Inusitado cotidiano. |
19h04. Vou trocar a minha camisa, está impregnada pelo meu cheiro. Suor e cigarros. Não me desagrada e é confortável para dormir, mas para a maioria dos mortais é anti-higiênico passar tantos dias usando a mesma veste, mesmo que em casa. Meu uniforme de trabalho é o meu pijama, não poderia haver melhor e mais confortável vestimenta para levar os meus dias no quarto-ilha.
19h19. Troquei pela camisa que quero usar no meu funeral com o questionamento “quem eu serei?”, mas acho que já disse isso em outro post, coisas da idade, coisas que se multiplicam, tanto fisicamente quanto e principalmente cognitivamente. Não sei o que sinto em relação à Blanka. Sinto receio do novo, da mudança, sinto medo de não ter tesão por ela, sinto que precisamos adequar nossos beijos, sinto que podemos aprender muito um com o outro. Sinto que pode ser uma aventura divertida para ambos, mas mesmo assim o receio faz sombra. Não deveria ser tão covarde em relação às minhas construções, às mudanças que dou no rumo da minha vida. E é certo que se não der certo, eu posso acabar a relação. Mas algo menos pessimista dentro de mim quer que esse laço se estreite, que o carinho emerja de ambas as partes. Ela disse que falaria comigo ainda hoje. Tenho digitado muito mal quando me comunico com ela e tenho vergonha disso. É como se eu fosse tomado por uma afobação que me faz trocar as letras.
19h40. Tentei puxar papo com todos os matches que tenho.
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20h24. Vou botar a lista 6 do começo, que desemboca logo em Björk visto que por ordem alfabética. O Bluetooth é uma tecnologia com lag mínimo, interessante. “Negligência, imperícia e imprudência, eu acho, são as três coisas que tornam um crime culposo”, ensinou-me o meu amigo da piscina, que contou de suas visitas a colônias penais, do respeito com que era tratado pelos criminosos na Defensoria Pública, onde trabalhou. Já trabalhou de pedreiro também, de mergulhador em profundidade, limpou cascos de navios, submerso naquelas águas turvas, esverdeadas, com equipamento de mergulhador, cara a cara com um imenso monstro de ferro e uma potente máquina que nem sequer posso imaginar. Eita, em teoria eu tenho um jogo de Switch para jogar. E o Mario de novo para zerar, mas quando se sabe todos os segredos perde a graça. Porém tenho o sucessor de Limbo para jogar. Pensei num desafio relacionado à luz e à escuridão para um game, mas seria chato. Nossa, como foi que me dispus a jogar Rayman (e desejo jogar o novo)? E desejo jogar o sucessor de Limbo, eis um jogo em que tenho interesse.
21h31. Estava comendo. Me perdi em várias ideias enquanto fumava. A respeito de Blanka.
21h34. Olha o que acabei de mandar para ela:
“21:34 - Não se aguentarei acordado até o seu retorno, me tente. Ao menos terei a alegria de acordar com uma mensagem sua. Significa para mim.
21h35. Muito meloso? Será que alguém lê os horários? Eu quando reviso não leio. Passa batido.
21h45. Fui fumar. Enquanto comia, agora que me lembrei, estava escutando o que meu padrasto assistia na TV sobre o governo Bolsonaro. Ele tem profundo interesse pelo tema. Eu acho que em breve eu vou me retirar, mas queria jogar o Insider ou Inside, se lá. Sei que videogames são a nova etapa do audiovisual, ou um desdobramento muito poderoso dele, no qual o expectador não fica passivo, ele determina o sucesso ou o fracasso do protagonista, ou de um exército, ou de sua vida pessoal alternativa, ou de uma civilização, utilizando uma série limitada de comandos. É possível, inclusive, usando quase todas as teclas do teclado, pilotar um Boeing de forma muito realista. Puxa, eu descobri que gosto e desgosto de viajar. Que antes desgostava mais. Acho que hoje estou mais sociável.
22h20. Fui à cozinha à cata do que comer, iogurte e mais biscoitos tortinhas de limão, e fumar um cigarro. Acho que vou me deitar ou tentar comer um pouco mais. Essa fome dos remédios, sei não, viu?
22h35. Comi torradas de pacote com manteiga. Quando acabar o copo de Coca me despeço de verdade. É a esperança de pegar Blanka quando voltar do show que me mantém aceso, vou olhar o maravilhoso mundo dos bonecos. Já com maquinações de solução da parte em que parei em Inside.
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13h12. Meu humor quando acordo é péssimo. Uma coisa não me sai da cabeça. Duas. Mas não cabem nesse espaço. Parece que o cigarro logo que acordo me põe pior e mesmo assim tenho vontade voraz dele por ter passado a noite sem fumar. Vou fumar mais um, espero que o café tenha esquentado mais na cafeteira.
13h31. Não esquentou muito, mas está melhor do que a primeira xícara. Estou com medo de Blanka, de tudo o que enfrentaremos em dezembro, de não ter a atração devida por ela, de querer pular fora. Se bem que pular fora é a coisa mais fácil do mundo porque em verdade sou um problema para ela, um problema com que ela resolveu enfrentar e conviver, se sentiria talvez melhor sem a minha presença na sua vida. Por outro lado, posso estar fazendo projeções catastróficas e talvez possamos nos fazer felizes. Me decepcionei um pouco com as fotos do produto final da Rebel Terminator, mas acho que a maioria das coisas não vá ser perceptível olhando a figura e o que mais me incomoda, a visão completamente estrábica da cabeça alternativa, não vai ser um problema porque vou usar a cabeça original para exibi-la, mas que foi um vacilo da Sideshow, foi.
14h11. Postei o meu comentário sobre a Rebel Terminator no maravilhoso mundo dos bonecos. Black Friday hoje, sempre cheia de tentações que não pegarei. Peguei só dois jogos para Switch, o já mencionado Inside e Fortnite. Em teoria paguei com o meu PayPal. Meu amigo que mora no Canadá falou maravilhas de Inside e Fortnite é uma febre, botei mais pensando nos meninos do meu irmão. Havia uma promoção de 30% na MoAF, na verdade ainda há, vai até hoje, mas se comprar o Super-Homem que quero talvez o truque não funcione e certamente não terei verba para o Azure Dragon, então reprimi todo o meu desejo consumista, o que não foi tarefa fácil, e apostei no Azure Dragon. Espero que se concretize. Estou muito imerso no mundo dos bonecos, né? É a Black Friday, a época do ano em que o meu desejo consumista mais me consome. Acho que ainda darei uma chance para Inside hoje, empaquei numa parte que não deve ser difícil de solucionar, mas é realmente uma derivação muito similar a Limbo, me decepcionei um pouco. Mas é bonito e atmosférico como o outro, a única novidade é que o protagonista é impelido a progredir porque é perseguido enquanto em Limbo não havia uma motivação explícita do porquê seguir em frente. Para quem nunca jogou Limbo, acho que a experiência pareça muito impactante. Assim será para os filhos do meu irmão. Fico feliz de estar fazendo essa boa ação, boas ações são tão raras para mim. Crio poucas oportunidades de fazê-las, embora seja um ativista digital, por assim dizer, assinando petições sobre diversos temas que acho relevantes para o Brasil e o mundo. Vejo que há pouco engajamento, pois reparto as petições e ninguém assina. Faço a minha parte e é mínima. Doei 50 reais para a Anistia Internacional e fiquei com raiva da atendente, pois queria porque queria que eu fizesse doações mensais quando deixei expresso a ela que minha mãe não permite esse tipo de doação. Ela quase me bota como doador mensal mesmo eu dizendo que não, achei chato e desrespeitoso da parte dela. Espero que não o tenha feito. Ainda falando sobre videogames, acho que é a última vez nesse post, o amigo a quem emprestei o Switch apagou o meu jogo de Super Mario Odissey no qual havia pego mais de 850 luas, ou seja, no qual passei horas e horas e mais horas jogando, talvez por isso tenha querido me devolver o videogame antes, ciente do vacilo que cometeu. Confesso que num primeiro momento senti profunda frustração, quase uma raiva, muito perto disso, mas agora, com o fato frio na cabeça, penso que o que valeu foi tê-las capturado todas, se a marca da minha conquista está para sempre apagada da existência, resta a memória de quão divertido e desafiante foi alcançá-la. Melhor jogo da minha vida. E sempre será, visto que cada vez me dedico menos a videogames, não me apetecem mais. Mas quero ter a oportunidade aberta de jogá-los através do PS3 e do Wii U, este último também emprestado. Cantando agora In God’s Country percebo que meu fôlego não é mais o mesmo, sou um ser condenado desde já pelo cigarro, o qual vou fumar agora com um café.
14h48. Adoro as vezes em que adoro a reentrada no quarto-ilha. Faz-me bem ao espírito e tanto mais fará quando o quarto tiver toda a minha coleção. Sem dúvida queria que espaço restasse para mais duas ou três peças, pois adoro o colecionismo. Estou satisfeito com as que tenho? Sim e não, porque ninguém sabe o que vem por aí e pode ser fabuloso, por outro lado, não há agora, além do Azure Dragon, estátua que me dê o clique, o Superman é a que chega mais perto, mas consigo sobreviver sem ele, por mais que ache que minha coleção deveria ter personagem tão icônico e em versão tão bela como essa nova da Sideshow. Meu coração balança por ele, mas não é o momento ainda. Tivera eu vendido os três últimos itens que estão à venda no eBay consideraria dar o golpe dos 30% na MoAF, mas não foi assim que a vida se deu e me conformo um tanto inconformado com isso. 30% é um desconto que nunca vi antes e me dói perdê-lo, mas isso é só o consumismo falando, gritando para se manifestar no efêmero êxtase da compra. E já tive desse prazer demais na minha vida, agora, afora o Azure Dragon, viverei um bom tempo sem ele. Ou algo me toma e compro o Superman na fuleiragem com a MoAF e desisto do Azure Dragon. Me confesso dividido. Mas já combinei com o cara da Gantaku, fabricante, para me reservar a versão exclusiva, já está tudo encaminhado, não vou fazer essa desfeita e é uma peça única, um labor of love, é mais arte que o Superman. E se diferenciará deveras das demais peças da minha coleção. Gosto de ter peças inusitadas, de ser meio esquizofrênico em relação à minha coleção. Blanka falou comigo agora sobre o show que foi ontem. Repliquei o comentário que o meu amigo fez de que eu deveria tê-la acompanhado, mas acho que não devo me intrometer assim na vida dela, não é o momento, nem a situação permite. O rolo entre eu e Blanka é complicado. Rolo que ainda não teve o seu início ainda. Vou fumar com o restinho de café.
15h18. Meu padrasto chegou e não gostou da tontura que minha mãe diz passar e vai levá-la ao médico. Ela está muito sentimental, deve ser o medo de que sua condição só venha a piorar. Eu teria esse medo também, mas a primeira coisa que faria seria parar de tomar o remédio contra o câncer. Tenho para mim que ele seja a causa de todos os seus males. Mas nada entendo, sei que tudo parece menor quando penso na saúde da minha mãe. Consumismos são reduzidos às insignificâncias que são. Blanka falou comigo, cometi uma imprudência. Não deveria tê-lo feito. Nada demais por enquanto. Acabou-se a terceira página. Vou comprar a Coca e quando voltar reviso e posto.
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