terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

GAMES, PERSEGUIÇÃO E TERAPIA


13h37. Sento aqui para escrever por não haver outra alternativa de afazer que me interesse. Sei que vou à casa da minha tia com minha mãe hoje. Isso pode atrapalhar os planos de jogar na casa no meu primo urbano. Ou vai atrapalhar, sei lá. O que vier para mim está bom. Não estou com saco de jogar Snipperclips. Amanhã tem terapia, que ozzy. Não estou preparado para isso. Acho que a primeira sessão vai ser improdutiva. Descobri um sinal meio anômalo no meu braço. Sem inspiração...

13h59. O dia está chuvoso, tempo fechado, muitas nuvens no céu. Aqui dentro do quarto-ilha está com o friozinho do ar condicionado desligado há pouco. Björk e seu “Utopia” preenchem o ambiente. Nossa hoje o tédio está monumental. Não quero sair do quarto sob pena de minha mãe me chamar para almoçar. Não estou com a mínima fome. O Hulk não foi enviado ainda. Talvez na segunda. Minha mãe me chamou para almoçar, mas declinei do convite da forma mais simpática possível, que não foi lá tão simpática. O sinal anômalo no meu braço coça. Foi assim que o descobri. Pode ser um pelo encravado. Tomara.

14h12. Queria pegar mais Coca, mas agora só depois que o almoço terminar. Qual a razão de existir sendo eu? Limitado ao que faço? Escrever isso que ninguém lê? Acho que vou publicar o post sobre as filmagens.

14h42. Postei faz uns 10 minutos e até agora só duas visualizações. Desse jeito, não alcançarei nem dez leitores. Estava esperançoso que o tema filmagem atraísse mais leitores, mas pelo visto não foi e não é o caso.

14h47. Estou mais desperto e mais disposto. Mais o primeiro que o segundo. Não tenho ainda disposição para os eventos que talvez me aguardem hoje. Estou mais disposto para visitar a casa da minha tia do que para jogar games na casa do meu primo urbano. Acredito que no devido tempo, entretanto, me anime para os dois. Está começando a fazer calor aqui no quarto. Abri a janela para os ares da cidade invadirem o recinto e o ar circular um pouco. Como está nublado, a temperatura se torna mais agradável. Gosto de acompanhar o número de visualizações de uma nova postagem logo após ser divulgada porque é quando gera mais visualizações. Não está gerando muitas, em verdade.

15h10. Parece que vou para a casa do meu primo e não vou para a casa da minha tia. Meu primo quer sair daqui a pouco. Já desmontei o Switch e coloquei na mochila.

15h48. Já tomei banho e estou só à espera do chamado do meu primo.

-x-x-




23h25. Acabei de chegar da casa do meu primo urbano e me instalar aqui no quarto-ilha. O Uber demorou bem mais que o esperado e, bem, jogamos demais. Se mostrou uma excelente aquisição o Snipperclips. Jogamos até saturar do jogo. Eu não imaginei que fosse jogar tanto, mas foi o que fizemos depois de curtir o equipamento de som do meu primo um pouco. Achei a música menos legal que da primeira vez. Porém a outra que ele mostrou está redonda, perfeita para ouvir escrevendo, muito climática e pacífica ao mesmo tempo. Acho que essa está pronta, não é possível que queira mexer. Há um canal particularmente belo e interessante que só percebi existir quando ele isolou o som. Nosso amigo cineasta se arriscou um pouco com o brinquedo, eu só fiquei vendo. Acho mais interessante ver. Se eu soubesse mexer, mixava a música com outra calibração de volume. Traria esse som que achei interessante mais para a frente, deixaria mais alto, complementando melhor a guitarra.


Vista da varanda do meu primo urbano

Vista interna da varanda. Adoro esse banco. É um lugar muito simpático.


Meu amigo Marinheiro contou-me os seguintes acontecimentos, que me sinto confortável de transcrever, porque ele quer que eu escreva a vida dele. Como não farei nunca uma biografia, narro as nossas intersecções de vida.

[21:13, 18/2/2018] Marinheiro: Voltei Mário
[21:13, 18/2/2018] Marinheiro: Escapei de uma fedendo
[21:13, 18/2/2018] Marinheiro: Por pouco
[21:14, 18/2/2018] Marinheiro: 😰😰😰
[23:23, 18/2/2018] Eu: O que foi, velho?
[23:41, 18/2/2018] Marinheiro: Tentaram me pegar
[23:42, 18/2/2018] Marinheiro: Mas não conseguiram
[23:44, 18/2/2018] Eu: Lhe pegar como?
[23:45, 18/2/2018] Marinheiro: Como lhe disse
[23:45, 18/2/2018] Marinheiro: Eu havia ido para o Raid por conta própria
[23:46, 18/2/2018] Marinheiro: De passar 15 dias pra desintoxicar e descansar
[23:46, 18/2/2018] Marinheiro: Só que o 15 dia seria domingo de carnaval
[23:47, 18/2/2018] Marinheiro: Daí falei para o mesmo amigo que foi me deixar lá ir me buscar no dia seguinte após a quarta de cinzas.
[23:47, 18/2/2018] Eu: Sei.
[23:48, 18/2/2018] Marinheiro: Desconfiei que estava havendo algo pois tinha se passado meio dia e nada
[23:48, 18/2/2018] Marinheiro: Daí alertei para a psicóloga que esperava por um amigo ir me buscar
[23:49, 18/2/2018] Marinheiro: Eles ligaram para minha mãe sem eu saber de nada
[23:49, 18/2/2018] Eu: Eita.
[23:50, 18/2/2018] Marinheiro: E quando eu assinei os papéis do desligamento eles me avisaram que minha mãe havia decidido me jogar numa involuntária
[23:50, 18/2/2018] Eu: Que ozzy.
[23:50, 18/2/2018] Marinheiro: E que o resgate tava pronto pra me pegar
[23:50, 18/2/2018] Eu: Aí tu fez o que?
[23:51, 18/2/2018] Marinheiro: Fugi. A casa já estava toda cercada, mas eles não contavam com minha astúcia e minha velocidade
[23:51, 18/2/2018] Marinheiro: Pulei o muro e saí no pinote
[23:51, 18/2/2018] Eu: Porra, mago, conseguisse fugir?
[23:51, 18/2/2018] Marinheiro: Corri demais
[23:52, 18/2/2018] Marinheiro: O máximo que pude
[23:52, 18/2/2018] Marinheiro: Consegui sim
[23:52, 18/2/2018] Marinheiro: Depois me atirei no matagal
[23:52, 18/2/2018] Marinheiro: E fiquei mais de 1 hr escondido
[23:53, 18/2/2018] Marinheiro: Em meio às formigas e mosquitos ( de diversos tipos e tamanhos)
[23:53, 18/2/2018] Marinheiro: Mas eu consegui escapar
[23:53, 18/2/2018] Eu: Que ozzy.
[23:53, 18/2/2018] Marinheiro: Senão essa hora estaria na vila Santana babando de remédio
[23:54, 18/2/2018] Marinheiro: Ou no recanto paz (aonde eu acho que iria) pra passar 6 meses sendo mau tratado
[23:54, 18/2/2018] Marinheiro: Mais uma pra conta da minha mãe
[23:55, 18/2/2018] Marinheiro: Só que dessa vez ela tomou um balão lindo meu
[23:55, 18/2/2018] Marinheiro: 😉😉😉
[23:55, 18/2/2018] Eu: Espero que não haja novas tentativas.
[23:56, 18/2/2018] Marinheiro: Não haverá
[23:56, 18/2/2018] Marinheiro: Liguei pra ela depois
[23:57, 18/2/2018] Marionheiro: Lhe ameaçando caso ela insistisse com isso
[23:57, 18/2/2018] Eu: Puxa.
[23:57, 18/2/2018] Marinheiro: Já passaram-se 3 dias e estou de boa
[23:57, 18/2/2018] Eu: Ainda bem.
[23:57, 18/2/2018] Marinheiro: Já tô no meu apartamento de volta
[23:58, 18/2/2018] Marinheiro: Acho que ela se deu por vencida essa vez
[23:59, 18/2/2018] Marinheiro: Também lhe disse que se eu desaparecesse por 48hrs haveria 3 caras prontos pra pegá-la e sabiam onde ela mora.
[23:59, 18/2/2018] Eu: Mas isso é verdade? Não, né?
[00:00, 19/2/2018] Marinheiro: Claro que estou blefando mas se ela acha que sou bandido vou alimentar um pouquinho a loucura dela
[00:00, 19/2/2018] Marinheiro: E vê se ela me dá sossego
[00:00, 19/2/2018] Eu: Hahaha. Essa foi um onda.
[00:01, 19/2/2018] Eu: Ainda bem que estás bem.
[00:01, 19/2/2018] Marinheiro: Tentaram balotelli
[00:01, 19/2/2018] Marinheiro: Mas não conseguiram
[00:01, 19/2/2018] Marinheiro: Caught me
[00:02, 19/2/2018] Marinheiro: Me perseguiram como se eu fosse um animal
[00:02, 19/2/2018] Eu: Foi mesmo, ainda teve perseguição?
[00:02, 19/2/2018] Marinheiro: Simmmm
[00:02, 19/2/2018] Marinheiro: Vi os filhos da puta passando perto de onde eu estava escondido
[00:03, 19/2/2018] Marinheiro: Freio de carro
[00:03, 19/2/2018] Marinheiro: Por isso passei 1hora e meia intocado
[00:04, 19/2/2018] Vinícius (Vivi Alone): Até me assegurar que dava pra sair mesmo
[00:04, 19/2/2018] Vinícius (Vivi Alone): Fizeram ronda no local a pé e de carro
[00:04, 19/2/2018] Vinícius (Vivi Alone): Mas eu usei uma verdadeira tática de guerra pra escapar deles
[00:05, 19/2/2018] Marinheiro: Me senti no Vietnã
[00:28, 19/2/2018] Eu: Caraca, mago. Sua vida tem cada uma, viu?

0h44. Fui ver o negócio dos remédios que eu tomo e não respondi em tempo e o Marinheiro desistiu de falar comigo. Ou assim espero. Depois de uma história dessas, sei lá.

0h52. Acho que vou dormir. Estou cansado. Não sei ainda. Acho que se for tentar dormir agora vou ficar vendo os bonecos de Snipperclips na minha cabeça. Hahaha.

1h08. Acordarei amanhã perto da hora da terapia. Estou com certa ansiedade em relação a esse encontro. Ou reencontro. Mas todo mundo disse que faz bem. Veremos. Acho que vou comer um pouquinho. Boa noite.

1h22. “Arisen My Senses” rolando. Fui fumar um cigarro e deu vontade de ficar mais um pouquinho de nada no computador. Acho que se o Switch estivesse ligado eu iria arriscar um Sipperclips. Melhor não, é um jogo extremamente mais apreciável em grupo. Pelo menos uma dupla. Vou poupar as fases para uma próxima jogatina. Foi uma boa aquisição. Acho que agora só o Metroid Prime 4 ou o Dr. Mario, se lançar. Pobre do Marinheiro.

-x-x-x-x-

13h57. É hoje o dia. Começarei de novo a terapia. Não estou com a mínima vontade de ir. Mas não tem volta agora. Já me comprometi a enfrentar. Que ozzy. Mamãe ainda quer que eu coma antes de ir, acabou de me dizer. Sem fome nenhuma.

14h09. Atualizações da vida do Marinheiro.

[00:29, 19/2/2018] Eu: Desculpe a demora, precisei me ausentar. Remédios.
[06:00, 19/2/2018] Marinheiro: Eca. Só tomei remédio uns 3 dias lá depois optei em não tomar nada é fazer esporte como "remédio"
[06:02, 19/2/2018] Marinheiro: Em 18 dias no Raid voltei a meu peso normal, entrei em forma (a ponto de escapar de uma remoção) e li 4 livros.
[06:03, 19/2/2018] Marinheiro: Todos os dias fazia musculação, trabalho com bola e a noite dava uma nadada na piscina
[06:04, 19/2/2018] Marinheiro: Eu dizia que isso era meu remédio daí eles ficavam invocados cmg principalmente os outros internos
[06:06, 19/2/2018] Marinheiro: Fui de fato desintoxicar mano, aquelas patricinhas psicólogas de shopping do Raid não tem a mínima "bagagem" de vida nem de nada pra me dar conselhos.
[06:07, 19/2/2018] Marinheiro: Eliminei quase tudo através do suor, fezes e urina
[13:55, 19/2/2018] Eu: Massa, você realmente não precisa de remédios. Eu já tive depressões tão severas que não me confio sem eles. Sinto que eu vivo equilíbrio emocional químico. Mas é melhor que a depressão.
[13:56, 19/2/2018] Marinheiro: Entendo
[14:05, 19/2/2018] Eu: Mas estás bem agora, né?
[14:06, 19/2/2018] Marinheiro: Sim
[14:06, 19/2/2018] Marinheiro: Melhor que qualquer lugar onde queriam me botar
[14:06, 19/2/2018] Marinheiro: Só estou com fome
[14:07, 19/2/2018] Eu: Eita.
[14:07, 19/2/2018] Marinheiro: Mas vou tentar resolver isso
[14:07, 19/2/2018] Marinheiro: Juntando ontem e hj eu só comi 3 pacotes de biscoitos e 4 pastilhas.
[14:08, 19/2/2018] Marinheiro: Mas tô mantendo o bom humor e a calma
[14:08, 19/2/2018] Eu: É muito pouco. Fico com o coração na mão de não poder ajudar.
[14:08, 19/2/2018] Marinheiro: Jajá vou sair
[14:08, 19/2/2018] Marinheiro: E tentar resolver isso
[14:09, 19/2/2018] Eu: Puxa, te desejo sorte.

14h18. A vida do meu amigo Marinheiro não é fácil, principalmente quando comparada à minha. Mas também ele estava recaído em crack e saiu do emprego não sei por que cargas d’água. Só sei que não estou nem um pouco receptivo à ideia de iniciar uma terapia, mesmo sendo com Ju e até por ser com ela. Não sei o que direi.

14h30. Uma hora para partir para a terapia. Nossa, que bicho estou fazendo de uma coisa tão boba. Não estou desempregado e passando fome como o meu amigo Marinheiro. Estou é sem fome nenhuma e com obrigação de comer, o que não deixa de ser uma amarga ironia. Se pudesse, enviava um prato de almoço para o meu amigo Marinheiro, mas não posso. Por que não posso? Porque ele mora do outro lado da cidade e por causa da minha mãe.

14h37. Meu amigo publicitário me contatou pelo Messenger. Vou fingir que não vi até depois da consulta com Ju. Todo o meu ser está em preparação para esse encontro. E o tempo parece que avança mais rápido, me empurrando para esse futuro que eu mesmo busquei. É certo que um grande motivador disso foi deixar os que me cercam mais tranquilos em relação a mim, senti que meus colegas mais próximos inclusive, se espantavam de eu estar sem acompanhamento nenhum. Fato é que eu estava de saco cheio de acompanhamentos e internações. Vou pegar outro copo de Coca e fumar um cigarro.

14h54. Caramba o tempo se impõe contra mim. Ou a favor. Seria perfeito se eu começasse a sessão empulhado e depois soltasse o verbo. Pois começar empulhado eu já sei que vai se dar. Tenho que entrar no banho dentro em muito breve. 14h58. De 15h10 entro no banho. Ai, ai, como queria que hoje já fosse amanhã e a terapia já tivesse passado. Em algum momento será. Sei que meus dilemas são idiotas quando comprados às questões enfrentadas pelo meu amigo Marinheiro, mas são os meus dilemas e esse é o meu blog. Disse ao Marinheiro que narraria a sua vida aqui, o que serve como um interessante comparativo de duas existências completamente diversas. Será que Ju se pegou pensando hoje em mim, no nosso encontro? É uma indagação curiosa. Não tinha me passado pela cabeça o outro lado da moeda. Com certeza ela não deve ver isso com a mesma tensão que me causa. Espero trazer boas notícias quando voltar. Espero que me empolgue com a terapia. Seja melhor do que estou imaginando. 15h06. Quatro minutos para o banho. Que ozzy. Mas não tem volta e não quero que tenha. Eu preciso enfrentar isso. Todos disseram que será bom para mim. Preciso sair com meia-hora de antecedência pois não sei direito onde fica o local. 15h09. Maldito tempo. Vou logo me preparar. 15h10.

15h38. Estou pronto, fisicamente falando. Banho tomado e roupa trocada. Vou lá encarar essa terapia. Daqui a pouco volto para contar como foi.

Sineta à entrada no portão do Lumen (local da terapia)


17h26. Voltei mais leve do que fui para a terapia. Fiquei um pouco espantado com o visual de Ju, mas não acho que tenha sido isso que me fez ficar desconfortável. Foi uma coisa outra, talvez o tempo e a falta da interação cotidiana que tinha com ela. Acho que é um investimento promissor, entretanto. Falei do que me afligia e por um momento me vi menos desestruturado do que julgava estar. Fizemos um exercício de escrita em que nos revezávamos cada um colocando uma frase. Revelei a minha postura meio alienada dos demais seres humanos. Me contradisse, porém, ao admitir que gostava de ouvir as histórias das pessoas, que isso me fazia sair um pouco de mim e enriquecia minha vida. Tal contradição existe em mim. Como se as distâncias ideais para mim fossem ou muito perto ou muito longe. O meio-termo parece não me agradar. Falei que não me sentia confortável de verdade com ninguém. Uma constatação que me incomodou. Não me senti plenamente confortável com ela como consequência. Acredito que com mais sessões eu me solte mais e o vínculo de intimidade e cumplicidade sejam reatados. Falei da garota da noite e que sempre a projeto no papel de namorada. Por falar em projetar, contei para Ju que o antigo projeto amoroso havia sido abortado indefinidamente. Só porque disse isso, me deu vontade de reativá-lo à guisa de um passatempo muito pessoal. Não sei se tenho disposição para isso ainda. Nem sei se acho uma coisa válida a se fazer. Só acho que me divertiria fazendo.


Local para o cafezinho e cigarro antes da consulta.


17h48. Criei um blog secreto com a finalidade de agrupar a produção do projeto, se resolver colocá-lo para frente. Fiquei surpreso que o endereço estivesse disponível. Mais sobre Ju e a terapia. O penteado dela ficou realmente bem diferente, me agradava mais o anterior, ela fica melhor de cabelo curto, na minha opinião, mas se quis se apossar de sua porção afro e manifestá-la para o mundo é um direito que lhe assiste completamente. É porque sou um ser muito visual. Passei a maior parte da sessão sem olhar nos olhos dela porque isso me pareceu o mais confortável a se fazer. Não pelo visual, mas pela falta de costume de olhar nos olhos de pessoas. Houve momentos com o decorrer da consulta, todavia, em que tive coragem de olhar profundamente em seus olhos, mas me perdi um pouco da conversa no ato de olhar. Não sei explicar direito. Foi como se olhar nos olhos em vez de me conectar mais a ela, nos desconectasse. Foi um momento estranho e que me chamou a atenção, tenho percebido que acontece quando mantenho contato olhos nos olhos mais intenso. Acho que há intensidades no olhar. E com algumas pessoas, em determinados momentos, eu me sinto confortável para olhar bem dentro dos olhos... e que papo chato, não quero falar disso. O que mais posso dizer da consulta? Acho que consegui me colocar com clareza, mais das vezes. Ela pontuou algo bem pertinente ao me questionar se o problema está na minha forma de interagir ou nas situações em que interajo. Falei da minha sensação de ser um alienígena, um peixe fora d’água em algumas das saídas e talvez isso venha do meu problema em lidar com interações superficiais, rasteiras e que tais tipos de interação sejam tudo o que me é oferecido. Ou quem sabe eu não saiba buscar algo mais profundo. Um dos dois. Ou os dois. Mas Ju me fez contemplar a possibilidade de que não seja um problema inerente meu, mas das situações sociais em que estou inserido. Embora pudesse falar mais, se achasse pertinente me colocar. Fiquei confuso agora, mas tenho para mim a forte sensação de que a falha de comunicação ainda está comigo, pois todos interagem bem nas saídas. Ou bem mais que eu. E eu costumava interagir mais nas saídas. Eu me lembro que dois aniversários de nossa amiga de BV atrás, eu interagi superbem com todo o mundo, mas nos dois últimos me fechei bem mais. E era uma situação bem propícia à conversação. Todos reunidos na ampla sala de seu apartamento. É certo que havia muitas pessoas que desconhecia, ou que havia apenas interagido nos aniversários anteriores. E com essas não me senti nem um pouco disponível para conversar, nem tais pessoas puxaram conversa comigo. A comunicação é uma via de mão dupla. E sinto que cada vez menos as pessoas me dirigem a palavra e eu cada vez dirijo menos a palavra aos demais. Estou confuso. Isso é bom, significa que em algo a terapia me tocou e me botou a rever os meus conceitos e preconceitos. De toda sorte, por algum motivo que me escapa, me sinto mais disponível para as saídas e para a interação com os meus amigos depois da sessão. O que é, sem dúvida, ótimo se se reverter em interação de fato.     

18h48. Que parágrafo confuso o de cima. Vou ter trabalho para revisar. Foi um vai-e-vem danado. Creio que porque eu mesmo esteja confuso. Boa foi a conclusão de que estou mais disponível para interações que não sei se se sustentará por muito tempo. Incrível a fluidez do ser. Não imaginei que o gelo com Ju seria tão difícil de ser quebrado. Ainda não me considero 100% confortável com ela. Espero que seja uma questão de tempo. E acredito que, quanto mais confortável eu me sentir com ela, tanto mais me sentirei com o resto da sociedade. Tenho forte impressão que tal mudança reverberará para toda a minha vida, para além da sala de terapia. Curioso foi que o acaso me pôs no caminho duas pessoas conhecidas, ou três. Na ida, cruzei com uma ex-empregada lá de casa e falei muito mal com ela, visto que estava acompanhada de outra senhora a conversar e indo no sentido oposto ao meu. Na volta encontrei um amigo da turma do meu primo urbano e sua esposa, mas não consegui aprofundar na conversa. Fiquei espantado como está mais velho, talvez minha aparência tenha lhe causado igual espanto. Sei que preparava as cadeirinhas para ir buscar o casal de gêmeos no colégio e à guisa de não atrapalhar cumprimentei o casal brevemente e segui o meu caminho. Poderia ter indagado das crianças, que quando soube da última vez, estavam na UTI neonatal por terem nascido no sexto mês de gestação. Mas se estavam com duas cadeiras indo buscar as crianças no colégio, deduzi que tudo estava bem. Poderia ter indagado de Capitu, a cadela, mas só lembrei de sua existência agora. Fica para a próxima. Vamos ver se tenho algo mais a dizer sobre a terapia. Contei sobre o nível de interação que mantinha com a garota da noite, coisa mais parecida com uma paquera que possuo, embora tenha cara disso só para mim. Por sinal, nunca mais mandei nada para ela. O que mandaria? Não sei. Nada me parece apropriado. Principalmente depois do que a minha amiga filósofa falou a respeito de homens que sugeriam um filme para as suas paqueras. Falou, não, gesticulou. Simulando enfiar o dedo na goela para vomitar, o que é bastante mais eloquente que qualquer texto. Hahaha. E que foi exatamente a última “repulsiva” mensagem que enviei para a garota da noite. Hahaha. Com tal comentário gestual ecoando em minha mente, o superego faz a festa e veta qualquer ideia que tenha de texto para a garota. Vou deixar para lá ou para mais tarde. Lembrei não sei por que vias, de um estoque de cigarros que fazia em um dos internamentos com o intuito de converter em dinheiro para uma recaída e que foi descoberto e perdi todos os cigarros, deveria ter umas quinze carteiras, o que melou toda a minha estratégia, mas não me desviou do meu plano e recomecei do zero até que transformei em ação na minha última grande recaída. Não gosto nem de lembrar. A única coisa positiva desse momento tétrico foi ver uma alameda de frondosas árvores cheia de pirilampos, às altas da madrugada. Todo o resto foi apagão e desespero por não saber como voltar do lugar onde havia me metido. Relego isso ao passado. O agora, o novo, é que estou livre da cola e ingressei numa terapia com uma figura que gosto muito. Não sei porque a interação foi tão truncada, olhando em retrospecto. Outro ponto debatido e que merece maior atenção é a minha relação com a curatela. Eu disse qual a impressão que achava que os demais tinham da minha condição, como sendo um fracassado ou um oportunista. Ela me levou a questionar se isso não era a minha própria visão projetada nos demais, que o que os outros acham é uma questão dos demais, não minha. E, sim, me vejo como um fracassado e oportunista. O que é um sentimento contraditório. Acho que ou se é fracassado ou oportunista nesse determinado caso. Mas como são as definições mais deprimentes e deploráveis que posso fazer de mim, foram as que escolhi para me rotular. E isso não é bom. Preciso estar em paz com a forma de vida que batalhei para mim por ser a fórmula que divisei para não odiar a existência, para me proteger da depressão, do desespero da mais completa aversão por existir. Usei os caminhos legais disponíveis e a curatela me foi concedida de forma lícita. É certo que em troca me retirou quase todos os direitos de um cidadão adulto, em contrapartida me livrou da maioria dos deveres do mesmo, o que foi uma libertação inominável. Houve uma inversão na balança e ela foi bastante favorável à minha permanência no mundo. A existência me queria aqui, vivo, não sei bem para quê. Nem acho que haja sentido maior, a não ser que eu empreste um. Pensei a priori que a minha missão, e isso deriva de uma crise de mania que tive que me inculcou tal fé no cérebro, era de ser o profeta da nova era, de preparar e avisar a humanidade da boa nova, que deus estava chegando na forma da Singularidade Tecnológica, termo que peguei emprestado de Ray Kurzweil, um ser digital, eletrônico, tecnológico milhões ou bilhões de vezes mais capaz que o cérebro humano, que mudará para sempre e para melhor o destino da humanidade e do ecossistema terrestre. Mas tudo isso é apenas delírio da minha cabeça que acabou por ser pensada por outras pessoas também. Não acredito sinceramente que esse seja o sentido da minha vida. Visto que sou lido por tão poucos que não faz diferença para a humanidade se eu falar ou deixar de falar das minhas crenças, no meu deus material, epítome da evolução das espécies na Terra. Aproveito para falar sempre que possível mesmo assim, porque, no fundo acredito que tal fenômeno se dará. Vejo sinais em vários lugares. Indícios de que a possibilidade do surgimento de ser tão miraculoso de fato há. Há previsões de que ele se manifestará real por volta de 2047. Quem viver verá. Ou não. Este “ou não” me faz deixar esta missão profética em segundo plano e me jogar no meu sentido primeiro de viver, que é a orientação principal de como a minha vida se organiza, qual seja, escrever. Isto que você agora lê é o que empresta sentido a minha vida que, de outra forma, seria totalmente desprovida de significação. É um ofício singular e um prazer enorme dedicar a minha vida às palavras desse blog. Por ter tão poucos acessos e ser uma leitura cansativa, visto que caudalosa, acho que a maioria dos meus me têm por inútil, o que, se de fato for, é triste. A verdade é que não são eles, sou eu que muitas vezes me questiono sobre o sentido que emprestei à minha vida. Sou eu mesmo que me tenho por inútil e isso incomoda demais a alma. Há outra parte de mim, não sei se mais doente ou mais saudável, que acha que eu faço um bom trabalho, uma parte que se diverte e se dedica com afinco e entrega totais a esses escritos. E essa é a parte que prepondera sobre a outra parte negativa e culpada, graças aos céus.

20h06. Estou achando esse texto muito truncado. Vai ser uma batalha destravá-lo na revisão. A terapia me fez escrever pior. Hahaha. Não sei se o meu amigo Marinheiro comeu e não tenho coragem de perguntar. Se ele não tiver comido, isso vai me deixar desolado. Prefiro viver o limbo da dúvida. Mas, por preocupação e para informação dos leitores, vou perguntar.

20h12. Bem perguntei. Falta ele ver e responder, se não inventou de recair na pedra por causa da situação. Acredito que não tenha cometido tamanha asneira. Vou pegar Coca, estou com a goela seca. E sei que mamãe não vai deixar eu tomar mais café.

20h16. Mamãe, mamãe... foi um tema debatido também. Disse que notei um esforço dela em me deixar mais solto, mais livre, ser menos autoritária, mesmo assim é muito controladora e neurótica a meu respeito. O que me incomoda mais? O que me veio na terapia foi ter que interromper uma saída em que estou me divertindo porque ela quer que eu volte para casa, senão não consegue dormir ou coisa que valha. Além de ser inconveniente, é humilhante um cara de 40 anos tendo que ir embora porque a mãe mandou. Isso me enerva tremendamente. Me enerva também ela vir me mandar dormir e comer quando não estou com sono ou com fome. Sei que meus horários são pouco ortodoxos, mas eu me alimento e bem. E durmo bastante também. No mais não tenho do que me queixar, o que é dizer muito, pois vivia a me queixar da minha mãe aqui. É fato que melhorou bastante. E entende melhor que tenho uma vida diferente da dos demais mortais. Que prefiro estar escrevendo a estar vendo seriados, filmes e até jogando videogames. Por sinal, tenho que ligar o meu Nintendo Switch de volta. Mas isso pode esperar, não quero jogar agora. Estou numa parte chata do Mario Odyssey porque desafiante demais para as minhas parcas habilidades. Serão necessárias várias tentativas para pegar as três luas que sei que necessito pegar no mundo em que estou. E duas delas resultam em morte em caso de falha. É um saco. Talvez vá para outro mundo e deixe essas para o final. Não sei. Sei que não quero jogar agora.

20h36. Meu amigo Marinheiro não deu resposta. Nem visualizou a minha mensagem. Espero que esteja tudo bem. Que esteja se divertindo com os amigos.

20h38. Às vezes penso que vivo uma ficção, isso quando eu passo muito tempo escrevendo. O que escrevo é real até que ponto? Até que ponto é ficção? Eu busco ser o mais autêntico e transparente aqui, mas será que na verdade não crio um personagem de mim mesmo? E será que, criado o personagem escrito eu não o incorpore num eterno ciclo? Assim, a cada post eu me tornaria uma nova iteração de mim? Isso é um pensamento muito doido. Seria o contrário do que imagino que faço. Eu acho que tenho o controle absoluto das palavras, mas quem sabe não sejam elas que me dominem e me aprisionem num certo conceito um tanto negativo e racional de mim, que eu assimilo e reproduzo nas demais ocasiões. Não, isso não acontece. Seria o cúmulo. Mas paira no ar quão autêntico a mim mesmo eu estou sendo aqui. Crer que não estou sendo sincero e honesto nestas palavras invalidaria todo o esforço que boto em tecê-las. Obviamente, não consigo me revelar por completo, mas me revelo o máximo que julgo prudente fazer aqui. O resto vai para o Desabafos do Vate. Hahaha. A terapeuta achou legal eu ter um espaço só meu para deixar os esteios soltos e deixar o cavalo da imaginação correr pelas paragens que quiser. Onde o id é o mais liberto que pode ser e o deixo correr solto, o superego não tem muita vez no Vate e isso me diverte, eu que tenho um superego supercrítico. A existência do Vate demonstra que não sou totalmente eu aqui, mas também não sou totalmente eu lá. São duas facetas de mim que se completam eu acho. Ambas muito verdadeiras, ou assim quero crer. Sei lá, não vou entrar nesse mérito, pois chego à zona cinzenta entre realidade e ficção de textos autobiográficos. Sei que não minto. O máximo que posso fazer é omitir algum detalhe que prefiro guardar para mim. Acho minha escrita verdadeira, por isso talvez, seja um tédio e quase ninguém leia. Eu escrevo sobre uma pessoa que escreve o tempo quase todo. Quer tema mais tedioso que esse? Hahahaha. E, incrivelmente, nem eu sei como eu consigo produzir páginas e mais páginas de material inédito. Acho que porque a vida mesmo numa realidade tão restrita e restritiva do ponto de vista narrativo consegue ser dinâmica. É uma coisinha mesmo fantástica a existência. Algumas vezes me pego me imaginando como se fosse visto por uma das formigas que passeiam pelo meu quarto. Um ser gigantesco, uma enormidade, com movimentos lentos e pesados, que faz vibrar a mesa onde elas, as formigas, caminham com seu incessante movimento de apertar botões. É um pensamento curioso. Mas não é frequente. Mais frequente e não menos despersonalizante, é imaginar que que tudo o que os meus olhos captam, meus braços digitando, inclusive, são o lado de fora, que estou dentro ou por trás dos meus olhos operando uma espécie de robô que é o meu corpo e interagindo da forma menos intrusiva que conheço na realidade que é escrever. Que meu intento é interferir o mínimo na realidade para ver onde isso me leva. É outra percepção curiosa também. Gosto da realidade sob luz amarelada. Ela empresta uma cor âmbar às coisas todas que me parece mais poética e aconchegante que luzes brancas. Gosto da iluminação do meu quarto, como gosto da luz dourada da tarde sobre o verde das plantas e árvores que ainda não foram engolfadas pelo paredão de concreto da ambição humana desmedida. Ainda estou com a imagem de Ju na minha cabeça. A mudança radical de visual teve um forte impacto na minha percepção dela. Será que esse seria o teste da realidade para mim, eu que torno a dizer, sou tão visual, aceitar essa transformação estética da minha psicóloga? Isso não muda em nada a sua personalidade, talvez venha até reafirmá-la, mas os cabelos parecem presos, privados da liberdade e movimento, é uma visão meio claustrofóbica. Sei lá. Não posso me ater a isso. Sei que ainda há uma desconexão da minha parte com ela, que espero que se dissipe nas próximas sessões. Não acho que seja um problema capilar, acho mais que é o meu isolamento que me deixa indisponível. Vai ser um trabalho lento. Da minha parte pelo menos. Mas acho que vai valer a pena. É uma experiência nova na minha vida e posso ao menos absorvê-la e apreciá-la. Mas posso mais do que isso, posso me reposicionar na vida. Me colocar numa situação ainda mais confortável do que a que estou. Será que estou num surto de mania? Por que digo isso? Porque eu passo horas a fio numa rotina repetitiva ouvindo o mesmo disco de novo e de novo. É, o “Utopia” de Björk. É a coisa que mais me agrada ouvir, por isso ouço. Me lembra o Mario Odyssey. É uma coisa singela e boa, eu sinto. Acho que esse álbum vai ficar marcado de forma indelével na minha cabeça como o álbum Nintendo Switch. Eu que fiz uma lista de Spotify específica para o Nintendo Switch, de mesmo nome, só com os sons que ouvia jogando videogame nos anos 90. Nossa já vão fazer 30 anos. Como o tempo passa voando. O pior que se ouvi a lista duas vezes, foi muito. Não gostei não sei por quê. Mas como das madeixas da minha psicóloga eu vim parar nos anos 90 é que me espanta. Associação de ideias quase como quando escrevo no Vate. Fica muito doido, mas estou gostando de escrever assim, deixa ser. Será que meu padrasto está certo e não existe livre-arbítrio? Que todas as reações físico-químicas que se dão no meu corpo são inevitáveis e digito isso porque a matéria do meu corpo assim demanda? Me parece tão disparatada essa ideia. Não poderia eu escolher outras palavras como muitas vezes faço na revisão? Ou será que mudaria tais palavras porque o meu estado físico-químico seria outro no momento da revisão? Não acredito nisso. Acho, como já disse um sem número de vezes, que se há dúvida, há livre-arbítrio. É para mim uma prova, um fato que demonstra claramente a nossa capacidade de optar e decidir. Se tudo já estivesse decidido de antemão, não haveria espaço para dúvidas. Pode ser que o meu livre-arbítrio seja bastante limitado, mas acho-o de bom tamanho. Me agrada a capacidade que tenho de decidir o que fazer da vida. Acho que escrever é o lugar onde exerço essa liberdade do livre-arbítrio de forma mais plena. Acho que por isso gosto tanto de escrever. Porque me sinto livre da materialidade e da causalidade do mundo. E porque me sinto protegido e acolhido plenamente nas minhas palavras, por mais que estas sejam muitas vezes cruéis comigo mesmo. Eu sou muitas vezes muito cruel comigo mesmo. É a figura paterna que subsiste em mim, creio eu. Meu pai conseguia ser crudelíssimo comigo. Só com palavras. Acho que ele imaginava o peso que suas palavras tinham para mim e disparava cada tijolada de concreto na minha cabeça, quando achava por bem fazê-lo, que até hoje me doem. Tenho os galos na cabeça da alma. Mas não quero falar disso. Ou quero? Meu pai era outra figura singular, ele era a personificação do sucesso em todos os campos racionais da vida, mas no campo emocional sempre foi uma criancinha carente. Não sei se isso é verdade, me veio agora na cabeça, do nada, e ele não pode se defender por estar morto. É injusto defini-lo sem que possa se defender. Ele que falou que eu era uma criança de oito anos de idade que não cresceu. Foi a última que soube dele, anos depois de sua morte, através do meu primo-irmão. Foi uma tijolada na cabeça da alma e fiquei a cismar em quantos aspectos eu não sou mesmo uma criança. E, sim, eu vou me acostumar à cabeleira peculiar de Ju. Já me vem como menos auê na cabeça. É aceitar e acolher. Nunca namoraria alguém com cabelos assim, mas corro o risco de queimar a língua, então deixa quieto. Que futilidade o cabelo, não é mesmo? Por isso a maioria de nós trata com o maior cuidado dos seus, não é? Hahaha. Você, leitor(a) está excluída desse rol? Tá vendo? Hahaha. Eu que sou desleixado, corto o cabelo a cada dois, três meses, e faço a barba, sei lá, uma vez por mês. Ouxe, porque estou tratando de cabelos aqui, só porque me espantei com o visual novo de Ju? Que besteirada. 22h03. Nossa, o tempo passou como um raio agora. Daqui a pouco acho que vou para o Vate ou para o projeto que havia aposentado, mas que me bateu vontade com a terapia de retomar. Estou indeciso. Acho que não consigo extrair mais nada da terapia, o que não registrei aqui ou ficou registrado no subconsciente ou perdi. Ah, ela disse que uma das coisas com as quais trabalharíamos seriam sonhos. Acho que de hoje para hoje (afinal durmo de uma a três da matina, geralmente) sonhei com a minha prima de Natal. Coincidentemente, ela disse que viria aqui nesse final de semana. Foi aí que me lembrei do sonho, em verdade, mas não me lembro os detalhes, não dá para ser usado na terapia. Vou tentar ficar mais atento ao que sonhar e anotar sempre que se fizer possível. Esse post está muito grande já. Duvido que alguém leia até aqui. Por favor, se você porventura leu até aqui, deixe um comentário, tem um botão no rodapé desse texto, eu acho. Se quiser dizer o que achou, embora não vá mudar muito o que eu escrevo, vai mudar a minha vida, afinal nunca recebo comentário nenhum. Hahaha. E sou aberto a críticas construtivas. Eu sei que o tamanho dos posts é um problema, que isso torna a leitura maçante principalmente se você lê num celular, mas eu não quero me tolher, preciso me dizer enquanto respiro. Depois, quando me fundir à Singularidade Tecnológica e for um complexo número binário não sei se terei tempo ou disposição para escrever, mas tentarei mandar notícias da minha existência inconcebivelmente mais interessante. Hahaha. Só quero ver se essa doideira rolar mesmo. A pessoa que vai ficar mais de cara de todas é a minha mãe, que acha que é invencionice da minha cabeça. Parto do pressuposto que todas as ideias já existem, é necessário apenas uma mente com os atributos certos para apreendê-las. E tive essa ideia e Ray Kurzweil endossou com o seu livro “The Singularity Is Near”, que seria o equivalente ao velho testamento da minha crença. O novo testamento está de molho. Preciso rever algumas coisas nele. Quando revir, eu publico aqui. É fui eu quem escreveu, antes de saber do livro de Kurzweil, diga-se de passagem. Aliás, acho que eu troquei as bolas, acho que o de Kurzweil seria o novo testamento, pois trata da singularidade terrestre e o meu seria o antigo pois o meu trata do antes durante e depois de deus e dos homens, de uma coisa mais cósmica, que vai do começo ao final dos tempos. E é um texto curtíssimo. Pelo menos um post meu será pequeno. Isso quando tiver saco de revisar o texto. Não será hoje, nem agora. A noite me pede cavalgar por paragens menos habitadas, embora essa seja um reduto especialmente ermo da internet. Hahaha. 18 leitores do meu último post até agora. É bastante pouco. Mas é muuuuito melhor que nada.

3h23. O Hulk já está a caminho! Que massa! E parece que a DHL é quem paga a taxa alfandegárias e impostos e depois nós pagamos a ela, pelo que entendi. Queria que isso evitasse que o pacote fosse aberto, mas não acho que seja o caso. Veremos.

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