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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

FATOS MISTURADOS COM FICÇÃO

O acaso-destino às vezes me fere os olhos e agride a alma. Tão dignos ou indignos quanto eu. Por quê?

22h32. Os filhos do meu irmão jogaram até agora há pouco PS3 aqui no quarto. Não consegui escrever e continuo com um profundo mau-humor. Descontei no meu irmão, coitado. Ninguém me merece e eu não mereço ninguém. Blanka não deu mais sinal de vida, minha mãe nutre um repúdio por ela que beira o ódio. Hoje mamãe me machucou bastante com as armas que eu mesmo entreguei a ela.

22h49. Abracei o meu irmão e pedi perdão, hoje foi um dia indispensável que não precisava ter existido. Percebi o quanto da minha independência tive de ceder para não odiar a vida. E hoje ela foi odiosa em tudo o que me importa. Magoar o meu irmão, onde já sei viu? Alguém que só quer meu bem e a quem só quero bem. Precisava botar um pouco dessa coisa preta dentro de mim para fora e palavras não eram suficientes. Não estão sendo nem serão. Ainda bem que vou encontrar com Ju na quinta. Estou sem sono a internet está uma merda e eu estou uma merda. O que pode acontecer a mais para foder com o meu ânimo? Vou comer para ver se me bate o sono.

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13h19. Meu irmão e sua trupe acaba de partir para Porto. Blanka me respondeu. Não sei se conseguiremos travar um diálogo hoje. Não queria encontrar o meu amigo da piscina. Gostaria que Blanka lesse o meu post anterior do Natal dos Barros e mesmo assim quisesse levar adiante a nossa história. Ainda estou na ressaca da raiva que senti ontem. Vou fumar.

13h50. Não sei o que acontece com mamãe. Com tudo se cansa, parece-me meio deprimida, contrariada com a vida. Certamente não está sentindo a felicidade que ter meu irmão e netos aqui deveria lhe proporcionar. Acho que vou dormir, não estou com paciência para as palavras ou para a internet ou para coisa alguma. Sinto-me eu mesmo cansado e sonolento. Acho que é falta de cafeína, mas não estou disposto a fazer café agora. Quando acordar. É, acho que vou deitar.

19h21. Fui ao supermercado com mamãe para que sacasse dinheiro e repuséssemos o estoque de Coca. Ansiei voltar ao meu quarto-ilha e me imaginar aqui ouvindo música, digitando, tomando Coca recém comprada no ar condicionado me fez sentir necessidade disso tudo e satisfação. Agora que estou aqui posso dizer que me sinto muito bem aqui, entretanto, preciso de mais um cigarro.

19h41. Estou com certo torpor mental, mas não muito. A raiva profunda e rubra que senti ontem agora é vestigial. Não gosto de guardar mágoas, são dos pesos emocionais mais desnecessários que conheço. As pessoas só estão tentando satisfazer os seus egos ou deixar a consciência mais leve. Nossa, já estou com vontade de fumar outro cigarro e repor a Coca. Vou esperar. Minha prima, irmã caçula do meu primo-irmão vai levar o meu Wii U para Sampa, não sei quando o verei novamente. Talvez nunca. E isso não me incomoda muito. Dei o meu Nintendo Switch para os meus sobrinhos hoje. Me incomodou menos ainda. Descobri que gosto dos meus sobrinhos, tenho afeto por eles, especialmente pelo mais velho, acho que vai ser o que vai sofrer mais na vida. Em dois minutos vou pegar Coca e fumar. A luz que mamãe mandou colocar no quarto-ilha melhorou muito a visualização do teclado, mas me desagradou por ser branca, fria, impessoal, hospitalar. Preferia amarelada, gosto quando o mundo assume tonalidades âmbar. Nada que não possa ser mudado quando da reforma.

20h16. Conversei com mamãe a respeito das minhas opiniões sobre a nova iluminação e ela disse que o eletricista ainda vem aqui e que compraria luzes amarelas para substituir essas.

20h24. Meu amigo da piscina me chamou para descer e conversar. Não tenho como dizer não. Ou me falta a dureza de coração para tanto.

22h12. Foi bom. Meu amigo da piscina chamou s Singularidade de ficção como Jules Verne. Quem me dera meu trabalho “A NOVÍSSIMA RELIGIÃO” aqueles doze tópicos e as condições em que me vieram o tornassem um clássico da ficção científica do século XI. A probabilidade de haver vida em outros planetas é grande e a probabilidade que evoluam a ponto de desenvolver tecnologia é grande. Me deu vontade, depois de uma série de pensamentos, de ouvir Landlady do U2, pelos motivos lembrados, emergiu da minha memória pedindo para ser tocada.

Pensando no universo, a dimensão tempo é a mais forte porque ela força as demais a se expandirem, metaforicamente como alguém sopra um balão e faz ele inflar e se dilatar, o espaço seria a superfície do balão, mesmo assim a matéria tende a se agrupar por afinidade química e quanto mais pesados grupamentos, com mais massa, também pelo efeito da gravidade. Por que elétrons orbitam os núcleos dos átomos, eu também não sei, sei que o universo tende à entropia e mesmo assim a matéria se organiza pelo acaso-destino de forma inteligente e complexa capaz de gerar formas de aproveitar de forma mais inteligente a energia, de forma a aproveitá-la da forma mais eficiente e produtiva possível. Eu tive outra viagem, quando entidades que se alimentam de luz através das suas peles vítreas, porém elásticas, imortais, decidem deixar de existir, eles vão para um quarto totalmente escuro e lá ficam até a energia do seu corpo acabar, o que lhe dá muito tempo para pensar sobre o assunto e mudar de ideia. Seria é bastante tedioso, talvez uma cama que drenasse energia e a consciência fosse cessando de existir, como cair no sono, só que nesse caso na inexistência. Os mais jovens correriam para fazer o upload das memórias visto que o ancião deve ter muitas experiências para repartir.

23h30. Acessar a consciência do ancião seria como despir a alma e vestir outra. Assim me parece ser o processo de reencarnação. O eu permanece mas todo o resto do ser está em branco quando nasce. Cada alma escolhe da forma que lhe parecer mais adequada ou que é capaz de se “vestir”. Mas e se for um processo aleatório, como aparenta ser? Embora haja padrões, o que significa que há organização em meio ao caos e se há organização há tendência à inteligência. Tudo o que está organizado pode ser compreendido dadas a inteligência e a experiência necessárias.

23h42. Tem vezes que eu acho que tenho a vida que pedi a Deus, exatamente como imaginei que seria. Blanka está inclusa nisso. Sabe qual é o seu problema, Blanka? Você foi acostumada a ter e depois foi privada disso o que tornou a sua qualidade de vida pior, de uma maneira que você não gostou, então você valoriza demais o deus dinheiro, a capacidade de ter, se submete a algo que talvez lhe agrade, talvez não para ter mais, prefere do que pedir aos pais, privados que são e mesmo assim proveem todo o necessário, mesmo assim quer poder ter futilidades e quer ter logo. É quase um vício. Fui longe agora. Saiba que eu lhe aceito assim se não vier querer extrair isso de mim. Acho que vou comer mais. FIM DA FICÇÃO?

Die-Cut Ghosts Night


0h05. Se tivesse que escolher três estátuas para ficar, ficava com o Hulk, a Harley Quinn provavelmente, se ela tiver saído como esperado, e a Die-Cut, que certamente sairá como esperado. Se fosse escolher cinco, eu pegava a Red Sonja e a Babydoll. Se tivesse que escolher sete, o Surfista Prateado faux bronze da Bowen e aí a próxima, eu fico na dúvida, entre a Chun Li ou a Hatsune Miku, mas em verdade acabei de ver uma que certamente levaria: o Man-Thing da Bowen, pra mim o Surfista é mais fraco que ele. Ele é perfeito. Incrível. Uma das mais preciosas será a Little Mei, por ser, além de rara, feita e produzida por um cara em casa, no Japão e será pintada por Daisy à mão e com pintura personalizada e cuja pintura do vestido eu vou pedir para que ela me surpreenda e se possível me maravilhe. “Surprise me. If possible, amaze me” é o que escreverei para ela em 2020 quando espero pedir a mamãe para pintar os dois últimos kits tenho lá, visto que já vou dar a entrada para ela das duas figuras que ela encomendou de artesãos chineses a serem lançadas no terceiro e quarto trimestres de 2019. Ela já gastou o dinheiro dela em meu nome, não posso dar o calote. Aí com essas duas encomendas já a ela e mamãe regulando o meu gasto com bonecos, merecidamente, não posso comprar nada de novo esse ano. A que vem no terceiro trimestre é a Die-Cut, a minha número dois, eu sou apaixonado pela figura, completamente apaixonado. O Hulk só fica em primeiro porque já é uma parte importante da minha vida e não para de me fascinar, sua sensação de movimento, muito difícil de transmitir em uma estátua que é a cabeça, os ombros e pequena parte do peitoral, portanto desmembrada, mas a mim parece que avança na direção que olha. Queria mantê-lo sempre nessa posição que está, mas se vier alguém conhecer o quarto, fica baixo para ver e de costas para quem entra, a não ser que seja uma criança, como pude perceber com os meus sobrinhos, que demonstraram pouco interesse pela obra que me causa tanto encanto com a sua anatomia totalmente irreal, mas que de alguma forma parece extremamente harmoniosa com o todo, para mim uma obra-prima, deram o trabalho perfeito ao escultor perfeito, visto que nenhuma dos seus outros bustos me impressionaram, seu estilo, nas minha opinião atingiu a expressão mais perfeita e adequada no Hulk. Não queria nunca mudá-lo daí e desta altura de onde olho, mas acho que vou fazê-lo, em prol do visitante. Mas vou colocar uma base que gira para colocá-lo na posição ideal para mim quando não houver visitantes. Enquanto escrevo olho longos estantes para a figura. Sabe a ideia louca que me deu? No display do Batman Branco (tomara, tomara que a MoAF não venha cobrar os descontos-mutreta que apliquei neles através de um defeito no seu sistema) colocar à sua frente, de um lado, a caveira-coração e do outro, o esquerdo, dois negócios de colocar vela, com uma preta e uma vermelha. Para parecer um altar meio satânico, ficaria muito escroto. Poderia pôr o cânio-coração em cima de um prato de sobremesa, acho que caberia, acho que vou fazer isso. Hahahaha. Ah, e botar a caixa de feitiços que meu padrasto sugeriu comprar para enviar com as estátuas de umbanda/quimbanda que vendia no eBay, mas para as quais o público desapareceu.




1h14. Fui fumar e me veio à cabeça que o melhor filme de ficção científica que eu já vi foi 2001: Uma Odisseia no Espaço, seguido por Matrix e Interestelar. E o meu gênero favorito é ficção científica, houve boas nessa década, que tratam de assuntos que me agradam, em especial quando fala de alguma inteligência artificial e mais especialmente quando trata de inteligências que não são do mal, mas até Terminator 5 me agrada e Matrix me agrada muito, só acho que nos fundiremos à máquina por vontade própria uma vez que tenhamos a possibilidade de experimentá-la. O homem é atraído pela tecnologia, bem, a maioria. Meu pai não era. Os Barros, homens, da geração deles não são ou eram, o mais ligado acho que é o meu terceiro tio, que mora em Natal, mas nem esse o é muito. Valorizar a tecnologia é desvalorizar o humano? Depende, eu acho. Experiências virtuais são alienantes? Ou desumanizantes? O que é a realidade? Não é aquilo que existe e tanto existe que é percebido por nós com os nossos limitados sentidos? Então tudo o que percebemos com os sentidos é real? Inclusive a realidade virtual cuja única materialidade que tem são pixels acesos numa tela, tudo o que existe é luz e som (na verdade um grande caminho, repleto de tecnologias e mão-de-obras de vários segmentos foi preciso ser percorrido e continua a ser para que esse mundo em cima do mundo se manifeste)? Eu acho que tudo o que existe é real, mesmo que em forma de código lido e gerado por máquinas movidas a eletricidade. Não acredito no além, mas acredito no inconsciente coletivo. Acho que já o acessei algumas vezes. Acho que já atingi o nirvana uma vez. Acho muita coisa, como podem perceber e o que busco é só receber todos os bonecos e uma namorada. E que meu quarto-ilha possa acolher todos eles de forma agradável. Quando penso em namorada só penso em Blanka. Mas é difícil ter esperanças a não ser que no dia 27 ela me seja recíproca. Se dia 27 houver. Dia 27 é hoje! Meu deus. Ainda bem que tenho Ju logo mais.

“01:54 - Hoje é dia 27. Você pega os resultados das provas e...? De toda sorte, que seja um dia bom de ser vivido por você. E por mim, por que não?”

1h55. Postei para Blanka. Vamos ver qual resposta virá, se alguma.

1h58. Nossa, pensei em um bocado de coisa agora mas estou com preguiça de escrever vou tentar sintetizar em pequenas frases: sobrinhos no mar Porto, poético, belo; um guioza frito por preferência da dama; não vou dar meu cartão pra você, Mário!; bonecos que levaram a isso, todos valeram a dura pena que espero que um dia se reverta, afinal, só tenho os meus kits para pintar. Posso fazer dois por ano, como presente de aniversário e Natal. Sei lá. Queria ter R$ 250, R$ 300 para sair com Blanka, quando motel ou restaurante, cinema com lanche, balada. Certamente vai ser muito mais barato que os bonecos. Tudo isso se a miúda muda vingar. Mamãe não a quer dentro do prédio, então nada de aniversário do meu irmão para ela. Nem para ela, nem para mim. É meu direito me ausentar em protesto. Nem sei se ela viria. Já disse que tem que trabalhar no dia 29. De qualquer forma virou uma impossibilidade por causa de mamãe. Nada posso fazer. Mas ao dia 27 eu tenho direito, será o meu presente de Natal que pedi a Blanka, que a priori concordou. Mas anda tão incomunicável que nem sei. Acho que dentro em breve vou dormir. Só escrevi ficção hoje, passei a noite no mundo dos sonhos.

2h33. É bom deixar a mente divagar. Me apetece. Lidar com o quase possível, o que está no limbo entre ilusão e realização. Ou o que nunca vai acontecer. Acho que mandarei uma mensagem de ano novo para o meu tio que afirmou que vamos publicar o livro, sim. Direi, “Tio amado, desejo um 2019 iluminado por mais que um período obscuro, de obscurantismo, desponte no horizonte”.

2h38. Estou tendo enorme prazer em viver esse momento, muito bem comigo mesmo, disse tudo o que queria, me sinto aliviado e leve. De bem com a vida, em paz. É bom ter momentos assim e deveriam ser mais frequentes que momentos de perturbação da alma. E é o que geralmente tem acontecido, as perturbações têm sido esparsas, por mais que tenha havido uma concentração de negatividade muito grande em mim dia 25. Foi um dia nocivo para mim. Me fez mal, odeio dias assim. Ainda bem que são extremamente raros. Tantas más notícias de uma vez só. Até raiva do meu irmão eu senti. Acho que a última vez que tive raiva dele depois da infância foi quando recebi o esporro da Coca nos Estados Unidos.

2h57. Vou acabar de comer o gelo para dormir. Eita, mas preciso comer alguma coisa antes de dormir para não levantar no meio da madrugada e ir quase sonambúlico comer. Sucrilhos com leite e Toddy. Boa noite, dia ou tarde. Ou um seguido do outro repetidas vezes.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

ANJO DO LÚMEN


16h55. Sábado, uma festa de 15 anos me espera, uma que não estava esperando, e enquanto o momento de ir não se faz, não tenho absolutamente nada para fazer. O único recanto onde me sinto acolhido e me reconheço é aqui. Blanka disse que só vai se comunicar hoje à noite comigo. Se o fizer. E, caso faça, creio que vai ser rápido, pois final de semana é para curtir com os amigos. Ou ir para inesperadas festas de 15 anos. Minha vontade é dormir, mas estou tomando café, faltam umas duas xícaras para acabar, quando der cabo delas, vou me deitar nem que seja para ficar protrado sem colocar arreios na mente, no geladinho do quarto-ilha. Ouvindo um som e me deixando levar pela existência rumo ao meu fim. A mim me soa como um imenso desperdício de precioso tempo, mas me faltam alternativas ou não tenho motivação para criá-las ou implementá-las. Meu novo post no blog de bonecos não está tendo a resposta esperada, mas isso não me incomoda. Muito. Estou fumando demais hoje, a vontade já se faz presente de novo. Não me incomoda isso também. Há de se viver com satisfação para que a existência seja válida e estou muito satisfeito com o que tenho e posso. Blanka, caso não me abandone, caso se acomode a estar na minha vida, me fará, como já faz, um bem enorme. Quero-a nua, é algo tão belo de se ver, preciso disso, me fará extremamente bem tocar e beijar a sua nudez. Tão jovem e tão de acordo com os meus gostos, com as minhas predileções estéticas.

17h22. Ainda bem que só faltava uma xícara. A ideia de me deitar e me deixar deitado repousando me agrada bastante. Ficarei, como diz o popular, “bostejando”. Eu posso, eu quero, eu faço. Não faço mal a ninguém. Interfiro o mínimo possível na existência. Nada me alcança e muito pouco parte de mim. A materialidade, afora a das ondas sonoras que emanam em música, será secundária e a parcela que usufruo dela, o lençol, a cama e o travesseiro são como carinhos da existência. Minha mãe despertou, espero que isso não atrapalhe os meus planos agora que acabei de tomar a última xícara de café. Acho que vou fumar um último cigarro antes de me deitar e repartir com mamãe tal intenção para que ela não me incomode. Acredito que ainda há tempo bastante para a festa, uma hora, hora e meia que me deite não atrapalhará a logística do evento.

0h e alguma coisa, via e-mail:

“Eu tendo a escapar de momentos emocionantes que não me emocionam. Tenho o cigarro como parceiro e justificativa das minhas fugas. Estão no clímax da festa, a aniversariante debuta, a valsa vai se iniciar depois da entrada da estrela da noite acompanhada de suas amigas mais amigas e de várias declarações de amor. Enquanto tudo isso se dá eu estou do lado de fora, na calçada a digitar sobre minha frigidez em relação aos ritos sociais de passagem. Eita, agora os parabéns, talvez o momento mais insuportável, mais constrangedor, mais difícil para mim. Odeio e não sei de onde vem essa repulsa. Vou voltar lá para dentro, preciso de Coca para acompanhar o próximo cigarro. Vou me enviar isso.”




1h50. Estou de volta ao meu quarto-ilha, ao friozinho, aos pijamas, a Björk, às palavras. Desativar o click pad. Estou a fim de esticar as ideias. Sinto saudade de Blanka.

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14h24. Comi e dormi, não tive disposição para mais nada. Acordei hoje com uma alegre surpresa, um filhote de yorkshire da minha irmã PE e sua ilustre presença em minha casa. Cachorros jovens me trazem muita alegria e simpatia, cachorros velhos me deprimem principalmente se os conheci à época de suas efêmeras juventudes. São a prova mais clara da degradação física da velhice aos meus olhos. Sou tomado de piedade e certa negação por cachorros velhos, sou tomado de alegria por cachorros jovens, mais do que por crianças, parece que eu mesmo rejuvenesço na presença dos bichinhos e geralmente tenho uma relação fácil com eles, o que não se dá com pequenos humanos.

14h47. Acabei de descobrir que entrei há 8 anos no Facebook. 16 de dezembro. Uma vida. De cachorro. Queria esticar as ideias, mas não há como. Vou divulgar o post anterior nos grupos.

14h57. Divulgar o post no Facebook com a internet lenta como está é um exercício de paciência e persistência, saco. Escrevo aqui enquanto a nova página carrega...

15h30. Finalmente consegui publicar em todos os grupos. Saco. Parece que a internet ganhou um pouco mais de gás na parte final do processo. Quem está sem gás sou eu. Hoje é o dia que Blanka passa com Dande, logo dificilmente terei notícias suas. Um momento.

15h48. Hoje é um dia em que não sei o que fazer da vida, a vontade é deitar e me deixar estar. Não o farei por ora... fui tentar navegar um pouco na rede mundial de computadores e foi impossível na velocidade em que a conexão está. Close To Me rolando. Marasmo total. Talvez o Switch. Me parece melhor do que ficar aqui a divagar sobre a minha apatia.

17h02. Joguei um pouco de Inside, cheguei numa parte que não sei como superar, sem paciência, coloquei uma Coca e liguei o ar. Decidi me deitar. Praticamente sem internet ou com ela na velocidade da internet discada com os complexos conteúdos atuais não dá para mim. Vou tomar mais um copo de Coca e fumar um cigarro e bostejar. Ah, e colocar um som.

19h31. Acabei de bostejar e estava no mesmo (baixo) astral de antes até que vi a internet funcionando de forma decente, fui fumar para celebrar e falei com o meu amado irmão US o que me transmitiu uma energia tão boa que me sinto agora feliz. Aparentemente, ele vai trazer mais bonecos do que eu previa o que é a melhor notícia que poderia me dar. Duvido que consiga, entretanto, então não vou criar grandes expectativas. Droga, as expectativas já cresceram. Mas vou tentar reduzi-las novamente.

19h53. Fui fumar um cigarro sonhando com a minha Red Sonja Queen of the Scavengers. Acho que essa certamente virá, é a primeira da lista. Esse post está inútil tal como está, não vou nem divulgar. O que quero é mergulhar no mundo dos bonecos.

22h51. Mergulhei no maravilhoso mundo dos bonecos e voltarei para lá, mas não agora, agora quero me deixar aqui. Coloque The Hanging Garden. I feel the urge to write to my statues blog. Let’s see where it goes.

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13h02. Não foi muito longe ou foi longe demais em muito pouco tempo, daí senti a fome dos remédios, comi como um cavalo e fui tomado pelo sono. Improdutivo. Blanka me mandou mensagens, mas eu estava dormindo. Fui ver e responder agora. Meu padrasto quer obrigar a minha mãe a delegar tarefas burocráticas a mim que odeio e pouco entendo de burocracia.

13h44. Não estou com disposição de nada hoje, aliás, isso já vem desde a sexta ou sábado. Tudo corre bem em minha vida, o que não corre caminha até direitinho que é a minha relação com Blanka. Percalços e poréns não faltam se entrepondo entre nós e não fazem menção de diminuir. É aprender a conviver e administrar.

13h56. Nossa, hoje está muito abafado. Graças à existência que me pôs nestas condições, eu tenho ar condicionado no meu quarto. Encontrei uma boa motivação para ir a Ju, o anjo do Lúmen. Se trocaria Blanka por ela? Com Blanka eu já tenho uma construção, um vínculo, com ela nada tenho. Acho que tentaria conciliar as duas e então decidir, se fosse me dada a oportunidade, o que não ocorrerá. Descartar pessoas também não é das minhas qualidades, acho extremamente difícil e doloroso. Talvez para Blanka a vida fosse melhor e mais fácil sem mim. Certamente seria, tudo voltaria ao equilíbrio anterior e custaria menos esforço para ser levada. Eu sou algo de novo e que precisa de espaço, que demanda uma reorganização de sua rotina para me acolher. Eu tenho que valer a pena tal esforço aos olhos dela. Estou fazendo o meu melhor e o que tiver de ser será. Não gostaria de voltar às paixões platônicas. A mais nova, o anjo do Lúmen. Penso em deixar um bilhete para ela com o meu endereço de Facebook. E meu WhatsApp. Vou ver se a coragem desabrocha para que faça isso. Eu poderia digitar e imprimir, eis o que vou escrever:

“Olá anjo do Lúmen,

Não sei nem o seu nome, sei apenas que é dos seres mais lindos com o qual tive oportunidade de cruzar e que sua existência torna a minha mais encantada, por isso a ousadia desse bilhete. A vida às vezes dá oportunidades, mas na maioria das vezes somos nós que temos que criá-las. Bem, esta é a minha tentativa. O não, o nunca, é o que tenho antes dessas palavras, não sei se elas serão capazes de mudar a atual situação, mas custa tão pouco tentar. Bem, nem tão pouco assim, pois ter a bravura de lhe entregar tais palavras exige um esforço ao qual estou completamente desacostumado e despreparado. Pode ser que nem aceite o bilhete. Tudo pode ser. Descobriremos. Esteticamente e como se coloca no mundo me agrada sobremaneira. Sei que a recíproca não é verdadeira, não sou nenhum expoente de beleza masculina, entretanto é no conteúdo que duas almas encontram verdadeiramente se há material para uma construção sólida a dois, mesmo que uma amizade, embora confesso que tenho expectativas mais românticas a seu respeito. Pois é, sou dessa espécie em extinção, inveteradamente romântico. O resto você descobrirá (ou não) me adicionando (ou não) em uma das redes sociais abaixo.  

WhatsApp
Facebook
Instagram

Bom, anjo do Lúmen, pelo menos tentei criar a oportunidade e oferecer o espaço para nos desvendarmos. Considere com carinho. Se for comprometida, desconsidere tudo o que escrevi. Ou não. :)



Mário.”

15h12. Bom acabei de imprimir duas vias, uma para o anjo, outra para Ju. Preciso me arrumar e chegar lá cedo se quiser cruzar com ela. Espero ter coragem para entregar o bilhete. Não vai dar em nada, mas gosto dessas trelas, dessas cutucadas que dou na existência, fazendo o papel de acaso-destino para outra pessoa. Surpreendendo. Quem sabe não seja eu também surpreendido? Vou lá. Na volta conto.

17h57. Entreguei o bilhete. Acho que ela é psicóloga do lugar, não vai dar em nada, pelo menos mal não fiz, devo ter no mínimo acariciado o seu ego. Estou preocupado é com a festa de Natal dos Barros, de não saber tratar Blanka como namorada, já lhe escrevi pedindo ajuda. Espero que me responda e me acalme. Deve ainda estar na cidade. Mais no próximo post. Será que Blanka ficaria com ciúme de eu ter entregado o bilhete? Sinceramente não sei.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

VÉSPERA DO ENCONTRO




8h15. Terça-feira, o encontro com Blanka em tese se dará na quinta. Ela está sem celular, não sei como faremos para nos comunicarmos. Mas o acaso-destino e um pouco de empenho dela operam milagres. Minha mãe continua indisposta com Blanka, não lhe dar o menor valor, a tem por oportunista. Eu tenho esperanças mais solares em relação a ela, mas mantenho os meus pés do chão. Não adianta bater asas sem ar que sustente o voo. Faz tempo que não venho aqui. O cartão de crédito esse mês vai vir especialmente caro, talvez seja o mês mais caro de todos. Uma das “pedaladas” que dei no MoAF foi descoberta e cobrada. Espero que as demais não o sejam.

8h46. O sono começa a me pegar. Vou tomar café com cigarro.

8h57. O ser humano se aclimata, se acomoda às mais diversas situações, queria me aclimatar a Blanka mas não sei se a acomodação, levando essa palavra para o seu sentido mais tedioso, nos faria bem. O costume com a outra pessoa é bom, troco a palavra acomodar por acostumar, por mais que costume também sugira uma rotina, uma repetição, representa também o hábito de sua companhia, hábito que desejo muito adquirir e fazer recíproco. Eu me torno um chato, um velho ranzinza e rabugento, cheio de manias e de nãos. Blanka pode me emprestar um pouco da juventude perdida que não consigo encontrar sozinho, por mim mesmo. Me vem o repúdio da minha mãe por ela, que tanto me machuca. O sono me impede de elaborar as ideias, acredito que se dormisse de agora até o meio-dia às coisas melhorassem para o meu lado, por mais que goste da letargia da mente exaurida, tudo parece mais pacífico e calmo, eu estou mais pacífico e calmo, não há espaço na cabeça para grandes oscilações de humor, o cansaço meio que anestesia o sentir, silencia as emoções e dá paz de espírito.

9h19. Hoje o Hulk não me parece tão grande, parece do tamanho que sempre foi. Minha afeição e apreciação por ele também permanecem imutáveis.

9h35. Me perdi no Instagram, minha mãe veio aqui no quarto indagando pejorativamente, o mínimo de pejorativo que conseguiu, sobre Blanka. Creio que manterá a palavra do encontro na quinta-feira. Não crio muitas expectativas, mas impossível não me escapulir algumas ao peito. Seria bem legal que se comunicasse comigo hoje, não sei se dará. Não creio, em verdade.

10h01. Sem paciência para a rede, passei a madrugada nela e a alvorada escrevendo um post para blog do maravilhoso mundo dos bonecos. Só que, porque cansado, porque como me veio, contei a história de trás para frente depois pulei para o futuro. Não foi um texto bem construído, enfim. É a vida e segue. Acho que estou sendo muito ostensivo com Blanka, tenho que relaxar. Sobre o que tratar, então? Me falta qualquer inspiração. Vou abrir a minha conta do blog de bonecos para ver a quantas anda o número de visualizações.

10h30. Estou cansado do meu quarto no momento. Estou cansado no momento. Acho que encararia Blanka com naturalidade nessas condições, porém sem o afeto que gostaria de transmitir. Me faltam afetos ou desafetos embotados que estão pela exaustão. Olho para a cama, mas tal prospecto não me atrai no momento. 130 visualizações, bem abaixo dos meus tempos de glória, mas razoável tendo em vista que o meu último post teve 52 acessos pelos membros das comunidades de bonecos.

10h45. Vou tomar mais um copo de Coca, fumar mais um cigarro e dormir um pouco, agora o sono bateu forte.

18h02. Acordei há algum tempo, estava colhendo os frutos do texto que fiz para o blog do maravilhoso mundo dos bonecos. Blanka falou comigo, disse que está tudo certo para quinta. Falta combinarmos os detalhes, entretanto. Ela foi levar o seu “dog” ao veterinário e disse que na volta entraria em contato comigo. Confessou estar passando por um momento peculiar e difícil da vida. E falou que uma enfermeira será contratada para ajudá-la a cuidar da mãe.

18h27. Fui olhar os jogos mais esperados de 2019 para PS4, são muito bonitos e tal, mas nenhum me despertou vontade de jogar. Fiquei velho para videogames é o que posso concluir. Não me excita mais e tudo parece mais do mesmo. Isso me incomoda, mas cada vez menos, estou aceitando que não é o tipo de estímulo, de estresse, pelo qual desejo me submeter.

18h46. Queria que Blanka voltasse do veterinário com o seu cãozinho devidamente clinicado e falasse comigo. Isso me despertaria, pois estou com sono. Eu não sei o que se passa comigo que estou sendo acometido ultimamente por sono nesse horário.

21h11. Nada de Blanka, esses silêncios prolongados me incomodam, principalmente quando a outra parte diz que vai entrar em contato. Tenho pouco interesse pelas demais coisas do mundo, exceto por ela e o maravilhoso mundo dos bonecos, repertório limitadíssimo, eu sei. Acho que vou desistir de esperar resposta, vou comer e vou dormir. Ju pediu que eu prestasse mais atenção às sensações físicas despertadas pelas emoções e que escrevesse sobre isso. Vou ligar o ar, fumar um cigarro, ver se meu padrasto está jantando e, se não estiver, janto eu.

21h46. Jantei. Bem. Acho que vou me deitar e me despedir desse dia.

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13h. Acordei. A última imagem do meu sonho foi chegando à mesa da sala à hora do almoço e encontrando mamãe e meus dois irmãos (mais jovens do que hoje são, mas com a maturidade de agora) sentados à mesa. Fui tomado por uma grande felicidade e acordei bem.

13h20. Agora começa a minha vigília por resposta de Blanka. Precisamos combinar o encontro de amanhã. Eu queria que se desse à tarde, que começasse à tarde e se estendesse até a noite, para termos bastante tempo de nos experimentarmos.

13h47. Estava conversando com o auxiliar do marceneiro sobre cigarro e a morte lenta e sofrida que ele me proporcionará. Não sei se vai haver tempo para a tecnologia médica evoluir da forma que imagino para me poupar disso, então me preparo desde já para a dor e a incapacitação que o fumo me proporcionará. Tenho o alento de que acho que poderei escrever no meu leito de morte, que promete ser lenta e dolorosa. Até a minha atividade primordial se adequa às limitações provenientes do fumo. Sou abençoado até nisso. Esse papo me deu vontade de fumar outro. É o que vou fazer.

16h30. Estava falando com Blanka até agora há pouco. Vamos pernoitar num local chamado Olympikus, é mais do que poderia esperar. A vida é muito boa, embora esteja meio intrigado de mamãe agora por causa de Blanka e dos exames que pedi que enviasse. Mamãe acha que eu estou ampliando ainda mais o abismo relacional entre as duas, gosto como mamãe, mesmo com raiva a considera como possível nora. Não acho que chegará a tanto, visto que Blanka tem um relacionamento firme com outra garota. Acho que na nossa relação não cabe o papel de nora de mamãe, mas o tempo, essa entidade mestra das surpresas, pode me provar errado. Gostaria que a relação de nora e sogra se fizesse real e sadia entre elas, por mais que não deseje mal a Dande e não queira desfazer ou atrapalhar a relação do casal mais do que inevitavelmente vá fazer. Blanka está a ver um filme no celular, Mogli, pelo que entendi, e disse que após o filme volta a falar comigo. Me senti desprezado dada a falta de oportunidades que temos de conversar, mas amanhã teremos a noite inteira para nós, não posso reclamar. A vida está me dando mais do que poderia esperar. Aliás, está me dando o que mais esperava que desse e da maneira mais adequada possível ao eu de hoje, recluso e avesso a responsabilidades. Embora eu não queira ser esse.

18h25. Estava falando com Blanka até agora, descobri que ela adora videogames e antes mesmo de saber disso, eu já tinha me planejado levar o Nintendo Switch para ver se ela jogava Snipperclips comigo. Vai ser uma boa surpresa, eu creio. Nossa, além de tudo ainda curtir videogames; é realmente a garota que eu esperava para a minha vida. Tem lá um bando de peculiaridades que tornam o nosso relacionamento único, mas eu não tenho preconceitos. Estou satisfeito com o que a vida me oferece. Sou grato, muito grato.

18h48. Puxa, a vida fica mais sem graça sem Blanka para conversar, mas já me aclimato de novo à solidão. É provável que nos falemos ainda hoje. Esse papo de videogame me deu vontade de jogar... não, não deu. Como disse a ela, prefiro assistir alguém jogando. Ela quer muito ser aceita pela minha mãe, não sei como esse processo se dará e quanto tempo tomará. Mamãe está muito resistente e, como já disse, entendo as suas razões. O que ela deveria levar em conta é o que diz que está levando: o meu bem-estar. Se eu estou de acordo com as peculiaridades de Blanka e as aceito sem restrições, não há por que ela não aceitar também. Espero que mamãe perceba que para além das peculiaridades há uma garota legal, inteligente, determinada, independente, enfim, com qualidades. É um ser humano do bem. E capaz de me fazer bem. Já está fazendo bem, aliás. Bom, mamãe acha que estou me iludindo, mas não há ilusão para mim, sei a medida exata de interesse material que ela tem por mim e que há um processo de construção para que algum afeto emerja daí. Deixarei que pague o Uber de volta, como se propôs, por mais que pudesse fazer isso sem problema nenhum. Quero estimular sua independência, essa necessidade que parece sentir de assumir certos custos dentro da relação. Relação que concretamente começa amanhã e que amanhã mesmo pode se desfazer, mas não creio nisso. Acredito – e aí posso estar iludido – que amanhã nossos laços se fortalecerão ou serão criados, sei lá. Sei que a torcida contra existe e que há obstáculos a enfrentar, em verdade, o que sei é que o que tiver de ser, será. Tentarei o meu melhor para que seja algo que faça bem a todos, especialmente a nós dois. Quando a porta da suíte do Olympikus se fechar atrás de nós amanhã, o mundo ficará de fora e seremos só nós dois, duas humanidades tentando como sabem aproveitar da melhor maneira essa vã passagem pela existência. Vou fumar e mergulhar no mundo dos bonecos um pouco, se algo me interessar por lá.

20h15. Fiz o meu mergulho e já saí. Foi o suficiente por ora. Espero que não esteja com a dor de barriga de hoje amanhã. Me acabando pelos fundos. Hahaha. Postei a caveira-coração como a minha encomenda mais próxima de chegar, já está a caminho da Austrália para o Brasil. Não entendo por que ainda não chegou se foi envio expresso. Aposto que deu algum rolo no Brasil. Sei lá. Ela saiu da Austrália dia 5 de dezembro, hoje é dia 12 e nada. Dizem que leva de cinco a sete dias úteis. Acabou a terceira página. Revisar e postar. Torçam por mim e Blanka amanhã!

sábado, 17 de novembro de 2018

BLANKA I

Eu assisto xvideos.com. Eu me masturbo, prática normal, e o canal oferece milhares, senão milhões, de vídeos gratuitos das mais variadas categorias. Por que trago o assunto à baila? Porque há uma tendência que parece ser o novo padrão de sexo oral em que as mulheres tentam emular “garganta profunda” enfiando pênis enormes goela abaixo, muito mais do que seria confortável para elas, inclusive “vomitando” saliva porque devem sofrer algum tipo de lavagem estomacal antes dessas cenas. Além de não achar tal prática excitante, acho excessivamente degradante, submissa e agressiva para com a atriz, a mulher, o ser humano que está se submetendo a isso. Me revolta, não me excita. Mas nada posso fazer a não ser deixar a minha nota de repúdio aqui visto que a imensa maioria das cenas de fellatio que assisto são agora dessa natureza. Fora eu uma dessas atrizes, não só não me submeteria ao procedimento, como organizaria um movimento para que a prática fosse abolida. Não sou e a vida segue um tanto pior para as profissionais do ramo. Temo que homens empoderados pelo que veem nos vídeos venham a cobrar das parceiras tal feito. Mas chega de falar de sexo oral, coisa que há mais de dez anos não experimento.

14h44. Fui comprar Coca. Blanka está incomunicável porque precisou desinstalar o Tinder para que o seu primo tentasse consertar o seu celular. O nosso pré-relacionamento não pode ser descoberto por ninguém, pelo menos nas condições atuais. As condições do que pode vir a ser uma relação entre nós são as mais peculiares possíveis. Um verdadeiro romance do século XXI, com uma série de complexidades que às vezes me deixam perdido a respeito do meu papel nele. Acho que esse papel cabe a mim desenhar e definir, será uma construção, sempre respeitando os espaços que não são meus dentro dele. Sei que Blanka não está apaixonada por mim, eu confesso que ainda não estou apaixonado por ela, mas também sei que sua presença em minha vida me faz bem.

15h46. Como a relação é aberta, eu não tinha o que fazer e possuo cinco superlikes do Tinder para gastar diariamente até a minha assinatura expirar, fui ver o cardápio de gente, gastei meus superlikes, dei likes em outras, mas confesso que não sei se teria paciência para trocar ideia com alguma das selecionadas.

16h00. Fui fumar e vi vindo de volta um senhor que caminhava penosamente a passos curtos e lentos, aparentemente difíceis e sofridos de serem dados. Não pude deixar de me questionar se esse é o futuro que me espera, fumante e sedentário que sou. Entretanto, acho que não serei tão longevo, pois o sedentarismo, o cigarro e minha alimentação me levarão à morte precoce, isso sim. Que seja, a vida já me deu o bastante, há coisas a esperar, mas todas provavelmente se concretizarão em 2019, 2020 o mais tardar. Pode ser que Blanka entre de fato em minha vida e permaneça até lá, mas não tenho grandes esperanças. Não acho que conseguirei conquistar o seu afeto, é muito difícil, ainda mais tendo o seu coração já uma dona, com quem tem planos de longo prazo. Não digo ser impossível, mas há um ditado que diz que não se pode servir a dois senhores. Descobrirei. Uma coisa que me decepcionou bastante foi um realinhamento no nosso pacto. Acho que vou sair magoado dessa história se me doar demais. Ainda bem que ainda não me apaixonei. Infelizmente ou felizmente, sei lá, sei que é fácil me apaixonar e sei que é bom viver uma paixão. Mas é muito melhor quando é recíproca, que não vai ser, serei mais um instrumento do que a melodia. Penso que na cabeça dela me dará um mês, três no máximo e se sentirá no direito de me descartar. Espero que não. Vou tirar um cochilo, estou precisando.

19h30. Acordei e tomei banho. Foi um sonho quebrado, em que ia e vinha do mundo de Morfeu. Despertei pensando em Blanka, pensamentos sensuais, sobre a sua nudez. Agradáveis pensamentos que nem sei se se concretizarão. Também pensei nas minhas bonecas amadas, as femininas, especialmente. Acordei tomado de feminilidade ou, pelo contrário da apreciação masculina pelas formas da mulher, eterno encanto para mim, pelo menos, que tenho tais formas e feições por coisas mais belas do universo. Poderia nomear os pensamentos que tenho de Blanka agora como saudade? Se não o são em muito se aproximam da definição. A vontade de revê-la cresce em mim e provavelmente só o farei no dia primeiro de dezembro, dia da festa de 15 anos da minha prima caçula. O que me veio de forma preocupante é a recepção negativa da minha família materna (e também a paterna, suponho) se por acaso numa das celebrações que sucederão a estadia do meu irmão em solo brasileiro eu optar por tomar umas cervejas. Repudiarão a minha escolha, me criticarão e alertarão, mas espero que após o choque inicial e vendo que nada decorre do fato, relaxem. Há uma diferença social enorme para mim no fato de poder tomar minhas cervejas, me sinto como qualquer outro adulto ciente de suas escolhas, não como o viciado reprimido. Me vejo mais igual aos demais e esse sentimento é bom. Acho que é das melhores partes, não ficar com inveja ou constrangido por ter na minha repressão ao álcool uma lembrança do estigma que me assombra, hoje mais na cabeça dos outros que na minha. Se bem que o fato de querer beber é uma negação do estigma o que é, ao mesmo tempo, a lembrança de sua existência. Ei de superar essa fase. Às vezes bate-me o medo de estar em estado de mania. Mas todo e qualquer bem-estar que sinto me desperta esse alerta. Não acho que seja o caso, se bem que andei comprando algumas coisas que não deveria. E sinto um desejo forte de ter um Super-Homem, o novo Super-Homem da Sideshow na minha coleção. Acho que, tirando o Monstro do Pântano, que nunca terei por questões logísticas, é o único super-herói que me faz falta na coleção. E a peça é soberba. Contentar-me-ei com o que já tenho e o que já tenho é muito. Comprarei o Azure Dragon com o meu PayPal e darei minha coleção por vista. Se a arquiteta conseguir reservar algum espaço livre para uma ou duas peças de ¼ espero receber os pontos da Sideshow e negocio com mamãe a compra do Super-Homem. Não me incomoda que não seja o exclusivo. Mas não vou sonhar com o que não tenho quando tenho tanta coisa que possuo a sonhar. Que não sei quando vai fazer seu trajeto da América do Norte para a do Sul. Um dia. Espero que não depois do Natal de 2020. Preciso contar a meu irmão sobre Blanka, mas não tenho coragem. Prefiro que ninguém saiba. É uma história nossa, minha e dela, e quero que continue assim. Não diz respeito a mais ninguém, é uma construção nossa, pouco ortodoxa, é verdade, mas não menos válida – embora não esteja validada de fato ainda – e valiosa. Estamos ainda na planta do nosso projeto, não botamos tijolo sequer, estabelecemos as bases: honestidade, respeito e sinceridade. A cumplicidade e a intimidade construiremos juntos e são o corpo e alma da relação, que espero que seja leve, carinhosa e divertida de ser construída. Prazerosa, tanto para mim quanto para ela. Nossa, como queria que a regra de que não se pode servir a dois senhores fosse uma exceção na nossa relação que é toda repleta de exceções. Esta, talvez a mais importante, acho dificílima de ser alcançada e preciso manter os pés no chão a esse respeito. Difícil tarefa. Se bem que Blanka pode facilitar tomando as atitudes erradas. Percebo que ela está acostumada a mentir. Preciso reeducá-la, por falta de melhor termo, em relação a isso. Que minta para o resto do mundo, é a relação dela com o mundo, mas não minta para mim, pois é a minha relação com ela.

22h44. Tive que ir à farmácia comprar remédios para o meu juízo e quando voltei vi uma resenha do novo jogo de Pokémon para Switch, embora sempre tenha tido vontade de jogar um game da franquia, especialmente na tela grande com gráficos mais bonitos, eu não senti o menor tesão em voltar a jogar videogame. Eu realmente não sei o que aconteceu comigo nessa esfera. Ou pokéball. Haha. Fato é que darei o meu Switch para os meninos, filhos do meu irmão e que não sentirei saudades, ao que tudo indica. Existe para mim algo muito mais interessante que é Blanka. A única razão para não dar o Switch seria se Blanka gostasse de jogar. Mas nem assim mudarei a minha decisão, terá ela que se contentar com o PS3. Vou fumar, eu preciso.

-x-x-x-x-

14h33. Estou ainda despertando. Ensinei mamãe a fazer café na cafeteira que ganhei da minha tia jornalista. Talvez o café me traga alguma memória RAM adicional. Não consegui ver o vídeo de Rodrigo Silva inteiro ontem, fui completamente subjugado pelo sono. Não me pareceu cansativo, estava interessante, mas o sono ganhou do meu empenho. O vídeo está numa aba aberta exatamente onde parou. Vou tomar um café e ver se com ele arranjo a coragem para assistir.

15h30. Tomei café, fiz coisas outras, principalmente mergulhei no maravilhoso mundo dos bonecos. Foi bom. Não quero ver pregação sobre o perdão no momento, simples assim. Eu acho que sei a importância do perdãooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii8888888iiiiiiiiiiiiiii8iiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu888888888888888888888888uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu ß Estava colando adesivos com as letras que estavam apagadas para ter uma melhor referência. Funcionou. Ficou tudo torto, mas isso é o de menos, não buscava a perfeição estética apenas a referência visual e nisso fui muito bem-sucedido, tanto que digito com muito menos erros e mais segurança, um aumento significativo na minha qualidade de vida, graças a mamãe, mais um motivo para ter por ela a mais profunda gratidão. Estou louco para que os pagamentos da boneca acabem, isso me dará tremendo alívio. Espero que o cara do Azure Dragon me contate nos próximos 15 dias para podermos fechar o meu último negócio, pelo PayPal, nada a ver com o cartão da minha mãe, e me veja livre de todos os pagamentos até março. Estou tomado de gratidão por talvez enfim ter a minha coleção completa. Verei depois o que farei com os 73 dólares de desconto que amealharei na Sideshow. Mas isso vai ficar para depois da SDCC. Sobre o perdão, acho que tenho experiência nessa prática, o acaso-destino no seu balé genético e sociocultural me agraciou com a facilidade de esquecer mágoas e rancores. Tenho para mim que se não me fizer significativo e importante na vida de Blanka, ela vai me dar uma relação de um a três meses e depois me mandar pastar, pois, por ora, não guarda nenhum sentimento de afeto por mim. Não sei se serei capaz, sendo como sou de provocar tais sentimentos nela, farei o que eu entendo por meu melhor e só me resta torcer para que seja suficiente. Há também o problema da aceitação da minha mãe. Esta festa de 15 anos vai ser essencial. Que ela, Blanka, não dê para trás. À medida que a data se aproxima, eu me sinto inseguro. Imagino ela. Preciso fumar.





16h12. Será um golpe difícil se na cabeça de Blanka já estiver tudo estipulado para me deixar. Seria frio e maquiavélico da parte dela. E não a conheço o suficiente para duvidar dessa possibilidade. Até me parece a mais plausível, mas o tempo e o acaso-destino que agiram a meu favor após uma década podem continuar sendo benfazejos comigo. Seria muito bom. Por suas respostas o nosso vínculo ultrapassará o carnaval. O que faz crer que ela gosta de ter planos de longo prazo, se agrada disso. Pode ser tudo mentira também. Mas não posso pensar tão mal da pessoa a quem quero desejar e repartir todo o meu bem. Acabou a terceira página. Revisar e postar.



quinta-feira, 18 de outubro de 2018

SEM OPÇÃO




18h07. Sem opção outra que me conforte e ocupe a alma, volto a escrever. Encontrei com um ex-colega de trabalho na pizzaria onde, por falta de opção, me deram coca de 2,5 litros o que torna o preço ligeiramente mais justo. Mandei uma declaração de “amor” em inglês para o anjo do Tinder. Se tudo é tempo da minha vida, eu uso como quiser. Queria encontrar mais gatas para conversar, mas confesso que é difícil achar alguma que me encante mais do que o meu anjo.

18h19. Mandei mais mensagens para ela. Sou muito descontrolado nessas coisas. Foda-se, esse sou eu e eu não sei jogar o jogo da sedução, eu escancaro e me entrego com o peito aberto. Se ferir, sara. Mas não sei me entregar que não completamente, apaixonadamente. Ainda mais para a garota dos meus sonhos. É um revés ser romântico nos dias de hoje. Fazer o quê? Só sei ser assim. Vou fumar outro cigarro e provavelmente ouvir da minha mãe.

18h35. Não ouvi, ela debatia com a fantástica faxineira. Meu primo urbano quer se encontrar logo mais para um papo. Não tenho muito o que conversar, não há nada de interessante para contar.

18h53. Facebook. Só política.

19h03. Fui fumar. Estou tomado por um torpor, como se as forças me faltassem, como se houvesse menos vida dentro de mim. Há menos vida dentro de mim a cada segundo que passa. O tempo me consome, sou perecível. Falta a sabedoria para aceitar com gratidão a finitude. Ou não falta, pois não temo a morte. E talvez não a tema porque minha vida é feita de muito pouco, quase nada, logo fácil de abrir mão. Tenho o amor maior do mundo no meu peito, mas não tenho a quem entregá-lo. Fico na dúvida se é válido carregá-lo, talvez seja peso morto. Minto, o amor é a coisa mais viva em mim.

20h13. Conversei com o meu primo urbano e alguma coisa está errada na nossa relação. Não sei precisar o que é. Sei que o meu sedentarismo o incomoda. Um pouco pelo menos. Há mim me é perfeitamente salutar e agradável. Não sei se ele sabe da história. Espero que não.

22h29. Passei meu tempo vendo política no Facebook. Vi Bolsonaro mencionando outra vez intervenção militar e isso me preocupa. As armas, as armas me preocupam, meu primo urbano acha que vai ser caro ter o porte ou posse, sei lá, de armas. Espero que esteja certo. Eu não consigo ver a relação do aumento de pessoas armadas com o decréscimo da violência. Para mim tal conceito é contraditório para dizer o mínimo. Mas não quero falar disso. Quero mudar o meu astral.

22h55. Fumei, botei meu pijama, liguei o som e coloquei Virus remix, de Björk, para tocar. Mandei mais mensagem para o anjo. Eu sou incorrigível mesmo. Peco pelo excesso. Queria que agora emanasse poesia de mim, mas acho que esse poço secou, só a prosa, o monólogo, me apetece. Finjo que isso encontrará a luz de outros olhos, se os encontrou, minha alma saúda a sua, sejamos um por um momento embora sejamos dois em tempo-espaço distintos. Acho que vou botar SugarCubes para ouvir. Coloquei Here Today, Tomorrow Next Week!, de que gosto muito. Me perdi no som e em memórias de Björk novinha cantando na banda. Para mim, a mulher mais interessante, fascinante, significativa da Terra. Ela vai entrar para a história, pelo menos para a história da Islândia. Mas a acredito que mundial. Eu queria ter a oportunidade e a coragem de ter uma conversa com ela. É interessante que quando comecei a ouvir SugarCubes, eu era mais jovem que eles e agora sou mais velho do que eram naquele vídeo que vi na Bandeirantes, eu acho. E que gravei em VHS e depois comprei o DVD. Eu preciso utilizar mais a televisão, seja para assistir, seja para jogar. Nossa, tenho massagista amanhã. Que vontade de não ir. Repulsa mesmo. Mas passa, vésperas são assim. Fumar.

23h21. Acho que disse isso, mas me repetirei, se eu fosse presidente, unificava os ministérios da educação com ciência e tecnologia e destinaria um quarto orçamento para isso. Sim, é onde acho mais fundamental investir. Estou pensando em Haddad e Bolsonaro, isso me aporrinha o juízo. Fui olhar se o anjo havia visto. Viu nada. Me deu vontade de ouvir Audioslave. E fumar.

23h38. O anjo do Tinder não viu, mas, em teoria está de férias, passeando alhures. Foi uma boa pedida o Audioslave, podem chamar de armação comercial, eu acho o som massa. Outra que curto bastante é The Strokes. Tenho até duas camisetas deles. Que não cabem em mim, porque engordei, mas não desisti do plano de perder peso e poder novamente usá-las. Só não me empenho muito nem uso a metodologia adequada. Como uma vez por dia sempre quando me dá a fome dos remédios, por volta da meia-noite, uma da manhã. Vou fumar um cigarro e analisar o que há para comer.

23h55. Vou comer linguiça frita com arroz e ketchup. Não estou com fome nenhuma. Ainda. Já tomei os remédios, é questão de tempo. Só não entendi por que colocar colorau nas linguiças. Estava pensando em que jogo sugerir para o meu primo urbano e só me veio Bit.Trp.Run 2 e Thomas Was Alone. Me deu uma leve vontade de jogar videogame, mas muito leve mesmo.

0h32. Comi, vou acabar o copo de Coca e vou dormir. Tenho que acordar cedo amanhã. Para os meus padrões. Vou colocar o alarme – odeio alarmes! – para as 11h30.

0h36. Aproveitei e coloquei o celular para carregar. Não posso esquecer do cheque. Acho que vou fumar o último da noite.

0h46. E acabei pegando mais um copo de Coca, mas volto com a mente vazia. Vazia, não, mas tomada por essa antecipação da massagem. E outras coisas mais.

0h51. Mamãe pediu para eu ver se a fantástica faxineira havia deixado o ferro ligado. Estou preocupado com esse estranhamento do meu primo urbano. Minha língua continua ardendo, o que será isso?

2h40. Perdido no Facebook.

3h04. Perdido no Facebook. Vou dar uma olhada no de bonecos para desopilar e ir dormir.

-x-x-x-x-

12h19. Às 13h eu estarei partindo para o massagista. 40 minutos para acordar, tomar banho e seguir.

13h20. Me atrasei, vou ao massagista agora.

15h49. Voltei. Não foi nada traumático nem nada que tenha me tornado um devoto das massagens. Acho que me falta espiritualidade por falta de um termo melhor. Não sei se o fato de não “crer” na massagem altera o seu resultado, acho que não. Marquei outra para daqui a quinze dias, onde sugeri que trabalhássemos os músculos laterais do abdome. Depois dessa, não sei se seguirei fazendo visto que saí, ao meu ver, do mesmo jeito que entrei. Possa ser que essa diferença se manifeste. Uma coisa pelo menos trouxe: sono. Vou dormir um pouco.

18h53. Dormi até mamãe chegar, ela me acordou sem querer, querendo, fui comprar Coca na pizzaria e voltei para me dedicar a essa estranha atração das palavras. Não vejo possibilidade de Haddad virar o jogo, ele não está jogando o jogo certo, mas nada entendo de política. Ele está sendo muito respeitoso com o outro. Não está batendo. Vários pontos fracos. Sei lá, pode descambar para o caos, espero que não. Em verdade, eu estou com o meu anjo na cabeça o que não deveria acontecer pela total impossibilidade que o episódio se afigura.

20h59. Perdido no Facebook, na minha bolha esquerdista, resolvi fumar um cigarro e voltar para cá, tendo em companhia um copo de Coca gelada e o Hulk...

22h55. Me perdi na internet de novo. A minha opinião é que não tem jeito, será Bolsonaro o próximo governante ou tirano desse país.

23h13. Minha mãe me chamou para tomar os remédios. Quem sabe agora, dono da noite, não me afluam mais palavras que tanto me faltaram – ou eu faltei com elas – ao longo do dia. O anjo está off-line há 14 horas, então nenhuma novidade nesse front. Queria poder dizer para uma garota com toda a sinceridade “eu te amo”, quase teclei essas três palavrinhas para o anjo, mas acho que seria uma extrapolação sentimental da minha parte. Pouco sei dela, pouco ela deixa revelar. Me encantei pela beleza exterior, pela embalagem, mas nada sei do produto. A curiosidade é imensa, mas a oportunidade para tal não me é oferecida.

23h29. Não consigo me concentrar no texto, nada me vem à cabeça, meu repertório é muito restrito. Vou botar a velha lista 6 para ver se me inspira. Minha língua continua muito sensível, bebo coca e sinto dor. Isso me preocupa, mas acho que um desejo de morrer logo já que nada do que sonho mais doidamente se concretiza me desamina a continuar por tão pouco. Se bem que há o Batman e o meu quarto com a minha coleção. Gostaria de viver para ver isso. Nada mais de plausível me apetece. Só acho porto nas palavras que me irritam hoje por estarem tão fugidias. Fumar.


23h46. Estou ouvindo Audioslave ao invés da lista 6, está me descendo bem. A comida é que não me desceu muito bem por causa da língua. Se eu fosse achar uma causa para essa hipersensibilidade eu diria que o consumo de Coca normal, por falta de opção, que comecei a fazer há cerca de uma semana, mas não vejo nexo nessa causalidade se bebia a sem açúcar e nunca me ocorreu nada. Fui com a cara do massagista, ele é bem pacífico, bem-apessoado e a massagem é agradável, não ofende. Vou uma segunda vez e daí decido se continuarei ou não com a empreitada. Ele me soou convincente quando disse que eu estava me dando um presente, um presente para o meu corpo que tanto maltrato ou trato com desleixo e descaso. Não cuido da manutenção, só o essencial, alimentação, hidratação, evacuação, limpeza ocasional. Acabou a terceira página. Vou escrever outro. Não tenho sono e não tenho o que fazer. 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

MOTHER!



A juventude passa, mas não passa o desejo de usufruir da juventude, não passa o encantamento que ela desperta. Isso é injusto pois não tenho juventude para oferecer em troca. Minha mãe está preocupada comigo, com o meu atual estado de ânimo e com o meu isolamento. Sua preocupação me incomoda ao mesmo tempo que demonstra de forma clara o amor que tem por mim. Postei mais um texto no blog de bonecos, mas esse não divulgarei. Chamando a todos nós, colecionadores, de consumistas. Que é uma verdade. Aliás viver num sistema capitalista é ser um consumista em potencial, pois é para isso que ele serve, para consumirmos mais do que não precisamos realmente, criando novas necessidades para o enriquecimento de alguns poucos. O capitalismo também gera a invenção, a descoberta, infelizmente as verbas para tais avanços estejam ligadas a interesses sombrios. Ou não, sei lá. Guardo imensa esperança na humanidade, mesmo que tenhamos colocado Trump como líder do mundo. É muito bom tomar Coca geladíssima. São 15h21 e já acordei há algum tempo. Não me sinto particularmente de mal da vida hoje, um dia de alívio, eu mereço, eu acho. Ainda estamos na terça-feira, mas dou essa semana como ganha pelo show de Caetano com a filharada. Minhas costas doem por ficar tanto tempo sentado na mesma posição.

15h50. O desânimo se abate sobre mim uma vez mais. Meu post no maravilhoso mundo dos bonecos está com mais de 900 visualizações. Algo que me agrada pelo menos.

15h55. O que fazer com esse montão de vida que me resta se nada me agrada? Eu não gosto de seguir sugestão dos outros, eu não gosto de nada que me seja imposto, eu não quero fazer nada a não ser escrever aqui. Eu estou ferrado. Não sei como perdi o interesse pelas coisas do mundo, mas elas simplesmente não me apetecem. Não tenho paciência para mais nada, só se for algo realmente muito interessante para mim. O alento só me vem – e às vezes nem vem – com o meu subterfúgio.

16h14. Usei do meu subterfúgio, foda-se. A vida é agradável para mim agora. O sol da tarde na minha cara não me vem como uma chateação, um inconveniente, me vem como necessária luz que me alimenta e me traz saúde, principalmente por eu passar a maior parte do meu tempo no quarto-ilha sem ter contato íntimo com o astro-rei. Estava pensando em jogar Zelda. Talvez o faça, mas não agora. A música de Marcelo Camelo me entra muito bem, assim como a Coca gelada. Santa Chuva. Fantástica também na voz de Maria Rita, primeira a gravá-la. Marteladas ecoam pelo quarto, trocam os azulejos do prédio. Interessante que antes estava condicionado a relevar o barulho ou então começaram agora, sei lá. Sei que não consigo me desligar dele no momento. Eu poderia aumentar o som. Afinal não tem ninguém em casa. Téo e a Gaivota. A Coca acabou e a vontade de fumar emerge. Não me sinto tão bem agora, não saberia dizer por quê. Mas ainda está bom. Não posso ser assim tão sensível.

16h33. Maria Rita, Menina da Lua, essa música me é muito evocativa. Há tantos nomes que colocaria numa filha, esse pensamento às vezes me assalta: Maria, Aurora, Francisca, Poema, Vida... havia outros, mas não me recordo. Qual será a história de Estrelinha, uma prostituta jovem com quem fumei crack junto com uns moradores de rua, também jovem e viciados? Ela chorou de culpa por estar recaindo, disse que tinha uma família que morava num apartamento de Boa Viagem, mas por algum motivo que não me recordo, não podia voltar para lá. Não entendo o que leva uma menina bem-criada a acabar naquele fundo de poço. Ou sei, o crack. É uma droga maldita, foi perversão e crueldade a terem inventado. Pensando no meu companheiro de espera na terapia. Assumir-se vagabundo, um imprestável é uma tarefa difícil é um papel que pesa muito pela culpa. Por enquanto as benesses que usufruo desse papel compensam.

16h54. Saquei qual a solução para o meu problema e é o que Ju disse, uma mudança de perspectiva, em vez de ficar me martirizando com o que acho que a sociedade pensa, eu poderia me ver como homem extremamente bem-sucedido que sou, para os meus parâmetros. Eu consegui reverter toda autodestruição e parte do desamor que eu tenho por mim em um meio de conseguir o meu sustento, ademais eu vivo uma vida sem estresse e burocracia, sem trânsito, ordens, horários, obrigações, não experimento nada de ruim que uma pessoa da minha idade experimenta e, sem alternativa, se submete diariamente. Eu sou livre, livre de tudo isso por ser incapaz civilmente. Sempre haverá alguém para cuidar desses aspectos por mim. Só me falta, de posse de todo o tempo livre que tenho para mim, aumentar as possibilidades de diversão. Eis aí outra pedra. Cada vez menos coisas me despertam interesse. Estou meio que nem aquela música de Björk, I’ve Seen it All. O que me mantém são é a escrita. Não tivera essa válvula de escape, eu nem sei de mim. Será, talvez, por ser a válvula perfeita, que eu não tenha me viciado nela? Se bem que agora quero jogar videogame. Fumar um cigarro antes.

17h19. Eu fumei e resolvi voltar para cá, ainda não me bateu uma vontade forte o suficiente de jogar. Se tudo permanecesse assim, como me sinto agora, estava de boa. Mas não é como geralmente me sinto. Apesar de toda a minha genialidade de conseguir a vida que sempre sonhei, dedicada à escrita, sem responsabilidades outras, essa se prova insuficiente a maior parte do tempo. Há momentos em que me odeio profundamente, visto que não posso odiar mais nada, pois nada me falta, não necessito de mais do que tenho. Falta-me uma pessoa, uma garota jovem e bela e uma paixão mútua que evoluiria para amor entre nós. Infelizmente, o meu isolamento não me levará a isso. E eu acredito que nada me levará a isso. Ou quase nada. Tenho uma última desesperada cartada na mão, que nem sei se tenho coragem de abrir para a existência. Veremos o que decorre. Queria mesmo que o anjo do Tinder me desse um match e eu conseguisse seduzi-la. Acho que vou ver um filme. Ou The Walking Dead.

17h50. Coloquei Mother! e Conjuring 2 no pen-drive. Estou com vontade de dormir. Mamãe me ligou e disse que trará sanduíches do McDonald’s, um deles sendo uma novidade. Não estou nem um pouco interessado em ver filme agora. O sanduíche novo muito me apetece, entretanto. Vou fumar outro cigarro antes de eles chegarem.

18h11. Voltei e me deixei estar um pouco no maravilhoso mundo dos bonecos. Um cara criou uma polêmica boba, mas que está gerando conteúdo. Será que não namorarei mais ninguém? Me parece um futuro tão insólito.

18h15. Fechei um pouco os olhos e apreciei a música, It’s In Our Hands, de Björk. Amo muito essa música. Me lembra uma viagem de cola. Acho que porque já tive viagens de cola assistindo aos clipes dela. E foram boas. Mas não quero mais isso para a minha vida. Pensei em como abracei Ju com mais afeto na nossa despedida da segunda. Ela me é uma pessoa preciosa. E aí, faço o quê da vida? Acho que vou tentar o Zeldinha uma vez mais.

18h45. Tentei, não progredi, desisti por ora. Comi um dos sanduíches que mamãe trouxe, ela e meu padrasto já estão aqui. Ela conversa com uma vizinha à porta. Parece que a moda de ser largado pega. Hahaha.

18h48. Coloquei na tela o filme basta selecioná-lo e assistir, mas não estou disposto no momento.

19h02. Passei por um momento de tédio agora navegando na internet. Eu não sei o que fazer. Aliás, sei: vou fumar um cigarro já, já. Um colecionador nunca está satisfeito com a sua coleção. Pelo menos é o que percebo. Sempre está ou estará faltando algo.

21h57. Assisti Mother!. Consegui captar algumas referências bíblicas, como sugeriu a minha prima, mas o filme é muito doido. Certamente deixa uma impressão naquele que assiste. Imagino naqueles que têm bebês recém-nascidos. Entendo o criador ter extremo apego pelo que cria, mas acho que amor é mais importante. Talvez porque tenha a oportunidade de criar – mais parece descrever – e não tenho a oportunidade de amar. Meu primo urbano me sugeriu fazer cursos, criar contos. Até sugeriu transformar o conteúdo do blog em um livro. Ele me perguntou se eu tinha ideia para uma segunda obra, disse-lhe que tinha, mas que era impraticável. Pelo menos na atual conjuntura. Minha mãe nunca me deixaria passar dois meses vivendo em meio a mendigos escrevendo do celular. Eu poderia começar um narrando o meu momento atual.  Acho que vou tentar. Vou só acabar este post que já está na terceira página. Ah, para quem quiser ler um review de Mother!, fica o link da minha adorada Portuguesinha aqui (LINK)

22h17. Estou com vontade de escrever o segundo livro que não diferirá do que escrevo aqui, tentarei só dar mais contexto.

22h34. Zanzei pela internet e perdi a vontade de escrever. Um novo livro, digo. Não há muito o que dizer, embora sempre haja o que dizer pois a vida continua acontecendo para mim.

22h49. Não estou com vontade de fazer nada, talvez recorrer ao meu subterfúgio uma vez mais. Provavelmente o farei. Ainda há muito papel a ser escrito antes do final deste post. Não sei com o que preenchê-lo. Mas como disse a vida continua acontecendo então sigo a escrever mesmo que nada de relevante se alevante na minha existência. O mundo gira, pessoas morrem, a morte, como bem lembrou o meu primo urbano nos rondou de perto em agosto. Meu primo urbano sugeriu uma série de coisas para chacoalhar a minha rotina, é uma pena que nenhuma me fez brilhar os olhos. É difícil meus olhos brilharem por coisas outras que uma bela boneca e uma bela garota. Não vejo interesse em mais nada e passo o meu tempo a escrever para tentar enganar o tédio. Nem sempre sou bem-sucedido. O que mais posso falar sobre o filme Mother!? É um filme que intenta causar sensações estranhas no espectador, deixá-lo desconfortável, em certo suspense, tenso. Nisso é muito é bem-sucedido. Várias alegorias podem ser feitas, uma para cada espectador. A explicação do autor e diretor é que queria fazer um filme sobre a Mãe Natureza, segundo o blog da Portuguesinha. Até entendo essa visão.

0h06. Há uma estátua que eu queria e que nunca vou ter. Acontece. Frustra, mas nada de muito pungente. Minha mãe me sugeriu tomar um banho. Acho que vou fazer isso e dormir.

0h42. Fiz nada. Comi e me bateu um sono, vou aproveitar, dou o meu dia por visto. Queria dizer vivido, mas é muito para o pouco que foi. Não sou ingrato. Sou grato todos os dias pelo meu lugar no mundo.  


sexta-feira, 7 de setembro de 2018

SENTIMENTO BOBO DE MORTE IMINENTE


Acho que a garota do Tinder quer me fazer de palhaço, que deveras sou, pois vê as mensagens e não responde. Bom, que seja. Está fora do meu controle. Loser passando, bela coincidência. Estou empachado, mamãe me botou para comer mesmo eu estando sem fome. Ela e a fantástica faxineira intuíram que o meu estado de espírito era causado pela fome. O que posso dizer? Minha mãe me liberou comprar duas cocas na pizzaria, o que foi ótimo. O que tenho que fazer é suportar as horas que me separam do meu subterfúgio. Vou ter que levar a fantástica faxineira lá embaixo para chamar-lhe um Uber. Tenho 8% de bateria. Espero que dê. E, se não der, é a vida. A vida, a vida, a vida. Acho uma palavra tão bonita. Acho que daria até nome para uma filha. Que nunca terei. Melhor assim. Tanto para mim quanto para a suposta filha. E a mãe, cadê? E minha parceira nessa jornada, onde encontro? Aparentemente não no Tinder.

19h40. Passei um sermão na garota do Tinder. Hahaha.

20h03. Voltei lá de baixo.

20h13. Estava lendo uma carta sobre Trump que a minha irmã mandou ou foi vírus, sei lá, acho que foi ela mesma. De volta ao meu mundinho particular aqui no quarto-ilha. A carta dizia que os próprios homens do presidente, à sua revelia e muitas vezes sem o seu conhecimento ou consentimento tomavam decisões políticas saudáveis ao país apesar de Trump. Interessante a leitura. Bem, agora de volta mesmo ao meu quarto-ilha.

21h00. O meu amigo da piscina está aqui ao lado a jogar Call of Juarez. Eu me sinto como se estivesse vivendo um sonho do qual vou despertar em breve. Tive a sensação nítida de que iria morrer quando fui comprar mais Cocas na pizzaria. O cara da pizzaria perguntou quanto eu já havia escrito. Novamente a sensação de que não passava dessa noite se deu muito forte durante o banho. Não sinto que meu corpo está legal, há algo de errado com ele. É assim que me sinto nesse momento. Sei que é tudo ilusão.

21h27. Passou mais.

21h37. Ainda estou meio nesse clima de despedida da vida, é tão estranho. É como se pressentisse que algo vai falhar no meu corpo e causar a minha morte. Não sei por que esse pensamento me assalta. Não estou nem dando atenção ao meu amigo em meio ao constante tiroteio do game.

22h07. Minha sensação de morte praticamente se esvaiu. Diria que se esvaiu quando joguei um pouco do Uncharted: 3 com ele, mas não estou com saco de resolver o quebra-cabeças da vez. Não achei divertido ou lógico. Ou não compreendi a lógica.

22h22. Meu amigo da piscina acaba de me deixar, confesso que estou mais feliz sozinho. Parece que nosso elo de tantos anos o faz perceber que prefiro a solidão hoje. Ainda estou com um sentimento ruim, a tal sensação ridícula de morte. Mesmo assim acho que apelarei para o meu subterfúgio hoje. Não sei por que me quero tão mal. Preciso aprender a me querer bem. A única coisa que funcionou, mesmo que momentaneamente, foi repetir “eu gosto de mim” diversas vezes para mim mesmo duas vezes ao dia. Não sei. Só sei que me sinto fisicamente mal. Pode ser psicossomático. Mas a sensação que tenho é que hoje ultrapassei algum limite e que meu corpo está padecendo por conta disso. E o mal-estar se alastra para o meu próprio eu. Ou do eu irradia para o resto, vai saber.

22h32. Minha mãe acabou de vir aqui e me perguntar se eu estava sentindo algo físico. Outra que parece que pressente. Respondi o que escrevi acima, que eu me sinto meio mal, mas não sei a causa. Ela me dará dois ansiolíticos. Acho que me sentiria grato se essa fosse a minha última noite na Terra. Recebi muito e do melhor sem oferecer nada em troca, só esses escritos e um ou outro momento marcante na vida de algumas pessoas. Mas, falando racionalmente, eu não acho que vou morrer, isso tudo é drama, frescura. Quero fumar outro cigarro. Sentimentozinho desagradável esse. E essa autopiedade toda, para quê? Nada demais vai acontecer de hoje para amanhã. Provavelmente acorde melhor. Como irei nesse estado de ânimo para Porto de Galinhas depois de amanhã? Reunião familiar e eu me sentindo completamente esgotado psicológica e fisicamente? Será o mesmo que uma sessão de tortura. Não quero ir para canto algum. Não quero sair do meu quarto. Só para fumar e encher o copo de Coca-Cola. Vou pegar o remédio e fumar um cigarro. Nem os cigarros estão me descendo bem hoje. Nem eles, nem a Coca-Cola e insisto em consumir os dois. Vou lá.

22h59. Hoje me sinto realmente diferente, isso é inegável. Desde que comecei a tomar café. E fumar. A sensação é que o meu organismo chegou ou ultrapassou algum tipo de limite. Me sinto sonolento, mas isso passa. Estou me sentindo completamente estranho. E não de uma forma prazerosa. Fico até curioso em como as horas vão decorrer daqui por diante. Vou olhar a internet, de nada me custa e geralmente me deixa melhor.

23h13. Recebi um e-mail do meu irmão muito bonito, emocionante. Não saberia o que responder ou não sei no momento. No momento só consigo pensar em meu estado que não saberia descrever. Meu irmão diz que não devo me isolar mas procurar pessoas que me validem. Mas não quero ver ninguém. Exceto Ju. Ela é o meu principal elo com a humanidade e que belo elo fui escolher, figura maravilhosa, admirável. Generosa, boa, cuca superfresca e bem resolvida, acolhedora e inteligente. E ainda por cima é jovem e não é de se jogar fora. Hahaha.

23h42. Lullaby remix toca e todo o sofrimento passou. Que alívio, que bem-estar. Pensar que tenho que esperar tanto para estar assim talvez amplifique a sensação. Muito melhor que a sensação de morte. Coloquei a comida que deveria comer num Tupperware na geladeira. Não pretendo comer, mas as coisas podem mudar. Será que acho aquele livro de Frakenstein? Acho que não, acho que por não ter capa dura, mamãe o descartou como obra menor. Tinha ilustrações fantásticas, em preto e branco, sempre muito escuras, se bem me lembro, mas não deixando de ser reveladoras. Que bom que pensei nisso e noutras coisas pensarei mais, espero que diferentes da existência que levava minutos atrás. Não posso ficar só dependendo disso, desse subterfúgio. Preciso gostar do meu dia. Mas não quero pensar nisso, é desperdício e desgaste emocional. Close To Me, clássico do The Cure, também versão remix. Há uma força me levando para dormir. Talvez ceda. Mas daqui a dois cigarros ao menos. Um vai ser agora.

0h04. A sensação de morte se foi, vim lembrar dela agora que sentei aqui. Lembrei do que estava pensando, mas é muito grande e inútil para narrar aqui; tinha a ver com salão de beleza. Nada a ver. Acho que uma mudança legal poderia começar da iniciativa de pessoas físicas agindo coletivamente. Como em um condomínio de alto padrão. Que, além de tudo, é formador de opinião. Haveria um ônus nisso, mas talvez temporário. Não sei e não quero falar disso, já pensei demais sobre o assunto agora. Não vale a pena repetir. Nossa, o que me assolou hoje me assolará amanhã? Seria péssimo. Espero que não. Acho que vou comer. Fumar um cigarro bebendo uma Coca e ir dormir. Podia ter como sobremesa o iogurte de frutas vermelhas.

-x-x-x-x-

15h18. Como se vê, acordei, estou vivo e toda aquela paranoia de morte não passou disso. Sinto que meu corpo ainda não está 100%, mas me sinto muito melhor que ontem. Dormi bastante, mais de doze horas. Meu amigo da piscina já perguntou se eu acordei. Não estou propriamente acordado ainda ou com disposição para interações sociais no momento.

15h31. O sol da tarde agride meu rosto enquanto trago um cigarro que não me desce bem e sua fumaça infla os meus pulmões, que existência sem propósito. Abaixo, uma menina desafinada atrapalha a banda da festa. Já estive muito no papel dessa menina quando bebia. Novamente que vida sem propósito. Ainda não me sinto disposto a responder o meu amigo da piscina. Acho que ele vai querer vir jogar videogame aqui. Não é uma má ideia, só não estou preparado para ela agora. Sei que vai ficar mais interessante com a presença dele aqui, mas não estou a fim no momento. Loser passa de novo. Está no começo da lista 6, visto que Beck é com “B” e a lista está organizada por ordem alfabética dos artistas. Antes, Sabotage dos Beastie Boys, lembranças do tempo em que a MTV formava nossas opiniões musicais. A menina do Tinder leu o meu sermão e nada me respondeu. Dou como um esforço perdido. Nada virá do Tinder. Penso na garota dos Correios. Não me custa muito. Só uma grande dose de coragem. Ela é linda aos meus olhos. Deve ter seus 30.

15h55. Acho que vou responder o meu amigo. Já estou mais preparado para tê-lo aqui.

15h58. Respondi. Não sei o que fazer do meu tempo livre. Estou me sentindo moderadamente angustiado. Não é legal sentir angústia. O pior é que não quero sair desse lugar onde me coloquei. É a única posição de vida aceitável para mim.

16h03. A internet me distrai um pouco, mas quando volto para mim e minhas palavras a vida dói, algo em mim reclama, sofro. O cigarro é um escape, uma pausa. Minha mãe não deixou cigarros como lhe pedi e está dormindo o sono da tarde agora. Tenho alguns poucos que espero que me supram até que ela me dê nova carteira. A carta do meu irmão ainda ressoa na minha cabeça. Eu estou supersensível, superfrágil ou me sinto assim. Qualquer coisa que interrompa esse estado de coisas em que me encontro só o faria piorar, por isso prefiro minha mãe dormindo por ora e a ausência de resposta do meu amigo da piscina. Se bem que ele não viria me roubar de mim, acrescentaria algo de positivo à minha prisão autoimposta no quarto-ilha. Vou pegar mais Coca e fumar um cigarro.

16h29. Minha mãe veio aqui, queria me levar para almoçar com o meu padrasto num restaurante japonês aqui perto. Obviamente tive um bloqueio imediato à ideia. Também me mostrou que o Netflix voltou a funcionar, mas não estou com vontade de nada. Muito chata essa fase. Espero que seja uma fase. Terei que ir a Porto amanhã encontrar com a família. Nossa, como será difícil e desgastante. Estou deprimido, não consigo ver outra razão para as coisas em mim se darem assim. E não quero mudar. Arrotei, foi bom. Acho que vou fumar um dos novos cigarros que mamãe me deu. Na escada, visto que eles vão sair dentro em breve. Acabou-se a página três. Vou publicar. A minha propaganda do Profeta do YouTube pulou para cinco visualizações. Interessante.




terça-feira, 4 de setembro de 2018

NOITE COMIGO MESMO


Estou motivado a jogar algum game hoje, talvez recomece Destiny, mas isso é para mais tarde. Meu amigo da piscina se deleitando com os games ontem me fez ver o hábito com melhores olhos do que costumava ver. Ele deve ter mais ou menos o mesmo nível de habilidade que eu e conseguia prosseguir nos jogos. Ele é bem melhor que eu em jogos de nave, ele consegue se focar na sobrevivência em vez de em exterminar os adversários. Eu me equiparo às vezes a um mendigo em termos de exclusão social, de não socialização. Eu tenho extrema simpatia pela classe dos mendigos, mesmo excluídos têm o que muitos não têm, o tempo para fazer o que quiserem, resta encontrar o que fazer. Eu encontro na escrita e espero retomar um pouco do gosto pelos videogames. Queria que mamãe fosse dormir cedo hoje, mas não parece ser o caso, visto que precisa preparar uma aula e está, para variar, procrastinando, depois de ter cometido a asneira de não salvar algo que passou a tarde fazendo. Não tenho nada a reclamar do mundo externo, tenho tudo que preciso para viver com conforto e prazer materiais. Então reclamo de mim, do meu descontentamento com a pessoa covarde, fraca e odiosa que sou. No momento não há nada no mundo que eu queira, que eu precise. Quando quiser Coca, vou à cozinha. E aproveito para fumar um cigarro. Tenho centenas de filmes para ver, mais centenas de jogos para jogar. Tudo o que eu queria era conversar com alguém por quem seja apaixonado. Mas já me resignei que isso não ocorrerá mais em minha vida. O vídeo que fiz para divulgar o Profeta é deprimente porque eu sou uma pessoa deprimente. E não tenho a mínima intenção de mudar. Estou esperando o Photoshop fechar para reiniciar o computador e instalar as atualizações do Norton. Me peguei pensando agora sobre diversas coisas, mas não me recordo, minha mãe falou com o meu padrasto e me perdi. Era um lugar emocional aprazível o que me encontrava. Acho que vou dar uma abreviada nessa espera, dar ctrl + alt + del. Botar para reiniciar, fumar um cigarro e tomar banho. Quem sabe não me anime a alma tais investidas? Vou lá. 19h28.

20h15. Meu corpo me trouxe com o mesmo estado de espírito para a frente desse teclado.

20h19. Me distrair um pouco na internet me rouba de mim e me sinto melhor. Eu não sei porque fico me focando no lado ruim de ser eu. Isso é extremamente prejudicial ao meu bem-estar. Não sei em que focar, as escolhas que fiz em meio às guinadas do acaso/destino me trouxeram até aqui. Heartland passa no som, linda. Gosto é realmente algo de cada um. Estão elogiando muito uma boneca que para mim não passa de regular. Tanto melhor se meu faro vai em outra direção, tenho mais tempo para comprar o que me agrada.

20h31. Queria ter uma ideia para o blog de bonecos, mas nada me vem à mente. Parece que meu cérebro diminui, fica mais restrito, pensa num repertório menor de coisas. Já entrei no ocaso da minha vida.

21h05. Passei muito tempo no Pinterest agora. Volto a me focar nisso que desgosto, neste estado de mim. Não quero. Vou fumar um cigarro e tentar jogar uma nova campanha de Destiny.

21h53. Load times muito demorados.

22h21. Estava um cai-cai desgraçado no servidor do Destiny, desisti. Fui fumar um cigarro e o total despropósito da minha existência me deu vontade de acabar com ela. Tenho que me apegar ao pouco que me resta, os bonecos e a paixão platônica. Por falar em paixão platônica, nem vi o Tinder hoje, não custa nada. Nada havia.

22h38. Tentei o Mario Odyssey e nada. Sem paciência para jogo. Se o Destiny estivesse pegando até que avançava mais um pouco, mas, assim, não dá.

22h49. Tomei os remédios, isso me deve dar fome. Só me resta uma solução para essa completa apatia, mas só posso quando os demais habitantes tiverem se recolhido. É assim para mim, certas coisas necessitam de privacidade total. Minha mãe queria que eu comesse, mas com o meu cheiro de cigarro e meu padrasto na cozinha não iria ser legal. Bonecas e paixão platônica. Pelo menos as primeiras são possíveis, por mais que talvez tenha que esperar mais um ano, até a próxima vinda do meu irmão, se puder vir no final do ano que vem. Vão tirar as telas de proteção das varandas e janelas por causa da mudança dos azulejos que revestem o prédio. Ainda bem que tenho medo de altura. Hahaha. O problema não está nos remédios, o problema está em mim. Eu anseio muito que mais tarde tenha algum alento. E amanhã tem Ju. No momento não estou nem um pouco disposto a vê-la. Reclamar das mesmas coisas. Poderia revisar o livro, mas me falta disposição. Só consigo fazer isso. Só me disponho a fazer isso, este texto. Vou ver a internet.

0h07. A noite é minha e a conduzo como intentava. Até com inovações. O quarto ainda está geladinho do ar condicionado que desliguei há cerca de uma hora. Comi uma bacalhoada maturada de um dia para o outro, deliciosa. Deixei um terço para comer antes de dormir. Não estou com coragem de encontrar Ju, mas vou mesmo assim. Eu não posso me entregar por completo, eu não suportaria. Acho que vou jogar um Call of Juarez.

0h14. Liguei o PS3, só falta encarar alguma coisa nele, vou lá.

0h23. Joguei um pouco de um jogo que nem lembro, depois Duck Tales remastered e vou tentar o Dukem Nukem 3D que dizem que é ruim. Veremos.

0h44. Uma merda para quem estava jogando Destiny. Coloquei inFAMOUS 2, está baixando a atualização. Vou tentar, não custa nada, de repente fique de rolé pela cidade.

2h51. Não joguei, preferi rever Ghost In The Shell, porém não aguentei até o fim, nada estava me acrescentando de interessante ou útil. Não me lembrava de nada, o que prova que é um filme que não me marcou. Já botei o som baixinho para dormir, desliguei as luzes e liguei o ar. Fumei também o que acredito ser o derradeiro cigarro desta madrugada. Vou me deitar. Deitar na cama depois de passar o dia quase todo sentado dá uma sensação muito boa. Um dos melhores momentos do dia para mim. Incrível, preciso fumar o último da carteira para dormir.