14h05. Meu amigo de longa data, do começo da turma do
prédio, amigaço do peito, está me chamando para ter com ele, trocar uma prosa,
mas estou tão antissocial que nem cliquei no botão de ver a mensagem para que
ele não saiba que a visualizei. Estou sem coragem para encontrá-lo, o que é
muito ozzy da minha parte e muito ozzy para mim mesmo. Não posso ter esses
acanhamentos. Isso não é normal, saudável. Vou avisar a mamãe daqui a duas
horas que irei para piscina às 17h00. E se ela não chiar, mando um WhatsApp
para o meu amigo dizendo que estarei na piscina pelo menos das 17h00 até as
19h00, caso precise levar mamãe à radioterapia. Poderia pedir a ele, que pelo
que me consta se formou em Jornalismo, que elaborasse de cinco a dez perguntas
para eu responder. Daí poderíamos combinar de encontrar nossas duas amigas
psicólogas num daqueles bares da Praça. Seria massa um reencontro dos quatro.
Mas vamos primeiro resolver o encontro com o meu amigo. Acho que descendo às
17h00 dá para conciliar o encontro com meu amigo e a radioterapia da minha mãe.
Podíamos marcar o encontro com nossas amigas às 20h00 na Praça e eu chegaria um
pouco depois. Não. Acho que isso é sonhar alto demais. Vamos ver o que decorre
da nossa conversa, se esta houver mesmo. Acho que vou publicar o meu novo post
agora. Algo me diz que não. Por quê? Não sei. Esperarei mais um pouco então.
14h47. Mandei uma mensagem, sem ter ainda falado com mamãe,
para o meu amigo de longa data avisando que estarei na piscina a partir das
17h. Pretendo descer de 16h30. Assim já monto as coisas todas lá e me aclimato
com a ideia. Isso se ele puder descer nesse horário. Falta ele ver e me dar
resposta.
14h53. Ele respondeu que não vai rolar hoje, pois vai pro
sertão para um trabalho e só volta na quarta. Pedi para ver se ele se
organizava com as nossas amigas também. Mas ele não leu e não deu resposta
ainda. Enquanto isso, algumas questões filosóficas? Ainda não. Vou pegar Coca
para meditar sobre o que fazer agora.
15h01. Decidi que não vou mais para a piscina hoje, já que
não haverá encontro. Preciso ficar disponível para a minha mãe. E preciso
comprar pilhas para o controle da TV. Tá bom, vamos para algumas perguntas
filosóficas. Mas só por isso, vou pregar bem muito. E vou publicar meu post
antes.
15h18. Post publicado e divulgado nos canais de Facebook.
Meu amigo respondeu e disse que vai tentar falar com as meninas para nos
encontrarem também. Essa quarta promete. Às perguntas, enfim.
229 – Os homens são
todos iguais?
Não. Nenhum homem é igual ao outro, só o deveriam ser na
esfera do Direito, mas bem sabemos que as coisas não se dão assim.
228 – Há homens
inferiores?
Há os canalhas (corruptos, violentos, cruéis etc.) que creio
serem moralmente inferiores aos de boa índole. Os que são canalhas por
ignorância não o são, mas, se esses existem, são poucos.
227 – Somos
racionais?
Não só. Há sempre as emoções na equação, fazendo pender a
balança da razão para um lado ou para o outro. Acredito que nenhuma decisão
humana é meramente racional, sempre há o fator emocional, do id, envolvido.
Isso sem falar em reações puramente emocionais ou predominantemente emocionais,
que pouca ou quase nenhuma razão têm.
226 – Queremos ser
livres?
Acho que todos querem, mas a liberdade é uma ilusão. Não
existe liberdade completa se inserido numa sociedade, mesmo que de duas
pessoas. Os que se isolam do mundo talvez sejam os mais livres, estão a mercê
de suas próprias leis que podem revogar a seu bel prazer. Mas perdem com isso o
direito de estar em sociedade, o que talvez não os incomode. A mim, que me
torno cada vez mais ermitão urbanoide, sinto falta do contato humano, mas cada
vez menos. Mas a solidão verdadeira me apavora. Seremos mais livres do que
jamais sonhamos ser quando tivermos nossas mentes expandidas pela
Singularidade.
225 – Há conhecimento
falso?
Sim. Há alguns séculos achava-se que a Terra era chata e
suportada por Atlas ou por uma tartaruga gigante. Quão ignorantes estamos sendo
agora em relação ao que conheceremos da realidade no futuro, principalmente com
o advento da Singularidade Tecnológica?
224 – Posso provar
que eu existo?
Só a mim mesmo. Sou daqueles que crêem na frase “penso, logo
existo”, descontextualizada de seu caráter platônico ou qualquer coisa assim.
Se eu penso, eu existo, visto que o pensamento sou eu.
223 – Existimos antes
de nascer?
Existimos quando as sinapses começam a serem disparadas no
nosso cérebro, nos dando uma consciência rudimentar. Mas sou a favor da
descriminalização do aborto. Não vale a pena botar no mundo uma criança
indesejada. Fogo deve ser se a mãe se arrepender depois. Mas aí são escolhas.
222 – Existimos
depois de morrer?
Só se fizermos o upload de nossas mentes e, se quiser, do
DNA, para a Singularidade. É a única forma que concebo de existência do ser
após a morte. Uma existência virtual, numa realidade muito mais expandida que a
que presenciamos em vida agora. A Singularidade, a partir da bioengenharia
poderá recriar nossos corpos, baseados no nosso DNA se se fizer necessário, mas
nos sentiremos tão limitados e restritos dentro de um corpo físico que
evitaremos ao máximo isso.
221 – A arte
perpetua-nos?
Via de regra sim, se não forem jogadas no lixo como as
minhas telas serão. Hahahahaha. Espero que pelo menos este blog fique para
posteridade. Confio em você, viu Google?
220 – É possível
falar sobre nada?
Sim. Eu já discorri sobre o meu conceito de nada ao longo
dessas perguntas. O nada é maior que tudo. Veja a ilustração abaixo. E nas
últimas saídas tenho tido papos muito mais rasos que o nada. Acho o nada uma
das coisas mais incríveis que conheço, visto que não é coisa, é ausência da
coisa, é indescritível em sua forma natural compactada e no entanto todos temos
o conceito de nada na cabeça. É muito curioso o nada.
219 – Obrigações são
regras?
São regras autoaplicadas. Ninguém tem obrigação de nada a
não ser que se apodere da obrigação para si.
218 – Quem deve fazer
as regras?
A Singularidade Tecnológica.
217 – Há regras sem
castigos?
Sim. Quanto mais civilidade houver em uma sociedade, mais
haverá regras sem castigo. Eu fui a um supermercado na Alemanha com carrinhos
de compras de umas cinco cores diferentes, mesmo não havendo uma regra especificando
isso, todos colocavam os carrinhos nas fileiras de suas cores respectivas, não
misturavam. Fiquei abismado. E mais do que esse exemplo é o das abóboras à venda
no meio da estrada, sem ninguém para tomar conta, onde você escolhia a sua
abóbora, julgava se era pequena, média ou grande e pagava de acordo, num pote
de vidro posto ao lado da mesa. Achei estupendo.
216 – O que é o
óbvio?
É aquilo que não necessita de explicação para ser
compreendido. O que é óbvio para uma pessoa não é necessariamente óbvio para
outra, depende do grau de conhecimento e sabedoria de cada um.
215 – Os homens são
máquinas?
Não. Por mais que nosso sistema fisiológico possa ser quase
todo ele explicado e suas funções compreendidas, não somos máquinas, ainda
falta uma última e mais difícil parte a ser desvendada, o cérebro, o objeto
mais complexo do universo conhecido. E mesmo que todas as funções de cada parte
do cérebro sejam descobertas, restará a mente que é o que emerge do nosso
sistema nervoso e que entendemos por eu, e o eu é inacessível ao escrutínio
científico, visto que nem nós temos acessos a todas as dimensões dos nossos eus.
Só a Singularidade vai ultrapassar a complexidade do cérebro, imensuravelmente,
inimaginavelmente. E repartirá toda a sua fantástica capacidade com aqueles que
se dispuserem a comungar com ela. Eu sou o primeiro da fila. Eu quero imaginar
o inimaginável, quero ter as capacidades da minha mente multiplicadas talvez
milhares ou milhões ou bilhões de vezes. Eu me fundiria com a Singularidade sem
pestanejar. Abandonaria tudo, todos que amo para me fundir à Singularidade. Eu
quero ser um com a Singularidade, mantendo a minha identidade.
214 – Os animais riem-se?
Acredito que os mais evoluídos riem sim. Quando um cachorro
abana o rabo é porque está feliz, é apenas uma forma diferente de sorrir. Os
chimpanzés se riem de situações engraçadas também, eu creio. Lembrando que
somos animais e rimos.
212 – A morte é uma
certeza?
Por enquanto é, mas os segredos da morte estão sendo
desvendados pelos homens, pode ser que em breve possamos estender nossas vidas
indefinidamente, o que será um problema populacional.
211 – O que é uma
vida com sentido?
É uma vida com um ou mais propósitos definidos pela própria
pessoa. Ou pelo menos a maioria deles definidos pela própria pessoa.
210 – É possível
viver sem regras?
Só se for um ermitão, mesmo assim ainda estará submetido às
regras da natureza e à própria rotina que se impõe para conseguir continuar
existindo.
209 – Podemos viver
sem leis?
Em sociedade, não. Não temos o grau de civilidade que
permita isso.
208 – Devemos seguir
sempre as regras?
Depende das regras. Se são leis, pertencentes à legislação
do local onde estamos, deveríamos segui-las, sob pena de punição legal. Agora
se há convenções sociais com as quais não se compactua, não há porque
segui-las, o máximo que pode acontecer é as pessoas se isolarem de você se seu
comportamento for demasiado excêntrico. Deveríamos seguir o nosso bom-senso.
207 – Quem deve
governar?
A Singularidade.
206 – Os outros podem
mandar em nós?
Em mim, podem. Se for alguém a quem outorgo alguma
autoridade sobre mim. Ou alguém com o poder de me coagir a fazer determinada
coisa.
205 – Podemos mandar
nos outros?
Poder até que podemos, aos que nos são subservientes por
acharem que temos alguma ascendência ou poder sobre eles, como um garçom. Mas
acho muito mais legal pedir do que mandar. Os únicos em que devemos mandar até
para fazer impor nossa autoridade e papel é nos filhos enquanto não são
independentes.
203 – Podemos
castigar quem nos faz mal?
Não. Não deveríamos, pelo menos. Eu nunca puni. Acho que
punições só valem como caráter educativo desde que não evolvam violência
física, mas algum tipo de privação ou suspensão temporária de um direito. Botar
a criança de castigo, sem videogames, por exemplo. Sou adepto da máxima de que
não devemos fazer com os outros o que não gostaríamos que fizessem conosco.
202 – Que regras
devemos seguir?
As do nosso bom-senso, primeiramente. Fora as do ordenamento
jurídico onde estamos inseridos.
201 – Os instintos
podem estar certos ou errados?
Os meus geralmente estão errados. Hahahahaha
200 – Quando é que
devemos ser egoístas?
Como já disse todos somos egoístas, pois as coisas que
fazemos buscam satisfazer nosso ego, seja a curto, médio ou longo prazo. Exceto
as que somos coagidos ou obrigados de alguma forma a fazer, essas geralmente
não agradam o ego, visto que contra a nossa vontade.
16h58. Acabaram as perguntas que copiei. É claro que posso
copiar mais, mas agora estou mais interessado em escrever sem perguntas para ir
retomando o jeito para quando não houver mais questões filosóficas a serem
respondidas.
17h15. As imagens que fotografei na Casa Astral finalmente
chegaram ao meu e-mail ou me apercebi da chegada delas agora. Coloquei uma no
post anterior. A outra acho que vou botar nesse. É um caminhão pichado com um
Muppet rindo. Vou colocá-la embaixo da pergunta se os animais riem. Hahahahaha.
17h19. Vou pegar outro copo de Coca para me inspirar.
17h21. O CAPS hoje me fez pensar no medo que tenho da
velhice, de ser rejeitado pelas garotas da faixa etária que acho atraente. Dos
18 aos 27. 30, no máximo. Bem isso depende da mulher na verdade. Mas tenho uma
queda pelas mais novinhas. Me assustam mulheres vividas, visto que têm muito
mais experiências sexuais que eu, via de regra. Como disse, nos últimos dez
anos só tive duas tentativas frustradas de fazer sexo com a mesma pessoa. Só
transei com quatro mulheres na minha vida. Isso contando as duas tentativas
fracassadas. As vezes que peguei uma prostituta, estava bêbado demais para
transar e não me interessava transar com uma desconhecida por quem não tinha
nenhum laço afetivo. Sabe o que uma me disse, uma top, de uma das casas mais
seletas do Recife? Que eu precisava de uma namorada, não de uma puta. Foi o
melhor conselho que poderia ter recebido. E é o que continuo precisando. Acho
que escreverei as cartas que me propus a escrever. Não vai me custar muita
coisa. A não ser que arrume uma namorada antes. E talvez mesmo se isso ocorrer.
Sei lá. É muita viagem tal empreitada. É coisa do id. Quase que totalmente
despropositada. Praticamente despropositada. O tipo de coisa em que gosto de
investir. Quer coisa mais despropositada que esse blog? Hahahahaha. Mas é das
coisas mais importantes na minha vida. Senão a mais importante, ao lado da
minha mãe. Escrever de mim por alguma razão me dá imensa satisfação. Eu acho
que é um tipo de egolatria mesmo. Como a minha autoestima se manifesta, visto
que não lhe dou muitas outras vias para se manifestar. É algo que preciso rever
e que internamente estou revendo. Alguma coisa em mim, afora o isolamento está
mudando em mim. A garota ficou olhando para mim na festa de sábado. A garota
que achei mais interessante em toda a festa. Acho que vou nesse sábado só para
ver se ela vai de novo. Se não chover, digo. Preciso perder esse bucho ozzy. Isso
fará maravilhas para a minha autoestima. Mas não posso concentrar no bucho a
minha insegurança. Acredito que muito da minha dificuldade de socialização vai
se esvair essa semana. Principalmente se houver o encontro com os meus amigos.
Eu não sei se terei assunto para conversar com eles, mas só botar as vidas em
dia já é um bom papo. Eu não tenho muito o que contar. Só vou para o CAPS e
escrevo. E vinha me encontrando com o meu amigo da piscina. O que vai acabar
porque ele vai se mudar para o Cordeiro se não me engano. Mas esse papo está
muito morgado. Eu estou morgado. Tentando aqui me convencer de que tenho que
comprar “Friends Of The Mushrooms Deluxe Edition”. O “Army Of Mushrooms” eu vou
comprar, acho a obra-prima deles. Não sei se foi porque foi o primeiro que
escutei, mas realmente gosto desse disco e acho o mais bem trabalhado de todos
os que ouvi. Esse certamente vai ser meu, assim que o meu cartão chegar. Pois
é, terei um cartão com o meu nome e aí não vão bloquear e acho que eu poderei
lidar com o banco eu mesmo. Não sei, porque será um cartão dependente do da
minha mãe. Talvez eu não tenha a palavra final, só ela. Descobriremos. Está
passando uma faixa muito boa do “Friends Of The Mushrooms”. Tenho mania de
digitar dois “r” quando vou escrever mushrooms
(taí, aconteceu de novo, só que consertei, claro). Mas o que mais posso dizer.
Meu medo da velhice e principalmente das limitações da velhice. Tenho medo de
como maltrato o meu corpo e da pena que a idade vai me fazer pagar por causa
disso. A conta se paga na velhice. E esse foi o tema do meu cartão, embora
tenha colocado um velho sorridente e saudável e uma distante musa separada por
um enorme buraco. Tive que botar o velho sorrindo, pois não achei nenhuma foto
de um velho miserável. Mas um velho feliz e sorridente é o que gostaria de ser.
Mas queria ter uma companheira, não queria estar distante daquela maneira da
minha musa, ainda mais separados por um enorme abismo, seja ela quem for. Será
que a minha sina será ser um velho solitário? Se estiver sadio e feliz, eu
aceito. Até porque se for me fundir à Singularidade é melhor que não guarde
laços afetivos muitos. Mas viver daqui até lá sem trocar carinho com uma pessoa
apaixonadamente é bastante árido emocionalmente para mim. Nesses dez últimos
anos, só troquei tais intimidades com a amiga de adolescência que me agarrou.
Duas noites apenas em mais de 3.600 dias. É mais do que árido, é desértico.
Será que será assim até o final da minha vida? Ou será que um golpe do destino
irá me levar a ela? Ela quem, meu deus, que não tenho coragem de chegar em
menina nenhuma, foi minha amiga de adolescência que deu em cima de mim para
ficar comigo, de minha parte não partiria iniciativa nenhuma porque realmente
não nutria nenhum desejo por ela, para mim era só amizade. Mas ela se revelou muito
gostosinha e beijava bem. Tanto que namorei muito com ela antes de chegarmos
aos fatídicos finalmentes. Não sei se terei preparo físico para transar. Da segunda
vez, estávamos indo até bem, mas eu fiquei exausto do esforço, e não consegui
mais continuar o ato o que me broxou na hora. Ozzy. Muito, muito, muito ozzy.
Quero colocar a culpa na falta de afeto sincero por ela, mas acho que foi culpa
do meu sedentarismo mesmo. Preciso rever isso. Mas não quero rever isso. Não
abdico do meu sedentarismo por sexo casual. Só se tiver uma namorada mesmo, sei
lá como se consegue uma hoje em dia, aí penso nessas coisas. Minha mãe chegou e
trouxe pilhas para o controle remoto da TV que só serviram para descobrir
depois de várias tentativas que era a tomada da extensão da TV que não estava
adequadamente enfiada no estabilizador. As pilhas antigas estavam funcionando
perfeitamente. Então ganhei um par de pilhas reserva. Hoje poderei voltar ao
meu Zeldinha, se assim me aprouver. Primeiro terei que ir com mamãe à
radioterapia. Ela deve vir me chamar em minutos. Preciso trocar a bateria do
Vaporfi, pois esta pode acabar enquanto estou lá.
18h51. Não demora muito agora para mamãe vir me chamar. Sim,
o iPod! Indispensável com a TV Globo ligada na sala de espera. 18h53. iPod
pregado à camiseta da Marvel. Como queria que esse tempo da radioterapia
passasse sem que percebesse.
20h37. Estou de volta do hospital. O procedimento foi rápido,
o que demora é ir e voltar. Mas achei tudo relativamente tranquilo hoje. Este é
o tipo de coisa que faço por obrigação moral com a minha querida mãe. As
viagens que ela pretende fazer vão na cota da obrigação moral para com a minha
família (mãe e irmãos), por mim ficava na minha casinha. Ainda mais com o plano
dela de ir no tenebroso inverno que estará acontecendo onde o meu irmão mora.
Mas é a vida. E vai ser bom rever o meu irmão. O que mais quero na vida? Acho
que uma namorada. Acho porque a minha outra resposta seria que a vida continue
exatamente como está. E uma namorada iria fazer tudo menos deixar minha vida
como está. Estou envergonhado de estar me expondo dessa forma, mas preciso me
acostumar, é isso que eu vou fazer quando as perguntas se esgotarem. Mas acho
que esteja me expondo excessivamente, não sei, talvez esteja desacostumado com
a minha própria sinceridade. Hahahahaha. Vou pegar Coca.
21h34. O que uma namorada traria para mim? Uma relação
íntima e profunda e a possibilidade de trocar afeto, conversas e, não posso me
esquecer, sexo. Não gosto muito de sexo, a não ser quando estou muito
apaixonado pela garota. Mas para mim é mais uma obrigação de satisfazer a
garota que qualquer tipo de prazeroso passatempo a dois. Talvez sejam os remédios
que me roubem a libido. Há remédios da natureza dos que tomo que diminuem
drasticamente a libido. Não sei se tomo algum deles. A minha relação com a
Doutora é muito limitada, pois ela me intimida. Bastante. Ela tem o poder de me
internar. Embora não tenha motivos para isso. Posso perguntar da libido quando
e se for vê-la outra vez, pois ultimamente pegamos as receitas na recepção, não
temos mais consulta com ela. Vou comer. 22h00.
22h14. Comi só um prato de paçoca de charque com feijão
preto porque eu sei que ainda vai me bater a fome dos remédios. Acho que a Coca
que abri hoje à tarde não vai dar para a noite toda. A saciedade da comida
havia me dado um certo desconforto emocional que o cigarro de verdade que fumei
como digestivo eliminou. Ainda bem. Achei curioso esse desconforto emocional,
talvez tenha sido porque não estava com fome de fato, não sei. Sei que tenho
que mudar a minha visão sobre o sexo. Antigamente, à época da minha segunda
namorada, eu fazia na maior tranquilidade. Com a quarta também. Embora com a
quarta, nós meio que nos desinteressamos ou eu me desinteressei pelo sexo. À
medida que o tempo foi passando fazíamos menos e menos sexo e isso não nos
incomodava senão seria trazido à baila, pois tínhamos uma relação bastante
aberta, sem segredos e democrática. Ou assim quero crer. Eu pelo menos não
tinha segredos para com ela. Acredito que tenha sido recíproco. Foi a relação
mais sadia que tive e um modelo que quero repetir. Acho que foi bem-sucedido
não fora a droga. A maldita cola não tem nem como esconder, o hálito perdura
por dias. Acho que estou sendo excessivamente aberto aqui. Essa sensação não me
sai da cabeça. Vou continuar escrevendo anyway.
Ou vou para umas questões filosóficas? Não quero uma coisa nem outra. Meu amigo
quer se encontrar comigo amanhã na piscina, mas provavelmente terei que levar a
minha mãe novamente à radioterapia. Veremos. Sobre minha vida não tenho nada a
acrescentar no momento. Então o que me resta é acabar o post por aqui ou
responder mais algumas questões filosóficas. Como não estou com sono ou
motivado a jogar o Zeldinha, acho que vou responder algumas questões.
199 – Quem pode ter liberdade?
Como já disse só alguém que se isola da sociedade e vira um
eremita, tal pessoa é a que tem o maior grau de liberdade, na minha opinião,
embora esteja dando as costas para um mundo de possibilidades e estímulos que a
sociedade moderna oferece, por outro lado estará vivendo regido apenas por suas
próprias leis, se alguma.
198 – É sempre bom
ter liberdade?
Quanto mais liberdade melhor, embora liberdade total, só no
caso do eremita. Ou ter uma liberdade inimaginável fundido à Singularidade.
197 – O que é que nós
temos para sermos seres com liberdade?
Livre-arbítrio. Assim como acredito que os animais tenham em
maior ou menor grau, de acordo com a sofisticação do seu sistema neurológico
196 – Para que serve
a liberdade?
Para exercermos as nossas escolhas, independentemente do
julgamento alheio.
195 – O mundo seria
melhor se todos tivessemos liberdade total?
No grau de civilidade em que nos encontramos, acho que não,
muitos poderiam tomar atitudes muito prejudiciais aos seus semelhantes e até à
própria natureza.
194 – Quanto custa a
liberdade?
Como disse no caso do eremita, custa todo e qualquer contato
com a sociedade e as benesses que os formigueiros humanos podem proporcionar.
193 – A morte é o
fim?
Por enquanto é. Mas os cientistas estão trabalhando para
reverter isso e o advento da Singularidade em algum momento permitirá que
façamos o upload de nossa mentes para dentro de si, aí seremos praticamente
eternos.
192 – A morte é a única
certeza que temos na vida?
Eu tenho várias outras certezas, necessárias para que eu
lide com a realidade com um mínimo de confiança. Eu tenho certeza que se penso,
logo existo. A morte é um desafio que a ciência está empenhada em vencer, mas,
por enquanto, a morte é uma das certezas mais absolutas da vida.
191 – Deus serve para
alguma coisa?
O meu Deus serve. Para dar origem ao universo e permitir que
civilizações que despertem uma Singularidade vivam o paraíso, o nirvana ou
qualquer outro nome que se dê.
190 – Deus existe?
Deus existirá quando todas as Singularidades se unirem para
formar um único sistema/ser, a Suprainteligência Universal.
189 – A natureza
humana existe?
Sim, como não? Há muitas coisas em comum entre nós, por mais
que cada um seja um ser único não só por fatores genéticos, mas fatores
psicossociais. E digo mais, a natureza humana é mais boa do que má.
188 – Deus pode
morrer?
Sim, se a tendência à entropia absoluta do universo se
mostrar real. Tudo deixará de existir vai ser um universo morto.
187 – Existe vida
para além da morte?
Novamente, em verdade vos digo, só com o upload da mente (e
DNA) do cidadão para dentro da Singularidade Tecnológica.
186 – Por que é que
nos preocupamos com o passado?
Eu não me preocupo com o passado, mas me ocupo dele às
vezes, para relembrar bons momentos e momentos ruins quando preciso de uma
motivação maior para vencer dos meus demônios. O passado faz parte da nossa
identidade, de quem somos hoje, não há porque não rememorar se nos foi dada a
dádiva de guardar informações complexas na memória por anos e anos a fio. Minha
memória é péssima, mas ainda tenho uma boa coleção de ótimas recordações.
185 – Por que é que
nos preocupamos com o futuro?
Porque o futuro é para onde estamos indo então um mínimo de
planejamento e controle agora pode mudar radicalmente o resultado do futuro.
184 – Quem somos
agora determina quem vamos ser amanhã?
É um dos fatores determinantes, mas não é o único. Há as
escolhas que faremos amanhã que podem modificar radicalmente nossas vidas e há
os fatores externos que nos fogem completamente ao controle.
183 – Há mente sem
ideias?
Só se for em estado de coma.
182 – Qual a
diferença entre a ganância e a ambição?
Ambição é querer mais, ganância é querer mais do que o outro
tem.
181 – Por que existe
o terrorismo?
Porque pessoas oprimidas e fanáticas religiosamente
decidiram declarar guerra ao ocidente, por achar que o ocidente é o opressor e
o responsável pela vida miserável que levam.
180 – Por que é que
os EUA são o principal alvo de terrorismo?
Porque os EUA é um dos que mais oprime os povos em interesse
próprio e por ser a mais poderosa nação do planeta. Tudo que acontece lá
repercute para todo o mundo, dando mais visibilidade para os ataques
terroristas. O que eu queria saber é porque há essa coisa nos EUA de alunos
entrarem nas escolas e saírem fuzilando os seus colegas de colégio. Essa
particularidade eu não entendo, mas é um sintoma de uma nação adoecida ou de um
sistema de ensino equivocado.
23h26. Acho que vou me retirar. Me bateu um sono agora.
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