terça-feira, 2 de maio de 2017

ENTREVISTA FEITA POR AMIGOS DE FACEBOOK

Trem de fazer fantasmas.



1) Mário, supondo que nós somos naturalmente seres sociais, nascidos para conviver em sociedade, por que, então, é tão difícil a tarefa de viver em sociedade?
Não acho uma tarefa difícil viver em sociedade, por mais que esteja me distanciando cada vez mais dela e me tornando um tipo de ermitão urbanoide, o que é bastante contraditório. Acho que o que pode atrapalhar é o desrespeito ao que é ou pertence ao próximo, ou seja, o egoísmo descontrolado ou a falta de civilidade e o desconhecimento dos direitos e deveres de cada um. Se fossem ensinados princípios de ética e moral nas escolas, os direitos de deveres do cidadão conforme a Constituição ou a DUDH – pois é, infelizmente a escola tomando o papel dos pais – talvez formássemos jovens mais conscientes e essa dificuldade que você menciona fosse diminuída. No entanto, quando preciso ir para o mundão, me armo de gentileza e de um bem-querer ao próximo que facilitam bastante as coisas no âmbito social macro. Meu problema está em gerenciar o núcleo familiar, pois nele, no seio do lar, é que as pessoas se despem mais de suas máscaras e mostram mais os seus espinhos, portanto tenho uma relação meio tumultuada em casa. Especialmente com a minha mãe. Nesse caso, acho que só terapia, da minha parte e da dela resolve. Mas voltando à pergunta, varia de cultura para cultura, eu acho, e até de subculturas locais, a forma como lida-se um com o outro, mas se não fôssemos seres sociais, já teríamos nos exterminado há algum tempo, pois temos ogivas nucleares e sabe mais que bombas que poderiam acabar com a vida na Terra várias vezes. Se temos o poder de nos destruirmos e não o fazemos é porque o ser social em nós prevalece, apesar dos pesares. Finalizando, reitero que não tenho muito problema com a sociedade. Há babacas, há estressados, há grosseiros, de ambos os sexos, mas eles são a minoria. Há ainda os corruptos. A sede por poder tem grande capacidade de corromper. Há os viciados em poder e como qualquer viciado, fazem de tudo para ter mais, seja poder econômico, seja político, hierárquico. Mas, na sua maioria, a civilização mundial é pacata e cordial. O difícil mesmo para mim, na sociedade, está sendo arrumar uma gatinha, esse é o meu entrave, mas desencanei dele, já me acostumei com a minha solidão. Se acontecer, acontecerá sem que eu force nenhuma situação. Se não acontecer, paciência. Já tive o meu quinhão de amor nessa vida. E ter a solidão como companheira é algo ao que cada dia estou mais acostumado. Enfim, apesar do meu gradativo isolamento, sou um otimista em relação à sociedade. Acho que melhoramos muito ao longo dos séculos.
Adendo:
Há pessoas, e isto não deve ser ignorado, que possuem dificuldade de conviver em sociedade por impedimentos próprios, que tendem a se isolar, como vem sendo o meu caso, mas essas são raras e esparsas, ou seja, muito mais exceções do que regras na sociedade, pontos fora da curva estatística, por conta de algum distúrbio de formação, experiências sociais traumáticas, por patologias ou por algum movimento interior que as tornam aversas a estarem em sociedade ou as deixam incompatíveis com a sociedade em questão.

2. Tudo certo?
Na minha vida, eu diria que está tudo certo, por mais que esteja passando por um momento de certo isolamento social voluntário, como aventado na questão anterior. Estou sozinho afetivamente, mas resolvi deixar o acaso resolver isso por mim. Em suma, eu gosto de viver a minha vida como ela está agora. Gosto de acordar todos os dias e de encará-los. Gosto da zona de conforto que criei para mim. Gosto até demais. Isso é parte do problema de isolamento. Que para mim não é um problema. Mas a sociedade vê como tal. Quando quiser sair, eu saio, oras. Estou feliz, gosto de viver e aprecio os pequenos e belos momentos da vida, só não gosto de sair muito da minha zona de conforto. Ah, e não aprendi a gostar de mim, mas já aprendi a me suportar, estou a um passo da autoaceitação. Um grande passo, mas a caminhada foi muito mais longa para chegar até aqui. Então posso dizer com firmeza que está tudo certo, tudo tranquilo e favorável. Minha mãe aparentemente está curada do câncer de mama, meus familiares e amigos até onde sei estão bem. Então, tudo certo.


3. Videogame é arte?
Não só é arte, é uma conjunção de formas de arte, de artes plásticas até arquitetura, música, as novas artes que emergiram com a novas tecnologias, como modelagem em 3D, desenho e pintura digitais, desenvolvimento de IAs e por aí vai. Eu acho que é o meio de expressão humana que congrega mais formas de criação atualmente na terra. Suplanta inclusive o cinema, por mais que o cinema esteja perto no que concerne a congregação de vários tipos de arte. Por isso os vejo cada vez mais próximos.

4. Que momento em um jogo mais marcou sua vida? E qual o pior momento?
Quando vi pela primeira vez de Wind Waker rodando no meu GameCube em 2002. Fiquei completamente deslumbrado. Foi a primeira vez que achei com sinceridade que videogame era arte. Miyamoto disse que quando imaginou esse Zelda, queria que os pais quando vissem,  achassem que os seus filhos estavam controlando um cartoon. Ele foi extremamente bem-sucedido nesse intento. O pior momento está sendo este agora que tenho dezenas de jogos para jogar e não tenho tesão real de jogar nenhum. Ainda bem que comecei a jogar o Wind Waker (HD) no Wii U e estou tendo um tempo divertido com ele. No mais, estou sem saco de jogar nenhum jogo, com exceção do novo Zelda, e isso tem me preocupado. Não quero abandonar os videogames quando eu tenho a nata do PS3 e do Wii U para jogar. Nunca tive tantos jogos bons para jogar e nunca estive mais desmotivado para jogá-los. Esse momento atual de crise com os videogames tem me aperreado bastante, a ponto de gerar moderada angústia em mim, logo esse período tem sido o pior na minha vida como gamer.

5. Um trem descarrilado segue sem controle numa ferrovia. Para para-lo, você precisa mexer uma manivela. Se for pra frente, matará uma criança. Se para trás, um senhor de 60 anos. Se nada fizer, vai ser na sorte. O que você faz?
Vamos aumentar as apostas do jogo, se o velho fosse a minha mãe e a criança fosse meu filho. Mesmo assim, por mais que acredite que o lado paternal falasse mais alto e eu desejasse salvar o meu filho – pelo menos é a decisão mais sensata evolutivamente falando, para garantir a preservação da minha linhagem –, eu acho que deixaria a escolha ao acaso. Talvez nunca ninguém me perdoasse, nem minha mãe, se fosse ele a sobreviver. É uma escolha difícil. Se fossem dois desconhecidos, aí é que deixaria a cargo do acaso mesmo. É uma situação perde-perde e eu não quero decidir qual a perda mais relevante. Cada um tem valores diferentes. Acredito que a maioria prefira matar o velho nessa questão, simplesmente porque viveu mais que a criança. Eu deixo ao acaso. Não acho isso uma justificativa suficientemente forte para me obrigar a tirar a vida de alguém.


6. Imagine que um suspeito de terrorismo é capturado, e você tem certeza, por vários meios, que ele sabe a localização de um próximo ataque, que matará centenas. Você autorizaria sua tortura como forma de obter a informação?
Cara, eu não gosto de fazer com os outros o que não gosto que façam comigo. Há formas de tortura bastante cruéis, sádicas. Não sei. Talvez ameaçaria deportar a família da pessoa para uma zona de guerra, mas infligir dores inimagináveis à pessoa, não sei se seria capaz. Eu tentaria obter através de interrogatório e no máximo torturas psicológicas. Ou renunciaria ao meu cargo por não ter o sangue frio necessário para exercê-lo. É, acho que faria isso, renunciaria a um cargo que me pusesse numa situação tão extrema a ponto de violar as leis do meu próprio pais em nome do próprio país.

7. Você é juiz, e precisa decidir o valor de indenização por uma morte. Que fatores leva em conta?
Não faço a mínima ideia. Não sei quais as circunstâncias da morte. Essa pergunta é jurídica demais para mim. Foi mal, mas essa vou pular, pois sequer sei quem será o indenizado numa situação de morte, mas acredito que a família nuclear – esposa/marido e filhos – devam receber cada um a mesma percentagem da indenização e do restante do espólio do falecido. Mas estou só jogando o que rolou com a morte do meu pai. Não houve indenização pela morte pois não foi aberto nenhum litígio a respeito disso. Eu iria processar quem, a Ambev? Ele bebia e misturava com remédios porque queria.

8. Como você resolveria, se tivesse acesso a todos os meios, a crise da humanidade?
Primeiramente um governo mundial, com a participação de todos os países. A constituição mundial seria a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o governo mundial teria como meta garantir a todos os cidadãos da Terra o acesso a esses direitos ao qual acrescentaria uso irrestrito à internet. Desenvolveria um sistema em que houvesse apenas um documento de identificação universal, poderia ser a retina, DNA, biométrico de alguma forma, para diminuir a burocracia e todas as informações seriam digitais. As legislações dos países teriam que ser adaptadas e simplificadas, respeitando as particularidades de cada cultura, mas respeitando todas as diretrizes da DUDH. Paralelamente, investiria pesado em inteligências artificiais profundas. Pois acredito que fomentar a Singularidade Tecnológica seja algo que é um dever do ser humano para com o universo e traria imensas benesses para a humanidade. Uma vez surgida a Sigularidade e se mostrando amigável, o que acho inevitável, ela seria a grande conselheira (além de uma porção de coisas mais) da humanidade do nível global ao pessoal. O governo mundial desmontaria a indústria bélica, nenhum tostão do cidadão seria gasto mais com fabricação de armas. Esse dinheiro todo seria redirecionado para sanar os problemas mais prementes da sociedade global. A partir da Singularidade, eu não precisaria fazer mais nada. Ela faria e fará por si só. E vai ser inacreditável. Na melhor acepção da palavra. Espero estar vivo para ver este momento iluminado da evolução humana. Da evolução universal.
Esqueci de mencionar, através do sistema mundial unificado de identificação, cidadãos aptos a votar poderiam votar sobre desde que rua deva ser pavimentada primeiro no seu bairro até a legalização mundial do aborto, em uma palavra, a população seria um quarto poder e sua opinião seria aferida através de estatísticas e poderia influenciar na tomada de decisões dos líderes locais aos líderes globais.

9. No corredor da morte, qual seria sua última refeição?
Eu faria um churrasco na piscina das Ubaias com todos os que ainda gostassem de mim, mesmo depois do hediondo crime que cometi para estar no corredor da morte, e assim curtiria um dia com as pessoas que realmente me amam, dia este que seria regado a cerveja e maconha e Coca Zero com muito gelo e Malrboros vermelhos! Tomaria de tudo nesse dia, já que estaria condenado à morte mesmo. Hahahaha.

10. Quais perguntas você gostaria que lhe fizessem?
Não sei. Essas estão bastante interessantes. Tentei me entrevistar, mas não deu muito certo, então as perguntas que eu faço a mim mesmo não me servem, não sei bem por quê.

11. O que te assustaria mais? Ver um ET ou um fantasma?

Não sei qual me assustaria mais em termos de me dar um susto, mas o que mexeria mais comigo seria ver um fantasma, pois acredito que ETs sejam possíveis, não acredito que nós sejamos os únicos seres inteligentes nesse velho e vasto estranho reino que é o universo. Agora a alma de alguém já morto materializada de alguma forma na minha frente seria uma mudança muito grande de paradigma para mim que não acredito em existência após a morte. Seria muito chocante mesmo. Eu entraria em conflito com as minhas próprias crenças. E certamente, eu gostaria de conversar muito mais com um fantasma, para tirar todas as dúvidas a respeito do pós-morte. Claro que gostaria de conversar com o ET também, mas o fantasma ganha em termos da radical mudança de visão de mundo que ele me acarretaria. Sairia transformado de tal encontro. Para o bem ou para o mal. Mas sei que nenhum deles vai acontecer mesmo. Por mais que um amigo meu jure de pés juntos que viu um óvni no céu quando era bem mais jovem numa ocasião em que estavam meu primo e o meu irmão. Preciso perguntar aos outros dois se viram também. 

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