sexta-feira, 31 de agosto de 2018

AMIGO DA PISCINA E BOLSONARO


19h59. Meu amigo da piscina está completamente convertido ao “bolsonarismo”. Diz que o povo anseia por isso. Saiu enumerando todos os defeitos dos demais candidatos, invalidando-os um a um. Elencou momentos históricos que provavam a honestidade de Bolsonaro. E a corrupção de todos os demais membros do congresso. Falou de um movimento mundial socialista que visa a destruição da família e com isso ampliar o poder e abrangência do Estado. Falou sobre a possibilidade de guerra entre o Brasil “bolsonarista” e países fronteiriços “socialistas”. Que o plano dos comunistas, que na visão dele está se concretizando, sempre foi tornar as Américas do Sul e Central num grande bloco socialista e disso decorrer uma guerra com os Estados Unidos. Falou que Bolsonaro pretende impor o modelo de colégio militar a todas as instituições de ensino (públicas, imagino). Disse ser surreal explicar igualdade de gêneros e qualquer outro assunto tratado no famigerado “kit gay” a crianças de seis anos de idade. Disse que na Suíça, se bem me recordo, toda família tem em casa um fuzil. Para ele, Bolsonaro é o único candidato à presidência que não tem rabo preso com ninguém e que ter colocado um general com vice-presidente ajudará no aparelhamento e militarização do país. Vi muita sinceridade, fé e reflexão em seus julgamentos, de sua forma, com os seus valores, é um voto embasado e consciente. Ele é realmente ótimo de papo e sua conversa é muito persuasiva. Fala com o coração. Enunciou várias vezes que a sociedade não aguenta mais a situação de corrupção do país e que isso irá nos tornar uma nova Venezuela, especialmente caso o PT chegue uma vez mais ao poder. Perguntei-lhe se acreditava que os brasileiros chegariam um dia ao nível de civilidade dos europeus e disse que não. Que nosso histórico cultural, desde os primórdios da colonização portuguesa foi a de que tudo tem o preço, tudo é negociável, comprável. Que um dos reis pagou a um país para liberar uma parte dominada do território (ele supõe que o Rio de Janeiro capturado por holandeses, mas não tem certeza). Enfim, falamos muito de política e Bolsonaro. Mas não só disso. Concluí dessa conversa toda que as escolas públicas são a principal ferramenta de catequização e formação de opinião alinhada com o pensamento do Governo. Se usadas tendenciosamente dessa forma. Tanto o “kit gay” quanto o militarismo são formas de incutir o pensamento e o modo de agir do Estado nas novas gerações. Meu amigo acha que sexualidade deveria ser um assunto a ser debatido no âmbito da família, dentro do núcleo familiar, e não ensinado em escolas. A não ser a parte fisiológica. Estou muito cansado para escrever ou fazer quaisquer outras coisas. Vou comer e dormir. Amanhã escrevo mais sobre esse sempre fecundo encontro com o meu amigo da piscina. Ele é uma pessoa com opiniões fortes que me dão sempre muito o que pensar. Sou grato por isso. É um prazer compartilhar de sua presença. O papo flui. Muito mais por causa dele do que de mim. Boa noite.

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15h11. Estou a meditar sobre ter dito o que disse à minha amiga diretora sobre perder suas amizades (dela e da minha amiga psicóloga) por conta do conteúdo do livro. Será que preferirá ou odiará barbas? Não sei por que o silêncio dela desde então.

15h15. Estou com um desconforto físico que não saberia definir. Tomei quatro xícaras de café desde que acordei e fumei quatro cigarros, sei que é disso que decorre tal desconforto, pois não pode decorrer de mais nada, pois nada fiz ou ingeri desde que acordei. Não me agrada me sentir assim. E por algum princípio masoquista irei tomar mais uma xícara de café e fumar mais um cigarro. Por quê? Porque posso e desejo. Preferiria Coca, mas não disponho no momento.  

15h26. Tomei, fumei e coloquei mais uma xícara para me acompanhar na escrita. Por alguma razão inexplicável me sinto melhor. A minha fisiologia é curiosa. Não a compreendo ou a respeito. Voltando à noite de ontem, meu amigo da piscina e eu conversamos sobre toda a evolução tecnológica que acompanhamos. Eu sugeri que, como não poderíamos imaginar o que decorreu tecnologicamente desde que éramos crianças como, por exemplo, como do Atari chegamos a uma PS4 Pro, não somos capazes de prever onde estaremos daqui a 15 anos. O que me vez intuir que, com o desenvolvimento das tecnologias de realidade virtual, a princípio muito caras e grandes para serem aparelhos domésticos, veremos o ressurgimento dos “fliperamas”, amplos locais dedicados a entretenimento dessa natureza, pagos, obviamente. O renascimento dos fliperamas nesses novos moldes é a profecia que deixo hoje aqui para o leitor.

15h34. Enquanto lá embaixo ontem, meu amigo da piscina, que se admitiu um dependente do celular (o que me fez constatar que sou extremamente dependente do meu computador, que canalizei a minha adição por drogas para o uso desta maravilhosa máquina), recebeu uma meme do famoso, segundo ele, “negão do zap”. Ficou abismado que eu nunca houvesse ouvido falar ou recebido a impressionante imagem pelo aplicativo. Pedi que me mandasse a tal foto, mas não chegou, pois era uma meme mais elaborada, que necessitava de um código, então só conseguiu me enviar a parte da bela moça que serve de chamariz para que o incauto bote o código e se depare com a foto do “negão do zap”. Sobre o “negão do zap” devo confessar que foi a única imagem que me fez contente em ter um pau pequeno, não o trocaria pela aberração que a evolução pregou nesse ser humano, que nem sei se é real ou Photoshop devido ao tamanho, dando-lhe um pênis com mais de 50 cm, grosso como um braço. Uma imagem nada agradável, devo acrescentar.

15h47. Meu amigo estava com o braço e o dedão do pé enfaixados e imobilizados devido ao jiu-jitsu que começou a praticar e já se diz apaixonado pelo esporte, do qual fez grande propaganda para que eu ingressasse. E emendou dizendo que toda escola deveria oferecer desde a mais tenra idade aulas de algum tipo de luta para que os cidadãos saibam se defender em situações de perigo ou ameaça. Para ele, as escolas deveriam ter um dia dedicado aos estudos “intelectuais” digamos e outro dedicado ao cuidado e desenvolvimento do corpo e assim sucessivamente. Como disse, ele pensa na sociedade muito mais do que eu. E não teme defender as ideias muito próprias dele. Eu fiquei a imaginar um filme de ação e luta ambientado numa sociedade como a proposta por ele onde todos sabem lutar e começamos a extrapolar as situações até chegarmos a um quebra-pau generalizado num jogo de futebol, quando caímos na gargalhada. Fui adiante e imaginei que em vez de um jogo de futebol, numa sociedade com esta o que se assistiria em estádios seriam lutas entre os melhores. E que o protagonista (esse seria o clímax do filme, que não poderia ser mais clichê), enfrentado dezenas de torcedores no completo caos que tomou a plateia, em busca da irmã da qual se perdeu no tumulto, vai deixando um rastro de pessoas inconscientes e a sua desesperada busca o leva à beira do gramado onde o torneio se dá e onde deixa sua irmã a salvo. Seu prodigioso feito, acompanhado pelos olhos de águia do atual campeão, que acaba de matar o deslealmente o mestre da escola onde o rapaz estudou, convida o nosso herói para uma luta no ringue. A luta final do filme que obviamente o protagonista com sobrehumano esforço ganha.

18h51. Acabei de voltar do supermercado. Pelo menos refiz o meu estoque de Coca Zero e Bono de morango. Fiquei aliviado pois o meu primo pegou um plantão no sábado, então não terei com quem sair nos finais de semana por um bom pedaço. É assim que me sinto, confortável com o meu isolamento. Pensei em chamar o meu amigo da piscina para descermos hoje, mas algo me faz ficar grudado aqui nessa cadeira. Vou perguntar, hoje tenho Coca e gelo para levar. Escrevi o convite, mas não postei. Algo me impede. Indecisão se quero ou não tal interação. Acho que preciso acabar este post antes.

19h00. Mandei uma mensagem dizendo que desceria quando acabasse de escrever isto. Vamos ver o que ele responde, se responder. Pode nem estar aqui. Perguntei se a minha amiga diretora está chateada comigo. Não sei precisar a razão, mas tenho a intuição que o que lhe disse de alguma forma a magoou. Vou pegar mais Coca com muito gelo, que delícia da existência. Obrigado realidade por se organizar dessa forma, é certo que tive que agir para que isso acontecesse, mas tudo se dá numa complexa cadeia de interações da qual eu sou uma mínima parte.

19h12. Meu amigo disse que descerá, mas não se demorará muito. Minha amiga diretora disse que não estava chateada comigo nem a pau e que queria aprofundar as questões levantadas na nossa conversa. Queria poder dizer do que se trata, mas não posso revelar a ninguém. Muito menos a ela. Estou ouvindo Britney Spears nas alturas. Mamãe não reclamou. Ainda. Depois das duas de Britney não sei o que virá na lista 6. É bom ouvir música alta, que eu goste, claro. Por incrível que pareça, essas duas músicas de Britney me agradam sobremaneira. Gosto da voz dela doce e sussurrada... minha mãe gritou a plenos pulmões para ser ouvida e me mandou baixar o som. Hahaha. Desculpe rir, mas a situação é peculiar para mim, nunca ouso botar música dessa altura em casa quando ela e meu padrasto estão, ademais com a porta aberta. Sabia que a represália viria, mas resolvi arriscar mesmo assim. Ciranda da Bailarina na lista 6 depois de Britney. O que será que o meu amigo da piscina achará do texto de hoje? Será que sentirá que suas ideias foram fidedignamente apresentadas aqui? Gosto do jogo de compra e venda do eBay. Um boneco que havia colocado em leilão, findou seu tempo sem receber nenhum lance. O que foi ruim e bom. Ruim, pois não o vendi e bom porque acabou quando um cara resolveu colocar o mesmo item em leilão por um valor demasiado baixo, desvalorizando a figura aos olhos dos compradores. Esperarei pelo menos quinze dias para colocá-la de volta online. Mas esse papo é mais chato ainda que o resto que o cerca. Obviamente estou acompanhando esse leilão para aferir o quanto estão dispostos a pagar pela estátua. Mas nunca a colocarei à venda ou em leilão por menos do que paguei. É um item exclusivo com baixa numeração. O celular vibra no meu bolso, vou ver o que é. É a moça de perfil fake do Tinder que entrou no aplicativo dessa forma para testar o companheiro, este não passou no teste e entendo que acabaram o relacionamento. Desde então conversamos esporadicamente. Curioso isso. Ela acredita na lei do retorno. Eu acredito que o mundo é muitas vezes injusto e cruel mesmo e pronto. Estou curioso para ver o que ela disse e vou matar a minha curiosidade agora. Acho que ela me avisou que iria sair do Tinder ou me “desgostar” no aplicativo, pois não tenho mais acesso as mensagens dela. Bom, foi uma experiência cibernético-social interessante. Nenhuma das que curti me curtiu de volta e não recebi nenhum “superlike” até o momento, o que me permitiria saber que alguém que não curti me curtiu. Acho que não mereço superlikes, também tirei uma foto sem camisa mostrando o meu bucho, para não deixar dúvidas da minha compleição física e me disse um aposentado de 41 anos. Descobri uma nova tendência entre as mulheres jovens (ou seria uma velha tendência trazida para o meio virtual?): são as “sugar babies” mulheres jovens que querem um homem que banque tudo para elas. Ou seja, querem ser dondocas donas de casa como a esposa do Temer, que seria o exemplo mais ilustrativo e notório de “sugar baby”. O que deveria significar “açúcar” em inglês assume vários significados mais significativos se virmos a palavra como o verbo “sugar” em português. Hahaha. Acabou a terceira página. Bem a tempo de revisar postar e descer para encontrar com o meu amigo. Como foto para esse post vai o que desejo que seja a minha última compra até a próxima SDCC. Azure Dragon.







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