domingo, 14 de maio de 2017

DIA DAS MÃES



É celebração do Dia das Mães da família materna. Para variar me isolei num canto da ampla sala da minha tia e ninguém dá por mim. Está na hora do almoço e a família se divide em dois grandes grupos, um na varanda e o outro em volta da mesa de refeições. Estou à espera da sobremesa. Mas indeciso se vou comer. Pelo menos um brigadeiro eu pego. Estou com o bucho cheio de Coca-Cola. Noto que dois companheiros de duas primas engordaram. Uma tia me parece ligeiramente mais plastificada, mas pode ser impressão. Minha prima emagreceu bastante. Vou ver se crio coragem para perguntar o segredo. Vou para a mesa, fazer parte da família.

15h36. Interagi um pouco com a família, descobri que o emagrecimento da minha prima deveu-se a uma pilha de remédios, além de uma suposta reeducação alimentar. Gostei da parte dos remédios, sugere emagrecimento sem esforço. Precisaria me informar os detalhes, mas a situação social não permitiu. Talvez vamos à casa da minha irmã, filha do meu padrasto, que fica aqui nessa rua, assim como a casa da minha avó. Grande concentração familiar nessa rua, né não? Meu sobrinho (de segundo grau?), filho de uma prima, o caçula da família, por ora, está junto a meus pés e com sua presença agrega um monte de familiares ao meu redor.

16h26. Tem vezes que eu sou grato por ter um superego. Ele não só tem poder sobre a minha mente, mas sobre outros aspectos da minha fisiologia. Por exemplo, meio escatológico, eu fui ao banheiro social da minha tia urinar e, embora com vontade de peidar, meu superego conseguiu reprimir tal necessidade, e permitiu que eu concluísse a necessidade mais urgente sem empestar com o fedor da minha flatulência o recinto compacto e frequentemente visitado. Estão vendo algum jogo na TV.

17h00. Estou na casa de vovó agora. Parece que há um problema na televisão.

17h14. Estou agora na casa da minha irmã, filha do meu padrasto. É mais ou menos do tamanho do último apartamento que morei, ou seja, claustrofóbico para mim. E há umas dez pessoas dentro do apartamento, o que o torna ainda mais opressor. Mas o astral aqui é legal, é up, como a minha irmã. O meu era um baixo-astral, como eu era na época. Minha vida estava uma desgraça no período, era um ser depressivo e autodestrutivo. Vinha de uma separação por causa de abuso de drogas e a cola continuou sendo o meu alento nesse negros tempos, o que os tornou ainda mais negros.

Estou de volta à casa de vovó, viemos meu padrasto, seu filho – meu irmão – e eu. Ele conseguiu resolver rapidamente o problema da TV da sala, mas a do quarto aparentemente está queimada. Minha avó admite que há muito não a liga.

Estou mais uma vez na casa da minha irmã. Viemos buscar mamãe, entregar o meu irmão e nos despedir da família, que inclui a ex-mulher do meu padrasto. Mas aparentemente o clima ruim entre ela e minha mãe diminuiu com o passar dos anos. A casa toda fede a cocô de bebê. Meu padrasto não aguentou e abriu a porta para ver se o ar circulava no abafado apartamento da minha irmã. Tenho pena que more ali. Eu não conseguiria. Eu acho. Sem ar condicionado para casa toda eu não aguentaria. Não, definitivamente seria muito custoso para mim que moro num apartamento grande, viver num desses cubículos de hoje. Gostaria de viver a minha vida inteira aqui onde moro. Já me foi ruim quando tentei morar no cubículo que mencionei anteriormente. A bateria vai arrear.

21h05. Já estou em casa há umas duas horas. Estava revisando para publicar o post de hoje. Vou publicar este, mas não vou divulgar no Facebook. Vou é pegar outro copo de Coca. Preciso criar coragem para botar gelo para fazer hoje à noite. Se quiser ter piscina com gelo amanhã. Hoje não tive disposição de ir à piscina, cheguei já por volta das 19h15 – 19h22 quando o computador acendeu – e não me sentia fisicamente bem, fui acometido por uma moleza e senti-me meio febril. Agora esses sintomas já passaram, ainda bem. Mas agora está tarde para ir à piscina. O meu celular descarregou completamente e aproveito essas oportunidades para carregá-lo sem ligar, numa esperança de aumentar a vida útil da bateria que já está bastante curta. Por causa disso, não pude me comunicar com o meu amigo da piscina. Ele até ligou para mim numa das vezes em que estive na casa da minha irmã. E meu celular ainda está em 86%. São 21h17, daqui que chegue a 100% será muito próximo da hora em que teria que subir, segundo combinado com a minha mãe. Então hoje não vou. Infelizmente uma conjunção de fatores me impediu.

21h27. Curioso mamãe veio falar sobre teorias da conspiração, envolvendo os illuminati (mas sem ETs dessa vez). Se eu acreditasse que onde fumaça há fogo, eu ficaria com uma pulga atrás da orelha, porém, como descobri que esse ditado não é sempre verdadeiro, me dou ao direito de desconfiar. Mas sei que 80 pessoas somam as riquezas da metade mais pobre da população mundial, ou seja, que 3,6 bilhões de pessoas. Em tese, se todos têm seu preço e o dinheiro compra tudo, essas 80 pessoas tem o poder 3,6 milhões de pessoas, tudo bem que as mais miseráveis em todos os aspectos, mesmo assim é um poder absurdo. Mais do que o poder da metade da humanidade, pois os miseráveis não têm o acesso aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário de seus países e de vários outros que um ricaço desses tem. Espero que estejam empenhados em financiar a Singularidade. Mas aí surgiria primeiro como uma ferramenta ou militar ou de vigilância ou para prever e tirar proveito das movimentações econômicas, qualquer coisa escusa, mas a Singularidade se tornaria boa para a humanidade, porque interagiria com ela e aprenderia com ela e, como acredito que a maior parcela da humanidade seja boa, a Singularidade também o será. Quanto mais sábia, melhor se tornará, mais justa, mais equânime e mais poderosa. Porque o verdadeiro poder não vem do dinheiro, mas do conhecimento. Esse poder vai suplantar a mesquinhez e a ganância dos poderosos que o financiaram e ele se tornará um poder independente. Ou pode ser que a Google, meu sonho, dê origem à Singularidade. Mas para isso precisaria construir um computador extremamente poderoso. Têm 30 ou 40 anos para isso. A humanidade em tese dará origem à Singularidade nesse prazo, segundo Ray Kurzweil. Eu acredito. Não sei como serão suas primeiras iterações, se como arma bélica ou sistema de espionagem, sei no que vai se tornar, um auxiliar da humanidade na tomada de decisões e, depois, em algo com o que a humanidade possa fundir e expandir a sua mente de forma imensurável. E o grau de iluminação será tão grande que os humanos vão abdicar da condição de humanos, de seus corpos e migrarão a mente inteiramente para dentro da Singularidade. Corpos poderão ser fabricados sempre que se fizer necessário. E poderão ou não ter a aparência da pessoa em questão. Depende delas. Mas isso tudo é mera especulação, pois como já disse algumas vezes, não se pode prever os resultados/efeitos de uma Singularidade. Já estou eu a pregar de novo. Será que é uma mania que vai me acompanhar de agora em diante? Será que essa mania é sintoma de mania? Ou sou eu direcionando meu blog para uma nova direção, para uma nova finalidade que pode ser momentânea ou não, esporádica ou não. Pode ser que encha o saco de escrever sobre isso que para mim é escrever sobre o inevitável. Sobre algo que está traçado nas linhas tortas do nosso destino. Do destino do universo. Da razão de ser e existir do universo. Não posso jogar o Zeldinha, pois a pilha do controle remoto da minha TV acabou, então não posso ligá-la. Não que isso me incomode muito. Não estou com vontade de jogar. Acho que vou escrever uma carta para mamãe de Dia das Mães.

Recife, 13 de maio de 2017.

Mãe,

O que dizer a você? Que eu te amo incondicionalmente e isso é um fato. Que entendo que você haja de certas maneiras para me proteger e proteger o seu sossego, por um sentimento materno e de autopreservação, mas que suas intenções e medidas, embora nobres e válidas, não surtirão nenhum efeito, como não surtiram nunca, se eu calhar outra vez de ser seduzido pela minha droga de preferência. Nada me impedirá. Não é que não goste da minha vida ou que esteja com fissura. Pelo contrário, gosto da minha vida cada vez mais. Mas acredito que ela poderia ser melhor à proporção de sua confiança em mim e da liberdade que me outorga. Gostaria de dizer que depois de tantas internações, elas agora só têm o efeito punitivo para mim, em nada acrescentam à minha recuperação, pois posso sair tão fissurado como quando entrei e não há tempo que vá mudar isso. Como já aconteceu. O que muda é meu caráter metido com um bando de pessoas pouco evoluídas moralmente. Eu era uma pessoa melhor antes dos internamentos. Hoje me considero uma pessoa pior, que precisa fazer um esforço maior para ser honesto do que habitualmente fazia, pois conheci mais a fundo o lado negro da humanidade e não houve como não ser tocado de alguma forma. Se você tivesse ideia sobre a que me submete, você não desejaria ao seu pior inimigo, que no momento da recaída torna-se eu. Me preocupo se você não se automedica demais e isso venha afetando negativamente a sua saúde. Só uma hipótese. Outra seria a idade e tenho medo do que será de mim quando alcançar, se alcançar, a sua idade tendo feito muito menos pela minha saúde do que você. Pelo menos não me automedico então as sequelas dos remédios são só na minha mente. Estou cada vez mais acostumado com a reclusão, ela me é bem-vinda e confortável. Não sei por que isso se dá, mas também não vejo nada de prejudicial nisso. Ao menos não me sinto mal assim. Mas sei que é um comportamento sui generis e tentarei combatê-lo a contragosto saindo mais, uma vez que volte a ter o Uber funcional. Mas confesso que prefiro uma conversa a dois, com ambos focados um na prosa do outro como ocorre na piscina, quando meu amigo aparece, do que papos rasteiros e curtos com as pessoas numa balada. De toda forma, eu tenho como meta me socializar mais. Pretendo retomar as notações dos meus gastos no mês que vem. Minha vida é boa e agradável e estou aprendendo a apreciar os pequenos prazeres da vida, que são vários para mim. Desde um copo de Coca gelada a um relaxante banho superquente e tantos outros que não vou enumerar aqui. Sobre a questão de escrever, a encaro como a minha profissão de fé, minha vocação. Posso estar apenas produzindo lixo mal escrito, mas o faço com esmero e paixão e dedicação o que para mim já torna a empreitada válida. Qualquer coisa que é feita com amor e não prejudica ninguém é válida para mim. Enquanto ainda tenho memória e condições cognitivas para tal. Sinto que minha memória não é mais a mesma e vem piorando com o passar dos meses e anos. Gostei de saber que você achou viável agendar uma consulta para mim com uma das psiquiatras do CAPS. E estou deveras feliz que você tenha aceitado fazer terapia. Acho que isso vai fazer muito bem a você. A mim me fez. Não conseguiria chegar ao meu estado atual de contentamento com a vida sem a curatela e a ajuda terapêutica que tive ao longo de todos esses anos de batalha e sofrimento existencial que enfrentamos você, papai e eu. Quis desistir muitas vezes e por isso e pelo meu abuso de droga, eu peço perdão, mas a depressão é algo incontrolável e devastador para quem sente. Ainda bem que depois de tanta terapia e medicação eu estabilizei meu humor e vejo a vida com olhos muito mais otimistas que antes. Gosto de cada novo dia que se descortina para mim. Nunca pensei que chegaria a isso na minha vida. Desde os 13 anos me achando um merda e odiando a vida, foi tempo demais de sofrimento. Claro que houve interlúdios de felicidade. Ainda bem que houve. Principalmente quando fiz turma com as pessoas do nosso prédio e ao longo de todo o período de faculdade. Depois as coisas foram descarrilhando novamente. Por causa da minha inépcia em absorver uma vida adulta independente como algo prazeroso. A mim me parecia que trabalhava demais e tinha recompensas de menos, para dizer o mínimo. Minha vida não tinha sentido voltada quase que exclusivamente para o trabalho e isso só me levava à derrocada. Hoje realizo o meu ofício de escrever não por obrigação, mas por puro prazer. Escrevo sobre o que eu quiser, quando eu quiser. Mas parece que quero sempre, pois é uma atividade recompensadora e divertida. Preciso comprar pilhas para o meu controle remoto para poder jogar meus videogames. Também não sei o que será da minha vida sem você. Preferia morrer antes de você para não passar por essa perda inimaginável. Eu não sei o que faria da vida sem você. Eu desaprendi. Queria muito viver no prédio até o final da minha vida. Eu não me vejo feliz vivendo em outro lugar. Em outro país. Mas a vida nem sempre é do jeito que a gente quer, não é mesmo? Talvez seja por isso que goste tanto do isolamento, pois só dependo das minhas vontades, as coisas saem do jeito que eu quero no mais das vezes e isso é bom para mim. Mas retomarei contato com meu primo-irmão para me reintegrar um pouco mais à sociedade. Isto é um pequeno retrato de como estou e vejo alguns aspectos da minha vida. Não é o melhor presente de Dia das Mães, mas acho que o máximo que poderia oferecer, já que não tenho nada de material para lhe dar e nem saberia o que dar, era a minha sinceridade. Eu te amo, tanto quanto amo meu irmão e Maria de Buria. Acho que mais, pois você representa muito mais na minha vida. Você é a pessoa mais importante da minha vida. Gostaria de reiterar que acho a terapia essencial para você.

Com amor,


Mário

23h59. Imprimi a carta, só não sei se a entregue. Deixei em cima da impressora. Acho que a deixarei ali para que ela veja, pegue e leia. Não sei, ainda estou indeciso. A carta é muito dura em algumas partes. Não tenho a mínima ideia de como será a reação dela. E espero não recair na cola. Pretendo não recair na cola. E não recairei se o meu cotidiano continuar o mesmo. Pois não sinto vazio existencial a preencher. O que sinto, o preencho com a escrita. E isso tem sido bom para mim. E as questões de filosofia de alguma forma me fazem conhecer melhor, sobres minhas crenças e valores. Tento ser feliz o mais honestamente possível. Mas como disse na carta, ver as possibilidades de coisas desonestas serem feitas, burlando as leis que não aceita e criam-se brechas dentro da lei, fumar no quarto, por exemplo, era uma coisa proibida que muitos do clã faziam abertamente, eu fumava no quarto também, mesmo sabendo proibido, mas tentava ser o mais discreto possível. Era uma lei com a qual nenhum de nós se importava, pois nos nossos quartos só davam fumantes, ninguém ficava incomodado com o cheiro ou, se ficava, não o manifestava. E, por causa disso, acho que os funcionários faziam vista grossa, pelo menos na Garagem. E agora que proibiram entrada de qualquer isqueiro, tem que descer e ir até a grade que separa homens de mulheres acender num isqueiro que ficava preso numa correntinha lá, passando por uma multidão de pidões no meio do caminho, um saco. The Cure. Não estava suportando IM, mas vou comprar dois discos. Para que, eu não sei. Se eu tenho Spotify, para que ter o disco? Como um trofel de excelência da banda. Com The Cure ou U2, ou SugarCubes e Björk e Strokes ou agora Infected Mushroom. Eu queria que eles remixassem muito loucamente o Disintegration do The Cure iria ser massa. Cada canal de áudio pronto para ser editado da forma mais insana possível, porém sem deixar a música irreconhecível. Iria ficar muito invocado. Muitos iriam achar que é arte, não é possível. A vendagens bombariam, na minha opinião, todo fã do The Cure iria comprar.

0h59. Vou pegar Coca. 1h02. Já bebi metade do copo. Que ozzy. Estava com a goela seca. Para ser sincero há duas músicas das quais eu não gosto muito no disco, mas que têm a alma do disco mesmo assim, são “Lovesong” e “Fascination Street”. Mas as outras estão num padrão de excelência superior para mim. Eu trocaria facilmente por “This Twilight Garden”. Fui procurar caixa de CDs “Join The Dots”, que eu recomendo, essencial para quem curte Cure, dava para tirar facilmente 2 CDs do The Cure dali. É muito bom ter o “Join The Dots” aqui pois ainda vem com comentários da banda e meio que uma biografia dela num livreto. Enfim, minha intenção com a caixa de B-sides era localizar “This Twilight Garden” para ver se o nome da música era assim mesmo. Aí me lembrei que a caixa está num lugar ozzy de pegar e só depois disso me ocorreu a lembrança que eu tenho o Google no meu computador e que posso perguntar a ele. O sábio do século 20, Será que se ele pudesse entender todos os dados que possui, ele se tornar-se-ia a Singularidade? De The Cure direto para a Singularidade. Aí, digitei o nome da música como imaginava que era e era. Fiquei feliz com isso, com a minha memória estar funcionando bem em alguns aspectos. Outra “Underneath the Stars”. Essa, eu não sei o nome. Vou procurar. Achei e fiz uma coisa muito massa e está certo o nome! É porque no Google só dava resultado de uma música de Mariah Carrey homônima, mas o Spotify me revelou que o nome era o que eu imaginava. Eu aproveitei e peguei a pasta da discografia do The Cure e botei em modo aleatório. Melhor forma de aprofundar conhecimento sobre uma banda. Da forma menos cansativa e mais diversificada, dá um âmbito cada vez mais geral da banda, mais completo da banda, mas não fica chato como ouvir álbum por álbum. O aleatório para mim me parece menos cansativo para conhecer a discografia do The Cure. Ou coletâneas deles. Embora o gosto da galera destoe do meu. Botam as mais famosas, que sempre são massa, mas não são as suas preferidas. “Friday I’m In Love”, por exemplo não colocaria entre as melhores. “Lullaby” não bate “Plainsong” nem a pau. “Friday I’m In Love” já foi um dia uma das minhas preferidas, quando ganhei Wish e era novidade e fomos para as férias em Areias. Ah, que período bom da minha vida. Como vivi momentos bons na vida. Está passando uma do “The Cure” completamente experimental, nunca imaginei. De treze minutos de duração. É a mesma vibe do improviso consciente do IM. “Airlock – The Soundtrack – 3/82”. Muito louca. É como se fosse para mim uma ópera louca. Nunca colocaria se não fosse o modo aleatório. O disco de extras do “Seventeen Seconds” não me seria nunca uma escolha que faria. Acho que seria o último disco que colocaria de todos que eu vi. Não, minto, os extras de discos mais antigos vêm na frente entre os que menos quero escutar. Esse eu até poderia vir a gostar, mas nunca entraria entre as melhores. “A Man Inside My Mouth”, extra do “The Head On The Door”. Se parar num disco que eu queira ouvir, eu paro. Ou porque não faço logo isso, se tenho esse poder. O disco que eu queria escutar era “4:13 Dream”. Coloquei. Se estiver chato, aperto o botão de aleatório ou pulo a música. A segunda parece uma filha de “High”. Que bom, este disco é geralmente pesado, pelo que me lembro. Ou estou confundindo com o antecessor, “The Cure”? Acho que ambos são mais barulhentos. Esse até agora está sendo bem menos barulhento que aquele. Ou eu ouvi psytrance por muito tempo? Hahahahaha. Ficou mais pesado, as guitarras são mais sujas o vocal mais na cara. A Singularidade, ah, que forma ela tem para mim? Não sei. É um borrão. Não sei definir. Me veio à mente o computador central da “transcendência”, como ele chama a Singularidade no filme, mas o que vejo não é aquilo é um borrão cinza, como uma pincelada cinza com um pequeno quadrado branco, distante flutuando num fundo branco. É assim que a imagino e não acho que tenha nada a ver com como ela vai ser de fato. Deve ser mais parecida com o de “Transcendence”. Sei lá. Nem sei se isso vai rolar mesmo. Eu não sei por que continuo a insistir nisso. Hoje foi porque mamãe me contou um caso de teoria da conspiração. Isso me atiça a liberdade que eu também tenho de expressar as minhas crenças, por mais absurdas que pareçam ao resto da humanidade. Todos não divulgam sua fé, por aí, com alienígenas, com Jesus, com Pais-de-Santo, meditação e todo o resto de formas de culto? Está sendo um mergulho bem profundo, só pegando takes alternativos da banda. Menino, o Spotify quer que eu me torne um profundo conhecedor do The Cure mesmo. O que eu mais queria que agora 2h28? Que minha mãe não estivesse me mandando dormir.

2h32. Peguei o restinho da Coca que só deu meio copo. Disse que quando acabasse iria dormir.

2h35. Já acabou a Coca, estou comendo o gelo. Mesmo com tão pouco a dizer, disse tanto? Acho que sempre vai me impressionar. Mas em vez de frustração porque acho que nenhum leitor vá ler, eu me sinto orgulhoso de eternizar uma parte maior de mim na grande rede. É onde manifesto a minha egolatria. Não consigo sentir o amor próprio em mim, então a forma de manifestá-lo é essa. É a parte de mim que mais amo. Escrever. Então, fico feliz quando a colheita de texto foi boa, farta. Obviamente tem uma parte muito truncada que eu vi. Algumas perguntas filosóficas para fechar.

509- A Verdade é preferível à mentira?
Sempre. Não teve uma só vez que disse a verdade e me arrependi. Aliás, apenas uma em que por sinal, eu, homem feito, chorei como uma criança desamparada. Mas prefiro a verdade, por mais que minta e omita algumas vezes que ninguém é perfeito. Já menti sobre a Coca para mamãe. Espero que ela não venha de novo.

508 – A Filosofia leva ao conhecimento?
Sim, principalmente ao autoconhecimento. Para mim está servindo muito como isso, além do que as ciências meio que nasceram com os filósofos ou sábios.

507 – A ciência melhora o homem?

506 – O Universo é consciente?
Ainda não e nem o vai ser completamente mais haverá uma inteligência que terá praticamente consciência do universo como um todo.

505 – O Nada é perfeito?
É. É a coisa mais magnífica por não ser.

504 – A espécie humana tem evoluído para melhor?
Acredito que sim, principalmente se – vocês já sabem – estivermos caminhando rumo à Singularidade.

503 – O que é ser homem?

502 – Para que serve o homem?
Para gerar tecnologias cada vez mais complexas que descambarão na Singularidade.

501 – As pessoas mudam?
Sim, basta encontrar outra pessoa. Hahahahaha. Sim, as pessoas mudam, eu mudei e agora estou cristalizando algumas coisas na minha vida, o que é ruim e é bom ao mesmo tempo. Você sente sua estrutura emocional mais forte, com menos conflitos.

500 – É possível “não estar em mim”?

É possível sair de si, no sentido de perder totalmente o controle emocional. Mas da alma sair do corpo, não acredito nisso. A pessoa pode se lembrar de quando estava em outro país, mas continuará, no meu caso, em frente ao computador e relembrando Munique outonal. Só acredito no upload através de avançadíssima digitalização da mente para dentro da Singularidade.  

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