16h50. Como a portuguesinha não se manifestou a respeito da
entrevista (não demonstrou interesse algum para ser sincero), aproveito hoje a
presença honrosa e querida da Gatinha para elaborar uma entrevista que
responderei a posteriori quando retornar ao quarto-ilha. Estamos aqui embaixo
na piscina e muita prosa já rolou desde a sua chegada. É sempre bom tê-la por
perto e saber que tenho uma amiga do mais alto quilate para contar. Passo o
teclado agora à Gatinha para que ela elabore quaisquer questões que lhe vierem
à cabeça.
1- O que te faz ter medo?
Sofrimento. Físico e existencial. A solidão.
2- Qual o seu maior pesadelo?
Dois, uma morte lenta e dolorosa, voltar à depressão
profunda.
3- Você já sonhou com seu honroso pai (Benicio), como foi o
sonho?
Devo ter sonhado mais vezes, mas as duas que me recordo
foram as seguintes: eu fazia uma grande merda com o carro de mamãe, toda a
família gritava e me condenava por aquilo, meu pai chegava com um olhar de
demência perto de mim se ajoelhava e me abraçava; no outro Maria (Crossing
Jordan) descobria um suposto papelote de cocaína na casa de papai e a certeza de
que havia sido eu fazia meu pai irromper em ira e começar a me bater, esmurrar,
eu, por outro lado o acarinhava por entender o seu preconceito a meu respeito e
ignorância sobre a minha inocência.
4- Tem medo de morrer, o que você acha sobre esse assunto?
Acho que a vida a minha vida é longa demais, toda vida é longa
demais sem companhia, afeto. Não tenho medo da morte, quase todos os dias penso
nela, a convido. Tenho medo de morrer dolorosamente, incapacitado, mas uma vez
morto, ah, que alívio deixar de ser eu, de existir.
5- O que você acha do mundo digital influencer?
Acho que uma revolução digital além da imaginação humana
está a caminho. Esta é minha fé que, embora não seja sólida como as demais, é a
única que eu possuo ou consegui construir. Fatos pipocam todos os dias
corroborando com isso, na minha opinião, e vejo como sinais da minha profecia.
6- Conte-nos qual foi sua grande decepção?
Perder você, Gatinha. Tínhamos uma vida feliz, éramos um
time campeão e estraguei tudo. Adorava dormir ao seu lado. Mas o tempo passou,
as coisas mudaram. O amor permanece, mas transformado.
7- Como você se vê em 5 e 10 anos?
Mais perto da morte. Com a minha coleção de bonecos exposta.
Daqui a onze anos me vejo com dois livros talvez publicados e sem nenhum amigo.
8- O que você acha sobre o empoderamento feminino?
Acho que não pode virar um machismo às avessas, um repúdio
da mulher ao homem. Sem exageros dessa extirpe acho um movimento muito salutar
e apoio.
9- Que conselho você daria a seu filho, sobre uso de drogas?
Lembra o homem branco que chegou cheio de lindos e
reluzentes presentes para os negros e índios e depois os escravizou? As drogas
funcionam bem assim. (Graças a deus não tenho filhos! Hahaha.)
10- Como é sua relação com o consumo exagerado e como você
faz para evitar?
Minha relação é a pior possível. Prefiro não consumir o que
sei que me traz grandes problemas e grandes prazeres. Foi uma luta, mas acho
que consegui me livrar disso. Cigarro e Coca, infelizmente, continuo a consumir
em doses cavalares.
11- Sobre espiritismos e evoluir com encarnações, o que tem
a dizer sobre isso?
É uma boa explicação, mas as demonstrações que vi não me
convenceram.
12- O que mudou em 10 anos sobre sua teoria do caos?
Sobre a minha teoria (que não é a do caos, ainda acredito
que o universo tenda à entropia absoluta), o que mudou é que estou menos
obcecado por ela, não preciso mais de grandes explicações. Ela volta e meia me
assombra e dou voz a ela, como fiz na questão 5, mas não é algo mais tão
fundamental em minha vida. Sou um expectador à espera dos resultados que creio
estão por vir, são inevitáveis e transformarão o mundo de uma forma
inimaginável. Para melhor, eu espero.
13- Qual o seu nível de tolerância quando o assunto é
racismo?
Eu tolero os racistas, meu grau de tolerância é alto em relação
à maioria das pessoas. Tolero bem os diferentes pontos de vista. Não admito
violência, entretanto. Somos todos uma só raça, é como sinto e vejo.
14- Você se acha uma pessoa preconceituosa, o que não te faz
ser?
Sou preconceituoso, sim, todos nós somos. Acho bonito dizer
que só tenho preconceito contra quem tem preconceito, mas sei que comigo não é
bem assim, especialmente no que diz respeito à escolha de um par, sou bastante
seletivo, ou seja, preconceituoso, em relação a isso.
15- Quem são seus ídolos?
Meu irmão e Maria de Buria.
16- Porque você parou e fotografar e porque não volta?
Não sei de onde você tirou que eu fotografei em algum
momento da vida. Hahaha. Não fotografo ultimamente pois não tenho celular. Uma
vez de posse de um, provavelmente voltarei a tirar fotos. Eu gosto de fotografar
o que me agrada, mas não tenho técnica, visão, ou feeling para boas
fotografias.
17- O que você pensa sobre padrões?
Curiosa pergunta. Vou fumar um cigarro e volto para
responder. Pronto, voltei. “Padrões” é uma palavra bastante abrangente. Eu
acredito que o ser humano compreende o mundo através de padrões (patterns) então padrões são algo
indissociável à condição humana, tendemos categorizar coisas e criar vínculos
entre elas a fim de compreender a realidade e assimilar toda a enxurrada de
estímulos que recebemos através dos sentidos. Padrões de qualidade no setor de
produção de insumos é algo que acho bastante útil também. Padrões no sentido de
modismos/tendências não me afetam, sou imune a eles (e me sinto tanto mais
estranho alienígena por causa disso).
18- Qual a mulher mais bonita atual e qual o seu padrão de
beleza?
Para mim são três atrizes: Jennifer Connelly, Nora Arnezeder
e Gal Gadot. Meu padrão? Jovem, não-gorda, de cabelos naturalmente lisos e com um belo rosto. Não gosto de mulherão também. Sou cheio de frescuras nesse aspecto, o que me atrapalha bastante.
19- Qual o seu melhor
momento?
Acho que o momento em que agradei mais (os demais) foi na infância. O momento
que eu mais gosto do meu cotidiano eu não sei. Eu meio que desgosto do meu
cotidiano. Talvez seja quando conquiste ou ganhe algo que realmente desejo. Você me
pegou não sei qual é o meu melhor momento. Acho que é quando estou dormindo.
20- O que te deixa
triste? Você se acha menos feliz porque?
A solidão afetiva me entristece deveras. Eu não sei por que
me acho menos feliz, só sei que me acho. Essas perguntas vão levar anos de
terapia para serem respondidas.
21- Fale um pouco sobre a crise migratória na Europa.
Eu não tenho muito o que dizer, não entendo do assunto. O
que vi foram imigrantes fazendo os trabalhos mais básicos, de pior remuneração.
Soube que há um crescente preconceito a respeito dos imigrantes e que o
ingresso de jovens de outros países contrabalanceia o envelhecimento da
população na Europa. Afora isso é curioso andar em meio a tantas pessoas de
culturas e aparências diferentes.
"Como a portuguesinha não se manifestou a respeito da entrevista (não demonstrou interesse algum para ser sincero)"
ResponderExcluirFogo, ganda má onda! Ahahahahah
Fiz o convite mais de uma vez e você nunca deu bola. Adoraria responder uma entrevista feita por você, aguçada pelas curiosidades que porventura tenha a meu respeito. O e-mail é mariogbarros27@gmail.com . É só mandar qualquer questionamento, não tenho pudores como se há de perceber. Seria um grande presente que me daria. Agora, por favor, traduz "Fogo, ganda má onda!" deve ser vá se foder em português de Portugal, mas queria uma tradução um pouco mais precisa. Hahahaha.
ExcluirLOOOOL, não. É tipo: "que direta fodida".
ExcluirMenos mal. Eu acho. Hahaha. Estou curioso sobre esse Tequila Talks... ;) Pode adiantar algo do projeto? E aguardo um belo dia as perguntas. Pode ser num dia chuvoso também. :P Lembrei de você, atingi 2.000 visualizações num post do blog de bonecos. Dá uma alegria grande. Muito mais que este que não passa de 40... mas esse sou eu, um assunto mais sem graça que os bonecos. Está deixando o cabelo crescer?
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