quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

FATOS MISTURADOS COM FICÇÃO

O acaso-destino às vezes me fere os olhos e agride a alma. Tão dignos ou indignos quanto eu. Por quê?

22h32. Os filhos do meu irmão jogaram até agora há pouco PS3 aqui no quarto. Não consegui escrever e continuo com um profundo mau-humor. Descontei no meu irmão, coitado. Ninguém me merece e eu não mereço ninguém. Blanka não deu mais sinal de vida, minha mãe nutre um repúdio por ela que beira o ódio. Hoje mamãe me machucou bastante com as armas que eu mesmo entreguei a ela.

22h49. Abracei o meu irmão e pedi perdão, hoje foi um dia indispensável que não precisava ter existido. Percebi o quanto da minha independência tive de ceder para não odiar a vida. E hoje ela foi odiosa em tudo o que me importa. Magoar o meu irmão, onde já sei viu? Alguém que só quer meu bem e a quem só quero bem. Precisava botar um pouco dessa coisa preta dentro de mim para fora e palavras não eram suficientes. Não estão sendo nem serão. Ainda bem que vou encontrar com Ju na quinta. Estou sem sono a internet está uma merda e eu estou uma merda. O que pode acontecer a mais para foder com o meu ânimo? Vou comer para ver se me bate o sono.

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13h19. Meu irmão e sua trupe acaba de partir para Porto. Blanka me respondeu. Não sei se conseguiremos travar um diálogo hoje. Não queria encontrar o meu amigo da piscina. Gostaria que Blanka lesse o meu post anterior do Natal dos Barros e mesmo assim quisesse levar adiante a nossa história. Ainda estou na ressaca da raiva que senti ontem. Vou fumar.

13h50. Não sei o que acontece com mamãe. Com tudo se cansa, parece-me meio deprimida, contrariada com a vida. Certamente não está sentindo a felicidade que ter meu irmão e netos aqui deveria lhe proporcionar. Acho que vou dormir, não estou com paciência para as palavras ou para a internet ou para coisa alguma. Sinto-me eu mesmo cansado e sonolento. Acho que é falta de cafeína, mas não estou disposto a fazer café agora. Quando acordar. É, acho que vou deitar.

19h21. Fui ao supermercado com mamãe para que sacasse dinheiro e repuséssemos o estoque de Coca. Ansiei voltar ao meu quarto-ilha e me imaginar aqui ouvindo música, digitando, tomando Coca recém comprada no ar condicionado me fez sentir necessidade disso tudo e satisfação. Agora que estou aqui posso dizer que me sinto muito bem aqui, entretanto, preciso de mais um cigarro.

19h41. Estou com certo torpor mental, mas não muito. A raiva profunda e rubra que senti ontem agora é vestigial. Não gosto de guardar mágoas, são dos pesos emocionais mais desnecessários que conheço. As pessoas só estão tentando satisfazer os seus egos ou deixar a consciência mais leve. Nossa, já estou com vontade de fumar outro cigarro e repor a Coca. Vou esperar. Minha prima, irmã caçula do meu primo-irmão vai levar o meu Wii U para Sampa, não sei quando o verei novamente. Talvez nunca. E isso não me incomoda muito. Dei o meu Nintendo Switch para os meus sobrinhos hoje. Me incomodou menos ainda. Descobri que gosto dos meus sobrinhos, tenho afeto por eles, especialmente pelo mais velho, acho que vai ser o que vai sofrer mais na vida. Em dois minutos vou pegar Coca e fumar. A luz que mamãe mandou colocar no quarto-ilha melhorou muito a visualização do teclado, mas me desagradou por ser branca, fria, impessoal, hospitalar. Preferia amarelada, gosto quando o mundo assume tonalidades âmbar. Nada que não possa ser mudado quando da reforma.

20h16. Conversei com mamãe a respeito das minhas opiniões sobre a nova iluminação e ela disse que o eletricista ainda vem aqui e que compraria luzes amarelas para substituir essas.

20h24. Meu amigo da piscina me chamou para descer e conversar. Não tenho como dizer não. Ou me falta a dureza de coração para tanto.

22h12. Foi bom. Meu amigo da piscina chamou s Singularidade de ficção como Jules Verne. Quem me dera meu trabalho “A NOVÍSSIMA RELIGIÃO” aqueles doze tópicos e as condições em que me vieram o tornassem um clássico da ficção científica do século XI. A probabilidade de haver vida em outros planetas é grande e a probabilidade que evoluam a ponto de desenvolver tecnologia é grande. Me deu vontade, depois de uma série de pensamentos, de ouvir Landlady do U2, pelos motivos lembrados, emergiu da minha memória pedindo para ser tocada.

Pensando no universo, a dimensão tempo é a mais forte porque ela força as demais a se expandirem, metaforicamente como alguém sopra um balão e faz ele inflar e se dilatar, o espaço seria a superfície do balão, mesmo assim a matéria tende a se agrupar por afinidade química e quanto mais pesados grupamentos, com mais massa, também pelo efeito da gravidade. Por que elétrons orbitam os núcleos dos átomos, eu também não sei, sei que o universo tende à entropia e mesmo assim a matéria se organiza pelo acaso-destino de forma inteligente e complexa capaz de gerar formas de aproveitar de forma mais inteligente a energia, de forma a aproveitá-la da forma mais eficiente e produtiva possível. Eu tive outra viagem, quando entidades que se alimentam de luz através das suas peles vítreas, porém elásticas, imortais, decidem deixar de existir, eles vão para um quarto totalmente escuro e lá ficam até a energia do seu corpo acabar, o que lhe dá muito tempo para pensar sobre o assunto e mudar de ideia. Seria é bastante tedioso, talvez uma cama que drenasse energia e a consciência fosse cessando de existir, como cair no sono, só que nesse caso na inexistência. Os mais jovens correriam para fazer o upload das memórias visto que o ancião deve ter muitas experiências para repartir.

23h30. Acessar a consciência do ancião seria como despir a alma e vestir outra. Assim me parece ser o processo de reencarnação. O eu permanece mas todo o resto do ser está em branco quando nasce. Cada alma escolhe da forma que lhe parecer mais adequada ou que é capaz de se “vestir”. Mas e se for um processo aleatório, como aparenta ser? Embora haja padrões, o que significa que há organização em meio ao caos e se há organização há tendência à inteligência. Tudo o que está organizado pode ser compreendido dadas a inteligência e a experiência necessárias.

23h42. Tem vezes que eu acho que tenho a vida que pedi a Deus, exatamente como imaginei que seria. Blanka está inclusa nisso. Sabe qual é o seu problema, Blanka? Você foi acostumada a ter e depois foi privada disso o que tornou a sua qualidade de vida pior, de uma maneira que você não gostou, então você valoriza demais o deus dinheiro, a capacidade de ter, se submete a algo que talvez lhe agrade, talvez não para ter mais, prefere do que pedir aos pais, privados que são e mesmo assim proveem todo o necessário, mesmo assim quer poder ter futilidades e quer ter logo. É quase um vício. Fui longe agora. Saiba que eu lhe aceito assim se não vier querer extrair isso de mim. Acho que vou comer mais. FIM DA FICÇÃO?

Die-Cut Ghosts Night


0h05. Se tivesse que escolher três estátuas para ficar, ficava com o Hulk, a Harley Quinn provavelmente, se ela tiver saído como esperado, e a Die-Cut, que certamente sairá como esperado. Se fosse escolher cinco, eu pegava a Red Sonja e a Babydoll. Se tivesse que escolher sete, o Surfista Prateado faux bronze da Bowen e aí a próxima, eu fico na dúvida, entre a Chun Li ou a Hatsune Miku, mas em verdade acabei de ver uma que certamente levaria: o Man-Thing da Bowen, pra mim o Surfista é mais fraco que ele. Ele é perfeito. Incrível. Uma das mais preciosas será a Little Mei, por ser, além de rara, feita e produzida por um cara em casa, no Japão e será pintada por Daisy à mão e com pintura personalizada e cuja pintura do vestido eu vou pedir para que ela me surpreenda e se possível me maravilhe. “Surprise me. If possible, amaze me” é o que escreverei para ela em 2020 quando espero pedir a mamãe para pintar os dois últimos kits tenho lá, visto que já vou dar a entrada para ela das duas figuras que ela encomendou de artesãos chineses a serem lançadas no terceiro e quarto trimestres de 2019. Ela já gastou o dinheiro dela em meu nome, não posso dar o calote. Aí com essas duas encomendas já a ela e mamãe regulando o meu gasto com bonecos, merecidamente, não posso comprar nada de novo esse ano. A que vem no terceiro trimestre é a Die-Cut, a minha número dois, eu sou apaixonado pela figura, completamente apaixonado. O Hulk só fica em primeiro porque já é uma parte importante da minha vida e não para de me fascinar, sua sensação de movimento, muito difícil de transmitir em uma estátua que é a cabeça, os ombros e pequena parte do peitoral, portanto desmembrada, mas a mim parece que avança na direção que olha. Queria mantê-lo sempre nessa posição que está, mas se vier alguém conhecer o quarto, fica baixo para ver e de costas para quem entra, a não ser que seja uma criança, como pude perceber com os meus sobrinhos, que demonstraram pouco interesse pela obra que me causa tanto encanto com a sua anatomia totalmente irreal, mas que de alguma forma parece extremamente harmoniosa com o todo, para mim uma obra-prima, deram o trabalho perfeito ao escultor perfeito, visto que nenhuma dos seus outros bustos me impressionaram, seu estilo, nas minha opinião atingiu a expressão mais perfeita e adequada no Hulk. Não queria nunca mudá-lo daí e desta altura de onde olho, mas acho que vou fazê-lo, em prol do visitante. Mas vou colocar uma base que gira para colocá-lo na posição ideal para mim quando não houver visitantes. Enquanto escrevo olho longos estantes para a figura. Sabe a ideia louca que me deu? No display do Batman Branco (tomara, tomara que a MoAF não venha cobrar os descontos-mutreta que apliquei neles através de um defeito no seu sistema) colocar à sua frente, de um lado, a caveira-coração e do outro, o esquerdo, dois negócios de colocar vela, com uma preta e uma vermelha. Para parecer um altar meio satânico, ficaria muito escroto. Poderia pôr o cânio-coração em cima de um prato de sobremesa, acho que caberia, acho que vou fazer isso. Hahahaha. Ah, e botar a caixa de feitiços que meu padrasto sugeriu comprar para enviar com as estátuas de umbanda/quimbanda que vendia no eBay, mas para as quais o público desapareceu.




1h14. Fui fumar e me veio à cabeça que o melhor filme de ficção científica que eu já vi foi 2001: Uma Odisseia no Espaço, seguido por Matrix e Interestelar. E o meu gênero favorito é ficção científica, houve boas nessa década, que tratam de assuntos que me agradam, em especial quando fala de alguma inteligência artificial e mais especialmente quando trata de inteligências que não são do mal, mas até Terminator 5 me agrada e Matrix me agrada muito, só acho que nos fundiremos à máquina por vontade própria uma vez que tenhamos a possibilidade de experimentá-la. O homem é atraído pela tecnologia, bem, a maioria. Meu pai não era. Os Barros, homens, da geração deles não são ou eram, o mais ligado acho que é o meu terceiro tio, que mora em Natal, mas nem esse o é muito. Valorizar a tecnologia é desvalorizar o humano? Depende, eu acho. Experiências virtuais são alienantes? Ou desumanizantes? O que é a realidade? Não é aquilo que existe e tanto existe que é percebido por nós com os nossos limitados sentidos? Então tudo o que percebemos com os sentidos é real? Inclusive a realidade virtual cuja única materialidade que tem são pixels acesos numa tela, tudo o que existe é luz e som (na verdade um grande caminho, repleto de tecnologias e mão-de-obras de vários segmentos foi preciso ser percorrido e continua a ser para que esse mundo em cima do mundo se manifeste)? Eu acho que tudo o que existe é real, mesmo que em forma de código lido e gerado por máquinas movidas a eletricidade. Não acredito no além, mas acredito no inconsciente coletivo. Acho que já o acessei algumas vezes. Acho que já atingi o nirvana uma vez. Acho muita coisa, como podem perceber e o que busco é só receber todos os bonecos e uma namorada. E que meu quarto-ilha possa acolher todos eles de forma agradável. Quando penso em namorada só penso em Blanka. Mas é difícil ter esperanças a não ser que no dia 27 ela me seja recíproca. Se dia 27 houver. Dia 27 é hoje! Meu deus. Ainda bem que tenho Ju logo mais.

“01:54 - Hoje é dia 27. Você pega os resultados das provas e...? De toda sorte, que seja um dia bom de ser vivido por você. E por mim, por que não?”

1h55. Postei para Blanka. Vamos ver qual resposta virá, se alguma.

1h58. Nossa, pensei em um bocado de coisa agora mas estou com preguiça de escrever vou tentar sintetizar em pequenas frases: sobrinhos no mar Porto, poético, belo; um guioza frito por preferência da dama; não vou dar meu cartão pra você, Mário!; bonecos que levaram a isso, todos valeram a dura pena que espero que um dia se reverta, afinal, só tenho os meus kits para pintar. Posso fazer dois por ano, como presente de aniversário e Natal. Sei lá. Queria ter R$ 250, R$ 300 para sair com Blanka, quando motel ou restaurante, cinema com lanche, balada. Certamente vai ser muito mais barato que os bonecos. Tudo isso se a miúda muda vingar. Mamãe não a quer dentro do prédio, então nada de aniversário do meu irmão para ela. Nem para ela, nem para mim. É meu direito me ausentar em protesto. Nem sei se ela viria. Já disse que tem que trabalhar no dia 29. De qualquer forma virou uma impossibilidade por causa de mamãe. Nada posso fazer. Mas ao dia 27 eu tenho direito, será o meu presente de Natal que pedi a Blanka, que a priori concordou. Mas anda tão incomunicável que nem sei. Acho que dentro em breve vou dormir. Só escrevi ficção hoje, passei a noite no mundo dos sonhos.

2h33. É bom deixar a mente divagar. Me apetece. Lidar com o quase possível, o que está no limbo entre ilusão e realização. Ou o que nunca vai acontecer. Acho que mandarei uma mensagem de ano novo para o meu tio que afirmou que vamos publicar o livro, sim. Direi, “Tio amado, desejo um 2019 iluminado por mais que um período obscuro, de obscurantismo, desponte no horizonte”.

2h38. Estou tendo enorme prazer em viver esse momento, muito bem comigo mesmo, disse tudo o que queria, me sinto aliviado e leve. De bem com a vida, em paz. É bom ter momentos assim e deveriam ser mais frequentes que momentos de perturbação da alma. E é o que geralmente tem acontecido, as perturbações têm sido esparsas, por mais que tenha havido uma concentração de negatividade muito grande em mim dia 25. Foi um dia nocivo para mim. Me fez mal, odeio dias assim. Ainda bem que são extremamente raros. Tantas más notícias de uma vez só. Até raiva do meu irmão eu senti. Acho que a última vez que tive raiva dele depois da infância foi quando recebi o esporro da Coca nos Estados Unidos.

2h57. Vou acabar de comer o gelo para dormir. Eita, mas preciso comer alguma coisa antes de dormir para não levantar no meio da madrugada e ir quase sonambúlico comer. Sucrilhos com leite e Toddy. Boa noite, dia ou tarde. Ou um seguido do outro repetidas vezes.

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