorm.

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21h15. Completamente recuperado do porre de ontem, depois de ter dormido o dia praticamente todo, volto mais centrado às palavras. Sei que elucubrei sobre bodes e pouco mais me lembro do que escrevi ontem. Ouvi Caetano, foi a trilha principal da noite. Conversamos bastante, minha prima e eu, é bom fazer umas extravagâncias dessas de vez em quando. Os demais já se retiraram. Tenho a noite só para mim. Estar em Areias mesmo sem sair da casa, é bom, me faz bem, me sinto mais à vontade e feliz que o habitual. A visão do mar de cima do morro é fascinante e nunca cessa de me encantar. O vento forte, porém agradável é outra qualidade daqui. O silêncio, só os sons da natureza e agora das teclas traz uma paz dificilmente reproduzida na cidade, sinto-me num lugar em larga parte selvagem onde a civilização humana não deitou ainda sua mão pesada e bruta. Acho que estar imerso nessa natureza não explorada e estuprada pelo homem o principal diferencial de Areias, além da sua beleza muito própria. Há também o vínculo afetivo de uma vida toda, de felizes férias, que agrega uma familiaridade e acolhimento ímpares ao lugar.

21h40. Estava pensando eroticamente sobre a minha prima. Estou a pensar diversas coisas, mas todas me passam muito antes de apreendê-las no papel eletrônico. Minha prima levantou. Vou lhe fazer companhia.

21h54. Discorri sobre o porquê de minha irmã desgostar e não ter lembranças favoráveis em relação a Areias. Em uma palavra: insetos. Acreditasse ela que há muito menos deles, como há, isso a faria cogitar uma visita a Areias junto com meu irmão e família? Acho que não. Queria muito, muito colocar um som para ouvir, mas prometi a meu irmão que não o faria, perturba o seu levíssimo sono. Quem vai se retirar dentro em breve, ao que tudo indica, sou eu.

22h06. Sempre desejei a minha prima, não é a mais bela, mas possui um conjunto harmônico, uma das fantasias infantis gerada nas férias em Barreiras ou em Macau que não querem evanescer.

22h14. Tomei o remédio da noite já, parece que eu chego aqui e só quero descansar naquela varanda, fumando, tomando Coca e olhando para o mar.

22h18. O computador daqui a pouco chia a bateria.

22h28. Fui fazer as conexões para ligar o computador à tomada aproveitei e fumei um cigarro olhando para a noite escura como só os lugares distantes podem ter. Em breve olharei para o céu, o mais estrelado que já tive o prazer de observar. Enquanto fumava, entretanto, pensei que os índios daqui viviam numa fartura de alimentos, em especial frutas e peixes, única no mundo. O homem branco não tinha a mesma percepção dos nossos recursos, embotados que estavam de sua própria cultura. Sua sabedoria é do mesmo tamanho da sua ignorância da sabedoria, modo de ser e estar no mundo, dos índios. Por terem tecnologia mais avançada, muito mais avançada mesmo, subjugaram os donos das terras. E praticamente erradicaram a cultura de viver em paz e harmonia com a Natureza, respeitando-a e sendo grato por ela. Pensei em Lampião e na aspereza da alma do nordestino do interior, especialmente do sertão. Dos que moram nos confins do Brasil, aonde o Estado não consegue chegar de forma transformadora.

23h12. Comi pão com pasta de amendoim salgada, não é ruim. Pensei em Blanka e no meu pote de recordações, um frasco onde guardarei lixo que tem valor sentimental para mim, como o pedaço de embalagem de Halls que peguei no nosso primeiro encontro. Penso em me deitar. Vou fumar um cigarro com Coca na varanda e ruminar sobre o assunto.

23h35. Ainda não me dei por vencido, continuarei mais um pouco aqui. Estava a observar a complexa e infinita coreografia das folhas de coqueiros anãos ao sabor do caótico vento. Acho que prefiro ficar na varanda que aqui escrevendo no computador.

1h55. Acordei com minha fome madrigal.

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5h14. Acho que acordei de vez agora. Vamos a Macau hoje, fazer o ritual das cinzas de papai. Acredito que meu irmão e minha prima levantar-se-ão em breve. Eu ainda estou com um pouco de sono, mas não acho que vou conseguir dormir mais no momento. Talvez quando voltar da nossa expedição, sei lá, o que sei é que a internet faz uma tremenda falta como passatempo. Acho que vou fumar um cigarro com Coca e deitar de novo.

5h41. Não consegui, estou bem mais desperto agora e não sinto traço de sono quase nenhum. Quase. Mas quase nesse caso não é suficiente para tentar dormir em lugar outro que não minha cama no quarto-ilha, se fosse para ela, até consideraria me deitar, na rede, não. Estou apreensivo com o ritual das cinzas de papai, não sei que botões emocionais irão ser apertados. Espero que poucos ou nenhum. Não sei nem se a sensação de dever cumprido, de missão completa, de promessa respeitada irá emergir. Na atual letargia mental em que me encontro, e que espero que não permaneça no decorrer do dia, não sentiria muita coisa. Sinto uma leve vontade de me deitar. O sono vem e vai.

6h08. O sono se dissipa a cada minuto que passa, precisava só que alguém acordasse para me fazer companhia. Ou não. Me basto aqui e estou achando esse momento salutar. Percebo que escrever me deixa com mais sono.

8h20. Dormi mais uma vez e acho que agora acordo em definitivo. Meu irmão já está de pé, ou melhor, sentado a digitar ao meu lado. Sinto saudades da minha mãe, estranho vínculo. Por falar em estranho vínculo, me lembrei de Blanka com carinho e receio de viver e oferecer tudo o que desejo a ela. De não ser capaz de fazê-lo mesmo que ela se faça disponível. O tempo dirá. Minha prima ainda dorme.

8h55. Estava conversando como meu irmão sobre user interfaces, acho que é um papo que ele pode levar com poucas pessoas fora do trabalho e eu com poucos amigos. Se bem que com qualquer um que jogue videogames ou tenha certa expertise em computador têm opinião a respeito do tópico. É incrível como os meus amigos, bem alguns deles, têm opinião sobre tudo e estão dispostos a reparti-la. Eu tenho várias opiniões, mas não tenho a convicção sobre elas e me sinto constrangido de expô-las fora do âmbito desse blog. Aqui opino muito, mesmo sem ter embasamento ou o arcabouço referencial para respaldar o que penso, o que penso vem de mim e minhas vivências essencialmente e passa ao largo de qualquer leitura mais aprofundada acerca dos temas. Não entendo bem que mecanismo se dá que aqui não tenho o mesmo pudor de me humilhar como ocorre nas discussões presenciais. A mim me parece que todos entendem de tudo e eu sou um completo ignorante. Falam com certeza impressionante sobre os mais variados assuntos, o que me espanta, pois de nada sei ao certo. Penso em tomar um banho de chuveirão hoje e escovar os meus dentes. Vou deixar essas ideias ganharem firmeza em mim. Gosto delas. Gostaria também de comer hoje uma posta de cavala frita com batata frita na orla de Macau, para onde iremos dentro em breve, creio.

9h45. Um pedaço de outro dente caiu enquanto escovava. Quantos mais hão de cair? Será efeito de uma descalcificação por conta da Coca? Ou a idade mesmo mostrando outra de suas facetas? Não sei, só sei que é um evento que demonstra um desgaste dos meus dentes, segundo pedaço em menos de seis meses, um estranho padrão. Enquanto não dói e é reparável não me incomoda como deveria. Como incomodaria ao meu padrasto se se desse com ele.

11h10. Estamos prestes a ir a Macau. Tirei mais uma foto da maré seca que me encanta muito mais que a maré cheia, se chegarmos antes do anoitecer, pretendo descer para catar conchinhas. Ou não. Não encontro disposição em mim para tanto.

O ícone de Macau e o ícone da minha vida, meu irmão.


terça-feira, 26 de junho de 2018

GAROTA DA RABECA E LISBOA


0:37. Estou num voo rumo a Lisboa, uma bela mãe, uma bela mulher, embala seu filho em pé no avião. Realmente uma bela mulher. Madura, mãe, mas atraente. Me atrai. Seria capaz de me apaixonar por uma mulher assim. Seria bem mais desafiador. Uma mulher mais vivida, mais velha, lembra uma Zizi Possi melhorada. Me agradou. Quanto à Garota da Rabeca, ah, foi a morte da ilusão da forma mais delicada possível, com seu jeito agradável e necessariamente esquivo. Volto a lembrar que ela é mulher jovem e lindíssima, logo deve ser escolada na arte de dar cortadas proporcionais à abordagem. A minha foi muito branda, sutil, prova de que talvez não tenha sido tão má a minha elegia, por assim dizer, à sua pessoa. Embora tenha ficado claro pelos seus gestos e modos que parou aí, que não quer mais conversa comigo, fui uma reles curiosidade que virou passado para ela. Pelo menos disse-me que leu e que achou bem legal e me respondeu seu nome, quando a perguntei, numa última ousadia minha. E não é que tenho o nome dela tatuado no meu braço? Com a caligrafia ou o desenho de minha amada babá, visto que ela é completamente analfabeta, não sabe compreender ler o próprio nome que desenhou com carinho e cuidado para ficar bem bonito para mim, mesmo sem saber que estava fazendo para ficar sempre impresso no meu corpo. Porque ela é assim, uma santa; a melhor pessoa que já conheci, empatada com meu irmão. Eles são dignos de representar a humanidade, o que de mais maravilhoso pode haver nela.

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Primeira parada em Lisboa, o fumódromo. 



10:14. Estamos no restaurante do hotel à espera do check in, mamãe dorme à mesa. Já deu a hora, mas o lobby está cheio. Estou esperando aliviar para acordá-la. Parece transmissão de pensamento. Foi só escrever que ela acordou. Hahaha. A atendente do restaurante do hotel é jovem e um doce, mas não tem o encanto da Garota da Rabeca. Perguntei-lhe se iria ao Rock in Rio e ela disse sorridente que não, mas fez uma expressão momentânea de estranhamento com o meu questionamento.

11h31. Não consegui dormir, talvez porque tenha dormido muito no voo, talvez pela excitação da mudança. Deitei na cama, é bastante confortável, e o ar deixa o quarto com uma temperatura bem agradável. Meu amigo que está em Lisboa acaba para me chamar para ver o jogo de Portugal aqui em Portugal. Na Praça do Comércio se não me engano. O jogo é às 19h. São quase 16h. Disse para ele passar de 17h30. Não estou muito animado, mas prefiro ir que ficar aqui escrevendo. Pode ser bom. Ainda falarei da Garota da Rabeca.

12h20. Não consegui dormir, embora esteja cansado. Não estou com disposição para escrever e por isso a saída vai me ser tão benéfica. Ainda sobre o nome da Garota da Rabeca. É a primeira opção de nome que eu daria a uma filha, caso irrompesse das profundezas do impossível a vontade de me reproduzir. A garota teria que ser muito persuasiva, mas muito mesmo para me convencer a me meter numa aventura sem volta dessas. Embora eu saiba que a maternidade tenha um significado importantíssimo para a mulher. Acho que a criança não teria um pai inteiro, apenas metade, que é o que acho que sou capaz de dar. Acho que eu seria um pai careta. Será? Bom, isso tudo com a vida que eu levo, da forma como a levo, sonhando com namorada dos outros dentre outras ilusões, não passa de mero sonho com tendência a pesadelo. Uma filha, veja só. Mamãe acha que se eu me reproduzisse, ela é que ficaria com o encargo de cuidar do bebê, adivinhando ou diminuindo à exclusão a minha participação como pai. Hahaha. Eu poderia ter ousado mais com a Garota da Rabeca, mas acho que aí passaria do sensato, pedindo-lhe que me acrescentasse como amigo do Facebook. Não para que ficasse passando cantadas, mas para trocarmos uma ideia, tenho profundo interesse naquele ser maravilhoso. Ainda bem que não ousei. Mas, caso leia, Garota da Rabeca reitero que meu endereço no Facebook é mario.barros.75 e que, se me adicionar, pode da mesma forma me bloquear. Bom, pelo menos você me deu o final da história, escrever para a garota dos seus sonhos pode agradá-la, mas só isso. Especialmente se ela já ama outrem. A hora se aproxima da chegada do meu amigo corretor. Às vezes cai a ficha que eu cruzei o oceano e estou no país que colonizou em sua grande parte o meu país, o saqueou; estuprou e depredou os que aqui habitavam e impôs o modo português de civilização com escravagismo como status quo. É bem surreal isso. E no final não ficou tão português quando se poderia supor. Lá vou eu falando do que não entendo. Mas sinto pena dos índios, viviam no paraíso, respeitavam o paraíso e se tornaram praticamente nada hoje. E o paraíso foi amplamente devorado pela fome de capital. Mas, mais uma vez, não vou falar do que não entendo. Sei que falta menos de meia-hora para o meu amigo chegar. Tédio em Portugal. Acho que vou descer para beber uma Coca-Cola e fumar um cigarro no restaurante do hotel.

15h51. Desisti de ir com o meu amigo, ficou muito tarde para ir de ônibus.

18h49. Assistimos eu e mamãe o jogo no restaurante do hotel, que estou achando muito agradável e com lindas moças, em especial a que chamarei aqui de Garota do Hotel para não expô-la, que embora tenha um nome que não me agrada, é uma graça. E usa batom vermelho com pele alva e cabelos pretos. O que adoro, acho uma combinação perfeita, matadora. Muito simpática, mas parece ter algum cargo de gerência, papel em que aparenta ser muito durona. Penso em comprar uma camisa para ela caso vá mesmo ao Rock in Rio. E uma para mim também. Se o dinheiro só der para uma? Aí a coisa complica, mas negociarei com mamãe. Penso em um cartão com o meu endereço do Facebook. É uma abordagem muito semelhante às demais, diria que é o meu jeito de agir e que, infelizmente, não surte muito efeito. Aliás, nunca surtiu nenhum efeito substancial, qual seja, conquistar uma garota. Mas de que adiantaria conquistar a Garota do Hotel, deixar meu coração em Portugal e retornar ao Brasil. Seria doído demais. Afora que só sendo muito chata ou muito dedicada para não ter um namorado bonitão já. Acho que vou deixar essa ideia de lado. Ou não. Ela é como se fosse uma Garota da Noite melhorada, sei lá, uma mistura Natalie Portman com Laura Pausini. Estou sem cabeça para escrever. Melhor deixar para a amanhã. Ou abro outra Coca?

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O bonequinho do sinal é diferente aqui, tem pés.


7h40 (11h40, horário de Portugal). Fui deixar mamãe num shopping e comprar Coca-Cola. Voltei e estavam arrumando o meu quarto, por isso, desci e tomei uma extorsiva Coca-Cola no bar do hotel. Gostei do hotel. É quatro estrelas e essa é a medida exata de estrelas que merece e que me faz sentir bem. Acho que um cinco estrelas seria afrescalhado demais para os meus padrões.

7h54. Há mais gente que não tem emprego formal dentre os que conheço, que não vingou profissionalmente do que eu gostaria de supor. Vendo o Facebook me dei conta disso.

8h09. Fumei o último cigarro da carteira. Acho que vou tirar um cochilo. Penso em, no meio da tarde, descer com o meu notebook lá para o bar só para mudar de ares. Preciso ver se é possível e se posso também debitar na conta do hotel as coisas que eu consumir. E principalmente se a Garota do Hotel lá estará. Gostaria de ter coragem de pedir para tirar uma selfie com ela, visto que foi a coisa mais interessante e bela que vi em Portugal até agora. Juro.

8h24. Estava revisando o que escrevi até agora e percebo que tenho encontrado garotas interessantes num espaço mais curto de tempo. A vida me sorri nesse aspecto. Mas não é um sorriso tão largo que possa qualificar de amor ou paixão recíproca. Infelizmente de recíprocas elas não tem nada o que é uma pena. Perguntei a um segundo taxista quando daria para me levar ao Rock in Rio e ele me respondeu o mesmo que o primeiro, cerca de dez euros. Estou no mínimo curioso para rever a Garota do Hotel. Ela tem um lindo sorriso. Ela é toda linda. Se eu pudesse optar entre ela e a Garota da Rabeca? Eu poderia optar onde iria morar? Essa pergunta é a melhor resposta que eu posso dar. Portugal é uma cidade de primeiro mundo, europeia, mas por ter a mesma língua e ser a cultura mãe do Brasil, eu me sinto muito mais em casa do que na Alemanha. Em Munique eu me sinto mais estrangeiro, mais estranho a tudo aquilo, embora goste muito da cidade e especificamente de onde a minha irmã mora. Mais estranho ainda, talvez por ter ido menos vezes, eu me sinto nos Estados Unidos. Como Bono (do U2) muito bem pôs, os EUA são um sonho que o mundo inteiro possui. Para mim, em grande parte por conta da indústria cinematográfica de lá. Estou estranho desde aqui cheguei. Não sei se é por conta do fuso-horário diferente. Sei que algo em mim não é o mesmo de quem deixou Recife. Ou melhor é o mesmo ainda não adaptado à nova realidade. Não faz parte da minha realidade acordar de 4h40 da manhã para comer linguiça croissants, pastéis de nata e cappuccino. Mas tenho que admitir que a comida daqui é simplesmente divina.

9h46. Experimentei o prato de mamãe e estava delicioso, talvez peça no jantar. Por mim, não sairia do hotel a não ser para o jogo do Brasil e para o Rock in Rio. Pode ser que no final de semana, meu amigo daqui tenha algum plano. Sei lá. Sei que me sinto meio sonolento desde que cheguei aqui. Talvez esse cochilo à tarde me reanime. Me ponha nos eixos e me tire essa leseira que me acomete desde que aportei aqui. Mamãe confirmou que posso pedir coisas no bar/restaurante do hotel e, com a minha assinatura, colocar na conta do quarto, então não preciso de dinheiro. Também me informei e posso levar o computador para o bar e escrever lá. Certamente será um programa que considerarei com muito carinho. Especialmente se a Garota do Hotel estiver lá. Grande troca, uma garota com namorado por uma garota que mora em outro país, qual será a próxima, uma marciana? Hahaha.

10h50. Fui descer para esperar mamãe trocar de roupa e me informei quanto era o táxi para a Praça do Comércio, já pensando no jogo amanhã. Sete ou oito euros, respondeu o taxista. Minha mãe concordou com o valor. Então de táxi irei. Estava com uma música de Djavan na cabeça, mas não me lembro o nome...


Banheiro do hotel em que estamos o Novotel Lisboa


12h14. Cara tomei aquele banho agora. Como nunca havia tomado. Bem longamente na banheira, bem quente, ouvindo só anos 80 e relaxando por longos e longos minutos, uma experiência uterina, e depois, para finalizar, uma boa chuveirada. Estou novo. Vou dizer ao meu amigo que, se ele quiser, pode vir que estou pronto. Dormir só embolaria a minha adaptação ao fuso-horário daqui. Estou meio sonolento, mas não há grande problema nisso. A terceira página está prestes acabar. Última linha. Fico por aqui. Relaxado, relaxado.

domingo, 17 de junho de 2018

CASA MAIS QUE ASTRAL OU GAROTA DA RABECA




Assunto: Casa Astral
Estou em frente à Casa Astral e me sinto ridículo, pela minha postura curva, o saliente bucho que tanto maior parece com a apertada camisa polo laranja e, fechando o conjunto em grande estilo, um enorme copo rosa, bem “cheguei”, de plástico.

20:49. Eu dancei forró com talvez a mulher menos interessante da festa, mas ela é uma velha conhecida e não tive como me esquivar. Ainda no campo das ousadias da noite, abordei a menina mais bela da festa e disse-lhe que era a aparição mais linda da noite. Por incrível que pareça, ela está agora nesse canto isolado bem na minha frente. Tenho que tirar duas dúvidas ou fazer uma adivinhação.

20:57. Fiz uma das perguntas a ela e a adivinhação. Ela é realmente namorada do cantor da banda. Passei meu blog e, pasmem, ela acessou. Disse que amanhã teria um post sobre ela, em parte, pelo menos, e com uma poesia a ela dedicada. Terei que me esmerar, há uma probabilidade de que ela leia, mas sei tão pouco além da sua beleza que me confesso sem palavras. Espero que elas me afluam quando retornar à solidão do quarto-ilha. Mas chega de escrever, é momento de viver o que me é exterior, a singular noite que estou experimentando.

21:13. Antes de voltar ao terreiro, preciso dizer que por conta da Coca-Cola, vou ter que partir de 23:30, para poder comprar o negro líquido na pizzaria em frente de casa. Vou me enviar logo isso para me desvencilhar do texto.

23h47. Acabei de chegar em casa e ouvir um comentarista dizendo que o governo brasileiro entregou nos três primeiros minutos do primeiro tempo 14 bilhões de reais a terroristas, se referindo à greve dos caminhoneiros. Uma opinião bem radical, diferente. Mas não existe o direito constitucional a greves? Não sei, não lembro. Curioso anyway. Bem, estou de volta ao meu quarto-ilha e a noite foi nada menos que mágica. Dancei forró pela segunda vez na Casa Astral, mais uma vez com alguém por quem não tinha a mínima atração, a primeira foi com a Gatinha, minha ex, e nada nutro por ela além da mais profunda amizade.

23h58. “Avisa que dei o ninja. Não queria perder as Cocas, você sabe como são de suma importância, como sabe que a possibilidade de ser lido por uma garota apaixonante me traz ao teclado. As companhias estavam maravilhosas, mas meu alimento são as ilusões.” Acabei de postar para o meu primo-irmão essa mensagem de WhatsApp. Como será que me passarei para moça? Da forma mais sincera possível. Contando a história. Bem, a noite foi mágica, pois, além de dançar, interagi com um grupo de pessoas de forma satisfatória, divertida e me colocando nas conversas, fazendo a minha voz, interior inclusive, aparecer. Foi muito bom, mas isso seria excelente, não mágico. Mágico é algo maior, é algo encantado, uma raríssima oportunidade com a qual o acaso-destino, a existência, me agracia. Só me agraciou, nesses dez anos de solidão, duas vezes a possibilidade de ser lido por alguém que me encanta. Na primeira, não deu em nada. Com esta não vai ser diferente porque ainda mais encantadora que a outra, mágica. É como se uma luz, um brilho hipnótico emanasse dela, tudo perdia o sentido e só sua visão me importava. Apreciar o que de mais belo há na natureza aos meus olhos, uma garota mágica, é um evento raríssimo de ocorrer. E praticamente impossível a possibilidade de ser lido. Mas se deu, porque além de tudo é simpática, apesar do terror de ser assediada ou abordada por todo tipo de homem, dada a sua singular perfeição, aos meus olhos, pelo menos. Nossa, como não gostaria de ser mulher e linda. Nem gostaria de ser um homem lindo tampouco, não me agradaria o assédio sexual feminino meramente pela minha aparência. Gostaria apenas se isso me desse o poder de despertar interesse na Garota da Rabeca. É assim que a chamarei. Eu chego lá. Pera aí, eu já não contei o que vou contar no e-mail? Preciso averiguar. Bem, a vi quando olhei para o terraço elevado da frente da Casa Atral. E lembrei na hora, ela é a possível namorada do cantor da banda, ele canta muito bem, por sinal, tem uma voz bastante agradável, eu gosto. Ela é a que me encantou naquela noite no A Caverna, onde não conseguia tirar os olhos, que me mesmerizou com sua beleza, me levando ao ponto de, após o acaso-destino fazer com que ficássemos próximos e depois nos cruzássemos, não me aguentar e perguntar a ela se o que ela carregava e protegia consigo era um violino ou uma rabeca. Ela respondeu sorridente que era uma rabeca. Daí Garota da Rabeca. Quando vi o cara da banda alisando ela, deduzi que era namorado, daí a adivinhação do e-mail. Não sei me repito. Mas ao vê-la eu senti a necessidade, a obrigação, o dever de comunicar-lhe que era a aparição mais linda da festa. Era algo mais forte do que eu. Eu acho que saber disso não a ofenderia, era apenas o elogio de um desconhecido que acha pouco, muito pouco de si. Preciso fumar um cigarro e tomar um Coca gelada. E ainda preciso pensar num poema, sem rimas, sou péssimo com rimas. Rimo limão com macarrão. Hahaha. Vou lá.

0h47. Fumei e não consigo parar de pensar que estou escrevendo para ela. Nem ao menos sei seu nome, Garota da Rabeca. Eu tentei e falhei, acho que não vou conseguir escrever um poema, vai na prosa mesmo. Vamos ver. Voltando a história, atravessei as pessoas me aproximei dela ela inclinou a cabeça – protegendo o rosto – para me ouvir; anos de assédio eu creio, até dos mais intrusivos, geralmente dos bêbados, eu suponho. E disse-lhe o que me propus a dizer ela riu e agradeceu, depois disso não me lembro de mais nada. Lembro que estava escrevendo, que precisava descrever aquele evento, magnífico para mim, mágico, eu expor a minha mais sincera admiração, não, admiração não, pois admiração necessita de intimidade, convívio para brotar; exprimir meu mais completo arrebatamento com a sua existência. Um pequeno milagre do universo, da evolução das espécies. Só tive esse impacto quatro vezes na vida, com a minha primeira namorada, com a minha terceira namorada, com a Garota da Rabeca e a quarta e mais impressionante de todas só será revelada se o meu livro vier a público, qual seja, for publicado porque uma editora acha válido publicá-lo. O que acho difícil de acontecer. Quase tão impossível, não, menos impossível que eu vir a ter alguma coisa com a Garota da Rabeca.

Tempo cristalizado
Um diamante da existência
Ali diante dos meus olhos
Que não eram suficientes
Para apreendê-la
Visão, uma visão
Saí da minha caverna
Num ato tão distante de mim
E totalmente necessário
Para louvá-la
Como os poetas de verdade
Fazem com suas musas
Eu, torto com as palavras
O fiz e pequena troca se deu
Mas a concretude, me escapa às mãos como areia
A realidade me presenteia com o impossível
Quem sou eu para sonhar tão alto?
Não tenho em meus sonhos, o medo do pai de Ícaro.
Ícaro que sou
Em sonho
E dei de cara com um
Ali posto na minha frente
A existência se configurando sonho
Por alguma razão que me escapa
E perto de mim
Tive que ousar
Tive que ir além de mim
Tudo em minha alma implorava por aquilo
Como um escravo anseia a liberdade
E fui por breves momentos
De uma felicidade rara e preciosíssima
Quem eu sou e como vivo
Não me permitem muito disso
E é bom, virtuoso até
A expectativa tocar de leve a realidade
O sonho se materializar
E se permitir
Uma nada que fosse e tenha sido
Momento que tenho para sempre meu
Ninguém irá roubá-lo
O contato com a musa
Nossas almas se cruzando para um breve diálogo
Sandices
Ilusões
Palavras
Vãs
Sem sentido ou vocação para fazer sentir
As digo porque me escapolem ao peito
E me agrada que o façam
Fico encantado com as infinitas realidades
Que a realidade irá me negar
A realidade?
Esta segue reta o caminho da solidão
Ainda bem que me permite olhar para os lados
E de vez em quando para o lado perfeito
Mas que eu e a solidão sabemos impossível
Por isso ela deixa
Porque sabe que não dá em nada
Que minha quota de amor já foi vivida e esgotada
E permanecemos eu e as palavras
A fazer companhia um às outras
Completa solidão, porque as palavras nada mais são
Que um pedaço de mim

Ficou uma bosta, me perdoe, gerar uma expectativa em você e fazer um lixo desses. Sei não. Mário... vou jantar. Não comi nada e a terceira página acabou de acabar. Ela não me sairá da cabeça hoje, eu já sei.

1h56. Preciso contar das amigas do meu primo-irmão, muito divertidas, com opiniões fortes. Achei agradabilíssimo. Andamos até as margens do Capibaribe. E nada vimos. Foi uma noite sui generis na minha vida. Especial de diversas formas. Até da mais especial possível. Amanhã escrevo mais, estou com sono por causa do jantar.

-x-x-x-x-

12h27. Vi uma barata agonizante no banheiro, provavelmente por conta do veneno de dedetização e não tive coragem de abreviar o sofrimento desesperado dela. Eu sou um covarde realmente. Mas tenho uma neura com baratas e em tirar a vida de outros seres de forma geral. Mesmo que o ser esteja em agonia. Bem, vou continuar a revisar o texto.

12h36. Acabei de revisar. Achei tudo uma porcaria. Me perdoe, Garota da Rabeca. Você me encantou desde A Caverna. Quando pensei em ir para a Casa Astral, me veio difusa a possibilidade de reencontrá-la. Mas foi pensamento ligeiro, que logo me escapuliu. Nunca iria imaginar ver o meu blog em suas mãos. Isso foi completamente além da minha imaginação, no entanto, com a sua ajuda, construímos essa coisa miraculosa para mim. E agora sonho estar me dizendo para você. Como se isso fosse fazer alguma diferença na sua vida. Parece que o tempo passa e mais ridículo me torno. Se você soubesse, entretanto, quão pequena é a probabilidade de algo assim acontecer na minha vida, você entenderia a maravilha que estou vivendo no momento. “E ainda por cima, simpática”, confesso que não esperava por essa parte. É crível que você seja uma pessoa legal. Como é igualmente crível que você nunca vá querer nada com alguém como eu, tão distante estou das suas expectativas em relação aos homens. Ademais seu coração tem dono, sua vida já está devidamente compartilhada com quem de direito. Não quero me intrometer ou quebrantar isso. Longe de mim. Saiba, porém, que você, se estiver lendo isso, me deu um dos maiores presentes que eu poderia receber. Me repartir com uma garota que provoca profundo encantamento. Isso é mais do que aspiro nos meus dias. Imensuravelmente mais. Você tornou minha existência superiormente interessante.

13h06. Fui fumar um cigarro e vi a primeira transmissão da Copa em 4K, confesso que só me impressionou porque, como o meu padrasto salientou, mostra um campo de visão mais amplo, dá para entender melhor o posicionamento dos jogadores no gramado, o contexto. México e Alemanha. Mas isso aqui é tão mais interessante para mim, tão mais importante, tão delicado de se tocar – e me trocar –, dada a sua natureza frágil, que preciso estar todo aqui. Estou ouvindo “Songs Of Experience” do U2, o mais novo, porque ele traz um gosto único de liberdade para mim. Quem sabe um dia eu não lhe explique o porquê. Já estou viajando demais, né? Imaginar um diálogo com você é ir além das possibilidades de existência que se afiguram para mim. Mas podemos conversar pelo Facebook, se for do seu interesse. O endereço do meu Facebook, se não me engano é mario.barros.75. Não dou certeza e tenho quase certeza que você não vai me adicionar como amigo. Não acho que tenha demonstrado qualidades para tanto. Não importa, o mundo sou eu e a realidade que me cerca, que chega até mim, e eu preciso estimulá-la, afinal todos nós temos impacto, por mínimo que seja, na realidade, da forma que me apetece. A fim de moldar as coisas da forma mais salutar para mim. Acho que é o que todos nós fazemos em última instância. Parece uma atividade egoísta e é. Todos nós somos, até Madre Teresa de Calcutá, que cuidava dos leprosos porque aquilo lhe satisfazia o ego de alguma forma, muito generosa é verdade, mas egoísta da mesma forma. Não sou dado a atos tão magnânimos, não nasci para ser grande, eu acho. Se sou grande é em sonhos. Você é um sonho meu. Algo que mais do que provavelmente nunca se concretizará. Mas talvez se concretize uma parte do sonho que é você me ler. Isso já está de ótimo tamanho para mim. Por mais que esteja me esforçando, não me sinto satisfeito com o texto porque para você. Você merecia algo mágico como me proporcionou. Ah, a minha foto do Facebook sou eu abraçado com uma simpática e sorridente senhora, a minha amada e idolatrada babá. Preciso até ligar para ela, mora em Natal com a minha tia, que se ocasião se der e eu me lembrar conto a história. Não é das mais interessantes, mas não é das menos interessantes também. Prepare-se para ver algo inusitado, uma foto do meu quarto-ilha. É um lugar peculiar, eu acho, como quem o habita e passa a maior parte enfurnado nele a escrever. Eu poderia tentar outra poesia, achei aquela tão fraquinha.

No mundo de perdas
Ou de nenhum ganho
Onde habito
Decidi me jogar na noite
E a reencontrei
O que seria óbvio
Se não fosse mágico
Palavras repetidas
Podem se tornar verdades
Alguns dizem
Poderiam se tornar amor
Ah, não tenho tal sorte
Nem sei o que faria com ela
Fato é que ontem
No meio do animado povaréu
Avistei um sonho
De carne, osso e coração
Esse último já com dono
E me joguei nesse sonho
E o destino me sorriu
Por isso essas linhas
Esse ponto brilhante
Na minha alma

13h35. Deixa para lá, poderia sair escrevendo em versos o que já disse em prosa. Preciso é acabar esse post. Que acho que a Garota da Rabeca não vai ler. Certamente já esqueceu do nosso rápido encontro. Que seja, cumpri a minha parte do acordo. Se é que podemos chamar assim. Sim, caso as amigas do meu primo-irmão leiam o blog! Foi muito bom, compartilhar minha vida com vocês, me senti sinceramente interagindo, foi interessante conhecer mulheres assumidamente feministas e poder me expor, me colocar, haver troca, geralmente fico no meu papel de poste ou figurante, mas dessa vez tomei para mim um papel mais ativo porque houve receptividade, acolhimento e o sincero interesse de me ouvirem e se comunicarem comigo. Fico muito grato por isso a vocês e grato à Garota da Rabeca por ter me proporcionado o improvável sucesso meu comigo mesmo e com isso ter enchido a minha bola e me tornado mais confiante para me soltar socialmente. Foi ótimo encontrar com vocês e ouvir suas opiniões a respeito de homens, filhos, empregos e diversos. Vou postar a foto do meu quarto-ilha para fechar o post. Me excedi hoje. Peço perdão ao leitor. O que mais eu queria? Duas coisas, que a Garota da Rabeca me adicionasse no Facebook e deixasse um comentário aqui sobre o que achou do texto. Tenho até medo do que ela vai achar. Tenho é que parar de escrever. Pronto.





14h25. Fui ao banheiro e o sofrimento da barata havia acabado, estava toda curvada em si mesma, imóvel. Sua existência como barata cessou de ser. Um dia vai ser a minha vez ou a sua. Temos que fazer o melhor de nossas vidas nesse intervalo. Essa é a minha tentativa.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

MAMÃE ESQUECEU O CIGARRO E TERAPIA... E AT


Mamãe esqueceu de me deixar os cigarros, que ozzy. Acho que escrevi um monte de asneiras ontem no meu projeto paralelo. Não tem problema, se for asinino demais eu simplesmente corto. Tenho esperança de não ser. Fui bastante transparente e repassei tudo o que me tomava no momento. Eu já o vejo como um possível segundo livro, se e somente se o primeiro houver. Acho que não vou publicar esse. Não sei. Fato é que o post com três páginas teve muito mais acessos. Isso me estimular a continuar a escrever nesse formato.

14h34. Acabei de ver uma campanha de uma tal de Unipsico sobre não incentivar o namoro entre crianças. O que eu penso disso? Eu me apaixonava quando era criança, mas nunca cheguei a concretizar nada. Então, não sei o que pensar disso, não sei se é uma “adultização” das crianças ou se elas já erotizam algumas relações por ela mesmas. Não sei. E pouco se me dá. Estimular já acho estranho, tanto quanto coibir. Realmente não tenho opinião muito formada sobre o assunto, talvez por não ter filhos, não consiga fazer uma projeção sobre isso.

14h44. A hora de ir para Ju se aproxima e não me sinto preparado. Louco para fumar um cigarro. Ah, mãe, porque você foi esquecer do cigarro? Acho que vou fumar um dos três que me restam. Três são a medida certa para me acompanhar na espera e no pós-sessão, mas terei que me contentar com dois. Preciso de um cigarro agora.

14h53. Estou agoniado, achando o meu quarto muito caótico muito cheio de coisas, estou como se não coubesse em mim direito. Acho que estou pilhado de cafeína. Daqui a pouquíssimo tempo vou tomar um banho para ir ao embate com Ju. Embate, pois terei que demarcar minha posição. Não estou a fim de encarar tal debate. Mas é inevitável. Eu posso não ir, mas sei que irei. Espero que o banho me bote mais nos eixos. 14h59. De 15h10, eu vou tomar banho. Estou me sentindo diferente. Agoniado demais. Afobado, impaciente. Estranho. Definitivamente peguei sovaqueira. Ozzy. Mais uma coisa que conta contra a minha pessoa. Não bastasse a enormidade de coisas que me denigrem ainda essa. Bom, é a vida e o desodorante está acabando. Acho que vou me preparar para ir. Inté.

Assunto: Terapia

Espero por Ju e me confesso sem cérebro ou disposição de encarar a conversa tal qual a imagino. Uma investigação sobre as minhas expectativas em relação à AT. A tarde cai dourada, tropical. É uma luz muito bela que sempre me encanta. É assim que chego hoje à terapia. Impressionado com a capacidade do teclado do celular de adivinhar o que quero escrever. Não sei o que dizer por enquanto, trago uma certa ansiedade comigo. Esse encontro me parece ser mais superego, por assim dizer, que os demais. 16:10. O sol foi encoberto por nuvens. A bateria está em 10%. Daqui a pouco vou ser atendido, acho que o cliente que Ju atende antes de mim acabou de sair.

17h32. Estou de volta. Com o cartão da AT sugerida por Ju. Espero que não seja quem eu estou pensando. Vou pesquisar no Facebook depois. Tenho quase certeza que é. E ela me intimida. Mas deixemos isso de lado por enquanto. O fio da conversa foi frustração. O quanto me sinto frustrado, o quanto frustro e o medo de frustrar. Tudo isso me pertence e me apodero disso. Com que utilidade, eu não sei. Talvez me machucando não sinta as dores do mundo. Ju é fenomenal. Quase me fez sentir como gente, mas admiti que sinto menos que as demais pessoas, que não me considero gente, me considero subumano. Talvez daí surja a minha identificação com as periferias, com os marginalizados. A verdade é que estou louco para descobrir quem é a AT, tomara, tomara que não seja quem eu estou pensando.

17h47. Não era quem eu estava pensando. Não é uma má alternativa. Não é seria uma escolha que faria, mas é uma boa escolha. Não sei se a amizade que tem com minhas primas, uma do lado paterno outra do lado materno atrapalhará o processo.

17h56. Não me sinto preparado para isso. Não sei. Preciso meditar muito a respeito. Eu sou gente, mas não me sinto como tal, me sinto abaixo dessa condição pela minha inutilidade e pelo prazer que encontro em ser inútil. Também me causa uma forte dor na consciência estar jogando a minha existência assim ao vento aliás, me decompondo mais a cada dia no abafado quarto-ilha. Mofando enquanto a vida passa. Estou noiado com essa história de AT. Gostaria de lidar com isso na presença de Ju. Um encontro de nós três. Mas preciso ter um pouco de hombridade e enfrentar por mim mesmo. Não sei, não sei o que pensar a respeito da escolha de Ju. Me surpreendeu, nem positivamente nem negativamente. Essa neutralidade é um tanto desestimulante. Queria sentir atração pela garota, eu suponho. Mas ela não faz o meu tipo. Ju me leu um poema muito lindo e o que me lembrou foi Aurora. Eu sou um verme. Me sinto com a alma pesada, como disse a Ju. Pesada, cansada de ser quem eu sou, como sou. Vou fumar um cigarro. E acho que vou descer para a piscina hoje outra vez, não sei. Vou não, só se meu amigo da piscina se manifestasse. Vou lá fumar com um Coca bem gelada. Há pouco gelo, isso é mau.

18h25. Aproveitei e botei gelo para fazer. Pensava em descer para a piscina. Mas estou com um negócio ruim em relação a isso. Estou com a alma toda destrambelhada hoje. Não queria que a AT fosse quem é, mas também não objeto a escolha. Poderia ser pior. Acho que precisarei de outra sessão com Ju. A verdade é que eu queria alguém por quem pudesse me apaixonar, o que não é o caso. Isso nem parece a minha vida, parece ficção. Não queria que fosse ela. Essa rejeição prévia talvez seja medo. Ou o fato de sonhar com alguém por quem eu possa ter uma transferência romântica. Mas o acaso-destino me empurra em direção ao itinerário previsto e desejado, o impossível. Estou escrevendo mal, perdão. Redundo porque meu juízo está rodopiando tentando lidar com a possibilidade aberta. Sinceramente, não sei o que achar. Na verdade, acho que não. Há um certo resquício de talvez por baixo da camada de não. Estou que nem barata tonta agora. Já com vontade de fumar outro cigarro.

18h54. Fiquei ciscando na internet para fugir da realidade tal qual se afigura. Não gosto de como ela se afigura, estou desconfortável com a possibilidade, só sei que poderia ser pior. Estou achando muito estranho esse negócio de AT com a figura em questão. Essa é a verdade, não me sinto, no momento disponível para isso. Pode ser que com uma boa noite de sono eu me aclimate com a ideia, mas agora não me agrada. Vou fumar e tomar Coca com gelo, espero. E comer uns bolos.

19h14. Não comi bolos. Falei para a minha mãe que a AT era amiga da minha prima, irmã do meu primo-irmão, como que buscando a reprovação dela. E essa veio. Não acho que a figura fosse comentar nada com a minha prima, acho que não atrapalharia a relação isso, o negócio é que estou com um pé atrás com a escolha, não me sinto confortável com ela. Talvez esse desconforto surgisse com quaisquer pessoas que Ju me sugerisse. Não sei. Minha mãe já está achando muito em cima da viagem para começar. Isso me dá um alívio. A verdade verdadeira é que não queria ela. Quem eu queria? Acho que agora eu não queria ninguém, me decepcionou a opção. A verdade é essa. Não sinto empatia suficiente pela pessoa. Eu acho, ela é legal e tal, mas algo dentro de mim não curtiu. Talvez seja o supramencionado medo, mas queria alguém com quem já tivesse uma empatia. Seria muito mais fácil para mim. Bom, eu não sei o que faça da minha vida, talvez reparta esse post com Ju. Para que ela tenha a medida do meu sentimento em relação à sugestão. E seria estranho ir na casa da minha tia-mãe e dar de cara com a minha AT lá. Eu ficaria todo errado com ela. Ju diria que é parte do processo de construir uma nova relação e blá-blá-blá, mas verdade é que não me sinto disponível para isso com essa pessoa. É bom notar que não tenho nada contra a figura, mal a conheço. Mas existe um “mas”. Esse porém que não sei bem nomear me broxa. Nossa, não quero e pronto. Ela disse que eu estou no comando. Mas me sinto envergonhado de negar uma pessoa. Como disse a Ju, não gosto de frustrar o outro mais do que já frustro vários. Quanto mais próximos, mais frustrante eu sou. Eu não me sinto no direito de negar a ajuda da figura, mas não me vejo confortável com a sua presença. Eu não sei, me sinto culpado ao dizer isso. É uma pessoa do bem gente boa, sem frescuras, de bem com a vida e com senso de humor, eu creio. Não foi alguém com quem eu tivesse o interesse de conectar e combinar um encontro. Há algum entrave. Senão não estaria aqui a dar voltas atrás do meu próprio rabo, já teria feito contato. Se fosse algo que me empolgasse. Acho que quero uma paixão platônica ou estou com medo de alguém que não quero entrar na minha vida. Estou com a cuca fervendo aqui. Que dilema. Mas não vou me jogar numa coisa para a qual não possa me dar por inteiro. Com vontade. Com disponibilidade. Não me imagino indo ao cinema ou a uma exposição com ela. Há algum bloqueio. Alguma coisa não bate. Não sei o que seria. Me sinto culpado rejeitando alguém, ninguém merece ser rejeitado. Não acho justo da minha parte. Também não acho justo comigo fazer uma coisa que não quero. Não a vejo me dando suporte na hipotética tarde de autógrafos do lançamento do livro. Sendo o meu campo de força. Não vejo como a cumplicidade pudesse surgir da minha parte. Por que não vejo? Não sei. É algo a que não tenho acesso direito. Queria que fosse fácil, agradável, acolhedor e sem esforço.

20h13. Fui jantar. Parte um dele. Eu me sinto culpado por tudo o que escrevi sobre a sugestão de AT. Mas culpa não pode ser o motor da decisão. Odeio ouvir um não, então odeio dar um não. E ainda mais meio sem justificativa. Sem uma explanação racional, só porque minha alma não quer uma realidade assim. Não acho que me faria bem. Não me sinto bem com as projeções que faço. Posso estar sendo pessimista, o que não seria nenhuma novidade. Não pensei que esse negócio de AT iria me botar tão dividido. Só me sinto pior, mais verme ao pensar no assunto tendo a garota como protagonista. Não queria me sentir assim e não sei como me sentir de outra forma. Se estivesse realmente interessado na companhia dela, já teria tentado contato. Mas não quero. Vou mandar isso para Ju, não sei se vai ler (ela é meio fuleira com isso). Eu não sei o que a AT tem de errado, só sei que sinto que algo não está certo para mim. Não é alguém que eu deseje encontrar ou partilhar o meu tempo. Acho que vou desistir dessa ideia de AT e viver o meu confinamento mesmo, é um futuro triste, é frustrante, é doído. Não quero isso também, queria uma AT que eu me sentisse sinceramente motivado a contatar. Não é o caso até o momento. Nossa, tem dias que a coisa – eu – parece que emperra. Me sinto emperrado, culpado, como se estivesse denegrindo ou desmerecendo a garota. Mas me esforço para projetar algo de positivo advindo daí e não consigo. Que saco, isso me faz desgostar um pouquinho mais de mim e de minhas sensibilidades. A página três chega ao seu fim. Uma última frase? Por que fui me animar com essa história de AT? Otário. Ridículo. Imbecil. Seu merda, a culpa é toda sua. Tudo está dentro da sua cabeça e nela apenas, o problema todo reside em você, ser desprezível. Obrigado pelo grand finale, superego. O que Ju irá pensar de mim? Não quero nada disso.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

CASA DA TIA ÚLTIMOS DIAS - OLINDA





13h47. Familiares chegam para se confraternizarem aqui hoje. Eu já estou pronto para Olinda.

13h53. Meu primo-irmão também está pronto. Estamos esperando o nosso amigo cinéfilo. A família está reunida. Legal. Dá até vontade de ficar, mas minha curiosidade está voltada para Olinda. Quem sabe quando eu voltar não esteja rolando ainda a festa? Pela hora que iremos sair, acho difícil. Mas não emendarei de forma alguma para o Recife Antigo. Count me out. Não sei porque uso esses anglicismos, acho que para passar vergonha. Creio que vá ficar o tempo todo no casarão do meu tio por parte de mãe lá. Espero muito que ele realmente tenha ido. Caso não tenha, ficarei em frente à casa de um amigo do meu primo. Ficar me locomovendo muito no meio da massa é que eu não vou.

14h20. Vou levar o celular! Está numa pochete do Star Wars. Dentro da bermuda. Não é possível que levem. Só se for quando eu for chamar o Uber. O carnaval deve ser a farra do celular para os ladrões.

14h30. Meu primo-irmão pretende ficar em Olinda até o Homem da Meia-Noite. Se meu tio do casarão for dormir em Olinda até me aventuro. Isso se assistir o mais famoso boneco gigante desfilar de dentro da casa do amigo do meu primo-irmão. Eu estou muito antissocial, nossa. Nem ficar com a velha guarda na varanda eu quero. Quem será que, da família materna, aportará na casa do meu tio? Aposto que deverá estar cheia de pessoas. Uma casa em Olinda de graça é uma boquinha que poucos querem perder.

14h40. Até agora nada do nosso amigo cinéfilo.

(Nota: Eis os e-mails que escrevi durante a minha ida a Olinda.)

Assunto: Carnaval

14:59. Estamos tentando pegar o nosso amigo cinéfilo no centro. Está rolando um certo estresse. O motorista certamente não dará uma nota muito boa para o meu primo-irmão. O nosso amigo cinéfilo chegou, está ao meu lado.

15:13. Já estamos no engarrafamento para Olinda.

16:47. Estou sentado ao lado de Albertão. Não pretendo sair daqui. É um Carnaval muito plural o de Olinda. Há pessoas de todos os tipos, inclusive quase inválidos desfilando à minha frente. Temo que tomem o celular da minha mão. Minha mãe me incutiu tal paranoia, mas acho que estou seguro onde estou. Quando vier um bloco, eu escondo o aparelho. Por enquanto a rua está tranquila. Uma moça um tanto vulgar vestida de gatinha, mas que não é gatinha na minha opinião, parece ser uma presa fácil. Não me interessa. Aliás, até agora só vi uma garota que me chamasse a atenção. Um monumento, embora não muito alta, tinha um corpo exuberante que não fazia questão de exibir, usando um fio dental praticamente com uma saia transparente.






16:58. Parece que vai chover. Não é nenhuma novidade nessa época. Lá vem o monumento, está hospedada na casa da frente. As pessoas passam cada vez mais ébrias. Devem ter chegado cedo aqui. Vou observar um pouco mais a festa de momo.

17:09. A rua está mais cheia. Colocaram um som em uma das casas. Rola algum dos pancadões de hoje em dia. Os ex-alunos de Albertão que aportaram aqui se animam com o som. Há muitas mulheres vestidas de policiais dominatrix.

17:27. Acho que não vai mais chover. A noite vai se derramando lenta pela cidade Alta. O monumento está sentada em frente a mim do outro lado da rua.

17:32. Um bloco de anciãos cantando músicas da velha guarda acaba de passar por aqui.





17:34. A turma disse que passaria aqui depois do Eu Acho É Pouco. Disseram que o bloco acabou de sair.

18:08. Passou o bloco dos Papudinhos de Bonsucesso. Vi mais uma delícia ler e KY is u going  home for a long time long time here u ikon..  Ipassando. Acho

(Nota: não sei como esse texto em inglês foi parar no post, mas é deveras curioso. Interrompi o texto pela metade porque fiz alguma besteira no celular.)

Assunto: Olinda II

18:23. Nada dos meninos. Ainda estou sentado ao lado de Albertão. Mandei um WhatsApp para a minha mãe, para tranquilizar a véia. Nossa, o monumento com esse biquíni virada com a bunda pra mim é um colírio. Vou aproveitar a vista. Foi só falar e ela sentou. Que pena. Não sei mais o que dizer, o clima esfriou mais, acho que muitos foliões já devem ter dado o dia como visto e terem ido pra casa. Imagino a ressaca coletiva amanhã.

18:57. Os meninos chegaram há alguns minutos. Deliberam ir para um lugar chamado Fortim para assistir shows do Eddie e Ave Sangria. Acho que se eles forem, eu vou. Eu acho.

19:04. A galera ainda não decidiu o destino.

(Nota: fim dos e-mails)

Estou de volta do Carnaval de Olinda. Foi uma experiência válida, tornou-se ainda mais válida quando encontrei a turma e rumamos para o Fortim. Pude interagir mais por mais que tenha sido mais demandante e cansativo. Envolveu caminhada e aglomerados concentrados de pessoas em alguns lugares. Como no nosso destino final, o Fortim. Avisei à galera e fui sentar nos bancos à beira-mar. Observei duas mulheres dançando como um par, num jogo de sedução, senti a brisa marinha, fumei um cigarro, pensei sobre a vida ao som de Academia da Berlinda de quem não conheço uma música sequer. Em alguns momentos me senti alienado e alienado deveras sou de minisséries, música atual, de quase tudo. Carregar esse vazio que as outras pessoas têm preenchido com essas informações gera falta de identificação, de assunto. Quando estava saindo de táxi, vi uma moreninha bem gostosuda, não resisti e fiz “pô”, quando ela estava olhando para mim. Não é que ela abriu um sorriso? Nunca esperaria tal reação. Dei por vista a minha incursão pelo Carnaval. Agora, a partir de amanhã, é só quarto-ilha, Word e Mario Odyssey. Me diverti a meu modo, durante a tarde, observando o movimento – e o monumento – e escrevendo; e me diverti em grupo, com os meus amigos, numa socialização agradável e irmanada. Ainda bem que não faltavam pessoas para conversar com o nobre Albertão, pois eu, se troquei quatro frases com ele foi muito. Não sabia o que conversar, não tínhamos conhecimento algum um do outro e não nos sentimos, mais da minha parte, estimulados a conversar um com o outro. Ainda bem que ele foi entretido por seus ex-alunos que não paravam de surgir e cumprimentá-lo. Um grupo passou quase o mesmo tempo que eu com ele lá a trocar ideias, o que me fez sentir imensamente aliviado, por não ser necessário socialmente e poder fazer o que tinha vontade. Quando os meninos chegaram a história foi outra, a conversa correu solta, troquei ideia com o meu amigo cervejeiro e o meu amigo cinéfilo e não conversei mais com o meu primo-irmão porque estava acompanhado de uma garota.


À frente o palco do Fortim.


0h35. Meu primo achou o busto do Hulk parecido com o Eddie do Iron Maiden. Hahaha. Viu na minha tela a imagem do busto, que queria mostrar a ele, mas antes que o fizesse ele olhou para a tela e perguntou se era a mascote do Iron. Hahaha. Mas voltando ao assunto momesco, o dia foi muito melhor que o esperado, superou minhas expectativas. Amanhã é a inevitável volta ao quarto-ilha. Foi bom ter passado esses dias aqui, foi bom minha tia me perceber isolado. É como tenho me colocado no mundo, só com as minhas palavras. E o Mario Odyssey que, infelizmente, tem prazo para acabar. Infelizmente, também, não vimos o Homem da Meia-Noite, mas isso só me valeria como uma história para contar, não acho que renderia muito mais que isso. Agora estou de novo na frente do computador. Eu e as palavras. O que acho disso? No momento nem gosto nem desgosto, mas é muito melhor tê-las do que estar sem elas. Se sou viciado em escrever? Talvez. Melhor do que os outros vícios que carrego. Se me faz mal? Estou me alienando aos poucos da sociedade, mas a sociedade cada vez me diz menos. São massa rompantes esporádicos assim, pois vislumbro uma coisa outra na minha vida, sinto o poder da intimidade em diferentes graus, mas o sentimento de não pertencimento lateja agora em mim. Na hora não senti isso, não sei por que vim sentir aqui. E não quero me focar nisso. Acho que mantenho relações muito superficiais com as pessoas, que não tenho a intimidade que tenho com as palavras. Isso me preocupa, por que não há como ter mais intimidade do que conmigo mesmo, eis a verdade. E nesse meu monólogo converso de mim para mim, sou o mais íntimo que posso ser publicamente. E ainda tenho o Vate para as coisas que são de mim, mas não são para os olhos alheios. Tenho vergonha de admitir, mas tenho o Mario Odyssey que me diverte de uma forma singular que só videogames podem proporcionar a um gamer. Só quem é gamer entende o grau de elação que o jogo da sua vida pode proporcionar. São momentos inesquecíveis. Serão momentos inesquecíveis porque perduram, o jogo ainda não acabou. 1h05. Ainda não estou com sono. Mas ele se aproxima. Isso é bom. Não acordo tão tarde. Ou desperto para o almoço com mais disposição. Isso se minha mãe não vier me buscar antes. Queria ter outra Coca de um litro para beber ou poder pegar café e água na cozinha. Quem sabe não crio coragem para tal. Não sei. Não quero perturbar a minha prima professora que acho que ainda dorme na sala. Tudo leva a crer que dorme, não quero interromper o descanso dela, é por demais inconveniente por parte de um hóspede. Indelicado. Desrespeitoso até. Eu me viro com meu Vaporfi a seco mesmo. Isso não é problema. O saco vai ser arrumar tudo para amanhã, mas não há nem muito o que fazer.

1h13. Resolverei o problema da água de forma um pouco menos ortodoxa, mas que não afetará o sono da minha prima. Pronto. Tenho suprimento de água até dormir. Um enigma simples da existência que não tive problema em contornar e achar uma outra solução. Aí fico querendo o café o que já é querer demais. A água me basta. Deixa de ser peitica, Mário. Há alguns minutos atrás você não tinha com o que molhar a goela, agora está bem servido, é o suficiente. Mudando de assunto completamente, eu tenho uma estranha mania de colecionar alguns e-mails promocionais. Sei que isso é ridículo e inútil, mas penso na constante virtualização dos produtos e conteúdos.

Miniconto.
Pode ser que em algum futuro distante, um historiador da História do Entretenimento Digital possa utilizar todos os PDFs de ofertas da Gamestop que salvo para traçar um arco histórico baseado no que estava em evidência e nos valores dos softwares e hardwares desses folhetos digitais e sua variação ao longo do tempo. Poderia ceder os documentos a ele. Seria um farto material de pesquisa e ricamente ilustrado. Sei que isso é só devaneio. Considere um microconto, uma ficção baseada em fatos reais, pois efetivamente salvo todo e qualquer PDF que a Gamestop me manda.

1h25. Algo, um impulso, me empurrou para longe do computador por alguns segundos em que fiquei me questionando, se não isso (a escrita), então o quê? Mas foi rápido, pois o mesmo sentimento me motivou a escrevê-lo aqui, por ser a primeira vez que me ocorre. Pois, é, se não for escrever, não sei o que faria da minha vida. Nada me agrada mais e eu acho que na vida a gente tem que buscar o melhor, o que mais se enquadra aos nossos desejos, tentar ser feliz como se é capaz. E meu desejo é simples, banal, é fazer isso tendo Coca Zero gelada e o que fumar. Com o busto do Hulk ao meu lado. Queria que lançassem expansões para o Mario Odyssey. Novos mundos a serem explorados. Mas acho isso impossível. Eles já colocaram coisas demais num jogo só.

1h34. Estou ficando sonolento. Seria bom até dormir antes da fome dos remédios. Vou pegar mais água.

1h37. Peguei e acendi o penúltimo cigarro da noite. Mais reminiscências de Olinda? Vi uma menina que parecia uma fadinha, tão bonitinha e miudinha. Vi um velho que caminhava muito mal, com a pernas de alicate, dava cinco passos e parava, seguido de outro com cacoetes faciais realmente estranhos e constantes, ambos juntos aproveitando à sua maneira o Carnaval. Vi com inveja muitos homens sarados, obviamente sem camisa, para exibir o resultado de tanto esforço nas academias às damas ou cavalheiros de seu interesse. Vi muito Fred Flinstone e Super Mario. Além das policiais dominatrix. Vi um casal de baixa renda, jovem, com um bebê de colo, com pouquíssimos meses de vida, levando o isopor para vender cerveja. A vida é realmente dura para alguns. Mas não pareciam tristes, acho que deviam se amar e amar o rebento. Prefiro crer assim. Vi onde os sem-teto de Olinda se alojam na orla. Foi uma visão triste.





Vou na cozinha comer alguma coisa e ir dormir.

2h05. Comi primeiro o resto do doce de leite, eu acho, depois o resto do macarrão com queijo ralado e por final, a delícia, uma bacalhoada que só vi quando fui guardar o queijo na geladeira. Foi uma lauta refeição. Fumar o digestivo e ir dormir. Amanhã, no quarto-ilha, colo o que digitei em Olinda aqui. Tenho saco agora não.

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15h27. Já arrumei tudo, só falta o computador. Minha tia foi dar o primeiro banho em sua neta e mamãe ficou de me buscar mais tarde. Hoje é o glorioso retorno ao quarto-ilha. Sem internet. O nobreak do meu padrasto deu pau, por isso tenho que acabar esse post e publicar ainda na casa da minha tia-mãe. Vou colar os e-mails que escrevi e revisar até aqui, pois daí posso escrever com mais tranquilidade. Momento. 15h31.

16h05. Revisei e percebi que muita coisa que narrei foi perdida por minha incompetência em mexer no meu celular. Que pena. Lembro que vi dois Jack Sparrows por lá, o que achei interessante, especialmente pelos dois serem coroas. Um era uma superprodução, estava muito parecido, detalhado e rico, supus que o coroa tivesse dinheiro dada a produção, e devia fazer um calor danado a fantasia. Deixou de constar que o monumento estava acompanhada, o que acresce um fetiche a mais a ela. Esqueci de narrar da miserável vendedora de chicletes, grávida, eu acho, e com jeito de moradora de rua ou viciada em crack que veio vender chicletes para mim. Era só o que tinha a oferecer, três caixas de chicletes de cartela de três sabores. Quis ajudá-la comprando uma cartela e acabei chutando sem querer as caixas de chiclete na sarjeta molhada, quando ela as colocou no chão para tirar o troco. Pedi sinceras desculpas. Incrível que ela conseguiu limpar e tirar a água das caixas de forma a parecer que nada tinha acontecido. A necessidade é realmente a mãe da invenção. Como retribuição pelo meu ato o destino fez com que a cartela de chicletes que havia comprado também caísse na sarjeta, onde permaneceu ou foi levada pelos pés dos foliões.





16h20. Tirei outras fotos. Colocarei abaixo. Outras tantas poderia ter tirado se tivesse mantido o meu celular no bolso em vez da pochete, mas não quis arriscar.

Em primeiro plano, os meus companheiros de cadeira na casa de Albertão.

O povo a passar num desfile sem fim.

Prova de que estava sentado em pleno Carnaval de Olinda.



16h26. Como já guardei o meu pen drive, salvei esse arquivo, que não havia salvo ainda, na Área de Trabalho. Tenho que me lembra de salvar sempre, poderia ter perdido o texto, o que seria decepcionante, visto que não tenho as memórias tão vívida quanto na noite passada. Meu tio chegou de Olinda, meu primo-irmão acho que não chega antes da minha partida e provavelmente destruído, afinal gastou uma dinheirama para ter como porto seguro uma casa equipada e com open bar. Deve tomar todas para compensar o investimento. Estou satisfeitíssimo com a minha incursão no Carnaval e não preciso de mais. Se me lembro de mais alguma coisa? Lembro que fui mijar numa das ladeiras eleitas pela massa como mictório, fico a cismar como as gentes se organizam como formigas e determinam tais coisas sem se comunicarem umas com as outras. O fato foi que havia um grupo de garotas no final da ladeira e elas ficaram olhando para o meu pau enquanto urinava. Não estivesse eu tão necessitado, não teria feito ali, mas no aperto consegui relaxar. Havia outros a mijar e acho que as meninas olhavam para todos os pênis, o que me fez indagar se estavam ali para isso. Há fetiches de todas as formas, cores e sabores, como há gente com a mesma variedade em Olinda. A moças eram jovens e havia uma até bonitinha. Confesso que o fato de olharem o meu pau, me fez sentir um pouco mais macho, um pouco mais desejado. É, também tenho os meus fetiches, mas confesso que não sou um desbravador do campo, então só me apercebo que alguma coisa me traz excitação, quando a excitação se dá, seja manifesta em ereção, seja apenas um sabor de safadeza nos pensamentos, como foi o caso da ladeira. Sim, falando nesse assunto fálico, me lembrei de uma parte essencial do meu dia de Carnaval, a “Escada Rôlante” que puseram em frente à casa de Albertão. Era uma escada cheia de pênis (rolas), que as meninas, pois é meninas, da casa da frente convidavam as pessoas a subir. Essa era a brincadeira deles. Meu primo disse que o mesmo se deu no ano passado com a adição de um irritante bumbo que deixou Albertão bastante enervado. Fato é que me surpreendi com o número de garotas (especialmente) e rapazes que subiam na escada para brincar ou tirar fotos, muito mais para tirar fotos naquela situação peculiar que para brincar.




16h50. Vi também como uma dança que considero vulgar e erotizada está difundida entre as mulheres, qual seja, botar as mãos no joelho arrebitar a bunda e ficar fazendo movimentos sensuais. É agradável de ver e ao mesmo tempo um pouco chocante para mim, pois até garotas que imaginava terem mais compostura, dançam desinibidamente dessa forma. Acho que estou ficando velho. Outra moda, agora entre os homens, foi descolorir as barbas, deixando-as loiras. Não fica legal, mas vi vários caras aderindo ao modismo. Ah, os sentimentos de autoafirmação e pertencimento ao grupo o que fazem. Sobre autoafirmação não posso nem comentar, quer mais autoafirmação que me repartir nesse blog? Hahaha.

16h59. Até que guardei bem as memórias do Carnaval. Uma das benesses de não beber. Ir ao Carnaval para mim é me divertir com a diversão alheia, ver a humanidade desfilar sua criatividade, exibicionismo, sensualidade e ébria euforia de forma supercolorida num ambiente belo que é a Cidade Alta de Olinda. Os e-mails com as fotos acabaram de ser enviados. Posso agora recortá-las e redimensioná-las no Photoshop. Mas não farei isso agora. Ou farei? Vou baixar as fotos e salvar e descompactar e fazer logo todo o chato trabalho.

17h39. Acabei, ufa. Agora estou livre de novo para escrever. Me indigna como sou um péssimo fotógrafo. Interessante, um cachorro pode se sentir só. A cadelinha daqui foi latir à porta do meu tio demandando atenção. Meu tio atendeu ao seu pedido e se levantou para lhe fazer companhia. Ele aprendeu a amar o animal, como sonhei um dia que meu pai faria o mesmo com a cadelinha que lhe dei. Não gosto de lembrar disso.

17h48. Vi uma foto de Clementine no WhatsApp agora. Não me despertou nada a não ser um sentimentozinho leve e ruim. Mágoa diluída pelo tempo. Ainda bem que o tempo dilui essas coisas. Ainda quero ter uma foto dela, aliás duas, as duas mais belas fotos dela para olhar no meu quarto-ilha, não sei bem por quê. Acho que porque paixões não realizadas nunca morrem, pois nunca tiveram vida de fato. São fantasmas emocionais. Ademais acho duas fotos lindas e uma delas ainda traz a presença ilustríssima de Maria, tão avessa a fotos. Quero fazer o meu pote de lembranças. É uma das coisas que vai constar no meu quarto. Meu relicário de lembranças materiais da vida. Não bastasse esse espaço. Hahaha.  

17h56. Acho que o gato vomitou uma bola de pelos aqui na bancada. Aparência mais estranha. Seria estranho colocar uma foto disso como o meu plano de fundo. Gosto dessa estranheza. Considerarei. Estou cansado da do Super Mario Odyssey que agora o computador ostenta. Já desmontei o Switch, por sinal. Só falta o computador.

Sugestivo o nome do livro.



Momentos antes da foto acima.



18h06. Minha mãe acabou de me ligar e disse que não vem me buscar, que eu espere minha tia chegar e volte de Uber. Vou esperar até 19h00, postar isso e ir embora independentemente da chegada da minha tia ou não. Mando um WhatsApp para ela, não gosto de despedidas. Odeio despedidas. Como odeio reencontros. A não ser que seja o reencontro da pessoa amada. Reencontros, como despedidas, são eventos que geram uma certa demanda emocional. Acho que vou agora quando acabar de postar esse texto. Vou revisar o que escrevi hoje.