Acabei de digitar o primeiro de três cadernos que escrevi
durante o meu último internamento no Manicômio. Agora me deu meu gás para
seguir na minha empreitada de compilar todos os diários que fiz nas minhas
internações. Uma pena que não fiz de todas e que os das primeiras sejam tão
curtos. Mas talvez isso seja um alívio para o leitor ou acabaria fazendo um
verdadeiro “Guerra e Paz” da drogadição. Hahahahahaha.
22h36. Eu coloquei no título que responderia as últimas questões
filosóficas... é, parece que me arrumei um compromisso que não estou muito
disposto a cumprir hoje. Mas tenho até amanhã para respondê-las. Agora quero
falar abobrinhas. Nunca mais fui para a piscina, aqui está chovendo muito e não
vou arriscar molhar o meu computador. Além de ter acompanhado minha mãe às
sessões de radioterapia, justamente no meio do horário em que desço, então não
tenho tempo disponível para fazê-lo. Ainda bem, para mim e para ela, que as
sessões acabam essa semana. Estou com uma vontade danada de comprar um boneco
novo. O último. Ou a última. Vou me segurar para ver se a She-Ra vai sair mesmo.
23h16. Me perdi vendo a internet. Fiquei surpreso que um tal
de Jaron Lanier acredita no upload de mentes para a Singularidade, como eu
também suponho. Há também os naysayers
que dizem que tudo não passa de invenção, da mesma forma que eu sou um naysayer que Jesus seja a encarnação de
Deus como homem. No fundo é tudo uma questão de fé e minha fé é pouco ortodoxa
para dizer o mínimo. Mas há pensadores da atualidade que a sustentam. Isso me
faz mais confiante na minha teoria. Nenhum deles chegou a pensar nas
implicações da Singularidade em escala universal como eu. Preciso fazer as
adaptações na minha “Novíssima Religião” para adequar o trecho que fala da
fusão homem-máquina para a hipótese do upload, que acho mais plausível, ou que
a parte biotecnológica seja uma etapa intermediária. Não me decidi ainda sobre
esse assunto. Mas acho que vou tirar o site da Novíssima Religião do ar
enquanto não me decido e deixá-lo somente em Inglês e Português quando fizer as
adaptações. Não traduzirei tudo de novo para todas as línguas disponíveis no
Google Translate. Eu acho.
0h07. Me perdi no danado do Facebook. Que ozzy. Que buraco
sem fundo. A verdade é que não estou com saco de escrever. Preciso ligar para o
meu irmão e para Maria de Buria amanhã, espero que me lembre. Estou ouvindo Aphex
Twin por ter já ouvido os dois discos do Infected Mushroom que comprei. Eu acho
que comprei, né? Vamos ver se amanhã vem alguma mensagem de cartão bloqueado ou
coisa do gênero. Queria estar a fim de jogar videogame, mas não estou. Às vezes
tenho a impressão de que o mundo se molda às minhas vontades. Obviamente é uma
ilusão, são coincidências, mas essa do upload de mentes que o outro cara também
pensou me deixou de cara. Foi uma conclusão que cheguei quando respondia os
questionamentos filosóficos. Por falar neles, vou responder cinco perguntas
para ver como me sinto.
39 – Existem
unicórnios?
Existem virtualmente, na forma de texto e outras mídias, do
cinema aos videogames. Acho que todas as mídias audiovisuais que lidam com o
fantástico devem ter unicórnios. Mas materialmente falando, como um cavalo
existe, não.
38 – Podemos ter a
certeza que existimos?
A única certeza que tenho é que penso, logo existo, pois eu
sou o meu pensamento, como já enunciei um sem número de vezes aqui. Agora eu
acho muita petulância minha achar que toda a realidade ao meu redor é fruto da
minha imaginação. Logo, embora não tenha certeza, tenho forte convicção que
aquilo que os meus sentidos experimentam exista também. Ou então sou como um
deus e não me dou conta disso. Hahahahaha.
37 – Podemos ter a
certeza que o mundo existe?
Não, não podemos, embora haja indicações para mim muito
consistentes de que exista ou, novamente eu sou muito mais criativo do que
imagino. Se for tudo um delírio meu, espero que eu chegue à Singularidade nessa
minha criação. E passe para outro nível de imaginação, inimaginável para mim agora.
36 – A Terra é
ésférica?
Não completamente. Ela é achatada nos pólos. Além de ter
relevo.
35 – Os gostos
discutem-se?
Sim. Tudo pode ser discutido, chegar a um consenso é outra
questão.
0h27. A comparação que faria entre Aphex Twin e Infected
Mushroom é como se o primeiro fosse o Radiohead dos dias atuais e o outro fosse
o Radiohead de início de carreira. O primeiro tem um som mais diluído e bem
trabalhado o outro tem mais punch,
mais energia. E me parece mais alegre também, mais alto astral. Mais cinco.
34 – Devo acreditar
na minha mãe quando ela me diz que não posso ser filósofa?
Não. Sua mãe é filósofa ela mesma, pois se questiona e
questiona o mundo, questiona inclusive se você deve ser filósofa. Embora ela
não seja lá uma grande filósofa reprimindo um desejo seu que em nada faz mal a
você ou ao próximo. A não ser que você crie o próximo nazismo. Hahahahaha.
33 – O que pensamos
define-nos?
Acredito que sim. Muitas vezes uma definição que poderia ser
muito melhorada, pelo menos no meu caso.
32 – A linguagem
revela-nos o mundo?
A linguagem não revela-nos o mundo, ela o nomeia. Ela
revela-nos o mundo das abstrações, aí eu concordo.
31 – Temos acesso
directo às nossas ideias?
Algumas ideias são mais difíceis de parir do que outras,
para algumas o trabalho de parto é bem complicado. Eu que o diga em relação à
minha fé, que demorei dez anos para digerir e postular e ainda preciso fazer
algumas revisões.
30 – Somos a mesma
pessoa desde que nascemos?
Nosso genoma permanece o mesmo, mas as experiências nos
transformam e, de sete em sete anos, reza a lenda, todas as partículas do nosso
corpo são substituídas por novas partículas. Então somos e não somos a mesma
pessoa desde que nascemos. Embora ache que certos traços de personalidade sejam
genéticos, o que não nos impede de reprimi-los ou rejeitá-los.
Acho que já está bom de perguntas por hoje. Não sei o que
quero fazer e isso é muito chato. Sinto uma leve inclinação para jogar “Persona
4”, mas é muito leve mesmo. Gostaria que ela se manifestasse de maneira mais
intensa amanhã. Tem outra coisa que queria resolver, mas isso acho que só é
plausível depois que as sessões de radioterapia de mamãe acabarem. 0h50. Não
queria acordar de 13-14h amanhã. Queria acordar no máximo às 11h. Vou colocar o
despertador.
1h04. Mexi no celular, fui para lá e para cá e não coloquei
o bendito despertador, vixe.
1h06. Botei agora. E aproveitei para me enviar um vídeo que
pretendo postar aqui que vai fazer a alegria dos espíritas. Ei-lo.
Só não sei porque alguém iria filmar uma bexiga num velório,
mas hoje filmam tudo... sei lá. É de qualquer forma um vídeo curioso,
principalmente levando em conta que a mulher que pega o balão é a mãe do
falecido de apenas 8 anos de idade. Ou assim me foi repassado pelo WhatsApp.
1h25. Vou ligar o ar e preparar para fechar o meu barraco.
Mais cinco antes de dormir?
29 – A inconsciência
de um louco torna-o livre?
Quase que totalmente, pois o superego praticamente inexiste
num louco, logo ele não tem restrições em relação aos seus atos. Eu sei que a
loucura parece uma limitação, mas uso como metáfora que nós vemos o mundo da
maneira que o pintor classicista veria e o louco vê como um pintor
impressionista ou expressionista ou qualquer escola que se expressa de forma
não clássica.
28 – Onde está o
Porto?
Em Portugal. E nos corações e mentes de todos aqueles que
guardam afeto ou desafeto pela cidade. Ou daqueles que a conhecem por meios
outros que não com a presença geográfica, através de recursos audiovisuais.
27 – Onde é que as
palavras se encontram com as coisas?
Quando o ser humano correlaciona a palavra com a coisa em
si.
26 – A ciência
mostra-nos a realidade?
A ciência tenta retratar a realidade e seus comportamentos
de forma empírica e o mais imparcial possível. A ciência visa desvendar a
realidade e nessa busca se aproxima cada vez mais dela.
25 – De que forma a
imprecisão mental pode influenciar a solução de problemas?
Nos dando ideias, nos fazendo ver a questão por diferentes
ângulos e nos confundindo muitas vezes. Hahahahaha.
1h49. Não estou muito inspirado para questões filosóficas
hoje. Estou sem inspiração de forma geral. Também não estou com sono. Queria
comer sorvete. Um picolé massa de chocolate belga (pelo menos é o que diz na
embalagem) que minha mãe às vezes compra pra gente. É divino. O copo de Coca
acabou, não sei se pegue outro. O problema da fome já poderia ter sido sanado
há muito tempo se houvesse interesse sincero dos governantes nesse sentido.
Irrigação e agricultura familiar. Seja aqui, seja na África. Ainda estou com
fome. Acho que vou comer mais. E depois dormir.
-x-x-x-x-
15h29. Acordei há pouco e já triste porque dormi demais.
Tenho que mudar essa rotina para não ficar perdendo a maior parte dos meus dias
livres, sem CAPS, dormindo. Daqui a menos de quatro horas vou ter que levar
mamãe à radioterapia. E não estou com vontade de escrever agora. Essa falta de
vontade tem sido cada vez mais constante. Estou escrevendo meio que por
obrigação, o que é para mim contra todos os meus princípios. Esse é o primeiro
post em que me sinto assim, espero que seja o último também. Estou com uma
agitação negativa na alma, um desconforto existencial. Espero que seja
passageiro. Do jeito que me sinto agora, não quero mais fazer documentário e
penso até em desistir do blog. Mas acredito que seja passageiro, talvez porque
tenha acordado há pouco tempo e Tico e Teco ainda estejam se entendendo. Acho
que vou tomar banho antes de ir à radioterapia. Meu primo leu o post sobre seu
aniversário e as dicas musicais, cujas observações não valiam muito visto que
só ouvi uma vez cada disco, não me dei tempo para me familiarizar com nenhum
dos artistas. Também foram muitos. Definitivamente vou tomar um banho assim que
anoitecer. Putz, e não bastasse escrever, vou ter que responder o resto das questões
filosóficas. Talvez seja bom aproveitar essa fase de desmotivação para digitar
os cadernos restantes do diário, o que é um processo relativamente mecânico,
pouquíssimas são as alterações que faço no texto, que requeiram algo além de
reproduzir o que está escrito. Aos poucos me esquento mais para escrever. Queria
reencontrar as minhas amigas psicólogas, mas confesso que agora, neste exato
momento, não quero encontrar ninguém.
16h24. Saco dos sacos. Minha mãe quer que eu vá à farmácia.
Vou me aprontar para ir.
16h52. Acabo de voltar. Levei uma chuva no meio do caminho,
pois aqui está chovendo muito, o inverno demorou mas chegou com tudo. Há vários
desabrigados e desalojados na Zona da Mata devido a alagamentos. Não sei se tome
banho agora. Acho que vou cortar as unhas logo.
16h57. Cortei. Eram apenas as dos pés. Como ando sempre de
sandálias, pega mal unhas grandes, eu acho. Meu deus, falar de unhas, acho que
foi o ponto mais baixo a que esse blog já chegou. Assim que escurecer, tomo o
meu banho. Falta pouco. Por que bolo tem que ser sempre doce? Por que não
inventam um bolo salgado, tipo parmesão com gorgonzola? É um mistério para mim.
Deve ser algo cultural. Pois a massa de bolo não necessariamente precisa levar
açúcar ou ser doce. Há bolos, inclusive, ligeiramente salgados, como o de macaxeira.
Talvez seja porque, se fosse salgado, nomeariam de pão. Mas nunca vi pão com
consistência de bolo, o que mais se aproxima é pão de fôrma, que, por sinal,
acho ligeiramente adocicado. Talvez o açúcar é que empreste ao bolo a
consistência de bolo, embora não me pareça plausível tal afirmação. Deve haver
bolos feitos com adoçante por aí, para diabéticos. Não entendo mais também o
uso de acentos na nossa língua. Essa reforma ortográfica foi uma desgraça que
aconteceu.
17h13. A noite demora a cair hoje, mesmo com o tempo
fechado. Ainda bem que, apesar de só estar escrevendo futilidades, estou
gostando de escrever. Não o estou mais fazendo por obrigação. Isso me dá um
alívio enorme. A chama ainda não se apagou. Mas estou receoso, com vergonha a
respeito do documentário. Mas o enfrentarei mesmo assim, acho que gostaria que
houvesse uma entrevista, olhe que ousadia para quem está com vergonha de ser
filmado escrevendo. Hahahahaha. Estão fazendo café para acompanhar o pãozinho
de queijo que tirei do forno quando fui pegar a Coca a pedido da minha mãe.
Será que um dia ousarei fazer um bolo salgado? Não acho que seja impossível
para mim fazer um bolo, por mais inexperiente que seja, não é a coisa mais
complicada do mundo. Acho que basta seguir as instruções, adaptar a receita e presto. Não sei sobre o que escrever.
Quero ver como vou fazer para mandar o meu texto dos diários para a revisão sem
que minha mãe leia. E pensar que estive naquele lugar. Acho que a falta de
privacidade de lá tem alguma correlação com a minha atual clausura. É como se
eu tivesse passado a supervalorizar a privacidade. Não sei, só uma teoria sem
pé nem cabeça. Anoiteceu. Vou tomar banho.
18h08. Minha mãe disse que meu padrasto vai levá-la à
radioterapia hoje. Espero que se concretize, pois minha alma já está toda
preparada para ficar em casa. Gosto quando faço uma tarefa chata, como lavar os
óculos, de maneira automática, pensando em outras coisas e quando vejo terminei
a tarefa. Isso é mais uma razão para crer que não me incomodaria em emprestar
meu corpo para a Singularidade realizar algum afazer que lhe convenha e que não
fira meus princípios ou o meu corpo. Caso haja a fusão do homem com a máquina
de fato. Casa haja a Singularidade de fato, em primeiro lugar. Os que negam tal
possibilidade, tem razões muito fortes para isso, que incluem até o cenário
econômico contraditório com tal expectativa. Sei lá. Só sei que precisava de
algo para gerar o universo e essa foi a melhor ideia que tive e que, para a
minha surpresa, tem outros adeptos, pelo menos de parte da teoria. Por sinal
acabei de baixar “Ex Machina” de novo. Incrível que dois anos já tenham se
passado desde o lançamento do filme. A mim me parece que assisti há pouco
tempo, quando, em verdade, o assisti bem próximo a seu lançamento. Ah, já tomei
o meu banho. Acho que vou responde mais algumas questões filosóficas agora.
24 – A verdade é a
realidade?
Sim e não e ambas nos são inapreensíveis. A diferença é que
a verdade é uma coisa abstrata, é a percepção de alguém ou algo em relação à
realidade, enquanto a realidade é algo material. A realidade existe
independentemente da verdade. A verdade, ao contrário, necessita da realidade
para se manifestar.
23 – Conhecemos
melhor através dos sentidos ou através das ideias?
Acho que são coisas meio indissolúveis, mas ambos nos
apresentam facetas diferente de conhecimento então não há melhor ou pior, visto
que são percepções de naturezas completamente distintas. A visão talvez seja o
sentido que mais se aproxima das ideias, pois quando pensamos, no mais das
vezes, visualizamos aquilo em que estamos pensando. As ideias nos permitem
abstrações, coisas que os nossos sentidos não permitem. Nossos sentidos podem
ser levados a nos apresentar abstrações no caso de tomarmos alguma droga
perturbadora do humor como ácido lisérgico ou mescalina, dentre outras.
21 – Podíamos viver
sem ideias?
Acho impossível, inevitável ter ideias, até certos animais
as têm.
20 – Podíamos viver
só com as ideias dos outros?
Acho que não, pois acho inevitável ao ser humano ter ideias,
mesmo que baseadas nas ideias de outros.
19 – Devo obedecer
sempre aos meus pais?
Depende. Há pais que são adoecidos psicologicamente que
podem nos mandar fazer coisas traumáticas, que nos prejudiquem. Afora esses
casos extremos, devemos obedecer nossos pais até que atinjamos a capacidade de
nos mantermos por nós mesmos e assim nos tornarmos independentes deles.
18 – Podemos ter
ideias confusas?
Sim, principalmente sobre efeito de drogas ou frente a um
acontecimento traumático ou se sofremos de alguma desordem psicológica. Mas
acredito que mesmo pessoas em perfeitas condições mentais (isso existe?) possam
ter ideias confusas, por exemplo o conceito de santíssima trindade é bastante
confuso para a maioria dos crentes, eles o aceitam mais a maioria não o
compreende de fato.
17 – O que é uma
ideia?
É um acontecimento mágico quando, de posse do nosso
repertório de pensamentos e percepções, conseguimos recombiná-los em algo novo,
inédito para nós. Acho que é isso, um pensamento inédito para nós.
16 – Qual a origem
das ideias?
Acho que todas as ideias já existem latentes, é necessário
que alguém com um repertório de conteúdos específicos se depara com um estímulo
específico que o faça ter o tal pensamento inédito (pelo menos para este
alguém).
14 – O outro favorece
a minha liberdade?
Geralmente ocorre o inverso, o outro limita as nossas
liberdades, se o respeitarmos, claro. Há, porém, os caso dos amores que nos dão
novas possibilidades de ser e estar no mundo, ampliando assim nossas
liberdades, seja como amantes, pais ou filhos. Amizades também podem favorecer
a liberdade, mas, em todos os casos a liberdade de um termina onde começa a do
outro.
13 – Para ser livre
basta ser independente?
Não, a não ser que você seja um eremita. E mesmo assim você
está se privando da interação com os outros e privação é oposta à liberdade.
12 – A liberdade
adquire-se?
Adquire-se. Mas não há liberdade completa. A liberdade maior
está dentro das nossas cabeças e mesmo assim é limitada pelo superego. Só os
loucos são livres. E aqueles que fizerem o upload para a Singularidade serão
mais livres que jamais imaginaram. Mesmo com a Singularidade a liberdade não
será completa, pois ela não existe. Se há limitações, não há liberdade total.
11 – Podemos obedecer
e ser livres?
Não. Obedecer significa fazer algo que não temos liberdade
de negar.
10 – A liberdade é um
estado de espírito?
Se for como estado de espírito, então sim, há a liberdade ou
impressão de liberdade. Não é liberdade de fato, liberdade absoluta e
irrestrita, mas um sentimento de que se é livre. Talvez eu seja tão “duro” em
relação à liberdade, pois, fora do Word, minha vida é deveras cerceada.
19h14. Pegar Coca. Sem saco para perguntas filosóficas.
Também, depois de mais de 700...
19h18. Nem acredito que vou acabar esse bendito questionário
agora.
9 – O que é a
liberdade?
Para mim, é poder fazer tudo o que desejarmos. É ter todos
os nossos desejos atendidos.
8 – A morte é um
limite à liberdade?
A morte é um limite para tudo, a não ser que se faça, como
já falei reiteradas vezes, um upload da mente para a Singularidade. Entretanto,
até que só reste o último ser inteligente no universo, o conceito de liberdade
existirá.
7 – O estado é
inimigo da liberdade?
Não é que seja inimigo, é que a ele é outorgado o poder e a
responsabilidade de manter a ordem e a equidade entre os seus cidadãos e para
isso é necessário que uma série de limitações seja imposta à liberdade dos
indivíduos, de forma que um não invada o que é por direito do outro.
6 – A arte
liberta-nos?
O fazer arte é bastante libertador. Escrever para mim é
bastante libertador, poder dizer tudo, poder tudo em palavras. Tanto que o lema
desse blog é “aqui eu posso tudo”. O apreciar a arte, amplia-nos nossos
horizontes então podemos ir mais longe em nosso pensamentos e sensações,
gerando assim mais liberdade.
5 – A arte pode
impedir a nossa liberdade?
Vou contar uma pequena história pessoal. Eu pintava por
prazer, sem técnica nenhuma, de forma bem livre e achava a experiência bastante
libertadora. Até que a minha mãe inventou de me botar num curso de arte para
aprender as técnicas formais de produzir arte. A pintura então deixou de ser um
prazer e se tornou uma obrigação, um dever de casa. Desde então nunca mais
pintei. Não sei se isto serve como resposta para a questão, mas foi o que me
veio.
4 – Somos livres para
mudar?
Sem dúvida. Se somos capazes de operar tais mudanças é outra
questão.
3 – O mundo é um
obstáculo ou um veículo da nossa liberdade?
Ambas as coisas. É no mundo que exercemos a liberdade que
temos, mas ele ao mesmo tempo nos tolhe de várias possibilidades de exercer a
dita liberdade.
1 – Existem pessoas
não humanas?
Acredito que sim. O universo é tão inimaginavelmente grande
que acredito que exista vida inteligente em vários outros lugares que não na
Terra. Se são inteligentes e têm valores morais, são pessoas e não são humanas.
19h57. Acabou-se o que era filosófico! Mais uma missão
cumprida na minha vida. A sensação? De que se fosse responder de novo, mudaria
várias respostas! Hahahahahaha. Mas saiu como saiu e estou satisfeito de ter me
dado uma meta, um tanto quanto audaciosa, e tê-la cumprido. Agora falta digitar
os diários. Começar o novo caderno. Mas não vou emendar uma coisa com a outra.
Ou vou? Vejo que este post já está com oito páginas de Word, ou seja, muito
grande. Me sinto meio órfão das perguntas agora, é como se um alicerce do meu
blog houvesse sido removido. Dependerei agora só das minhas experiências para
preencher as páginas em branco que encararei daqui para frente, que espero
sejam muitas ainda.
20h23. Me perdi no Facebook e nos e-mails de propaganda.
Novamente. Fico triste quando chega certa hora da noite quando mandar e-mails
de propaganda perde o sentido por ser muito tarde e nada de novo chega a minha
mail box. Pois é, não recebo e-mails de pessoas, só de propagandas. Nas raras
vezes que recebo e-mails de pessoas são sobre algo em relação a processos
relativos ao meu falecido pai que meu irmão se sente na obrigação de repartir
comigo. Coisas sobre as quais nem entendo. Mas acho que hoje em dia acho que
e-mails servem mais para isso. Tenho pouquíssimos contatos de e-mail também.
Humanos digo. Acho que só os da minha família nuclear mesmo. E alguns do meu
antigo emprego. Fato é que o e-mail no qual tinha contatos foi “cassado” por
prática de spam da minha parte, até certo ponto justificável. Eu brinquei com
os limites do serviço, mas não esperava tê-los cruzado. Ledo engano. Bom, desde
então não reconstituí meus contatos e nem me dou ao trabalho, pois sei que
ninguém hoje tem mais tempo ou disposição de escrever uma carta só por saudade.
Eu mesmo não o faço. Deveria fazer. É um projeto a ser levado em consideração.
Não apenas por causa de saudade, há outros sentimentos como amor, gratidão, felicitação,
paixão sei lá, até raiva. De todos os que mencionei, o que mais me motiva é a
paixão. É uma pena que a destinatária para tal e-mail me seja inacessível.
Paixão platônica, para variar. Que não quero sublimar, para variar. Eu sou
cabeça-dura quando o assunto é amor. Eu não tenho muito controle sobre esse
sentimento, sabe? Nutro esperanças onde nenhuma há. E coisas do gênero. Mas
também, será que continuaria a escrever e-mails para a pessoa depois que a
relação caísse na rotina? Não sei. E tanto faz, acho que morrerei sozinho
mesmo. Ou serei uploaded para a
Singularidade. Hahahahaha. Já são 21h11. Amanhã tem CAPS. Queria ir só para o
grupo AD. Sem saco nenhum de participar do primeiro grupo e não participo de
nenhuma forma dos segundos. Boto no plural, pois há dois grupos que ocorrem simultaneamente
no segundo horário, um de bordado e outro de técnicas de desenho. Não vou nem a
pau. Eu contei do meu trauma com aulas de arte numa das perguntas filosóficas. E
bordado não é a minha praia mesmo. Queria mesmo é que caísse o maior toró
amanhã e inundasse a minha rua para não poder ir ao CAPS. Na verdade, gostaria
que secasse a tempo de ir para o grupo AD que é de 13h30. Mas acho que vou ter
que encarar o dia inteiro mesmo, o tempo deu uma melhorada.
21h30. Minha mãe me deu os remédios. Estou sentindo que
estou perdendo a vontade de escrever. Espero que seja só uma impressão
equivocada, que seja uma coisa pontual. Por que me sinto assim? Será autossabotagem?
Será que já deu o que tinha que dar esse passatempo para mim? Será que é só
falta de assunto? O que será? Esqueci de ligar para meu irmão e Maria de Buria.
Droga. Pro meu irmão ainda dá para ligar. Só não estou com coragem porque é pra
pedir coisa. Que ele mande pela tia da minha cunhada os discos que comprei, o
jogo do Mario e o de Zelda (se ele comprar, senão eu mesmo vou comprar, no mês
que vem). Vou ligar.
22h04. Liguei. Foi boa a ligação, mas percebo que até com
meu irmão a comunicação está akward.
Isso me incomoda muito. De toda sorte, pedi o que tinha que pedir e conversamos
um pouco sobre os problemas do Brasil com a crise política, de Pernambuco com
as chuvas e de uma lojinha que ele descobriu que rola encontros no final de
semana para jogar um tipo RPG que tem uns bonequinhos, não sei como se joga,
mas tenho a impressão que o meu irmão vai adorar. Tomara que vá realmente. Vou cobrá-lo.
Ele precisa de uma fonte de diversão assim, acho eu, algo sozinho, longe da
família, uma coisa dele e para ele. Algo que seja lazer, não trabalho. Enquanto
a mim me sobra solidão a ele falta exatamente isso. Embora ele vá jogar com um
grupo, há um sabor de independência nesse ato. Pegar o carro sozinho e ir para
o local jogar. Acho sadio. Mas quem sou eu para saber o que é sadio e o que não
é, logo eu que sou o doente da família. É muita moral, eu sou “o” doente das
famílias paterna e materna. É muito olhar torto de todos os lados, por mais que
mantenham as aparências muito bem. Em setembro, quando estarei na Alemanha,
completarei um ano do meu último internamento, o que significa que me comportei
devidamente nesse período. Isso é bom para mim e para a família. Por mais que
não esteja seguindo estritamente as regras da minha mãe, nem poderia, visto que
aí não teria vida. Seria um robozinho sem vontades, o que definitivamente não
sou. Por falar em mamãe, ela perguntou já pela segunda vez já passei “Logan”
para o HD externo. Vou ver se faço isso agora. Péra.
22h55. Coloquei uns cinco filmes novos no HD (que está quase
cheio), preciso ir assistindo e apagando. Ou outro está completamente cheio.
Além disso, fui jantar, o que me deu sono e penso em aproveitar o embalo para
ir dormir. Não sei ainda. Para ser sincero, o sono já está passando. Acho que
se deitasse eu dormiria, mas não estou a fim de me deitar ainda.
23h10. O sono foi embora. Fui comer Sucrilhos com farinha
láctea. Coloquei no HD “Assasin’s Creed”, “Ex Machina”, “A Bela e a Fera”
(filme, não animação), “Logan” e “The Shack”. Aí já vão cerca de dez horas da
minha vida, mas horas divertidas, de um entretinimento que gosto e ando me
privando. Preciso retomar o hábito de assistir filmes, inclusive para poder limpar
os HDs que estão abarrotados. Mas principalmente porque é um prazer para mim.
23h18. Sem nada para dizer. E, como sempre, quando não vem
nada, vem ela, Aurora. Preciso aparar a minha barba para o final de semana.
Pegar o transformador da escova de mamãe, a minha máquina de cortar cabelos e
meter bronca. Não me tomará mais que dez minutos. Acho que vou me deitar. Ligar
o ar para já ir me preparando. E mais um copo de Coca.
23h25. Estou completamente sem saco de escrever. Sem
conteúdo. Aliás, tenho uma preocupação, que meu irmão tenha decidido mudar de
casa por ter lido alguma coisa aqui em relação ao meu receio de ir morar nos
EUA. Espero que isso não tenha influenciado na sua decisão e que ele queira
apenas arrumar uma casa maior para que possam coabitar na casa mais familiares
advindos do Brasil para visitá-los. Já estou com frio por causa do ar. Acho que
vou fumar o meu cigarro derradeiro da noite para me deitar e dormir. Reviso e
posto amanhã com a cuca mais fresca.
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