quarta-feira, 23 de maio de 2018

O FINAL VOCÊ DECIDE


13h20. Olá! Começo o dia depois de ter dormido tanto quanto o meu corpo pedia e já com café para tomar. É bem melhor começar o dia assim. Vou pegar mais uma xícara. Peguei. Botar um som para escutar, fazia dias que não desligava o som nem na hora de dormir, ontem me dei um merecido silêncio. Coloquei o que já estava selecionado no Spotify, U2. Acho que hoje provavelmente irei à tosa. Tive uma ideia absurda agora, não vale nem repartir e é muito complicada de elaborar, à medida que fui desenrolando o carretel da ideia ela foi ganhando ares mais e mais absurdos e desisti. Mas ei-la em uma frase, pet shop para humanos. Vejo os cabeleireiros com uma espécie de pet shop, mas pet shops oferecem muito mais produtos além dos serviços de tosa e foi aí que a ideia se mostrou bastante complicada. Primeiro porque se entrei três vezes em um pet shop foi muito e segundo porque pensei em oferecer coleiras e correlatos para humanos com tendência sadomasoquista e vi que estava indo longe demais. Hahaha. Doideira. É isso que dá acordar com café no juízo. O Hulk, como sempre, me encanta. O Vaporfi, como sempre, me faz tossir muito nas primeiras baforadas do dia. É difícil para a fumaça descer de primeira. A fantástica faxineira abriu a porta do meu quarto para eu ouvir caso a minha irmã PE toque para vir almoçar aqui. Nada de muito profundo habita o meu ser no momento. Há a expectativa de ir cortar o cabelo e a aparar a barba, mas afora isso, nada. Alguém chegou. Ouvi a porta abrir ou fechar. Me enganei, deve ter sido a fantástica faxineira na sua limpeza com aspirador de pó, abriu a porta de algum banheiro e me pareceu a da sala. Estou com calor, começando a suar. Queria fechar a porta e ligar o ar, mas não sei se a fantástica faxineira vai usar ainda o aspirador ou não. Vou ao menos abrir a janela.

13h48. O assunto do livro me vem à cabeça, como não poderia deixar de ser, mas sem gerar grandes transfigurações da alma, vem brando. Pode ser que se intensifique ao longo do dia, mas espero que não. Não o devia ter mencionado. Mas quem pariu Mateus que o embale. Vou ter que lidar com quaisquer ansiedades que o tema recém-levantado possa me despertar. Mudando de assunto. Será que o pessoal vai para casa da minha tia-mãe no sábado? Pessoal que digo, é minha prima e seu consorte. Ele não me parece ainda muito preparado para ser pai, nenhum dos dois parece muito, mas ele parece um tanto menos. Eu provavelmente teria bastante dificuldade de me aclimatar a essa condição. Por mais que eu ache que ficaria encantado, embevecido em ver uma criança com os meus genes ali materializada. Não sei quanto esse encanto duraria. Nem se seria suficiente para aguentar as vicissitudes de ser pai. Principalmente nos primeiros momentos em que o ser humano se afigura muito pouco com um humano, só faz chorar, diversos tipos de choro, dizem, mamar e cagar/urinar; geralmente nas horas mais impróprias. Bom, é uma realidade muitíssimo distante de mim, então nada tenho a temer. Perguntei à fantástica faxineira se ela assistia as pegadinhas de João Kleber. Ela disse que já foi até num teatro ver o apresentador. A penetração desse negócio nas zonas de baixa renda deve ser absurda. Se até eu, um cara que tive boa formação, fico hipnotizado por aquilo, imagino o povão que se vê ainda mais que eu naquelas situações e tendo aquelas reações. É uma coisa que me domina. Já fico com vontade de ver. E algo me roubar daqui é porque tem um empuxo muito poderoso. Não cederei no momento. Até porque o meu celular está carregando. Se bem que posso ver no computador. Vi no celular por força das circunstâncias, apenas por isso. Estava na piscina e meu computador estava off-line. Estou querendo mais café. Vou pegar.

14h14. Acabou-se o café, não hesitarei em pedir mais à fantástica faxineira. Há pessoas que nascem para brilhar, eu um dia já acreditei ser uma delas, mas vida me provou justamente o contrário e a oportunidade que eu tinha de brilhar, que era o livro, parece que me escapa das mãos. Talvez isso venha para o meu benefício no final das contas. Mas ainda não me dei por derrotado. Ainda há tempo para as coisas engrenarem. Tudo a seu tempo. Ouvi essa frase de mais gente do que poderia supor. Eu deveria revisar e postar o texto de ontem, mas me falta disposição, foi uma escrita tão vazia e cheia de tédio, julgo que pela falta de café, que nem me anima publicá-la. Acho que não vou nem divulgar no meu grupo de cinco pessoas. Estou impressionado que o último post que publiquei e divulguei tenha atingido já a marca de 48 leitores. Isso é muito raro. O outro que teve boa visualização também trazia uma foto de comida, um iogurte. Será que o truque é esse, foto de comida? Pena que não tenho nenhuma comida chamativa para postar fotos hoje. Hahaha. Posso buscar na internet. Seria curioso se o milagre se desse mais uma vez. Aí veria conexão entre uma coisa e outra. Que até agora me parece mera casualidade. Nem sei o que digo direito, imaginando que fotos procurar no Google. Não sei se farei isso. Dentro em breve terei que migrar para a varanda, pois a fantástica faxineira vai arrumar o meu quarto. Estou com vontade de fumar um dos meus três últimos cigarros. O café ficou pronto. Vou tomar com um cigarro.

14h39. Só havia dois cigarros na minha carteira, tinha certeza de ter deixado quatro para fumar. Estranho. Bom, fumei e só tenho mais um até minha mãe se decidir me dar a minha próxima carteira, quando chegar. Já começo a achar que vai ficar tarde para a tosa. Se passar das 16h00 não vou mais. Graças à santa cafeína não estou com tédio hoje, por mais que o que escreva não se aproveite mais ou menos do que o que escrevi ontem. Não escrever mais nenhum e-mail para Seu Raimundo. É o que tenho que manter na cabeça. Pagar para ver, como disse a incrível revisora. É esperar para ver no que vai dar. Não sei se conseguirei não mandar um e-mail para Seu Raimundo quando a revisão entrar na sua forma definitiva. Ainda me lembro do meu sobrinho me tomando pela mão para segui-lo como se eu fosse uma figura importante para ele. Me emocionou e enterneceu muito tal gesto, por mais que não tenha muita paciência com crianças. Há gestos que desarmam. São feitos do mais puro afeto, sem nenhum interesse por trás que não o gesto em si e a vontade da minha companhia, que não há como não me acender a alma. Para ele, por menos que eu faça, mesmo assim sou uma pessoa que se lhe afigura importante, querida talvez. E gratuitamente. Só porque tenho o meu quarto cheio de caixas de brinquedo e videogames, eu acho. Ele está maior e mais obediente. O outro filho do meu irmão JP é muito bebê ainda, portanto menos interativo. Creio que o primogênito esteja com cinco anos ou coisa que o valha. Já é bastante mais fácil a comunicação. Voltei a pensar no meu amigo que partiu para Portugal. Acho que mais do que ir para tentar a vida, ele está indo para fugir da vida que levava aqui. Mas, para certas coisas, a mudança geográfica não é suficiente. Espero que consiga lograr êxito tanto profissionalmente como no exorcismo de certos fantasmas. Não há muito que possa tratar desse assunto aqui. Este é tema para o Vate. Conseguiu deixar o seu cachorro com alguém. Um casal de amigos, até que se fixe em Portugal e arrume uma maneira – muito sonhada – de levar o bicho para lá. Mais sonhada que possível, eu diria. Mas quem sou eu para falar de sonhos, eu que sonho maior do que eu?

14h58. Estou meio suado. Acho que vou ligar o ar enquanto a fantástica faxineira não chega por aqui.

15h00. Em vez de ligar o ar peguei mais um café. Estou fortemente inclinado a ter como certa a falta de café como causa para o tédio e associar a presença de café com um bem-estar do espírito. Realmente acredito que sou dependente de cafeína. Mas das “inas” a que faz menos mal, pelo menos. Hoje as palavras me vêm mais fácil, meu humor está melhor e é um dia nos mesmos moldes do anterior. Temo que mamãe vá tirar dinheiro e faça compras. Por um lado, é bom, pois terei Coca para a noite, por outro é chato porque eu é que cuido da logística de transporte das mercadorias. Mas é o mínimo que posso fazer. Não sei onde mamãe foi e não me interessa muito no momento. Sei que ficou de tirar dinheiro desde a última vez que a fantástica faxineira esteve aqui. Acho que de hoje não passa e, como ela saca o dinheiro no Bompreço, é quase inevitável que faça compras. Veremos se o profeta está certo em sua profecia. Hahaha. Penso em escrever um e-mail para Seu Raimundo compartilhando o meu blog. Não sei. Nada de e-mails. Essa é a regra. Nossa, como a validação dele faria bem ao meu espírito. Poder me dizer escritor não porque escrevo apenas, mas porque um escritor de renome me reconheceu como um semelhante. Me sentiria escritor de fato e de direito. Pensaria até em me publicar se o meu tio não mexer os seus pauzinhos e colocar meu livro para apreciação na editora da qual é conselheiro. Meu tio poderia muito bem nesse papel dar o conselho para que analisassem o meu livro. Mesmo que fosse recusado. De toda sorte, estou participando de um concurso da mesma editora. Deixa as águas rolarem. Se ganhasse, ganharia vinte mil reais e a possibilidade de ter a minha obra publicada. Não acredito que isso se dê, entretanto, pelos méritos basilares pelos quais a obra vai ser julgada. Especialmente o item já mencionado aqui de valorizar a cultura brasileira e sua pluralidade... migrei para a varanda, a fantástica faxineira vai se ocupar agora do quarto-ilha. Esqueci a xícara de café lá, preciso pegar.





15h31. Meu amigo corretor já se encontra em Portugal, me mandou comunicado d’além mar. Espero que consigamos nos encontrar quando eu for em junho. Acho bem possível. Agora que tenho o contato dele de WhatsApp.

15h50. Com Spotify e WhatsApp a bateria do computador vai embora rapidinho. Acho que meu amigo está no banzo, se sentindo solitário, aí fica conversando comigo. Eu entendo. E acolho, claro. Vou pegar um café.

15h54. Acabou o do copão, agora só haverá o da garrafa, que é pequena e talvez comporte menos que o copão. Bom tenho mais quatro ou cinco xícaras para tomar, vai ter que dar para suprir a minha dose diária de cafeína. Meu amigo achou as italianas as mais bonitas até agora, lembro que minha irmã da Alemanha achava os homens italianos os mais bonitos também. Vai ver que é um povo bonito mesmo, embora o contato que tive com italianos não me animou muito quanto a seus hábitos. É certo que estavam bêbados na Oktoberfest, mas a impressão não foi das melhores. Tão ou mais barulhentos que os brasileiros. Mas vamos deixar os preconceitos de lado. Estar na Europa é uma experiência singular. É correr atrás de emprego agora. Ele disse que está organizando um currículo. Tomara que consiga. Tenho a impressão de que saberei os seus passos, até que forme uma nova rede social, ele pode apelar para mim para aplacar o banzo. Sei lá. Do jeito que é desenrolado, dentro em breve já deverá ter uma turma. É pagar para ver, como minha amiga revisora disse e até agora ressoa na minha cabeça. Eu estou achando que vou é pagar uma de pato. É a vida, não se pode ganhar todas e eu já ganhei até mais do que deveria. Novamente o livro me vem como uma sandice da minha cabeça. Eu sinceramente não sei mais o que achar dessa história. E ela vem todo dia me assombrar com seu peso. Há uma carga positiva e uma carga de quase igual tamanho negativa. É uma história que me divide e me gera expectativas boas e ruins, não sei com quanto fundamento de realidade em ambos os casos. Por ora é tudo sonho. De garantida só a revisão. Seu Raimundo e meu tio são as grandes incógnitas. Se eu tivesse que escolher alguma para se materializar escolheria a resposta do velho escritor. De preferência positiva. Aliás, só me agradaria se fosse positiva. Mas depois do e-mail ansioso, a probabilidade de resposta diminuiu bastante. Não sei se estava em mania quando escrevi aquilo. Sei que deveria ter me consultado antes com a minha amiga revisora. O que foi, foi e o que será, será. Está fora das minhas mãos, além do meu alcance. Acho que devo ir na de mamãe e esquecer o escritor, que ele não vai me responder. Não quero ser dominado novamente por esse assunto, é uma fixação doentia que não me faz bem. Pensei na viagem que farei e queria tanto não fazer. Mesmo que vá encontrar o meu amigo por lá, nos poucos dias que passarei por Portugal, mas mesmo assim escolheria não ter que ir.

16h21. A cidade está sem combustível por conta da greve dos caminhoneiros. Situação curiosa e direito deles fazer greve. Acho que é inclusive um direito constitucional. É interessante como são vitais para o funcionamento da sociedade. Sem eles, a distribuição de gasolina, dentre muitas outras coisas, fica prejudicada. São um elo importante da cadeia social. Não tinha a dimensão disso. Mamãe vai deixar o carro na universidade, pois já está acendendo a luz de pouco combustível, e pegar um Uber de volta para casa. Pelo menos vai aprender a usar o aplicativo. Ou pedir que alguém chame por ela, o que acho mais passível de acontecer. Eu muitas vezes faço isso. Eu que sou vinte e tantos anos mais novo que ela. Acho que vou pegar mais um café e fumar o meu último cigarro. Sim é o que quero fazer, apreciar esses últimos momentos da tarde da janela do hall de serviço.

16h33. A tarde já havia caído demais para o meu gosto, mas fumar um cigarro é sempre muito bom, gostoso. É uma pena ser um hábito tão destrutivo. Torço para a minha mãe me dar a carteira de hoje mais cedo hoje. Como queria bater a marca das 50 visualizações com o meu último post. Estancou em 48. Não imagino quem essas pessoas são, se me conhecem pessoalmente ou não. Esse mistério prefiro não o saber. Gosto que os meus leitores não tenham face, rostos ou nomes para mim, assim me sinto mais livre para me revelar aqui. O problema é que não paro de revolver sobre o danado do livro que tem tudo para não ser. Sei que a cola pode perder a sua toxicidade que isso não mais me aflige. Seria uma bênção se isso se desse. Estaria livre do meu maior vício, do mais destrutivo psicossocialmente. Talvez o cigarro, devido à quantidade, me faça mais mal fisicamente e desse não pretendo me abster. O café começa a me descer mais quadrado, talvez seja o excesso. Pouco se me dá. Continuarei bebendo única e exclusivamente pelo medo do tédio vir fazer ninho no meu quarto-ilha, onde já me encontro de volta. Estamos todos com os dias contados, isso é a dura realidade dos dias de hoje, pelo menos os filhos, via de regra vão depois dos pais. Quando ocorre o inverso, o dano é grave e praticamente irreversível para quem fica. Conheço histórias dessa natureza e todas refletem essa dor, essa falta que nunca cessa no coração dos pais. Eu, se fosse antes da minha mãe, acho que não a surpreenderia tanto quanto se fosse um dos meus irmãos. Pela maneira que vivo, minha expectativa de vida é bastante diminuída. Isso não mexe muito comigo. Perder a minha mãe mexe comigo. Acho que seria salutar partir antes dela, o que é um pensamento demasiado egoísta tendo em vista o que acabei de escrever sobre a ordem natural das coisas ser quebrada. Escrevi um negócio ontem no Desabafos do Vate que me deixou grilado. Foi algo que começou como uma ficção, mas como minhas ficções não desgrudam muito do real, acabou se tornando uma projeção caso o meu segundo sonho fosse realizado. Que já sei de antemão que não será.

16h53. Última vez que encho o meu vaporizador com o líquido original essa semana. Voltarei ao chinês. Tenho 500 ml do sabor cereja ainda para fumar. Nem abri ainda. Acho que vou me fechar e ligar um pouco o ar, estou suando aqui. Corte de cabelo só amanhã agora. O que mais queria agora? Uma resposta de Raimundo Carrero. De resto, estou bem, o café espanta o meu tédio, já ficou mais que comprovado, como também me coloca mais palavras na cabeça. Me admito peremptoriamente dependente de cafeína. E nicotina. Sem café, meu humor muda, fico mais indisposto, menos alerta, sinto-me menos vivo. O café dá um colorido maior à minha vida. Espero que, na ausência da fantástica faxineira, minha mãe faça café para mim. Senão eu mesmo terei que fazer. Não me incomoda fazer, incomoda mamãe reclamar que faço muito forte. Não sei qual é a medida certa, mas acho delicioso o café que faço. Não deveria haver repreensão e repressão a respeito disso. Café não é um item caro e não faz tão mal à saúde (eu acho). Um dia aprendo a proporção devida. Mas prefiro muito mais que mamãe faça. Só não posso demandar isso dela, seria abusivo, para dizer o mínimo, da minha parte. Não sei como ela vai viajar com esse joelho ruim do jeito que está. Espero que a fisioterapia e a hidroginástica operem o milagre necessário para que não seja um fardo tão doloroso para ela a viagem. Confesso que não estou muito esperançoso a esse respeito, acho que tudo é culpa do medicamento contra a reincidência do câncer que está tomando. Mas não sou médico, sou apenas louco. Um pouco. O suficiente para me sentir deslocado da sociedade. Eu preciso me realinhar mais à sociedade, uma parte de mim pede por isso, mas há uma parte maior que se sente confortável com a forma como a vida se me dá. Sei que é preciso dar voz às minorias. Hahaha. Fato é que cada dia me sinto mais desconfortável em sociedade, cada vez mais me é difícil sair da reclusão e encarar o mundão. Não nego que algumas vezes são muito bem-vindas, mas o meu isolamento me faz sentir ansiedade em relação a todo e qualquer evento social, seja uma festa familiar, seja encontrar um velho amigo num barzinho. Me lembrei do meu amigo em Portugal e das minhas andanças pelo lado negro de Munique. As duas coisas são correlatas, primas, na minha cabeça. Espero estar equivocado.

17h14. Mamãe chegou e já reclamou da quantidade de café que tomo, disse, porém que me dará a carteira de cigarros agora, depois de chegar em casa de fato, qual seja, se por confortável, aliviada e limpa. Não é problema para mim esperar tal processo. Incrível como com café a minha produção flui muito mais fácil. Gosto desse estado de espírito despertado pela bebida. A fantástica faxineira desabafa algum problema com mamãe. Um dia se considerarão amigas, daqui a dez anos. Se houver tal relação daqui a dez anos. O que não acho improvável. Improvável é Raimundo Carrero me responder. Hahaha. Tenho que desencanar disso. Tenho que desencanar do livro. Mas eu sou o Mário, minha vida é entrar pelo cano. Hahaha. Essa foi destinado aos leitores gamers. Mas, sério, ficar me corroendo por dentro por causa de uma resposta que provavelmente nunca vá se dar é um desgaste emocional totalmente desnecessário. Eu sei disso, mas existe uma resistente esperança que não quer largar o osso. Algo dentro que me diz que eu vou receber uma resposta. E que ela será positiva. Ou será positiva ou será nenhuma. Sei que quando receber a versão revisada do texto eu não sei se resistirei a mandar um e-mail para ele. Talvez com a cópia revisada em anexo. Não sei, não vou simplesmente desistir de Seu Raimundo, deixar para lá. Ele criou essa esperança em mim, ele é responsável por ela. Sinto que ele tem que ser chamado a arcar com essa responsabilidade que se impôs. Acho isso de uma arrogância desmedida, porém, eu, no lugar dele, daria uma satisfação mesmo que evasiva a quem me enviasse uma obra que me predispus a ler. Por isso a esperança que talvez ele ainda faça isso. Mas novamente começo a falar desse assunto novamente. Estou obcecado por isso e não posso ser assim. Sei que para mim, o significado de tal gesto de Seu Raimundo, significa muito mais do que ele jamais poderá imaginar. É a validação da minha vida, significa que o sentido que emprestei à minha existência tem consistência, que além de escrever, sou escritor. Nossa, como queria me considerar escritor. É essa consideração que as considerações de Seu Raimundo Carrero sobre a minha obra iriam me confirmar ou destruir. Em última instância, a aceitação de uma editora me seria de mesma valia, mas acredito que o meu conteúdo é polêmico demais para ser aceito por uma editora. Não sei, só saberei enviando e tentando. Quando tiver a obra lapidada pela incrível revisora. E conselheira para assuntos “Raimundianos”. Pagar para ver. Espero que veja. “Ladlady” toca, um bom sinal. Quem me dera fosse. Pelo menos me agrada ouvir a música. E a vida segue. A noite já cobriu com negro manto a cidade, acabei de assinar uma petição para ter a primeira mulher negra na Academia Brasileira de Letras. Eu que nunca nem chegarei a publicar uma obra sequer. Quanta diferença. Como essas pessoas conseguem? Como essa senhora negra conseguiu fazer isso? É um mistério tremendo para mim. Por que para uns é mais fácil que para outros? Eu sei que a resposta é simples, talento. Eu tenho apenas a vocação, a sede de escrever, mas não tenho o dom da escrita, o talento. Então para mim o caminho é mais complicado. Afora que o meu livro é polêmico. Acho que poucas editoras se interessariam pelo conteúdo. Não sei, posso estar enganado. Só repito o que já disse um sem-número de vezes, não vou me publicar por egolatria apenas, para satisfazer o meu desejo de ver uma obra com o meu nome. Não vale as perdas que terei com a publicação de tal livro. Não é um livro sem a validação de quem faça livros, seja o escritor, seja uma editora. E novamente volto ao mesmo assunto. Que saco. Até quando vou ficar remoendo isso? Não faço ideia, talvez passe a vida toda falando sobre isso, o que sinceramente me assusta tremendamente, pois não há mais formas de dizer o que digo e repito incessantemente aqui. Assim vou alienar leitores em vez de angariá-los. Queria mais uma xícara de café, mas mamãe já vetou a bebida por hoje. Vou ver se ela me dá os cigarros. Para que pelo menos possa dar uns traguinhos com água.

18h01. Fumei tomando suco de acerola e ainda tomo, mamãe pediu que eu tomasse suco hoje. Acabei de pedir que fizessem mais suco, pois a quantidade que há não dá nem para uma hora de consumo de líquidos meu. Se há uma coisa que consumo muito são líquidos. Geralmente Coca e café, mas em não se havendo uma e proibido o outro, vou apelar para os sucos. Pedi que fizessem dois litros. Acho que dará para passar a noite. Penso em desobedecer a minha amiga revisora e mandar um e-mail para Seu Carrero, repartindo o endereço do meu blog. É uma forma sutil de cobrança. Pois, se ele ler qualquer um dos últimos posts verá a enorme expectativa que tenho em relação à sua resposta. A importância colossal que dou a ela. Mas não sei se faça isso. Estou com muita vontade de fazer. Talvez seja café demais no sangue, talvez seja uma última desesperada forma de receber resposta do escritor. Isso está me parecendo com uma ideia da qual vou me arrepender tremendamente depois. Vai ser mandar e me arrepender. Melhor me controlar. Falar do sabor da acerola que é agradável, um tantinho cítrico e uma boa variação para a minha dieta de líquidos. Não sei de que sabores serão os sucos que serão feitos, mas o que vier está bom. Nossa, já estou na sexta página. Preciso revisar o texto de ontem. Acho que vou publicá-lo num blog capilar. Por mais que esse esteja igualmente inútil. Será que só porque parei com o café já me sinto desanimado? Não, acho que isso é coisa da minha cabeça neurótica mesmo. O post anterior parou em 48 visualizações mesmo. Que coisa, estava tão esperançoso de que cruzasse a barreira das 50 visualizações. Embora 48 já seja uma grande vitória. Me deixa muito contente saber que 48 mentes abriram espaço para a entrada dos meus pensamentos. Se um dia publicar o meu livro deixarei na última página a propaganda do meu blog. Exigirei isso da editora, se é que terei esse direito. Estou me contendo para não mandar um e-mail com o endereço do meu blog para Seu Raimundo. O que você faria no meu lugar, deixe um comentário aí para me dar uma luz. Nesse programa, você decide. Hahaha. Juro, se houver pelo menos um comentário dizendo para eu enviar, eu escrevo e mando. Perdido por um, perdido por mil, já dizia o ditado. Fato é que a espera por uma resposta que não sei se virá me consome. A incerteza me consome. A esperança me consome. É um sofrimento menor frente todas as mazelas do mundo, mas é um sofrimento mesmo assim. Eu diria assim:

“Oi, Seu Raimundo, aqui é Mário do ‘Diário do Manicômio’, se o senhor quiser saber o que mais escrevo, visite http://jornaldoprofeta.blogspot.com.br/ , o senhor tem sido bastante citado ultimamente lá. Hahaha.

Grande abraço e uma esperança que resiste morrer,

Mário Barros.”

Eis aí o que diria. Só de pôr em palavras, trazendo mais para perto da realidade, minha alma se coça todinha para mandar. Mas você ou vocês decidem. O texto está dado. Será que devo esperar completar um mês de envio? Acho que estou trocando os pés pelas mãos uma vez mais. Bom, vou deixar o(a) leitor(a) decidir. Afinal, a voz do povo é a voz de Deus. Aposto com você que você nem ninguém vai comentar. Quer ver? Ninguém se dará ao trabalho, que não é muito, mas o suficiente para desmotivar. Você se dará ao trabalho de responder? Será? Acho que não. Agora deu, acho que estou enlouquecendo de vez. Hahaha. Mas gosto de “você decide” no meu blog. Pode ser que alguma alma venha a me botar bom senso na cabeça ou incendiar a minha alma de vez. Se disserem para mandar, eu mando mesmo, mas não tenha nem dúvida. Vou até mudar o título deste post depois desse desafio. Vou dar esse post por findado aqui. Aí, basta comentar aí embaixo, não é complicado e você pode fazer o circo pegar fogo. Ou não. O final você decide. Inté.

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