13h47. Familiares chegam para se confraternizarem aqui hoje.
Eu já estou pronto para Olinda.
13h53. Meu primo-irmão também está pronto. Estamos esperando
o nosso amigo cinéfilo. A família está reunida. Legal. Dá até vontade de ficar,
mas minha curiosidade está voltada para Olinda. Quem sabe quando eu voltar não
esteja rolando ainda a festa? Pela hora que iremos sair, acho difícil. Mas não
emendarei de forma alguma para o Recife Antigo. Count me out. Não sei porque uso esses anglicismos, acho que para
passar vergonha. Creio que vá ficar o tempo todo no casarão do meu tio por
parte de mãe lá. Espero muito que ele realmente tenha ido. Caso não tenha,
ficarei em frente à casa de um amigo do meu primo. Ficar me locomovendo muito
no meio da massa é que eu não vou.
14h20. Vou levar o celular! Está numa pochete do Star Wars.
Dentro da bermuda. Não é possível que levem. Só se for quando eu for chamar o
Uber. O carnaval deve ser a farra do celular para os ladrões.
14h30. Meu primo-irmão pretende ficar em Olinda até o Homem
da Meia-Noite. Se meu tio do casarão for dormir em Olinda até me aventuro. Isso
se assistir o mais famoso boneco gigante desfilar de dentro da casa do amigo do
meu primo-irmão. Eu estou muito antissocial, nossa. Nem ficar com a velha
guarda na varanda eu quero. Quem será que, da família materna, aportará na casa
do meu tio? Aposto que deverá estar cheia de pessoas. Uma casa em Olinda de
graça é uma boquinha que poucos querem perder.
14h40. Até agora nada do nosso amigo cinéfilo.
(Nota: Eis os e-mails
que escrevi durante a minha ida a Olinda.)
Assunto: Carnaval
14:59. Estamos tentando pegar o nosso amigo cinéfilo no
centro. Está rolando um certo estresse. O motorista certamente não dará uma
nota muito boa para o meu primo-irmão. O nosso amigo cinéfilo chegou, está ao
meu lado.
15:13. Já estamos no engarrafamento para Olinda.
16:47. Estou sentado ao lado de Albertão. Não pretendo sair
daqui. É um Carnaval muito plural o de Olinda. Há pessoas de todos os tipos,
inclusive quase inválidos desfilando à minha frente. Temo que tomem o celular
da minha mão. Minha mãe me incutiu tal paranoia, mas acho que estou seguro onde
estou. Quando vier um bloco, eu escondo o aparelho. Por enquanto a rua está
tranquila. Uma moça um tanto vulgar vestida de gatinha, mas que não é gatinha
na minha opinião, parece ser uma presa fácil. Não me interessa. Aliás, até
agora só vi uma garota que me chamasse a atenção. Um monumento, embora não
muito alta, tinha um corpo exuberante que não fazia questão de exibir, usando
um fio dental praticamente com uma saia transparente.
16:58. Parece que vai chover. Não é nenhuma novidade nessa
época. Lá vem o monumento, está hospedada na casa da frente. As pessoas passam
cada vez mais ébrias. Devem ter chegado cedo aqui. Vou observar um pouco mais a
festa de momo.
17:09. A rua está mais cheia. Colocaram um som em uma das
casas. Rola algum dos pancadões de hoje em dia. Os ex-alunos de Albertão que
aportaram aqui se animam com o som. Há muitas mulheres vestidas de policiais
dominatrix.
17:27. Acho que não vai mais chover. A noite vai se
derramando lenta pela cidade Alta. O monumento está sentada em frente a mim do
outro lado da rua.
17:32. Um bloco de anciãos cantando músicas da velha guarda
acaba de passar por aqui.
17:34. A turma disse que passaria aqui depois do Eu Acho É
Pouco. Disseram que o bloco acabou de sair.
18:08. Passou o bloco dos Papudinhos de Bonsucesso. Vi mais uma delícia ler e KY is u
going home for a long time long time
here u ikon.. Ipassando. Acho
(Nota: não sei como
esse texto em inglês foi parar no post, mas é deveras curioso. Interrompi o texto pela metade porque fiz alguma
besteira no celular.)
Assunto: Olinda II
18:23. Nada dos meninos. Ainda estou sentado ao lado de
Albertão. Mandei um WhatsApp para a minha mãe, para tranquilizar a véia. Nossa,
o monumento com esse biquíni virada com a bunda pra mim é um colírio. Vou
aproveitar a vista. Foi só falar e ela sentou. Que pena. Não sei mais o que
dizer, o clima esfriou mais, acho que muitos foliões já devem ter dado o dia
como visto e terem ido pra casa. Imagino a ressaca coletiva amanhã.
18:57. Os meninos chegaram há alguns minutos. Deliberam ir
para um lugar chamado Fortim para assistir shows do Eddie e Ave Sangria. Acho
que se eles forem, eu vou. Eu acho.
19:04. A galera ainda não decidiu o destino.
(Nota: fim dos e-mails)
Estou de volta do Carnaval de Olinda. Foi uma experiência
válida, tornou-se ainda mais válida quando encontrei a turma e rumamos para o
Fortim. Pude interagir mais por mais que tenha sido mais demandante e
cansativo. Envolveu caminhada e aglomerados concentrados de pessoas em alguns
lugares. Como no nosso destino final, o Fortim. Avisei à galera e fui sentar
nos bancos à beira-mar. Observei duas mulheres dançando como um par, num jogo
de sedução, senti a brisa marinha, fumei um cigarro, pensei sobre a vida ao som
de Academia da Berlinda de quem não conheço uma música sequer. Em alguns
momentos me senti alienado e alienado deveras sou de minisséries, música atual,
de quase tudo. Carregar esse vazio que as outras pessoas têm preenchido com
essas informações gera falta de identificação, de assunto. Quando estava saindo
de táxi, vi uma moreninha bem gostosuda, não resisti e fiz “pô”, quando ela
estava olhando para mim. Não é que ela abriu um sorriso? Nunca esperaria tal
reação. Dei por vista a minha incursão pelo Carnaval. Agora, a partir de amanhã,
é só quarto-ilha, Word e Mario Odyssey. Me diverti a meu modo, durante a tarde,
observando o movimento – e o monumento – e escrevendo; e me diverti em grupo,
com os meus amigos, numa socialização agradável e irmanada. Ainda bem que não
faltavam pessoas para conversar com o nobre Albertão, pois eu, se troquei
quatro frases com ele foi muito. Não sabia o que conversar, não tínhamos
conhecimento algum um do outro e não nos sentimos, mais da minha parte,
estimulados a conversar um com o outro. Ainda bem que ele foi entretido por
seus ex-alunos que não paravam de surgir e cumprimentá-lo. Um grupo passou
quase o mesmo tempo que eu com ele lá a trocar ideias, o que me fez sentir
imensamente aliviado, por não ser necessário socialmente e poder fazer o que
tinha vontade. Quando os meninos chegaram a história foi outra, a conversa
correu solta, troquei ideia com o meu amigo cervejeiro e o meu amigo cinéfilo e
não conversei mais com o meu primo-irmão porque estava acompanhado de uma
garota.
À frente o palco do Fortim. |
0h35. Meu primo achou o busto do Hulk parecido com o Eddie
do Iron Maiden. Hahaha. Viu na minha tela a imagem do busto, que queria mostrar
a ele, mas antes que o fizesse ele olhou para a tela e perguntou se era a
mascote do Iron. Hahaha. Mas voltando ao assunto momesco, o dia foi muito
melhor que o esperado, superou minhas expectativas. Amanhã é a inevitável volta
ao quarto-ilha. Foi bom ter passado esses dias aqui, foi bom minha tia me
perceber isolado. É como tenho me colocado no mundo, só com as minhas palavras.
E o Mario Odyssey que, infelizmente, tem prazo para acabar. Infelizmente,
também, não vimos o Homem da Meia-Noite, mas isso só me valeria como uma
história para contar, não acho que renderia muito mais que isso. Agora estou de
novo na frente do computador. Eu e as palavras. O que acho disso? No momento
nem gosto nem desgosto, mas é muito melhor tê-las do que estar sem elas. Se sou
viciado em escrever? Talvez. Melhor do que os outros vícios que carrego. Se me
faz mal? Estou me alienando aos poucos da sociedade, mas a sociedade cada vez
me diz menos. São massa rompantes esporádicos assim, pois vislumbro uma coisa
outra na minha vida, sinto o poder da intimidade em diferentes graus, mas o
sentimento de não pertencimento lateja agora em mim. Na hora não senti isso,
não sei por que vim sentir aqui. E não quero me focar nisso. Acho que mantenho
relações muito superficiais com as pessoas, que não tenho a intimidade que
tenho com as palavras. Isso me preocupa, por que não há como ter mais
intimidade do que conmigo mesmo, eis a verdade. E nesse meu monólogo converso
de mim para mim, sou o mais íntimo que posso ser publicamente. E ainda tenho o
Vate para as coisas que são de mim, mas não são para os olhos alheios. Tenho
vergonha de admitir, mas tenho o Mario Odyssey que me diverte de uma forma
singular que só videogames podem proporcionar a um gamer. Só quem é gamer
entende o grau de elação que o jogo da sua vida pode proporcionar. São momentos
inesquecíveis. Serão momentos inesquecíveis porque perduram, o jogo ainda não
acabou. 1h05. Ainda não estou com sono. Mas ele se aproxima. Isso é bom. Não
acordo tão tarde. Ou desperto para o almoço com mais disposição. Isso se minha
mãe não vier me buscar antes. Queria ter outra Coca de um litro para beber ou
poder pegar café e água na cozinha. Quem sabe não crio coragem para tal. Não
sei. Não quero perturbar a minha prima professora que acho que ainda dorme na
sala. Tudo leva a crer que dorme, não quero interromper o descanso dela, é por
demais inconveniente por parte de um hóspede. Indelicado. Desrespeitoso até. Eu
me viro com meu Vaporfi a seco mesmo. Isso não é problema. O saco vai ser
arrumar tudo para amanhã, mas não há nem muito o que fazer.
1h13. Resolverei o problema da água de forma um pouco menos
ortodoxa, mas que não afetará o sono da minha prima. Pronto. Tenho suprimento
de água até dormir. Um enigma simples da existência que não tive problema em
contornar e achar uma outra solução. Aí fico querendo o café o que já é querer
demais. A água me basta. Deixa de ser peitica, Mário. Há alguns minutos atrás
você não tinha com o que molhar a goela, agora está bem servido, é o
suficiente. Mudando de assunto completamente, eu tenho uma estranha mania de
colecionar alguns e-mails promocionais. Sei que isso é ridículo e inútil, mas penso
na constante virtualização dos produtos e conteúdos.
Miniconto.
Pode ser que em algum futuro distante, um historiador da
História do Entretenimento Digital possa utilizar todos os PDFs de ofertas da
Gamestop que salvo para traçar um arco histórico baseado no que estava em
evidência e nos valores dos softwares e hardwares desses folhetos digitais e
sua variação ao longo do tempo. Poderia ceder os documentos a ele. Seria um
farto material de pesquisa e ricamente ilustrado. Sei que isso é só devaneio.
Considere um microconto, uma ficção baseada em fatos reais, pois efetivamente
salvo todo e qualquer PDF que a Gamestop me manda.
1h25. Algo, um impulso, me empurrou para longe do computador
por alguns segundos em que fiquei me questionando, se não isso (a escrita),
então o quê? Mas foi rápido, pois o mesmo sentimento me motivou a escrevê-lo
aqui, por ser a primeira vez que me ocorre. Pois, é, se não for escrever, não
sei o que faria da minha vida. Nada me agrada mais e eu acho que na vida a
gente tem que buscar o melhor, o que mais se enquadra aos nossos desejos,
tentar ser feliz como se é capaz. E meu desejo é simples, banal, é fazer isso
tendo Coca Zero gelada e o que fumar. Com o busto do Hulk ao meu lado. Queria
que lançassem expansões para o Mario Odyssey. Novos mundos a serem explorados.
Mas acho isso impossível. Eles já colocaram coisas demais num jogo só.
1h34. Estou ficando sonolento. Seria bom até dormir antes da
fome dos remédios. Vou pegar mais água.
1h37. Peguei e acendi o penúltimo cigarro da noite. Mais
reminiscências de Olinda? Vi uma menina que parecia uma fadinha, tão bonitinha
e miudinha. Vi um velho que caminhava muito mal, com a pernas de alicate, dava
cinco passos e parava, seguido de outro com cacoetes faciais realmente
estranhos e constantes, ambos juntos aproveitando à sua maneira o Carnaval. Vi
com inveja muitos homens sarados, obviamente sem camisa, para exibir o
resultado de tanto esforço nas academias às damas ou cavalheiros de seu
interesse. Vi muito Fred Flinstone e Super Mario. Além das policiais
dominatrix. Vi um casal de baixa renda, jovem, com um bebê de colo, com
pouquíssimos meses de vida, levando o isopor para vender cerveja. A vida é
realmente dura para alguns. Mas não pareciam tristes, acho que deviam se amar e
amar o rebento. Prefiro crer assim. Vi onde os sem-teto de Olinda se alojam na
orla. Foi uma visão triste.
Vou na cozinha comer alguma coisa e ir dormir.
2h05. Comi primeiro o resto do doce de leite, eu acho,
depois o resto do macarrão com queijo ralado e por final, a delícia, uma
bacalhoada que só vi quando fui guardar o queijo na geladeira. Foi uma lauta
refeição. Fumar o digestivo e ir dormir. Amanhã, no quarto-ilha, colo o que
digitei em Olinda aqui. Tenho saco agora não.
-x-x-x-x-
15h27. Já arrumei tudo, só falta o computador. Minha tia foi
dar o primeiro banho em sua neta e mamãe ficou de me buscar mais tarde. Hoje é
o glorioso retorno ao quarto-ilha. Sem internet. O nobreak do meu padrasto deu
pau, por isso tenho que acabar esse post e publicar ainda na casa da minha
tia-mãe. Vou colar os e-mails que escrevi e revisar até aqui, pois daí posso escrever
com mais tranquilidade. Momento. 15h31.
16h05. Revisei e percebi que muita coisa que narrei foi
perdida por minha incompetência em mexer no meu celular. Que pena. Lembro que
vi dois Jack Sparrows por lá, o que achei interessante, especialmente pelos
dois serem coroas. Um era uma superprodução, estava muito parecido, detalhado e
rico, supus que o coroa tivesse dinheiro dada a produção, e devia fazer um
calor danado a fantasia. Deixou de constar que o monumento estava acompanhada,
o que acresce um fetiche a mais a ela. Esqueci de narrar da miserável vendedora
de chicletes, grávida, eu acho, e com jeito de moradora de rua ou viciada em
crack que veio vender chicletes para mim. Era só o que tinha a oferecer, três
caixas de chicletes de cartela de três sabores. Quis ajudá-la comprando uma
cartela e acabei chutando sem querer as caixas de chiclete na sarjeta molhada,
quando ela as colocou no chão para tirar o troco. Pedi sinceras desculpas.
Incrível que ela conseguiu limpar e tirar a água das caixas de forma a parecer
que nada tinha acontecido. A necessidade é realmente a mãe da invenção. Como
retribuição pelo meu ato o destino fez com que a cartela de chicletes que havia
comprado também caísse na sarjeta, onde permaneceu ou foi levada pelos pés dos
foliões.
16h20. Tirei outras fotos. Colocarei abaixo. Outras tantas
poderia ter tirado se tivesse mantido o meu celular no bolso em vez da pochete,
mas não quis arriscar.
Em primeiro plano, os meus companheiros de cadeira na casa de Albertão. |
O povo a passar num desfile sem fim. |
Prova de que estava sentado em pleno Carnaval de Olinda. |
16h26. Como já guardei o meu pen drive, salvei esse arquivo,
que não havia salvo ainda, na Área de Trabalho. Tenho que me lembra de salvar
sempre, poderia ter perdido o texto, o que seria decepcionante, visto que não
tenho as memórias tão vívida quanto na noite passada. Meu tio chegou de Olinda,
meu primo-irmão acho que não chega antes da minha partida e provavelmente
destruído, afinal gastou uma dinheirama para ter como porto seguro uma casa
equipada e com open bar. Deve tomar todas para compensar o investimento. Estou
satisfeitíssimo com a minha incursão no Carnaval e não preciso de mais. Se me
lembro de mais alguma coisa? Lembro que fui mijar numa das ladeiras eleitas pela
massa como mictório, fico a cismar como as gentes se organizam como formigas e
determinam tais coisas sem se comunicarem umas com as outras. O fato foi que
havia um grupo de garotas no final da ladeira e elas ficaram olhando para o meu
pau enquanto urinava. Não estivesse eu tão necessitado, não teria feito ali,
mas no aperto consegui relaxar. Havia outros a mijar e acho que as meninas
olhavam para todos os pênis, o que me fez indagar se estavam ali para isso. Há
fetiches de todas as formas, cores e sabores, como há gente com a mesma
variedade em Olinda. A moças eram jovens e havia uma até bonitinha. Confesso
que o fato de olharem o meu pau, me fez sentir um pouco mais macho, um pouco
mais desejado. É, também tenho os meus fetiches, mas confesso que não sou um
desbravador do campo, então só me apercebo que alguma coisa me traz excitação,
quando a excitação se dá, seja manifesta em ereção, seja apenas um sabor de
safadeza nos pensamentos, como foi o caso da ladeira. Sim, falando nesse
assunto fálico, me lembrei de uma parte essencial do meu dia de Carnaval, a “Escada
Rôlante” que puseram em frente à casa de Albertão. Era uma escada cheia de
pênis (rolas), que as meninas, pois é meninas, da casa da frente convidavam as
pessoas a subir. Essa era a brincadeira deles. Meu primo disse que o mesmo se
deu no ano passado com a adição de um irritante bumbo que deixou Albertão
bastante enervado. Fato é que me surpreendi com o número de garotas
(especialmente) e rapazes que subiam na escada para brincar ou tirar fotos,
muito mais para tirar fotos naquela situação peculiar que para brincar.
16h50. Vi também como uma dança que considero vulgar e
erotizada está difundida entre as mulheres, qual seja, botar as mãos no joelho
arrebitar a bunda e ficar fazendo movimentos sensuais. É agradável de ver e ao
mesmo tempo um pouco chocante para mim, pois até garotas que imaginava terem
mais compostura, dançam desinibidamente dessa forma. Acho que estou ficando
velho. Outra moda, agora entre os homens, foi descolorir as barbas, deixando-as
loiras. Não fica legal, mas vi vários caras aderindo ao modismo. Ah, os sentimentos
de autoafirmação e pertencimento ao grupo o que fazem. Sobre autoafirmação não
posso nem comentar, quer mais autoafirmação que me repartir nesse blog? Hahaha.
16h59. Até que guardei bem as memórias do Carnaval. Uma das
benesses de não beber. Ir ao Carnaval para mim é me divertir com a diversão
alheia, ver a humanidade desfilar sua criatividade, exibicionismo, sensualidade
e ébria euforia de forma supercolorida num ambiente belo que é a Cidade Alta de
Olinda. Os e-mails com as fotos acabaram de ser enviados. Posso agora
recortá-las e redimensioná-las no Photoshop. Mas não farei isso agora. Ou
farei? Vou baixar as fotos e salvar e descompactar e fazer logo todo o chato
trabalho.
17h39. Acabei, ufa. Agora estou livre de novo para escrever.
Me indigna como sou um péssimo fotógrafo. Interessante, um cachorro pode se
sentir só. A cadelinha daqui foi latir à porta do meu tio demandando atenção.
Meu tio atendeu ao seu pedido e se levantou para lhe fazer companhia. Ele
aprendeu a amar o animal, como sonhei um dia que meu pai faria o mesmo com a
cadelinha que lhe dei. Não gosto de lembrar disso.
17h48. Vi uma foto de Clementine no WhatsApp agora. Não me
despertou nada a não ser um sentimentozinho leve e ruim. Mágoa diluída pelo
tempo. Ainda bem que o tempo dilui essas coisas. Ainda quero ter uma foto dela,
aliás duas, as duas mais belas fotos dela para olhar no meu quarto-ilha, não
sei bem por quê. Acho que porque paixões não realizadas nunca morrem, pois
nunca tiveram vida de fato. São fantasmas emocionais. Ademais acho duas fotos
lindas e uma delas ainda traz a presença ilustríssima de Maria, tão avessa a
fotos. Quero fazer o meu pote de lembranças. É uma das coisas que vai constar
no meu quarto. Meu relicário de lembranças materiais da vida. Não bastasse esse
espaço. Hahaha.
17h56. Acho que o gato vomitou uma bola de pelos aqui na
bancada. Aparência mais estranha. Seria estranho colocar uma foto disso como o
meu plano de fundo. Gosto dessa estranheza. Considerarei. Estou cansado da do
Super Mario Odyssey que agora o computador ostenta. Já desmontei o Switch, por
sinal. Só falta o computador.
Sugestivo o nome do livro. |
Momentos antes da foto acima. |
18h06. Minha mãe acabou de me ligar e disse que não vem me
buscar, que eu espere minha tia chegar e volte de Uber. Vou esperar até 19h00,
postar isso e ir embora independentemente da chegada da minha tia ou não. Mando
um WhatsApp para ela, não gosto de despedidas. Odeio despedidas. Como odeio
reencontros. A não ser que seja o reencontro da pessoa amada. Reencontros, como
despedidas, são eventos que geram uma certa demanda emocional. Acho que vou
agora quando acabar de postar esse texto. Vou revisar o que escrevi hoje.
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