Novo game fotografado pelo novo celular. |
Sem nada mais que me motive a alma, embora haja opções
dentro do quarto-ilha (videogames e filmes), não me sinto disposto para nada e
venho para este recanto escrever pois é o que de mais fácil há para fazer. A
disposição para existir é fraca, sinto-me no limiar de uma depressão não fora o
precioso equilíbrio químico dos remédios. A vida no maravilhoso mundo dos
bonecos vai bem, tenho duas entrevistas entregues à espera da resposta dos
entrevistados. Redigi um novo post ontem para lá tratando da incompreensão dos
que me cercam para com o meu hobby. Começo a colocar enxertos pessoais no
texto, o que é curioso e não sei se válido. Já me desnudo aqui, para que
fazê-lo lá também? Minha miséria fica melhor confinada apenas nesse pouco
acessado espaço. O livro me veio à cabeça agora, meu tio respondeu de uma forma
relativamente animadora ou quis ver assim. Quando tiver o livro devidamente
revisado mando para ele a versão definitiva e peço que lhe dê o devido destino.
O que ele julgar melhor. O livro, por assim dizer, é em verdade um diário da
minha internação no Manicômio, me lembra à cola, mas não de forma saudosa,
ainda bem. Mas pensar na minha droga de preferência, indissociável do conteúdo
da, por assim dizer, obra, nunca é bom. Estou escrevendo de forma muito
truncada, deveria ser mais direto. Mas o desrespeito pelo leitor aqui impera, a
minha vontade é absoluta nesse texto e ele segue como os meus pensamentos se
sucedem. Minha mãe menciona com mais frequência a reforma do meu quarto, talvez
saia. Meu novo celular já está no Brasil, na casa do sogro do meu irmão. Com
ele veio também o último grande jogo lançado para PS3, “Persona 5”, o qual, tal
como as coisas se encaminham em mim, nunca jogarei. A vida me parece demasiado
longa, não era preciso tanto se é para viver apenas isso. Poderia revolucionar
a minha vida, como quase qualquer ser humano pode, mas me falta ânimo ou razão
para fazê-lo. A razão seria esse desgosto por existir, mas ele é suportável e
não é o suficiente para operar tal transformação. Há a celebração oficial do
aniversário do meu primo-irmão nesse sábado. Mais uma exposição a qual me dou
sem a menor satisfação. Se bebesse ainda poderia talvez extrair daí algum
prazer. Ou ser apenas ridículo e constrangedor para os demais, como era do meu
feitio quando bebia. Bêbados são geralmente ridículos, mas eu era um tanto
mais, eu ia além e me tornava patético. As ressacas morais ao saber do que
havia feito durante a embriaguez eram terríveis. Ah, são 17h07. Talvez um dos
entrevistados do blog de bonecos mande-me as suas respostas amanhã. Ella &
Louis começam a tocar no som, que delícia. São 21h00 em Portugal, dentro de
duas horas a portuguesinha estará largando para viver o restinho da sua vida nesse
hoje português. Meu padrasto acaba de chegar. Isso me incomoda, mas não muito.
Me incomoda unicamente por causa do cigarro. Do meu cigarro incomodando ele,
digo. Minha mãe vai morrer algum dia e não sei o que se dará da minha vida
depois dela. Soube que ela cogitou fazer o doutorado nos EUA à época, mas Maria
foi absolutamente contra por ser analfabeta e não dominar a língua, o que
significaria uma existência limitada e alienígena para ela. Mamãe cedeu à
possibilidade de perdê-la e acabamos por ir parar em São Paulo. Quem eu seria
caso tivesse tido essa vivência nos Estados Unidos? Certamente alguém bem
diferente de quem sou hoje, visto que tal experiência impactaria todas as
minhas decisões subsequentes ao evento. Fui saber dessa história quando da
degustação do Chartreuse verde com mamãe. Preciso fazer algo diferente. Estou
quase disposto a encarar o começo de Deus EX para PS3. Não encontro ainda
vontade de assistir filmes. O dia se despede pela minha janela, já estou na
penumbra aqui no quarto-ilha. Será que estaria disposto a viver todo o revés
social decorrente da publicação do livro, caso meu tio operasse o feito de
publicá-lo? Nesse momento em que me sinto esquecido pelos meus amigos, eu diria
foda-se a eles e seguiria em frente com o projeto. O isolamento já existe e é
sólido como rocha com ou sem livro. Não gosto da ideia de chocá-los e
magoá-los, mas meu sonho pessoal sempre foi ser escritor. Desde a epifania
drogado de cola. Quando não via saída nenhuma, nenhuma solução para a minha
vida, num dos momentos mais baixos da minha existência, época de profunda
depressão e desespero, me surgiu como uma luz de clareza absoluta que o meu
destino seria escrever. Tudo na minha vida decorreu então em prol dessa
epifania e finalmente a alcancei e confesso que limitar minha vida a isso,
embora seja algo que faça com extrema facilidade e prazer, não é o bastante,
como imaginava. Aliás, alcancei todas as minhas metas profissionais – não podia
esperar ter total liberdade criativa e ainda esperar reconhecimento, isso seria
demais, não o mereço – e mesmo assim, sinto que é tão pouco. Entra dia e sai
dia e eu com os olhos grudados nessa tela. Eu criei um monstro de mim mesmo. Uma
anomalia, eu sou socialmente desfigurado. Eu me sinto completamente fora dos
padrões sociais e é difícil conviver em sociedade sob a égide de tal paradigma.
E eu não sei mais ser de outra forma, eu me sinto desconfortável em sociedade
mais das vezes. Afora as interações que tive na viagem, tudo para mim é teatro.
Não quero estar ali, mas encarno o papel de estar gostando. O alívio de voltar
ao quarto-ilha, à minha carapuça, é efêmero, entretanto. No entanto é aqui que
me sinto menos pior e mais meu. Sou completamente meu dentro do meu quarto-ilha
e essa autopossessão, se posso assim chama, me agrada e é preciosa. Em verdade,
toda essa bobalhada teria solução se arrumasse alguém para dar carinho e
conversar e criar intimidades as mais variadas. Uma namorada, enfim. Sonho
distante que não vai passar disso se não fizer algum movimento a esse respeito.
17h54. Minha mãe chegou, aventou a possibilidade de ir comigo
pegar o celular hoje à noite, quiçá comprar um isqueiro, pois o meu sumiu.
20h00. Mamãe decidiu que vai amanhã. Estou quase a convencendo
a encomendar uma das bonecas. Preciso tratar disso e, por isso, abandonar essas
palavras por um momento.
22h58. Foi mais do que um momento, bem sei. Muito da vida se
desenrolou desde então, mas nada que mereça menção aqui. O que de mais diferente
pensei é que queria que morrer fosse como uma dormência que vai tomando os
membros até adormecer para nunca mais. Não é o mais alegres dos pensamentos nem
me sinto a mais alegre das pessoas.
-x-x-x-x-
20h08. Estou mais animado hoje, publiquei a entrevista com o
colecionador, encomendei a boneca e achei meu isqueiro. Logo mais, mamãe virá
me pegar para que vá buscar o celular na casa do sogro do meu irmão. As coisas
que me incomodam não podem ser nomeadas aqui.
20h11. Minha mãe ontem falou do destino e da portuguesinha,
do fato de ter encontrado uma garota tão bacana em outro país, no hotel em que
ficamos (a priori íamos nos hospedar no do outro lado da rua) e desatou a elogiar
ela. Bom partilharmos da mesma opinião. Falei com o meu irmão a respeito das
figuras que quero vender e ele concordou em me ajudar.
2h54. Recebi uma nova mensagem da portuguesinha me
traduzindo uma expressão muito louca do português de Portugal. Ela é adorável.
E eu a adoro. Parece que está deixando o cabelo crescer. Não sei também se a
foto de referência é recente. Acho que ela nunca vai me mandar as perguntas. De
nuncas a minha vida está cheia. Estou feliz porque encomendei a boneca e pela
resposta da portuguesinha. Acho que a boneca ainda vai me dar dor de cabeça,
preciso amealhar logo os fundos.
3h11. Acho que através dos comentários do blog eu e a portuguesinha
mantemos a distância e a proximidade mais confortáveis para ela e também para
mim. Não saberia o que conversar por muito tempo com ela num chat de Facebook
ou WhatsApp. Por falar em WhatsApp, peguei o meu novo celular! Já instalei tudo
o que me veio à mente (pouquíssima coisa por sinal), mas estou uma vez mais
conectado com o mundo. Espero que este celular dure. Estou meio temeroso de
sair com ele na rua. Mas terei que encarar esse receio já neste sábado,
comemoração oficial do aniversário do meu primo-irmão. Estou com a portuguesinha
na cabeça porque acabei de ler o seu comentário à minha resposta. Gosto muito
dela. Já deu para perceber, né? Muitas vezes, escrevo isso muito mais para ela
que para mim mesmo. Noutras vezes tenho vergonha de como me revelo frágil e
desenganado da vida diante dos seus olhos. Ainda bem que não me sinto assim no
momento. Fui desleal em duas ocasiões hoje e a consciência pesa. Fui vencido
pelo desejo. Mas isso não cabe aqui. Por um lado, acho justo, só não gostei dos
métodos empregados, mas não divisei outros. O futuro dirá qual vai ser a minha
pena. Não gosto de ser desleal, de jogar sujo, me constrange e me faz me sentir
mais canalha do que me acho. Mas sem baixo-astral. A semana se encaminha para o
seu fim. Estou de novo com Uber e câmera fotográfica, coisas que mais me
fizeram falta nesse período sem celular. Pena ter perdido as fotos que tirei em
Lisboa, imagens maravilhosas que vão evanescendo da minha memória. Fica mais a lembrança
do que eu senti do que a visão que invadiu minha retina. Queria nunca perder
contato com a portuguesinha. Eu leio tão afoita e ansiosamente os seus comentários
que geralmente os entendo de forma incorreta. Isso é uma droga, gera ruído na
comunicação. Meus horários estão completamente de pernas para o ar. Tenho um
novo jogo de PS3 para jogar. Preciso agradecer ao tio da minha cunhada que
trouxe o telemóvel (acho uma graça como chamam celular em Portugal e tão
pertinente ao mesmo tempo) amanhã, sem falta. Tenho mais de mil mensagens de
WhatsApp para ver, o que obviamente não farei. O WhatsApp começará para mim a
partir de amanhã. O que passou, passou. Não sou muito de WhatsApp, embora seja apegado
até demais ao passado. Não acho que isso é exagero meu, só me apego mais às
coisas boas, que me são positivamente marcantes. Lembrei-me agora de meu pai
morto no banheiro e de Poeira, a minha cadelinha, que tive de doar. Não são as
melhores lembranças embora guarde ótimas recordações de ambos. Pessoas. Pessoas
me marcam mais do que as demais coisas. Ou não. Sou bastante materialista
também. Lembro de momentos inesquecíveis com videogames. Com revistas em
quadrinho. Sei lá, nem sei do que trato ao certo. Acho que é o sono chegando.
Ainda bem que já estou na terceira página. 3h53. Se minha mãe inventa de
levantar vai ser um escândalo.
4h50. Já penso em não dormir mais, dar o virote, mas isso
raramente me faz bem. Melhor dormir pouco, mas dormir algo. Vou acabar esse
post publicar e me deito. Não falta muito. Minha mente é tomada por pensamentos
materialistas e pela portuguesinha, hoje foi um dia de conquistas materiais
(celular, jogo, boneca), além, é claro da entrevista com o colecionador que
conta com nada menos que 750 peças em sua coleção. Só do Hulk tem praticamente
umas vinte. Ou mais. A mim me basta o enorme busto que me faz companhia nessa
longa madrugada. É o melhor. Não há outro. Meu amigo jurista está a passeio
pelos EUA e viu que o R2-D2 que orna a entrada da Lucas Arts/Industrial Lights
And Magic é em verdade uma peça da Sideshow, o que muito me surpreendeu,
podendo eles usarem material das filmagens para decorar o ambiente. Tenho
enorme apreço pela Sideshow. Toda a minha coleção de figuras de 1/4 e 1/5 são
da Sideshow e são a nata do que possuo. Por sinal acho que vou vender o Boba
Fett que eu comprei para financiar a minha nova aquisição. Preciso mandar um
novo e-mail para o meu irmão, ou melhor, me comunicar com ele por WhatsApp
nesse final de semana. Eita, tem o aniversário do meu primo no sábado e quer
que eu chegue cedo lá, por volta do meio-dia. Posso tentar ligar de lá, porém
haverá um trio de forró tocando. Veremos. Acabou-se a terceira página. Vou
revisar e postar isso.
A foto não é recente que eu voltei a cortar o cabelo x)
ResponderExcluirEstarei sempre aqui a ler, don't worry :p
Beijinho
Que coisa bela você me disse agora. "Sempre" ter você mesmo que apenas assim é para mim já ter alguém e alguém que significa um mundo para mim. Sei que isso é tolice. Me agrada ser tolo no momento. Sempre tolo, talvez. Sabe-se lá o que a danada da vida vai fazer comigo, já que faço tão pouco com ela. :P
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