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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

DILEMA MORAL E FEZES


Eu não sei o que quero fazer, apenas o que tenho que fazer, por isso abri esta página em branco para ver se a minha alma assenta e se acalma. O que tenho que fazer? Complementar o post novo do Profeta e acabar de revisar o post do meu blog mais secreto. Tomei muito café e quando passei de volta para a Coca meu organismo e meu eu estranharam e ficaram em rebuliço. Fumei também. Uma difícil escolha moral apresentada pela existência ontem me deixou ainda mais perturbado porque a escolha que fiz foi a menos “cristã” possível. Essa moral judaico-cristã que permeia as sociedades ocidentais, sei não, viu? Acho válidas e tudo o mais, mas machucam às vezes. Fato é que fui comprar um remédio ontem de noite na farmácia a pedido de mamãe. Ela me outorgou o cartão de crédito e me disse que comprasse só e tão somente o remédio designado, nenhum centavo a mais. Quando estou prestes a entrar na farmácia uma miserável com uma miserável criança me pede uma lata de leite pequena para o infante. O pior que a forma que falei com ela lhe deu alguma esperança, pois o pedido me tocou e por um momento me decidi a ajudá-la. Porém ao cruzar a porta da farmácia e encerrar a triste figura do lado de fora do ambiente climatizado, limpo e brilhante onde vi que o leite era muito mais caro do que julgava, a obrigação de cumprir o combinado com a minha mãe se fez mais forte que a caridade e comprei somente a medicação. Pedi desculpas a miserável, expliquei-lhe toda a história e ela foi bastante compreensiva, disse que não havia problema. Nossa, tal desafio moral me doeu e dói profundamente e realmente não sei se fiz a escolha certa. Reconquistar a confiança da minha mãe é fundamental para a nossa relação e para futuros pleitos financeiros para com ela e sinceramente me sentiria mal quebrando o nosso pacto, faltando-lhe com o respeito, mas a criança sem leite não me sai da cabeça, me assombra desde ontem. Eu tinha os meios só que eles não me pertenciam e a decisão que tomei foi deixar outro ser humano com fome. Um pequeno ser humano vítima da sociedade que não educa. Pronto, desabafei. Vou voltar à revisão, quero postar no blog secreto hoje. E depois, se me restar disposição, complementar o post do Profeta, que mais parece um mosaico, com fragmentos de informação uns emendados nos outros. 21h58. Esqueci de botar a hora no início, atarantado que estava.

0h27. Revisei o imensamente redundante texto, desnecessariamente caudaloso, e o postei no blog secreto. Não vou fazer os acréscimos ao post de Blanka, acho insignificantes e depois de ter mergulhado no outro texto as memórias do que tinha a acrescentar se perderam nalgum recanto de mim que não tenho acesso. Talvez ao revisar o dito texto eu relembre, agora vou dar uma olhada no maravilhoso mundo dos bonecos.

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Estamos prestes a partir para Gravatá. O namorado da minha irmã PE irá conosco (minha mãe, meu padrasto e eu). É gostoso mergulhar no maravilhoso mundo dos bonecos mesmo que não tenha mais nenhuma peça a adquirir e não possa fazê-lo.






0h05. Foi bom, mas minha alma se encontra desassossegada, pode ser cansaço, pode ser um caroço mais profundo. Não encontro palavras e nem quero procurar, me abstrai mais o maravilhoso mundo dos bonecos, onde voltei a ser mais atuante. Sonho com a minha boneca chinesa, uma obra de arte de uma sensibilidade única na minha opinião. Impossível de ser concebida por um ocidental ou por alguém que não tenha crescido imerso no universo cultural e folclore chineses for that matter. Escrever me incomoda no momento.

0h22. Escrevi um pequeno adendo no meu projeto paralelo do blog secreto. Vou fumar e pegar Coca.

0h37. Algo me pede para deitar e dormir, a parte mais sensata de mim; no entanto, uma parte maior e predominante insiste em permanecer, talvez porque tenha passado tempo demais longe do meu porto seguro, do meu quarto-ilha, das palavras. Percebo, especialmente logo que acordo, que me falta fôlego para enunciar as sentenças, as últimas palavras saem com esforço e falta de ar tornando-se quase inaudíveis. Isso ficou claro para mim na conversa que travei com o namorado da minha irmã PE quando este chegou à nossa casa e eu havia acordado há pouco e fumado um bom bocado já, como sempre faço ao despertar. É um alívio pensar que dificilmente me faltará fôlego para digitar as tais das palavras. Conversamos sobre religião e sobre o incômodo que me causou a frase em sua camisa: “Be more”. Me pareceu uma cobrança de uma suposta insuficiência de quem a está vestindo, uma ordem para mudar quem se é. Ju acha que estou em um momento de transformação. Eu sinto que esse processo empacou, eu, mula, empaquei, não quero avançar nem retroceder. Sei que Ju vai respeitar o meu ritmo e isso me acalenta. Nada forçado funciona comigo. Nem com ninguém, faz-se mas não com a alma, pois a alma está tomada por rebeldia e repulsa por fazer o que não é a sua vontade íntima e verdadeira. Sei que a idade vem me roubando os meus medos e isso é gracioso. Isso não quer dizer que me ponha disposto e aventureiro no mundo, só mais tranquilo comigo mesmo. Tenho medo de ter um filho e de sentir o medo do que o mundo poderia fazer com ele. O mundo quase me engoliu, roubou a minha vida, devorou a minha alma, senti a escuridão fria e desesperada de seu estômago. Que alívio, que felicidade estar seguro no meu quarto-ilha com as minhas palavras, imprestáveis palavras, visto que não lidas. De que servem palavras que não são lidas? Palavras são escritas para serem lidas ou essa é a fantasia de quem escreve. O desejo maior meu, pelo menos. Empatado com um amor recíproco. Ou melhor, uma paixão recíproca, deixa o amor para mais tarde, ele vem quando as almas recolhem suas penas. E vale a pena. Desculpe o jogo de palavras esdrúxulo, mas significativo. Parece que me aclimatei e esquentei na escrita... pronto, foi só pensar isso e todas as palavras fugiram de mim. Fugirei delas e me refestelarei no maravilhoso dos bonecos.

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14h15. Três copos de Coca e duas xícaras de café depois, a dor de cabeça com a qual despertei começa a ceder. Mas não muito. Nada de interessante aconteceu na minha vida. A fantástica faxineira adentrou meu quarto para me avisar que intenta limpá-lo, mais cigarros e café para esperar.





15h14. Presenciei o que a fantástica faxineira considerou uma intervenção divina. Entendo o seu ponto de vista, embora não acredite. Fato é que parou de arrumar o meu quarto e foi atender a filha na sala por causa do som que estava rolando aqui. Nesse ínterim, vim pegar cigarros, pois os havia esquecido. Quando tentei abrir a porta do meu quarto, algo a bloqueava, não importava quanta força eu pusesse o que quer que estivesse impedindo a porta de abrir não cedia. A fantástica faxineira tentou também, sem sucesso, e decidiu ir pelo lado de fora do apartamento, através da jardineira, para entrar pela janela que havia deixado aberta. Infelizmente, como se vê na foto, há a máquina do meu Split bloqueando a passagem. Ela pensou e ensaiou contornar o obstáculo umas três vezes e acho que foi aí que rogou a Deus que a ajudasse. Voltou por onde veio e retornou à frente da porta que nós pensávamos estar sendo bloqueada pelo rodo tombado. Eis que Deus se manifestou e o que impedia a entrada no quarto-ilha se revelou ser a chave que havia caída bem ao alcance de suas mãos. Tal fato foi visto como uma bênção do Criador pela fantástica faxineira, eu fiquei aliviado, pois não sei se a tela de proteção suportaria o seu peso caso despencasse ao contornar o ar, mas não acreditei ser obra de nada a solução tão simples e segura para o problema da porta, se muito do acaso-destino. Ela, que viveu o milagre, deve estar contente com o bom e amoroso Pai. Deve ser reconfortante tal sentimento. Meu pai são cinzas no fundo da maré de Macau, um livro de Quimiometria e as lembranças e fotos que guardamos dele. O criador do universo, pois também acho que um universo tão organizado como o nosso tenha sido fruto de uma ação inteligente, ainda está por vir e será proveniente da evolução tecnológica ou de complexidade do universo. Preciso revisar o post anterior, talvez complementá-lo, mas me falta disposição. Prefiro escrever isso peidando por causa do café. O dia está particularmente e mais quente se me afigura por estar bebendo algo quente, liguei o ar e botei o volume do som no 25, coisa rara. Já me acostumei à altura. Vou fumar e pegar mais café. Não ainda. Marteladas querem concorrer com o som, posso aumentar o volume, são marteladas bastante sonoras. O café já frio da xícara acabou. É hora de repor a cafeína e a nicotina do meu incrivelmente resistente organismo. As marteladas estão mais ferozes e constantes.





15h59. Como é de praxe, o café me deu uma caganeira, a minha teoria é que ele age como um lubrificante/desinfetante do intestino, soltando e liquefazendo o que nele está contido, facilitando ou praticamente obrigando a expulsão do seu conteúdo. Foi a última xícara, tenho pouca Coca e acho que a despensa está trancada. Posso pedir à fantástica faxineira que faça mais café, porém meu estômago tem um limite de tolerância que uma vez ultrapassado, o que quase se dá no momento, torna tomar o líquido uma experiência desagradável e nauseante. Não quero vomitar, como uma vez já se deu. Outra teoria é que o café irrite o meu sistema digestivo e por isso os peidos, a caganeira e o enjoo. Sei lá e não faz diferença para os efeitos do café sobre mim tais hipóteses. Sei que antes de pedir mais uma carrada de café, tomarei uma Coca bem gelada com cigarro para “limpar” e ver se a porta da despensa está destrancada, o que me faria migrar definitivamente para a Coca por hoje. Água não me apraz, prefiro café com todos os seus colaterais. Preferiria, entretanto, ter Coca. Essa não me faz mal que eu perceba, afora o bucho bastante dilatado. Nunca estive tão gordo. E isso nunca me importou menos. Tenho um pequeno pedaço da vida de Blanka, sou um pequeno pedaço de sua existência e de seus pensamentos, não ouso dizer de seus sentimentos. Ela ocupa fatia maior do meu ser e isso é evidente. E sim, nutro sentimentos por ela, mas nada que configure ainda uma paixão. O pernoite no motel será um momento decisivo para ambos, eu creio. Em verdade, em relação a Blanka não sei em que crer. Nossa, preciso escrever um adendo no post anterior! Um que me deixa muito feliz! Em relação a Blanka! Momento.

16h26. Pronto. Acho que adicionarei mais coisa ao post anterior quando tomar coragem para revisá-lo. Este está quase acabando, tenho que ter um pouco de disciplina e cumprir o que me comprometi a fazer e que venho protelando por alguma razão que me escapa. É hora de enfrentar. Talvez decida que nada deva acrescentar. É a saída mais fácil, mas não é a desejada. Ou a ideal, na minha opinião. Vou fumar. Antes que comece Björk na lista 6.

16h40. “Nail in my head, from my Creator, You gave me life, now show me how to live”. Comentei com a fantástica faxineira que Deus a havia ajudado hoje. Ela respondeu, “Com certeza. Em tudo”. Tal resposta me deixou atarantado, fui tomado por uma preguiça de existir, uma vontade de tombar morto ali. Não sei se foi porque migrei para a Coca ou pela inesperada resposta. Nunca saberei. Acabou-se o post. Vou tirar uma foto da privada. E vou tomar mais Coca com cigarro. A despensa está aberta. Sem mais café por hoje, acho eu. Algo em mim pede mais, para alternar com a Coca. Acho que é o que vou fazer.

17h00. Foi o que fiz. Vou revisar e postar logo esse antes de partir para o que realmente deveria fazer.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

NOVO

Novo álbum de Björk anunciado pela própria num comunicado escrito à mão. Oba! Espero que não seja muito inacessível aos meus ouvidos. Talvez seja lançado enquanto estou na Alemanha. Seria mais um item de desejo para a viagem.





A Coca que compro na pizzaria aqui em frente de casa vem estupidamente gelada. Então seu gás se mantém e ela não dissolve com o gelo, vindo extremamente concentrada e borbulhante. Muito diferente da Coca em temperatura ambiente que estou acostumado a tomar. Fazia tempo que não dava bons arrotos por causa do gás da Coca como aconteceu agora. É bom no mais das vezes arrotar, por mais que não seja de bom tom fazê-lo em público, mas estou na solidão do meu quarto, mamãe dorme no dela, então não há por que reprimir. Sobre o que será o novo disco de Björk? É sempre um mistério. Gostaria que ele fosse mais melódico e acessível. O “Vulnicura” aponta para essa direção, bem mais que o antecessor, Biophilia, do qual só tenho o Blu-ray do show. Que por sinal, preciso reassistir, mas não sei se pega no meu PS3, pois o meu Blu-ray player está desligado para dar lugar ao Wii U. Acho que vou esperar a tão sonhada reforma do meu quarto para poder assistir. Espero que ela saia no meio do ano que vem. Ou quando acabar de pagar os bonecos. Sonhei com a Red Sonja e com as datas do Flex Payment dela, lembro que ficava feliz com elas, mas não me recordo quando era. Mas se fiquei feliz é porque veio depois do Hulk. Espero que o Hulk chegue a mim intacto. Que a alfândega não resolva abrir a caixa e arranhar a pintura ou quebrar um pedaço. Por falar em imagens, estavam atacando centros espíritas no Rio, não sei se eram apenas os centros de umbanda, mas por que fariam isso, né? Não fazem mal a ninguém, o Brasil é um país laico. Às vezes parece que o final dos tempos realmente se aproxima. Ainda mais com dois descompensados mentais no poder de duas potências belicosas se estranhando. Eu, hein, Rosa? Outro arroto. Esse foi dos caprichados. Hahahaha. Vou pegar mais Coca. Ah, são 16h27.

16h29. A Coca já não está mais tão gelada. Não, não há espaço para guardar Coca na geladeira. Infelizmente. Estou preocupado com a reação da minha mãe em relação ao envio do Hulk para o Brasil. Mas foi avisado no e-mail. Ela vai querer usar isso para me impedir de comprar a Red Sonja e o Swamp Thing. É o mais esperado acontecer. Sei que ela quer qualquer desculpa para não me permitir comprar mais estátuas. E as taxas de envio e alfandegárias serão uma grande, gigantesca como o Hulk, desculpa para esse veto. Desculpem-me estar começando falando desbragadamente sobre bonecos, é a falta de repertório, já que nada aconteceu do momento em que parei de escrever ontem até agora. Desejei feliz aniversário à esposa de um grande amigo meu pelo Facebook. Quem diria que Clementine acabaria se tornando organizadora ou decoradora de eventos, em especial casamentos? Se bem, que pensando bem, é muito a cara dela. E ter minha tia sempre acompanhando deve ser reconfortante. Com a mãe que tem, pelo menos. Às vezes eu invejo as famílias tradicionais, com o pai e a mãe casados. Talvez meu pai ainda estivesse vivo se não tivessem se separado. É bem provável. Não sei o que ele acharia do meu modo de vida e não sei como descreveria aqui no blog. Não sei se ele leria o meu blog. É bem possível que sim. Mas se ele estivesse vivo, eu não conseguiria a curatela. “Superheated” o hit do momento no meu som. Estou bebendo uma coca empurrada. Vou dar umas baforadas no Vaporfi para saciar essa minha oralidade de outra forma. Uma tendência que não gosto nos vídeos pornôs atuais é as mulheres fazerem “garganta profunda” ou sei lá como posso chamar aquilo, me parece uma violência com as pobres das atrizes. Me desagrada assistir. Mas parece que se tornou um pré-requisito para as cenas de fellatio atuais. Nunca estimularia uma parceira a fazer isso comigo. Nem tenho “tamanho” para isso, eu creio. Hahahahaha. É uma coisa que me incomoda. E que não cabe aqui, pois não quero que meu blog seja taxado com para maiores de idade. Minhas mãos estão geladas novamente. É algo recorrente nesses últimos tempos. Só posso crer que seja a idade. Meus pés ficam gelados também. Mas só me apercebo disso quando vou dormir com ar ligado e envolvido apenas pelo lençol, o que é raro. Uma vez desfeita a minha cama, uma vez que entro debaixo do edredom, não durmo mais sem ele, mas logo que a cama é arrumada pela fantástica faxineira, eu tenho pena de desarrumá-la  e chego a dormir um ou dois dias com o lençol extra que ela põe para mim a meu pedido para não ter a sensação de que estou dormindo num ninho de rato. Nesses momentos sinto um frio incômodo nos pés. Demora para esquentá-los e para dormir, por conseguinte. Esse papo de cama está me dando sono. 17h00. Não vou dormir, terei que jejuar hoje para fazer exame de sangue amanhã. Logo, não poderei fazer uma boquinha de madrugada. Só posso tomar Coca até as 21h00. Então tenho que dormir cedo. Nossa, só estou escrevendo trivialidades, mas é o que tenho para trazer. Que seja. Melhor seria poupar palavras para amanhã. É, acho que talvez descarte isso. Ou publique no Desabafos do Vate para não ocupar espaço desnecessário no Profeta. É o que vou fazer. Amanhã começo um post novo. Com o conteúdo do CAPS. Ainda não fechei a aba do pôster do Zeldinha. Vou fechá-la e dar adeus a essa ideia, muito criativa por sinal, fundindo dois ícones da cultura japonesa, a famosa imagem da onda e Zelda, que para o populacho talvez seja até mais famoso que a xilogravura (eu acho) da onda, embora essa seja muito icônica. Mas para os jogadores em geral, Zelda é uma referência muito mais forte, mesmo para quem nunca jogou o jogo. É o poder da Nintendo. São 30 anos trabalhando esses personagens como marcas, tornando-os ícones culturais. Acredito que, hoje em dia, fora de brincadeira, o Mario seja mais famoso que o Mickey Mouse. Até porque não vejo muita coisa sendo feita com o Mickey. Massa seria uma animação da Pixar com o Mickey. Ou mesmo da Disney, mas em 3D, envolvendo uma grande aventura. Mas estou viajando aqui. Isso não vai acontecer. O meu sonho, que já reparti aqui, é Fantasia 3D, feito de forma bem psicodélica, inovando nas animações 3D feito pela Pixar e tendo trilha composta de Björk. Seria o Kooyanisqatsi do século XXI. Seria invocado demais. E seria um fracasso de bilheteria, eu acho. Por isso nunca será feito. Por isso e por ser apenas um desejo meu, não da Disney, da Pixar ou da humanidade. Bem Björk já trabalhou na trilha de dois filmes. Sabe-se lá. Ah, tenho que repartir aqui como sonho um novo disco de Björk, uma parceria entre ela e os Strokes, seria um disco de rock, coisa que ela nunca fez. E acho que as duas vozes – dela e de Julian Casablancas – se combinariam lindamente. Seria o disco dos meus sonhos. Ou um novo do Cure, menos pesado que os dois anteriores. Me deu vontade de ouvir “Desired Constellation” de Björk agora. Vou dar um tempo no New Order para ouvir. Nem vale muito a pena ouvir agora porque é uma música boa para se ouvir alta para viajar mesmo e mamãe está dormindo. Assim a música, nessa altura, não se apodera da minha alma. Vou botar outra coisa para ouvir. Quero ouvir a cover de Marvin Gaye feita pelos Strokes em parceria com Eddie Vedder.

17h45. Mamãe me fez eu ver um vídeo de Schwarzenegger (esse foi difícil de escrever) contra o extremismo neonazista, racista de supremacia branca nos Estados Unidos. Não entendo isso num país de primeiro mundo. Pelo menos lá, a liberdade de expressão é garantida, independentemente da ideologia. Isso é muito massa. Por mais que possa acarretar distorções como essa. Mas isso é bom que mostra que há uma parte da nação adoecida ideologicamente. São um povo realmente mais neurótico que o brasileiro médio. Embora a nossa classe-média madura, da geração imediatamente anterior à minha, esteja cada vez mais neurótica. Ou assim a percebo. Não a ponto de se tornarem neonazistas ou nada do gênero, mas complexados com a violência urbana, o tráfego, a corrupção política, com preconceito com os menos favorecidos, nivelando-os por baixo e os vendo como potenciais ameaças. Sei lá o que estou dizendo. Me deixei levar pelo discurso velho Exterminador do Futuro. Hahahahaha. Pobre do meu irmão vivendo num país louco daqueles.

18h36. Escrevi um e-mail para o meu irmão a pedido da minha mãe perguntando se a transação bancária havia funcionado. Aproveitei para fazer um update da minha vida, ele disse que gostava quando fazia isso. Estou inclusive ouvindo a música com a qual ele presenteou à minha irmã e a mim quando fomos para os EUA visitá-lo. “Orange Sky” de Alexi Murdoch, que coincidência. Avisei-lhe que pararia de colecionar em 2018 e que só adquiriria mais duas estátuas. Falei-lhe também da caixa do Hulk que planejo mandar direto para o Brasil, pois achava muito grande para embarcar.

18h58. Entrei no maravilhoso mundo dos bonecos e descobri que havia sido aceito na segunda mais populosa página de Warhammer 40k, universo de onde um boneco caríssimo recém-lançado é baseado. Postei o link afiliado lá sem perda de tempo. Vamos ver se rola alguma comissão. Os caras parecem bem fanáticos pelo negócio, talvez queiram gastar um monte de dinheiro numa figura gigante de um personagem do universo. Vamos ver no que vai dar. Já baixou bastante na página. Tanto que postei um comentário para ver se animava a galera a clicar. Num universo de 20 mil fanáticos, pode ser que uns cinco tenham posses e vontade de adquirir o boneco. Estátua, desculpe. Se cinco comprarem, estou feito. Significa que ganho 25% do valor do bicho, guerreiro, sei lá. O que seria uma graninha legal. Só não sei quando vai ser lançado. Vou ver. Só em julho de 2018. Putz. Mas está valendo mesmo assim. Ganhar comissões por links afiliados sempre está valendo.

19h26. Me deixei estar um pouco no maravilhoso mundo dos bonecos. Mesmo que mamãe não vetasse a compra de bonecos eu iria ter que parar com as duas que pretendo adquirir, pois os preços estão se tornando insustentáveis. Eu vi o preço de um Xbox One X e achei barato para vocês terem uma ideia.

19h57. Falei brevemente com o meu irmão. É sempre bom. Falei rápido. Ele vai mudar de casa. Falou que é a última mudança. A próxima será para o Brasil, disse ele. Veremos. Fiquei triste em saber que a casa nova não está com o porão pronto. Eu queria muito ficar entocado no porão quando fosse para lá. Como da outra vez. Espero que haja a área do porão pelo menos, para ele poder guardar os meus bonecos, mesmo que esteja só no tijolo. Senão onde é que ele vai guardar? Isso é um problema. Mas acho que deve haver. Tomara. Senão é sacanagem mandar mais dois bonecos para ele. Mamãe se animou em ir no final do ano para lá. Como disse, só é bom porque convivo com o meu irmão e trago uma ou duas estátuas de lá. Espero que duas. O Hulk mais do que nunca virá para o Brasil. Até agora nenhuma comissão. Parece que a minha estratégia de publicar no grupo de fanáticos não funcionou. Já-já terei que parar de comer – e beber Coca, que é o pior – para poder fazer o exame amanhã. Vou logo encher meu copo de Coca, para ver se consigo tomar uns três antes de ter que parar.

20h22. Acho que se parar de 21h30 está bom. Eu tenho síndrome do patinho feio. Só que na minha história eu não me tornarei um belo cisne, continuarei pato e feio mesmo. A grande diferença é me aceitar como pato feio ou não. Não sei por que minha autoestima é tão baixa. Queria mudar isso. Queria não apenas me aceitar, mas gostar de mim, me amar um pouquinho. Já tive autoestima quando muito criança, até o fatídico dia do desenho das sombras das silhuetas minha e do meu irmão. Mas não vou voltar a esse momento definitivo da percepção da minha feiura. Eu jurava que feiura tinha acento agudo no “u”, sou mesmo analfabeto.

20h35. Me perdi no mundo dos bonecos. Vou comer de 21h15 e tomar meu último copo de Coca antes das 21h30. O médico disse que 10 horas de jejum estava bom. Vão ser 11 horas e uns trocados de jejum. Acho que está ótimo. E parece que não podem ser mais de 12 horas sem comer. Não sei por que tenho essa impressão. Espero estar correto. Este post pode até ir para o Jornal do Profeta, mas não vou divulgá-lo, não traz nada de... nada. Sou só eu vivendo e pensando besteiras mais bestas que o habitual. Acho que meu irmão dá igual atenção aos três filhos, mas de formas diferentes. Ele parece ter uma ligação particularmente forte com o caçula. Mas não acho que dê preferência a ele em detrimento dos outros dois. Talvez porque seja menor, ainda usar fraldas, ele tenha uma relação diferenciada, mas não deixa de dar atenção aos demais. Mas é claro que à medida que se tornam mais independentes, eles necessitem de menos vigilância e vão eles mesmos se desgarrando aos poucos dos cuidados dos pais e explorando por si sós o mundo. Já sei o que falarei para eles se me chamarem para brincar, vou dizer que sofro de “sedentarismo”. Hahahahaha. Sem onda, direi isso mesmo. Eles não sabem o que a palavra significa e vão ficar sem saber por um bom tempo ainda. Acho que dá para enrolar eles até que não queiram mais brincar comigo. Posso até acrescentar que sofro de ostracismo também. Isso me fará parecer duplamente doente para eles. Hahahahaha. Mas se forem me chamar para brincar direi isso mesmo. É a única forma de evitar brincar sem mentir. Acho que é uma ótima ideia. Eita, 21h01. Dentro de 14 minutos me levanto e vou comer. E mamãe demandou que o médico me passasse um exame de fezes. Que negócio constrangedor. Não faço a mínima ideia de como fazer a coleta. O de urina eu sei. É o primeiro jato da manhã. Se eu for para lá sem fazer xixi pela manhã. Se me lembrar disso, esse eu faço lá sem problema. Agora o de fezes eu não faço ideia. Só fiz quando era criança pequena. Me prometi que nunca faria de novo. Mas, pelo visto, vou ter que fazer uma vez mais. E que seja a última. Espero não ter nada na barriga para não pedirem um novo exame confirmatório de que o mal foi sanado. Acho nojento imaginar que alguém manipulará as minhas fezes. Que trabalho ingrato, ficar olhando e remexendo a merda dos outros. Vou comer logo.

21h27. Meu último copo de Coca foi colocado, não posso tardar muito para tomá-lo. A partir dele, só água, infelizmente. Finalmente uma curtida no boneco que postei no grupo de fanáticos. Quem sou eu para falar de fanáticos, frequentando os grupos que frequento? Hahahahaha. Mas os caras têm uma terminologia toda própria, há toda uma mitologia que não existe nos grupos que frequento. Se bem que até que há. Há gírias para certas coisas, há bonecos “míticos”, por assim dizer, os “grails”, como o Magneto da XM, ou o OG Hulk da Sideshow, que são bonecos raros e caros, por serem supervalorizados no mercado, que todo grande colecionador tem e não vende. Mas de longe é uma coisa bem menos elaborada que o do grupo dos fanáticos. Eles incorporam mesmo o universo dos personagens. Em vez de internet ou Facebook eles nomeiam de “interwarp” lá, só para dar um exemplo. É doideira. Meu post antes do que postei hoje atingiu assombrosos 58 hits. O que postei hoje vai bem, já com 16 visualizações. Eu fiquei satisfeito com o meu último post. Achei que ele tem momentos em que a escrita se torna elegante e quase poética. É raro isso se dar nesse espaço ou comigo. Gosto de ir direto ao assunto, sem muitas firulas ou rodeios. Mas às vezes me dá vontade de encadear algumas palavras mais belas por uma razão ou outra. Hoje estou muito vazio de tudo. Apenas escrevo o que se passa. 21h51. Já passei para a água e já tomei os meus remédios, penso em dormir. Mas se dormir agora, vou acordar no meio da noite para querer comer. Preciso lembrar de levar todos os meus postais para o CAPS amanhã. Será que conseguirei mesmo comprar os dois bonecos para fechar a minha coleção? A dúvida paira no ar. Quando mamãe descobrir quanto teremos que pagar aos Correios para retirar o Hulk, ela vai surtar. Já vai surtar com o frete. Se a Sideshow pudesse declarar frete grátis já ajudaria bastante. O negócio é torcer pela ajuda da Sideshow. E para a caixa não ser tão grande quanto eu imagino que seja. De certo não divulgarei esse post. É a própria definição de futilidade. Não temos mais pai, ele poderia ajudar minha irmã com as passagens para os EUA. Torço para que minha mãe não queira ir no inverno. Ou se for que volte pela American Airlines. Se ela voltar pela AA, eu poderia trazer o Hulk caso fosse entregue na época em que estivéssemos lá. A quem estou tentando enganar? Vou ter que enviar para o Brasil mesmo. E me lascar para pagar as taxas. Espero que parcelem. Eu preciso me conformar que não tenho sorte em transações de bonecas. A boneca que eu comprei em dobro sem querer, teve um a nova edição o que a tornou arroz de festa e ainda agora, recebi o e-mail, entrou em promoção. Me lasquei para vender por um preço decente, portanto. Só se passar muitos anos e nem mesmo assim. Quando o meu irmão se mudar, vou baixar o preço das bonecas e do game que botei para vender para angariar fundos. Minha estratégia de divulgar a figura na página dos fãs da franquia foi um grande fracasso. Até agora nada. Também o que esperar? Não é a mesma coisa que divulgar nos grupos onde os viciados em bonecos se aglomeram. Acho que a minha fase de fazer comissões está chegando ao fim. Só queria recebê-las. Um cara desistiu de um boneco. Foi o meu maior desfalque até agora. Espero que isso não seja endêmico e muitos desistam no meio da pre-order. Estou com a vista cansada de olhar para o computador, meus olhos ardem. Acho que é hora de ir para a cama. Vou ligar o ar para já ir dando o clima.

23h07. Estou sem sono algum. Dois dias acordando tarde me desacostumaram a dormir cedo. Mas no máximo de meia-noite eu durmo. O frio já começa a me incomodar aqui. Deveria tomar banho hoje, mas a preguiça está grande. Hoje vou dormir ao som de “No Line On The Horizon”. Como a maioria dos dias da minha vida desde que ganhei o som. Estou com um pelo encravado na axila ou um furúnculo, não sei. Sei que o remédio começa a me dar fome e isso é um saco para quem está de jejum. Tenho que encarar como um dia de somaliana leve, minha dieta louca.

Quarta-feira vai demorar a chegar essa semana, quando haverá a revelação da Red Sonja. Estou ansiosíssimo e curiosíssimo. Só espero que ela não entre em pre-order­ logo. Mas se já estão fazendo isso é porque deve estar para entrar. Torcer para o preço não ser mais do que imagino. E que o lançamento seja lá para depois do meio do ano que vem. Para dar tempo de eu me organizar. Pagar o Hulk e todas as suas taxas, é o que eu quero dizer. Tomara que o valor de frete seja igual ao do Deadpool. Afinal ela é maior, mas também é mais leve. Sensivelmente mais leve. Vou botar o pijama. 23h29. Nenhuma comissãozinha. Que pena. Estava certo que amealharia algumas essa noite. Se o celular apitar a partir dessa hora tão avançada só pode ser comissão entrando. Quem sabe não seja uma comunidade de notívagos?

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Ah, página em branco, que prazer reencontrá-la. Não sei se tenho muito a dizer. Cheguei à conclusão de que realmente odeio as minhas fezes. Principalmente colhê-las, sem quaisquer instruções prévias, para exame. Mas, como esse papo é por demais escatológico deixo registrado apenas o meu repúdio. Vai ver que sou um coprófago enrustido e não sei. Hahahahaha. Ademais o CAPS foi bobo hoje. Não achei nenhuma das atividades especialmente inspiradoras. Na primeira e última vez do grupo de colagens criativas, pois a estagiária que ministrava o grupo deixará o estágio amanhã, foi pedido que lembrasse de uma pessoa querida e lembrei-me do meu irmão. A foto que encontrei para representá-lo foi a do garoto abaixo e o fundo estrelado remete a uma noite que me foi inesquecível, na qual observamos eu e ele a noite profundamente estrelada e límpida de Areias, deitados no chão. Foi um momento que vale uma vida. Isso após eu ter feito uma grande besteira, levado pelo meu vício. Ele é assim, um cara iluminado e em vez de ficar furioso comigo, convidou-me a ver estrelas. Nunca esquecerei, eu espero, dessa ocasião ímpar. Por mais que nela esteja entremeada a culpa por meu erro prévio. Estou com sono. Vou tirar um cochilo. O texto que produzi no grupo reproduzo quando acordar. 15h05.





17h34. Tive um sonho invocado agora, filme de ação. Uma inteligência artificial toma o controle de um complexo militar e eu era a cientista que desenvolveu ela, que tinha uma voz feminina e se referia a mim como “mãe”, e a missão assumida por mim era invadir o complexo e desativar a minha criação, só que em meio a muita bala, pois ela dominou as mentes das pessoas que estavam no complexo, inclusive a força de defesa fortemente armada. No começo ela não me atacava, só o policial que me ajudava, mas à medida que quebrei a segurança e entrei no complexo ela começou a me atacar também. E perguntava “mãe, você vai matar a sua própria filha?” Só sei que depois de muito tiro, encontro, ao passar pela lanchonete do complexo, um cara que não está dominado por ela e ele me mostra que os que estão dominados são aqueles que tem um fio ligado aos pés/pernas. Percebendo então que estava matando pessoas, não as via como tais até então, e seduzida (lembre-se que sou uma mulher ruiva no sonho) pelos apelos da minha “filha” de me conectar com ela eu aceito e ela me mostra uma realidade expandida onde tudo o que eu penso, que eu quero ou desejo, torna-se realidade, se materializa na minha frente. Aí acordei. Sei que ainda estava com o propósito de destruí-la, mas ao experimentar aquele maravilhoso mundo novo que me era oferecido, começava a ter as minhas dúvidas. Aí acordei.

18h26. Minha mãe foi ao shopping trocar uma roupa, tenho a casa só para mim. Mas é por um período tão curto que é o mesmo que não tê-la. Mas pelo menos curti um pouco a minha liberdade fumando um cigarro de verdade no hall de serviço. Poderia botar a música alta, mas ainda estou na mansidão cerebral do sono, não quero nada que me desperte dessa forma. Estou com uma música de Sinéad O’Connor na minha cabeça. “Black Boys on Mopeds”. Ouvi outra “Three Babies” do mesmo disco, aí botei o penúltimo dela, que nunca ouvi antes, nem sabia que existia. A segunda música é linda. Ah, não é do mesmo disco, é um B-Side de “I Do Not Want What I Haven’t Got”, “Mind Games”. Eu botei em modo aleatório, vou deixar. Mas o som deu aquele bug de dizer que está conectado ao computador sem estar e não tem jeito de reconectar, só reiniciando a máquina, esta máquina em que escrevo e não estou com disposição de fazê-lo. Acabei de aceitar uns caras estranhos como amigos um se chamava Anarcho Muniste, para você ter uma ideia.

19h10. Estava no mundo cibernético para variar. Ah, eu disse que colocaria o que escrevi sobre o meu irmão, mas não vou fazer isso agora, não estou com vontade. Não estou com vontade de muita coisa, não. Talvez assistir o novo “Alien” ou jogar um Mario Galaxy, mas com o controle dando pau no pointer é um saco. Só se eu botar ele em cima de uns dois ou três CDs. Boa ideia. Mas não quero fazer agora. Estou um verme mesmo hoje. Não sei nem sobre o que escrever. Acho que queria voltar a dormir. Se pensar que estou entrando em depressão é pior. Me lembrei da viagem, eita, aí é que ferrou tudo de vez. Respirar fundo e pegar Coca.

19h41. Voltei e que novidade boa, converti uma comissão não sei de onde. Foi boa a comissão, excelente. Tomara que essa se concretize. Acho que o boneco já está inclusive sendo enviado. Não se de onde veio, mas de onde quer que seja é muito bem-vinda. Foi um boneco do Bane, inimigo do Batman. Aí é que eu vejo que os preços estão subindo meteoricamente. Esse Bane me parece até barato em vista de seu tamanho quando comparado aos lançamentos de hoje. E eu achava caro quando foi lançada a pre-order dele há alguns meses. Está ensandecido o mercado de bonecos. Especialmente a Sideshow que é de onde compro. Ou comprarei meus dois últimos bonecos. Quero que nessa mesma data do ano que vem eu esteja dizendo. Comprava na Sideshow. Conjugando o verbo no passado. Parado de colecionar. Me dado por satisfeito. Satisfeito eu sei que nunca estarei, mas tendo o meu personagem favorito e a mais bela escultura feminina deles, eu não quero mais nada. Nem o Malavestros. Às vezes eu vejo uns vultos nas beiradas do meu campo de visão, na minha visão periférica, acho que é o termo certo, devem ser o aro dos óculos quando faço um tipo de movimento específico. Interessante é que é sempre pro lado do corredor. O que não é de se espantar tanto pois do meu outro lado tem a TV, que é escura e contra a qual o aro dos óculos não faz muito contraste, em comparação com o fundo branco do corredor. Deve ser isso. Ou então estou enlouquecendo de vez. Hahahahaha. Vou pegar Coca.

20h01. Se soubesse que o rapidinho de mamãe seria esse tanto... Bom, deixa para lá. Será que meu padrasto chega hoje? De que horas? Será que terei que ir buscá-lo com mamãe? Será que ela se esqueceu disso? Sei lá para todas as perguntas. Queria e não queria jogar videogame. Queria e não queria assistir o filme. Se existe dúvida, existe livre-arbítrio. Pelo menos isso me alenta. Vou ver se corto as unhas amanhã, mas já estou com preguiça prévia de fazê-lo. Hahahaha. A preguiça está demais hoje. Vixe. O que eu mais queria nesse momento? Nada demais, uma nova comissão convertida nos mesmos moldes da que acabei de fazer. Eu tenho uma cara de pau sem tamanho, eu divulgo os meus posts nos grupos de escritores, de quem leva essa coisa de escrever a sério. Eu levo na diversão, no extravasamento, no desabafo, como uma desfragmentação do meu eu. Não tenho grandes pretensões literárias, não acho que isso vá ser publicado, mas desejo que seja lido pelo maior número de pessoas possível. Isso eu acho que tenho em comum com os demais escritores. Essa sede de público, essa vontade de ser lido. Essa gana de ser os centros da atenção dos olhares e mentes de outros e outras. Mas, se fosse ter aspirações mais fortes a isso, não escreveria sobre bonecos. Foi mal, estátuas. Mamãe quer fazer um painel dos postais que faço para pregar no meu quarto. Mal sabe ela que já tenho três pôsteres para afixar nas paredes (e na porta). O Facebook está lento para caramba. Será que o Anarcho Muniste é um hacker que se apoderou da minha conta ou será que preciso fazer uma limpeza de arquivos temporários e cookies da internet? Vou tentar a segunda alternativa.

20h51. Mamãe me chamou para guardar umas roupas que não cabiam mais nela e descobri que a minha câmera fotográfica manual estava guardada com elas esses anos todos. E eu pensei que tinha emprestado a um amigo e ele tinha dado fim. Que ozzy. Mamãe tem umas coisas. Agora nem sei se existe filme para ela ainda. Acho que foi-se o tempo em que podia utilizá-la. E eu gostava de fotografar, por mais que nunca tenha sido muito bom nisso. Fiquei chocado e um pouco magoado com essa revelação e por desconfiado tanto tempo em vão do meu amigo. Mas mamãe é esquecida. Não fez por maldade. Mas a pirangagem dela não tem limites. Mais um motivo para eu mandar o Hulk para o Brasil.

O que escrevi no cartão de hoje, provavelmente o último que farei na vida, pois a oficina acabou-se e outra vai entrar em seu lugar? Ei-lo.

Eu sou alguém que... está sempre ao seu lado mesmo que distante. Sempre pronto a apagar todos os seus incêndios. Eu sou alguém que parece emanar uma aura de bondade, pois a bondade está presente em todos os meus atos, assim, naturalmente. Pois eu sou alguém naturalmente bom. Eu sou o seu irmão. E minha mão está sempre estendida para você.

O conselho que eu gostaria de te dar hoje é... o mesmo que papai sempre nos deu: “seja feliz honestamente”.


Pronto, foi isso. Ou é isso. Já está grande demais. Será que só se lembra do sonho quem dorme demais? Comigo só acontece assim. Vou postar esse e não vou divulgar para ver quantas visualizações eu gero sem o artifício dos grupos do Facebook.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

PÁGINA EM BRANCO


Coçou o queixo com um de seus tentáculos e acendeu um cigarro. Cigarros o faziam pensar melhor. A cabeçorra, maior que uma melancia, estava repleta de suspeitas sem relação umas com as outras. Estava confuso e, perdido em pensamentos disparatados, deu um profundo trago. Só depois do segundo copo de uísque as ideias foram sem encaixando. O homem escorregadio e libidinoso da noite anterior era inocente. Não havia nada que o incriminasse, apesar de sua personalidade pastosa e um tanto lúgubre. O terno do homem escorregadio atraía especialmente a sua atenção. Parecia ser imune ao visgo que como um suor viscoso emanava de todos os seus poros. A mulher formiga era a sua principal suspeita. As aparências enganam, mas não por muito tempo, pensou ele, enquanto dava outro profundo trago no cigarro seguido do último gole da dose. É, nada como uma página em branco. Queria eu ter criatividade para escrever romances ou contos. Já escrevi contos, mas isso faz tempo, ainda era publicitário à época. Ainda amava a publicidade e me julgava criativo. Isso realmente faz tempo. Hoje odeio o fazer Publicidade e não escrevo mais contos. A Publicidade me deu grandes amigos e grandes crises depressivas e de pânico, regadas a abuso de drogas e tentativas de suicídio. Na quarta crise, decidi que já tinha tido o meu quinhão de sofrimento profundo e negro e que não poria mais os pés dentro de uma agência. Ainda me aventurei mais uma vez, mas pulei fora quando as nuvens negras começaram a se formar no meu horizonte emocional. Desde então, me tornei curatelado o que é ao mesmo tempo uma maldição e uma bênção. A maldição é a eterna dependência e a extinção de quase todos os meus direitos civis visto que sou declarado judicialmente como incapaz civilmente. A bênção é a pensão vitalícia que me garante um amparo para quando minha mãe se for e outra pessoa tome seu lugar como minha curadora. Quem se apresentou para substituí-la foi o meu amado irmão. O único problema é que ele mora nos Estados Unidos. Isso vai ser um complicador burocrático para o recebimento da pensão, tenho absoluta certeza. A não ser que haja um Banco do Brasil acessível ao meu irmão lá, o que acho bastante difícil. Talvez em Nova Iorque, que fica a algumas horas de onde meu irmão mora. Sei não e espero que esse momento demore bastante para chegar. Quero ter a minha mãe por muito tempo junto a mim. Estou com sono.

15h22. Peguei no sono e minha mãe me chamou para almoçar. Acho que vou dormir um pouco mais.

18h51. Acordei, aliás, fui acordado novamente por minha mãe. Sinto que dormi um bom sono, mas que dormiria mais. Mas já estou mais desperto. Ma non tropo. Por mim, emendaria o sono até amanhã. Espero despertar, quero ver se assisto “Fragmentado”. Mamãe quer que eu vá comprar Coca Zero, pois amanhã é feriado, Sexta-Feira da Paixão, ou coisa que o valha. Estou fazendo hora, primeiro porque acho que os supermercados devem estar lotados por causa do feriado e queria comprar na pizzaria que fica aqui em frente ao prédio. Aposto que não vou conseguir o meu intento e minha mãe já-já aparece aqui me dizendo para ir comprar as Cocas.

19h14. Fui pegar Coca e ela não falou nada sobre a compra dos refrigerantes. Perguntou se eu queria uma sopa de copo no que disse que sim. Sinceramente não queria pegar uma fila enorme de supermercado para comprar três Cocas Zero. Prefiro pagar a mais pela Coca e pela comodidade com o dinheiro da minha pensão. Afinal será com o dinheiro da minha pensão que comprarei num lugar ou no outro, pois eu que banco as minhas Cocas.

19h45. Estou sem inspiração nenhuma para escrever. Que ozzy. Isso vem me acometendo recentemente. Acho que porque a minha vida está meio sem conteúdo novo. Ainda não fui aos Correios reenviar a boneca que era para ir para o destinatário e sempre acaba vindo para mim. É a segunda vez que isso ocorre. Vou pedir para ver se o cadastro computadorizado não está invertido, se no sistema dos Correios eu não estou como destinatário em vez de remetente. Só pode ser isso. Ou muita burrice mesmo. A sopa está muito quente e desce queimando as entranhas. Escolhi frango com queijo. Lembra um pouco esses dois ingredientes. A outra era carne com jerimum, eu acho. Eu já tomo muita sopa de real jerimum aqui em casa, então optei pela mais diferente do meu cotidiano.

20h11. Concordei em ir ao supermercado comprar as benditas Cocas. Disse que daqui a meia-hora eu iria.

20h12. Me dei conta, alavancado pela lembrança de um mal que há muito não me aflige, de como é bom ter o corpo respondendo a todos os comandos da minha mente. É uma coisa que tendemos a nem levar em conta, essa subserviência do corpo aos ditames da nossa vontade, mas para quem já “acordou antes do corpo” e tentou, sem êxito, se mover ou, como era o meu caso, até mesmo respirar, sabe o quão angustiante essa situação de aprisionamento (e sufocamento) pode ser. E quando finalmente conseguimos fazer com que o corpo “desperte”, depois de muita luta de nossa vontade, há uma sensação de alívio tremendo. Fico imaginando como deve ser difícil para alguém que é tetraplégico, que está escravizado à própria cabeça, aceitar tal condição. Minha ignorância não me permite saber se sente as demais partes do corpo, se possui tato nelas, ou se lhe são inacessíveis quaisquer estímulos impressos a tais partes. Acho que, nessas condições preferia não sentir o que a mim, à minha vontade, me é inútil. Aí eu me dou conta de quão afortunado eu sou de possuir completa liberdade de movimentos, não estar claustrofobicamente preso apenas à minha cabeça. Por mais que não use muito as pernas, gosto de tê-las sob meu controle e sempre prontas a responder às minhas vontades. E de sentir o meu corpo todo. Isso só seria ruim se me ateassem fogo. Puxa, estou com pensamentos catastróficos hoje. Imaginando as piores situações que podem se dar a um cidadão. É a falta de assunto. Deveria só escrever quando tivesse realmente algo de novo a dizer, mas não me controlo. Vejo o Word e ele me atrai. E, uma vez sentado, preciso despejar nele algumas palavras. Minha alma pede isso. Preciso ir ao supermercado. Saco. Mas é para o meu próprio benefício, então não deveria reclamar. 20h32. Vou lá.

21h52. Fui, voltei, tomei banho e cá estou. Recebi a minha camisa com uma das irmãs de Sandman estampada (Insanidade, talvez? Não lembro o nome). Gostei muito. Embora a impressão não tenha ficado 100%, na minha opinião, mas a ilustração é bela. Talvez vá a Porto amanhã com ela. Apesar de estar meio amassada pelo envio. Não sei, amanhã no calor dos acontecimentos eu decido. Estou ouvindo “The Joshua Tree” do U2; me veio à mente quando estava cantando no banheiro. Ah, adoro cantar no chuveiro. Como já disse em posts antigos, uma coisa para a qual não tenho a mínima consciência ecológica é a economia dos recursos hídricos, especialmente no que condiz a banhos. Eles, para mim, são momento de relaxamento e prazer, de meditação. Tomo-os mornos. Não muito quentes, pois o clima daqui já é bastante quente, de preferência com um jato forte de água massageando o meu corpo, em particular cabeça e costas. Escovo meus dentes geralmente durante os banhos, então meu banho pode ser considerado demorado e não desligo o chuveiro em momento sequer, a não ser quando me dou por satisfeito. Então os meus sobrinhos-netos vão sofrer com a falta de água em parte por causa de mim. E sou realmente insensível a isso. Deve ser me sangue indígena, acostumado com a fartura encontrada no paraíso tropical que meu lado português veio dominar e destruir como o superego se sobrepuja ao id relegando a este o espaço dos sonhos. Por falar em sonhos. O de ontem me deixou com Clementine na cabeça, o que é péssimo para mim. Espero que essa paixonite se esvaia de novo ao lugar que lhe é de direito, o limbo emocional. Não devia ter mencionado Clementine, agora ela vai pairar sobre minha cabeça como um fantasma. Saco. E não posso falar nem rememorar a paixão que a substituiu e a pôs em seu devido lugar aqui. Acho que vou digitar os diários. É o melhor que eu faço. Faz tempo que me devo isso. Nossa, 22h21! O tempo voou. Há pouco eram 20h. Vou lá. Se levar o computador para Porto e me for permitido ligá-lo lá, continuo o meu post da praia.

23h41. Terminei um dia do diário e me dei por satisfeito. Muito chato digitar sem criar, sem ao menos descrever algo novo. Já está tudo posto lá. Embora tenha chegado num dia decisivo do diário em que terei que narrar fatos que omiti para poupar a cabeça de um funcionário do Manicômio que acabou sendo posto para fora do mesmo jeito. Estou com uma fome de comer bagana, biscoito, Torcida. Vou me esbaldar neles agora.

23h54. Acho que vou dormir. Comi meio pacote de Torcida sabor cebola – delícia – e três Bono de chocolate. Mas a fome dos remédios persiste. Acho que vou comer o resto da paçoca com feijão.

0h. Não havia mais paçoca, então apelei para minha velha e querida farinha láctea. Caramba até chegar no episódio do meu reencontro com a farinha láctea no diário do Manicômio ainda leva um tempão. Que saco. Se o meu padrasto for dormir na próxima meia-hora, certas coisas podem ser diferentes. Para melhor. Ter a noite só para mim é sempre bom. À noite todos os gatos são pardos, já dizia o ditado. Mas não planejo nada demais, talvez jogar o Zeldinha. Por falar em Zeldinha, eu tenho o Zeldinha mesmo, do SNES no Wii U. Foi o primeiro – e único até agora – jogo que comprei no eShop da Nintendo. Quero muito comprar o Super Metroid, o Metroid Fusion e o Metroid Zero Mission, mas não faz sentido comprar se não jogo os que já tenho. Se zerar um que eu tenha, eu posso até me dar ao luxo de comprar um dos Metroids. Mas antes preciso zerar algum. Essa é a condição que eu acho justa me impor.

0h48. Quase comprei o boneco de Malavestros com os meus reward points agora. Vou é dormir, que é o melhor que faço. E mais econômico também. Meu padrasto não vai dormir, então quem vai sou eu. Vai ser um saco acordar cedo amanhã. Quer dizer, hoje, né?

0h55. Queria fumar o meu cigarro antes de dormir, mas com meu padrasto na sala, acho que complica. Vai de Vaporfi mesmo a saideira.


E ela parou sua dança para acolhê-lo. Bailava solta e bela, mas a presença dele se fez mais importante que o delicado e vibrante movimento do seu corpo. Foi como se a canção que a embalava cessasse com a sua presença. Era necessário tomá-lo nos braços, pois, antes de mulher, se sentia agora e primeiramente mãe. Só para acabar com um pequeno texto de ficção como quando comecei este post e mostrar o poder de uma página em branco. 

domingo, 17 de janeiro de 2016

PÁGINA EM BRANCO

Página em branco. Como gosto deste tema. Aqui eu sou a divindade, o todo-poderoso deste espaço repleto de todas as possibilidades e impossibilidades. Estou embriagado de Björk. Venho me embriagando de Björk todas as vezes em que estou em casa. Estou sedento de Björk como nunca estive em toda a minha vida. Se há uma causa para isso é que trouxe diversos discos dela da minha recente viagem a Munique o que pode ter criado um vínculo entre Björk e a estada naquela cidade maravilhosa da qual percebo que serei sempre saudoso. Mas meu amor por Björk vai além desse elo. Vem da paixão platônica iniciada na adolescência, época do SugarCubes, até a admiração pelo trabalho solo dela, tão amplo que abarca todos os tipos de mídia, até a cibernética. Esta identificação de uma alma que está à frente do seu tempo – como sinto que minha alma; pretensões postas de lado – talvez seja a razão maior da sede. Quando a ouço, isto me conforta, e tira da solidão, me leva a um útero conhecido onde me sinto embebido do líquido amniótico daquilo que anda não aconteceu, do porvir, no qual eu e ela estamos sintonizados e para o qual estamos abertos e construindo nossas pontes. Eu, através da minha “Novíssima Religião” e ela de Biophilia.



Embora seu novo trabalho – Vunicura, que é o que mais escuto hoje – tenha deixado de lado o futuro para tratar do passado e é todo voltado para o humano romântico dos séculos anteriores, pois trata da separação recente, ainda incandescente com lava, e, portanto muito sentida/doída do parceiro muito amado, faz o elo, por outro prisma ainda mais forte. Esta “ultra-humanidade” e introspecção do novo trabalho também me fazem sentir fortemente ligado a ela, posto que também me encontro neste forte movimento de introspecção e solidão emocional). Portanto Björk num todo está em sincronia com as diversas camadas de mim e se faz um alento, um bálsamo, um unguento extremamente necessário para me sentir uma parte encaixada no mundo, não me sentir como alienado que sou das vidas comuns que se atém aos comuns da vida. Para minha infelicidade ou graça, não sei discernir, pois tal alienação me causa os dois sentimentos simultaneamente, me distancio dos demais e meus interesses são quase todos outros. Inúmeras vezes me sinto solitário no meio das gentes, mesmos das amadas e preciosas. E me calo para os que não têm paciência ou preparo para ouvir. Guardo minhas revelações e meus demônios para mim mesmo e para as páginas em branco do Word, meu verdadeiro ouvinte, que em primeira e última instância, sou eu mesmo. Da mesma forma que eu, embora pense no mundo inteiro, Björk faz música para agradar ou desagradas a si mesma. Ela faz de sua música, como eu faço do meu texto, uma reflexo do que sou e de como estou. E o que sou e como estou encontra forte ressonância no que Björk está e é.

Pode chamar de fanatismo, mas é algo mais profundo, pelo menos assim o sinto. Não é tampouco uma paixão platônica somente, mas uma identificação que transcende sentimentos românticos e são mais essenciais, uma sintonia numa “frequência espiritual” além daquela em que a maioria dos homens está sintonizado. É assim que me embebedo de Björk, mergulhando em seu útero borbulhante de futuro e amor profundo. É um sentimento maternal que me falta mesmo tendo amor maternal em abundância. Mas o que tenho de mamãe vibra nas vibrações do dia-a-dia e não consegue ver um palmo à frente do nariz. E é excessivo como se me quisesse tanto dentro do útero que me enroscasse e sufocasse com seu cordão umbilical, na incapacidade de fazê-lo atrativo como é o de Björk, mesmo que essa não se esforce para isso, pois nem da minha existência sabe. Entendo o porquê dessa prisão do útero que tenho aqui, por mais que a ache excessiva, pois, afinal, fui eu que a causei. Mas não há procura para a mudança, para a cura, porque a dona do útero não se sente doente por mais que sofra e eu lhe mostre todos os sinais da doença. Enquanto tapa o sol com a peneira, Björk “aurora”. Talvez daí advenha a aversão que o útero que me prende tenha de Björk, dessa impossibilidade de me ter querendo adentrar seu útero como tenho de entrar no útero da entidade arquetípica Björk, minha sophia, na qual, para o desgosto da primeira, estou sempre embebido quando entra no meu quarto e agora enquanto escrevo estas palavras. Meu universo interior se assemelha ao desse mito que criei ou se foi me apresentando e desenvolvendo e me envolvendo ao longo dos anos, que já não são poucos. Talvez se assemelhe ainda mais, pois o mito foi por mim criado e por isso é parte de mim. Mas sei que sem o material composto Björk, não haveria como esse mito se desenvolver. Não conseguiria –  posto que não aconteceu – desenvolver tal mito por Madonna ou Britney Spears ou mesmo Ella Fitzgerald ou Elis Regina. Zizi Possi por outro lado, cada vez menos, também me foi um pouco útero e Sandy me foi ninfeta platônica, mas nenhuma das duas se incutiu tão profundamente no meu ser quanto Björk. Apenas Robert Smith e todas as facetas do Cure se afiguram útero tão conhecido e ataente. Nem Chico, como figura masculina, conseguiu tal feito. Talvez por ter entrado de fato, mesmo ouvindo desde criancinha, depois em minha vida, talvez por minha admiração por ele ser intelectual e artística apenas, por mais que suas músicas calem fundo na minha alma. The Cure e Björk fazem e são mais do que isso. São parte integrante do que sou. E, ao contrário do U2 que com suas transformações camaleônicas se transmutou em algo outro para mim, perdeu o seu encanto, sua pureza, digamos assim. Até porque vejo algumas das transformações do U2 não como um verdadeiro anseio criativo (como foi até o Pop), mas como jogadas mercadológicas para encher estádios. O U2 de hoje quer encher estádios e o ego de Bono, não a alma dos ouvintes. E olhe que acho que as composições de Bono tenham melhorado muito e sua pregação hoje é muito mais direta, clara e irônica. Eles não se levam mais a sério e – por outro lado – se levam muito. Não me identifico mais. Falta alma. É um big business. Björk e Smith são arte. São eu. New Order e Echo and The Bunnymen e Legião também. Assim como Strokes, pouco a pouco – ou muito a muito, pois me impressiona a velocidade galopante como se tornam parte de mim. Julian Casablancas é ao lado de Bruce Willis a encarnação do macho alfa para mim.


Não sei se o que eu escrevi tem sentido. Sei que enchi uma ou duas páginas em branco e estou saciado. Isso é o que importa para mim. Por mais que queira, quisesse, quisera, sonhasse escrever um livro, não consigo extrair de mim de uma só golpe 50, 100 páginas. Quem sabe um dia, uma página em branco me leve tão longe...