sábado, 17 de novembro de 2018

BLANKA I

Eu assisto xvideos.com. Eu me masturbo, prática normal, e o canal oferece milhares, senão milhões, de vídeos gratuitos das mais variadas categorias. Por que trago o assunto à baila? Porque há uma tendência que parece ser o novo padrão de sexo oral em que as mulheres tentam emular “garganta profunda” enfiando pênis enormes goela abaixo, muito mais do que seria confortável para elas, inclusive “vomitando” saliva porque devem sofrer algum tipo de lavagem estomacal antes dessas cenas. Além de não achar tal prática excitante, acho excessivamente degradante, submissa e agressiva para com a atriz, a mulher, o ser humano que está se submetendo a isso. Me revolta, não me excita. Mas nada posso fazer a não ser deixar a minha nota de repúdio aqui visto que a imensa maioria das cenas de fellatio que assisto são agora dessa natureza. Fora eu uma dessas atrizes, não só não me submeteria ao procedimento, como organizaria um movimento para que a prática fosse abolida. Não sou e a vida segue um tanto pior para as profissionais do ramo. Temo que homens empoderados pelo que veem nos vídeos venham a cobrar das parceiras tal feito. Mas chega de falar de sexo oral, coisa que há mais de dez anos não experimento.

14h44. Fui comprar Coca. Blanka está incomunicável porque precisou desinstalar o Tinder para que o seu primo tentasse consertar o seu celular. O nosso pré-relacionamento não pode ser descoberto por ninguém, pelo menos nas condições atuais. As condições do que pode vir a ser uma relação entre nós são as mais peculiares possíveis. Um verdadeiro romance do século XXI, com uma série de complexidades que às vezes me deixam perdido a respeito do meu papel nele. Acho que esse papel cabe a mim desenhar e definir, será uma construção, sempre respeitando os espaços que não são meus dentro dele. Sei que Blanka não está apaixonada por mim, eu confesso que ainda não estou apaixonado por ela, mas também sei que sua presença em minha vida me faz bem.

15h46. Como a relação é aberta, eu não tinha o que fazer e possuo cinco superlikes do Tinder para gastar diariamente até a minha assinatura expirar, fui ver o cardápio de gente, gastei meus superlikes, dei likes em outras, mas confesso que não sei se teria paciência para trocar ideia com alguma das selecionadas.

16h00. Fui fumar e vi vindo de volta um senhor que caminhava penosamente a passos curtos e lentos, aparentemente difíceis e sofridos de serem dados. Não pude deixar de me questionar se esse é o futuro que me espera, fumante e sedentário que sou. Entretanto, acho que não serei tão longevo, pois o sedentarismo, o cigarro e minha alimentação me levarão à morte precoce, isso sim. Que seja, a vida já me deu o bastante, há coisas a esperar, mas todas provavelmente se concretizarão em 2019, 2020 o mais tardar. Pode ser que Blanka entre de fato em minha vida e permaneça até lá, mas não tenho grandes esperanças. Não acho que conseguirei conquistar o seu afeto, é muito difícil, ainda mais tendo o seu coração já uma dona, com quem tem planos de longo prazo. Não digo ser impossível, mas há um ditado que diz que não se pode servir a dois senhores. Descobrirei. Uma coisa que me decepcionou bastante foi um realinhamento no nosso pacto. Acho que vou sair magoado dessa história se me doar demais. Ainda bem que ainda não me apaixonei. Infelizmente ou felizmente, sei lá, sei que é fácil me apaixonar e sei que é bom viver uma paixão. Mas é muito melhor quando é recíproca, que não vai ser, serei mais um instrumento do que a melodia. Penso que na cabeça dela me dará um mês, três no máximo e se sentirá no direito de me descartar. Espero que não. Vou tirar um cochilo, estou precisando.

19h30. Acordei e tomei banho. Foi um sonho quebrado, em que ia e vinha do mundo de Morfeu. Despertei pensando em Blanka, pensamentos sensuais, sobre a sua nudez. Agradáveis pensamentos que nem sei se se concretizarão. Também pensei nas minhas bonecas amadas, as femininas, especialmente. Acordei tomado de feminilidade ou, pelo contrário da apreciação masculina pelas formas da mulher, eterno encanto para mim, pelo menos, que tenho tais formas e feições por coisas mais belas do universo. Poderia nomear os pensamentos que tenho de Blanka agora como saudade? Se não o são em muito se aproximam da definição. A vontade de revê-la cresce em mim e provavelmente só o farei no dia primeiro de dezembro, dia da festa de 15 anos da minha prima caçula. O que me veio de forma preocupante é a recepção negativa da minha família materna (e também a paterna, suponho) se por acaso numa das celebrações que sucederão a estadia do meu irmão em solo brasileiro eu optar por tomar umas cervejas. Repudiarão a minha escolha, me criticarão e alertarão, mas espero que após o choque inicial e vendo que nada decorre do fato, relaxem. Há uma diferença social enorme para mim no fato de poder tomar minhas cervejas, me sinto como qualquer outro adulto ciente de suas escolhas, não como o viciado reprimido. Me vejo mais igual aos demais e esse sentimento é bom. Acho que é das melhores partes, não ficar com inveja ou constrangido por ter na minha repressão ao álcool uma lembrança do estigma que me assombra, hoje mais na cabeça dos outros que na minha. Se bem que o fato de querer beber é uma negação do estigma o que é, ao mesmo tempo, a lembrança de sua existência. Ei de superar essa fase. Às vezes bate-me o medo de estar em estado de mania. Mas todo e qualquer bem-estar que sinto me desperta esse alerta. Não acho que seja o caso, se bem que andei comprando algumas coisas que não deveria. E sinto um desejo forte de ter um Super-Homem, o novo Super-Homem da Sideshow na minha coleção. Acho que, tirando o Monstro do Pântano, que nunca terei por questões logísticas, é o único super-herói que me faz falta na coleção. E a peça é soberba. Contentar-me-ei com o que já tenho e o que já tenho é muito. Comprarei o Azure Dragon com o meu PayPal e darei minha coleção por vista. Se a arquiteta conseguir reservar algum espaço livre para uma ou duas peças de ¼ espero receber os pontos da Sideshow e negocio com mamãe a compra do Super-Homem. Não me incomoda que não seja o exclusivo. Mas não vou sonhar com o que não tenho quando tenho tanta coisa que possuo a sonhar. Que não sei quando vai fazer seu trajeto da América do Norte para a do Sul. Um dia. Espero que não depois do Natal de 2020. Preciso contar a meu irmão sobre Blanka, mas não tenho coragem. Prefiro que ninguém saiba. É uma história nossa, minha e dela, e quero que continue assim. Não diz respeito a mais ninguém, é uma construção nossa, pouco ortodoxa, é verdade, mas não menos válida – embora não esteja validada de fato ainda – e valiosa. Estamos ainda na planta do nosso projeto, não botamos tijolo sequer, estabelecemos as bases: honestidade, respeito e sinceridade. A cumplicidade e a intimidade construiremos juntos e são o corpo e alma da relação, que espero que seja leve, carinhosa e divertida de ser construída. Prazerosa, tanto para mim quanto para ela. Nossa, como queria que a regra de que não se pode servir a dois senhores fosse uma exceção na nossa relação que é toda repleta de exceções. Esta, talvez a mais importante, acho dificílima de ser alcançada e preciso manter os pés no chão a esse respeito. Difícil tarefa. Se bem que Blanka pode facilitar tomando as atitudes erradas. Percebo que ela está acostumada a mentir. Preciso reeducá-la, por falta de melhor termo, em relação a isso. Que minta para o resto do mundo, é a relação dela com o mundo, mas não minta para mim, pois é a minha relação com ela.

22h44. Tive que ir à farmácia comprar remédios para o meu juízo e quando voltei vi uma resenha do novo jogo de Pokémon para Switch, embora sempre tenha tido vontade de jogar um game da franquia, especialmente na tela grande com gráficos mais bonitos, eu não senti o menor tesão em voltar a jogar videogame. Eu realmente não sei o que aconteceu comigo nessa esfera. Ou pokéball. Haha. Fato é que darei o meu Switch para os meninos, filhos do meu irmão e que não sentirei saudades, ao que tudo indica. Existe para mim algo muito mais interessante que é Blanka. A única razão para não dar o Switch seria se Blanka gostasse de jogar. Mas nem assim mudarei a minha decisão, terá ela que se contentar com o PS3. Vou fumar, eu preciso.

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14h33. Estou ainda despertando. Ensinei mamãe a fazer café na cafeteira que ganhei da minha tia jornalista. Talvez o café me traga alguma memória RAM adicional. Não consegui ver o vídeo de Rodrigo Silva inteiro ontem, fui completamente subjugado pelo sono. Não me pareceu cansativo, estava interessante, mas o sono ganhou do meu empenho. O vídeo está numa aba aberta exatamente onde parou. Vou tomar um café e ver se com ele arranjo a coragem para assistir.

15h30. Tomei café, fiz coisas outras, principalmente mergulhei no maravilhoso mundo dos bonecos. Foi bom. Não quero ver pregação sobre o perdão no momento, simples assim. Eu acho que sei a importância do perdãooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii8888888iiiiiiiiiiiiiii8iiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu888888888888888888888888uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu ß Estava colando adesivos com as letras que estavam apagadas para ter uma melhor referência. Funcionou. Ficou tudo torto, mas isso é o de menos, não buscava a perfeição estética apenas a referência visual e nisso fui muito bem-sucedido, tanto que digito com muito menos erros e mais segurança, um aumento significativo na minha qualidade de vida, graças a mamãe, mais um motivo para ter por ela a mais profunda gratidão. Estou louco para que os pagamentos da boneca acabem, isso me dará tremendo alívio. Espero que o cara do Azure Dragon me contate nos próximos 15 dias para podermos fechar o meu último negócio, pelo PayPal, nada a ver com o cartão da minha mãe, e me veja livre de todos os pagamentos até março. Estou tomado de gratidão por talvez enfim ter a minha coleção completa. Verei depois o que farei com os 73 dólares de desconto que amealharei na Sideshow. Mas isso vai ficar para depois da SDCC. Sobre o perdão, acho que tenho experiência nessa prática, o acaso-destino no seu balé genético e sociocultural me agraciou com a facilidade de esquecer mágoas e rancores. Tenho para mim que se não me fizer significativo e importante na vida de Blanka, ela vai me dar uma relação de um a três meses e depois me mandar pastar, pois, por ora, não guarda nenhum sentimento de afeto por mim. Não sei se serei capaz, sendo como sou de provocar tais sentimentos nela, farei o que eu entendo por meu melhor e só me resta torcer para que seja suficiente. Há também o problema da aceitação da minha mãe. Esta festa de 15 anos vai ser essencial. Que ela, Blanka, não dê para trás. À medida que a data se aproxima, eu me sinto inseguro. Imagino ela. Preciso fumar.





16h12. Será um golpe difícil se na cabeça de Blanka já estiver tudo estipulado para me deixar. Seria frio e maquiavélico da parte dela. E não a conheço o suficiente para duvidar dessa possibilidade. Até me parece a mais plausível, mas o tempo e o acaso-destino que agiram a meu favor após uma década podem continuar sendo benfazejos comigo. Seria muito bom. Por suas respostas o nosso vínculo ultrapassará o carnaval. O que faz crer que ela gosta de ter planos de longo prazo, se agrada disso. Pode ser tudo mentira também. Mas não posso pensar tão mal da pessoa a quem quero desejar e repartir todo o meu bem. Acabou a terceira página. Revisar e postar.



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