20h41. Em tese vou para a Noite dos Tambores Silenciosos em
Olinda daqui a pouco. Já tomei banho e me arrumei. Espero o meu primo. Ambos
estamos com preguiça de ir, mas a mim me parece o clima perfeito para paquerar
sem o tumulto ensandecido de Olinda durante o Carnaval de fato. Haverá muita
gente, mas creio que será mais tranquilo, é segunda-feira e não é Carnaval. É
uma apresentação de Maracatus, eu acho, com um ritual religioso afro no final.
Pelo menos é assim que me lembro do último que fui. Vamos ver no que vai dar.
Em nada, muito provavelmente. E nem levarei o meu celular para fotografar, o
que é uma pena, pois mamãe me fez prometer que não levaria o aparelho para
Olinda temendo que esse fosse usurpado de mim.
20h52. É interessante como as vozes dos filhos(as)
geralmente lembram a dos pais(mães).
1h37. Voltamos de Olinda há cerca de uma hora, um pouco
menos. Não olhei no relógio para saber. É um ambiente mágico Olinda na Noite
dos Tambores Silenciosos. O casario antigo iluminado por luzes amareladas e o
ritmo repetitivo e meio hipnótico dos maracatus, cada um com a sua batida,
desfilando no meio do povo. Povo de todas as nacionalidades e cantos do país,
Olinda já está repleta de turistas. Demos a sorte de, ao chegar, darmos de cara
com o maracatu mais antigo de Pernambuco, o Estrela Brilhante, que data do
século XVIII, esquentando os tambores na entrada da Cidade Alta. Os tambores
deles diferem dos demais por serem feitos de uma madeira escura, a macaíba, e
por serem tocados em uma mão com a baqueta normal e na outra com uma vareta, se
bem entendi, de goiabeira. Informações dadas pelo meu primo-irmão e pelo
amigo-que-sofre-de-amor-por-uma-estrangeira que encontramos por lá. Por falar
em estrangeira, a garota que me marcou na noite era certamente de outro país.
De pele clara, olhos azuis, cabelos castanho claros alourados, tinha traços
fortes, mas harmônicos, o que lhe emprestava uma beleza singular, era baixinha
e tinha a carne firme para uma pessoa de sua tez. Trocamos alguns olhares, não
era jovem, devia ter mais de 30, marcas de expressão já se faziam visíveis nos
olhos, mas me agradou. E enquanto meus amigos conversavam sobre o fato de
certos personagens do folclore brasileiro serem negros como resultado da
segregação racial da época em que surgiram, fiquei a admirar a sua existência e
acho que suas amigas perceberam. Bom, não sei por que cargas d’água se
aproximou de mim, se estendesse um pouco a mão poderia alcançar a dela, porém
isso não se deu, pois ela veio justamente quando minha turma resolveu subir a
ladeira da igreja para ver os desfiles de perto. Eu poderia, claro, ter pedido
para esperarem, ou dizer que ia ficar um pouco ali e tentar travar algum
contato com ela. Fiquei por alguns segundos paralisado pela dúvida e me
acovardei, virei as costas para ela e segui com os meus amigos. Novamente uma
raríssima oportunidade de interação com uma garota que me interessava que
perdi. Maldita coincidência de eventos. A dúvida que fica é, tivessem os
meninos ficado onde estavam, teria eu coragem de abordar a dama? Não sei o que
ela foi fazer por lá, pertíssimo de mim, poderia somente ter ido comprar alguma
coisa, mas, fosse eu uma outra pessoa, mais desenrolada, poderia educadamente
puxar um papo e dizer que havia gostado dela. Tenho inglês para isso, só não
tenho coragem. Ou não tive. Pelo menos dessa vez houve um momento de hesitação,
de quase ação. Quem sabe se outra raríssima chance se apresentar, eu não tome a
iniciativa. O autoengano é as vezes saboroso. Hahaha. Fomos então para bem
perto da área restrita aos maracatus, no topo da ladeira que desembocava na
igreja onde acontecia o ápice do ritual e pude ver o Estrela Brilhante
desfilando inteiro com suas roupas reluzentes das mais diversas cores e
poderosa percussão. Fui incensado pela fumaça do espetinho que faziam ao meu
lado, o que foi bastante desagradável. Outras coisas desagradáveis sucederam
comigo, atiraram uma garrafa plástica de água na minha cabeça e uma barata
enorme pousou e ficou agarrada ao meu pescoço, sensação asquerosa. Tenho uma
certa fobia de baratas que acho que é cultural. Enquanto na ladeira, incensado
pelos espetinhos e torcendo para que o grupo da moça estrangeira aparecesse
entre as gentes que subiam a ladeira para ver o final do desfile, assistimos
duas nações de maracatu desfilar. Ou três, não me recordo bem. Deveria ter
levado o celular, não estava tão perigoso assim, poderia ter tirado lindas
fotos para ilustrar esse post, quem sabe até da nossa estrangeirinha. Não foi,
não deu. Achei a experiência válida apesar dos percalços. Meu primo-irmão
também viu uma moça interessante, mas seu gosto é bastante diferente do meu,
ele gosta de mulheres ao estilo das personagens de Robert Crumb, voluptuosas e
fartas, no limiar entre a obesidade e a fartura, na minha opinião. Não me agrado
de garotas assim, o que significa que nunca brigaremos por causa de mulher.
Hahaha. Respeito e admiro o que o atrai no sexo oposto porque vai contra os
padrões midiáticos de beleza, isso demonstra uma personalidade bem desenhada,
eu creio.
2h14. Foi muito bom sentar no carro depois da longa
caminhada pelas ruas e ladeiras do Sítio Histórico de Olinda, com ar
condicionado e um reggae americano rolando. Meu primo pegou um caminho curioso
para casa, onde seguiu por uma mesma rua, ou ruas que desembocavam umas nas
outras até chegar aqui, percorrendo um longo trajeto sem fazer nenhuma curva.
Não entendi o caminho e só me localizei no trecho final, que me é conhecido.
Passei vergonha por me dizer ignorante em relação à geografia de Olinda e só
não passei mais porque me calei em relação à minha ignorância em relação à
geografia de Recife também. Sou um completo desnorteado. Sempre fui, é uma
incapacidade que me acompanha desde sempre. Seja nas cidades, seja nos
videogames, como o Zelda, que é imenso e não consigo me localizar. Não gosto
nem de lembrar do Zelda, me dá um desgosto achar que nunca vou pegar o espírito
do jogo. Meu amigo jurista captou completamente a ideia, mas eu acho que a ideia
tal qual ele enunciou é muito distante do que eu esperaria de um jogo da
franquia. Infelizmente para caramba. O Mario Odyssey também se torna mais chato
porque mais difícil e demandante. Mas isso não apaga todas as horas de pura
diversão que tive com o jogo. Não desistirei dele ainda. Há power moons divertidas de se capturar,
como comprovei na sessão que joguei hoje à tarde. Amo o jogo de coração. Mas
não quero falar de amor nesse post.
2h29. A pessoa que ficou de tirar uma foto de Poeira agora
veio com uma história de que a dona disse que ela morreu de velha... deixa para
lá. Só é difícil de acreditar em meio a tantas histórias diferentes que ela
vinha me contando. Não importa, a parte importante é que ela foi criada com
amor. Essa parte da história não mudou com a suposta morte dela. Nossa, é muito
bom fumar cigarro (para quem é um idiota viciado como eu). Não sei se o vício
do cigarro – ou qualquer outro vício – é psicológico ou físico, sei que não
consigo me desvencilhar dele pelo prazer que me proporciona. Tenho algum
problema com a fase oral, eu acho. Hahaha.
2h38. Capturei duas imagens da internet do evento que fui
hoje. Postarei aqui. Uma acho que é de um tal de Passarinho, a outra não
consegui identificar de quem era. Preciso publicar o meu post anterior. Já está
mais que atrasado. Vou fazer isso agora. Tirei a camisa, não aguentei o calor.
O ventilador está no máximo arrefecendo as minhas costas. Talvez tome até um
banho agora. Veremos. Vou publicar o outro post.
2h57. Publiquei. Acho que vou dormir. Amanhã continuo esse.
Ah, pensei em tomar banho. Acho que o farei. Será melhor dormir limpinho depois
daquela fumaceira engordurada com que fui defumado. O problema é que não estou
com o mínimo sono agora. Tampouco quero acordar na hora do almoço como um
zumbi, comer e voltar a dormir até as quatro, cinco da tarde. Hoje foi de
lascar, dormi de quatro horas da manhã e acordei às oito com a dor no cóccix
que talvez seja proctalgia fugax, segundo o meu padrasto. É uma dor chatíssima
no cóccix que dura uns 15 minutos. Doeu bastante hoje e me fez ficar acordado até
às 10h00 porque pensei em acordar cedo, mas estava com muito sono e dormi até a
hora do almoço, 12h30. Depois voltei a dormir até às 16h e pouca. Foi ozzy.
Acho que cigarros dão uma certa ressaca, tenho percebido isso nos últimos dias.
Acordo mais morto que o normal. Esse vai ser o lado bom de voltar a fumar quase
que exclusivamente o Vaporfi. Sim, tomar o meu remédio!
3h08. Tomei. Falta agora tomar banho. Botei meu último copo
de Coca e vou fumar um cigarro com ele que eu mereço.
3h30. Tomei um gostoso banho, lavei bem os cabelos e espero
ter tirado o cheiro de churrasquinho do meu corpo. Tirar da minha roupa que fui
são outros quinhentos. Olinda estava quente, aglomerações com muita gente
respirando são quentes por natureza, o literal calor humano. Me deu vontade de
ir ao Carnaval lá no sábado, para ficar em frente à casa do amigo do meu
primo-irmão na esperança de ver a garota estrangeira ou qualquer outra que me
encante. Talvez seja um desperdício de tempo e esforço (hercúleo) como sempre
Olinda foi. Pensarei sobre o caso. Só sei que amanhã não quero sair para lugar
nenhum.
3h37. Procurei no Google “uma imagem qualquer” e dentre as
primeiras surgiu essa acima, interessantíssima. Se fosse interpretá-la – longe
de mim falar de física –, com o egocentrismo que me é peculiar, diria que a
bexiga é o meu ego (ou seria id? Acho que o id seria a parede) e que o prego é
o meu superego e que isso é uma imagem que representa a minha psique. Tenho um
superego supercrítico, que vive a me rebaixar e oprimir. Meu primo-irmão, lendo
o antepenúltimo post achou que eu realmente precisava de uma terapia. Estou
considerando a possibilidade. Em verdade já a considero há bastante tempo, mas
algo em mim não se sente confortável com a ideia, por mais que vá fazer com uma
pessoa em que confio, que eu acho que me capte e que tenha insights
pertinentes. Além de ser mulher e jovem, o que me é mais convidativo, não
porque vá desenvolver uma transferência romântica em relação a ela, mas porque
acho que o papo flui mais fácil e o papo fluir é meu grande problema. Ou a
falta de fluidez do papo é um dos sintomas da minha atual situação. Preciso ir
dormir. 3h48.
3h55. Esse negócio de dormir à tarde está ferrando o meu
relógio biológico. Tenho que fazer o máximo para, independentemente da hora em
que for dormir, ficar acordado após o almoço. Já-já boto o último copo de Coca,
tomo com um cigarro e vou dormir.
-x-x-x-x-
15h08. Acordei e, como sempre, o despertar é o pior momento
do dia. Daqui a uma hora vou jogar o Mario Odyssey.
15h27. Pensamentos cruzam a minha cabeça, enquanto “Pictures
Of You” do Cure rola.
15h36. Minha mãe acabou de ligar. E eu finalmente liguei
para o RAID para me informar sobre as ligações para o meu amigo internado lá.
Pediram para eu retornar às 17h00.
15h53. O horário estipulado para jogar se aproxima, mas não
estou com disposição. Eu sou um chato quando acordo. Não tão chato como quando
bebia, um chato diferente. Não vou ficar me colocando para baixo nesse post.
Dar um tempo nisso que é chato de verdade, para mim e para o leitor, creio.
16h06. Peguei um café agora, estava tomado Coca. O café me
anima mais. Por que um bebê morre aos nove meses de gestação sem causa
aparente? Isso me faz pensar no Espiritismo. Tanto no carma dos pais, que
receberam uma dura lição da vida, como no espírito que iria nascer com o bebê e
desistiu de reencarnar e enfrentar outra existência na Terra. Não sou espírita,
entretanto. A única forma de existência sobrenatural, no sentido de estar além
da natureza, do natural, em que creio (com um pé atrás) é na talvez vindoura
Singularidade Tecnológica. Acho que precisarei de mais umas duas xícaras de
café para me animar a encarar o jogo. O café está muito bom. Adoro café.
Especialmente com cigarros. Queria saber escrever com frases curtas sempre,
torna o texto mais dinâmico. Mas isso vai muito da minha vontade na hora. Há
coisas que pedem frases mais longas, eu acho. Pelo menos não sou nenhum Proust.
Hahaha. Meu ombro agora dói mesmo sem fazer o movimento para cima. Estou cada
vez mais confortável com a minha postura curvada, meu corpo pede essa posição
mesmo sem estar digitando. É algo que tento combater, pois não quero ficar
corcunda. Vou pegar outra xícara de café.
16h23. Tem uma fase ozzy no Mario com o sapinho. Não estou
com a mínima paciência para encará-la. Há power
moons que só se consegue pegar usando os controles de movimento que são
muito difíceis de executar com os dois Joy-Cons acoplados ao grip, que é como jogo. Quando penso numa
pergunta para me fazer, a primeira que surge sempre é sobre o sentido da minha
vida. Não vou responder de novo. Acho que vou jogar o Mario agora. Não, vou protelar
um pouquinho mais. Mas não muito. Daqui a pouco é a hora da janta aqui. “The
Unforgettable Fire” é um dos melhores discos do U2 para mim. Gosto bastante. E
gostava mais ainda na adolescência. Lembro de viajar em Areias ouvindo “Bad” e
“A Sort Of Homecoming”. De me tocarem a alma profundamente, mudando o meu
estado emocional para um superiormente belo. Hoje as músicas não me causam
tanto, infelizmente, e sinceramente não entendo por quê. Acho que me acostumei
com a sensação e ela já não me tem o mesmo impacto. A idade e suas repetições
de estímulos que causam a diluição da percepção dos mesmos. O preço da
experiência é alto e é a única coisa que se ganha com a idade. Em todos os
outros campos se perde, na minha opinião. Vou jogar quando acabar “April In
Paris” com Ella e Louis. Fico em dúvida se deveria mesmo ter divulgado o post
anterior nos grupos do Facebook, ficou muito deprê e autodepreciativo. Já foi,
passou. Ainda gera visualizações. Mas ninguém curtiu dessa vez. Meu celular
está prestes a descarregar. Tomara que descarregue logo para botá-lo na tomada.
Felizmente o celular não é a minha principal porta para o mundo virtual.
16h47. Já está na segunda música após “April In Paris”. Stone Temple Pilots, “Interstate
Love Song”. Não sou particularmente fã dessa banda, foi sugestão do
Spotify e, como conhecia essa canção específica, a adicionei à lista 6. Nossa,
já está na quinta página de Word. É surpreendente sempre essa capacidade de
discorrer sobre o nada. Vou jogar o Mario antes que seja tarde demais.
17h50. Peguei umas luas desafiadoras agora. Estou satisfeito
e quando fico assim, acho o jogo maravilhoso. E quando vejo que ainda não
revisitei os mundos que mais gostei ainda é que fico mais satisfeito. Vou ter
que filar como pega algumas luas do mundo onde estou, mas deixarei isso para a raspa
do tacho. Vou seguir pegando as que consigo. Depois revisito novamente os
mundos para pegar o restinho. Vou sem filar primeiro. Filei só três luas das
536 que possuo até agora.
Objeto de desejo. |
18h42. Eu comuniquei e ela não se incomodou nem um pouco,
disse que havia esquecido e só lembrado quando já estava no hospital. Que
diferença, não estou acostumado a esse grau de compreensão e liberdade. Acho o
justo. A medida certa. Mas me causa ainda estranhamento. Sinto saudade de uma
diretora de arte com quem trabalhei na minha última ingressão no mercado de
trabalho. Nos dávamos bem. Houve apenas um desentendimento entre nós, causado
mais pelo atendimento que por nós mesmos. Em verdade, a culpa, embora deteste
essa coisa de culpado, já carrego culpas demais, foi dos três. Minha, porque
dei a ideia muito fechada, com indicações da direção de arte que mais se
adequava ao conceito; dela, porque fez uma coisa totalmente diversa do que o
que havia concebido, e do atendimento por aprovar o meu conceito e depois
aprovar o layout que nada tinha a ver e pedir que eu adequasse os textos de
todas as peças ao novo conceito, mais pobre e menos chamativo, na minha opinião.
Ossos do ofício. Em verdade, agora me bateu certa saudade do clima de agência
de publicidade. Se minha função fosse só fazer títulos, eu gostaria muito mais.
Até se fosse só fazer textos. Não, textos, não, pois isso incluiria VTs, não
gosto de fazer VTs, prefiro até folders do que VTs. Um tipo de peça que sempre
me agradou bastante, talvez a que tinha mais prazer em fazer, eram spots de
rádio. As possibilidades são praticamente infinitas e o custo é mínimo. Afinal
se eu quiser colocar uma explosão no spot, uma manada de cavalos em disparada é
só o cara da produtora pegar os sons no seu banco de dados e pôr, é simples e
barato e dá uma liberdade criativa muito grande. A solução ideal para mim,
seria eu ir escrever esses meus textos lá na agência em que trabalhava e que
fica perto de casa. Seria uma forma de socialização, de ter uma rotina, de ver
e estar com gente. Seria bem legal, mas estou muito antissocial e não sei se no
“hub” onde a agência está agora instalada se paga por pessoa, o que não seria
um problema em verdade, porque eu poderia pagar pelo meu lugar. Só para sentir
o clima de estar entre pessoas queridas e me socializar. Dá até vontade de
mandar um e-mail perguntando ao meu ex-chefe. Não tenho coragem ainda e se não
tenho coragem quando o impulso ainda está fresco, recém brotado, não terei
depois. A única coisa ruim é que não teria como fumar o meu Vaporfi lá, só
saindo para a rua. E não teria Coca-Cola ou café. Não sei se a troca é válida.
Vamos ver se a ideia se torna um tema recorrente, daí penso em materializá-la.
Não sei como a imersão nesse cotidiano afetaria a minha escrita e não sei se
seria certo narrar os bastidores da agência aqui no blog. Se o fizesse, teria
de ser de forma publicitária, ou seja, só felicidade, só o lado bom. Acho que
essa ideia é incompatível com a realidade. O que diria no e-mail ao meu
ex-chefe? Algo assim, Gabri, gostaria de lhe perguntar algumas coisas e
gostaria que me respondesse com sinceridade. Estou numa fase muito antissocial,
com dificuldade de me comunicar com as pessoas porque passo a maior parte da
minha vida enfurnado no meu quarto escrevendo. Esse comportamento alienante tem
me deixado cada vez mais incapaz de lidar com as pessoas o que não acho
saudável para mim e me tem sido penoso. Foi aí que me surgiu a ideia,
estapafúrdia talvez, você dirá, de ir escrever aí na agência, onde pelo menos
estaria cercado por pessoas queridas. Eu levaria o meu notebook e ficaria
escrevendo o meu blog durante o período de expediente, sem muito horário para
chegar ou sair (saindo sempre ao final do expediente, claro) ou dia certo para
ir, mas me esforçando para transformar isso em rotina. O que gostaria de lhe
perguntar é se você paga o hub de acordo com número de pessoas que o utilizam,
qual seria o valor se esse for o caso, pois eu arcaria com a minha permanência
aí. Finalmente, o mais importante, gostaria de saber se você se incomodaria com
isso. Não quero atrapalhar de forma alguma o dia-a-dia da 3Pontos, mas acho que
me faria um bem danado estar aí. Se não der, não tem problema. Foi que me bateu
uma saudade do clima de agência, da 3Pontos especialmente, que é a minha alma
mater profissional. Sei que é uma ideia tresloucada, meio sem nexo e nada a
ver, mas, como me dizem, o não eu já tenho, não custa nada tentar materializar,
mesmo que a sua resposta seja negativa. Por favor não se sinta pressionado a
aceitar, só quero tentar isso se for tranquilo para você (e para equipe). Bom,
é isso.
Abraço saudoso e tudo de bom, velho amigo.
Mário.
P.S.: a TV que você comprou para mim ainda está me dando
muitas alegrias. Foi o melhor investimento que fiz na vida. Hahaha.
19h31. Bom, acho que a carta sairia assim. Ou já saiu assim.
Basta copiar e colar no e-mail e enviar. Daí para o envio vai uma grande
distância. Preciso conversar com a minha mãe, que acho que vai adorar a ideia,
e voltar para o meu quarto-ilha. Talvez, se for o caso de pagar, tenha que
esperar as bombas do Hulk passarem. Vamos ver. Acho que essa ideia me veio
porque me meti no LinkedIn ontem à noite e isso ficou no meu subconsciente.
Acho que ter uma rotina de ir a um local de trabalho, sem me envolver de forma
nenhuma com os estresses do mesmo, me daria a sensação de profissão ao que
produzo. É uma sensação ilusória, mas uma ilusão benéfica mesmo assim. Se bem
que não tinha pensado nos estresses da profissão que transbordariam e poderiam
me afetar. Acho, entretanto, que conseguiria abstrair tais coisas. Poderia
botar na minha pauta voltar a digitar o diário do Manicômio e talvez tivesse um
contato com a Consultexto (birô de revisão) que me proporcionasse um valor
especial pela revisão do diário. Sei lá, já estou sonhando demais. A ideia me
animou e não me parece ruim. Teria mais orgulho do que faço dessa maneira.
Resta saber o que o meu ex-chefe acha da ideia. Ele pode odiar, o que não
mudaria em nada a minha vida e, como não mudaria, não custa nada tentar a
mudança. Só coragem. Espero não estar entrando em surto de mania tendo ideias loucas
assim. Mas acho que me sentiria até mais confiante em me dizer escritor para as
garotas que porventura venha a abordar. Seria terapêutico, acho eu.
20h32. Conversei com o meu primo-irmão sobre a ideia da
agência e ele achou boa. Pelo menos ruim não achou. Ele falou uma coisa que me
deixou intrigado, quando comentei da ligação que fiz para o albergue de
drogados e do meu alívio em não estar internado, disse que pelo menos internado
eu interagia. O intrigante é, será que eu me condicionei a só interagir assim?
Isso seria o fim da picada e não creio que seja verdade. Até na internação eu
me alienava na escrita, interagia pouco e principalmente com o meu amigo
Marinheiro. Mas interagia muito mais do que interajo aqui fora, por mais que na
maioria das vezes ficasse como figurante, ouvinte, como faço aqui fora. 20h38.
Hoje, quando titia acabar de assistir TV, vou tentar o jogo do Mario. Tive uma
ideia para pegar a lua que ia filar na internet. Me veio de supetão quando
conversava com o meu primo-irmão. Abstraí ouvindo o som da banda de Lajedo que ele
me mostrava e tive o insight. Pode ser que não funcione e pode ser que dê
certo. É só o que concebo que pode faltar. O último recurso disponível na fase,
que eu tenha conhecimento. Estou muito curioso para tentar. É a última lua das
especiais que faltam para eu pegar na fase. Consegui até a da corrida. De
primeira. Que milagre. A facilidade de pegar a lua da corrida nessa fase me
leva a crer que cada fase, ou grupos de fase, foi desenvolvido por um time
diferente. 20h58. Que pena, a novela que titia assiste vai começar, queria
tentar o Mario. Não tem problema, tento depois. A noite, mais do que nunca, é
uma criança para mim.
21h02. Para ajudar a promover a banda de Lajedo que meu
primo-irmão está incentivando, In The Sisos, aqui vai um vídeo do YouTube com o
som deles.
21h03. Estou meio sem assunto. Já vejo a ideia da agência
como algo mais distante, acho que me desmotivei. Por isso digo que voltar ao
meu quarto-ilha é uma etapa necessária do processo. As crises de tédio lá
poderão me forçar a fazer o movimento. Aqui está tudo às mil maravilhas, vivo
como pedi a deus, com liberdade e companhia. Lá em casa as coisas são um pouco
diferentes, até por uma escolha minha. Prefiro deixar minha mãe e meu padrasto
à vontade, respeitar sua privacidade conjugal e cultivar a minha. Ademais eu
tenho muito mais assuntos em comum com o meu primo-irmão que com eles. Meu
celular é chique, pisca de quatro cores diferentes, azul, verde, vermelho e
branco. É um recurso fútil e útil. Sei que tipo de mensagem chegou só pela cor
da luz. Agora, ele pisca vermelho por causa da bateria fraca. Não vou enumerar
para que serve cada luz, é besteira demais até para esse blog, quem tem celular
assim sabe e quem não tem não precisa saber, em nada acrescenta. Se bem que o
que eu escrevo em nada acrescenta a ninguém da mesma forma. Hahaha. O grande
absurdo é esse blog. Eita, bom nome, vou tentar registrar. Momento. Desisti.
Circo do absurdo é melhor, já que a imagem é de um macaco. Vou tentar esse.
21h15. Registrei, vou prepará-lo para ser redirecionado para
cá. Mais um momento.
21h33. Demorou mais tempo que o esperado. Fiz um cabeçalho
levemente mais elaborado que o dos demais. Hoje não saio de casa nem a pau. Não
quero. Amanhã já vou sair, será o dia da sessão Nintendo Switch, se tudo der
certo, então hoje quero relaxar aqui com as palavras e o Mario. Talvez passeie
pelo Desabafos do Vate, não tenho produzido nada que me apeteça lá, quero
reverter isso.
21h42. Uma garota de um dos grupos de escritores onde
divulgo o meu blog me incentivou a digitar o diário que escrevi no Manicômio.
Achou a proposta interessante ainda mais porque real. E acha que por estar
reescrevendo, isso ajude a melhorar o estilo, embora permaneça fiel ao que
escrevi. Sei lá, fiquei mais animado com os meus cadernos, por mais que ache um
saco digitá-los e, por conseguinte, acho que acharão chato de ler. Mas me
prometi isso quando internado, preciso cumprir essa promessa comigo mesmo. E
se, por uma ventura muito grande eu resolver contatar meu ex-chefe e o negócio
da agência rolar, pode ser que tenha desconto na revisão, sabe-se lá. Tudo é
possível. Inclusive nada disso se concretizar. Hahaha. Vou pegar café e fazer
xixi. Não necessariamente nessa ordem.
23h16. Estava olhando o meu primo-irmão jogar Mario Odyssey.
Ele aos poucos vai pegando o espírito do jogo, embora não tenha muita paciência
para explorar. Entendo agora porque há os que preferem o Galaxy. E entendo
ainda mais porque amei tanto o Odyssey. O Galaxy é muito mais straightfoward que o Odyssey. O caminho
é bem mais óbvio e geralmente só existe um caminho a ser seguido por vez. O
Odyssey tem um mundo em aberto que permite várias soluções (power moons) de uma só vez, alguns
mundos são acachapantes, muito grandes, chega a dar preguiça pensar em
desbravar cada um e na quantidade de coisa que está escondida neles. Mas, de
lua em lua, quando se vê o mundo foi (quase que) totalmente explorado. Eu não
tenho palavras. Talvez a melhor seja terapêutico. Me fez bem à alma jogar o
Odyssey. Me faz bem. Me sinto, bem, alegre, contente, feliz. Acho feliz uma
palavra de um significado muito forte, mas enquanto absorto no mundo do jogo,
me sinto sinceramente feliz. Cada lua é motivo de pequena celebração. Seja um
gesto, uma palavra, uma pausa para umas baforadas.
23h37. Conversei com o meu primo-irmão e ele relembrou as
partidas de Smash Bros. Melee que jogávamos ele, o ex-marido da minha tia
caçula e eu. Disse ser um dos ápices da diversão em videogames. Disse-lhe que
não havia ainda para Switch e que não sabia o que iríamos jogar na casa do meu
primo urbano amanhã, talvez o Mario Kart. Sei que não quero jogar, prefiro
olhar. E conversar, se conseguir. Em verdade, acho que o meu amigo jurista
deveria levar o PS4, pela quantidade de jogos que tem para o sistema, mas não
direi isso a ela até porque os gráficos devem ser tão superiores aos do Switch
e do PS3 que me desestimularão um pouco a jogar os meus consoles. Não quero ver
o PS4 por um bom tempo. Talvez nunca. Se bem que os que vi rodando de fato no
sistema nas lojas, que foram jogos bem no início do ciclo de vida do sistema,
não me pareceram carregar a evolução gráfica que se deu do PS2 para o PS3, por
exemplo. Achei tudo mais nítido e num frame rate mais elevado, mas não me
impressionaram muito. Embora tenha visto jogos mais recentes e esses me
deixaram sinceramente impressionado, mesmo os vendo em vídeos de dimensões
pequenas na tela do computador. Não quero ver esses jogos numa TV grande
rodando no console com medo de ficar mal acostumado. Acho que vou postar o meu
post anterior. Não, não vou fazer isso agora. Vou fazer durante a madrugada.
Nossa, já vou em nove páginas, como foi rápido. Da última vez que vi estava na
quinta página. Nunca deixa de me impressionar a minha capacidade de extrair
tanto do nada. Acho que em todos os posts me surpreendo com isso. É como entrar
por um cano no jogo do Mario, em todos os games da franquia tem que ter essa passagem.
Hahaha.
23h55. Acho que vou ficar por aqui. Não sei. Acho que quero
ir para o Vate. Mas não ainda. Sou muito mais peludo do que gostaria de ser.
Gostaria de ser tanta coisa que não sou, mas não trocaria de vida com ninguém.
Talvez com um ator ou um cantor de rock, talvez não, gosto de ser um estranho
na multidão, mas a aura da celebridade me encanta. Eles (e elas) parecem ser
tão confiantes e plenos. Acho que seria um Kurt Cobain se fosse famoso, teria
um fim rápido e deprimente. Não saberia lidar com a fama e com a necessidade de
cantar os mesmos sucessos para agradar ao público.
0h07. O celular descarregou, eita bicho guerreiro. Resistiu
muito até se dar por vencido. Vou colocá-lo para carregar. Preciso dele amanhã
para combinar a sessão Nintendo Switch. Ainda vou tentar pegar a lua que
divisei a solução provável antes de dormir. Sim, botar o aparelho para
carregar, esqueci.
0h12. Meu primo se cansou do jogo. Também não aguento jogar
mais de duas horas, fico saturado. O que é bom, a delícia dura mais tempo. Está
vendo “Easy Rider”, não decorei o nome em português, acho que é “Sem Destino”,
mas não tenho certeza. Nunca vi, pensava até que era em preto e branco para
você ver a minha ignorância a respeito da película. Vou abrir um novo documento
para o Desabafos do Vate. E ficar lá e cá. Ou só lá, veremos.
0h52. Estou escrevendo no Desabafos do Vate, me sinto
completamente livre lá, trato do que nunca trataria aqui. É divertido. Voltei
só para dizer que acho que o fato de ter publicado o endereço do meu blog num
post que está ou estava em evidência em um dos grupos deu um boom de leitores
na minha última postagem. Pulou de 33 para 42 visualizações. Ótimo. Mas vou
voltar para o Desabafos do Vate, só queria registrar isso aqui. Um cheiro
perfumado tomou o meu quarto, curioso. De onde virá e quem o estará produzindo?
Muito agradável o odor. Bom, vou para o Vate.
0h58. O perfume que invadiu o quarto pode ter sido a minha
tia saindo do banho. Ela veio me perguntar se tomei o remédio. Acho que deve
ter sido ela.
1h08. Vou revisar isso para postar.
4h56. Criei um conto lá no Vate. Preciso reler. Se valer a
pena, posto aqui, mas só quando acordar.
8h40. Tentei fazer outro post de ficção científica, mas
achei, relendo, que o primeiro ficou muito fraco e o segundo muito confuso. Vou
ainda tentar reescrever o segundo e tentar dar uma ajeitada no primeiro. Vou
dormir, estou que não aguento de dor no ombro.
-x-x-x-x-
18h03. Acordei há cerca de uma hora. Esse negócio de dormir
de manhã e acordar a essa hora não está com nada. Acordo muito detonado ainda.
Se bem que sempre que acordo é assim. Mas não gosto de ter um horário tão fora
do usual assim.
18h10. Relembrando os contos, não gostei de nenhum dos dois,
pelo menos na forma em que se encontram. Não vou publicá-los. Ficam como
exercício no Desabafos do Vate mesmo.
18h11. Parece que hoje vai rolar a sessão Nintendo Switch
mesmo. Falta o meu amigo jurista confirmar tudo agora. Ele deve estar ocupado e
por isso não responde.
-x-x-
Dezenas, ou centenas de pitocos, botões, plugues teclas, uma
visão complexa e acachapante para mim. Não sabia que o meu primo urbano tinha
um equipamento tão rico e sortido em sua sala de sons, é o nome que dou ao seu
quarto musical, o primeiro lugar que quis conhecer da casa. Ele mostrou o funcionamento
básico, mas não quis me meter a operar pois a parafernália toda, fiquei
intimidado, me pareceu complicada demais para operar. Meu amigo jurista, sempre
muito sociável, começou a brincar lá. Meu primo fez uma demonstração que
resultou num som cósmico e viajante. Foi bem legal. É fácil perceber que um
aficionado pode gastar infinitas hora calibrando e descobrindo sons e ritmos
ali. Meu primo urbano disse que aquele era o seu “videogame”. O meu videogame é
o Word, mas não senti falta de escrever na companhia deles. Meu primo urbano
comprou uma providencial Coca para regar a noite. O negro líquido estava
geladíssimo, no ponto ideal, delícia. A varanda de seu apê é legal com uma
vista bonita e arborizada, tem plantas e um banco de madeira o que torna o
lugar ainda mais aprazível, a brisa leve e as cores da noite davam o clima e me
deixei a cismar olhando para a cidade. Enquanto isso, meu amigo jurista plugava
o Nintendo Switch para a nossa sessão. O que jogamos – e não conseguimos parar
de jogar por um bom tempo, mal dando tempo para ver os outros jogos – foi o
Snipperclips. É uma diversão jogar com três pessoas, duas delas sem fazer a
mínima ideia dos comandos. Cada desafio conquistado gerava uma verdadeira
sensação de recompensa. Engraçado como o comportamento no jogo reflete um pouco
do estado de espírito de cada pessoa. Eu fiquei, como sempre, mais como
figurante, agindo pouco e quando era requisitado. Dei a lá minha participação,
pois só é possível passar com a participação de todos e achei o conceito muito
criativo, simples e inteligente. Só jogando para entender. E acho que fica tanto
mais divertido quando mais jogadores há, pois o jogo fica mais caótico. Até eu
ri em certas situações esdrúxulas pelas quais o time passou. Hahaha. Depois do
Snipperclips vimos um pouco de um jogo de sobrevivência procedural com
iluminação muito bonita, que foi para mim o ponto alto do jogo. Percebi como a
iluminação é importante para dar clima a um game e como esse recurso é
subutilizado nos videogames em geral. Limbo é um caso raro e a prova viva do
que eu falo, toda a sua beleza está na iluminação pouco ortodoxa e inventiva.
Depois passamos para o Mario Kart 8 Deluxe onde jogamos uma copa, mas confesso
que não tenho mais paciência para Mario Kart. O que fiz foi apenas guiar meu
carro até o final do percurso, sem me importar muito em que colocação eu
estava. Não empolgou. Finalmente passamos para o Zelda que também não me tocou
nem um pouco. Confesso que fiquei pensando no Mario, jogo mais sensacional que
já joguei. Nenhum se compara a ele, embora em termos de multiplayer não tem
muito a oferecer como a diversão da interação entre nós três no Snipperclips
que foi tão boa quanto uma partida sozinho do Odyssey. Nós jogamos na vibe perfeita, eu acho e isso ajudou.
1h22. Já estou na casa da minha tia a escrever, como se
percebe, mas vou revisar o outro texto para postar. Ah, duas curiosidades da
sala de sons do meu primo urbano, ele tem um equipamento que capta as ondas
eletromagnéticas e as transforma em som e outro que vibra de acordo com o som
de um dos canais. O experimento que ele fez com esse último foi colocá-lo
dentro de uma lata cheia de clipes e microfonar o som no interior da lata
vibrando de acordo com as batidas e então o distorcendo. Foi inusitado e curioso.
Mas gostei mesmo da jam que ele fez com o meu amigo jurista. Vou publicar isso
agora com o outro post, já que está curto. Quero dormir mais cedo hoje. 1h44.
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