13h20. Olá! Começo o dia depois de ter dormido tanto quanto
o meu corpo pedia e já com café para tomar. É bem melhor começar o dia assim.
Vou pegar mais uma xícara. Peguei. Botar um som para escutar, fazia dias que
não desligava o som nem na hora de dormir, ontem me dei um merecido silêncio. Coloquei
o que já estava selecionado no Spotify, U2. Acho que hoje provavelmente irei à
tosa. Tive uma ideia absurda agora, não vale nem repartir e é muito complicada
de elaborar, à medida que fui desenrolando o carretel da ideia ela foi ganhando
ares mais e mais absurdos e desisti. Mas ei-la em uma frase, pet shop para
humanos. Vejo os cabeleireiros com uma espécie de pet shop, mas pet shops
oferecem muito mais produtos além dos serviços de tosa e foi aí que a ideia se
mostrou bastante complicada. Primeiro porque se entrei três vezes em um pet
shop foi muito e segundo porque pensei em oferecer coleiras e correlatos para
humanos com tendência sadomasoquista e vi que estava indo longe demais. Hahaha.
Doideira. É isso que dá acordar com café no juízo. O Hulk, como sempre, me
encanta. O Vaporfi, como sempre, me faz tossir muito nas primeiras baforadas do
dia. É difícil para a fumaça descer de primeira. A fantástica faxineira abriu a
porta do meu quarto para eu ouvir caso a minha irmã PE toque para vir almoçar
aqui. Nada de muito profundo habita o meu ser no momento. Há a expectativa de
ir cortar o cabelo e a aparar a barba, mas afora isso, nada. Alguém chegou.
Ouvi a porta abrir ou fechar. Me enganei, deve ter sido a fantástica faxineira
na sua limpeza com aspirador de pó, abriu a porta de algum banheiro e me
pareceu a da sala. Estou com calor, começando a suar. Queria fechar a porta e
ligar o ar, mas não sei se a fantástica faxineira vai usar ainda o aspirador ou
não. Vou ao menos abrir a janela.
13h48. O assunto do livro me vem à cabeça, como não poderia
deixar de ser, mas sem gerar grandes transfigurações da alma, vem brando. Pode ser
que se intensifique ao longo do dia, mas espero que não. Não o devia ter
mencionado. Mas quem pariu Mateus que o embale. Vou ter que lidar com quaisquer
ansiedades que o tema recém-levantado possa me despertar. Mudando de assunto.
Será que o pessoal vai para casa da minha tia-mãe no sábado? Pessoal que digo,
é minha prima e seu consorte. Ele não me parece ainda muito preparado para ser
pai, nenhum dos dois parece muito, mas ele parece um tanto menos. Eu
provavelmente teria bastante dificuldade de me aclimatar a essa condição. Por
mais que eu ache que ficaria encantado, embevecido em ver uma criança com os
meus genes ali materializada. Não sei quanto esse encanto duraria. Nem se seria
suficiente para aguentar as vicissitudes de ser pai. Principalmente nos
primeiros momentos em que o ser humano se afigura muito pouco com um humano, só
faz chorar, diversos tipos de choro, dizem, mamar e cagar/urinar; geralmente
nas horas mais impróprias. Bom, é uma realidade muitíssimo distante de mim,
então nada tenho a temer. Perguntei à fantástica faxineira se ela assistia as
pegadinhas de João Kleber. Ela disse que já foi até num teatro ver o apresentador.
A penetração desse negócio nas zonas de baixa renda deve ser absurda. Se até
eu, um cara que tive boa formação, fico hipnotizado por aquilo, imagino o povão
que se vê ainda mais que eu naquelas situações e tendo aquelas reações. É uma
coisa que me domina. Já fico com vontade de ver. E algo me roubar daqui é
porque tem um empuxo muito poderoso. Não cederei no momento. Até porque o meu
celular está carregando. Se bem que posso ver no computador. Vi no celular por
força das circunstâncias, apenas por isso. Estava na piscina e meu computador
estava off-line. Estou querendo mais café. Vou pegar.
14h14. Acabou-se o café, não hesitarei em pedir mais à
fantástica faxineira. Há pessoas que nascem para brilhar, eu um dia já
acreditei ser uma delas, mas vida me provou justamente o contrário e a
oportunidade que eu tinha de brilhar, que era o livro, parece que me escapa das
mãos. Talvez isso venha para o meu benefício no final das contas. Mas ainda não
me dei por derrotado. Ainda há tempo para as coisas engrenarem. Tudo a seu
tempo. Ouvi essa frase de mais gente do que poderia supor. Eu deveria revisar e
postar o texto de ontem, mas me falta disposição, foi uma escrita tão vazia e
cheia de tédio, julgo que pela falta de café, que nem me anima publicá-la. Acho
que não vou nem divulgar no meu grupo de cinco pessoas. Estou impressionado que
o último post que publiquei e divulguei tenha atingido já a marca de 48
leitores. Isso é muito raro. O outro que teve boa visualização também trazia
uma foto de comida, um iogurte. Será que o truque é esse, foto de comida? Pena
que não tenho nenhuma comida chamativa para postar fotos hoje. Hahaha. Posso
buscar na internet. Seria curioso se o milagre se desse mais uma vez. Aí veria
conexão entre uma coisa e outra. Que até agora me parece mera casualidade. Nem
sei o que digo direito, imaginando que fotos procurar no Google. Não sei se
farei isso. Dentro em breve terei que migrar para a varanda, pois a fantástica
faxineira vai arrumar o meu quarto. Estou com vontade de fumar um dos meus três
últimos cigarros. O café ficou pronto. Vou tomar com um cigarro.
14h39. Só havia dois cigarros na minha carteira, tinha
certeza de ter deixado quatro para fumar. Estranho. Bom, fumei e só tenho mais
um até minha mãe se decidir me dar a minha próxima carteira, quando chegar. Já
começo a achar que vai ficar tarde para a tosa. Se passar das 16h00 não vou
mais. Graças à santa cafeína não estou com tédio hoje, por mais que o que
escreva não se aproveite mais ou menos do que o que escrevi ontem. Não escrever
mais nenhum e-mail para Seu Raimundo. É o que tenho que manter na cabeça. Pagar
para ver, como disse a incrível revisora. É esperar para ver no que vai dar.
Não sei se conseguirei não mandar um e-mail para Seu Raimundo quando a revisão
entrar na sua forma definitiva. Ainda me lembro do meu sobrinho me tomando pela
mão para segui-lo como se eu fosse uma figura importante para ele. Me emocionou
e enterneceu muito tal gesto, por mais que não tenha muita paciência com
crianças. Há gestos que desarmam. São feitos do mais puro afeto, sem nenhum
interesse por trás que não o gesto em si e a vontade da minha companhia, que
não há como não me acender a alma. Para ele, por menos que eu faça, mesmo assim
sou uma pessoa que se lhe afigura importante, querida talvez. E gratuitamente.
Só porque tenho o meu quarto cheio de caixas de brinquedo e videogames, eu
acho. Ele está maior e mais obediente. O outro filho do meu irmão JP é muito
bebê ainda, portanto menos interativo. Creio que o primogênito esteja com cinco
anos ou coisa que o valha. Já é bastante mais fácil a comunicação. Voltei a
pensar no meu amigo que partiu para Portugal. Acho que mais do que ir para
tentar a vida, ele está indo para fugir da vida que levava aqui. Mas, para
certas coisas, a mudança geográfica não é suficiente. Espero que consiga lograr
êxito tanto profissionalmente como no exorcismo de certos fantasmas. Não há
muito que possa tratar desse assunto aqui. Este é tema para o Vate. Conseguiu
deixar o seu cachorro com alguém. Um casal de amigos, até que se fixe em
Portugal e arrume uma maneira – muito sonhada – de levar o bicho para lá. Mais sonhada
que possível, eu diria. Mas quem sou eu para falar de sonhos, eu que sonho maior
do que eu?
14h58. Estou meio suado. Acho que vou ligar o ar enquanto a fantástica
faxineira não chega por aqui.
15h00. Em vez de ligar o ar peguei mais um café. Estou
fortemente inclinado a ter como certa a falta de café como causa para o tédio e
associar a presença de café com um bem-estar do espírito. Realmente acredito
que sou dependente de cafeína. Mas das “inas” a que faz menos mal, pelo menos.
Hoje as palavras me vêm mais fácil, meu humor está melhor e é um dia nos mesmos
moldes do anterior. Temo que mamãe vá tirar dinheiro e faça compras. Por um
lado, é bom, pois terei Coca para a noite, por outro é chato porque eu é que
cuido da logística de transporte das mercadorias. Mas é o mínimo que posso
fazer. Não sei onde mamãe foi e não me interessa muito no momento. Sei que
ficou de tirar dinheiro desde a última vez que a fantástica faxineira esteve
aqui. Acho que de hoje não passa e, como ela saca o dinheiro no Bompreço, é
quase inevitável que faça compras. Veremos se o profeta está certo em sua
profecia. Hahaha. Penso em escrever um e-mail para Seu Raimundo compartilhando
o meu blog. Não sei. Nada de e-mails. Essa é a regra. Nossa, como a validação
dele faria bem ao meu espírito. Poder me dizer escritor não porque escrevo
apenas, mas porque um escritor de renome me reconheceu como um semelhante. Me
sentiria escritor de fato e de direito. Pensaria até em me publicar se o meu tio
não mexer os seus pauzinhos e colocar meu livro para apreciação na editora da
qual é conselheiro. Meu tio poderia muito bem nesse papel dar o conselho para
que analisassem o meu livro. Mesmo que fosse recusado. De toda sorte, estou
participando de um concurso da mesma editora. Deixa as águas rolarem. Se
ganhasse, ganharia vinte mil reais e a possibilidade de ter a minha obra
publicada. Não acredito que isso se dê, entretanto, pelos méritos basilares
pelos quais a obra vai ser julgada. Especialmente o item já mencionado aqui de valorizar
a cultura brasileira e sua pluralidade... migrei para a varanda, a fantástica faxineira
vai se ocupar agora do quarto-ilha. Esqueci a xícara de café lá, preciso pegar.
15h31. Meu amigo corretor já se encontra em Portugal, me
mandou comunicado d’além mar. Espero que consigamos nos encontrar quando eu for
em junho. Acho bem possível. Agora que tenho o contato dele de WhatsApp.
15h50. Com Spotify e WhatsApp a bateria do computador vai embora
rapidinho. Acho que meu amigo está no banzo, se sentindo solitário, aí fica
conversando comigo. Eu entendo. E acolho, claro. Vou pegar um café.
15h54. Acabou o do copão, agora só haverá o da garrafa, que
é pequena e talvez comporte menos que o copão. Bom tenho mais quatro ou cinco
xícaras para tomar, vai ter que dar para suprir a minha dose diária de cafeína.
Meu amigo achou as italianas as mais bonitas até agora, lembro que minha irmã
da Alemanha achava os homens italianos os mais bonitos também. Vai ver que é um
povo bonito mesmo, embora o contato que tive com italianos não me animou muito
quanto a seus hábitos. É certo que estavam bêbados na Oktoberfest, mas a
impressão não foi das melhores. Tão ou mais barulhentos que os brasileiros. Mas
vamos deixar os preconceitos de lado. Estar na Europa é uma experiência
singular. É correr atrás de emprego agora. Ele disse que está organizando um
currículo. Tomara que consiga. Tenho a impressão de que saberei os seus passos,
até que forme uma nova rede social, ele pode apelar para mim para aplacar o
banzo. Sei lá. Do jeito que é desenrolado, dentro em breve já deverá ter uma
turma. É pagar para ver, como minha amiga revisora disse e até agora ressoa na
minha cabeça. Eu estou achando que vou é pagar uma de pato. É a vida, não se
pode ganhar todas e eu já ganhei até mais do que deveria. Novamente o livro me
vem como uma sandice da minha cabeça. Eu sinceramente não sei mais o que achar
dessa história. E ela vem todo dia me assombrar com seu peso. Há uma carga
positiva e uma carga de quase igual tamanho negativa. É uma história que me
divide e me gera expectativas boas e ruins, não sei com quanto fundamento de
realidade em ambos os casos. Por ora é tudo sonho. De garantida só a revisão.
Seu Raimundo e meu tio são as grandes incógnitas. Se eu tivesse que escolher
alguma para se materializar escolheria a resposta do velho escritor. De
preferência positiva. Aliás, só me agradaria se fosse positiva. Mas depois do
e-mail ansioso, a probabilidade de resposta diminuiu bastante. Não sei se
estava em mania quando escrevi aquilo. Sei que deveria ter me consultado antes
com a minha amiga revisora. O que foi, foi e o que será, será. Está fora das
minhas mãos, além do meu alcance. Acho que devo ir na de mamãe e esquecer o
escritor, que ele não vai me responder. Não quero ser dominado novamente por
esse assunto, é uma fixação doentia que não me faz bem. Pensei na viagem que
farei e queria tanto não fazer. Mesmo que vá encontrar o meu amigo por lá, nos
poucos dias que passarei por Portugal, mas mesmo assim escolheria não ter que
ir.
16h21. A cidade está sem combustível por conta da greve dos
caminhoneiros. Situação curiosa e direito deles fazer greve. Acho que é
inclusive um direito constitucional. É interessante como são vitais para o
funcionamento da sociedade. Sem eles, a distribuição de gasolina, dentre muitas
outras coisas, fica prejudicada. São um elo importante da cadeia social. Não tinha
a dimensão disso. Mamãe vai deixar o carro na universidade, pois já está
acendendo a luz de pouco combustível, e pegar um Uber de volta para casa. Pelo
menos vai aprender a usar o aplicativo. Ou pedir que alguém chame por ela, o
que acho mais passível de acontecer. Eu muitas vezes faço isso. Eu que sou
vinte e tantos anos mais novo que ela. Acho que vou pegar mais um café e fumar
o meu último cigarro. Sim é o que quero fazer, apreciar esses últimos momentos
da tarde da janela do hall de serviço.
16h33. A tarde já havia caído demais para o meu gosto, mas
fumar um cigarro é sempre muito bom, gostoso. É uma pena ser um hábito tão
destrutivo. Torço para a minha mãe me dar a carteira de hoje mais cedo hoje.
Como queria bater a marca das 50 visualizações com o meu último post. Estancou
em 48. Não imagino quem essas pessoas são, se me conhecem pessoalmente ou não.
Esse mistério prefiro não o saber. Gosto que os meus leitores não tenham face,
rostos ou nomes para mim, assim me sinto mais livre para me revelar aqui. O
problema é que não paro de revolver sobre o danado do livro que tem tudo para
não ser. Sei que a cola pode perder a sua toxicidade que isso não mais me
aflige. Seria uma bênção se isso se desse. Estaria livre do meu maior vício, do
mais destrutivo psicossocialmente. Talvez o cigarro, devido à quantidade, me
faça mais mal fisicamente e desse não pretendo me abster. O café começa a me
descer mais quadrado, talvez seja o excesso. Pouco se me dá. Continuarei
bebendo única e exclusivamente pelo medo do tédio vir fazer ninho no meu
quarto-ilha, onde já me encontro de volta. Estamos todos com os dias contados,
isso é a dura realidade dos dias de hoje, pelo menos os filhos, via de regra
vão depois dos pais. Quando ocorre o inverso, o dano é grave e praticamente
irreversível para quem fica. Conheço histórias dessa natureza e todas refletem
essa dor, essa falta que nunca cessa no coração dos pais. Eu, se fosse antes da
minha mãe, acho que não a surpreenderia tanto quanto se fosse um dos meus
irmãos. Pela maneira que vivo, minha expectativa de vida é bastante diminuída.
Isso não mexe muito comigo. Perder a minha mãe mexe comigo. Acho que seria
salutar partir antes dela, o que é um pensamento demasiado egoísta tendo em
vista o que acabei de escrever sobre a ordem natural das coisas ser quebrada.
Escrevi um negócio ontem no Desabafos do Vate que me deixou grilado. Foi algo
que começou como uma ficção, mas como minhas ficções não desgrudam muito do
real, acabou se tornando uma projeção caso o meu segundo sonho fosse realizado.
Que já sei de antemão que não será.
16h53. Última vez que encho o meu vaporizador com o líquido
original essa semana. Voltarei ao chinês. Tenho 500 ml do sabor cereja ainda para
fumar. Nem abri ainda. Acho que vou me fechar e ligar um pouco o ar, estou
suando aqui. Corte de cabelo só amanhã agora. O que mais queria agora? Uma
resposta de Raimundo Carrero. De resto, estou bem, o café espanta o meu tédio,
já ficou mais que comprovado, como também me coloca mais palavras na cabeça. Me
admito peremptoriamente dependente de cafeína. E nicotina. Sem café, meu humor
muda, fico mais indisposto, menos alerta, sinto-me menos vivo. O café dá um
colorido maior à minha vida. Espero que, na ausência da fantástica faxineira,
minha mãe faça café para mim. Senão eu mesmo terei que fazer. Não me incomoda
fazer, incomoda mamãe reclamar que faço muito forte. Não sei qual é a medida
certa, mas acho delicioso o café que faço. Não deveria haver repreensão e
repressão a respeito disso. Café não é um item caro e não faz tão mal à saúde
(eu acho). Um dia aprendo a proporção devida. Mas prefiro muito mais que mamãe
faça. Só não posso demandar isso dela, seria abusivo, para dizer o mínimo, da
minha parte. Não sei como ela vai viajar com esse joelho ruim do jeito que
está. Espero que a fisioterapia e a hidroginástica operem o milagre necessário
para que não seja um fardo tão doloroso para ela a viagem. Confesso que não
estou muito esperançoso a esse respeito, acho que tudo é culpa do medicamento
contra a reincidência do câncer que está tomando. Mas não sou médico, sou
apenas louco. Um pouco. O suficiente para me sentir deslocado da sociedade. Eu
preciso me realinhar mais à sociedade, uma parte de mim pede por isso, mas há
uma parte maior que se sente confortável com a forma como a vida se me dá. Sei
que é preciso dar voz às minorias. Hahaha. Fato é que cada dia me sinto mais desconfortável
em sociedade, cada vez mais me é difícil sair da reclusão e encarar o mundão.
Não nego que algumas vezes são muito bem-vindas, mas o meu isolamento me faz
sentir ansiedade em relação a todo e qualquer evento social, seja uma festa
familiar, seja encontrar um velho amigo num barzinho. Me lembrei do meu amigo
em Portugal e das minhas andanças pelo lado negro de Munique. As duas coisas
são correlatas, primas, na minha cabeça. Espero estar equivocado.
17h14. Mamãe chegou e já reclamou da quantidade de café que
tomo, disse, porém que me dará a carteira de cigarros agora, depois de chegar
em casa de fato, qual seja, se por confortável, aliviada e limpa. Não é
problema para mim esperar tal processo. Incrível como com café a minha produção
flui muito mais fácil. Gosto desse estado de espírito despertado pela bebida. A
fantástica faxineira desabafa algum problema com mamãe. Um dia se considerarão
amigas, daqui a dez anos. Se houver tal relação daqui a dez anos. O que não
acho improvável. Improvável é Raimundo Carrero me responder. Hahaha. Tenho que
desencanar disso. Tenho que desencanar do livro. Mas eu sou o Mário, minha vida
é entrar pelo cano. Hahaha. Essa foi destinado aos leitores gamers. Mas, sério, ficar me corroendo
por dentro por causa de uma resposta que provavelmente nunca vá se dar é um
desgaste emocional totalmente desnecessário. Eu sei disso, mas existe uma
resistente esperança que não quer largar o osso. Algo dentro que me diz que eu
vou receber uma resposta. E que ela será positiva. Ou será positiva ou será
nenhuma. Sei que quando receber a versão revisada do texto eu não sei se
resistirei a mandar um e-mail para ele. Talvez com a cópia revisada em anexo.
Não sei, não vou simplesmente desistir de Seu Raimundo, deixar para lá. Ele
criou essa esperança em mim, ele é responsável por ela. Sinto que ele tem que
ser chamado a arcar com essa responsabilidade que se impôs. Acho isso de uma
arrogância desmedida, porém, eu, no lugar dele, daria uma satisfação mesmo que
evasiva a quem me enviasse uma obra que me predispus a ler. Por isso a
esperança que talvez ele ainda faça isso. Mas novamente começo a falar desse
assunto novamente. Estou obcecado por isso e não posso ser assim. Sei que para
mim, o significado de tal gesto de Seu Raimundo, significa muito mais do que
ele jamais poderá imaginar. É a validação da minha vida, significa que o
sentido que emprestei à minha existência tem consistência, que além de
escrever, sou escritor. Nossa, como queria me considerar escritor. É essa
consideração que as considerações de Seu Raimundo Carrero sobre a minha obra
iriam me confirmar ou destruir. Em última instância, a aceitação de uma editora
me seria de mesma valia, mas acredito que o meu conteúdo é polêmico demais para
ser aceito por uma editora. Não sei, só saberei enviando e tentando. Quando
tiver a obra lapidada pela incrível revisora. E conselheira para assuntos “Raimundianos”.
Pagar para ver. Espero que veja. “Ladlady” toca, um bom sinal. Quem me dera
fosse. Pelo menos me agrada ouvir a música. E a vida segue. A noite já cobriu
com negro manto a cidade, acabei de assinar uma petição para ter a primeira
mulher negra na Academia Brasileira de Letras. Eu que nunca nem chegarei a
publicar uma obra sequer. Quanta diferença. Como essas pessoas conseguem? Como
essa senhora negra conseguiu fazer isso? É um mistério tremendo para mim. Por
que para uns é mais fácil que para outros? Eu sei que a resposta é simples,
talento. Eu tenho apenas a vocação, a sede de escrever, mas não tenho o dom da
escrita, o talento. Então para mim o caminho é mais complicado. Afora que o meu
livro é polêmico. Acho que poucas editoras se interessariam pelo conteúdo. Não
sei, posso estar enganado. Só repito o que já disse um sem-número de vezes, não
vou me publicar por egolatria apenas, para satisfazer o meu desejo de ver uma obra
com o meu nome. Não vale as perdas que terei com a publicação de tal livro. Não
é um livro sem a validação de quem faça livros, seja o escritor, seja uma
editora. E novamente volto ao mesmo assunto. Que saco. Até quando vou ficar
remoendo isso? Não faço ideia, talvez passe a vida toda falando sobre isso, o
que sinceramente me assusta tremendamente, pois não há mais formas de dizer o
que digo e repito incessantemente aqui. Assim vou alienar leitores em vez de
angariá-los. Queria mais uma xícara de café, mas mamãe já vetou a bebida por
hoje. Vou ver se ela me dá os cigarros. Para que pelo menos possa dar uns
traguinhos com água.
18h01. Fumei tomando suco de acerola e ainda tomo, mamãe
pediu que eu tomasse suco hoje. Acabei de pedir que fizessem mais suco, pois a quantidade
que há não dá nem para uma hora de consumo de líquidos meu. Se há uma coisa que
consumo muito são líquidos. Geralmente Coca e café, mas em não se havendo uma e
proibido o outro, vou apelar para os sucos. Pedi que fizessem dois litros. Acho
que dará para passar a noite. Penso em desobedecer a minha amiga revisora e
mandar um e-mail para Seu Carrero, repartindo o endereço do meu blog. É uma
forma sutil de cobrança. Pois, se ele ler qualquer um dos últimos posts verá a
enorme expectativa que tenho em relação à sua resposta. A importância colossal
que dou a ela. Mas não sei se faça isso. Estou com muita vontade de fazer.
Talvez seja café demais no sangue, talvez seja uma última desesperada forma de
receber resposta do escritor. Isso está me parecendo com uma ideia da qual vou
me arrepender tremendamente depois. Vai ser mandar e me arrepender. Melhor me
controlar. Falar do sabor da acerola que é agradável, um tantinho cítrico e uma
boa variação para a minha dieta de líquidos. Não sei de que sabores serão os
sucos que serão feitos, mas o que vier está bom. Nossa, já estou na sexta
página. Preciso revisar o texto de ontem. Acho que vou publicá-lo num blog
capilar. Por mais que esse esteja igualmente inútil. Será que só porque parei
com o café já me sinto desanimado? Não, acho que isso é coisa da minha cabeça
neurótica mesmo. O post anterior parou em 48 visualizações mesmo. Que coisa,
estava tão esperançoso de que cruzasse a barreira das 50 visualizações. Embora
48 já seja uma grande vitória. Me deixa muito contente saber que 48 mentes
abriram espaço para a entrada dos meus pensamentos. Se um dia publicar o meu
livro deixarei na última página a propaganda do meu blog. Exigirei isso da
editora, se é que terei esse direito. Estou me contendo para não mandar um
e-mail com o endereço do meu blog para Seu Raimundo. O que você faria no meu
lugar, deixe um comentário aí para me dar uma luz. Nesse programa, você decide.
Hahaha. Juro, se houver pelo menos um comentário dizendo para eu enviar, eu
escrevo e mando. Perdido por um, perdido por mil, já dizia o ditado. Fato é que
a espera por uma resposta que não sei se virá me consome. A incerteza me
consome. A esperança me consome. É um sofrimento menor frente todas as mazelas
do mundo, mas é um sofrimento mesmo assim. Eu diria assim:
“Oi, Seu Raimundo, aqui é Mário do ‘Diário do Manicômio’, se
o senhor quiser saber o que mais escrevo, visite http://jornaldoprofeta.blogspot.com.br/
, o senhor tem sido bastante citado ultimamente lá. Hahaha.
Grande abraço e uma esperança que resiste morrer,
Mário Barros.”
Eis aí o que diria. Só de pôr em palavras, trazendo mais
para perto da realidade, minha alma se coça todinha para mandar. Mas você ou
vocês decidem. O texto está dado. Será que devo esperar completar um mês de
envio? Acho que estou trocando os pés pelas mãos uma vez mais. Bom, vou deixar
o(a) leitor(a) decidir. Afinal, a voz do povo é a voz de Deus. Aposto com você
que você nem ninguém vai comentar. Quer ver? Ninguém se dará ao trabalho, que
não é muito, mas o suficiente para desmotivar. Você se dará ao trabalho de
responder? Será? Acho que não. Agora deu, acho que estou enlouquecendo de vez.
Hahaha. Mas gosto de “você decide” no meu blog. Pode ser que alguma alma venha
a me botar bom senso na cabeça ou incendiar a minha alma de vez. Se disserem
para mandar, eu mando mesmo, mas não tenha nem dúvida. Vou até mudar o título
deste post depois desse desafio. Vou dar esse post por findado aqui. Aí, basta
comentar aí embaixo, não é complicado e você pode fazer o circo pegar fogo. Ou
não. O final você decide. Inté.
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