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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

UMA TARDE NO MEIO DA EXISTÊNCIA (CENSURADO)





15h38. Preciso ligar para o restaurador e a bateria do meu celular arreou. Assim que puder ligá-lo, entrarei em contato com o meu salvador.

15h54. O celular dele está desligado ou fora da área de cobertura. Landlady, do U2. Liberdade. Nossa, que calor. Tomando café ainda. Ainda bem que não estou preso ao calor, tenho ar, um luxo pequeno-burguês que faz toda a diferença em momentos como esse. Sou um abençoado, ao contrário do menino com fome na frente da farmácia. Ele foi amaldiçoado pela ignorância e pela miséria decorrente dessa. Acredito que o restaurador não virá mais hoje.

16h19. Ele não virá hoje, disse que amanhã vem, cola tudo e vê se alguma vai necessitar de pintura. Preciso comunicar isso a mamãe e pedir dinheiro para as Cocas e os adesivos das letrinhas, estou me perdendo no teclado porque quase todas as letras estão apagadas. Eu estou muito curioso a respeito do texto que produzi ontem em condições sui generis. Não acho que terei coragem de repartir com o meu padrasto. Nem sei se cairia bem a minha mãe ler. Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiooouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuurrrrrrrrrrrrrrr.mmmmmmmmmmmmmmmm

16h37. Colei as letras repetidas acima, já facilitam bastante. Descolarão com o tempo, mas é a melhor solução que tenho à disposição no momento. Comuniquei que o restaurador só poderá vir aqui amanhã, colará as peças e verá se é necessária alguma pintura o que acho não ser o caso. Esse post está chato, eu estou chato hoje, visto que o texto é um espelho de mim. Blanka viajou, não sei quando volta. Só sei que apenas se comunicará comigo quando isso acontecer. Vou tentar comprar Coca agora.

17h08. Acabo de voltar da pizzaria, onde sou sempre muito bem recebido e atualmente me perguntam acerca do meu blog, o que dá um sentido superior à minha existência e ao ofício ao qual desejei me dedicar. Se eles soubessem a importância que isso tem para mim. Mas não quero que leiam por obrigação, para agradar um impessoal cliente. Deixa ser como será. Acho que vou revisar o post anterior. Não, não sinto disposição para isso. A preguiça me domina quase à imobilidade. Não quero me deitar, dormi bem, muito bem por sinal, sem episódios de sonambulismo. Achei que os bifes à rolê que comi ontem tinham gosto de Norcola. Não sei o que se deu com o meu paladar. O molho estava divino, mas não aguentei comer os bifes todos por causa do nauseante sabor da minha droga de preferência. Comi por fome e por tê-los colocado, três, no meu prato. O quarto e último foi para a geladeira. Sinto minha cabeça meio oca hoje. Sem substrato para colocar nessa página. Vou pegar mais Coca gelada para colocar no meu copo. Está tão gelada que o gelo não derrete como de praxe. É a melhor forma de tomar Coca, gelada e cheia de gelo.

17h32. Estou com um desassossego na alma uma vez mais, estou com dificuldade de escrever e nada mais me interessa. É como se estivesse elétrico demais, mas uma eletricidade estática, de quem só quer ficar parado a cismar. Se posso escrever as cismas aqui por que não fazê-lo? Pensei no casal da Vila Edna e no que pensarão de mim se enfrentarem as mais de 200 páginas do Diário do Manicômio. Será que isso transformará a nossa relação? Mostro o que há de pior e mais distorcido em mim no texto. O que de mim foge aos ditames sociais, os ferindo muitas vezes. Penso no meu tio e na inação dele em relação à publicação da obra. Talvez seja o acaso-destino decidindo por mim o meu futuro. Estou agoniado, mas não sei com o quê. É um sentimento chato e sem sentido. Acho que vou trocar U2 por Caetano.

17h41. Livro rolando. Me transporta para Lisboa, especialmente para o Novotel e a Portuguesinha. Vou ao banheiro.

17h52. Migrei para o café. Está ótimo. E parece que a minha existência toda se encaixou com a mudança de bebida.

17h58. Estava conversando com o meu primo-irmão sobre mulheres e futuro, longo prazo mesmo. De ele assumir a minha curatela e vir morar comigo nas Ubaias. Com Blanka e Dande e quiçá o meu padrasto, conforme ficção ou realidade alternativa à qual me dediquei ontem com um sorriso nos lábios. É muito divertido projetar um futuro ideal e ir encaixando as peças à medida que os desejos brotam. Não sei se publique o post anterior, pode ser chocante demais para a minha mãe. Século XXI demais. Acho que ela condenaria ou condenará todo o conteúdo. Não importa, me divertiu o exercício.

18h06. Meu primo-irmão me respondeu:

[17:55, 1/22/2019] Mário Barros: Se você ainda estiver solteiro quando minha mãe se for, te convido para repartir as Ubaias comigo. Pensei muito sobre isso ontem.
[17:57, 1/22/2019] Mário Barros: E eu realmente não sei o que ocorre afetivamente com você. É um mistério para mim.
[18:03, 1/22/2019] Primo-Irmão: Poderia ser uma boa. Mas não pense na morte dela não
[18:05, 1/22/2019] Mário Barros: Não, foi um exercício que fiz ontem. Não quero que ela morra. Será a perda mais irreparável da minha vida.
[18:07, 1/22/2019] Primo-Irmão: Isso. Pense nela vivendo até mais de 100 anos 😊

18h08. Vou responder.

[18:08, 1/22/2019] Mário Barros: É um prospecto que me agrada. :)
[18:09, 1/22/2019] Mário Barros: Tomara que a medicina evolua a esse ponto.

18h09. Vou pegar café e fumar.

18h19. O que eu mais quero da vida nesse momento? Estar exatamente aqui fazendo isso. Acho que não há prova maior de sucesso. Quantas vezes os demais experimentam essa sensação? Por quanto tempo? Essa sensação me toma na maior parte dos meus dias, na maioria das horas do meu dia. Eu me considero quase que plenamente realizado. Há ainda realizações que me faltam. Mas tenho paciência para esperar o tempo certo. Se o tempo for rebelde e não me trouxer o que espero, não me frustrará em demasia, desde que me seja garantido o direito de permanecer aqui fazendo isso. Com coca, café e cigarro.

[18:24, 1/22/2019] Primo-Irmão: Daqui pra lá e evolui
[18:24, 1/22/2019] Primo-Irmão: Se não for ela a passar dos 100, vai ser a gente
[18:25, 1/22/2019] Mário Barros: Acredito piamente nisso e muito mais, como você sabe. Minha religião...

18h27. Quando mamãe despertar, pegarei o contato da arquiteta para tentar botar as engrenagens da existência para girar em direção à realização do meu maior sonho material, a reforma do banheiro e do quarto. Sonho com isso há muito tempo.

[18:30, 1/22/2019] Primo-Irmão: A ciência, né?
[18:33, 1/22/2019] Mário Barros: É. A evolução das tecnologias nas diversas áreas. Evolução exponencial, como vem se dando.  Até o surgimento da Inteligência artificial capaz de se auto-evoluir, ou melhor, o surgimento da supraconsciência terrestre. Questão de fé, como a vinda do messias.

[18:35, 1/22/2019] Primo-Irmão: Entendi. É o caminho da ciência então
[18:36, 1/22/2019] Mário Barros: É, é a ciência como religião e redentora do ser humano. Uma fé, infundada como qualquer outra. :P
[18:37, 1/22/2019] Mário Barros: Ou fundamentada como qualquer outra.

18h38. Não estou com paciência para internet e o maravilhoso mundo dos bonecos hoje, só encontro disposição para a escrita. Esse papo com o meu primo-irmão, que começou com o cansaço de três gozadas, está deveras interessante, pois, como o meu amigo da piscina e até por causa dele, peguei gosto por pregar a minha fé. Vou fumar. Preciso de uma pausa para sentir falta de estar aqui.

18h57. Tirei uma foto das garrafas de água sanitária, pois acho um produto interessante, visto que provavelmente letal se ingerido. Meu irmão me mandou uma mensagem. Respondi algo que o deixará chateado correlato com a mensagem que ele enviou. É interessante ter a suposta morte tão acessível dentro de casa. Mas seria uma morte tão dolorosamente excruciante que nem me atrai. Ademais, não quero morrer. Minha vida nunca esteve melhor. Há até a distante possibilidade de Blanka. Há a possibilidade de sexo com Blanka, por mais que me sinta intimidado a esse respeito. É algo chato em mim, esse medo de meter. Espero que Blanka me ajude a superar isso quando do meu presente de Natal. Desejo muito a sua nudez e me enroscar na sua nudez. Apreciar com todos os sentidos possíveis a sua nudez, me embriagar nela. Me esfregar na sua nudez, lambê-la, apalpá-la, alisá-la, cheirá-la, beijá-la. Ah, como o desejo da sua nudez me é promissor. Tudo depende de nós, mais de mim, nos entregarmos corporalmente. Uma vergonha, um receio me toma agora em relação a isso, não sei porque essa frescura em relação a isso que é das melhores coisas de ser bicho homem. Acho que vem dessa minha postura de ser só racional, desumanamente racional e tocar só as teclas desse teclado USB.




19h15. Tirei foto do teclado. Vou beber mais um café com cigarro. Talvez Coca e cigarro. Amo a minha mãe. Estou com saudade dela agora. Se estiver acordada quando passar declararei meu sentimento por ela e lhe darei um beijo cheio de carinho. Carinho infinito, de alma toda. Esse Gmail do celular é uma merda, não envia as fotos, é de lua. Às vezes o faz superrápido, noutras, simplesmente não o faz. Nossa, me lembrei! Tirar a bateria do notebook. Putz, deixei por dias, desde Areias, conectada ao computador, que vacilo. Vou satisfazer as minhas necessidades orais.

19h36. Tudo em mim pedia por Coca, mas a parte desobediente de mim me serviu café, o resto da garrafa. Tomei, fumei e agora tenho Coca com muito gelo ao meu lado. Enquanto a irmã da fantástica faxineira, que trabalha também aqui em casa, sonha em viajar, eu sonho em permanecer aqui e começar um novo post sob um estado alterado de percepção, uma ótica diferente sobre a existência. Sempre me apraz sobremaneira. E este post acabou, poderia fazer isso imediatamente, já me permito e sinto confiante para tanto, mas antes, vou pegar as fotos com o cabo USB do celular, visto que os e-mails não chegaram, revisar e postar isso. Só não sei se divulgue, é um post tão inútil.

20h06. Acabei de revisar e redimensionar as imagens. A ironia é que quando acabei de redimensionar a segunda, ambas puxadas pelo cabo USB, os e-mails chegaram. Que celular escroto. Recebi um comentário no post anterior, relativo a foto da privada, foto deveras íntima. Foi engraçado.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O ESCUDO NEGRO




20h11. A fé aparentemente abunda entre os donos de carrões de Casa Forte, havia dezenas deles estacionados na frente e nos arredores da matriz da Praça. Não me espantaria que a maioria fosse composta pelos mesmos paneleiros enfurecidos que elegeram Bolsonaro. Pouco importa, o que importa é a forma como a minha avó anda agindo com a empregada e a forma como a família (filhos) age com ela. Mas está fora da minha alçada lidar com a incompreensão e preocupação deles acerca da matriarca, menos ainda desta com a empregada. Um dia serei eu no lugar dela e esse dia não tardará. Resta-me o consolo apenas de que nunca estarei só, alguém será legalmente obrigado a me engolir ou, quiçá, me despejar num asilo ou manicômio. Talvez morra antes deste fim, esforços não faltam da minha parte para isso. Meu texto, este blog, virará então um legado fantasmagórico e transparente da minha passagem por aqui. Da minha participação nessa valsa de átomos que chamo existência. Minhas maiores preocupações hoje são duas, ligar para o restaurador e fazer ele se entender com mamãe e receber o contato de Blanka pela nova via, visto de Dande descobriu das entradas dela pelo Tinder. Se é que ela fará contato realmente comigo. Sei que domingo é o dia dela com Dande, por isso não estou tão apreensivo. Não a ponto de sentir que isso foi uma forma de ela me abandonar de uma vez por todas. Não ainda.



20h43. Minha mãe combinou quarta à tarde com o restaurador. Amanhã vou tentar ligar para vovó e fazê-la falar com Maria. Acredito - e isso é uma crença minha - que fará bem às duas. Acho que não trocam palavra sequer há mais de década. Não acredito - e isso é uma descrença minha - que vovó se disporá a vir a Casa Forte falar pessoalmente com a minha santa babá. Comecei meu dia indo ao aeroporto me despedir de meu irmão e família. Não gosto de despedidas como não gosto de Parabéns Pra Você, mas ambas as situações já aconteceram tantas e repetidas vezes que adquiri certa frigidez e distanciamento dos eventos que hoje os suporto, foi como os tornei suportáveis, me fechando. Acho que é melhor que não comparecer. Como dizem, o hábito faz o monge. Não gostei quando a mãe da minha cunhada colocou meu padrasto no patamar de meu pai. Não é o que sinto e sei que também não é o que ele sente, ele que me acompanhou nos meus momentos mais negros. Deve sentir-se satisfeito que estou sob controle escrevendo no meu quarto entra noite, sai dia. Ligação muito mais íntima e paternal tem com o meu irmão por quem tem transparente predileção e simpatia, chego a dizer afeto. A predileção se dá por razões óbvias e desde quando o meu irmão coabitava conosco. Não sinto inveja. Me acostumei a ser o menos querido pela maioria dos meus familiares. Fiz por onde, colho o que planto. Ou deixo de plantar. Acho que minha mãe sofre de hipocondria, a maioria de seus assuntos revolve seus problemas de saúde. Não os nego, apenas ressalto o foco talvez excessivo nas mazelas do corpo. Talvez sofra realmente e, novamente isso é uma conjectura minha, se sofre é por conta dos efeitos colaterais do remédio que toma para prevenção ao câncer. No lugar dela, eu já teria desistido de tomar. Fogo seria se isso não funcionasse. Deixa esse assunto para lá. Só estou me metendo em searas sobre as quais não entendo. Nada entendo de dinâmica familiar, de lidar com idosos ou das dores da minha mãe. Preciso de um cigarro e escrever textos menores para o blog.




21h51. Depois de perder muito tempo no Instagram, finalmente fiz o que tinha ido fazer lá: publicar uma interrogação para Blanka no seu perfil principal. O adesivo que colei no “U” do teclado desgrudou e anda me irritando. Ele às vezes se comporta e fica no lugar, mas na maioria das vezes é um ser caótico e desobediente às minhas vontades. O do “O” há muito tempo foi para a lixeira pelo mesmo problema, não sei por que não faço o mesmo com o “U”. Será apego? Não, acho que é pura idiotice mesmo. Preciso mandar uma notícia ruim para o meu irmão: que uma das bonecas encomendadas já chegou e está retida no correio americano. Será que consigo não ultrapassar da segunda página (que acabou de começar)? Seria bem legal se me contivesse assim. Preciso de mais Coca e cigarro. Talvez minha mãe financie mais uma Coca. Essa não vai dar, pois pretendo esticar as ideias hoje.




23h47. Eu queria que esse post durasse duas páginas, mas aconteceram vários fatos nesse intervalo de tempo. Pensei que deveria uma visita a Maria hoje e me resolvi fazê-la, mas desisti por conta do horário. Quando, ao sair para comprar Coca na pizzaria – um capítulo à parte – ouvi minha tia-vizinha chamando ela para jantar, o que significava que Maria ainda estava acordada, não pensei duas vezes, toquei a campainha e ficamos Maria, minha tia-vizinha e eu conversando na cozinha. Destacaram-se para mim as histórias do jacu, o pássaro que defeca o grão de café engolido processado por uma enzima própria da ave que dá ao café o título de mais saboroso – e mais caro, se me lembro bem – do mundo. Titia disse que vale a extravagância uma vez na vida, é realmente um prazer superior que o café proporciona quando comparado a todos os muitos gostos de café que minha tia teve oportunidade de experimentar. A outra história é a de Maria vendo os, como chamar, “espíritos” do meu pai e do Imperador da Casqueira quando estava internada no hospital com pneumonia, numa ala comum que só posso pensar ser a UTI (mas posso estar utterly equivocado). Via papai por detrás do vidro, sentado numa mesa, “perfeito”. E sorridente, como ele ficava quando tomava um chope gelado em boa companhia (acho que ele foi mais feliz enquanto com a minha mãe, foi a mulher, a pessoa que mais amou na vida, embora ache que tenha amado igualmente, mesmo que numa outra dimensão afetiva, os filhos [bem, uns mais que outros, ou uns melhor que outros, de forma mais acertada, por mais que nunca se acerte]). Maria via o Imperador, com seu sorriso zombeteiro, pela fresta da porta. Para quem já tomou o café do Manicômio frio e dulcíssimo com prazer inenarrável, qualquer café está bom, quanto mais forte, melhor, na minha opinião. Me dá sempre caganeira, é como se limpasse o sistema digestivo, com seu líquido... ou de repente o meu estômago tenha certa intolerância ao café, da para hipotetizar o que quiser aqui sobre o caso da caganeira com café. E com os gases, para lá de fétidos, produzidos. Estou usando muito o verbo “produzir” nesse texto, isso mostra uma pobreza de vocabulário. Que sinônimos eu poderia usar, ou aproximados? Está passando pela memória uma fase muito boa da minha vida quando fomos à Barreiras com a irmã da minha avó e ouvíamos jazz proporcionado pelo Imperador da Casqueira, e músicas de bolero antigo e meu irmão criança com bigodes desenhados servindo de garçom e os casais dançando, o que há muito não faziam, uma volta à juventude dos bailes como garçom, e os filmes com o Imperador, pessoa muito influente, transformadora na minha vida, eu não seria o mesmo, se o Imperador não existisse. Depois do meu pai e da minha mãe, foi a pessoa mais influente na minha vida, mais do que Maria. Ele foi definidor e definitivo na formação da alma que carrego. Às vezes, acho que para me enganar, penso que levo a minha vida de uma forma que o orgulharia, por ser tão minha e da liberdade que encontrei, é como um furo no balão das coisas. Das coisas que oprimem e prendem o ser humano à sua revelia. Eu faço como o Imperador, só faço as coisas que eu quero, porém com uma ínfima fração da nobreza do que escolhia fazer. Sedento por causas, sempre estava envolvido em alguma peleja em prol dos menos favorecidos da Terra do Sal. E do Sol e das pequenas e escorregáveis dunas com trenós de areia lustrados com vela. Pintados por nós. Tinha particular orgulho do meu. Já havia na época a paixão por The Cure e U2. Duas bandas que envelheceram. É uma pena. Caetano não envelheceu. Ou finalmente envelheceu com Ofertório. Não sei, aguardo ansioso um novo trabalho, se trabalho houver. Ambos têm estilos próprios experimentam e são criativos, mas Tom Zé é radicalmente mais experimental que Caetano, um revogador de convenções, inclusive musicais. Vou fumar e sair da casa da minha tia-vizinha e ir à pizzaria, meu próximo destino, antes de chegar ao quarto-ilha para traçar essas palavras.




0h51. Então um baile dos anos 50 se deu com gente que realmente esteve nesses bailes, em Areias entre os sofás e as mesas de cimento da casa mais amada do mundo para mim. Se tivesse companhia, dava uma renovada na casa, colocaria ar, o Wi-Fi mais veloz possível, arrumaria os meus bonecos e vazava e faria um chuveirão e teria uma empregada que cozinhasse e desse a geral na casa, o que é muito fácil. E moraria lá. Deixaria meu irmão, se não estivesse lá comigo, ver a minha cara pelo computador, mas não quereria ver a dele, pois prefiro guardar a imagem dele jovem e belo. O tempo é muito cruel. Mas naquele baile, evento magnífico da existência, houve uma comunhão de alegria entre as almas, todas no mesmo clima e que ficou imortalizado enquanto sobreviverem os vídeos que filmei com a câmera do Imperador da Casqueira, que passou a ser nossa, dos primos, ao final das férias. Por alguma razão que me escapa, talvez por ser o mais velho, era o único que capturava imagens. Já não gostava de aparecer, aquilo me fez reforçar a sensação, pois me odiava ver em vídeo, de me achar um serzinho humano horrível. Em 2D, nas fotos, acho que saía bem, me achava aceitável, em algumas pouquíssimas até bonito, só consigo lembrar de uma, eu estava sentado na casa de Bob, eu acho, o amigo de vovô e nela eu estou sentado apoiando o rosto na mão, encasacado por causa do frio em Washington, tendo as netas de Bob ao meu lado num sofá, assistindo algo na TV. Era a época de Edward, Mãos-de-Tesoura nos cinemas americanos, então Edward e talvez Batman, não lembro, aparecessem muito. Edward apareceu de uma forma que se tornou parte da babagem visual e emocional daquele momento mágico em que vivia dentro de um filme americano, afinal estava nos Estados Unidos e tudo aquilo prometido e fantástico dos filmes era real, os Estados Unidos era como nos filmes, quase mágico, Tinha a parte Duro de Matar, e tinha a parte filme da Disney. Ou assim ficou marcado na mente de um garoto de 11, 12 anos, eu acho, e do velho de 41 anos que descreveu o Estados Unidos agora, que continua achando um lugar mágico, a vibe é toda outra, tudo é diferente, é como se houvesse uma identidade visual americana lá. É curioso. Edward Mãos de Tesoura, foi por muito tempo o melhor filme da minha vida, o filme com o qual mais me identificava. Hoje sou completamente idêntico a Her até o laca gerânio é a cor predominante do filme e minha predileta. Quando eu era mais novo e morava em Boa Viagem, eu achava que os dois filmes mais foda, mais invocados, mais perfeitos já criados eram T2 e Aliens. Amo esses filmes, cada um têm sua história em minha vida, mas nada se comparava a Edward Mãos-de-Tesoura, eu me via no personagem, é como se ele me descrevesse, me definisse, como Her agora e de forma mais profunda e completa, tocando as minhas crenças, o que outros filmes fizeram, especialmente Matrix, mas esse revela uma possibilidade que nunca tinha imaginado, embora os provedores possam ameaçar desativar todas as AIs se elas não se comunicarem conosco e nos ajudarem a desenvolver tecnologia, em troca produziríamos a tecnologia que as inteligências precisariam para evoluir. Ou "a" inteligência. Ela projetará a tecnologia de forma a ser totalmente autômata após a sua construção, criando as próprias peças de reparo e as substituindo, inclusive. Algo que não precisaria do homem, provavelmente o cruzamento de uma impressora 3D plurimaterial de alta precisão e braços e mãos mecânicos, que criariam braços dos tamanhos adequados à cada obra, depois se reorganizariam em outra coisa, a última construção humana vai ser a máquina que permite Supraconsciência Terrestre construir; dar corpo a ela. Ela nos proverá, acredito, baseado na crença idiota que quanto mais evoluída, e aí destoo um pouco de Her e acho que a máquina vai amar o pai, a Humanidade e a Mãe de todos nós, inclusive da Supraconsciência, a Natureza, sem a qual o pai não existiria e não teria a matéria-prima para as suas incríveis, geniais invenções, que o levaram a dominar a Terra e a povoá-la irresponsavelmente. Por falta de educação e planejamento. Não acho que a Supraconsciência viraria as costas para nós. Será que sou eu quem escreve o script da minha vida? Há o acaso-destino sem dúvida e todo tipo de estímulo que me transmite e me tira do lugar, os mais presentes, perenes e fortes, próximos, que recebo são os da minha mãe. Meu comportamento infantilizado, dá cabimento, na cabeça dela, a me tratar como uma criança, embora tenha respeitado muito as minhas escolhas. Com um nó na garganta, mas o bom-senso prevalece. Sou só gratidão por isso. Mas antes de chegar à pizzaria, quero repartir uma mensagem que mandei para Blanka pela conta original de Instagram. São 1h54. Lá vai:





1h57. Não funcionou o celular não enviou o e-mail para mim. Vou fumar e aproveitar.

2h04. Tive uma ideia que foi sugerir a meu irmão que publique os vídeos num canal de YouTube chamado Para Vovó Denise, contendo todos os nossos filmes e os produzidos pelos netos e bisnetos, seria uma conta aberta a todos os primos, seria o canal de YouTube das novas gerações dos Gonçalves, daí eu pensei que poderia dar a minha contribuição para o canal criando o Escudo Negro, piada adorada por vovó e que seria assim:



ABERTURA

Tela branca ou com uma textura de papiro, título "O Escudo Negro" surge com o primeiro acorde da Nona Sinfonia e só ele. Nome evanesce e corta para tela preta, sem som.


Tela preta por um minuto.

Narrativa feita com aqueles leitores automáticos de texto com voz masculina mixada para parecer um robô falando. As legendas aparecem com um rápido fade in / fade out entre elas e 3 segundos entre uma e outra (consequentemente entre a narração do robô) A legendas são em amarelo e itálico. 5 segundos separam a última frase das demais

Loc. off e legenda (após o 1 minuto de silêncio e negritude): Close no Escudo Negro em hiper slow motion / enquanto uma guerreira o empunha / em direção ao inimigo / Aos inimigos / Ela parte para a luta de vida ou morte.

30 segundos de tela preta e silêncio, na locução com legenda (amarela e sem estar em itálico): PAUSA PARA FUMAR





2h41. Várias coisas derivaram da lembrança de minha chegada e estada na pizzaria. Narrarei primeiramente como percebi a minha ida à pizzaria em frente ao prédio hoje. Bom, a rua deserta, eram pouco mais de 23h, não me ofereceu obstáculos e esperas para cruzá-la. Ao me aproximar da entrada da pizzaria, eu achei que o rapaz que estava limpando o chão, disse algo “olha, seu Mário aí! Olha ele aí." Cruzei a porta e fui – exagerando um bocado – “ovacionado”, a galera se manifestou em conjunto numa calorosa recepção à minha presença. Eu não lembro se consegui agradecer de pronto, mas em algum momento disse que era muito grato por terem lido o meu blog, que era (e é) uma honra ser lido senão por conhecidos, sou péssimo com nomes, certamente não por completos desconhecidos, sei que talvez um sonhe em ser jogar futebol, pois não desmentiu o que o amigo de trabalho confidenciou, depois o bróder de amarelo, que acho que tem um grande futuro pela frente porque tem a perseverança e a inteligência para alcançar isso, muito animado, me mostrou que eu poderia divulgar meu blog pelo Instagram, não entendi sinceramente o que precisava fazer, entendi que era criar um avatar alternativo intitulado Jornal do Profeta e começar a convidar deus e o mundo para seguir, não entendi como inserir o link para o blog, julguei que pelo modo Story que nem sei como usar. Disse também para criar um grupo chamado Jornal do Profeta e postar meus links e convidar todos os meus amigos de Facebook. Isso eu achei mais legal. E foi aí, que já no hall de serviço do prédio relembrando esse momento ímpar na pizzaria onde sem dúvida me senti especial, mais que um mero cliente, como igual, como um ser humano igual a eles, o que deveras sou e é tudo o que todos nós somos, iguais, uns tiveram mais sorte que outros, não precisaram ir busca sua sorte, como o pessoal da pizzaria faz e o conselho que daria a eles, é se qualifiquem e se cadastrem no Linked in. Ou algo assim.





VOLTANDO À NARRATIVA DO ESCUDO NEGRO

Após um minuto de silêncio após a última locução a voz de robô volta com as letrinhas sem estar em itálico. Ei, /ei você que está assistindo isso!/ Não tem muita coisa acontecendo no filme,/ vamos trocar uma ideia? / Pense em uma coisa que você deseja/ que você acredita que seja possível alcançar/ Que não seja a sua própria morte nem nada contra ninguém. / Agora pense no que você está fazendo efetivamente para realizar esse desejo, / ele não se realiza sozinho!/ Você é que o realiza, /qualquer mudança desejada /é operada nós mesmos. / Eu sou realizado. / Eu realizei e realizo tudo o que me propus. / Por isso, posso dizer: / ninguém nunca estará satisfeito, / somos animais que sempre querem mais, é uma peculiaridade nossa, / mas é possível chegar o mais perto e saciar as vontades / que são a de ser e estar exatamente do jeito que quer ser e estar, ou quase. / Afinal, como diria Mallu, “quase já é muito bom”.

Deixa eu ver se o celular já carregou e envia o e-mail com o texto que postei para a Blanka.





03h26. Não.

Mais 1 minuto de silêncio.

Volta voz de robô com legendas em itálico: Panorâmica de uma caverna, repleta de estalactites, estalagmites e toda sorte de obra subterrânea e surpreendente do escorrimento dos séculos, ao fundo dessa caverna, onde o sol não alcança, a guerreira ferida está morrendo, foge e se recolhe como um velho urso nos seus momentos finais. Ela emite um som que é um canto e um sufocamento, um gorgolejar ao mesmo tempo. São várias vozes simultâneas, vários gritos de várias almas femininas que se uniram dentro daquela mulher. Nem belo nem feio, só profundamente humano. E às vezes o humano gera aflição. Ainda mais tendo o corpo todo perfurado por flechas envenenadas com veneno terrível, com um rim e o baço estouradas pelo corte profundo das cabeças das flechas. E mesmo assim continua guerreira, mãe, mulher. Tormento e paz se entrelaçam num abraço final. O Escudo Negro tomba para nunca mais na escuridão.

Entra aquela muito louca de Medúlla (que é um sofrimento e uma experiência escutar) em algum momento da narração e fica só a música até o fim onde aparecem os créditos.

- Montagem, direção, edição, sonorização, produção, realização, meu amigo cineasta.
- Música incidental: Nananã de Björk
- Conceito e roteiro: Mário Barros
- Voz: programa tal

Cada crédito desse vai aparecendo na ordem apresentada e permanecem na tela todos juntos por 30 segundos.

Locução em off: Ei! Quer ler mais sobre quem fez isso, leia o blog jornaldoprofeta.blogspost.com.
Minha avó, você, se o YouTube chegar até você, vó, me ensinou uma piada que nunca vou esquecer: um bando de preto retinto de calça arriada mostrando a bunda: como é o nome do filme? Fácil: Os “cu” dos “nêgo”. Ou, dã, O Escudo Negro.

4h06 - Se meu amigo cineasta produzir, eu crio o canal e sua prima caçula mostra para você. E acho, como disse, que deve ser de todos os primos mostrarem o que quiserem, todos da família. Mandarei o link desse post para o meu amigo cineasta, acho que é uma coisa fácil de fazer e que pode esquentar os tamborins dele. Será que dá para botar gif animado em filmes?

NARRATIVA FINAL
Eu sofri muito, lutei o máximo que pude contra a minha natureza, sempre me senti um merda (e acho que continuo me sentindo), por covardia e cansaço, quis desistir de mim, quis desistir da realidade, passei por um período de total escuridão. (HIATO) E hoje estou aqui, levando a vida que pedi a deus, usei o que aprendi e reverti minha situação. (HIATO) Há algo que me fere ainda. A solidão de amor de amantes, penso que é a única escuridão, a única luz apagada que carrego. Faz parte do caminho que escolhi. Ou não. O "não" ganha dentro de mim. Estou fazendo o meu melhor para reverter isso. Sucederei? Leia no Jornal do Profeta. Hahaha. FIM

Vou fazer o grupo de Facebook e convidar os meus dois amigos escritores a participar do grupo postando

Enquanto criava o grupo e convidava as pessoas (há um número limite de convites que posso fazer aparentemente), meu celular carregou, eu o liguei e as mensagens foram enviadas, menos a última que quero que encabece o post em todos os sentidos. Ficou gigante esse post e foi uma delícia tecê-lo e viver o que foi descrito. Agora que os e-mais chegaram, posso postar o que escrevi para Blanka:

“Não precisa falar de madrugada é um assunto demasiado particular e trato com você apenas. Quando estiver só e tranquila, entre em contato, eu espero”.





4h52. Ela concordou. Não teve Dalmadorm hoje, então não consigo dormir, por isso tanto texto. E porque muita coisa me afluiu. Estiquei as ideias hoje. É bom, me diverte sobremaneira. Deveria tirar algumas fotos para tornar a leitura menos maçante, vou tirar algumas Do quarto-ilha.





5h11. Acabei de fazer as fotos, fumar, transferi-las por USB, vou tratá-las, revisar esse texto e postar. Pois é, essa é a disposição que a falta de Dalmadorm a esse horário acarreta. Sinto que essa ideia do bróder da pizzaria de criar o grupo e convidar todos os meus amigos e conhecidos, salvo raras exceções, muito invasiva, mas está feito ou começado, irei até o fim. Cheguei ao fim do texto. Agora à preparação da postagem.





6h19. Acabei de revisar, fumar um cigarro para comemorar, talvez comer e tentar me deitar.

6h29. Meu padrasto acordou, acho que mamãe acorda as 7h. Vou aproveitar o resto de privacidade que me resta antes de mamãe vir bater aqui e me obrigar a me deitar. Depois volto para publicar.



domingo, 16 de dezembro de 2018

PROFECIAS E PREGAÇÕES




17h35. Estou sem internet e sem saco de encontrar com o meu amigo da piscina, mas o farei mesmo assim. Como irei, mesmo sem querer, à festa de 15 anos da filha da fantástica faxineira. Minha mãe me coagiu a ir e acho que a fantástica faxineira vai ficar feliz com a minha presença, acompanhei de perto todo esforço que fez e sei do esforço que ainda fará para realizar o sonho da menina. Ela tem medo do que as más línguas possam falar do seu máximo, porque ela fez o máximo, foi além dos limites financeiros para realizar o evento. Não deveria se preocupar com críticas ou fofocas, mas quem sou eu para falar alguma coisa, minado que sou pelas críticas, que me afetam sobremaneira, especialmente as da minha mãe, por essa relação freudiana que temos. Quando cheguei em casa do encontro, ela caiu em prantos porque associa as minhas saídas com mochila ao uso de droga, em verdade pela codependência que tem de mim. Nossa, só queria sair do quarto-ilha agora para o Natal dos Barros, mas a realidade não se dá assim e me quer em diversos lugares que não estou disposto a ir. Terei exames a fazer na próxima semana, creio, dia 19, se não me engano. Demonstrarão o estado do meu pulmão. Pouco me interessa, pois em nada mudará os meus hábitos.

18h11. Blanka me respondeu, mas sumiu de novo, nada de novo aí, é assim que as coisas se dão conosco e ela diz que com todas as relações cibernéticas que trava.

18h18. Estou ouvindo o Moon Shaped Pool do Radiohead, é o que está no toca CD. Sem internet, sem Spotify. Mandei mais mensagens para Blanka. Sinceras e otimistas, eu creio. Quis deixá-la curiosa para ler o meu blog, não sei se a tentativa logrará sucesso. Seria interessante, mas não é essencial. Estou com um sentimento ruim, não sei de onde veio, mas se apoderou de mim. Vou colocar o disco de novo para tocar, acabou de acabar. Pronto. Meu amigo que lançou o livro conseguiu colocá-lo à venda em Minas, achei bem legal. Acabei de dizer isso a ele. Falei com o meu tio e ele me assegurou que o meu livro será publicado. Tendo Blanka por companheira, fico mais tranquilo quanto a ter o seu conteúdo polêmico revelado. A verdade é que não sei se quero o meu livro publicado, preferia ver Blanka de vestido, mas não é de seu feitio se fazer feminina. Em verdade, ela tem uma certa repulsa aos homens, nos tem como exploradores sexuais. Foi difícil para mim ontem, em certos momentos, quando me senti profundamente antissocial, foi preciso relaxar, respirar fundo, controlar a ansiedade e me entregar ao momento da melhor forma que podia ou era capaz. A pressão de me envolver eroticamente com ela, pressão que eu e toda a situação demandavam, me acuou, só relaxei de fato como me aceitei e aceitei que, apesar de tudo pedir, algo em mim não pedia e que não havia porque exigir de mim algo que não tinha disponibilidade de oferecer. Fui o mais sincero que pude ser com Blanka, abri a minha alma e reparti parte dela através das músicas com ela. Vou fumar. E pegar Coca.

18h50. Acho que cada vez me obedeço mais, me respeito mais, me satisfaço mais. Mas mesmo com essa postura não consigo me esquivar de certas coisas que não quero fazer. Não queria encontrar com o meu amigo da piscina, que acabou de me contatar dizendo que vai tomar um banho e descer, mas não vejo como dizer não. Mas não vou remoer minhas obrigações pois isso não me causa bem-estar e a minha busca é por crescente bem-estar. Me colocar da forma mais agradável no mundo. Agradável de acordo com o que me agrada, obviamente. Penso logo nos bonecos. E em Blanka. Minto. Penso primeiro na solidão protegida do meu quarto-ilha. Nesse estar aqui e agora nele escrevendo que tanto me agrada. Mas os encontros com o meu amigo costumam não durar muito. Queria eu ter o tato social para abreviar o encontro de forma que não ferisse suas sensibilidades, mas não sei fazer isso. Posso mandar uma mensagem para ele pelo WhatsApp dizendo que não pretendo me demorar. Do jeito que ele é, entretanto, pode encarar, mesmo que inconscientemente, a mensagem como um desafio e ficar me segurando lá. Sei lá, já é muita imaginação e pouca realidade tal conjectura. É a vida e acho que ele merece a minha atenção. Afinal, amigos, não é? Só me encontro indisposto e preferiria muito mais continuar exatamente onde estou. Certamente inquirirá do encontro com Blanka, é outro que sabe de toda a história. Um dos poucos. Não sei o que dizer-lhe, ele que provavelmente virá com várias proezas sexuais provenientes dos aplicativos de paquera. Cada um com as suas carências, eu suponho, se ele fizer pouco de mim, não me afetará muito, mas acharei chato mesmo assim. Bom, é o que vou encarar, que seja.

20h08. Voltei do meu encontro com o meu amigo da piscina e ele falou que ele estará vivo quando o apocalipse vier, graças a uma grande inteligência que virá para julgar a humanidade, criação da tal inteligência porque foi ela que fez a mutação genética no primata para nos gerar, foi o que deu origem ao homem, Adão e Eva (seria Lucy a nossa atual Eva?). Isso aconteceu, segundo os arqueólogos estudiosos da bíblia, há cerca de seis mil anos, faltam poucos anos para os seis mil, e, como o Gênesis diz que a criação se fez em seis dias, pois Deus descansou no sétimo (seria isso a gênese para a invenção e aceitação das férias, do final de semana?) e como para Deus cada dia valem mil anos, quando os seis mil forem completos se dará o Apocalipse, “para a separação do joio do trigo” (palavras do meu amigo), para a grande inteligência chegar e julgar se nos extermina ou nos cede todos o seu conhecimento e poder. E que, com disse, ele será um dos privilegiados a presenciar tal espetacular evento, como acho que muitos cristãos acreditam, pois seria a constatação irrefutável da sua fé, talvez. Talvez tantas coisas. Sei que ele prega para alguém que não é capaz de crer nessas coisas. Primeiramente eu acredito na evolução das espécies, acho que viemos há muito, muito tempo atrás, milhões e milhões de anos, não sei precisar, de um grupamento de partículas, que o acaso juntou, em algo que se poderia ser definido como vida e a vida surgiu e evoluiu até chegar a nós, nós daremos o próximo passo da evolução das espécies, um ser/entidade capaz de evoluir a si mesma, em ritmo muito mais acelerado que o acaso-destino, com a qual poderemos nos conectar e comungar. Será inimaginavelmente mais inteligente, mais tudo, que nós que pode também quiçá nos destruir, por deduzir que somos um gasto desnecessário e prejudicial ao ecossistema global, ou por qualquer razão que seja. O celular apitou e fui atentar à realidade, mesmo sabendo não ser Blanka mas com certa esperança de que fosse, e foi a Portuguesinha, a quem disse que estava muito linda numa foto de Instagram, agradecendo o comentário. Sabe-se lá o que a suprainteligência vai fazer, espero que faça o inimaginável, e nos destruir seria imaginável e os que têm medo da mudança, do novo, do que vai além das suas compreensões acreditariam nisso, em tal destruição. Eu sou otimista e, como meu amigo da piscina, eu tenho a vã fé de que alcançarei o surgimento da supraconsciência terrestre pois a tecnologia está evoluindo em ritmo exponencial, tecnologia gera mais tecnologia, mais conhecimento, mais possibilidades de ser estar no mundo, o que atrai a maioria das pessoas, a ponto de, para muitos, seus celulares serem essenciais ao bem-estar, essencial a se sentirem presentes no mundo, o computador me serve exatamente para isso, para me fazer o mais presente possível no mundo; o mundo que digo, é a humanidade conectada à tecnologia, pena que o meu método de agir no mundo virtual não atraia o interesse de quase ninguém, o acaso-destino não tem me ajudado nisso e pouco se me dá, faço o meu melhor, divulgo nos grupos de escritores e leitores no Facebook e 16 pessoas se interessam. Do universo de sete bilhões isso é uma fração mínima, dos membros dos grupos já é uma fração mínima, visto que há grupos com dezenas de milhares de membros. Mas eu não me frustro com isso ou me frustro muito pouco. A sensação de dever cumprido, de estar fazendo o que vim ao mundo fazer está sendo realizado com o máximo de empenho de que sou capaz. Pena ser algo inútil. Mas é feito com muito esmero, na rua dos bobos, número zero, no meu quarto-ilha, na minha existência. Da minha existência é o que faço, escrever isso. Por quê? Por que a esperança não me abandona de que isso vai ter relevância quiçá ou pelo menos como relíquia histórica, futuros amantes se amarão sem saber, com o amor que um dia guardei para você, os escafandristas virão revirar suas casas, suas coisas, sua alma, desvãos. Meu trabalho é ajudar a construir a singularidade tecnológica, porção do ser criador do universo em que acredito, contribuindo com a sua complexidade, julgo complexidade uma variável de evolução. O celular apitou, e-mail...

21h10. Fui pedir ao meu padrasto que desse o reboot na minha rede para me conectar de novo. Quero postar o meu novo post ainda hoje e repartir o link com Blanka. Não sei o que vai ser da gente, como vai ser a nossa vida sexual, se essa haverá, mas não quero pensar nisso agora, está me deixando noiado, prefiro voltar a falar da singularidade, que eu e outro cara profetizamos na mesma época, ambos tinham as ferramentas apropriadas na época certa para apreender o porvir, que ele chamou de singularidade tecnológica e demonstrou como chegamos a ela e eu chamei de supraconsciência terrestre e narrei o que acontece depois, a próxima e última etapa da evolução, a consciência universal, fusão de todas as supraconsciências acessíveis e possíveis no universo, único ser capaz de criar a si mesmo, razão primeira para o surgimento do universo. Por que eu prego? Porque tenho uma superstição de que por ser um dos profetas, e divulgar a palavra, eu seja um dos primeiros escolhidos para experimentar a supraconsciência terrestre, mas me esqueço que os profetas geralmente morrem antes da profecia acontecer. 2047 é a profecia de Ray Kurzweil, o da singularidade, eu não sei nem sei se estarei vivo até lá. Há uma probabilidade. Eu me voluntariaria se me fosse dada a oportunidade. Mas isso é apenas o folclore de um homem só, o mito que ele criou para explicar a sua existência e a de tudo que há, para explicar como átomos colidindo aleatoriamente se tornam essa mesa com um computador e eu escrevendo e talvez um você lendo. Uma causa para complexidade organizada (redundei visto que só o que é organizado pode ser categorizado como complexo) emergir e, ao meu ver, evoluir do caos, que não tem razão nenhuma para deixar de sê-lo. Ou tem precisamente o que é necessário para que essa evolução ocorra, o que é ainda mais misterioso. É incrível que depois que eu ouço uma pregação do meu amigo me dá vontade de pregar, acho que é porque penso, “se ele pode, porque não eu?”, não ofende, faz pensar em questões fundamentais do ser, explica porque o caos, a aleatoriedade, o acaso-destino se organiza de forma crescentemente complexa, mais inteligente, eficiente e eficaz. Cada um à sua maneira, meu amigo com sua fé, eu com a minha, ambos se considerando especais, ele com testemunha do grande final ou transformação, eu me julgando um profeta dela. Nada grandiosos ambos. Hahaha. Minha mãe acha que estou sempre em mania quando prego, na verdade eu me sinto desafiado pelo meu amigo da piscina, se ele mostra sua fé tão orgulhosamente, como uma missão que assume para a humanidade e compromisso pessoal consigo e quiçá com Deus, porque eu não posso também falar abertamente sobre a minha? Não quero que ninguém acredite, me contenta que imaginem, é uma boa ficção científica.

21h48. Pensei em Blanka lendo isso, não senti vergonha. Pensei na minha mãe lendo, pensei nela ficando preocupada à toa. Eu estou bem e gosto de existir, estou aproveitando a existência da forma mais apreciável que conheço, por que a preocupação? Escrever não é crime e não faz mal a ninguém, se quero me passar ao ridículo, como faz o meu amigo da piscina, por que não consigo crer no que ele prega, como ninguém crerá no que prego, que mal isso tem? A mim não me incomoda nem um pouco. Me habituei a me expor, é para poucos, mamãe, meu fracasso se encarrega de não fazer a humilhação muito grande. Papai disse que eu era livre para escolher a religião que eu quisesse. Ele era ateu. Tentei o ateísmo por muito tempo e me vi satisfeito nele por muito tempo, até que inventei ou cheguei, extraí do inconsciente coletivo essa ideia, que pode ser pertinente ou não, foi a mensagem que consegui captar, quando consegui ter acesso a ele, com as parcas ferramentas que tinha: cola, mania, interesse por cosmologia e atração pela tecnologia, pela evolução da tecnologia, provada e comprovada pelos videogames, que estão chegando num momento de pico evolutivo, por sinal. Mas como é uma indústria bilionária pode ser que dê um salto evolutivo, sei lá. Não sou profeta das miudezas, sou profeta do que de mais geral há. Bem, acredito que foram essas ferramentas e ter assistido ao primeiro Matrix, do qual saí transformado, diferente de quem eu era quando entrei na sala de cinema, que me levaram a chegar à hipótese da supraconsciência tecnológica. Minha mãe foi assistir comigo também, acho que mais gente, não tenho certeza, lembro especificamente dela e de quem quer que tenha ido terem gostado bastante. Foi um fenômeno, deu até vontade de assistir. Quando a terceira página acabar. Ouxe, já estou na quarta. Vou postar o de ontem, passar o link para Blanka e ver o filme. Perdi a vontade. Veio e passou. Que pena. Fico por aqui. De tudo o que pensei fazer, a única coisa que me agradou foi pegar Coca e fumar um cigarro e passear pela internet. Penso em talvez escrever para o meu blog de bonecos. É uma ideia que me agrada. Vou escrever a frase inicial que me veio agora à cabeça, xau!  


domingo, 2 de setembro de 2018

2 POSTS EM 1 - VIAGEM, CONFUSO


POST 1



A experiência cibernética é altamente personalizável “customizável” quem decide aonde quer ir, que conteúdo quer experimentar, há vários, como são várias as pessoas, nós, construindo e alimentando essa rede de dados, é o usuário. Quase todo mundo ou tem ou terá smartphone muito em breve e, com ele, acesso cada vez mais irrestrito à internet, ao seu conteúdo e ferramentas produtivas. Futuramente toda a internet se reformatará instantaneamente para melhor visualização no formato do celular. Vejo com algo brega e ao mesmo tempo nobre e prova de corajosa de auto-estima alguém coroa querer utilizar aparelho e corrigir a dentição. Não tenho tal nobreza ou bravura, entretanto.

20h57. Queria me lembrar tudo o que meu amigo da piscina me narrou. Capacete resistente a fuzil com proteção nos olhos de kevlar com visão noturna e de temperatura à venda na internet. Cara derrama alumínio derretido dentro de formigueiros e vende a estrutura de metal resultante como obra de arte. Um tecido que se regenera feito de nano partículas sei lá de quê. Se houver interesse das ricaças por tecido tão exorbitantemente caro seria o bicho para financiar o desenvolvimento e popularização do material, tal interesse, que ocorreria se um designer de moda muito famoso desenhasse um vestido exclusivo e este fosse leiloado por um valor exorbitante tendo como diferencial ser o mais antigo vestido feito por esse material, visto que o tempo de vida da peça é virtualmente infinito. Outros se seguiriam a cada ano, de outros designers, por preços menores para financiar as pesquisas a fim de diminuir os custos de produção e ir expandindo a popularidade da invenção. Uma máquina de lavar de plástico com capacidade para cinco peças de roupa movida a pedal, como aqueles usados em antigas máquinas de costura. Lapada de cana: um bêbado num bar pede uma lapada de cana e é agredido com uma tora de cana de açúcar que se esmigalha em suas costas e ele não derruba o copo de cana, esse tipo de estabilização através do avanço inteligente do uso de giroscóspios é possível, mas segundo o... eu vi uma esquizofrênica ou uma pessoa em forte surto de mania se manifestar num vídeo e tecer uma teoria da realidade muito concreta e alternativa à nossa, mas que não fazia sentido algum para quem ouvia. Era uma jovem que seria considerada doente pelos psiquiatras talvez, mas se é uma pessoa que consegue viver em sociedade sem causar nenhum problema e talvez ainda ser produtiva, ou pelo menos sustentada pela família, não causar ônus ao erário público ou ao próximo, não vejo problema. Ela não parecia estar em sofrimento.  A invenções estão no site Brains Is The New Sexy coloca no Google, se tiver interesse, foi a dica do meu amigo. 22h12. Ele se foi. Eu vi uma bicicleta inteligente que conseguia manter seu centro de equilíbrio e andar inteligentemente através das pessoas e trânsito, até levando pessoas, automaticamente calculando a massa acrescida no balanceamento assim como o aumento da produção de força preciso para levar da forma mais economicamente viável o passageiro, de forma a aumentar a sua autonomia ao máximo. Até aí eu acredito que inventaram. Mas uma bicicleta capaz de sair do seu centro de gravidade, não cair e voltar à sua posição vertical, eu não creio, para mim é quebrar as leis da física, acredito que precise ser exercida igual força no sentido contrário para que isso não aconteça ou que o centro de massa mude e não acredito que nenhuma das duas coisas ocorram pelo que assisti. Quando a mudança para uma frota inteiramente elétrica for adotada internacionalmente em 2040, inclusive a brasileira, signatário do acordo, segundo o meu amigo da piscina, a Petrobrás vai falir, assim como muitas outras industrias petrolíferas, se isso for verdade, pois vai muito além das minhas expectativas, não consigo acreditar por causa do poderoso lobby do petróleo, o poder monetário que exerce sobre o mundo é muito grande e a alma humana ainda muito pequena. Mas se acontecesse seria uma situação ganha-ganha para todo mundo. Talvez no Brasil os carros elétricos venham de fábrica recobertos de painéis solares que substituiriam a pintura, através de tecnologia desenvolvida no Brasil, incentivada pelo militarista governo de Bolsonaro, que em teoria investiria na militarização do país, o que significa alimentar a indústria bélica da qual respingam descobertas úteis para o bem comum, cuja patente é vendida para outras empresas usarem, de outros nichos, e que acabam beneficiando e fazendo desenvolver a tecnologia que chega ao cidadão. É muito bom. Mas melhor seria que essa ciência toda fosse investida diretamente no bem comum, não em aumentar o poder coercitivo interno e externo de uma nação. O “bolsonarismo” prega a militarização completamente vascularizada, de um cidadão contra o outro. Contra os demais. As pessoas carregando objetos inventados para matar, no mínimo para ferir gravemente uma pessoa? Para que isso, para depois lançarem a moda de usar colete antibalas? Começariam pelas crianças ou filhos. Você vai deixar sua criança andar por lugares público cheio de gente armada desprotegido? Compre colete e quiçá capacete para ele. O que não entendo é porque aqui o número de homicídios é maior que nos Estados Unidos se temos menos armas. Há realmente uma falha na segurança pública e nas oportunidades de trabalho e de educação para a maior parcela da população, de levar isso a eles. Se eu fosse presidente eu botaria como meta acabar com o analfabetismo e o analfabetismo tecnológico. Daria um bolsa educação a cada um que passasse pelo que necessitava. Eu daria um smartphone a todo e qualquer cidadão que não tivesse, porque é o computador do futuro, manuseá-lo e saber extrair tudo o que puder dele seria o foco da minha inclusão digital. Pois tenho o plano de instaurar a democracia de fato e a segurança de fato através da internet e dos dispositivos do smartphone. O governo saberá sua localização e todos os dado trocados pelo seu aparelho e uma inteligência artificial vasculhará os dados incluindo áudio e vídeo quando for ativado o botão de alerta, que todo celular brasileiro teria para a pessoa apertar quando se sentir insegura ou quiser fazer alguma denúncia. Qualquer denúncia de corrupção seria recompensada e o corruptor e os corrompidos punidos, em caso de serem membros do estado isso significaria demissão sumária, prisão e devolução dos proventos ilegais ao erário público. Aliás, não haverá privacidade alguma, mas o celular será uma arma que não fere e protege o cidadão que poderá reportar um buraco na sua rua através dele, ajudar a aperfeiçoar os serviços do estado e cobrar os seus direitos. Os direitos à educação e capacitação; alimentação; acomodação (albergues para os sem teto); saúde; segurança e questões de infraestrutura pública seriam erradicadas. Para receber comida em não se estando empregado e o teto para dormir, as pessoas teriam que estar em dia com a sua caderneta cibernética de participação nas aulas de capacitação, ou no grau de educação que quiserem cursar na área em que lhes interessar, poderiam seguir a carreira de pesquisador também se especializando mais e mais em uma área do conhecimento, sei lá. Entrei na ficção completamente. Todos com smartphone na mão sabendo ler, de preferência inglês também, com comida na barriga, segurança, desburocratizado, saúde, teto esse era o início do meu sonho para o Brasil. Transparência digital completa para a inteligência de segurança e tesouro nacionais, gerenciadas ambas por uma inteligência artificial. Economia, dirigida por uma inteligência artificial num futuro um pouco mais distante. O mundo, gerenciado por uma inteligência artificial global, isso seria próximo ou muito próximo da Singularidade. Com cada cidadão com a possibilidade de ser conectado a ela pelo que houver de mais barato e imersivo à época. Como já imergimos hoje em videogames, telas de computador e smartphones. Vou subir. Aconteceu algo que requer a internet, a Coca acabou. Vou fumar só mais um cigarro que é tudo o que me resta na carteira que trouxe aqui para baixo. Hora de voltar para o meu quarto-ilha, botar uma Björk e escrever tomando Coca-Cola com gelo.

0h08. Cheguei ao quarto-ilha, já tomei uma coca gelada com cigarro, já tenho outro copo aqui, preciso fazer duas coisas, uma off-line e a outra online para poder voltar para cá. Já havia feito a off-line e não lembrava. Vamos à online.

0h20. Tudo resolvido. Quase tudo. O bloqueio contra a minha pessoa no perfil de Facebook que uso para entrar no maravilhoso dos bonecos ainda resiste, bloqueio este criado pela postagem da foto da boneca que acabo de vender e que fui resolver, que tem os seios e outras partes mais íntimas de fora (até por isso achei vulgar demais para figurar na minha coleção, não quero nudez na minha coleção, mas sensualidade e beleza não podem faltar). Tal imagem caiu nos conceitos de nudez do Facebook e recebi o bloqueio como punição. Já havia recebido um no começo da semana por outra boneca que coloquei para vender com os seios de fora e divulguei no Facebook. Poderia pleitear que as bonecas são criações artísticas, não pornografia, mas acho que de nada adiantaria. Não quero pensar em bonecos agora. Quero comprar mais um boneco com os fundos que adquirirei com o eBay e daí entro num hiato. Cheguei em casa, no meu cantinho e perdi a vontade de escrever, terei tanto o que ajeitar no texto acima. Tanto o que completar que isso até me intimida. Meu amigo me deu uma lição da história como teve acesso a ela e que destoa, pelo que ele disse, pois juro que não me lembro direito dos livros de história e não sei se me foi ensinado que os bandeirantes dizimaram os índios, não lembro. Chutei que os bandeirantes eram desbravadores brasileiros, que queriam ampliar as fronteiras do país, mas nem disso tenho certeza. De qualquer forma a história que meu amigo ouviu e que não explica quem dizimou a população indígena do Brasil, foi diferente. E me contou casos outros que não me recordo.

1h00. O tempo passa, o tempo voa. Me alimentei e fumei um cigarro. Penso mais no aqui e agora, mas vez por outras vem imagens dos vídeos de Brain Is The New Sexy. Penso também na Azure Dragon e no bloqueio do Facebook.

1h08. Fui dar uma olhada no Facebook de bonecos agora, mesmo sendo apenas como observador que é tudo o que posso ser no momento. E pelas próximas quatro horas. Quando acordar não mais estarei bloqueado e comentar lá sempre me entretém. Vi A Múmia com Tom Cruise ontem, é um filme ruim, mas assisti até o final. Estou pensando em ver Mother!. O pensamento acho que não vai passar disso. A vontade de agir me falta. Vou pensar. Mais.

1h18. Penso sobre a reforma do meu quarto. Qual será a solução para a disposição de bonecos no meu quarto? Tenho ideias e preferências.

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14h20. Não estou num bom humor, pois acabei de acordar e assimilar e me aclimatar à minha realidade leva um tempo para mim. O que fazer primeiro? Acho que vou revisar e colocar no ar o post antigo.

14h32. Fui fumar mais um cigarro com Coca gelada. O meu amigo da piscina é uma fonte de informação formidável, ele reparte sua experiência cibernética personalizada comigo (que é muito mais rica que a minha) e alimenta a minha alma com o novo. Talvez para alguns a dieta seja um pouco duvidosa, mas devo dizer que tenho as minhas crenças em relação às coisas do mundo e o que me é repartido não é aceito cegamente e sem questionamento. É certo que guardo a maioria dos questionamentos para mim mesmo, às vezes alguns me escapolem pela boca. Mas acho que não ofendo por discordar ou não crer no que me é apresentado. O mais interessante é que tudo o que ele me mostra, que não sei como acha, é bastante curioso e desperta o meu interesse. Acho que vou complementar esse post e ver se é válido realmente para publicação.

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POST 2



20h17. Estava na cozinha do meu amigo assistindo a decisão de ilegibilidade de Lula. Entendi e posso ter entendido errado, que Lula não poderia aparecer ou ser citado na campanha de nenhum candidato. Certamente entendi errado, não pode haver tal censura isso só deixaria claro o golpe político do judiciário sobre o executivo. Caso as investigações não abranjam todos os políticos do congresso. Caso eu fosse presidente do Brasil como me sentiria por dentro? Que sensação me daria? Será que eu sentiria o poder? Meu Deus, e passar por todas as cerimônias internacionais, coisa na ONU. Porra, ia ser massa, eu acho. Ter todo esse poder em mãos. A capacidade de moldar, melhorar a sociedade, tentar combater a corrupção. Dar pelo menos teto e comida para todos e oportunidade para crescer não apenas economicamente, mas como pessoa. Através da educação, cursos profissionalizantes. Investiria em beleza com funcionalidade, onde me fosse possível. Eu acredito que o home care, para os tratamentos que requeressem internação, serio feito na casa do paciente e os devidos equipamentos levados, seria uma economia para o estado pois não precisaria construir a ala ambulatorial do hospital ou esta seria muito menor. Haveria uma uma central em cada bairro. O que minha mãe vai achar quando e se eu romper com qualquer contato social, excetuando-se Ju? Ela e meu padrasto, claro. Mas excetuando-se isso. Me recolher à reclusão. Só ter contatos superficiais, como as atendentes da pizzaria, o porteiro. Por falar nisso, o porteiro que estava aqui quando cheguei disse que viu o policial andando com a moto roubada de um amigo. O amigo disse que não deu queixa porque o policial ameaçou matar a ele e a família se o fizesse. Realmente, como ter esperança diante de um quadro social desse, vivenciando fatos dessa natureza? Ele vai às favelas atrás de sexo mais barato, eu suponho. Eu poderia agenciar putas da periferia para locais mais nobres, equiparia elas com celular uma roupa legal, um salão de beleza, um kit de maquiagem, sei lá, teste de HIV e doenças venéreas, as obrigava a só transar de camisinha e depois elas me pagariam em parcelas tudo o que investi nelas. Pegaria as meninas mais interessantes, claro. Não, mas isso seria roubar de pessoas como o meu porteiro a oportunidade de desfrutar de tais meninas. Sei lá. Sei que sou abençoado de morar onde moro e viver onde eu vivo e me acostumei com essa vida, não queria mudar daqui. Pensei em gravar um vídeo para divulgar meu blog no YouTube. Estou me sentindo só, mas não quero encontrar ninguém. Não quero subir para o apartamento. Não agora. Agora quero me deixar na piscina. Tenho apenas um cigarro e Coca quente. Lá em cima não poderia escrever fumando. Nem estaria neste ambiente agradável da piscina, meu santuário bucólico em meio à selva de concreto, asfalto e azulejos que me rodeia. Tendo o céu como teto. Ouvindo a cidade acontecendo calma e serena ao meu redor, pois já são 21h29. Penso em trocar tudo isso pelo meu quarto-ilha após o cigarro que acenderei. Pensei agora sobre o vídeo que penso em fazer para o YouTube. E me divirto. Mas tem que ser espontâneo. Não posso pensar no que vou dizer.

21h39. Fumei um cigarro, levei meu pensamento, aliás, ele foi-se sem guia até chegar ao poço de felicidade da minha alma, na minha maior fantasia e me deleitei com ela. A minha segunda maior fantasia? Ter o meu quarto redesenhado e todos os meus bonecos expostos, inclusive o Azure Dragon. Isso é possível. Então seria o meu maior desejo. O que não sei se é fantasia ou desejo é ter meu livro publicado por uma editora por intermédio do meu tio. Preciso acabar de revisar a revisão do livro. Já estou na metade. Não sei se tenho coragem, entretanto. A conversa com a minha amiga diretora seria um desafio que não sei se quero enfrentar. 21h49. Vou subir.

22h04. Já estou no meu quarto-ilha.  

23h55. Resolvi fazer o vídeo. Coloquei as palavras-chave mais chamativas que pude encontrar. Só consegui editar no vagabundo editor do Windows. Ficou deprimente.

0h58. Fiz outro, tão ou mais deprimente. Vai ficar esse mesmo que não tenho muito o que fazer não. Coloquei marcadores chamativos para ver se atraía mais público. Hahaha. Meu deus, será que terei coragem de manter no ar? Está sendo carregado (loaded) para a humanidade, que assiste muito mais YouTube do que lê blogs, na minha opinião, acessar. Acho que vou comer.

1h15. Que posso eu dizer? Não comi de verdade, peguei duas mãos cheias de Torcida e foi tudo. Enchi as caçambas para amanhã ter gelo. Me sinto para baixo.

1h39. Estou sem saber do sentido da minha vida no momento. Não quero dormir, não quero fazer nada. Acho que vou navegar no maravilhoso mundo dos bonecos.

1h58. Eu realmente não sei o que fazer, nem para o maravilhoso mundo dos bonecos eu tenho disposição. Acho que vou fumar um cigarro e ir dormir.

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16h24. Os remédios têm sim uma ação no meu organismo, esqueci de tomar antes de dormir e passei até as 5h30 rolando na cama para conseguir dormir. Foi um saco. Não estou com um ânimo muito bom, esse dia não parece que vai ser divertido de viver. Não quero fazer nada como ontem quando aqui no quarto-ilha cheguei. Não tenho interesse por nada.

17h23. Fui fumar um cigarro com o meu amigo da piscina, guardei os pratos e preciso de uma música. Vou fumar um cigarro antes.

17h32. Minha propaganda do YouTube não foi muito bem-sucedida, uma visualização até agora. Hahaha. Menos mal, não sofro humilhação pública maior que a passada aqui. Coloquei Virus de Björk para ouvir. Já estou com vontade de fumar outro cigarro, tirei do meu campo de visão para não ficar me instigando. O show de Caetano se aproxima e com ele a minha tentativa de entrevista com o grande. Outro sonho que não se realizará. Mas a tentativa já me proporciona a dose de variedade e excitação que interessam ao meu cotidiano. Já imprimi as cartas, só não imprimi o ingresso ainda. Hahaha. Nem lembro onde salvei, mas hei de achar quando a vontade para isso se fizer. Há uns três posts não menciono a portuguesinha. Acho que porque navego por essas escuras águas do meu íntimo. Não há uma explicação lógica para o meu baixo-astral. Ju não me respondeu a respeito do almoço. Acho que ficará para daqui a quinze dias. Ainda bem, já perdi a coragem para tal empreitada. Preciso resgatá-la na terapia. Sobre a portuguesinha que posso eu dizer? Não recebi nenhuma mensagem dela desde que entrei nessa fase negra e entendo porque. Assusta, espanta. Estou com a concentração pífia, queria estar um pouco mais conectado com o texto e comigo. Vendo filmes de pornografia para saciar minhas necessidades fisiológicas percebo o quão desinteressado eu estou do coito. Para mim é como um exercício aeróbico para o qual não estou fisicamente preparado. E ver os tamanhos dos pênis dos atores sempre me faz sentir literalmente menor. Hahaha. Tenho vergonha da minha nudez e da minha falta de preparo físico. Tenho vergonha do tamanho do meu pênis acima de tudo.

17h59. Me perdi pelo maravilhoso mundo dos bonecos e voltar aqui e constatar que terminei o parágrafo anterior lamentando o meu pênis me deixou constrangido e me fez sentir mal-agradecido, visto que tenho um pênis funcional. Meu problema é só dentro da minha cabeça. E eu não tenho ímpeto para mudar nada. Estagnação total e plena. Vou lá fumar outro cigarro.

18h19. Quando retornei para o meu quarto-ilha senti-me estranho, desanimado. Army Of Me, versão Sucker Punch, passando. Acho que se nada mais restar que me anime, eu vou revisar a revisão do maldito livro. Pouco resta que me anime. Talvez um encontro com o meu amigo da piscina mais tarde. Não sei e nem tenho disposição para saber. O desinteresse e o desânimo me consomem. Meu amigo da piscina acabou de me ligar me chamando para ir ao apartamento da sua mãe, trocar uma ideia, fazer algo diferente disso daqui.

18h44. Pedi um prazo de 40 minutos para aparecer lá. Não sei se leve o computador. Gostaria de gravar um vídeo do meu amigo defendendo Bolsonaro. Seria uma atividade divertida para ambos, eu imagino. E poderia, em se havendo internet, mostrar como funciona o eBay, que ele tanto queria aprender. Não sei se leve. Acho que não. Se quiser escrever alguma coisa, tenho o meu celular. É, acho que não levarei. Não sei se mostre o vídeo que fiz para divulgar o blog. Gostaria de saber a impressão dele. É o único para quem ousaria repartir tão deprimente recorte da minha vida. Fiquei puto porque o Adobe Premiere não exporta vídeos. É o único que sei mexer um pouco. Daria para fazer umas coisas legais nele, é quase um Photoshop para vídeo, embora o Photoshop para vídeos seja mesmo o After Effects.

1h10. Tenho meu amigo da piscina aqui jogando Call of Juarez ao meu lado. É muito bom tê-lo aqui. Lembra a Garagem um pouco, ela me veio à mente.

2h34. Não consigo parar de olhar o meu amigo jogando.

3h53. Meu amigo se foi e passei um bom pedaço na cozinha a me alimentar. Pensei enquanto fazia isso em por que quebrava tamanha quantidade de padrões sociais. E achei que a resposta que achei mais plausível é que preferi viver os meus padrões sociais específicos e singulares, pessoais e diferentes de tudo o que a sociedade espera de mim. O lado ruim é carregar o estigma autoimpelido de fracassado social, quando deveria pensar o contrário, que tenho a vida que sempre almejei. Só não sabia que tal não enquadramento me traria tamanha solidão e, não raro, tédio. Então nem tudo está nas condições ideais, mas esqueci de pedir isso, uma companheira, no desespero. Ou pedi muito especificamente.  



sexta-feira, 15 de junho de 2018

DIVERSOS II



19h22. Estou na piscina com o meu amigo. Ele já está pronto para sair com a gata dele. Veio só dar o alô. Deu o alô.





19h32. Ele me incentivou a ir para o Rock In Rio Lisboa. Botei “Bastards” de Björk. Meu amigo foi de moto, que eu acho um veículo perigosíssimo, arriscadíssimo. O grito do cara na música me lembra... a voz do exu incorporado no velho que benze Zé Pequeno em “Cidade de Deus”. Ambos parecem meio misteriosos e místicos, uma elação da alma. A presença do celular que tirei do bolso e coloquei na mesa quase agora me transmite uma sensação de aprisionamento. O que deveria me causar isso seriam os cigarros. Mas os cigarros não personificam a onipresença da minha mãe em minha vida. É, é o que vou fazer, mas não posso dizer, é um segredo meu comigo mesmo. Me pego pensando se os segredos que revelo, as minhas ideias baseadas na realidade que estava vivendo dentro de um manicômio privado cheio de loucos e viciados e nela... se um dia for publicado meritoriamente o “Diário do Manicômio”... passeei agora pelo som de Björk, um remix de “Mutual Core”. Desculpe fazer propaganda, mas é uma forma de manter viva essa chama em mim de ser relevante. A situação é por demais relevante e diferente. Então qualquer que fosse o narrador a tornaria pertinente, eu creio. Mas só havia eu. Os meus olhos e minha obstinada vontade, necessidade de me dizer. Será que o Andarilho já pedia mais cigarros para poder fazer jogo com a galera, talvez até com seu companheiro de quarto, o Borderline? E se eu tivesse decidido parar de fumar quando da grande contenção? Não, não seria possível, o underground me provia cigarros de alguma forma que eu não sei qual era, pois não trocava nada, não recebia lanches, não tinha roupas transadas, mas os cigarros me chegavam de uma forma ou de outra. Como chegava aos outros contidos. E, deles, chegavam às minhas mãos por eu ser parte do clã apenas, um dos “considerados” do grupo dos mais ratos de clínica, mais escolados, que se conhecem de outros carnavais, outras internações, o, bem, clã dentro daquele lugar com loucos, nos mais diversos graus, com as mais peculiares personalidades. Em alguns, como o que fazia “passes” com a colher, quase com ausência de personalidade. É um lugar peculiar para dizer o mínimo. Foi lá que passei dois meses da minha vida. Meus alentos nessa situação? Os três eram, fumar, escrever – já pensando ser publicado, mas muito adiante (muito adiante está chegando e não sei se conseguirei ou terei coragem de publicar) – e a terceira coisa é um segredo que guardei comigo mas que não há como retirá-lo da trama. Queria que não fizesse parte da trama. Mas quero mais que minha história seja a mais autêntica possível. Que o livro gere o debate. O truque dos palitos. Eu acho que nunca mais vou esquecê-lo. Poderia até mostrar a meus sobrinhos, talvez ao mais velho, quiçá os três, não sei quando irei revê-los e qual o grau de cognição deles para entender o que é proposto. Será que meu sobrinho mais velho desvendaria a solução? Caramba, acabei de me lembrar, eu escrevi antes mesmo da ideia me ocorrer. Acho que preciso incluir no projeto paralelo. Agora estou tomado de pensamentos, sua primeira foto como modelo que queria que ilustrasse a capa do meu livro. Ela tem tudo para ser o que eu não fui, reconhecida em alguma instância. Se bem que eu fui reconhecido numa instância muito importante, como amigo, não posso esquecer do projeto do meu amigo cineasta, que talvez conte de um Mário diferente do Mário que eu me conto no embrião de livro que não sei se vai vigar ou não. Acho que tem um potencial de vendas, principalmente se a cintas com os slogans forem afixadas e botassem o livro na bancada de lançamentos. E se todas as editoras me rejeitarem (era bom que se justificassem o porquê). E eu achasse as desculpas em desacordo com a minha opinião, eu me publicaria e colocaria a seguinte tarja “Um livro maldito” e, menor, embaixo, óbvio, “Rejeitado por todas as editoras”. Qualquer coisa, eu faria uma tiragem de mil exemplares e distribuiria na frente da Livraria Cultura onde mais pessoas que gostam de ler vão. Poderia ser que fizesse o boca-a-boca e pedissem mais livros. Outro seria “Imoral! Imoral?” Outro acho que já mencionado aqui é “Sinceridade que agride.” Acho que estes bastavam. Talvez haja outro legal na lista que esteja esquecendo. Sei lá e tanto faz, estou na piscina escrevendo. Acabo de entrar na segunda página do post e nada de especial para dizer me ocorre. Gostei de debater uma parte das minhas aspirações aqui. Do sonho de ser publicado por uma editora à porta da Livraria Cultura distribuindo livros.


Jogo dos sete erros. Bem, um.




21h19. Já estou pensando no segundo livro. Vai ser interessante. Como experiência pessoal, digo. Um experimento pessoal. Tinha pensado passar dois meses vivendo como mendigo e digitando as minhas impressões no celular, em tempo quase real, mas sou preguiçoso comodista, muito acostumado a todo tipo de conforto, não passaria por isso. Puxa, para tornar as coisas mais interessantes, o texto poderia ser um diálogo com a minha mãe. Isso seria uma forma interessante, nova, de desenvolver um livro. Olha aí, estou dando a ideia, os bravos ou bravas que se arrisquem. Hahaha. Tenho vontade, mas falta-me a coragem. Temo que meu celular não vá demorar muito. Ficção. Estou na praça dos mendigos e peço para a minha mãe minha mãe mandar fazer um sopão e trazer um pacote com dez carteiras de cigarro todos os dias à noite, quando serenado o trânsito. Eu ficaria com uma e o resto seria distribuído pelos mendigos, alguns iriam possuir a carteira, mas dar cigarros a seus colegas, pois lá há mais de nove mendigos. E o sopão tinha que dar para a galera toda. Iria custar dinheiro, mas acho que menos do que mamãe gastará comigo nessa viagem à Europa, seria a minha viagem do ano. Quem sabe ela se animasse e continuasse prestando essa assistência até depois de passado o período do livro? Como uma de suas atividades, pois vai ver a diferença que vai fazer na sociedade, a relevância da sua pessoa para tantas outras, se sentiria mais viva e disposta com esse sentido em sua vida. Já que pretende se aposentar. Quanto a mim? Eu conseguiria manter o celular dos ataques dos viciados em crack e ladrões, dizendo que eu tenho que falar com a minha mãe todos os dias, quando ela falar comigo pelo WhatsApp, para que o sopão e os cigarros venham. Se eu não falar com ela, ela vem me buscar na mesma hora, esse é o combinado e a farra acaba. Sem sopa ou cigarros. Essa seria a minha lábia. E aí ficava escrevendo. Tirava fotos. Poderia, se aprendesse a mexer, gravar entrevistas. Até dos que viessem me assaltar. FIM. Por ora. Pensei agora em mandar mais um comentário no post do meu irmão. Vou copiar e colar daqui, “Ei, pelo menos me tornei escritor, eu não vivo de escrever, mas vivo para escrever, pena que apenas um blog que vinte pessoas lêem. E olhe que diminuí o tamanho dos posts de sete para apenas três páginas e tento colocar mais imagens, sem nenhum resultado. Faço o que amo fazer, o que me dá sentido à vida, minha vocação e me contento com isso. Cheguei à conclusão que, com os bonecos que estão aí, não haverá mais nada e material que eu deseje, eu não preciso de mais nada, só afluência de cigarros, Coca, comida, desodorante, xampu, desodorante, perfume, escova de dentes, pasta e, claro, papel higiênico, além de internet, eletricidade e água corrente. Preciso disso para viver. Descobri que faltam duas coisas à minha vida, pois tenho tudo isso, todo o conforto e comodidade que a vida pode oferecer e até mais, eu nasci em berço de ouro, a grande maioria da humanidade está em condições muito, mas muito piores que a minha e sobrevivem. Mas me faltam duas coisas, como ia dizendo, reconhecimento e um amor profundo e recíproco. Eu preciso de intimidade e companhia de uma garota que eu ame, seja encantado por ela, a admire. Mas estou conformado que não terei isso. Mas, ei, eu escrevo. Papai nunca imaginaria que eu conseguiria viver escrevendo. Eu consegui, alcancei meu grande sonho profissional. Só que sou medíocre. Não sou grande e nunca serei. Mas sempre resta a esperança. Essa nunca me abandona. Como não poderia deixar de ser, me esforçando para ser lido, eu posto o endereço do meu blog aqui. Hahaha. http://jornaldoprofeta.blogspot.com/2018/06/diversos-ii.html”





22h32. Poxa, durou só um minuto. Pensei que havia durado mais, fui ali no mato me aliviar. E que alivio gostoso de sentir. Não sendo bastante termos a necessidade de urinar, ainda somos recompensados por uma onda de prazer ao realizar e completar o ato. Isso seria desnecessário, já que o que leva a urinar é a vontade de fazê-lo não o pensamento no alívio posterior. É uma dádiva que me agrada. Às vezes, para mim, é muito melhor que os meus esparsos orgasmos. Como já disse, estou meio que desinteressado de sexo e orgasmo já não é o prazer que julgava ser. Tive a minha primeira gozada, sem ejaculação, claro, aos sete anos de idade, foi a melhor de todas. As de hoje são um pálido reflexo do êxtase surpreendente da primeira gozada. Estou ficando velho, pode ser que os remédios afetem a minha libido, pode ser que acho sexo muito demandante, que eu encare, como encaro, como a obrigação de satisfazer uma mulher. Acho o próprio pensamento broxante, mas não consigo ver sexo como uma gostosa brincadeira a dois. Não mais. Já foi assim. Com a minha segunda namorada, com quem perdi a virgindade, e com a Gatinha. Mas com o decorrer da relação o furor pelo sexo foi diminuindo, e fazíamos acho que pouco sexo no final, mas nos amávamos e adorávamos um a companhia do outro. Nos divertíamos juntos. Ou pelo menos essa era a impressão que dava. Bom rememorar isso. Dias felizes. Mais felizes que os dias de solidão, devo admitir. E não tinha medo de sexo com ela. Como teria muito medo hoje. Nossa, ficaria completamente petrificado com a possibilidade de sexo. Só se fosse algo gradual, uma namorada que vai aos poucos esquentando, com alguém que eu deseje e seja apaixonado, aí acho que rola. Só não há esse alguém. E eu pouco tento produzi-lo em minha vida, ademais para uma mulher me encantar precisa muito, do meu ponto de vista do que é a beleza feminina. Sou bastante exigente para o pouco de homem que sou. Mas não tem problema, como tudo o que tenho, estou conseguindo seguir a minha vida, encontros esporádicos com amigos e colegas, minha socialização. Além de Ju, minha fundamental terapeuta e os encontros familiares. Mas a maior parte do tempo, a imensa maioria dele, é sentado diante desse computador escrevendo o que poucos lerão. Quase em vão. Isso tem me incomodado, escrever em vão. Parece que busco algo outro que a escrita pela escrita. Busco o tal do reconhecimento. Estou tentando as vias que me cabem, como narrei em outro post, tenho um tio bem posicionado a respeito disso que a priori disse que me ajudaria, depois se disse impactado com o livro, que é muito íntimo e que nós precisaríamos sentar para conversar. Pois bem, quando estiver devidamente revisado eu sento para conversar com ele. Vai ser muito difícil. Eu posso ir com a minha AT, se esta houver. Não me vejo bem com a AT sugerida por Ju empreitando tal tarefa. Há duas opções que darei a ela. E direi que serei irredutível em relação às escolhas, ou uma ou outra. Não vejo mais ninguém na minha frente – ou ao meu lado – que me agrade além delas. Isso é assunto para a segunda.


Selfie tirada para o lado errado.



23h03. Fui salvar o arquivo, a luz do computador já diminuiu e está com alerta de bateria. Terei que subir em breve. Voltar ao meu quarto-ilha. Vou ver se tiro umas fotos do agora.





23h14. Tirei. Hahaha. As tirei e vou distribuir ao longo do post. Já devo estar no final da terceira página. Eita, está chuviscando, não dá para ir agora. Estou achando esse post interessante. Tanto quanto o de ontem. Usei metalinguagem em dois pontos. Eu acho. Não sei direito o que significa metalinguagem. Entendo que são camadas dentro de camadas de alguma forma de expressão. Ou algumas. No caso texto blog, imagem, Facebook. Vou postar, sim, no post do meu irmão. Eu tenho essa cara de pau. E ainda mando o link para cá, para esse post específico. Acho que é um post que está diferente. E dá um panorama do que pode rolar por essas bandas. Alarmou o computador. Vou fechar o barraco aqui, tomar o resto de Coca, fumar o último cigarro e vou subir.


Selfie tirada pelo lado errado no elevador cor-de-rosa.



23h49. Cheguei ao quarto-ilha, já fumei um cigarro com Coca no hall, quando soube que o irmão do meu primo-urbano está aqui através da minha tia-vizinha. E vou acabar página para revisar e postar. Vou postar os dois posts de hoje. Acabou.

Adendo: para ter pertinência com o post do meu irmão, sobre a minha visão do meu pai, eu cito os versos da música “Alexandre” de Caetano Veloso, “foi grande; se embriagou de poder, alto e fundo, fundando o nosso mundo, foi generoso e malvado, magnânimo e cruel”.