quinta-feira, 18 de maio de 2017

DO CAPS PARA A PISCINA, ALGUMAS QUESTÕES FILOSÓFICAS E UMA VIAGEM

Hoje eu terei muito tempo para escrever. São 9h44 e eu não fui para o primeiro grupo nem irei para o segundo. Cheguei tarde para o início do primeiro grupo pois fui comprar cigarros no posto primeiro. Não sei o que dizer, acho que me condicionei a responder os questionamentos filosóficos e me desacostumei a buscar conteúdo de todo o resto. A bateria do meu iPod acabou. Saco. Mas durou até mais do que imaginava. A bateria do meu celular é que está ruim. Mas isso são trivialidades, porém, se são trivialidades que me chegam, que assim seja. Espero que dê escrita na piscina hoje à noite. Estou com leve vontade de ir no banheiro, uma branda e fina cólica, mas resistirei enquanto for resistível. 9h57. O que eu mais queria agora era estar em casa e descobrir que o pagamento do meu boneco funcionou. Conversei um pouco com uma psicóloga, mas foi tudo meio breve e rasteiro. Impressionado com a velocidade com que a bateria do celular acaba. Não acredito que esse aplicativo consuma muita energia. Quero fumar um cigarro.

10h24. Fumei do verdadeiro e do eletrônico. O eletrônico está uma porcaria, produzindo muito pouca fumaça. E o atomizer é novo. Não entendo, só posso crer que esse veio com defeito. O grupo de sonhos está concorrido. O de arteterapia está sendo com argila, ainda bem que não participei. Ainda estou encasquetado com o tráfego do meu blog cuja maioria dos acessos vem dos EUA. Hoje saberei se deu certo com o boneco ou não. O “ou não” me preocupa, mas não muito, embora quisesse muito o boneco. O máximo que irei perder é o dinheiro já investido, que não me faz falta, e o bendito boneco, um dos últimos esculpido à mão. Bom, o que será, será. Duvido que um cartão em meu nome seja possível, não acho que tenha sido falha do sistema ontem, mas o fato de ser curatelado o que determinou a impossibilidade de gerar o cartão. Minha mãe disse que tentará hoje de novo, mas não acredito que será bem-sucedida. Novamente, o que será, será. 10:45. O tempo se arrasta e a bateria do meu celular corre em se esvair. Já está abaixo da metade. Desse jeito, não durará o tempo livre que terei para escrever. Mais uma vez, o que será, será.

10h52. Uma usuária do grupo AD chegou e roubou a minha atenção. Está agora às voltas com uma planta que cultivou num dos grupos, de jardinagem, eu acho. Sinto odor de cocô de cachorro, alguém deve ter pisado na entrada do CAPS, onde identifiquei vários, uns quatro, pontos onde a cachorrada se aliviou. O calor está infernal. Tenho medo que chova e impossibilite a minha ida à piscina hoje à noite. Eu estou tendo falhas cognitivas, por exemplo, não entendi momentaneamente a construção da frase anterior. Isso me preocupa e me assusta. Não quero ficar gagá tão cedo. Tenho 40 apenas. Deve ser sono. Assim espero.

11h10. Um companheiro do CAPS me ensinou a botar no modo economia de bateria. Interessante que com isso o teclado parou de vibrar e só agora percebo que esse feedback tátil existia e dava mais confiança em relação ao digitar no celular e, ao mesmo tempo, percebo o quanto é irrelevante. Vou pegar um suco e ir fumar. Os grupos acabaram. 11h18.

11h42. Escapei de outro grupo, agora só o AD. Acho que escapei. Vou tentar escrever uma poesia, a sugestão de um psicólogo. Disse-me para escolher cinco palavras desse texto e escrever a poesia baseada nelas.

12h15. Escolhi meio que aleatoriamente as palavras “poesia, momentaneamente, assusta, apenas, ensinou”. Saiu mal e porcamente assim:
"Não sou dado a poesias. Não mais. Desaprendi a encadear palavras de forma bela. De toda sorte deitarei algumas palavras aqui. A primeira que me vem é vida. Vivo momentaneamente. Me alimento de momentos, sorvo-os como o beija-flor sorve o néctar das flores. Não faço muitos planos pois não há muito mais o que queira conquistar. Também me assusta o futuro e a possibilidade cada vez mais verdadeira, com o pesar dos anos, de ser pior do que o agora. Por isso tento estar o máximo no presente e apenas o presente merece a minha mais sincera atenção. Se faço planos? Sim. Também não quero viver em desordem. Mas não planejo muito e não planejo longe. Ajo ao contrário do que meu pai praticou. Ele vivia sempre a projetar o futuro, futuro este que nunca chegou, pois a morte se apoderou dele antes. Do meu pai, tento seguir a única gigantesca coisa que exigiu da sua prole, ser feliz honestamente. Antes tinha dificuldade de ser feliz, hoje tenho minhas querelas com o honestamente. E assim sigo, vou, singrando o presente até que o futuro se faça presente também. O que será, será. O que eu sou, eu sou. E cada vez mais aceito a condição de ser eu. "

13h05. Será que uma mentira repetida muitas vezes para si mesmo é aceita como verdade pelo eu? Tudo me leva a crer que sim, pois desde que escrevi eu me aceito e eu me amo, tenho sentido melhor comigo mesmo, com uma ponta de paz interior, um sentimento novo, desconhecido e bom. Vivo dias melhores comigo mesmo depois disso. Continuarei a ler essa mensagem, escrita de meu próprio punho, diariamente se possível, para que esse estímulo gere uma introjeção cada vez maior e mais profunda. Se vai funcionar? Não sei, é um experimento. Mal certamente eu descobri que não faz. Como disse, acho que tem me feito bem, mesmo que seja um autoengano.

O grupo AD foi muito bom hoje. O problema é que eu ouço as coisas e elas me são tão acachapantes que não as assimilo totalmente, em nível consciente ao menos. Lembro que falaram para eu não me sentir culpado por ir a contragosto levar minha mãe à radioterapia. Que às vezes fazemos as coisas por obrigação mesmo, a contragosto mesmo e que não há razão de me sentir culpado por me achar egoísta ou por uma suposta dívida que eu imagino que tenha com a minha mãe por conta de tudo pelo que já a fiz passar devido à minha depressão e ao meu vício. Também falaram que não querer ir para esses lugares que a turma vai, barulhentos, onde a conversa é rasteira e fragmentada é válido, não tem problema, é uma questão de preferência minha. De toda forma já avisei a mamãe que eu vou para a Casa Astral no sábado (se não chover). Tenho que fazer a cabeça do meu primo-irmão para ir. 17h10. Fiz o convite pelo Facebook para ele. Em algum momento ele vai ver.

17h30. Ainda não sei se vou poder ir para a piscina hoje ou se vou ter que levar minha mãe à radioterapia. Ela ficou de me ligar para dar uma posição. Foi à ótica mandar fazer as lentes dos óculos que estão arranhadas. Acho que ela quer me deixar ir à piscina, mas teme que meu padrasto a repreenda – e me repreenda – por ter ido sozinha. A culpa por ter perguntado se eu poderia ir à piscina me consome. Em verdade, eu pouco ou nada faço quando a acompanho à radioterapia, sou apenas um companheiro de viagem. Dirigir não posso e não sei. Acho que ela foi de carro para poder me liberar para ir. Talvez vá direto da ótica para lá. Veremos. Mais uma vez o que será, será. Mas me sinto culpado e isso é ruim. Aí fui um passo além do que foi debatido na terapia, eu perguntei se poderia ir à piscina hoje ou se precisava a acompanhar. Quando ela ligar se decidir-se a ir de lá da ótica para o hospital, eu perguntarei mais uma vez se não quer que eu vá com ela. Se ela disser que não precisa, então eu vou para a piscina. Gostaria que ela ligasse logo para pôr fim ao meu dilema.

17h48. Ela ligou e disse que vai direto, que eu não preciso ir com ela. Vou aprontar as coisas para descer.

18h06. Estou na piscina. Vou contatar o meu amigo. Mandei a mensagem, falta ele receber e me responder. Talvez tenha saído. Ele não tem rede no celular dele, só quando está na casa da mãe. Por falar em rede e celular, parece que o meu celular estourou a cota de internet dele. Eu não sei qual é o limite, mas ele me mandou um alerta, o que significa que eu não vou poder mais usar ele como roteador da net até o mês que vem, gastar o mínimo de internet possível. Não entendo como escalada tão grande se deu, só se esqueci o roteador ligado. Mas acho que não fiz isso. Como a bateria do computador baixa rápido, mas diz que ainda tenho mais de cinco horas de uso. Lembrar de ligar para mamãe. Eu pensei que hoje era quinta, mas ainda é quarta! Vixe. De qualquer forma, já prometi à minha mãe que amanhã irei sem falta com ela à radioterapia. Como já escrevi demais e não respondi pergunta nenhuma, vamos para a primeira batelada.

409 – Há entidades mentais?
Não entendi a pergunta. O que seriam entidades mentais? Amigos imaginários? Acho que isso se dá no caso de crianças e esquizofrênicos. Conheço um esquizofrênico que diz que ouve vozes o tempo todo. São delírios que ele não controla e que tem absoluta certeza que ouve, então, sim, eu diria que existem entidades mentais. Sendo mais abrangente no conceito de entidade, poderia dizer que a paixão platônica é uma entidade mental.

408 – A felicidade é o fim última da existência?
Ser feliz desde que de forma honesta, sem ferir os direitos alheios ao menos. Pelo menos esse é o meu lema. É o que o meu pai sempre requereu de mim e meus irmãos. Além disso, tenho como finalidade última me fundir a Singularidade Tecnológica, se ela realmente acontecer. E acontecer dentro do meu ciclo de vida.

20h32. Meu amigo da piscina acabou de nos deixar. A bateria diz durar exatamente 1h28, que na soma dá exatamente 22h. Hora em que subo. Já-já a tela escurece e entramos no modo econômico. Assistimos ou tentamos assistir um negócio sobre Tutancamon, só liguei o meu roteador quando desistimos da outra rede, a do Condomínio. E aí mudamos para ver uma propaganda militar dos estados unidos, demonstrando seu poderio bélico naval, passamos também por um cara que derruba um jato americano com uma bazuca, depois passamos para headshots, aí eu estrilei. Era crueldade demais para mim. Assisti ainda dois. Uma em que o cara precisa de três tiros para morrer. Horrível quando é disparado o tiro fatal. E antes também. É incrível as pessoas que executam quererem filmar isso, essa atrocidade, essa aberração do comportamento humano. E o fazem com naturalidade. É muito sofrimento, a vítima ainda implora uma última vez “para matar, não”, o que parece que atiça o dedo do atirador e ele dá o primeiro tiro na cabeça de outro ser humano. Como pode alguém atirar na cabeça de uma pessoa? Isso é uma parte do mundo em que precisamos investir, na Educação, ensinar moral, ética, filosofia, os direitos e deveres dos cidadãos segundo a lei, da capacidade de se manifestar. Imagine quando um grupo de meninos de não mais que doze anos se manifestar, fizer um protesto para que não haja mais assassinatos no mundo, e esse processo viralizar e se tornar a primeira mobilização organizada mundial de crianças no mundo. Organizada como? É preciso uma ferramenta de comunicação global envolvida para virar global. Vai virar notícia e as pessoas vão ver isso. Tal ato não vai dizer algo a todos? E se elas pedirem, em vez disso, para todas as nações respeitarem a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”? É, é muita viagem, crianças com poder político. Quem será a vítima do próximo protesto das crianças políticas? Outras crianças iriam imitar? Sim. Todas as iriam imitar. Hoje todos querem fama. Todos querem aparecer bem na rede. Mas poderia ser também pelo amanhecer de uma nova consciência infanto-juvenil. Será que com a iluminação dada pela escola demandariam virar um partido político? O primeiro partido político global? Seria uma doideira isso, viu? Treinados na arte da argumentação desde a mais tenra idade, seria exímios oradores. Botariam os políticos no bolso. Imagine um prodígio político de seis anos de idade. Que viagem. É bom às vezes criar uma fantasiazinha, além das que já conto. Mas eu pergunto a você se fosse um partido formado por jovens adultos que receberam esse tipo de educação que citei? Não seria um partido válido de seu apoio?

407 – O que é ser feliz?
É gostar de estar vivo. É achar a experiência que é a vida mais agradável que ruim. Se possível mais do que neutra também.

406 – A verdade faz-nos felizes?
Se a minha verdade for verdade. Que haverá uma Singularidade Tecnológica que nos tornará iluminados, divinos, que viveremos em paz, harmonia e equidade na Terra e um paraíso além das nossa próprias imaginações estará à nossa disposição, então a verdade me faz feliz. Se a verdade é que eu vou continuar bem como me sinto atualmente e eventualmente e cotidianamente envelhecer e morrer, também essa possibilidade me faz feliz. Não queria enfrentar as limitações da velhice de locomoção, por exemplo. Ou incontinência urinária. Ou ficar gagá. Ou morrer uma morte lenta e dolorosa. Mas se é o que a existência me reserva, assim será.

405 – A ignorância traz felicidade?
Não acredito nisso. Acredito que uma criança ignorante de quase tudo pode ser infeliz se sofrer maltrato dos cuidadores. O ignorante terá mais dificuldades de alcançar um bom padrão social. Na verdade, eu fui genial. Vou dizer por quê. Porque usei tudo o que me fazia mal, a bipolaridade, as pirações no trabalho, as tentativas de suicídio e o abuso de drogas a meu favor e me libertei da obrigação do trabalho que me adoecia. E praticamente me livrei de tudo o que me fazia mal por tabela. O que faço hoje, que é escrever e o faço por prazer. Acabei me tornando aquilo que eu disse que seria: escritor. Mesmo que de blogs, mesmo que para quase ninguém, faço o que quero e me dá prazer. Quando não quiser mais, não faço. Ou dê um tempo e volte. Ou vá nisso enquanto tiver condições de escrever. Sabe-se lá. Quem viver verá. Espero viver para ver a Singularidade. Pode me achar ignorante por esperar por isso.

404 – Somos os nossos melhores juízes?
Eu me culpo demais, as psicólogas acham, logo não sou meu melhor juiz, eu me condeno mais do que o normal, eu me limito mais que o normal, eu me maltrato emocionalmente e psicologicamente. Mas isso vai mudar. A tomada de consciência está se dando. Um pensamento invasivo apareceu, xô. Estou gostando um pouco mais de mim e de viver. E já fico pensando se isso não é mania. Deixa eu ser feliz, eu! Que há de mau em se sentir bem? De bem com a vida? Não tem nada demais, não estou atrapalhando ninguém.

403 – O conhecimento espelha a realidade?
É ainda um esboço rústico, mas a Singularidade vai vir dar muitas respostas e tornar a figura mais nítida.

402 – A filosofia dá-nos a verdade?
Não. Nada dá-nos a verdade. A verdade está além do alcance dos homens.

401 – Somos mais o que sonhamos ou o que fazemos?
Eu sou mais o que faço, mas tenho um grande sonho que é a minha fé. E uma paixão platônica. Por falar em sonhos oníricos, quase não me lembro de nenhum. Muito raro. Só se dormir muito, o que nunca consigo, pois sou acordado pela minha mãe.

400 – O homem é mau por natureza?
Os homens maus podem nascer com uma índole mais voltada para o mal, mas acredito que o meio o influencie e possa reprimir ou redirecionar essa índole. Ou incentivá-la.

23h58. Acabou-se a primeira batelada e já estamos na quinta página. Vamos a mais uma rodada. Queria ter pilha para ligar a TV.

399 – Por que é que existimos?
Para que o universo possa gerar Deus, seu criador e criatura.

398 – O que havia antes do universo?
O nada. Espaço-tempo zero.

397 – Podemos ser imortais?

396 – O que nos faz humanos?

395 – Tudo tem uma razão de ser?
Algumas coisas têm mais importância para o desenvolvimento da Suprainteligência Universal, mas tudo que existe tem razão de ser.

394 – O nada é alguma coisa?
É a soma dos conjuntos Tudo e Menos-Tudo/Anti-Tudo (que anula o tudo em nada)

393 – A vida é um caótica ou ordenada?
Acho que os dois. É caótica naquilo que não temos controle e nos influencia, é ordenada porque mantemos controles de algumas variáveis da vida para lhe dar sentido ou direção.  

392 – Existe o destino?
Existe, o universo dará origem ao seu criador, a Suprainteligência Universal. Como chegaremos é um caminho meio caótico devido ao livre-arbítrio.

391 – Existem a sorte e o azar?
Não, se muito existirem são coincidências, acontecimentos que apresentam algo de supreendente, geralmente relativo à sincronia.

390 – Somos independentes?
A não ser que você seja um ermitão você é interdependente.

Respondi mal e porcamente a estas perguntas, eu acho.

-x-x-x-x-


16h45. Não aceitaram o pagamento do boneco de novo. Mandei uma carta com a única solução que me pareceu viável, passar a conta para o meu nome e esperar que o cartão em meu nome chegue para que possa efetivar a transação. Mamãe conseguiu criar um cartão para mim ontem. Aleluia. E a máquina da radioterapia quebrou, então não haverá sessões nem hoje nem amanhã o que significa dois dias de piscina para mim. No sábado pretendo, mesmo sem vontade alguma, ir à Casa Astral. Se meu primo for. 16h57. A hora da piscina se aproxima. Não sei se meu amigo descerá hoje. Se desejar fazê-lo, devo logo alertar que não vai haver internet roteada do meu celular. Não vou nem mostrar a mamãe essa ultrapassagem no limite, vou esperar a bomba explodir com a chegada da conta. E aí explicarei tudo a ela, o que a dará novo ímpeto para pleitear internet Wi-Fi lá embaixo do prédio. Ou assim espero. Pode se dar é um grande esporro também. Direi da minha ignorância até certo ponto verdadeira sobre ao assunto e que só usei o expediente de rotear a internet para o meu computador até o dia do alerta. 17h03. Como não terei internet e como não sei se meu amigo virá sem internet, baixarei cinquenta perguntas dos questionamentos filosóficos para me entreter lá embaixo. Vou fazer isso e deixo este post por aqui. Antes das perguntas vou logo publicá-lo. Preciso achar uma imagem. Ah lembrei que já baixei uma imagem. Não vou poupar a imagem esse vai sem imagem mesmo. 

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