sábado, 26 de maio de 2018

COM CAFÉ


Começo essa sexta-feira com café – minha amada mãe deixou feito para mim – e ainda não completamente desperto. Mas não me sinto entediado tampouco. Acho que hoje corto o meu cabelo e aparo a barba. A probabilidade é grande. Como estão grandes meu cabelo e barba. A crise dos caminhoneiros continua. Já estão pensando em usar coerção pela força, o que acho antidemocrático. Mas nada entendo de tais assuntos, então vamos mudar a pauta. Acho que os filtros do meu ar condicionado precisam ser limpos, não está gelando direito. Por falar nisso, liguei um pouco pois estou com calor aqui. Tive um pensamento publicitário elaborado agora que não estou com paciência para descrever. Foi motivado pela entrevista com Bono que estava lendo no banheiro há alguns minutos. Sobre os projetos sociais em que está envolvido. Vai chegar um dia e não está longe em que o U2 vai fazer a turnê de 50 anos da banda. Se algum membro não morrer primeiro. Acho que não. Não sei por que há aqueles que maldizem o filme “Rattle And Hum”, é o filme que mais assisti na vida. Dezenas de vezes. Por sinal, “Landlady” passando. Não me encontro muito inspirado, mas pelo menos não estou entediado. Esperar que mamãe deixe o dinheiro para eu cortar o cabelo antes de ir tirar o seu cochilo. Vou logo combinar isso com ela e pegar mais uma xícara de café.

14h19. Estou de volta. Há uma ideia de ir ao Bompreço hoje pairando no ar. Hoje deve estar um inferno lá. Não queria ir de jeito nenhum. Tudo neura com essa crise dos caminhoneiros e a possibilidade de os supermercados ficarem sem estoque. Eu queria ir cortar meu cabelo apenas, não queria enfrentar supermercado hoje. Deixa para depois da crise. Não vamos passar fome por causa disso, mas acho que vai ser inescapável. Ela deveria ir com meu padrasto, que tem carro com gasolina, uma vez na vida. Acho que meu padrasto está querendo se esquivar dessa tarefa. A sua fala me sugeriu isso. Mas deixar que mamãe volte andando do supermercado não seria uma atitude digna dele.

14h35. Deixei o Facebook aberto desde ontem e o que aconteceu? Caí nele. Não foi ruim, foi até divertido ver fotos dos meus sobrinhos EUA. Preciso ligar para Maria! Nossa, faz um tempão que não ligo para ela. Espero que minha mãe se contente com o poema, pois é tudo o que tenho para oferecer a ela. O poema está no post anterior e não tem rimas, sou péssimo com rimas e métrica. São versos brancos, acho que é assim que chamam, mas não dou certeza. Sou um completo ignorante em literatura. Como o sou em gramática e nas demais áreas do conhecimento. Esqueci praticamente tudo o que aprendi na escola. O que significa que não encontrei uso para a grande maioria do que me foi ensinado, mas não deixei de achar válido ter todo aquele conhecimento me transmitido, embora achasse chato para caramba assistir aulas e estudar. Nunca fui alguém que gostasse de estudar. Pelo contrário. Minha irmã sempre foi a mais aplicada dos três até onde eu sei, ela não queria ser apenas uma boa aluna, ela queria ser a melhor. Só fui saber dessa sua faceta porque a esposa do meu amigo cineasta estudou com ela e ambas ficavam competindo para serem as melhores em classe. Nunca tive essa sanha, a mim me bastava passar por média. Não fazia mais que isso. Apenas o suficiente. Mas me calou profundamente o dia em que fiquei em recuperação pela primeira e penúltima vez. A última vez foi no terceiro ano, quando estava aí, sim, pouco me lixando para os estudos. Lembrei o nome completo de um amigo de colégio mas não pude adicioná-lo como amigo, pois já tem mais de cinco mil amigos. Só posso segui-lo. Meu amigo da piscina acaba de me mandar imagens de alguém que suicidou no shopping RioMar. Me lembrou a música “Construção” de Chico Buarque. Agonizou no meio do passeio público. Eu que já estive prestes a me jogar do nono andar, sei o que se passa na cabeça de uma pessoa para fazer isso, é um indescritível desprazer, desgosto com a vida. Uma rejeição completa de ser, tudo parece sem sentido e a realidade se afigura uma experiência angustiante, uma prisão ou sala de tortura da qual se quer escapar, mesmo que para o nada, pois o não ser é melhor que o ser. O ser se tornou inválido e insuportável. Já passei por isso e não quero nunca mais passar. Eis aí genuinamente o meu maior desejo, nunca mais voltar ao inferno existencial. Eu suporto o tédio e a ansiedade, mas não suporto depressão profunda. É a pior experiência que já experimentei. A vida se torna um pesadelo. Acorda-se para entrar num pesadelo sem fim. É terrível. Não desejo a ninguém. Acho que não fora os medicamentos que estou tomando já teria caído de novo em depressão. Esses remédios me mantêm equilibrado, o que para mim é a melhor coisa do mundo. Não estar em depressão é a grande dádiva que eu poderia receber. Ainda bem que hoje sei que é um estado passageiro, que dá e passa, mas não sei se, em caindo em depressão novamente eu vá me lembrar disso. Mas acredito que com as medicações que tomo a probabilidade de entrar em depressão é pequena. E tendo a vida como a tenho, livre dos meus principais focos de depressão, o trabalho, a solidão e as atribulações burocráticas da vida adulta, estou salvaguardado da depressão. Creio eu. Enquanto me houver palavras pelo menos. Sem palavras estou perdido. Sei que é em um tênue fio que me penduro para não cair no poço, mas é algo que depende só de mim e em sendo assim, eu tenho controle absoluto e posso me dizer à vontade, em qualquer um dos canais que tenha. Por sinal tem um post que preciso desovar num blog capilar. Vi foto de cadáver aí já me vêm palavras mais carregadas como o “desovar” da frase passada. Curioso isso, me impressiona bastante ver cadáveres, principalmente com partes esfaceladas, esses realmente me grudam na mente. Foi o caso do homem do RioMar. Havia pedaços da cabeça espalhados pelo brilhante chão de mármore do shopping. Isso me choca e impressionado fico. E mais impressionado fico que, por muito pouco, não me tornei um cadáver desse tipo. Ainda bem. Hoje sou movido por dois sonhos e pela minha escrita. É muito mais do que podia aspirar. Quanto aos sonhos, acho que ambos estão fadados à frustração. Não os realizarei. Mas mantenho ainda o otimismo. Nada está selado contra ou a favor da realização desses sonhos. São dois sonhos grandes e muito ousados e talvez o primeiro exclua o segundo, não sei.

15h34. Tivemos um bom papo em família pelo WhatsApp agora. No grupo da família paterna. O utorrent pediu para eu instalar uma nova versão e me instalou um programa que não pedi. Estava o desinstalando. Essa coisa de empurrar produtos emendados com outros é um saco. O meu ar condicionado não está funcionando direito. Era para o meu quarto estar gelado agora e isso não se dá. Terei que esperar até a fantástica faxineira aparecer e pedir que dê uma geral na máquina. Ela sabe mexer no ar, eu não sei mexer direito. Não deve ser complicado, mas não estou com disposição de fazê-lo. Bom, é bom viver e ter sonhos, seria melhor se fossem mais plausíveis, mas são coisas que me fazem ansiar estar aqui e desejar pelo futuro. Mantêm a alma aquecida. A esperança, entretanto, tem um gosto doce-azedo, porque dependo de terceiros para a consecução dos sonhos. E não creio que as pessoas irão me ajudar. Seria bom que todas contribuíssem e aceitassem os papéis que quero as emprestar, mas afora a incrível revisora que é uma certeza que eu tenho, as outras são cada uma mais duvidosa que a outra. De uma estou quase desiludido. Chuva. Assim não corto o meu cabelo hoje. Que ozzy. E é chuva forte. Com vento.

15h55. Parece que diminuiu ou parou, era a hora de eu ir. Mas mamãe aparentemente está tirando um cochilo. Está chovendo fino, mas chovendo. Mamãe está falando. Então está acordada. Vou esperar a chuva passar para pedir o dinheiro a ela. Estou pressentindo que esse corte não sai hoje. Estou na última xícara de café. Em breve migrarei para a Coca. Não tenho chance nenhuma de conquistar nenhuma garota. Isso me veio claro como o dia agora. Vou dar um tempo no ar condicionado.

16h05. Já estou com o cartão e a chuva estiou. Vou aproveitar a deixa. Eita, preguiça. Mas vou. Um cigarro para a ida outro para a volta. Puxa, me lembrei da fronha do Manicômio que sumiu. Que coisa mais estranha e frustrante. Bem, vou lá.

19h32. Do cabelo emendei logo numa ida ao supermercado. O que mais me chamou atenção nesses momentos? Bom, vi uma macumba numa esquina com pedaços de galinha (com penas) e fubá. A cabeleireira cortou meu cabelo muito mais do que eu queria, o que agradou bastante a minha mãe. Ela deu uma cabeçada na cadeira quando foi se abaixar para pegar algo e xingou deus e o mundo. Hahaha. No supermercado, me surpreendeu que alguns produtos haviam sumido das prateleiras devido à greve dos caminhoneiros. Principalmente perecíveis e, pasme, pão de caixa. No mais achei o supermercado mais burguês do Recife também o mais agradável e com uma seleção de produtos mais interessante com vários artigos importados. Comprei uns biscoitos que comi na casa de minha tia-mãe que achei bem gostosos. Preciso encher caçambas de gelo. A Coca estava pelo mesmo preço do supermercado mais popular aqui perto de casa, o que me impressionou também. No mais, não reparei em moças bonitas, tão focado estava em realizar as compras o mais rápido possível, pois o meu padrasto tinha uma reunião virtual que precisava fazer às 19h00. Tanto é que nos deixou lá na garagem e partiu deixando as compras para que eu descarregasse no carrinho e deste na cozinha de casa para mamãe organizar da forma que mais lhe aprouver. Descerei com o carrinho quando o movimento no elevador estiver menos intenso. Lavar as mãos, colocar uma roupa mais confortável e voltar para cá.

19h57. Aproveitei e fumei um cigarro. Meu amigo redator disse que iria ao lançamento do livro de nossa amiga e que de lá emendaríamos num happy hour no Relaxe o Bigode. Aqui do outro lado da rua. Quem sabe a menina que vai conosco, não sei se para o happy hour também, não me encante e descubra uma paixão nova?

20h04. Acabei de vê-la pelo Facebook e não faz muito o meu estilo, mas, sei lá, tudo é possível. Eu tenho um problema com nomes de mulheres. Um preconceito. O dela não é dos piores, mas também não me agradou muito. De qualquer forma pode reunir um mundo de qualidades que desconheço pois nunca a encontrei pessoalmente e só vi uma foto de perfil. Pode ter seu charme e ser uma pessoa legal. Provavelmente descobrirei. Meu interesse é pouco, mas não vou fechar portas que nem sequer abriram. Meu padrasto quer que eu, uma vez em Lisboa, pegue um trem para Belém para comer os pastéis de nata de lá. Não tenho a mínima inclinação de fazer isso. Porém não descarto a possibilidade a depender do meu ânimo quando estiver na capital lusitana. Espero encontrar o meu amigo corretor e espero que já esteja empregado. Em teoria estou mais apresentável com o cabelo e a barba tosados. Isso é bom. Dá uma aumentada irrisória na autoestima. Qualquer acréscimo nesse sentido é bom. Tirei até um selfie e compartilhei no Facebook. Vou postar aqui também para que o quarto-ilha e o escritor tenham uma cara.




20h31. Pronto, eis quem eu sou, a embalagem que o destino-acaso/seleção natural me outorgou. Não estou satisfeito com ela, mas que se há de fazer, é pelo menos uma máquina forte e resistente. E, olhando assim, até que o cabelo não ficou de todo mal. Bem, sou isso por fora e o que escrevo aqui por dentro. Não é à toa que a solidão é minha companheira. Hahaha.

20h41. Estou meio sem assunto. Esqueci que o blog mostra uma foto minha de perfil, então todos já conhecem a minha cara. Hahaha. Sou cada vez mais tapado para tecnologias. Xapralá. O que trago nesta sexta-feira à noite. Não muito. Estou na expectativa do encontro com o meu amigo redator. Amanhã é o aniversário da minha mãe. E eu só tenho um poema para presenteá-la. Espero que dê para o gasto. Não sei do que ela precisa, o que deseja. Sei que hoje vou dar uma esticadinha no Vate, eu acho. Tenho que postar uma coisa num dos capilares. Acho que vou fazer isso agora. Já está revisado pelo que me consta.

21h05. Postei, botei garrafão d’água no filtro, guardei a louça, comi o resto da charque com cebola que havia na frigideira e coloquei Coca para mim. Não sei se o texto estava revisado ou não, mas já foi. Minha memória anda assim, titubeando. Mas vou confiar na sensação de que revisei. Não tem problema, ninguém vai ler mesmo. Sobre o que falar? Não tenho muito. Queria encontrar com o meu amigo da piscina, mas a esta hora é para lá de improvável.

21h16. Para cá estou sem conteúdo, não aconteceu nada além do já descrito e não quero tocar no assunto do livro, quero desanuviar um pouco desse tema. O que tiver de ser, será. Se cismar envio um e-mail para Raimundo Carrero, senão também não mando. E não vou falar disso. Fui bem longe agora, até a China. Me lembrei da minha amiga do ateliê de pintura que disse que planeja um dia visitar uma feira de facas em São Paulo e sugeriu que nos encontrássemos. Como se São Paulo fosse logo ali. Mas respondi a ela que tudo é possível. Sei lá, se me bater na caçoleta vou lá em São Paulo encontrar com ela. Seria um evento totalmente fora dos meus padrões. Quem sabe ela não seja a garota da minha vida? Hahaha. Mas pelo que me lembro das fotos que vi dela, não faz muito o meu estilo e olhe que tenho uma queda por asiáticas. Mas realmente não me recordo direito da foto.

21h37. Mandei o selfie acima para ela, há uma probabilidade de ela me responder com uma foto de si. Não pedi isso, não fui indelicado a esse ponto. Deixei que a foto e a mensagem sugerissem isso. Meu coração tem dono, sempre tem. Sempre terá. Mas isso não exclui a possibilidade de aluguel. Hahaha. Vamos ver o que essa cutucada que eu dei no destino-acaso vai render. Talvez nada, como as demais cutucadas que tenho dado. Espero que nada até. Não quero alimentar ilusões se ela for feinha. Pois é, eu sou feinho mas tenho um padrão estético elevadíssimo. Acho que vou fumar um cigarro de verdade. Quando recebo carteira nova é fartura. O terceiro dia é que é dureza. Vou é me segurar mais um pouco, sei que ainda vou fumar mais uns três ou quatro antes de dormir, então vou maneirar por ora. A noite é uma criança. Há assuntos que ainda quero tratar no Vate, então é melhor poupar agora. Daqui a pouco vou abrir uma Coca e, mais tarde, encher algumas caçambas de gelo. Eita, amanhã é o dia da minha mãe. Mais um. Acontecimento feliz. Talvez venham visitá-la no domingo. Nossa, eu tenho um Nintendo Switch e não jogo, isso é quase um pecado, mas não me sinto com vontade de fazê-lo. Espero que o dia chegue em que eu desencante e volte a curtir videogames. Não sei o que se deu comigo que não tenho a mínima vontade de jogar. Penso no Assassin’s Creed Black Flag uma leve centelha se acende em mim, mas não é o suficiente. Eu que quando só tinha consoles Nintendo, sempre sonhei em jogar um game da série, tenho um que ainda inclui navegação, no mar mesmo, que foi uma coisa que adorei num dos melhores jogos que já joguei o Zelda Wind Waker. O mundo mais imersivo e coerente visualmente que já visitei em um console e o que melhor fez uso da tecnologia de então, simplesmente uma experiência inesquecível. Tenho memórias muito felizes desse jogo por mais que tendo-o jogado depois na versão HD do Wii U tenha me desapontado um pouco, menos com o jogo e mais comigo como jogador. Pois apelei várias vezes para a internet sem paciência para desvendar particulares mistério do jogo, o que certamente não fiz da primeira vez. E zerei o jogo da primeira vez, mas não tive saco de zerar a segunda. Acho que já estava desencantando dos games a partir dali. O último que me pegou foi o FarCry 3. Muito bom, recomendo. Fiz tudo o que havia para fazer no jogo. Pensei que iria ganhar uma medalha de platina, mas que nada. Foi minha única frustração com o jogo. É massa esse sistema de troféus do Playstation. A Nintendo deveria implementar, não sei porque não o faz. Se bem que o Mario Odyssey é o jogo mais recompensador que já joguei. É divino, magistral, obra-prima. Desculpem-me o extenso parágrafo sobre videogames, mas embalei no assunto. Fecho dizendo que o Zelda BOTW não conseguiu o mesmo feito que o Wind Waker ou mesmo o Twilight Princess. Pensei que iria ser a fusão perfeita entre os dois, mas como estava enganado. É extremamente difícil e punitivo com o jogador. Afora que os poderes de Link não têm a magia dos anteriores. Achei o jogo chato. É uma pena que talvez os próximos jogos da franquia sigam o mesmo caminho. Mas isso não me importará muito pois eu não pretendo comprar mais nenhum videogame na vida, a não ser que seja algo tão revolucionário quanto o Wii foi a seu tempo. Estou falando tanto em games que está me batendo uma leve vontade de jogar, mas quando penso o quê, perco o tesão com a enormidade de alternativas que tenho. Talvez se pedisse a mamãe para esconder os jogos e só me dar um de cada vez, a escolha dela, eu voltasse a jogar. É uma solução muito louca, mas talvez funcione. Se só tivesse o Zelda BOTW para jogar eu acabasse pegando o ritmo do jogo. Eu acho que começaria por ele, pois é o mais aclamado jogo dos últimos tempos. Mesmo estando tão do contra em relação a ele. Ainda tenho esperança de me apegar ao jogo se lhe dedicar horas suficientes. É bom conversar sobre games, isso eu ainda gosto de fazer. Sempre que encontro o meu amigo cientista político, trocamos uma ideia. Ele é Microsoft doente, eu sou um pouco mais maleável, mas o último console que eu compraria seria um da Microsoft. Gosto da ideia deles, de portabilidade entre os três consoles da geração One, mas mesmo assim não me apetece. Ele diz que até a ergonomia dos controles do Xbox é superior à da família Playstation. O que ele diria dos minúsculos controles do Switch? Acharia risível, provavelmente, no entanto, a mim me servem perfeitamente. Será que esse parágrafo todo significa uma reaproximação do mundo dos games? Quem me dera. Seria o bicho. Acho videogames, depois da escrita, a maior diversão, mas ainda não me vejo jogando. Sei que escrever está se tornando chato. Espero que seja uma fase passageira. Temo muito perder a escrita. Só se fosse para substituir por videogames mesmo. E filmes e séries. Será que preciso ou sinto necessidade de dar um tempo na escrita? Não hoje, não agora, mas em breve? Isso seria estranho e estranhamente libertador. Fazer outras coisas, variar. Porque vir para cá sem assunto é muito chato. Ficar sem o que dizer, ficar narrando coisas banais como a necessidade de pôr mais gelo para fazer é tedioso para mim e para o possível leitor.

22h30. Não sei por que me peguei pensando na Garota da Noite. Quando for o aniversário dela prometi que desfaria os laços de amizade com ela. Do Facebook pelo menos. Não tenho nada contra e tenho até várias a favor, mas não vou pagar papel de babaca babão para alguém que não quer nada comigo. Tentei até o meu limite. Não deu, um abraço. Beijo no ombro com costumavam dizer. Foi uma moda que acabou bem rápido, por sinal. Eu mereço mais que o desprezo pelo que ofereço.

22h41. Fui ao banheiro e lendo a entrevista de Bono, lembrei do Imperador da Casqueira. Ele foi uma pessoa relevante, ele fez a diferença no mundo, ao menos no mundo em que estava inserido e que era capaz de alcançar. Talvez de todos os Barros, tenha sido o que foi mais longe de forma muito própria, muito singular. Mas ele praticou o bem ou o que acreditava ser o bem sem olhar a quem. Aliás de olho sempre nos oprimidos. Ele foi um líder, uma celebridade que não teve medo de ousar. Comprou brigas por causas nobres, não amealhou riquezas pessoais, ao contrário reverteu grande parte do seu capital para o povo da sua cidade natal, onde se tornou um mito. Ele chegou ao status de mito. Eu não aspiro tão alto. Nem poderia, não tenho metade da decência do Imperador da Casqueira. Nem a sede por lutar, por combater, por se impor contra o poder vigente. Contra as hipocrisias sociais. Os tabus. Um mito, sim, um mito que será lembrado por muito tempo ainda. Por todos a quem devolveu um pouco de dignidade, respeito e esperança. Àqueles que tiveram seus sonhos realizados por ele, eu entre eles. Um mito. É necessário ser uma pessoa extraordinária para se tornar um mito. E o Imperador da Casqueira era. Extraordinário. Meu pai deixou marcas indeléveis por onde passou, influenciou muitas pessoas e vidas. Publicou um livro que até hoje é utilizado, por ser didático e fácil de compreender. Difícil foi confeccioná-lo a ponto de se tornar tão simples e acessível. Meu pai também se tornou um mito no universo acadêmico ao qual dedicou a maior parte de sua vida. Mas acho que o Imperador da Casqueira foi maior, por sua natureza espalhafatosa até, meu pai sempre foi low-profile. Meu avô paterno seria o terceiro e último mito da família. Mas aí só falo de gente morta. Não há mais ninguém com personalidade tão marcante e emblemática quando esses três na família. Foram estrelas brilhantes, que conseguiram fugir ao mar da mediocridade e fazer a diferença. Tanto que se tornaram inesquecíveis em seus meios. De longe, o maior mito é o Imperador da Casqueira. Dificilmente outro Barros o desbancará. A geração do Imperador da Casqueira e do meu pai foi especial, por isso valorizo tanto. Deveria até valorizar mais, ser mais presente. A família da minha mãe, afora o meu avô é feita de pessoas sem o espírito revolucionário dos três citados e não há nada de errado com isso. Apenas não estão destinados a serem mitos. Eu não estou destinado a ser mito. Nenhum da minha geração está. Pelo menos é assim que vejo.

23h04. Vou fumar um cigarro e pegar mais Coca. Escrevi demais, estou com a goela seca.

23h15. Cá estou eu de volta. Sobre mitos. É mais difícil se tornar um hoje em dia, é preciso ser excepcionalmente bom no que se faz e ter uma network bastante mais abrangente. O Imperador da Casqueira se tornou mito numa cidade com menos de cem mil habitantes eu creio. Meu pai e meu avô se tornaram mitos na UFPE que também é um universo limitado. Ou talvez esteja vendo essa história de mito de uma forma completamente equivocada, cada um é mito dentro do seu próprio ciclo. Cada um é marcante à sua maneira. Há essa qualidade da pessoa que transcende a si mesma e chega ao próximo e o impressiona de tal forma que quem está ao redor que isso mitifica a pessoa. Sei lá, esse assunto já deu. Acho que vou em breve para o Vate. Acho que vou descer com o carrinho, fumar um cigarro lá embaixo e voltar. Não sei. Mas acho que vou. Encho o copão rosa de Coca e...

0h04. Alguma coisa que fui fazer, ah, fui deixar o carrinho lá embaixo, fumei um cigarro e abri o saco de biscoitos Princesa sortidos. Deliciosos. Comi muito quero ver como vou fazer para comer a charque.

0h12. Já-já vou atacar a charque com arroz e ketchup Heinz, uma vantagem de estar no meu patamar social. Se eu não tenho vergonha na cara? Ora, apenas acrescento uma justificativa para a escolha do ketchup. Eu sou de uma classe que considero abastada. Estamos acima da classe média-média. Tampouco somos milionários. Longe disso. Mas moramos muito bem e nos alimentamos com qualidade também. Vou comer a charque porque estou com fome e quero estrear o ketchup.

0h35. Tive uma longa viagem enquanto comia a charque bem fritinha com arroz de sushi e o tal ketchup. Pensei em por que eu me visto na rua diferente do que eu me visto em casa. Disso me veio a lembrança do casal da família daquele cara que foi vice-presidente, pernambucano, que morreu não faz muito tempo, Marco Maciel (verifiquei agora no Google) vestido como se estivesse num evento como uma festa ou coisa assim, usando sapato de bico fino, vestido e tudo o mais, maquiagem inclusive, dentro de casa. Daí pensei no dia em que fui de pijamas ao shopping no auge da minha rebeldia adolescente, com treze, quatorze anos. Daí pensei que poderia usar a camisa-vestido dada pelo gordão esquizofrênico da clínica com calça, seria um visual diferente e serviria tanto com chinela, como com tênis. Um dia me aventuro. Mandar costurar as laterais. E sair com ela por aí, para uma night dessas. Eu faço a minha moda. Eu tenho personalidade. E posso exibi-la dessa forma. É preciso ter um pouco de coragem, mas todos os que ousam são corajosos pela própria natureza da ousadia. É ir de encontro ao status quo. Porque não posso sair com a camisa mais confortável que eu tenho, não estarei sendo de nenhuma forma impróprio ou imoral, apenas diferente, sendo mais eu, independente de moda. Como disse, eu faço a minha moda. Uso o que me agrada usar.

1h15. Estou no final da última página, eu acho. Não sei. Vou ver. Estou mais ou menos no meio. Quando acabar essa página vou dormir. Se não for agora. Vou pegar mais um Coca, fumar um cigarro e daí cama.

1h27. Coloquei a camisa e me olhei no reflexo da TV, com esse bucho, eu ficaria parecendo uma grávida, a camisa acentua radicalmente o bucho. Infelizmente só posso usar se perder o bucho. Ou seja, não sairei de casa com a camisa jamais.

1h43. Vou comer mais um pouco, tomar mais uma Coca e um cigarro e aí vou dormir mesmo. Preciso.

1h57. Não resisti e vim aqui uma vez mais. Será que mamãe vai gostar do poema? Espero que sim. Estou otimista quanto a isso. Se será o suficiente eu não sei. Vou logo dizer que não comprei nada para ela.

2h00. Acabando a Coca e o gelo, vou dormir. Minha tia achou “lindo” o que escrevi, pois postei no grupo da minha família materna por engano. Depois é que me dei conta e postei no WhatsApp de mamãe. Acho que ainda vou comer um iogurte. Aí me deito.

2h07. Desisti do iogurte. Viajei no que Seu Raimundo está achando da obra ou o que achou se a leu. O que quer que esteja acontecendo, o que não está acontecendo é ele me mandar resposta. Mas estou relaxado quanto a isso hoje. Ainda estou com vontade de comer alguma coisa. Acho que vou no iogurte mesmo.   

Um comentário:

  1. Olá, pessoal. Tudo bem?

    Meu nome é Felipe e sou da assessoria de imprensa da Ubisoft aqui no Brasil.

    Estamos fazendo o nosso relatório de clipping mensal e vimos que vocês publicaram uma notícia em que a Ubisoft foi citada. Para colocarmos no relatório, precisaremos dos dados de visitantes únicos e pageviews do seu site. Uma média mensal desses números, não importando o tamanho.

    Podem compartilhar esses dados conosco?

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