Começo essa sexta-feira com café – minha amada mãe deixou
feito para mim – e ainda não completamente desperto. Mas não me sinto entediado
tampouco. Acho que hoje corto o meu cabelo e aparo a barba. A probabilidade é
grande. Como estão grandes meu cabelo e barba. A crise dos caminhoneiros
continua. Já estão pensando em usar coerção pela força, o que acho
antidemocrático. Mas nada entendo de tais assuntos, então vamos mudar a pauta.
Acho que os filtros do meu ar condicionado precisam ser limpos, não está
gelando direito. Por falar nisso, liguei um pouco pois estou com calor aqui.
Tive um pensamento publicitário elaborado agora que não estou com paciência
para descrever. Foi motivado pela entrevista com Bono que estava lendo no
banheiro há alguns minutos. Sobre os projetos sociais em que está envolvido.
Vai chegar um dia e não está longe em que o U2 vai fazer a turnê de 50 anos da
banda. Se algum membro não morrer primeiro. Acho que não. Não sei por que há
aqueles que maldizem o filme “Rattle And Hum”, é o filme que mais assisti na
vida. Dezenas de vezes. Por sinal, “Landlady” passando. Não me encontro muito
inspirado, mas pelo menos não estou entediado. Esperar que mamãe deixe o
dinheiro para eu cortar o cabelo antes de ir tirar o seu cochilo. Vou logo
combinar isso com ela e pegar mais uma xícara de café.
14h19. Estou de volta. Há uma ideia de ir ao Bompreço hoje
pairando no ar. Hoje deve estar um inferno lá. Não queria ir de jeito nenhum.
Tudo neura com essa crise dos caminhoneiros e a possibilidade de os
supermercados ficarem sem estoque. Eu queria ir cortar meu cabelo apenas, não
queria enfrentar supermercado hoje. Deixa para depois da crise. Não vamos
passar fome por causa disso, mas acho que vai ser inescapável. Ela deveria ir
com meu padrasto, que tem carro com gasolina, uma vez na vida. Acho que meu
padrasto está querendo se esquivar dessa tarefa. A sua fala me sugeriu isso.
Mas deixar que mamãe volte andando do supermercado não seria uma atitude digna
dele.
14h35. Deixei o Facebook aberto desde ontem e o que
aconteceu? Caí nele. Não foi ruim, foi até divertido ver fotos dos meus
sobrinhos EUA. Preciso ligar para Maria! Nossa, faz um tempão que não ligo para
ela. Espero que minha mãe se contente com o poema, pois é tudo o que tenho para
oferecer a ela. O poema está no post anterior e não tem rimas, sou péssimo com
rimas e métrica. São versos brancos, acho que é assim que chamam, mas não dou
certeza. Sou um completo ignorante em literatura. Como o sou em gramática e nas
demais áreas do conhecimento. Esqueci praticamente tudo o que aprendi na
escola. O que significa que não encontrei uso para a grande maioria do que me
foi ensinado, mas não deixei de achar válido ter todo aquele conhecimento me
transmitido, embora achasse chato para caramba assistir aulas e estudar. Nunca
fui alguém que gostasse de estudar. Pelo contrário. Minha irmã sempre foi a
mais aplicada dos três até onde eu sei, ela não queria ser apenas uma boa
aluna, ela queria ser a melhor. Só fui saber dessa sua faceta porque a esposa
do meu amigo cineasta estudou com ela e ambas ficavam competindo para serem as
melhores em classe. Nunca tive essa sanha, a mim me bastava passar por média.
Não fazia mais que isso. Apenas o suficiente. Mas me calou profundamente o dia
em que fiquei em recuperação pela primeira e penúltima vez. A última vez foi no
terceiro ano, quando estava aí, sim, pouco me lixando para os estudos. Lembrei
o nome completo de um amigo de colégio mas não pude adicioná-lo como amigo,
pois já tem mais de cinco mil amigos. Só posso segui-lo. Meu amigo da piscina
acaba de me mandar imagens de alguém que suicidou no shopping RioMar. Me lembrou
a música “Construção” de Chico Buarque. Agonizou no meio do passeio público. Eu
que já estive prestes a me jogar do nono andar, sei o que se passa na cabeça de
uma pessoa para fazer isso, é um indescritível desprazer, desgosto com a vida.
Uma rejeição completa de ser, tudo parece sem sentido e a realidade se afigura
uma experiência angustiante, uma prisão ou sala de tortura da qual se quer
escapar, mesmo que para o nada, pois o não ser é melhor que o ser. O ser se
tornou inválido e insuportável. Já passei por isso e não quero nunca mais
passar. Eis aí genuinamente o meu maior desejo, nunca mais voltar ao inferno
existencial. Eu suporto o tédio e a ansiedade, mas não suporto depressão
profunda. É a pior experiência que já experimentei. A vida se torna um
pesadelo. Acorda-se para entrar num pesadelo sem fim. É terrível. Não desejo a
ninguém. Acho que não fora os medicamentos que estou tomando já teria caído de
novo em depressão. Esses remédios me mantêm equilibrado, o que para mim é a
melhor coisa do mundo. Não estar em depressão é a grande dádiva que eu poderia
receber. Ainda bem que hoje sei que é um estado passageiro, que dá e passa, mas
não sei se, em caindo em depressão novamente eu vá me lembrar disso. Mas
acredito que com as medicações que tomo a probabilidade de entrar em depressão
é pequena. E tendo a vida como a tenho, livre dos meus principais focos de
depressão, o trabalho, a solidão e as atribulações burocráticas da vida adulta,
estou salvaguardado da depressão. Creio eu. Enquanto me houver palavras pelo
menos. Sem palavras estou perdido. Sei que é em um tênue fio que me penduro
para não cair no poço, mas é algo que depende só de mim e em sendo assim, eu
tenho controle absoluto e posso me dizer à vontade, em qualquer um dos canais
que tenha. Por sinal tem um post que preciso desovar num blog capilar. Vi foto
de cadáver aí já me vêm palavras mais carregadas como o “desovar” da frase
passada. Curioso isso, me impressiona bastante ver cadáveres, principalmente
com partes esfaceladas, esses realmente me grudam na mente. Foi o caso do homem
do RioMar. Havia pedaços da cabeça espalhados pelo brilhante chão de mármore do
shopping. Isso me choca e impressionado fico. E mais impressionado fico que,
por muito pouco, não me tornei um cadáver desse tipo. Ainda bem. Hoje sou
movido por dois sonhos e pela minha escrita. É muito mais do que podia aspirar.
Quanto aos sonhos, acho que ambos estão fadados à frustração. Não os
realizarei. Mas mantenho ainda o otimismo. Nada está selado contra ou a favor
da realização desses sonhos. São dois sonhos grandes e muito ousados e talvez o
primeiro exclua o segundo, não sei.
15h34. Tivemos um bom papo em família pelo WhatsApp agora. No
grupo da família paterna. O utorrent pediu para eu instalar uma nova versão e
me instalou um programa que não pedi. Estava o desinstalando. Essa coisa de
empurrar produtos emendados com outros é um saco. O meu ar condicionado não
está funcionando direito. Era para o meu quarto estar gelado agora e isso não
se dá. Terei que esperar até a fantástica faxineira aparecer e pedir que dê uma
geral na máquina. Ela sabe mexer no ar, eu não sei mexer direito. Não deve ser
complicado, mas não estou com disposição de fazê-lo. Bom, é bom viver e ter
sonhos, seria melhor se fossem mais plausíveis, mas são coisas que me fazem
ansiar estar aqui e desejar pelo futuro. Mantêm a alma aquecida. A esperança,
entretanto, tem um gosto doce-azedo, porque dependo de terceiros para a
consecução dos sonhos. E não creio que as pessoas irão me ajudar. Seria bom que
todas contribuíssem e aceitassem os papéis que quero as emprestar, mas afora a
incrível revisora que é uma certeza que eu tenho, as outras são cada uma mais
duvidosa que a outra. De uma estou quase desiludido. Chuva. Assim não corto o
meu cabelo hoje. Que ozzy. E é chuva forte. Com vento.
15h55. Parece que diminuiu ou parou, era a hora de eu ir.
Mas mamãe aparentemente está tirando um cochilo. Está chovendo fino, mas
chovendo. Mamãe está falando. Então está acordada. Vou esperar a chuva passar
para pedir o dinheiro a ela. Estou pressentindo que esse corte não sai hoje.
Estou na última xícara de café. Em breve migrarei para a Coca. Não tenho chance
nenhuma de conquistar nenhuma garota. Isso me veio claro como o dia agora. Vou
dar um tempo no ar condicionado.
16h05. Já estou com o cartão e a chuva estiou. Vou
aproveitar a deixa. Eita, preguiça. Mas vou. Um cigarro para a ida outro para a
volta. Puxa, me lembrei da fronha do Manicômio que sumiu. Que coisa mais
estranha e frustrante. Bem, vou lá.
19h32. Do cabelo emendei logo numa ida ao supermercado. O
que mais me chamou atenção nesses momentos? Bom, vi uma macumba numa esquina
com pedaços de galinha (com penas) e fubá. A cabeleireira cortou meu cabelo
muito mais do que eu queria, o que agradou bastante a minha mãe. Ela deu uma
cabeçada na cadeira quando foi se abaixar para pegar algo e xingou deus e o
mundo. Hahaha. No supermercado, me surpreendeu que alguns produtos haviam
sumido das prateleiras devido à greve dos caminhoneiros. Principalmente
perecíveis e, pasme, pão de caixa. No mais achei o supermercado mais burguês do
Recife também o mais agradável e com uma seleção de produtos mais interessante
com vários artigos importados. Comprei uns biscoitos que comi na casa de minha
tia-mãe que achei bem gostosos. Preciso encher caçambas de gelo. A Coca estava pelo
mesmo preço do supermercado mais popular aqui perto de casa, o que me impressionou
também. No mais, não reparei em moças bonitas, tão focado estava em realizar as
compras o mais rápido possível, pois o meu padrasto tinha uma reunião virtual
que precisava fazer às 19h00. Tanto é que nos deixou lá na garagem e partiu
deixando as compras para que eu descarregasse no carrinho e deste na cozinha de
casa para mamãe organizar da forma que mais lhe aprouver. Descerei com o
carrinho quando o movimento no elevador estiver menos intenso. Lavar as mãos,
colocar uma roupa mais confortável e voltar para cá.
19h57. Aproveitei e fumei um cigarro. Meu amigo redator
disse que iria ao lançamento do livro de nossa amiga e que de lá emendaríamos
num happy hour no Relaxe o Bigode. Aqui
do outro lado da rua. Quem sabe a menina que vai conosco, não sei se para o happy hour também, não me encante e
descubra uma paixão nova?
20h04. Acabei de vê-la pelo Facebook e não faz muito o meu
estilo, mas, sei lá, tudo é possível. Eu tenho um problema com nomes de
mulheres. Um preconceito. O dela não é dos piores, mas também não me agradou
muito. De qualquer forma pode reunir um mundo de qualidades que desconheço pois
nunca a encontrei pessoalmente e só vi uma foto de perfil. Pode ter seu charme
e ser uma pessoa legal. Provavelmente descobrirei. Meu interesse é pouco, mas
não vou fechar portas que nem sequer abriram. Meu padrasto quer que eu, uma vez
em Lisboa, pegue um trem para Belém para comer os pastéis de nata de lá. Não
tenho a mínima inclinação de fazer isso. Porém não descarto a possibilidade a
depender do meu ânimo quando estiver na capital lusitana. Espero encontrar o
meu amigo corretor e espero que já esteja empregado. Em teoria estou mais
apresentável com o cabelo e a barba tosados. Isso é bom. Dá uma aumentada
irrisória na autoestima. Qualquer acréscimo nesse sentido é bom. Tirei até um selfie e compartilhei no Facebook. Vou
postar aqui também para que o quarto-ilha e o escritor tenham uma cara.
20h31. Pronto, eis quem eu sou, a embalagem que o
destino-acaso/seleção natural me outorgou. Não estou satisfeito com ela, mas
que se há de fazer, é pelo menos uma máquina forte e resistente. E, olhando
assim, até que o cabelo não ficou de todo mal. Bem, sou isso por fora e o que escrevo
aqui por dentro. Não é à toa que a solidão é minha companheira. Hahaha.
20h41. Estou meio sem assunto. Esqueci que o blog mostra uma
foto minha de perfil, então todos já conhecem a minha cara. Hahaha. Sou cada
vez mais tapado para tecnologias. Xapralá. O que trago nesta sexta-feira à
noite. Não muito. Estou na expectativa do encontro com o meu amigo redator.
Amanhã é o aniversário da minha mãe. E eu só tenho um poema para presenteá-la.
Espero que dê para o gasto. Não sei do que ela precisa, o que deseja. Sei que
hoje vou dar uma esticadinha no Vate, eu acho. Tenho que postar uma coisa num
dos capilares. Acho que vou fazer isso agora. Já está revisado pelo que me
consta.
21h05. Postei, botei garrafão d’água no filtro, guardei a
louça, comi o resto da charque com cebola que havia na frigideira e coloquei
Coca para mim. Não sei se o texto estava revisado ou não, mas já foi. Minha
memória anda assim, titubeando. Mas vou confiar na sensação de que revisei. Não
tem problema, ninguém vai ler mesmo. Sobre o que falar? Não tenho muito. Queria
encontrar com o meu amigo da piscina, mas a esta hora é para lá de improvável.
21h16. Para cá estou sem conteúdo, não aconteceu nada além
do já descrito e não quero tocar no assunto do livro, quero desanuviar um pouco
desse tema. O que tiver de ser, será. Se cismar envio um e-mail para Raimundo
Carrero, senão também não mando. E não vou falar disso. Fui bem longe agora,
até a China. Me lembrei da minha amiga do ateliê de pintura que disse que
planeja um dia visitar uma feira de facas em São Paulo e sugeriu que nos encontrássemos.
Como se São Paulo fosse logo ali. Mas respondi a ela que tudo é possível. Sei
lá, se me bater na caçoleta vou lá em São Paulo encontrar com ela. Seria um
evento totalmente fora dos meus padrões. Quem sabe ela não seja a garota da
minha vida? Hahaha. Mas pelo que me lembro das fotos que vi dela, não faz muito
o meu estilo e olhe que tenho uma queda por asiáticas. Mas realmente não me
recordo direito da foto.
21h37. Mandei o selfie
acima para ela, há uma probabilidade de ela me responder com uma foto de si.
Não pedi isso, não fui indelicado a esse ponto. Deixei que a foto e a mensagem sugerissem
isso. Meu coração tem dono, sempre tem. Sempre terá. Mas isso não exclui a
possibilidade de aluguel. Hahaha. Vamos ver o que essa cutucada que eu dei no
destino-acaso vai render. Talvez nada, como as demais cutucadas que tenho dado.
Espero que nada até. Não quero alimentar ilusões se ela for feinha. Pois é, eu
sou feinho mas tenho um padrão estético elevadíssimo. Acho que vou fumar um
cigarro de verdade. Quando recebo carteira nova é fartura. O terceiro dia é que
é dureza. Vou é me segurar mais um pouco, sei que ainda vou fumar mais uns três
ou quatro antes de dormir, então vou maneirar por ora. A noite é uma criança.
Há assuntos que ainda quero tratar no Vate, então é melhor poupar agora. Daqui
a pouco vou abrir uma Coca e, mais tarde, encher algumas caçambas de gelo.
Eita, amanhã é o dia da minha mãe. Mais um. Acontecimento feliz. Talvez venham visitá-la
no domingo. Nossa, eu tenho um Nintendo Switch e não jogo, isso é quase um
pecado, mas não me sinto com vontade de fazê-lo. Espero que o dia chegue em que
eu desencante e volte a curtir videogames. Não sei o que se deu comigo que não
tenho a mínima vontade de jogar. Penso no Assassin’s Creed Black Flag uma leve
centelha se acende em mim, mas não é o suficiente. Eu que quando só tinha
consoles Nintendo, sempre sonhei em jogar um game da série, tenho um que ainda
inclui navegação, no mar mesmo, que foi uma coisa que adorei num dos melhores
jogos que já joguei o Zelda Wind Waker. O mundo mais imersivo e coerente
visualmente que já visitei em um console e o que melhor fez uso da tecnologia
de então, simplesmente uma experiência inesquecível. Tenho memórias muito
felizes desse jogo por mais que tendo-o jogado depois na versão HD do Wii U
tenha me desapontado um pouco, menos com o jogo e mais comigo como jogador.
Pois apelei várias vezes para a internet sem paciência para desvendar
particulares mistério do jogo, o que certamente não fiz da primeira vez. E zerei
o jogo da primeira vez, mas não tive saco de zerar a segunda. Acho que já
estava desencantando dos games a partir dali. O último que me pegou foi o
FarCry 3. Muito bom, recomendo. Fiz tudo o que havia para fazer no jogo. Pensei
que iria ganhar uma medalha de platina, mas que nada. Foi minha única
frustração com o jogo. É massa esse sistema de troféus do Playstation. A
Nintendo deveria implementar, não sei porque não o faz. Se bem que o Mario
Odyssey é o jogo mais recompensador que já joguei. É divino, magistral,
obra-prima. Desculpem-me o extenso parágrafo sobre videogames, mas embalei no
assunto. Fecho dizendo que o Zelda BOTW não conseguiu o mesmo feito que o Wind
Waker ou mesmo o Twilight Princess. Pensei que iria ser a fusão perfeita entre
os dois, mas como estava enganado. É extremamente difícil e punitivo com o
jogador. Afora que os poderes de Link não têm a magia dos anteriores. Achei o
jogo chato. É uma pena que talvez os próximos jogos da franquia sigam o mesmo
caminho. Mas isso não me importará muito pois eu não pretendo comprar mais
nenhum videogame na vida, a não ser que seja algo tão revolucionário quanto o
Wii foi a seu tempo. Estou falando tanto em games que está me batendo uma leve
vontade de jogar, mas quando penso o quê, perco o tesão com a enormidade de
alternativas que tenho. Talvez se pedisse a mamãe para esconder os jogos e só
me dar um de cada vez, a escolha dela, eu voltasse a jogar. É uma solução muito
louca, mas talvez funcione. Se só tivesse o Zelda BOTW para jogar eu acabasse
pegando o ritmo do jogo. Eu acho que começaria por ele, pois é o mais aclamado
jogo dos últimos tempos. Mesmo estando tão do contra em relação a ele. Ainda
tenho esperança de me apegar ao jogo se lhe dedicar horas suficientes. É bom conversar
sobre games, isso eu ainda gosto de fazer. Sempre que encontro o meu amigo
cientista político, trocamos uma ideia. Ele é Microsoft doente, eu sou um pouco
mais maleável, mas o último console que eu compraria seria um da Microsoft.
Gosto da ideia deles, de portabilidade entre os três consoles da geração One, mas
mesmo assim não me apetece. Ele diz que até a ergonomia dos controles do Xbox é
superior à da família Playstation. O que ele diria dos minúsculos controles do
Switch? Acharia risível, provavelmente, no entanto, a mim me servem
perfeitamente. Será que esse parágrafo todo significa uma reaproximação do
mundo dos games? Quem me dera. Seria o bicho. Acho videogames, depois da escrita,
a maior diversão, mas ainda não me vejo jogando. Sei que escrever está se
tornando chato. Espero que seja uma fase passageira. Temo muito perder a
escrita. Só se fosse para substituir por videogames mesmo. E filmes e séries. Será
que preciso ou sinto necessidade de dar um tempo na escrita? Não hoje, não
agora, mas em breve? Isso seria estranho e estranhamente libertador. Fazer
outras coisas, variar. Porque vir para cá sem assunto é muito chato. Ficar sem
o que dizer, ficar narrando coisas banais como a necessidade de pôr mais gelo
para fazer é tedioso para mim e para o possível leitor.
22h30. Não sei por que me peguei pensando na Garota da
Noite. Quando for o aniversário dela prometi que desfaria os laços de amizade
com ela. Do Facebook pelo menos. Não tenho nada contra e tenho até várias a
favor, mas não vou pagar papel de babaca babão para alguém que não quer nada
comigo. Tentei até o meu limite. Não deu, um abraço. Beijo no ombro com costumavam
dizer. Foi uma moda que acabou bem rápido, por sinal. Eu mereço mais que o
desprezo pelo que ofereço.
22h41. Fui ao banheiro e lendo a entrevista de Bono, lembrei
do Imperador da Casqueira. Ele foi uma pessoa relevante, ele fez a diferença no
mundo, ao menos no mundo em que estava inserido e que era capaz de alcançar.
Talvez de todos os Barros, tenha sido o que foi mais longe de forma muito
própria, muito singular. Mas ele praticou o bem ou o que acreditava ser o bem
sem olhar a quem. Aliás de olho sempre nos oprimidos. Ele foi um líder, uma
celebridade que não teve medo de ousar. Comprou brigas por causas nobres, não
amealhou riquezas pessoais, ao contrário reverteu grande parte do seu capital
para o povo da sua cidade natal, onde se tornou um mito. Ele chegou ao status
de mito. Eu não aspiro tão alto. Nem poderia, não tenho metade da decência do
Imperador da Casqueira. Nem a sede por lutar, por combater, por se impor contra
o poder vigente. Contra as hipocrisias sociais. Os tabus. Um mito, sim, um mito
que será lembrado por muito tempo ainda. Por todos a quem devolveu um pouco de
dignidade, respeito e esperança. Àqueles que tiveram seus sonhos realizados por
ele, eu entre eles. Um mito. É necessário ser uma pessoa extraordinária para se
tornar um mito. E o Imperador da Casqueira era. Extraordinário. Meu pai deixou
marcas indeléveis por onde passou, influenciou muitas pessoas e vidas. Publicou
um livro que até hoje é utilizado, por ser didático e fácil de compreender.
Difícil foi confeccioná-lo a ponto de se tornar tão simples e acessível. Meu
pai também se tornou um mito no universo acadêmico ao qual dedicou a maior
parte de sua vida. Mas acho que o Imperador da Casqueira foi maior, por sua
natureza espalhafatosa até, meu pai sempre foi low-profile. Meu avô paterno seria o terceiro e último mito da
família. Mas aí só falo de gente morta. Não há mais ninguém com personalidade
tão marcante e emblemática quando esses três na família. Foram estrelas
brilhantes, que conseguiram fugir ao mar da mediocridade e fazer a diferença.
Tanto que se tornaram inesquecíveis em seus meios. De longe, o maior mito é o
Imperador da Casqueira. Dificilmente outro Barros o desbancará. A geração do
Imperador da Casqueira e do meu pai foi especial, por isso valorizo tanto.
Deveria até valorizar mais, ser mais presente. A família da minha mãe, afora o
meu avô é feita de pessoas sem o espírito revolucionário dos três citados e não
há nada de errado com isso. Apenas não estão destinados a serem mitos. Eu não
estou destinado a ser mito. Nenhum da minha geração está. Pelo menos é assim
que vejo.
23h04. Vou fumar um cigarro e pegar mais Coca. Escrevi
demais, estou com a goela seca.
23h15. Cá estou eu de volta. Sobre mitos. É mais difícil se
tornar um hoje em dia, é preciso ser excepcionalmente bom no que se faz e ter uma
network bastante mais abrangente. O Imperador da Casqueira se tornou mito numa
cidade com menos de cem mil habitantes eu creio. Meu pai e meu avô se tornaram
mitos na UFPE que também é um universo limitado. Ou talvez esteja vendo essa
história de mito de uma forma completamente equivocada, cada um é mito dentro
do seu próprio ciclo. Cada um é marcante à sua maneira. Há essa qualidade da
pessoa que transcende a si mesma e chega ao próximo e o impressiona de tal
forma que quem está ao redor que isso mitifica a pessoa. Sei lá, esse assunto
já deu. Acho que vou em breve para o Vate. Acho que vou descer com o carrinho,
fumar um cigarro lá embaixo e voltar. Não sei. Mas acho que vou. Encho o copão
rosa de Coca e...
0h04. Alguma coisa que fui fazer, ah, fui deixar o carrinho
lá embaixo, fumei um cigarro e abri o saco de biscoitos Princesa sortidos.
Deliciosos. Comi muito quero ver como vou fazer para comer a charque.
0h12. Já-já vou atacar a charque com arroz e ketchup Heinz,
uma vantagem de estar no meu patamar social. Se eu não tenho vergonha na cara?
Ora, apenas acrescento uma justificativa para a escolha do ketchup. Eu sou de
uma classe que considero abastada. Estamos acima da classe média-média.
Tampouco somos milionários. Longe disso. Mas moramos muito bem e nos
alimentamos com qualidade também. Vou comer a charque porque estou com fome e quero
estrear o ketchup.
0h35. Tive uma longa viagem enquanto comia a charque bem
fritinha com arroz de sushi e o tal ketchup. Pensei em por que eu me visto na
rua diferente do que eu me visto em casa. Disso me veio a lembrança do casal da
família daquele cara que foi vice-presidente, pernambucano, que morreu não faz
muito tempo, Marco Maciel (verifiquei agora no Google) vestido como se
estivesse num evento como uma festa ou coisa assim, usando sapato de bico fino,
vestido e tudo o mais, maquiagem inclusive, dentro de casa. Daí pensei no dia
em que fui de pijamas ao shopping no auge da minha rebeldia adolescente, com
treze, quatorze anos. Daí pensei que poderia usar a camisa-vestido dada pelo
gordão esquizofrênico da clínica com calça, seria um visual diferente e
serviria tanto com chinela, como com tênis. Um dia me aventuro. Mandar costurar
as laterais. E sair com ela por aí, para uma night dessas. Eu faço a minha moda. Eu tenho personalidade. E posso
exibi-la dessa forma. É preciso ter um pouco de coragem, mas todos os que ousam
são corajosos pela própria natureza da ousadia. É ir de encontro ao status quo.
Porque não posso sair com a camisa mais confortável que eu tenho, não estarei
sendo de nenhuma forma impróprio ou imoral, apenas diferente, sendo mais eu,
independente de moda. Como disse, eu faço a minha moda. Uso o que me agrada
usar.
1h15. Estou no final da última página, eu acho. Não sei. Vou
ver. Estou mais ou menos no meio. Quando acabar essa página vou dormir. Se não
for agora. Vou pegar mais um Coca, fumar um cigarro e daí cama.
1h27. Coloquei a camisa e me olhei no reflexo da TV, com
esse bucho, eu ficaria parecendo uma grávida, a camisa acentua radicalmente o
bucho. Infelizmente só posso usar se perder o bucho. Ou seja, não sairei de
casa com a camisa jamais.
1h43. Vou comer mais um pouco, tomar mais uma Coca e um
cigarro e aí vou dormir mesmo. Preciso.
1h57. Não resisti e vim aqui uma vez mais. Será que mamãe
vai gostar do poema? Espero que sim. Estou otimista quanto a isso. Se será o
suficiente eu não sei. Vou logo dizer que não comprei nada para ela.
2h00. Acabando a Coca e o gelo, vou dormir. Minha tia achou “lindo”
o que escrevi, pois postei no grupo da minha família materna por engano. Depois
é que me dei conta e postei no WhatsApp de mamãe. Acho que ainda vou comer um
iogurte. Aí me deito.
2h07. Desisti do iogurte. Viajei no que Seu Raimundo está
achando da obra ou o que achou se a leu. O que quer que esteja acontecendo, o
que não está acontecendo é ele me mandar resposta. Mas estou relaxado quanto a
isso hoje. Ainda estou com vontade de comer alguma coisa. Acho que vou no
iogurte mesmo.
Olá, pessoal. Tudo bem?
ResponderExcluirMeu nome é Felipe e sou da assessoria de imprensa da Ubisoft aqui no Brasil.
Estamos fazendo o nosso relatório de clipping mensal e vimos que vocês publicaram uma notícia em que a Ubisoft foi citada. Para colocarmos no relatório, precisaremos dos dados de visitantes únicos e pageviews do seu site. Uma média mensal desses números, não importando o tamanho.
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