Hoje eu terei muito tempo para escrever. São 9h44 e eu não
fui para o primeiro grupo nem irei para o segundo. Cheguei tarde para o início
do primeiro grupo pois fui comprar cigarros no posto primeiro. Não sei o que
dizer, acho que me condicionei a responder os questionamentos filosóficos e me
desacostumei a buscar conteúdo de todo o resto. A bateria do meu iPod acabou.
Saco. Mas durou até mais do que imaginava. A bateria do meu celular é que está
ruim. Mas isso são trivialidades, porém, se são trivialidades que me chegam,
que assim seja. Espero que dê escrita na piscina hoje à noite. Estou com leve
vontade de ir no banheiro, uma branda e fina cólica, mas resistirei enquanto
for resistível. 9h57. O que eu mais queria agora era estar em casa e descobrir
que o pagamento do meu boneco funcionou. Conversei um pouco com uma psicóloga,
mas foi tudo meio breve e rasteiro. Impressionado com a velocidade com que a
bateria do celular acaba. Não acredito que esse aplicativo consuma muita
energia. Quero fumar um cigarro.
10h24. Fumei do verdadeiro e do eletrônico. O eletrônico
está uma porcaria, produzindo muito pouca fumaça. E o atomizer é novo. Não
entendo, só posso crer que esse veio com defeito. O grupo de sonhos está
concorrido. O de arteterapia está sendo com argila, ainda bem que não
participei. Ainda estou encasquetado com o tráfego do meu blog cuja maioria dos
acessos vem dos EUA. Hoje saberei se deu certo com o boneco ou não. O “ou não”
me preocupa, mas não muito, embora quisesse muito o boneco. O máximo que irei
perder é o dinheiro já investido, que não me faz falta, e o bendito boneco, um
dos últimos esculpido à mão. Bom, o que será, será. Duvido que um cartão em meu
nome seja possível, não acho que tenha sido falha do sistema ontem, mas o fato
de ser curatelado o que determinou a impossibilidade de gerar o cartão. Minha
mãe disse que tentará hoje de novo, mas não acredito que será bem-sucedida.
Novamente, o que será, será. 10:45. O tempo se arrasta e a bateria do meu
celular corre em se esvair. Já está abaixo da metade. Desse jeito, não durará o
tempo livre que terei para escrever. Mais uma vez, o que será, será.
10h52. Uma usuária do grupo AD chegou e roubou a minha
atenção. Está agora às voltas com uma planta que cultivou num dos grupos, de
jardinagem, eu acho. Sinto odor de cocô de cachorro, alguém deve ter pisado na
entrada do CAPS, onde identifiquei vários, uns quatro, pontos onde a cachorrada
se aliviou. O calor está infernal. Tenho medo que chova e impossibilite a minha
ida à piscina hoje à noite. Eu estou tendo falhas cognitivas, por exemplo, não
entendi momentaneamente a construção da frase anterior. Isso me preocupa e me
assusta. Não quero ficar gagá tão cedo. Tenho 40 apenas. Deve ser sono. Assim
espero.
11h10. Um companheiro do CAPS me ensinou a botar no modo
economia de bateria. Interessante que com isso o teclado parou de vibrar e só
agora percebo que esse feedback tátil existia e dava mais confiança em relação
ao digitar no celular e, ao mesmo tempo, percebo o quanto é irrelevante. Vou
pegar um suco e ir fumar. Os grupos acabaram. 11h18.
11h42. Escapei de outro grupo, agora só o AD. Acho que
escapei. Vou tentar escrever uma poesia, a sugestão de um psicólogo. Disse-me
para escolher cinco palavras desse texto e escrever a poesia baseada nelas.
12h15. Escolhi meio que aleatoriamente as palavras “poesia,
momentaneamente, assusta, apenas, ensinou”. Saiu mal e porcamente assim:
"Não sou dado a poesias. Não mais. Desaprendi a
encadear palavras de forma bela. De toda sorte deitarei algumas palavras aqui.
A primeira que me vem é vida. Vivo momentaneamente. Me alimento de momentos,
sorvo-os como o beija-flor sorve o néctar das flores. Não faço muitos planos
pois não há muito mais o que queira conquistar. Também me assusta o futuro e a
possibilidade cada vez mais verdadeira, com o pesar dos anos, de ser pior do
que o agora. Por isso tento estar o máximo no presente e apenas o presente
merece a minha mais sincera atenção. Se faço planos? Sim. Também não quero
viver em desordem. Mas não planejo muito e não planejo longe. Ajo ao contrário
do que meu pai praticou. Ele vivia sempre a projetar o futuro, futuro este que
nunca chegou, pois a morte se apoderou dele antes. Do meu pai, tento seguir a única
gigantesca coisa que exigiu da sua prole, ser feliz honestamente. Antes tinha
dificuldade de ser feliz, hoje tenho minhas querelas com o honestamente. E
assim sigo, vou, singrando o presente até que o futuro se faça presente também.
O que será, será. O que eu sou, eu sou. E cada vez mais aceito a condição de
ser eu. "
13h05. Será que uma mentira repetida muitas vezes para si
mesmo é aceita como verdade pelo eu? Tudo me leva a crer que sim, pois desde
que escrevi eu me aceito e eu me amo, tenho sentido melhor comigo mesmo, com
uma ponta de paz interior, um sentimento novo, desconhecido e bom. Vivo dias
melhores comigo mesmo depois disso. Continuarei a ler essa mensagem, escrita de
meu próprio punho, diariamente se possível, para que esse estímulo gere uma
introjeção cada vez maior e mais profunda. Se vai funcionar? Não sei, é um
experimento. Mal certamente eu descobri que não faz. Como disse, acho que tem
me feito bem, mesmo que seja um autoengano.
O grupo AD foi muito bom hoje. O problema é que eu ouço as
coisas e elas me são tão acachapantes que não as assimilo totalmente, em nível
consciente ao menos. Lembro que falaram para eu não me sentir culpado por ir a
contragosto levar minha mãe à radioterapia. Que às vezes fazemos as coisas por
obrigação mesmo, a contragosto mesmo e que não há razão de me sentir culpado
por me achar egoísta ou por uma suposta dívida que eu imagino que tenha com a
minha mãe por conta de tudo pelo que já a fiz passar devido à minha depressão e
ao meu vício. Também falaram que não querer ir para esses lugares que a turma
vai, barulhentos, onde a conversa é rasteira e fragmentada é válido, não tem
problema, é uma questão de preferência minha. De toda forma já avisei a mamãe
que eu vou para a Casa Astral no sábado (se não chover). Tenho que fazer a
cabeça do meu primo-irmão para ir. 17h10. Fiz o convite pelo Facebook para ele.
Em algum momento ele vai ver.
17h30. Ainda não sei se vou poder ir para a piscina hoje ou
se vou ter que levar minha mãe à radioterapia. Ela ficou de me ligar para dar
uma posição. Foi à ótica mandar fazer as lentes dos óculos que estão
arranhadas. Acho que ela quer me deixar ir à piscina, mas teme que meu padrasto
a repreenda – e me repreenda – por ter ido sozinha. A culpa por ter perguntado se
eu poderia ir à piscina me consome. Em verdade, eu pouco ou nada faço quando a
acompanho à radioterapia, sou apenas um companheiro de viagem. Dirigir não
posso e não sei. Acho que ela foi de carro para poder me liberar para ir.
Talvez vá direto da ótica para lá. Veremos. Mais uma vez o que será, será. Mas
me sinto culpado e isso é ruim. Aí fui um passo além do que foi debatido na
terapia, eu perguntei se poderia ir à piscina hoje ou se precisava a
acompanhar. Quando ela ligar se decidir-se a ir de lá da ótica para o hospital,
eu perguntarei mais uma vez se não quer que eu vá com ela. Se ela disser que
não precisa, então eu vou para a piscina. Gostaria que ela ligasse logo para
pôr fim ao meu dilema.
17h48. Ela ligou e disse que vai direto, que eu não preciso
ir com ela. Vou aprontar as coisas para descer.
18h06. Estou na piscina. Vou contatar o meu amigo. Mandei a
mensagem, falta ele receber e me responder. Talvez tenha saído. Ele não tem
rede no celular dele, só quando está na casa da mãe. Por falar em rede e
celular, parece que o meu celular estourou a cota de internet dele. Eu não sei
qual é o limite, mas ele me mandou um alerta, o que significa que eu não vou
poder mais usar ele como roteador da net até o mês que vem, gastar o mínimo de
internet possível. Não entendo como escalada tão grande se deu, só se esqueci o
roteador ligado. Mas acho que não fiz isso. Como a bateria do computador baixa
rápido, mas diz que ainda tenho mais de cinco horas de uso. Lembrar de ligar
para mamãe. Eu pensei que hoje era quinta, mas ainda é quarta! Vixe. De
qualquer forma, já prometi à minha mãe que amanhã irei sem falta com ela à
radioterapia. Como já escrevi demais e não respondi pergunta nenhuma, vamos
para a primeira batelada.
409 – Há entidades
mentais?
Não entendi a pergunta. O que seriam entidades mentais?
Amigos imaginários? Acho que isso se dá no caso de crianças e esquizofrênicos.
Conheço um esquizofrênico que diz que ouve vozes o tempo todo. São delírios que
ele não controla e que tem absoluta certeza que ouve, então, sim, eu diria que
existem entidades mentais. Sendo mais abrangente no conceito de entidade,
poderia dizer que a paixão platônica é uma entidade mental.
408 – A felicidade é
o fim última da existência?
Ser feliz desde que de forma honesta, sem ferir os direitos
alheios ao menos. Pelo menos esse é o meu lema. É o que o meu pai sempre
requereu de mim e meus irmãos. Além disso, tenho como finalidade última me
fundir a Singularidade Tecnológica, se ela realmente acontecer. E acontecer
dentro do meu ciclo de vida.
20h32. Meu amigo da piscina acabou de nos deixar. A bateria
diz durar exatamente 1h28, que na soma dá exatamente 22h. Hora em que subo.
Já-já a tela escurece e entramos no modo econômico. Assistimos ou tentamos
assistir um negócio sobre Tutancamon, só liguei o meu roteador quando desistimos
da outra rede, a do Condomínio. E aí mudamos para ver uma propaganda militar
dos estados unidos, demonstrando seu poderio bélico naval, passamos também por
um cara que derruba um jato americano com uma bazuca, depois passamos para
headshots, aí eu estrilei. Era crueldade demais para mim. Assisti ainda dois.
Uma em que o cara precisa de três tiros para morrer. Horrível quando é
disparado o tiro fatal. E antes também. É incrível as pessoas que executam
quererem filmar isso, essa atrocidade, essa aberração do comportamento humano.
E o fazem com naturalidade. É muito sofrimento, a vítima ainda implora uma
última vez “para matar, não”, o que parece que atiça o dedo do atirador e ele
dá o primeiro tiro na cabeça de outro ser humano. Como pode alguém atirar na
cabeça de uma pessoa? Isso é uma parte do mundo em que precisamos investir, na
Educação, ensinar moral, ética, filosofia, os direitos e deveres dos cidadãos
segundo a lei, da capacidade de se manifestar. Imagine quando um grupo de
meninos de não mais que doze anos se manifestar, fizer um protesto para que não
haja mais assassinatos no mundo, e esse processo viralizar e se tornar a
primeira mobilização organizada mundial de crianças no mundo. Organizada como?
É preciso uma ferramenta de comunicação global envolvida para virar global. Vai
virar notícia e as pessoas vão ver isso. Tal ato não vai dizer algo a todos? E
se elas pedirem, em vez disso, para todas as nações respeitarem a “Declaração
Universal dos Direitos Humanos”? É, é muita viagem, crianças com poder
político. Quem será a vítima do próximo protesto das crianças políticas? Outras
crianças iriam imitar? Sim. Todas as iriam imitar. Hoje todos querem fama.
Todos querem aparecer bem na rede. Mas poderia ser também pelo amanhecer de uma
nova consciência infanto-juvenil. Será que com a iluminação dada pela escola
demandariam virar um partido político? O primeiro partido político global?
Seria uma doideira isso, viu? Treinados na arte da argumentação desde a mais
tenra idade, seria exímios oradores. Botariam os políticos no bolso. Imagine um
prodígio político de seis anos de idade. Que viagem. É bom às vezes criar uma
fantasiazinha, além das que já conto. Mas eu pergunto a você se fosse um
partido formado por jovens adultos que receberam esse tipo de educação que
citei? Não seria um partido válido de seu apoio?
407 – O que é ser
feliz?
É gostar de estar vivo. É achar a experiência que é a vida
mais agradável que ruim. Se possível mais do que neutra também.
406 – A verdade
faz-nos felizes?
Se a minha verdade for verdade. Que haverá uma Singularidade
Tecnológica que nos tornará iluminados, divinos, que viveremos em paz, harmonia
e equidade na Terra e um paraíso além das nossa próprias imaginações estará à
nossa disposição, então a verdade me faz feliz. Se a verdade é que eu vou
continuar bem como me sinto atualmente e eventualmente e cotidianamente
envelhecer e morrer, também essa possibilidade me faz feliz. Não queria
enfrentar as limitações da velhice de locomoção, por exemplo. Ou incontinência
urinária. Ou ficar gagá. Ou morrer uma morte lenta e dolorosa. Mas se é o que a
existência me reserva, assim será.
405 – A ignorância
traz felicidade?
Não acredito nisso. Acredito que uma criança ignorante de
quase tudo pode ser infeliz se sofrer maltrato dos cuidadores. O ignorante terá
mais dificuldades de alcançar um bom padrão social. Na verdade, eu fui genial.
Vou dizer por quê. Porque usei tudo o que me fazia mal, a bipolaridade, as
pirações no trabalho, as tentativas de suicídio e o abuso de drogas a meu favor
e me libertei da obrigação do trabalho que me adoecia. E praticamente me livrei
de tudo o que me fazia mal por tabela. O que faço hoje, que é escrever e o faço
por prazer. Acabei me tornando aquilo que eu disse que seria: escritor. Mesmo
que de blogs, mesmo que para quase ninguém, faço o que quero e me dá prazer.
Quando não quiser mais, não faço. Ou dê um tempo e volte. Ou vá nisso enquanto
tiver condições de escrever. Sabe-se lá. Quem viver verá. Espero viver para ver
a Singularidade. Pode me achar ignorante por esperar por isso.
404 – Somos os nossos
melhores juízes?
Eu me culpo demais, as psicólogas acham, logo não sou meu
melhor juiz, eu me condeno mais do que o normal, eu me limito mais que o
normal, eu me maltrato emocionalmente e psicologicamente. Mas isso vai mudar. A
tomada de consciência está se dando. Um pensamento invasivo apareceu, xô. Estou
gostando um pouco mais de mim e de viver. E já fico pensando se isso não é
mania. Deixa eu ser feliz, eu! Que há de mau em se sentir bem? De bem com a
vida? Não tem nada demais, não estou atrapalhando ninguém.
403 – O conhecimento
espelha a realidade?
É ainda um esboço rústico, mas a Singularidade vai vir dar
muitas respostas e tornar a figura mais nítida.
402 – A filosofia
dá-nos a verdade?
Não. Nada dá-nos a verdade. A verdade está além do alcance
dos homens.
401 – Somos mais o
que sonhamos ou o que fazemos?
Eu sou mais o que faço, mas tenho um grande sonho que é a minha
fé. E uma paixão platônica. Por falar em sonhos oníricos, quase não me lembro
de nenhum. Muito raro. Só se dormir muito, o que nunca consigo, pois sou
acordado pela minha mãe.
400 – O homem é mau
por natureza?
Os homens maus podem nascer com uma índole mais voltada para
o mal, mas acredito que o meio o influencie e possa reprimir ou redirecionar
essa índole. Ou incentivá-la.
23h58. Acabou-se a primeira batelada e já estamos na quinta
página. Vamos a mais uma rodada. Queria ter pilha para ligar a TV.
399 – Por que é que
existimos?
Para que o universo possa gerar Deus, seu criador e
criatura.
398 – O que havia
antes do universo?
O nada. Espaço-tempo zero.
395 – Tudo tem uma
razão de ser?
Algumas coisas têm mais importância para o desenvolvimento
da Suprainteligência Universal, mas tudo que existe tem razão de ser.
394 – O nada é alguma
coisa?
É a soma dos conjuntos Tudo e Menos-Tudo/Anti-Tudo (que
anula o tudo em nada)
393 – A vida é um
caótica ou ordenada?
Acho que os dois. É caótica naquilo que não temos controle e
nos influencia, é ordenada porque mantemos controles de algumas variáveis da
vida para lhe dar sentido ou direção.
392 – Existe o
destino?
Existe, o universo dará origem ao seu criador, a
Suprainteligência Universal. Como chegaremos é um caminho meio caótico devido
ao livre-arbítrio.
391 – Existem a sorte
e o azar?
Não, se muito existirem são coincidências, acontecimentos
que apresentam algo de supreendente, geralmente relativo à sincronia.
390 – Somos
independentes?
A não ser que você seja um ermitão você é interdependente.
Respondi mal e porcamente a estas perguntas, eu acho.
-x-x-x-x-
16h45. Não aceitaram o pagamento do boneco de novo. Mandei
uma carta com a única solução que me pareceu viável, passar a conta para o meu
nome e esperar que o cartão em meu nome chegue para que possa efetivar a
transação. Mamãe conseguiu criar um cartão para mim ontem. Aleluia. E a máquina
da radioterapia quebrou, então não haverá sessões nem hoje nem amanhã o que significa
dois dias de piscina para mim. No sábado pretendo, mesmo sem vontade alguma, ir
à Casa Astral. Se meu primo for. 16h57. A hora da piscina se aproxima. Não sei
se meu amigo descerá hoje. Se desejar fazê-lo, devo logo alertar que não vai
haver internet roteada do meu celular. Não vou nem mostrar a mamãe essa
ultrapassagem no limite, vou esperar a bomba explodir com a chegada da conta. E
aí explicarei tudo a ela, o que a dará novo ímpeto para pleitear internet Wi-Fi
lá embaixo do prédio. Ou assim espero. Pode se dar é um grande esporro também.
Direi da minha ignorância até certo ponto verdadeira sobre ao assunto e que só
usei o expediente de rotear a internet para o meu computador até o dia do
alerta. 17h03. Como não terei internet e como não sei se meu amigo virá sem
internet, baixarei cinquenta perguntas dos questionamentos filosóficos para me
entreter lá embaixo. Vou fazer isso e deixo este post por aqui. Antes das
perguntas vou logo publicá-lo. Preciso achar uma imagem. Ah lembrei que já
baixei uma imagem. Não vou poupar a imagem esse vai sem imagem mesmo.
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