segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O POÇO, ANIVERSÁRIO DO SOBRINHO E QUASE ATÉ A TERAPIA





15h31. Já estou na parte em que como o gelo do copo, a Coca já se foi. Acabei de publicar o post de ontem, em que faço observações disparatadas sobre o filme Pantera Negra. O pagode ecoa da cidade ao sábado à tarde. Ao vivo, com todos os maneirismos do gênero. Está bem tocado e cantado, profissional. Me lembrou o Dia Nacional do Samba, uma das últimas saídas de que gostei. Que me lembrou outra saída onde descobri que não sou uma personalidade atraente para as mulheres de hoje. E como também não sou fisicamente atraente, o teatro da solidão está montado para que eu encene a minha vida nele. Recebi uma curtida do meu post anterior. Já ganhei o meu dia. Todo autor quer ser reconhecido, nem que um pouquinho reconhecido, acho que todos nós escrevemos visando sermos lidos. Então uma curtida é um sinal de conhecimento e reconhecimento da minha obra. Adoro. Depois volto para cá. Acho que vou escrever uma pequena obra, a mesma temática dos meus textos, só que vou compilar uma semana num arquivo só o que dará umas 70 páginas.

17h08. Desisti, houve muitas interrupções e perdi o momento. Me sinto aliviado de ter desistido. Mas não há absolutamente nada que me impeça de começar de novo. Estou realmente fora de forma, qualquer mínimo esforço me põe a suar. Meu computador não está ligando o Bluetooth, não sei o que é isso e não gosto de mandar direto do celular para o som, posso precisar da bateria do celular para sair. Se bem que parece que o aniversário do meu sobrinho se dará realmente amanhã, logo não sairei hoje. Bróder, chegou o momento da saturação do disco de Björk, o “Utopia”, não estou conseguindo ouvi-lo.

17h17. Consegui fazer o Bluetooth do computador funcionar uma vez mais. Foi um caminho meio tortuoso pelas entranhas do sistema, mas consegui. Ainda bem. E coloquei “Utopia” para tocar, sei lá por quê. Era o que estava tocando, então deixei. Não estou com saco de fazer nada, acho que vou me deitar um pouco. Vou é pegar o meu último copo de Coca. Quem sabe fazer um café. Não, café acho que não. Senão iria ouvir de mamãe e estamos tão de boa um com o outro, não quero macular isso. Vou pegar Coca e voltar para cá.

17h25. Havia bem pouquinha Coca, pouco mais de meio copo. Este post está terrível. Suspiro...

17h31. Meu amigo jurista quer me fazer gostar de Zelda Breath Of The Wild. Não dei o jogo por visto, mas estou bastante desmotivado, para dizer o mínimo, para encará-lo. Estou bastante desmotivado para qualquer coisa hoje. E pensar que amanhã, a essa hora estarei em João Pessoa. Nossa, como queria não ir. Mas não vejo como. Penso que mamãe pode me chantagear com o Hulk e não quero que ela se passe por esse papel. O que quero? Quero uma Coca de dois litros gelada da pizzaria. Ou melhor, duas. Quero que o gelo dê até hoje à noite. Quero fumar um cigarro de verdade. Não quero mais do que isso. Queria que me deixassem ficar aqui amanhã.  Queria só um pouquinho morrer de uma morte rápida e indolor. Mas só um pouquinho. Quero mais continuar vivendo mesmo que a esmo. Queria me tornar novamente mais social. Não sei o que vou dizer à minha terapeuta, Ju, na segunda. Sou como um mendigo que vive só porque ainda há vida a ser vivida, mas uma vida quase que totalmente desprovida de sentido. Se eu perder o tesão por escrever, estou perdido. É a única coisa de especial e preciosa que tenho. Que construí para mim. Não é muito. É muito pouco, em verdade, mas é o tudo que eu tenho para emprestar direção às minhas ações. Não tenho namorada, filhos, emprego. Não saio muito. Não me resta muito a não ser escrever. Ou eu não vejo muito mais além da escrita. Não me interesso por filmes, seriados, jornais, shows, revistas, livros, viagens. Me interesso pelo novo jogo do Mario, mas não me interesso por muito além disso. Muitas vezes me sinto perdido e quando me sinto assim, sento e escrevo, como se dá agora. Estou me sentindo perdido. Não queria ir para a terapia na segunda. Estou passando por uma fase difícil e não estou sabendo como sair dela. A terapia deveria servir justamente nesse ponto, para me ajudar. Vou ter que encarar. Me sinto com vergonha de estar numa sala fechada com Ju. Não sei o que falar com ela. Não sei o que dizer aqui. Estou perdidinho da silva. Não tenho coragem de passar pela sala com o meu padrasto lá. Isso está exagerado. Eu devo estar fantasiando, hiperbolizando a minha antissociabilidade. Mas é como me sinto no momento. Mas vou pegar água mesmo assim e botar os pratos no lava-louças. Estou sentindo que um colapso se aproxima. Se continuar assim. Acho que me acostumei a dar um reboot na minha vida de tempos em tempos recaindo na minha droga de preferência. Xô, pensamento maldito! Não posso pensar assim. Recair não vai me levar a nenhum lugar bom, a nada de positivo. Por pouco não deixo a fissura me pegar. Que ozzy. Eu abri uma brecha grande agora, chamei o monstro estando completamente desarmado, ainda bem que me blindei a tempo. Não sei se consegui ou se uma sementinha do mal foi plantada aqui. Não quero ir para o Manicômio. Só gostaria de estar lá se pudesse ter o meu computador para escrever. Aí faria um diário do Manicômio mais decente, eu acho. Mas isso não se daria e não se dará porque eu não vou dar brecha para uma recaída. Pelo menos não uma em que eu seja pego. Hahahaha. É praticamente impossível recair na cola e não ser pego. E minha mãe sempre me interna no Manicômio, o que é uma experiência triste, deprimente, especialmente sem o clã para me apoiar. Não posso e não vou recair, foi uma fraqueza de alma que me acometeu, abaixei a guarda por um momento, mas já passou. Pelo menos gerou conteúdo para o blog. Eu que estava no maior marasmo existencial, volto a ele, depois de um breve descontrole que poderia ter me custado muito caro. O marasmo existencial não é um bom lugar para se estar. Não gosto dele e acho que poucas pessoas gostariam. Escrevo mecanicamente aqui, não posso nem chamar de modo catártico pois não estou extraindo prazer do ato de me dizer nessa situação. Sentido o meu espírito esvaziado de qualquer vigor. A cola ainda lateja em minha cabeça. Solucionaria o meu marasmo, mas poderia me trazer de volta a fissura. A fissura é muito pior que o marasmo social e existencial. O social saiu meio que sem querer, mas acho que é o marasmo que mais incomoda, pois sou eu que o crio fugindo da sociedade levado por um medo não sei de quê. Acho que o marasmo social leva ao marasmo existencial. Num sábado à noite sem nenhuma coisa interessante para se fazer. Não adianta nem perguntar ao meu primo, pois eu não poderei sair mesmo por causa do aniversário do meu sobrinho amanhã. É a vida e hoje me parece uma sucessão de eventos desinteressantes.

18h47. Fui pegar água e botar finalmente os pratos no lava-louças. Estou quase fazendo um café, mas novamente acho que minha mãe vai chiar, então vou esperar ela chegar para me dar grana para as Cocas. Rapaz, me encantei pela Harley Quinn nova da Sideshow, se a pintura saísse exatamente da mesma forma que o protótipo seria uma para ter. Mas vi a desgraça que fizeram com a penúltima Mulher-Maravilha, a pintura do rosto ficou um lixo. Não vou apostar na Harley Quinn. Fora que ela pode ter problema de leaning, ficar pendendo para frente e para baixo. Deixa para lá, minha coleção se encerra na Red Sonja. A probabilidade de sair errado é muito menor. Quero é saber do Hulk, se esse vai chegar ou não. E da paulada que vamos ter que pagar. Queria recebê-lo e colocá-lo logo no lugar da impressora.

19h06. Estou um pouco mais animado, ainda bem. Perguntei ao meu primo-irmão quais eram os planos para a noite já o precavendo de que não poderei ir, o que para ele deve ser até um alívio. Eu ouço um zunido na minha cabeça que me enche quando paro para me concentrar nele.

19h14. Meu primo vai pegar um cinema, mas não me disse qual filme veria. Me deu até vontade de passar na casa dele, parece que tem uma galera lá para ver a nova integrante da família, a filha da minha prima religiosa. Poderia aproveitar e pegar o Zelda e a caixa do Mario lá. Acho que não vou. Se fosse, teria que sair agora. Não vou. Decidi.

19h31. Como queria um café ou uma Coca. A ida à casa da minha tia já é passado na minha cabeça, só se recebesse um estímulo como uma mensagem do meu primo dizendo que querem que eu apareça lá. Sem isso, não sei por que, me sinto sem ânimo para ir. Vou pegar água.

19h36. Peguei a água. Minha mãe não chegou.

19h41. Eu não entendo a interface do Twitter direito. Estou ficando ultrapassado pela tecnologia, infelizmente, ou ela não desperta mais o meu interesse como antigamente. A velhice da cabeça é um mal que me acomete. Me considero velho para diversas coisas. Não consigo ser como a velhinha do filme Titanic que teve uma vida cheia de aventuras e adrenalina. Não preciso de adrenalina na minha vida, não desperta sentimentos que me apeteçam. Sou adepto da lei do menor estresse. Sou meio “alérgico” a estresse, sabe? Acho que foi isso que me catapultou para os meus burnouts no trabalho. E o fato de não ver sentido na vida que levava. Escrevendo pelo menos eu tenho um motivo claro e sólido para viver. E muito poucos picos de adrenalina. Mesmo que deite essas palavras para pouquíssimos olhos, a escrita de alguma forma me preenche mais que qualquer outra coisa que tenha experimentado. Coisas que não me deem ressaca ou culpa, digo. Algo, até que se prove o contrário, saudável, que estimula o cérebro, eu acho, me mantendo entretido no meio desse mar de marasmo que é a minha vida. É fato que preciso dar uma sacudida na minha vida. Poderia escrever uma carta para a garota da noite, mas dizer o quê? Não estou com coragem para enfrentá-la também. Estou pegando um medo, uma repulsa a pessoas. Isso me incomoda. Possuir tal receio, digo. Me gera um incômodo que dificulta minha vida da porta para fora do meu quarto-ilha. Amanhã, por exemplo, no encontro com a minha família de João Pessoa, vai ser difícil, tentarei me esquivar da socialização, escrevendo. Eu devia escrever uma carta muito sincera à garota da noite. Não, não deveria, todo o meu ser se contorce dentro de mim rejeitando a ideia. Que assim seja, por ora. Afinal, não tenho nada a perder escrevendo minhas sinceridades para ela. Provavelmente ela não me leve a sério e me veja como um pária em sua vida. Tenho para mim que tal texto só vá ratificar essa percepção dela em relação a mim. Hoje, nos últimos tempos, eu tenho me tornado um pária para a sociedade com a qual intersecciono a minha existência. Tenho que divisar na terapia, único espaço que me promete esse auxílio, como reverter esse quadro. Sem deixar de escrever. Temo muito parar de escrever e minha vida desabar. Entrar em depressão apesar do equilíbrio emocional químico proporcionado pelos fartos remédios prescritos pela Doutora. Creio que são eles e a escrita que me impedem de despirocar de vez e mais uma vez. Me sinto num poço, segurando nas paredes para não escorregar direto para o fundo, que seria o isolamento total, poço em que, à revelia de todos os meus esforços, vou aos poucos escorregando para o indesejado fundo. Não tenho forças ou coragem de subir tudo de volta, preciso de uma mãozinha. Ou será que inconscientemente quero estar no fundo? Essa indagação não me parece verdadeira. “Heartland” do U2 me arrebata para minha juventude. É uma música que sugiro ouvir, parece às vezes uma prece. É bem climática. Eu amo. Amar, amor. Isso está em falta dentro de mim. Me sinto oco de amor, me sinto uma pessoa fria, não diria calculista pois não calculo nada, vou levando ao sabor dos acontecimentos. De todos os sentimentos, o que mais me acomete é o medo, ou sua versão mais branda, o receio. Mas cheguei a sentir segundos de um medo maior que só saberia nomear como pânico, duas vezes nessa última semana. Uma vez foi ao me deparar com as pessoas da Galeria Joana d’Arc, a outra, segundos antes de entrar no banho para ir ao cinema ontem. É um sentimento que sei que é doentio e por isso consegui suprimi-lo. Mas não sei se com o escorregar no poço será tão fácil da próxima vez, que espero muito que não haja. Há certas coisas que não cabem aqui dizer, as reservarei, se ocuparem ainda a minha mente, para o Desabafos do Vate.

20h56. Esse post está virando um poço de pensamentos pesados e negativos. Isso diz muito do meu estado de espírito. Isso diz muito da minha realidade. Isso diz que é preciso operar uma mudança, não uma revolução, meu ego não suportaria uma mudança drástica e radical, mas algo construído aos poucos. Um passo de cada vez. O próximo só dado quando o outro pé estiver firmemente apoiado no chão, ou na parede do poço, em direção à sua saída.

21h07. Peguei um boneco do Batman pequeno que eu tenho para dar de presente ao meu sobrinho. Minha mãe já vai se retirar, não sei se o meu padrasto a seguirá. E pouco se me dá, agora que tenho Coca, me sinto tranquilo, tenho tudo o que preciso na vida nesse momento. Coca, a noite, o computador, música, nicotina e palavras. Palavras me faltam no momento. Meu truque? Narrar o que estou ouvindo, qual seja, “Land Of Sunshine” do Faith No More. Não é realmente uma escolha que faria para a ocasião, mas preenche o quarto de som. Gosto muito de “Angel Dust”, mas o Spotify tem uma tendência a colocar a banda para tocar quando escuto a lista 6 em modo aleatório. “It’s In Our Hands” ao vivo, aí está certo.

21h17. Acho que vou passar ao Desabafos do Vate dentro em breve. Meu post de hoje só teve oito visualizações, um novo recorde negativo. E eu que pensei que falar de um filme que está sendo um sucesso atrairia leitores. Ledo engano. Aí está certo, depois de pular uma música de videogame, caí em Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, “Stars Fell On Alabama”. Putz grilo, é bonito, viu? “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight” do U2, já da fase mais decadente da banda, mas gosto mesmo assim. Acho que é a única que realmente gosto de “No Line On The Horizon”.

21h30. Estou meio sem assunto, como deu para perceber. Acho que vou pegar um pouco de Coca e fazer xixi.

21h34. Eita, “Sinking” do Cure. Massa. Eu gosto muito da lista 6, fazia tanto tempo que não ouvia, só “Utopia”, “Utopia”, “Utopia” cansa também. Respirar novos ares no ar viciado do meu quarto-ilha. Não abri a janela nem uma vez hoje. Será que teria que colocar “nenhuma” na frase anterior? Não sei, acho que os dois estejam corretos, realmente não sei. Deu para entender que não abri a janela hoje? Deu, né, então sigamos em frente. Não sei onde estava com a cabeça quando coloquei essas músicas de videogame na lista 6. Ah, me lembro, estava de olho em comprar o CD com as músicas orquestradas do Super Mario Galaxy e como achei por bem não investir nisso, procurei alternativas no Spotify, muito mais pobres, diga-se de passagem. E pensar que um dia já tive sede de palco. Não me imagino subindo num palco nem a pau hoje em dia. O que aconteceu/acontece comigo? Acho que estou levando a vida muito a sério, tenho que ser mais pretensioso ou despretensioso que isso. Cadê o meu senso de humor, que meu pai dizia que era um dos traços principais das pessoas inteligentes? Sei lá. Sinto o meu cenho sempre franzido, tanto que a ruga mais marcante que tenho é essa, eu acho. Foi a primeira que divisei quando me olhei no espelho algum tempo atrás. Nossa, falando de espelho me lembrei que irei de novo à Alemanha. Espero estar melhor daqui para lá. Ju, minha terapeuta tem um trabalho hercúleo a operar na minha psique. Hahaha. Acho que não coloquei com clareza para ela quão mais embaixo do buraco eu estou. Vou para o Vate agora. Xau.

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11:47. Estou na varanda do meu irmão JP escrevendo, para variar. Mamãe está comigo aqui. Mexe em seu celular também. Estamos todos de preto em homenagem ao tema da festa, Batman, o cavaleiro das trevas. A viagem foi rápida e agradável, com minha irmã PE narrando suas desventuras no trabalho. Estou sem inspiração para escrever. Meu celular já está com 79%, espero que aguente o dia todo. Mamãe foi pegar uma Coca-Cola para mim. Estou achando minha mãe e meu padrasto um tanto deslocados, mas posso estar tendo uma visão equivocada. Eu estou tão deslocado quanto da outra vez, o que não é nenhuma novidade. Acho que estou até um pouco menos que outrora. Estou com sono e com gases, uma combinação desconfortável. A maioria do pessoal está arrumando a festa lá embaixo. O apartamento está mais vazio e mais tranquilo que da vez anterior. Estou em paz. Se me deixarem aqui, estarei tranquilo. Meu padrasto e meu irmão discutem finanças. Investimentos. Ouço, mas não entendo nada. Estou meio que escondido na varanda, é um lugar que não olham muito. A Coca-Cola está me deixando mais esperto e feliz. Foi bom ter vindo so far. Vivo estímulos novos sem deixar de escrever. Há uma sequência de cheiros bons de comida vindos da cozinha. Parece que as pessoas subiram. Ainda estou relativamente isolado na varanda, o que me agrada, por mais que saiba que interações em breve me serão inevitáveis. Realmente não estou com saco de escrever. Acho que vou dar umas baforadas na escada. Não fui. Mamãe quer que eu dê o boneco do Batman que eu peguei da minha coleção para dar ao meu sobrinho. Estou com sono, queria mais Coca-Cola.

12:45. Fui dar umas baforadas no Vaporfi. Meu sobrinho pegou a minha mão e me levou, como se quisesse a minha companhia. Foi um gesto singelo e carinhoso, muito bom. Ganhei o meu dia com isso. Já valeu a minha vinda. Ele parece que gostou do bonequinho do Batman “gordo” que eu dei. Mamãe projeta a sua fome no bebê que chora.

13:04. Meu sobrinho aparentemente me curte, eu é que não sei interagir com ele. Hahaha.

13:19. Meu sobrinho desenhou o Batman. Ficou bem feito para um garoto de cinco anos. Ele deixou o Batman aqui do meu lado. Vou dar umas baforadas. Quando achar oportunidade. Agora.





13:32. Voltei. Parece que o almoço está prestes a ser posto. E eu não estou com fome alguma. Terei que fazer um prato, entretanto. Não consigo me concentrar no texto, muitos estímulos. E sono. O Batman continua no chão ao meu lado. A bateria já está em 57%, estou abismado como caiu rapidamente. Estou usando o celular como escudo social ou antissocial. Já baixou mais 1%, ozzy isso. Estão dando banho nos meninos. Acho que a ordem, em vista da meladeira deveria ser comida antes, banho depois. Como não entendo de crianças, posso estar enganado. Meu sobrinho surgiu fantasiado de Batman. A festa baseada no super-herói está ricamente decorada. Há uma parede de bexigas representando o Batsinal. E todos os variados tipos de brindes e guloseimas têm a decoração do personagem. A minha cunhada se esmera mesmo na produção das festinhas dos seus filhos. Se eles conseguissem perceber o trabalho todo que dá, certamente ficariam muito gratos. Um dia saberão e reconhecerão, talvez quando tiverem seus próprios filhos.

Clique para ver ampliado, se quiser.


Meu sobrinho veio brincar na varanda. Disse que brinca sozinho e sente saudade de um amigo específico. Esqueci de mencionar que o irmão vai crescer e eles poderão brincar juntos.

14:18. Suponho que dentro em breve desceremos para o local da festa de aniversário. Não queria sair da varanda, mas acho que isso se faz mister.

14:23. A mãe dos meus irmãos, filhos do meu padrasto, veio me mostrar um boneco do Homem-Aranha que mamãe disse que eu saberia avaliar. Mamãe me coloca em cada saia justa. O boneco era de um plástico melhor, mas era um brinquedo, não uma estátua de colecionador, mas nada disse, tentei ser o mais vago possível. Parecia um Homem-Aranha baseado no traço de Todd McFarlane, pelo desenho dos olhos. Gosto mais do estilo de John Romita. Ter vindo de preto só me confirmou que o meu problema de caspa persiste. Há um programa de concurso de canto na TV. Interessa à minha irmã, pois ela faz canto (além de violão e balé). Cada um tentando emprestar sentido ou mais sentido à vida. Acho que se ela estivesse na minha situação dificilmente gastaria seu tempo escrevendo. Acho quase impossível, em verdade. Vou vaporizar.

14:48. Voltei. Nada tenho a dizer. O programa de cantoria ainda passa na TV. E me distrai completamente. Preciso limpar o protetor de tela do meu celular, está cheia de marcas de dedos na área do teclado.

15:06. Na falta do que fazer aqui, escrevo, embora olhar para essas letrinhas do celular me dê sono. Aposto que minha mãe está cochilando. Não ouço a sua voz. Acho que vão descer, será? Queria um copo de Coca-Cola.

15:26. Desci. Mas não entrei ainda no local da festa. Nem sei se irei. Queria mandar uma mensagem para Nina dizendo que estou em João Pessoa, mas não o farei. Ela não poderá vir me ver, nem se disporia a isso, logo seria uma perda de tempo. O celular já está em 38%. Parece que meu padrasto e minha mãe desceram. Me confessei isolado para a mãe dos meus irmãos. Disse que havia começado a terapia na segunda, bipessoal. Ela achou melhor que em grupo, comentou que grupo intimida.

15:37. Os meus sobrinhos se divertem juntos no pula-pula. Taí um brinquedo que sempre quis brincar, a cama elástica. Estou sem nada para dizer ou fazer. Estou oculto da festa pelos pilares da garagem. Vou lá dar uma olhada e se for muito bem-sucedido, pegar uma Coca-Cola.

15:45. Não fui muito bem na prova, nem me aproximei muito do exíguo espaço de festas cheio de rostos desconhecidos. Vi minha mãe lá no meio, mas não tive coragem de enfrentar os demais convidados para falar com ela. Vou me aventurar mais uma vez. Ela apareceu na parte externa. Saiu. Perdi a chance.

15:53. Tirei uma foto do ralo do prédio. Ainda impressionado com a qualidade da câmera do celular. Meu irmão apareceu aqui na garagem. Falava de matemática avançada com outro rapaz. Se tinha integral era avançada demais para mim. Hahaha. Vou tentar me aproximar da festa uma vez mais. Wish me luck.

15:59. Não consegui. Muita gente para pouco espaço. Não é a minha cara. Não agora, não hoje. O que queria agora? Nada. Estou perfeitamente bem onde estou. Estou em João Pessoa, estou nas proximidades da festa doing my thing. Tem um pilar para me encostar, Vaporfi para fumar e celular para escrever, estou de boa. Espero que minha mãe não venha me coagir a entrar na festa, me sentiria profundamente constrangido. Espero que peguem muitos doces e salgados, especialmente estes, para levarmos para casa. Espero que não tardem muito também. Ter me dito antissocial à mãe dos meus irmãos foi para mim a carta de alforria da festa.

16:16. Que posso eu dizer mais? O barulho da festa, o burburinho de vozes infantis e adultas me transmite algo positivo, me agrada. À distância. Achei que uma garota, provavelmente nova demais para mim, me disparou dois olhares. Devo estar imaginando coisas.

16:22. Quero ver quanto tempo mais mamãe e meu padrasto vão aguentar no pequeno caldeirão que é a festa. Não sei se tenho bateria até as 18:00. Nem paciência. Tenho mais da segunda que da primeira. Queria só que não me faltasse assunto. Estou com um pouco de fome. Voaria num prato de coxinhas. Acho que vou pegar uma Coca-Cola pelo menos.

16:29. Nova tentativa fracassada. Estava chegando a família da minha cunhada, fiquei com vergonha. Vou dar outra olhada. Vixe, mais gente chegou. Ozzy. Vou ficar por aqui mesmo. Está me dando vontade de sentar. Sentar lá dentro me parece impossível...

20h40. Cheguei em casa há mais de uma hora. Bem mais. Relutei bastante em ligar o computador e voltar para a mesma rotina. Minha mãe disse que a minha irmã de Munique amou a decoração da festa, ela mesma afeita a esse tipo de empreitada. Se até eu que não entendo achei um primor, imagine outra mãe zelosa como a minha irmã. Até sandálias do Batman com o nome do meu sobrinho havia de brinde. Bem vou acabar este post por aqui. Não sei poste hoje, o anterior, do Pantera Negra, está com 21 visualizações, um número excelente. Quero dar um pouco mais de fôlego a ele. Talvez bem mais tarde, se aguentar acordado, pois acordei cedo hoje, eu coloque este no ar.   

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14h24. Estou a menos de duas horas da terapia e graças aos céus – e talvez ao café – não esteja tão apreensivo em relação a isso como fiquei nos demais dias. Estou até encarando com um certo ar de curiosidade. Espero que o sentimento permaneça esse até a hora da sessão. O som e o computador não se entendem de novo, saco. Novas tecnologias e seus bugs. Embora o Bluetooth já seja uma tecnologia bem estabelecida hoje em dia, não deveria haver mais problemas como esse. De qualquer forma, não estou a fim de ouvir música agora. Estou ainda com a matéria sobre o Pantera Negra que o meu amigo cineasta me indicou na cabeça, sobre um negro americano comentando o filme. Adicionei o link como adendo no post “PANTERA NEGRA”, mas é preciso saber inglês para ler. Vou postar o link aqui, caso você tenha interesse, não me custa nada.


Bom, saindo da minha diversão da sexta-feira e voltando para o aqui e agora, penso na minha psicóloga e começo a sentir um pouco de receio. Taí uma palavra que estou começando a odiar. Não gosto desses receios sociais que podem evoluir para mini-surtos de pânico. Dentro em breve vou ter que entrar no banho para encarar a terapia. Não sei bem o que vou dizer e acho que isso é bom. Acho bom ir o mais desarmado e aberto possível para que meu miolo fique exposto e possamos, eu e Ju, olharmos para ele. Não queria que ela utilizasse arteterapia ainda, mas também não me recusarei se for o caso. Não porque não tenha vontade de recusar, mas porque não tenho coragem de fazê-lo. Sei que isso não é jogar aberto como mencionei momentos antes, mas há limites para a minha abertura. 14h44. Dentro de 16 minutos vou entrar no banho. Não quero escrever muito agora para poder trazer ainda nesse post o que se passou na terapia. Ou pelo menos a parte que julgo viável publicar aqui. Me peguei pensando na carta que intentei e desisti de escrever para a garota da noite. Não sei se bote isso no rol de coisas que tratarei hoje. Vai ser o que sair. Tenho que mencionar o episódio da Galeria Joana d’Arc. Acho que isso eu não vou deixar passar. Queria ter mais uma hora antes da terapia, mas não é assim que a realidade se dá. Ademais, se fosse me concedida mais uma hora iria querer outra e depois outra e não faria o movimento necessário para me cuidar. Cuidar da alma, desse ser torto que sou e que tanto mais torto se encontra. Ela perguntou sobre a minha disponibilidade para ir ao CAPS/Rizoma. Disse-lhe que estava indisponível para isso, que já havia passado tempo demais entre internações e tratamentos, que não queria entrar de novo nessa. 14h52. O tempo voa, oito minutos para entrar banho e partir para a terapia. Acabei de descobrir que o meu celular descarregou, então nada de fotos hoje. Se tirar será só quando voltar e botar o celular para carregar. Espero que a despensa esteja aberta. 14h55. Cinco minutos para o banho e, dele para uma caminhada na tarde ensolarada de Recife até o espaço Lúmen Novum. Não sei como escreve direito. Vou colocar mais uma xícara de café, tomar e partir para o banho. A consulta é às 16h00, dá tempo demais de fazer isso.

14h59. Peguei o café, uma forma de protelar a minha partida. Sei que botei por isso, não sei bem por quê. Não estou com expectativas negativas em relação à sessão como estava ao longo da semana, quase anseio por ela nesse momento, mas algo me força a fazer as coisas no meu ritmo. Sem me atrasar, é claro. Quando uso “-x-x-” significa uma passagem de tempo curta, sem sono no meio, quando uso “-x-x-x-x-” significa um intervalo maior, geralmente com sono no meio. 15h04. Já estou quase ficando sem tempo. Tomarei o banho mais rápido que de costume. Não importa, quero estar aqui fazendo isso agora e eu posso, então faço. Falta 1/3 da xícara de café. Tomei tudo de um gole só. Vou lá.

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17h28. A terapia ficará para o próximo post. Eu quero uma página em branco para deixar as minhas percepções correrem soltas.

Um comentário:

  1. Mario, meu amigo, abraco para voce. Li seu texto acima. De tudo, o que me chamou a atencao eh voce comentar que nao ve graca em quase nada alem de escrever, mas depois falou que ao receber a atencao de seu sobrinho, que pegou na sua mao, voce ganhou o dia.

    Pelo seu relato, voce mesmo, dito antisocial, viu bastante graca nessa interacao com humanos. Talvez voce nao seja tao antisocial quanto acha ;) Na verdade, acho que ao lado dos problemas, voce eh humano como todos, e estah carente de boas interacoes. Tambem chutaria que o fato de ter sido como uma crianca deva ter lhe ajudado a se sentir bem, pelo fato criancas nao fazerem certos tipos de julgamento,e por consequencia nao desencadear julgamentos pessoais seus.

    Eu pensaria sobre esse episodio. Pode ser um assunto com a sua terapeuta.

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