segunda-feira, 22 de maio de 2017

DA PISCINA XII, QUESTIONAMENTOS FILOSÓFICOS E OUTROS

Forró da Casa Astral.


18h05. Estou na piscina. Meu amigo já me mandou um WhatsApp perguntando se eu viria. Acabei de responder que havia acabado de chegar.

269 – Quando devemos ser altruístas?
De acordo com o nosso bom senso. Quanto mais altruísta melhor, eu acho, só não consigo muito. Meu irmão consegue. Na verdade, acho que estou cada vez mais egoísta. Quando da minha morte, se ainda tiver os meus bonecos, num quarto com as estantes apropriadas e iluminadas, é claro, eu vou dizer para o comprador do apartamento que pega sete mil reais nas estátuas num leilão. Ou mais, pois espero viver muito (até a Singularidade), então esses bonecos vão se tornar mais raros e caros, eu acho, se o colecionismo de bonecos sobreviver até lá. Eu suponho que até lá as impressoras 3D vão se tornar baratas e caseiras. Criações de grandes criadores e designers estarão à venda, haverá talvez pirataria dos arquivos, então você poderá imprimir um vaso de um criador, ou criar o seu próprio, muitas criações serão gratuitas. Será que vai ser assim o futuro? Com scanner, impressora em 3D e pintura em 3D? A preços acessíveis? Ou será um artigo de luxo, para o mercado de luxo com grandes designers fazendo e vendendo suas criações mais mirabolantes para uma elite? Acho que o software de criação deveria ser aberto, opensource, para que qualquer criador e pessoa possa modelar o que lhe der na telha e os programadores poderem fazer mods e upgrades no programa. Mesmo nesse cenário, acho que criações originais do passado, como as que possuo, terão grande valor de mercado. Meu amigo disse que Infected Mushroom parece música de propaganda de celular. Achei a comparação um tanto injusta e agora fico com esse estigma na mente. Não, eu vou esquecer isso. Vou me incomodar com isso, não, passou uma parte tão nada-a-ver-com-uma-propaganda. Eu acho que algumas vezes IM alcança o nível de genial, uma explosão de criatividade e talento. Não é o tempo todo, mas em algumas músicas em alguns trechos específicos, eles são geniais, são uma espécie de rococó digital de tão trabalhado que o som é. Acho que estou sendo um pouco hiperbólico aqui. Em outras não, esta música inclusive está parecendo propaganda de Prestobarba. Hahahaha. 21h25.  

268 – Quando devemos ser egoístas?
Somos todos egoístas, até Madre Tereza de Calcutá fazia o que fazia para agradar seu ego, quase tudo o que fazemos é para agradar o ego ou esperando uma recompensa futura que agradará o ego.

267 – Quando é que devemos aceitar a autoridade?
Aceitamos autoridade daqueles que temos como símbolos de poder. Seja do poder público seja alguém a quem outorgamos certo poder sobre nós. Como um policial ou minha mãe, no meu caso, por exemplo.

266 – O que é viver bem?
Eu acho que isso é muito subjetivo. Mas voltando ao ponto em comum que acho que exista em relação àqueles que vivem bem é que todos gostam de viver. Acho, então que viver bem é gostar de viver.

265 – Quando é que a vida tem sentido?
Quando criamos ou produzimos ou fazemos algo que gostamos. Seja num ofício do qual se gosta, seja criando os filhos, seja com um hobby. Sei que a vida não tem sentido no tédio ou depressão.

264 – A morte é compatível com o sentido da vida?
É a direção em que a vida se encaminha. Apesar de parecer incompatível, a morte nos lembra que temos que fazer o melhor por nossas vidas agora, pois não se sabe quando ela virá. A morte dá um certo sentido de urgência à vida, que a mim me faz procurar melhorar minha vida o mais rápido possível, enquanto tenho saúde e vitalidade. A velhice e a decrepitude física me parecem mais incompatíveis com o sentido da vida que a morte em si, pois embora vivos, estaremos limitados/debilitados para persegui-lo. Além de que os velhos são meio desprezados nas sociedades ocidentais.

263 – Como distinguir verdades de pontos de vista?
Quando os pontos de vista se aproximam do senso comum. Embora o senso comum possa ser bastante ignorante. Mas os pontos em comum entre as diversas percepções e pontos de vista sobre o mundo são o mais próximo que chegamos da verdade. Se muitos compartilham da mesma opinião, mesmo pessoas dos mais diversos backgrounds, talvez isso indique que aquilo seja algo próximo de uma verdade.

262 – Há verdade absolutas?
Não. Embora cada um as tenha. É preciso ter certas crenças, admitir certas coisas como verdadeiras para lidar com o mundo. Como sairia na rua se não tivesse a certeza de que a calçada não vai sumir debaixo dos meus pés? 

261 – Existem valores absolutos?
Não. Mas um deveria ser, amar ao próximo como a si mesmo. Ou, em outras palavras, se algo me fere não devo fazê-lo ao próximo. Isso para mim deveria ser uma percepção universal. Acho que é, mas outros valores culturais do meio onde o cidadão está inserido se alevantam e se sobrepujam a esta constatação. Aliás, acho que essa é a única percepção universal. O único valor absoluto, o que me fere, fere o outro.

260 – Todos os valores são subjectivos?
São, mas alguns são mais amplamente reconhecidos que outros. 

259 – Um daltónico sabe o que é vermelho?
Não sei. Não entendo nada de daltonismo, menos ainda do que entendo de Filosofia. Hahahaha. Mas parece que criaram uma lente que permite a daltônicos enxergarem normalmente. Não sei se é balela, mas assisti uma propaganda desses óculos na internet.

258 – Quando é que devemos ajudar os outros?
Quando está ao nosso alcance e o pleito é válido para nós.

257 – O que fazer para nos tornarmos mais virtuosos?
Praticar o Bem sempre que possível. Buscar sabedoria.

256 – O que é ser responsável?
É ser independente, no sentido de se manter por seus próprios meios, e assumir as consequências pelos seus atos, sejam boas ou ruins.

255 – Escolhemos o nosso futuro?
Chegamos até aqui através das nossas escolhas e de uma boa dose de acontecimentos externos com força maior que a nossa vontade. Acho que uma mistura dos dois continuará a determinar nossas vidas até o final.

254 – Podemos justificar juízos de valor?
Podemos justificar qualquer coisa, resta ver se os outros acatarão nossas justificativas.

253 – Somos responsáveis pelo nosso futuro?
Em parte. Vide resposta 255.

252 – O que é a amizade?
É o relacionamento mais íntimo possível entre dois indivíduos que não seja familiar ou romântico. Embora possa e deva haver amizade nesse dois também.

251 – Como nos podemos tornar seres humanos mais livres?
Com menos leis e regras. Tomando mais as rédeas das nossas vidas, se possível. Conhecendo mais os nossos direitos.

250 – Há conhecimentos filosófico?
Sim, como não? Se tais conhecimentos condizem com a realidade cabe a cada um julgar.

249 – Podemos controlar o nosso destino?
De novo? Só a parcela que nos é controlável, há uma enormidade de variáveis que fogem ao nosso controle.

248 – Quando é que o ressentimento é um sentimento bom?
Quando fico ressentido comigo mesmo por causa de um erro que cometi e de posse desse ressentimento decido não mais incorrer no erro.

247 – Por que é que a religião conduz à guerra?
Por causa do fanatismo, pelo desrespeito às religiões e crenças alheias, por ambição dos que conduzem tal religião.

246 – Há beleza sem seres humanos?
Acho que há, tanto é que os animais selecionam qual o par mais adequado para procriar. Isso é uma percepção rudimentar da beleza.

245 – Há beleza noutras galáxias?
Há. Acho inclusive, outras galáxias coisas belas. Se há algo que perceba a beleza em outras galáxias? Acredito que sim, são tantas galáxias e a probabilidade de vida é tão grande em nosso universo que não posso descrer que exista mais vida inteligente boiando por aí pelo espaço.

244 – O belo existe?
Acho que é subjetivo, mas existe. Tanto é que existe uma palavra para o fenômeno e essa palavra é amplamente compreendida pela maioria senão por toda a raça humana.

243 – Onde está a beleza?
A beleza está nos olhos de quem vê.

242- A beleza é um sentimento?
Em mim me desperta um sentimento de encantamento que não necessita de palavras. Aliás, com a resposta desse questionário eu tenho me dado conta da quantidade de pensamentos que tenho que não necessitam de palavras para se manifestarem.

241 – A beleza é uma ideia?
Não, é mais do que isso, acho que se aproxima de um sentimento.

240 – O belo conhece-se?
Não entendi a pergunta. Mas algo só se conhece se tiver consciência. Logo, pessoas podem se achar belas.

239 – O belo pode ser feio?
Pode. E mesmo sendo feio gerar o encantamento das coisas belas. A história de um catador de latas era muito triste e feia, ele era feio e feliz apesar de todos os pesares e achei isso tremendamente belo.

238 – O que é a beleza?
É algo que nos produz um sentimento de encantamento diferenciado das coisas neutras ou não-belas.

237 – A cidade abre-nos horizontes?
Pode abrir para muitas coisas e fechar para outras. Mas abre mais do que fecha, principalmente se for uma grande metrópole e se nos decidirmos por explorar as oportunidades culturais que têm a oferecer. O povo, entretanto, tende a ser mais fechado e mais indiferente que os das cidades menores, pelo menos aqui no Brasil.

236 – O conhecimento depende da experiência?
A sabedoria depende da experiência, o conhecimento depende do experimento para comprová-lo.

235 – O que é uma pessoa?
É um indivíduo da espécie Homo Sapiens com tudo o que essa condição dá direito de bom e de mau.

234- Existem vários tipos de pessoas?
Cada pessoa é única, então existe tantos tipos de pessoas quanto existem pessoas no mundo ou sei lá para onde nós iremos com nossas brincadeiras interplanetárias.

233 – Que tipos de pessoas há?
Não dá para estereotipar pessoas, é limitar demais a condição de ser humano. Há, por ora, mais de 7 bilhões de tipos.

232 – A consciência liberta-nos?
Ela nos dá o livre-arbítrio, então de certa forma liberta-nos para tomarmos nossas próprias escolhas dentro das limitadas condições que temos.

231 – A filosofia ensina-se?
Não entendi a pergunta. Existem as obras dos grandes filósofos aí para quem quiser ler e aprender sobre Filosofia. Filosofar já acho que seja algo inerente ao homem. Não há aquele não filosofe em algum momento de sua vida.

230 – Podemos conhecer a realidade?
Só em parte, porque temos a cognição e os sentidos limitados. A Singularidade Tecnológica irá ampliar inimaginavelmente nossa percepção da realidade.

São 16h47 do domingo, 21 de maio de 2017. Vou escrever sobre mim e o universo ao meu redor um pouquinho, o que minha principal leitora acha a parte chata do meu texto. Desculpe-me, mas sinto essa necessidade. Não posso ficar só dependendo de perguntas para compor os posts é algo limitador e finito visto que das 777 perguntas agora só restam 229 a serem respondidas. Acredito que não podia ter encontrado uma forma melhor que essas perguntas filosóficas para pregar sobre a minha crença na Singularidade e, dela, na Suprainteligência Universal. Também foi bom para fazer uma autoavaliação dos meus valores e pensamentos. Interessante que me percebi menos canalha do que julgava ser. E percebi quão diferente e boa está minha vida quando comparada aos anos negros. Então essa empreitada teve e tem, afinal ainda não acabou, muitos lados positivos, não consigo pensar em um que não seja, talvez só o fato de que vá acabar e tudo o que terei para escrever será a partir da caixola. Por isso inclusive esse texto final, para me recondicionar a escrever sem os estímulos das questões. Confesso que estou meio destreinado e nada me ocorre. Chris Cornell morreu. Era vocalista dentre outras bandas, do Audioslave, que gosto muito, sempre tem no meu iPod. Sobre a Lava-Jato, nada sei, sei apenas que vivemos um momento histórico na política brasileira que tenho esperança se tornará menos corrupta e mais transparente daqui por diante. Espero que os olhos da justiça permaneçam focados nos malfeitos dos governantes. E de toda a estrutura do governo, de forma a fazer uma assepsia no Estado. É necessário que o mesmo esforço que está sendo feito na esfera federal, passe também à estadual e à municipal, que os órgãos regionais também fiscalizem as demais esferas de governo. Seria muito bom isso. E que lideranças menos corruptas assumissem os cargos a partir das próximas eleições. Acredito que é preciso que alguém fiscalize o Judiciário também. O Google sugeriu o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mas não fui a fundo na pesquisa porque não estou com vontade e gosto de obedecer ao máximo as minhas vontades, exceto a de usar a minha droga de preferência, porque acredito que esse comportamento me aproxima da felicidade, satisfazer desejos e vontades acho que quase sempre me aproxima da felicidade, exceto no caso da referida droga. Muitas vezes sou submetido a agir em desacordo com as minhas vontades, mas me esforço para que esses momentos sejam o mais esparsos possível. Aliás, não me esforço, só criei uma zona de conforto e uma persona que me facilitam isso. Se isso é certo, eu não saberia precisar. Sei que poderia ser muito mais prestativo e solícito do que sou, mas isso não me apetece. Prefiro ficar na minha zona de conforto escrevendo, navegando na internet, trocando uma ideia com o meu amigo da piscina. Por sinal, se for para ir à piscina hoje, eu preciso me preparar já. Mas confesso que não estou com muita disposição para fazê-lo. Por outro lado, a partir de segunda, se a máquina estiver consertada, terei que levar minha mãe à radioterapia todas as noites e não poderei descer. Então acho que vou encarar. Acho, preciso que alma faça um movimento mais consistente nessa direção. Mas a preguiça reina em mim. Por mim, ficaria em casa mesmo. Como ajo de acordo com as minhas vontades essa de ficar em casa está me sendo soberana. Parece que para o meu amigo da piscina tem que haver algum ganho material para que o encontro comigo na piscina lhe seja prolífico. Acho que vou para a piscina, sim. Tem vezes que eu adoro ser contraditório assim.

18h09. Já tirei gelo, menos do que o habitual, pois não enchi as caçambas, mas é o que dá para oferecer. Vou desmontar o computador.

18h43. Estou na piscina com o meu amigo.

19h46. Não estamos tendo sorte com a internet do prédio

20h38. Ele foi e esqueceu o documento dele aqui. Pediu para que colocasse no elevador e o avisasse. Eu vou entregar lá. Não, é melhor que a mãe não me veja. A Coca foi-se. O gelo também. E água de torneira pura não rola para mim. Coloquei IM para rolar, mas estou pensando em botar o código dos alienígenas como background embora eu ache que consuma muita bateria. Não sei. Não sei sobre o que escrever. Detesto como me dá esses brancos. É como se nada de interessante viesse à cabeça para ser descrito em palavras. Vimos filmes de coisas que existiam nos anos 80, há mais de trinta anos atrás. Realmente estamos ficando velhos. Me espantou mais a ficha telefônica e o videogame. Por falar nisso, caí na burrice de contar-lhe que tinha dois videogames e ele já disse que quando eu quiser vender para comprar um mais novo, eu dê os toques para ele, o que na verdade não tem problema nenhuma apenas o fato de serem os dois últimos videogames que eu pretendo ter e pretendo tê-los por muitos anos ainda. Pois há muito o que jogar. Se brincar, meu irmão vai acabar comprando um Switch, não sei por que penso isso, uma intuição que me bateu. Na verdade, isso não tem o menor fundamento no mundo real, logo é uma viagem. Mas ninguém nos anos 80 imaginaria a transição do Pitfall para o Super Mario Galaxy o jogo mais 3D e que faz melhor uso do 3D sendo absolutamente divertido. O cara iria pirar na batatinha se fosse transposto do televisor antigo para um HDMi e ver o Super Mario Galaxy ou, melhor, O Legend of Zelda Wind Waker. Não sei qual seria mais impactante. Talvez “Red Dead Redemption” ou “The Last of Us”. É o melhor que posso oferecer de qualidade e modernidade para transportar o nosso amiguinho da época do Atari para a atual. Meus videogames são da geração passada. O que para mim, está de bom tamanho. Tenho tantos jogos bons para jogar só não sei para onde foi a minha vontade de fazê-lo. Estou me perdendo em trivialidades, mas essa coisa do meu desgosto com os videogames me preocupa. Será que realmente escrever e só escrever vai preencher o meu vazio existencial? Descobriremos. E ainda tenho que digitar aquele texto do diário, meu saco. Eu nunca vou lançar aquilo. Descobriremos. Só se for de forma completamente anônima. Irrastreável para quem me conhece. Se for possível, eu faço. Para isso é imperativo primeiro digitar o texto. Rodamos e chegamos ao mesmo lugar. Que é um lugar que pelo menos hoje não visitarei. Pode ser que amanhã eu faça, mas hoje, definitivamente não. Hoje escreverei o que o cérebro pedir para dar voz. Está pedindo mais perguntas filosóficas? Não por ora, estamos aqui embaixo e não quero recomeçar agora, quero escrever por escrever, sem nenhuma pergunta me controlando. Droga, fui tomado por pensamentos de Aurora. Ontem encontrei uma garota, adulta – estava bebendo, pelo menos – que muito me interessou e trocamos vários olhares. Tenho absoluta certeza que passou um tempo olhando para mim, pois eu estava fazendo o mesmo em relação a ela, mas sempre que nossos olhos se cruzavam e se fixavam eu desviava o meu olhar. Sem saber o que fazer a partir daí, pouco depois o grupo dela foi para a área de dança e foi essa a minha atividade afetiva esse mês. Eu fiquei surpreso que continuasse a olhar para mim, uma menina tão bela aos meus olhos olhar para mim. Mas eu juro que aconteceu, por alguns minutos não foi uma olhada só. Eu diria que ela flertou comigo e eu não soube que atitude tomar. E o pior é que havíamos sido apresentados na entrada da festa pelo amigo do meu primo-irmão que me fez companhia no começo da festa, passei a gostar mais dele depois dessa interação mais prolongada, principalmente por ter me apresentado Gabi. Vou perguntar a meu primo irmão que fazer depois da etapa em que me encontrava. Eu namoraria com ela fácil. Mas devo ter me enganado. Uma coisa tão bela quanto aquela não iria dar bola para mim. Mas porque olhou tanto para esta pessoa que escreve? Não sei. E é um mistério que vai talvez me motivar a ir a outro forró na Casa Astral na esperança de encontrá-la de novo e quem sabe dessa vez eu... não faça nada de novo, mesmo que o mesmo caso se dê. Hahahahahaha. De qualquer forma foram momentos mágicos da forma que os percebi envolvendo uma figura, aos meus olhos, encantada. Foi uma experiência que por si só já valeu a minha noite. E só fui me dar conta desse pequeno grande momento agora. Que coisa rara. Raríssima. A mulher que mais me encantou na festa trocar olhares comigo, até que demoradamente. Momento muito bom. Quando terei outra oportunidade dessas? Bote aí algo próximo de nunca. É tão ruim quando a chama emana só de um coração e isso frequentemente me acontece. Aliás, é o que sempre acontece comigo nos última década, tirando ontem. E a vez que a minha amiga de adolescência me pegou e se deu mal. Hahahahaha. Não sei por que os pensamentos me levaram até a última vez que fui comprar uma pedra de crack (que é a raspa do chifre do diabo, fique longe. A lombra é uma merda e a fissura é muito difícil de controlar). Comprei com uma prostituta que me enganou. Ainda bem. Fumei bem pouco por causa disso, veio 1/3 de uma pedra, se muito. Para alguns daria só um tirou. Eu dei três. É porque não é a minha droga, senão eu já estava ferrado há muito tempo. Fodido e mal pago. Um conhecido meu, segundo o meu amigo da piscina está para ser morto por causa de dívida com traficante por causa desse demônio que é o crack. Acho que foi por isso que me lembrei do episódio, por isso e porque abri para a minha amiga de adolescência que me agarrou o jogo sobre as minhas dependências de cola, principalmente, e, secundariamente, de crack. Não sei se é a postura certa a se tomar, mas ela falou abertamente da sua vida e eu da minha, tivemos um papo muito bom, muito longo e profundo até. Eu satisfiz as minhas necessidades conversar e namorar, mas quando chegou na parte sexual, que era a parte dela, não rolou. Duas vezes. Isso mesmo, as duas experiências sexuais que tive em dez anos foram fracassadas. Mas não quero lembrar do ruim. O que passou, passou e bola pra frente. Será que o pra frente será Gabi? Duvido muito. Mas seria extremamente superbom se fosse. Ela me parece ser uma menina legal, os amigos eram bastante legais, isso é um bom indício.

22h38. Já estou em casa há algum tempo. Já bebi Coca, conversei com mamãe sobre memórias e ela se mostrou uma criança interessada em aprender, perguntando a vovô como ele conseguia tirar histórias maravilhosas daqueles símbolos indecifráveis no papel. Eu nunca fui motivado a aprender. Já me foi ensinado da mais tenra idade como ler pelo menos até que não consegui entender o dígrafo “qu”, quando meu pai perdeu a paciência e desistiu de me ensinar. Talvez esse contato prévio com a língua tenha tudo a ver com o meu desejo de escrever e a relativa facilidade que tenho com as palavras. Foi algo meio traumático, mas que no final se tornou a melhor coisa da minha vida de semiermitão urbanoide. Até que uma Gabi pinte na minha vida. Vou ver quantos acesso meu novo post teve. Eles vêm decaindo gradativamente. 22h48. Interessante, a minha leitora mais assídua respondeu uma pergunta que eu, profeta, não saberia responder. Hahahahaha. Mas olha que coisa curiosa, alguém postando um comentário no meu blog. Perguntando se dar para passar no Ita sem fazer cursinho. E o mais surpreendente ainda, uma leitora respondendo. Eu jamais passaria, pois detesto estudar, sempre detestei. Era uma obrigação muito chata, até por outra mudança radical da minha vida quando me tiraram de onde estava brincando com os meus amigos de mesma idade e me botaram uma série depois que acredito ter sido a alfabetização, visto que já conhecia os rudimentos da leitura. Num momento estava brincando na terra com as outras crianças, no outro estava sentado numa carteira, obrigado a ficar calado, assistindo aula no quadro negro. Foi uma mudança radical e uma que não me deixou muito feliz no momento e em nenhum posterior. Nunca pularia um filho meu de série. Principalmente dando primeiro um gostinho do que eu estava prestes a perder para sempre. Embora houvesse recreios. Depois não lembro, acho que me acostumei com a minha nova condição e fiz amigos na classe. No princípio tinha atração por meninas da minha idade ou mais velhas. Tive várias paixonites durante a infância, mas a paixão que pirou minha cabeça foi a minha primeira namorada. Tirando o dia com Aurora que foi talvez o dia mais feliz da minha vida. Parece que o universo conspirou para que eu tivesse o dia perfeito, por mais que não acredite em perfeição. Mas o dia mais perfeitamente sublime que podia ser/ter. Mas não quero falar disso. É doloroso para mim. Paixões platônicas têm essa característica de serem sublimes e ao mesmo tempo dolorosas por causa da impossibilidade. Bem deixemos a vida me levar. Solitário ou não. Preciso tomar um banho. Tomarei de meia-noite. Entre o hoje e o amanhã. Isso dá um toque ligeiramente interessante à coisa, começar num dia e terminar o banho no outro. Nunca fiz isso. Só mais uma besta primeira vez na minha vida. Primeiras vezes na vida vão se tornando mais raras à medida que o tempo passa e a vida se acumula. A grande primeira vez que espero é a Singularidade. Se isso não acontecer no meu tempo de vida ficarei frustrado. Se pudesse, pediria para que me congelassem até o momento em que eu pudesse me reunir com a Singularidade. 23h12. Este post já está enorme. Se encontrar e me comunicar com Gabi, direi que escrevo, principalmente para um blog e pedirei que ela leia este post. Acho que por isso expus grande parte do que expus, na esperança de ela ler e isso já ser uma introdução de mim. Acho que agora com os encontros com o meu amigo encerrados, ele pretende se mudar terça-feira para o seu novo apartamento e está bastante instigado para isso. E eu não poderei descer amanhã porque provavelmente terei que levar a minha mãe à radioterapia. Este foi o nosso último encontro por um bom tempo, eu creio. Queria eu ter essa coragem de meter as caras e ser independente. Mas eu sei onde esse caminho me leva, à dependência da minha droga de preferência. Prefiro o aconchego do meu lar, com todas as regalias que tenho aqui. E com pessoas, sei que pessoas, pessoas importantes na minha vida, coabitam comigo. Isso é muito bom, saudável para mim.

23h35. Fui comer e perdi completamente o fio da meada e não com vontade nenhuma de ir buscá-lo. Dentro em breve me preparar para o banho.

23h42. Fui fumar um cigarro de verdade, o digestivo. Mas já vim com vontade de dar baforadas no Vaporfi. Meus posts serão essa percepções e ocorrências que acontecem na minha vida. Infelizmente não tenho mais nada a oferecer que isso quando as perguntas acabarem. Entro no banho de 23h50. Faltam exatos cinco minutos. Pois daqui que a água esquente, é preciso esperar alguns minutos. E vou tomar aquele banho. Bem limpo e bem demorado. Para que dure até o outro dia e porque estou motivado a fazê-lo. Três minutos para partida. Vou aproveitá-los baforando e tomando Coca.


0h12. Consegui. Virei o dia tomando banho. Nem me foquei nisso na hora, tão concentrado estava no meu asseio. Não foi um banho relaxante foi de faxina no corpo mesmo. Mas já posso contar que tomei um banho que começou num dia e só for terminar no outro dia. Grande curiosidade. Mas pode causar surpresa de pessoas com imaginação mais fértil que não decifrarem como consegui tal proeza. Que grande asneira tudo isso. Mas me diverte, vai ver se eu estou lá na esquina superego. Que repressãozinha chata, esse eterno me pôr para baixo, me censurar, taxar de besteiras as coisas que digo ou penso. Superego, você é muito cruel comigo. Está reclamando agora que já entrei na nona página de Word. Relaxa que grande parte das páginas está preenchida por perguntas e respostas. Deixe eu exercitar a minha verve normal, sem direcionamento nenhum. Bateu até uma vontade de jogar um videogame agora, mas estou sem pilha para ligar a TV. Ou derrubaram o meu controle no chão e o quebraram. Só há uma forma de descobrir, trocando as pilhas. Estou fazendo uma sessãozinha de The Cure no Spotify. Só as que gosto e estou com mais vontade de ouvir. Ouço dos discos mais novos porque são os que aparecem primeiro. Vou para “Bloodflowers”, quando acabar essa do álbum “The Cure”. 0h32 já? Como o tempo corre, se estivesse com videogame até instigava um virote, mas só na escrita é demais para mim. Vou acabar escrevendo umas dez páginas de abobrinha. Li uma carta de uma menina que se suicidou e parece que chocou o Brasil, uma carta muito consciente de uma pessoa bastante deprimida por causa de um trauma de abuso paterno que parece que afetou sua mãe também, o que só corroborou para o suicídio no final. A mãe nunca irá se perdoar e acredito que nem o pai. O pior de tudo é que a sociedade toda vai hostiliza-los já que o caso ganhou projeção nacional. Não entendo por que deixaram a carta vir à tona. Acho que não foram os familiares e, sim, a polícia. Sei lá, só sei que depressão profunda é ozzy de suportar. Aliás muitas vezes tentei morrer para parar de sofrer, de acordar no mesmo pesadelo de sempre. Ainda bem que hoje eu estou sob controle. Isso é uma bênção. Ia botar The Cure para rolar, mas agora estou preferindo o silêncio. A carta da menina suicida calou forte em mim. Me fez me lembrar de quando eu estava assim, do friozinho na barriga antes de uma nova tentativa de suicídio, algo muito verdadeiro. Mas por alguma razão continuo aqui. E não consigo ver utilidade na minha vida senão escrevê-la, contá-la. Talvez divulgar a Singularidade. Mas acho que não. O sentido da vida nós o inventamos. Eu decidi que, por enquanto, o meu é escrever, portanto escrevo, já que isso aparentemente preenche o meu vazio existencial. Que seja assim enquanto dure, então. E, por mim, poderia durar até o final dos meus dias. Desde que continuasse gostando da vida como estou. Acho que irei para o próximo forró na Casa Astral só para ver se encontro a garota novamente. Gabi. Será que uma explosão de coragem tomaria conta de mim e eu iria falar com ela, caso os olhares se cruzassem e se permanecessem um dentro do outro como dessa vez? Acho que não, mas tudo é possível. Eu poderia fazer o impossível acontecer, bastaria um pouco de autoconfiança e cara de pau. O problema é essa cara de pau que eu não tenho... vou dormir.  

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