sexta-feira, 11 de maio de 2018

NINJA BOYS!


11h45. Acabei de acordar. Tico e Teco estão ainda se reativando. Fumei um cigarro e coloquei uma xícara do café que mamãe fez. Já tenho um post à espera de ser publicado e inicio mais um sem saber o que dizer. Nada mudou de ontem para hoje. Nenhum e-mail chegou dos que poderiam despertar assunto para cá. Sobre o WhatsApp preciso pegar o celular que deixei para carregar de ontem para hoje para ver.

12h02. Nada de interessante do WhatsApp também. Peguei mais uma xícara de café.

12h07. Calma que ainda estou engrenando. O despertar para mim é um dos momentos mais difíceis do dia. Demoro muito para me tornar efetivamente desperto. E também estou vazio de assuntos, então com o que preencherei essas linhas e o meu dia, por conseguinte, é um mistério para mim. Provavelmente revolverei a minha obsessão pelo livro. Mas não é do que quero falar agora. Hoje é quarta-feira aquele dia em que não se está nem longe nem perto do final de semana. Mas a partir do qual parece que já se passou a parte mais difícil da dita semana. Pelo menos era assim que nos sentíamos onde trabalhei. Mesmo que a sexta fosse o dia mais puxado da semana por causa dos anúncios de final de semana. Acho que meu amigo redator está com ranço de falar comigo por causa da boa relação que guardo com o chefe do meu ex-emprego. Só posso supor isso, pois nunca mais me procurou. Suponho também que tenha se separado da mulher. Mas isso é mera especulação tirada dos posts no Facebook, que nada mencionam separação, diga-se de passagem. Mas, para bom entendedor uma foto valorizando em demasia a presença dos filhos basta. Não nego que posso estar a fantasiar, sou dado a fantasias, mas foi o que me pareceu. Não vou fofocar da vida dos outros aqui. Fato é que nunca mais nos encontramos. A bateria prateada do Vaporfi já descarregou e está esquentando muito. Não sei se a substitua logo pela nova ou lhe dê mais uma chance. Acho que dar-lhe-ei outra chance. Mas acho que será a última chance. Tenho medo de ela estourar nas minhas mãos. Há lendas urbanas a esse respeito. Baterias de cigarro eletrônico explodindo.

12h25. Entrei no Facebook e confesso que não tive paciência de ir além do primeiro post. “Landlady” para começar o dia com um astral superior. Vou dormir e acordo ouvindo esse disco do U2. Baixo o volume quando vou dormir, claro, mas fica lá, passando baixinho. É quase uma lavagem cerebral ao estilo de “Laranja Mecânica”. Que exagero. Hahaha. Mas ouço muito, muito mesmo. Penso até passar a ouvir o anterior, “Songs of Innocence” para dar uma variada. Porém, não estou com disposição de mudar agora. Eu que já não sou dado a disposições, afora escrever, quando acordo sou menos ainda. Lembrei de um afazer. Colocar um novo xampu no meu banheiro e me livrar das duas embalagens vazias que estão no lá no chuveiro. Vou fazer isso.

12h33. Pronto agora tenho um Pantene Pro-V Brilho Extremo, o que quer que isso signifique. Foi o único que achei na despensa. Promete cabelos três vezes mais brilhantes e macios. Será que meus cabelos vão refletir mais a luz ou acender no escuro? Hahaha.





12h37. Espero que a incrível revisora ajeite todos os numerais, vi uma regra massa para numerações ontem num dos muitos editais que olhei. Deveria ter salvo. Explicava todos os detalhes, mas perdi a página. Não tenho saco de escavacar a internet a procura dele uma vez mais. Talvez, se me bater o tédio, eu procure para ocupar o meu tempo. O que mais brilho agrega de valor ao cabelo? Não faço a mínima ideia, mas pelo visto os(as) consumidores(as) fazem, a ponto de transformar essa propriedade no diferencial principal do produto. Curioso. O mundo dos cosméticos me é hermético e misterioso e quero que continue assim. Os meus cosméticos são sabonete, xampu e pasta de dente. Se é que estão na categoria de cosméticos. Bom é o que eu uso. Além de desodorante e perfume. Pronto. Eis aí o que há em meu banheiro que uso. Isso está parecendo o programa de Ana Maria Braga. Hahaha. Que ozzy. É a falta de assunto. Queria escrever uma ficção, mas ficção para mim só surge muito esporadicamente e em condições muito específicas. Posso me forçar a escrever uma ficção, mas isso não me dá prazer como quando me vem espontaneamente. Fiquemos sem ficção por ora. O meu quarto-ilha está na penumbra, as persianas estão fechadas. Não gosto muito do aspecto dele assim, vou abrir as persianas.

12h52. Persianas abertas e alguns minutos perdidos no Facebook. Já-já saio dele.

12h55. Mais três minutos de Facebook e algumas curtidas depois, estou de volta. O Facebook tem um empuxo para a minha atenção que não sei porque se dá, acho que porque sou meio voyeur. Adoro espiar as vidas dos outros. Só pode ser isso. É para isso que o negócio serve para mim. Não vejo outra utilidade, que não divulgar o meu blog nos canais de escritores e leitores e bisbilhotar a felicidade alheia. Penso até em criar um canal desses eu mesmo para ver o que acontece. A vantagem de fazer isso? Que como administrador eu posso colocar cada novo post do meu blog afixado no topo da página, o que pode me gerar mais leituras. Até por ser um post do administrador o que, queira ou não queira, lhe empresta uma certa autoridade pelo ícone diferenciado que faz a pessoa parecer de uma patente superior naquele universo. Vou matutar mais sobre o tema. Não agora, ficará cozinhando no meu subconsciente. Mas estou quase decidido a fazê-lo. Que nome eu daria? Talvez “Leitores e Escritores Compulsivos” ou “Escrever e Ler”, vixe não me sai nada melhor. Quero atrair leitores e escritores, se possível mais leitores que escritores. Acho que vai no primeiro. Tem mais a ver comigo. Que escrevo compulsivamente. Hahaha. Vou tentar criar.

13h22. Bom, criei. Tinha que adicionar pelo menos outro membro, adicionei a incrível revisora. Espero que não se incomode. Está carregando a foto que tirei da minha bancada e, como estivesse demorando muito, resolvi passar o tempo deitando algumas palavras aqui. O título foi aquele mesmo.

13h25. Que lenda para carregar a foto. Tudo bem que mandei na resolução padrão do celular, que é alta, mas meu irmão, está demorando. Tentei de novo. Vamos ver se agora vai. Aí vou calibrar uma coisa ou outra, com o ícone e tal, colocar o meu último post como mensagem afixada e torcer para que pessoas apareçam para fazer parte.

13h34. Reduzi o tamanho da imagem e apareceu. Não sei como mudar o ícone do grupo. Nem como fazer nada. Acho que consigo pelo menos colocar a postagem afixada no topo.

13h44. Pronto. Criei, ajustei e coloquei mais dois amigos no grupo. Vamos ver o que acontece. Tem um negócio de vincular a outro grupo, mas não sei como isso funciona, então nem mexi. Mas seria algo útil pois talvez arrastasse leitores do outro grupo para o meu. Vou tentar isso mais tarde. Mais tarde que eu digo é daqui a pouco. Acho que vou fumar o meu último cigarro com café. Minha mãe não me deixou cigarro nenhum. Ozzy.

13h54. Fumei e cá estou de volta. Vou ver o que vincular grupo significa.

13h56. Só posso vincular a grupos do qual sou administrador. Não rola. Sim, o endereço do grupo é esse para quem se interessar: https://www.facebook.com/groups/293933507811287/
. Se interessem, por favor! Hahaha.

14h00. Pronto a brincadeirinha acabou o grupo está criado e agora é esperar que afluam pessoas para ele. O que acho que não vai acontecer. Como não aconteceu com os demais que criei, mas tudo é possível. Eu não vou sair colocando os meus amigos, pois acho isso desrespeitoso. Coloquei dois que já liam o meu blog e a incrível revisora, pois foi a primeira que meu veio à cabeça e eu precisava de pelo menos mais um membro para poder criar o grupo. Se ela quiser sai. Preciso até alertá-la disso.

14h14. Perdido entre o Facebook e pensamentos me lembrei da terapia com Ju e como ela me ajudou a ficar mais decidido em relação à publicação do livro, tendo como meta abrir o jogo com as meninas se elas me perguntarem do livro. Antes mesmo de lançá-lo. O que é uma incógnita ainda na minha cabeça. Se bem que hoje acordo com mais vontade de publicá-lo. Resta ver a opinião da minha amiga revisora. Opinião tanto de amiga quanto de revisora. Só de pensar nisso me dá um frio na barriga. Quero repartir os slogans com ela e a ideia das tarjas em volta da capa do livro com os dizeres. Mas antes de partir para uma produção própria, pretendo pleitear que alguma editora se interesse. Enviei contato para duas e não recebi resposta. É cedo ainda, mas não creio que receberei resposta. Até pelo que escrevi como descritivo do livro. Mas, novamente, tudo é possível. Embora sinceramente não acredite nisso nesse caso. Vou esperar a Companhia das Letras abrir para receber originais. Mas antes de tudo, tenho que ficar satisfeito com o que escrevi. Se é que é possível. Veremos depois da revisão da incrível revisora, quando me debruçarei sobre a obra uma vez mais. A Garota da Noite aparentemente não vai mais acessar as mensagens. E um dia desses foi que percebi que Garota da Noite é um como as pessoas mais antiquadas chamam as prostitutas. E nada poderia estar mais longe do que a Garota da Noite é e do que significa para mim. Embora hoje em dia já não signifique muita coisa, apaixonado que me tornei e estou da minha solidão. O negócio é desencanar e seguir em frente. Acho que perde mais ela do que eu. Ou ninguém perde nada. Me lembrei de umas fotos dela numa viagem para o exterior e me lembrei da minha próxima viagem. Como está relativamente longe, não me aperreia muito. Hoje não me encontro ansioso com a viagem, que curioso. Estou até a aceitando de bom grado. Se não quiser fazer nada, fico escrevendo no computador. Já preparei a minha irmã para o fato. Tomarei Coca de cereja alemã (muito melhor que a americana), comerei Manner, talvez dê um pulo no centro da cidade. Ou não. Vou só para procurar o iPod. E quem sabe comprar o meu perfume. “Landlady”. Vou ligar o ar, estou com calor. Incrível como já produzi três páginas, não sei com o quê, mas elas existem. Vou pegar um café. Provavelmente hoje terei que ir ao supermercado. Comprar Coca e iogurtes. Quem sabe um Bono de morango. Se houver. Da última vez que fui não havia. Parece ser o mais consumido, então não sou só eu que acho ele o melhor biscoito de morango que tem. É o único biscoito de morango que gosto. Os outros não me dão prazer gustativo. O Bono morango dá. Tornou-se o meu predileto da família Bono. Tendo experimentado os biscoitos de chocolate alemães, não há nenhum aqui que me apeteça, nem o Bono de chocolate.

15h14. Deu uma queda de energia e, como tiro a bateria do meu notebook para poupá-la, meu computador desligou e perdi o que havia escrito e nem me lembro mais do que tratava, pois afora isso ele ficou fazendo update do Windows. Bom lembro apenas que iria postar o vídeo dos Ninja Boys feito para calhar de ser visto no meu aniversário. Se não reparti ainda com vocês, reparto-o agora. É pura fofura. E é bom ver em tela grande para ler as legendas, se você saca inglês. Aí vai.





15h18. Esta falta de luz unida à atualização do sistema me roubaram do meu fluxo de palavras. Pelo menos o som e o notebook se entenderam. O café acabou e terei que partir para a Coca dentro em breve. Minha mãe não se conforma que eu só coma à noite, depois que vão dormir. É um hábito estranho, admito, mas é quando me dá fome e me é a forma mais agradável de me alimentar. Não acho graça em comer sem ter fome. Não vejo muito sentido, parece que como para a engorda dessa forma. Do jeito que faço, pelo menos não ganho nem perco peso. Estacionei. Estacionar é ótimo. Melhor seria perder, mas ainda não cheguei nesse ponto. Nem estou disposto a mudar meus hábitos alimentares por causa disso. Muito menos os meus hábitos sedentários. Hahaha. Não nasci para cuidar do corpo, ele me serve muito bem da forma que está. É uma máquina robusta esta que opero e controlo, já aguentou muito tranco, dei extrema sorte em ter um corpo tão resistente apesar de todos os pesares estéticos que acho que não trocaria pela minha saúde de ferro. Mas acredito que mencionei coisa semelhante no post de ontem. Então mudarei de assunto. Meu peso continua o mesmo de ontem e de anteontem e além. Se estivesse ganhando peso estaria mais preocupado, mas em se mantendo, para mim está bom. Perder seria o ótimo. Preciso ajustar só uma coisa na minha dieta. A salada do Mário. Já falei disso aqui e até agora não tomei medida para solucionar o problema. O farei amanhã, quando provavelmente será fabricada nova batelada de salada. Vou até comer um pouco da salada para que possa dizer a mamãe que comi durante o dia e antes que apodreça. Um momento.

15h41. Comi a salada, a tempero, pasme, com shoyu e mel de abelha, um fio deste último. A salada tem abacaxi, então já é adocicada, coloco mel, pois acho que é algo que faz bem à saúde e dá um contraste. “Landlady”. Sou uma pessoa de hábitos estranhos, eu sei. E até me orgulho um pouco disso, de não seguir a norma ou o padrão. Isso me parece tão chato, seguir as convenções sociais. Não gosto de ir com a manada, tocada pelos interesses dos mais poderosos. Estou um pouco à margem disso. Não sei nada de moda, embora veja na repetição de estilos o que está na moda e algumas me agradam aos olhos e aí falo das modas destinadas às mulheres. Outras acho aberrantes como a febre das plataformas ou a mania de calça com o fundo bem dizer nos joelhos. Mas esses microshorts de hoje me apetecem bastante. E é preciso ter pernas para usá-los e geralmente as moças têm, à custa sabe-se lá de quantas horas de academia. A imensa maioria das pessoas que eu conheço malha, é incrível. Me sinto alienígena nesse aspecto e prefiro continuar no meu cada vez mais solitário planeta. O que me incomoda mais esteticamente em mim é que estou ficando curvado de tanto escrever, dessa postura debruçada sobre a bancada. Mas nem isso me incomoda muito. Ossos do ofício. É um ofício quase desossado para mim o meu, pois o faço com sincero prazer e contentamento. Ainda mais tendo uma Coca gelada para bebericar. Eu deveria pleitear um patrocínio da Coca, pois falo tanto nela aqui e a consumo com voracidade tão ímpar que a Coca podia me oferecer um suplemento vitalício da bebida. Hahaha. Eu não reclamaria. A reação da minha mãe eu não sei. Não sei o bolso falaria mais alto que sua preocupação com a minha saúde. Se fosse para a Coca me fazer algum mal, já o teria feito há muito tempo. Se não fez ainda, não mais fará. Nossa, como viajo no meu Hulk. Talvez uma das melhores compras da minha vida. Certamente a mais cara. Valeu cada centavo. E bote centavo nisso. É o principal sinalizador de que estou no meu quarto-ilha. É a minha carranca à entrada do quarto para espantar os maus espíritos. Hahaha. Eles podem entrar pela janela. Mas o Hulk está olhando para ela. Então estou protegido. De ambos os lados. Hahaha. Sem bem que espíritos em tese atravessam paredes. Bom, chega de conversa abestalhada e vamos a outras conversas talvez tão abestalhadas quanto. Agora que o afã de ter criado o grupo passou, já penso em apagá-lo. Mas vou dar tempo ao tempo para ver no que dá. Quem sabe não vão se chegando mais e mais pessoas. Acho difícil, pois ver um grupo com quatro membros apenas não estimula ninguém a entrar. Não tenho coragem de inflacionar esse grupo colocando pessoas do meu círculo de amizades. Poderia colocar um amigo meu que gosta de ler e escrever. Tenho vergonha, entretanto, alguém tão culto. Vai que pega um dos meus posts para ler. Seria um embaraço para mim. Deixa quieto. Saí inclusive do Facebook por ora. O dia está fechado, perigando chover, mas a chuva permanece na barriga das nuvens. Talvez caia à noite. Espero que não quando for ao supermercado comprar as Cocas e o iogurte. Que não queria nem ir. Acho que preferia passar bebendo água. A claridade está bastante diminuída para serem apenas 16h09 da tarde, está com luz de 17h20. Muito pouca mesmo. Nenhuma das duas editoras me contatou. Saraiva e Editora 34. Nem me contatarão. Não guardo esperanças a esse respeito. Tentarei em outubro, quando provavelmente o livro vai estar completamente revisado – se a viagem não atrapalhar o processo (mas existe internet para isso) – e tentar a Companhia das Letras. Quando o prazo do concurso passar e eu não ganhar, posso tentar a Cepe também. E mandar o livro revisado para o meu tio, vai que ele... ele não vai fazer nada. Também não espero nada desse front. Se nada disso funcionar, eu passo talvez a fase da produção independente. Não sei. Não vou pleitear Funcultura, pois é necessário elaborar um projeto, parece que é uma burocracia sem fim. Não gosto de burocracia. Não sei lidar com ela a contento. Alguém teria que elaborar o projeto para mim ou comigo. Mas essa via, como a produção independente, não empresta a minha obra o mérito de ser chamada de livro. Para isso precisaria da aprovação de uma editora ou de Seu Raimundo. Aí sim, me sentiria confiante, de que a minha obra é válida. Sem eles, faço apenas por egolatria. Não que todo livro não seja um exercício de egolatria, mas com o aval de uma editora ou de um escritor, seria uma realização da qual de fato me orgulharia. Como queria que Seu Raimundo me respondesse. Estou com vontade escrever um e-mail para ele. Mas não devo. Mas digo só escrever, não digo enviar. Só para desopilar.

17h06. Tentei, mas ficou uma porcaria. Só me fez ficar mais ansioso. Vi que o último e-mail que mandei para ele foi há quatro dias. Parece que já se passaram vinte. Hahaha. O negócio é ter paciência. Se ele disse que leria, talvez leia e talvez demore a responder. Preciso ter paciência. Meu primo urbano disse que para ler uma obra do volume da minha, as pessoas demorarão em média um ou dois meses. Então daqui a dois meses, volto a aperrear Seu Raimundo, se ele não me contatar nesse ínterim. O negócio é deixar de afobação e ir seguindo a minha vida. Ou seja, continuar escrevendo isso daqui. Pois isso é a minha vida. Então, de volta a ela. Antes, um copo de Coca. Com muito gelo.

17h19. Não sei se mande o endereço do meu blog para ele. Não o farei. Não por enquanto. Está na vez de ele se comunicar. Não me comunicarei antes de ele me dar algum sinal de vida. O meu sonho? Que ele veja a minha escrita como algo novo, uma nova voz e que ache a narrativa cativante. Quero pouco, hein? Queria pelo menos que ele me dissesse se é válido publicar ou não. Queria uma resposta honesta. Queria uma resposta qualquer. Espero que venha. Não responder é que é, me perdoem o palavreado, foda para caralho. Mas, como disse, mandei um e-mail há menos de quatro dias. E enviei o livro há pouco mais de uma semana, tem muito tempo ainda para que ache que ele desistiu da minha sandice. Pobre da incrível revisora, lendo um texto merda como o meu. Deve estar pensando, “meu deus, esse cara vai querer publicar isso?” Hahaha. O pior é que eu e ela temos que trabalhar para que a coisa se torne a mais parecida com um livro possível. Eita, desafio. Acho que ela vai estar esgotada ao final do processo. E eu, que nem aguentar mais olhar para o livro, aguento? Vai ser ozzy para ambos. Mas ela vai ter que me dar essa força. Sei que não cabe a ela julgar a validade da obra. Mas mesmo assim vou perguntar. Ela vai me responder que isso ela não pode me responder. Hahaha. E ficarei na mesma. Por que preciso tão desesperadamente de uma aprovação? Porque não confio em mim mesmo. Por que não ache que o que escrevi seja digno de publicação. Porque acho o texto uma porcaria. Por causa da minha falta de autoconfiança e autoestima. Porque não acredito no que escrevi. Não acho que a minha voz seja uma voz válida. Porque acho que não há muito conteúdo ou conteúdo que engaje o leitor a ler o próximo dia/capítulo. Porque meu tio leu e se calou sobre o assunto. Porque Seu Raimundo não me respondeu. Por pura insegurança. Estou desanimado mais uma vez com essa empreitada toda. Acho que muito por causa dos livros do meu avô que imprimia todos os seus projetos por mais malucos que fossem. Não queria ser como o meu avô, queria que meu livro fosse publicado não por minha vontade apenas. Queria que fosse publicado porque meritório de ser impresso. Eu não posso me outorgar tal qualidade. Eu não acredito no meu julgamento e, se fosse acreditar, não publicaria. Porque não acredito em mim. Não acredito no que faço. No que fiz. Acho que é por isso, por não acreditar em mim. Não me achar um escritor digno de livro. Essa é a verdade. Não estou pensando nem na polêmica que vai haver, isso é outra coisa que nem me passa pela cabeça agora e que agora não me incomoda. Me incomoda a validade literária dos meus escritos. Será que vou mesmo morrer na praia? Vou esperar pacientemente o parecer de Seu Raimundo. Ele será o meu Grilo Falante. Se responder. Acho que só assim me sentirei confiante. Ou se alguma editora se interessar. São as duas únicas maneiras de achar que o que produzi é válido. A depender de mim somente, não vai rolar. Vai ficar revisado, mas não será publicado. Está decidido. Se não for por mérito, não será publicado. Eu consigo viver com isso. Não conseguiria viver com as pessoas lendo e achando ridículo. Um desperdício de papel. E bote papel nisso. Não, não e não. Posso mandar para o meu amigo escritor dar a sua opinião. Uma vez revisado, claro. Mas não quero ser mais um dos inúmeros escritores que se se publicam por narcisismo. Não quero. Quero mais que isso. Quero uma aceitação prévia que dificilmente obterei. Ou seja, busco praticamente o impossível. Vamos ver como a revisão se dá. Estou muito ansioso novamente em relação a esse assunto. Mas, se só depender da minha vontade, não será publicado. É uma razão muito esdrúxula para tanto. É narcisismo e necessidade de autoafirmação e essas duas partes já são contempladas aqui. “Landlady”. Não quero ganhar prêmios, não quero ser best-seller, quero ser válido e essa validade tem que vir de fora de mim. De alguém que ache competente de outorgá-la. Quero apenas tudo isso. E sei que não vou conseguir. Ou vou, sei lá. Acho bastante improvável. A verdade é essa. Quando estiver com o texto redondinho, ou da melhor forma que pode ser, mando para as editoras. E vejo no que vai dar. Se Seu Raimundo responder antes e me der o aval, eu topo uma publicação por mim mesmo. Quem sabe, se ele achar o livro válido, não escreva um prefácio ou uma orelha ou coisa que o valha. Novamente começo a sonhar. É melhor botar na cabeça que não vou publicar que o que vier é lucro. Mando pelo menos para o meu amigo escritor dar uma olhada. Se ele achar que é válido publicar talvez me arrisque. Mas ele vai ficar cheio de dedos para dizer que ficou ruim. Não conta. Embora pense em enviar para ele mesmo assim. Maldita hora em que fui descobrir o e-mail de Seu Raimundo! Além de descobrir como é difícil chamar a atenção de uma grande editora para a obra de um autor desconhecido. Não tem boquinha fácil para alcançar o que almejo. Seu Raimundo me parecia ser essa tábua de salvação, mas não sei se ele vai me responder. Sua resposta é o que mais almejo hoje em dia. Se ele soubesse... de nada adiantaria, né? O que me resta é esperar e não desesperar. Se resposta houver, virá. Tudo a seu tempo. Queria muito um cigarro para fumar. 18h20. Vou pegar um copo de Coca. Essa ode à ansiedade e à insegurança me cansaram. Foi algo muito desgastante de botar no papel, emocionalmente digo. Mas antes de ir pegar a Coca, reitero que só publicarei se alguém me convencer de que é válido fazê-lo. Alguém que eu considere que tenha envergadura para tal. O que talvez não encontre nunca na minha vida. Não alcance isso. Não sei se o julgamento da minha amiga revisora me valeria. Só se... não vou dizer.

18h27. Já tomei a Coca toda que coloquei, acho que vou pegar mais. Por mais que não quisesse ir no supermercado hoje. Mas vou ter que ir, pois minha mãe acaba de me ligar dizendo que está no caixa e quer que eu guarde as compras no carro, pois se cortou com uma faca. História mais louca. Vou lá.

19h24. Estou de volta ao meu querido quarto-ilha. Ajudei no que pude. Mais tarde, quando o movimento no elevador for menor, eu desço o carrinho. Mantenho adamantina a minha decisão de só publicar com um aval prévio de uma autoridade que eu reconheça como tal. O calor me incomoda, liguei o ar. Não sei quem será essa autoridade será. Pode até ser o pai da minha amiga que mora na Vila Edna. Talvez. Talvez tenha coragem de repartir com ele a versão definitiva. Talvez elimine os dias que fiquei em casa, mas eles se refletem em pensamentos posteriores, em outros dias, pelo que me lembro. Não sei. Tudo pode ser editado e esses dias desaparecerem. Assim como a menção deles. Não sei se isso é adulterar demais a realidade dos textos. Vou debater com a incrível revisora sobre o assunto. Mas do que poderia falar que não do livro? Já estou na sétima página, dessa não passo, o que quiser discutir discutirei em outras paragens pois não quero encher mais a paciência do pobre leitor. Talvez uma das pessoas a mandar seja o pai da minha amiga. Quem mais teria a mente aberta e o distanciamento necessários para ler? Penso no meu amigo escritor e em outro amigo que também escreve e ganha a vida, ao que me consta, ensinando outros a escrever. Esse acho um pouco pernóstico, mas seriam opções. Ficou na minha cabeça a ideia do meu primo de mandar para pelo menos três pessoas. Mas só mando a versão final. Nossa, para de me assombrar, Seu Raimundo. Mundo, mundo, vasto mundo, porque dentre todas as pessoas fui escolher Seu Raimundo? Ele seria a solução. Sem a menor sombra de dúvida. Esperar sem esperança. A esperança é que me aperta o peito e me deixa ansioso. Se conseguisse me livrar dela, seria um alívio. Mas sei que as minhas esperanças são persistentes. Que saco. É segurar a ansiedade, que não faz bem a ninguém e ir levando a vida até o eventual dia que o livro tomar sua forma textual final. Quanto a isso não tenho pressa alguma. Logo, não deveria também, dessa perspectiva, ter pressa em relação a Seu Raimundo. Acho que já tinha me decidido isso, se tiver, reitero, só mando um e-mail para Seu Raimundo quando tiver a obra definitiva. E tenho dito. Espero que cumpra. Eu não sei como abordar as minhas amigas, mas acho que só tenho coragem pelo grupo de WhatsApp da gente. Ao vivo me parece demais para mim. Seria o mais correto a se fazer, mas acho que seria um climão danado. Pelo WhatsApp é mais leve. E nem acho que seja coisa de outro mundo. Não sei. Só de pensar, sinto um frio na barriga. Mas acho melhor que saibam antes do que quando lerem. Se quem de direito considerar um livro publicável. Quem de direito é a questão. Esperar e curtir o processo de revisão, de debate da obra com a incrível revisora. Ter uma obra completamente formatada. Quem sabe eu não acabe me agradando dela? Do jeito que está, está um lixo. Nossa, que sofrimento é o parto de um livro. Pior que nem sei de onde vou achar paciência para revisar tudo de novo e de novo. Mas vou ter que arrumar. É a única história mais interessante de vida que tenho. Não tenho outra narrativa tão peculiar. Pronto a página acabou. Vou para outro canto. E o pior que tenho outro post para botar no ar antes desse. Eu definitivamente escrevo demais. Vou passar dois dias sem escrever para o Profeta. Escrevo para os capilares. Decidido isso também. Posto o post que tenho guardado amanhã e este na sexta. E este não divulgo, pois está um estica e encolhe de um cara ansioso demais para o seu próprio bem. Ou só divulgo no meu novo grupo. Hahaha. É isso que farei. Não esse eu preciso divulgar nos demais grupos, pois assim divulgo o meu próprio grupo. Maquiavélico nada. Vou lá, para outro lugar.

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