Indispensável ao meu cotidiano. |
Acho que foi por causa do vídeo do velório que inseri no
post anterior que me lembrei de quando fui escolher o caixão do meu pai, o
corpo ainda deitado na cama de casal do apartamento dele, onde estávamos.
Incrível como esses urubus aparecem rápido. Escolhi o caixão mais simples, mais
“clean”, pois achava que esse seria o seu gosto, sem frases ou detalhes. Minha
tia do meio, entretanto interveio e mandou colocar na tampa uma frase de um dos
apóstolos de Jesus que não me recordo agora, tão acachapado estava com o que se
desenrolava no momento, policiais dentro da minha casa fazendo a perícia,
família inteira reunida e meu pai morto no quarto. Bem, essa é a minha
experiência com escolha de caixões até o momento. Gostaria que ficasse por aí,
não queria escolher caixões para mais ninguém. Não sei se a vida vai me
agraciar com isso. A lista de Spotify que meu primo que morou aqui – que
passarei a chamar de meu “primo urbano”, que é mais curto e diz mais – é a cara
dele. Não muito a minha, não sou tão cool, gosto de coisa mais apaixonadas,
vibrantes, mais cheias musicalmente. Mas não são ruins as músicas de jeito
nenhum. Acho que ele quis fazer uma coletânea de artistas obscuros com leve
inclinação para o eletrônico por causa da minha menção a Infected Mushroom em sua
festa de aniversário. 10h44. Estou em casa, como pedi ontem, a chuva alagou a
minha rua e me impossibilitou de ir ao CAPS pelo menos por ora. Foi bom porque
acordei cedo e o dia me parecerá bem mais extenso. O clima de chuva, estando
protegido dentro de casa, me agrada. Dá um ar paulistano a Recife. Realmente se
meu primo vê isso como o que há de melhor em música eletrônica, nada tem a ver
com o IM. Não é psytrance, seria talvez lounge. Ouvirei duas vezes o playlist para dizer que ouvi realmente e
passarei para IM. Não estou totalmente concentrado nas músicas, visto que estou
escrevendo. Ainda sem muita motivação de fazê-lo. Espero não estar entrando em
depressão. Essa vontade de não fazer nada. Essa falta de vontade, em verdade,
pode ser um sintoma de depressão chegando. Deus queira que não. Prefiro pegar
abuso da escrita a cair em nova crise de depressão. Mas se pegar abuso de
escrever, eu precisarei de alguma coisa para substituir o que me preenche o
vazio existencial e só consigo pensar em uma coisa que substitua à altura, uma
namorada.
10h58. A rua ainda está um pouco inundada, chove fino, mas
de forma incessante, a água na rua diminuiu bastante e, embora ainda esteja
alagada, não toma mais as calçadas. De qualquer forma, não sairei nessa chuva
para o CAPS pois chegarei lá completamente ensopado. Há a possibilidade de a
situação melhorar daqui para as 13h e talvez eu seja capaz de ir ao CAPS para o
grupo AD. Veremos. São 11h02 ainda. O primeiro grupo deve ter acabado de
acabar. O segundo vai até as 12h30, então vem o almoço e, depois de breve
descanso, os grupos da tarde. Olho pela janela e a chuva se intensificou.
Talvez hoje não seja dia de CAPS para mim mesmo.
11h11. Minha mãe disse que a rua voltou a alagar. Acho que o
playlist que o meu primo mandou é uma
coletânea do que ele acha de melhor em música eletrônica, pois embora usem
instrumentos de verdade e vozes há um componente eletrônico em todas elas ou na
maioria delas. Não sei se terei paciência para ouvir duas vezes seguidas. Mas
ouvirei outra vez, mais para cumprir tabela com meu primo e honrar o esforço
que teve em elaborar essa seleção musical para mim. Só não vou traçar um
comentário faixa a faixa porque além de serem 23, a maioria me soou com um som
ralo diluído, cool, lounge, que não faz a minha praia. Mas que como eu disse, é
a cara dele que é super low-profile.
Estou usando muitas terminologias em Inglês hoje não me pergunte por quê. Estou
achando Terry Riley melhor hoje. Talvez uma segunda audição seja realmente
necessária para me aclimatar mais com as músicas.
11h50. O CAPS ligou e minha mãe avisou da situação aquática
da minha rua, a psicóloga do grupo AD que me ligou, falou que eu poderia
compensar amanhã se quisesse. Obviamente não vou querer pois não há nenhum
grupo que me interesse amanhã. Recoloquei o playlist
do meu primo. Vou dar essa colher de chá e são músicas relaxantes, boas para
escrever. Começo já achando melhor a primeira música. Aumentei o volume e é
possível prestar mais atenção aos arranjos, muito bem elaborados, pelo menos da
primeira música, o que não percebi na primeira audição. Acho que estou me
tornando um garoto mimado. Intolerante com o que me desagrada. Mas mimado por
quem? Só se for por mim mesmo. Estou muito satisfeito em não ir para o CAPS
hoje. Se bem que gostaria de ir para o grupo AD. A chuva parece que deu uma
trégua. Preciso perguntar a mamãe se vai haver o grupo AD.
12h03. Não vai haver CAPS à tarde. Que pena. Gostaria de ser
o único a ir. Ter uma sessão de terapia com a psicóloga só para mim. Se bem que
não tenho muito do que tratar, acho que o único tema relevante que traria seria
essa minha súbita indisposição para a escrita. Que agora nem se manifesta
muito. Estou gostando de escrever o que estou escrevendo nesse momento. Nossa,
como é bom beber Coca. Gosto mais de segurar o Vaporfi com a mão esquerda, vai
entender. Pena que não dá para colocar ele do lado esquerdo do meu computador,
só se for em pé. Eureka! É o que farei. O perigo é derrubar. Tem algumas
músicas que realmente não me tocam. E meu primo é mais puxado para o jazz
mesmo. Se bem que a que entrou agora nada tem de jazz. Preciso criar coragem e
enfrentar o mestre do dungeon do
Zeldinha. Nunca mais fizeram bife à milanesa aqui em casa. Vi que Dona
Carmelita fez um bife frito que poderia muito bem ter sido à milanesa. Se
soubesse que havia bife a ser preparado hoje, teria pedido à minha mãe. Tem uma
música só de vozes, com um toque meio árabe, que só me remete ao “Medúlla” de
Björk.
12h35. Me perdi no Facebook para variar. Vi um vídeo hilário
em que se perguntava a pessoas do interior o que eles fariam se descobrissem
que o filho usa Twitter. É muito raro eu compartilhar essas coisas, mas não
resisti. Vi com um misto de graça e desolação por descobrir o quanto ainda é
preciso avançar em nosso país para alcançarmos a inclusão digital para todos. E
vejo que isso é um trabalho para uma ou duas gerações, visto que os
entrevistados nunca serão capazes de adentrar nesse mundo, são ignorantes
demais para isso. Não que não sejam sábios em outros aspectos, mas em termos de
informática realmente não vejo jeito. Também a maioria são pessoas de idade que
nunca devem ter ligado um computador na vida. Nem sei como eles fazem para
votar em urnas eletrônicas, tamanha a ignorância sobre o mundo digital. Me
pergunto se sequer têm celulares.
12h52. Minha mãe veio me chamar para o almoço mesmo sabendo
que não almoço. Mas sei que ela vai insistir todos os dias mesmo assim. A
princípio me irritava com isso, hoje vejo como um gesto de carinho. Acho essa
mudança de paradigma mais saudável para mim. E não foi algo forçado, um
adestramento, foi uma mudança espontânea. Da melhor forma possível. É uma pena
que não consiga ver as suas neuroses da mesma forma, visto que limitam a minha
vida. Por falar em limites, agora não estou mais limitado no meu ir e vir na
cidade. Tenho o Uber de novo, espero, pois ainda não o testei e posso marcar
com minhas amigas programas nas Graças, onde moram. N’A Fazendinha, que me deu
a entender ser um ponto próximo à casa da duas. E que costumam frequentar
bastante. Pelo menos uma delas, que chama o dono pelo nome com a maior
intimidade. Saudades das duas. Esperar passar esse período de chuva para marcar
novo encontro. Quem sabe não poderei levar unzinho dessa vez? Elas pediram
tanto da outra. Hahahahaha. Não sei de onde vem essa viagem delas de viajar. É
algo novo para mim e uma admitiu que faz 16 anos que não fuma. Acho que não
escapo de levar mamãe à radioterapia, o que realmente não é uma grande
obrigação hoje que tive e estou tendo um dia grande para mim. Quem sabe não
compremos um brownie na cafeteria do hospital? Achei bem gostoso o que ela
comprou da outra vez. E se não tiver brownie, pelo menos fico ouvindo o meu
iPod. Seria bom levar algo para ler. Ou não seria? Pois só tenho os Ensaios de
Montaigne que me motive a ler. E não estou motivado a ler no momento. Não gosto
de ler. Até de escrever acho que estou perdendo o gosto. Mas farei de tudo para
não perder. Pois escrever tem sido a minha vida. Não concebo a vida sem
palavras. Só se tiver uma namorada. Aí seria uma boa substituição para
preencher o meu vazio emocional. Qual será a minha aparência daqui a nove anos?
Será que terei perdido o bucho? Será que estarei todo grisalho? Meu pai teve
cabelos relativamente escuros até a sua morte, aos 57. Sim, preciso pegar o
documento da pensão desse mês. Já deve ter entrado o de junho no sistema, que
droga. Vou checar.
13h39. Como previ, já é o de junho que consta lá. Vou ver se
tem como ver contracheques mais antigos.
13h54. Consegui. E me perdi no Facebook novamente. Não sei
se esse me perder no Facebook tem a ver com fugir da escrita. Realmente não
sei. Mas vi um vídeo de um cara que disse para fazer o que se ama no trabalho e
meu “trabalho” é escrever. É o que eu amo. Não há outra coisa que eu me veja
fazendo para preencher o meu tempo. Não gosto deste dilema que se instaura
dentro de mim sobre a minha escrita. Quero que isso suma. Quero voltar a ter o
mesmo gosto pelas palavras que tinha na semana passada. Que tinha há dois dias.
Acho que estou criando uma tempestade num copo d’água aqui, mas é o que sinto.
Eu tenho que me reconectar com a escrita. Eu amo escrever. Tanto quanto eu amo
Aurora. É uma paixão. Mas paixões não são feitas para durar. Então que seja
amor mesmo. Acho que encontro dificuldade pela falta de conteúdo. Acho que ter
respondido as questões filosóficas é que me modificou. Pois agora fico me
cobrando escrever coisas tão profundas quanto aquilo e não é isso o que
costumava escrever. Eis aí o dilema. É nessa hora que tenho que me focar no
slogan do meu blog e escrever o que me der na telha, sem obrigações ou
patamares de conteúdo. Eu preciso me desintoxicar das questões filosóficas.
Embora não queira. É muito contraditório o que sinto agora. Sinto que meu blog
seria muito melhor se abordasse temas mais profundos, mas a pergunta é: melhor
para quem? Para mim não está sendo e escrevo exclusivamente para mim. Quase não
tenho leitores mesmo, para que me preocupar com a profundidade ou rasura do meu
conteúdo? Eu escrevo aqui para ter prazer, esse é o meu único objetivo. Preciso
me focar nele. Não perder de foco o prazer de fazer. Reconquistar esse prazer.
Retomar a liberdade de dizer o que me der na telha. Mesmo que fútil, inútil,
imprestável. Mesmo que mal escrito. Da forma que sair, desde que me dê prazer,
me cause bem-estar ao fazer. Que tenha gosto por digitar as palavras. Estou
louco para voltar a escutar Infected Mushroom. Ainda bem que a segunda audição
do playlist do meu primo está quase
no fim. É um bom playlist e tudo o
mais. Nada que tenha me aberto novos horizontes, é verdade, mas quero algo
familiar, quero IM.
14h50. Acho que vou digitar uma parte do segundo caderno do
diário agora. Não tenho muito o que acrescentar.
18h23. Digitei quase três dias do diário, o que é muito. O
arquivo já vai com mais de cem páginas. Aí cansei no meio de uma promessa que
eu fiz para me manter limpo da cola, mas que é uma promessa que não se sustenta
em si pois é baseada no impossível, na reciprocidade do meu amor por Aurora, o
que nunca vai acontecer. Elegi à época do diário isso como o meu “poder
superior”, um dos pináculos da filosofia de NA (Narcóticos Anônimos), mas hoje
vejo quão ridículo isso foi. Continuo sem poder superior. Dependendo de mim
mesmo para qualquer episódio de fissura que porventura venha a ter. Talvez também
do CAPS. Mas quando dou por minha fissura, já estou subjugado e com o modo
psicopata ativado. Uma vez nesse modo, nada é, ou pelo menos foi até hoje,
capaz de me impedir. Mas não quero falar sobre isso, pois não quero ficar com
pensamentos sobre cola no meu subconsciente, pode se tornar a semente de uma
recaída. E isso é o que menos quero. Não quero ir parar de novo no Manicômio.
Não quero trocar o meu quarto-ilha por uma droga que só vai me dar apagão. Xô!
Mudar de parágrafo e de assunto. Provavelmente eu irei com
mamãe à radioterapia, visto que o meu padrasto está combalido de uma gripe ou
coisa que o valha. 18h36. E a hora se aproxima. Estou sem o mínimo saco de ir,
mas já vou trocar de roupa.
18h44. Troquei de roupa, troquei a bateria do Vaporfi, enchi
seu tanque e um copo de Coca para mim. Vi que tem alguém tomando banho na suíte
do casal, provavelmente mamãe. Já vai sair gritando para que eu me arrume. Mas
me antecipei a isto e estou pronto, como disse.
21h35. Cheguei da radioterapia, precisei atualizar o
cadastro do Norton e divaguei pela internet, mas cá estou. Amanhã é a última
sessão de mamãe. Finalmente. Bom para ela. Embora parece que vá ter que tomar
remédio pelos próximos cinco anos ou coisa assim. Remédio que afeta, dentre
outras coisas, a sua memória, o que é péssimo, pois não teremos como aferir se
sua perda de memória, que já vinha acontecendo antes do remédio, é fruto da
medicação ou de um mal maior, que é o que temo. Sua memória piorou bastante
nesses últimos dias. Espero que seja resultado do remédio realmente. Senão o
quadro é preocupante. Espero que pelo menos ela marque o psicólogo. Talvez ele
possa aferir se a falta de memória é do medicamento ou não. Quem me dera a minha
fosse. Mas minha mãe não troca a Doutora por ninguém, pois acha que ela
descobriu a receita mágica para a minha depressão. Não conta os fatores
psicossociais envolvidos. Não conta que mesmo tomando os remédios prescritos
pela Doutora comecei a surtar no último emprego que tive e desisti antes de
descarrilhar totalmente.
22h15. Pude confirmar agora. Além de desmemoriada, mamãe
apresenta sintomas de confusão mental na minha opinião de leigo. Isso me deixa
de cabelos em pé e não sei como se dará a viagem nessas condições. Ela pode se
perder em Munique e não saber como voltar. Ainda bem que a área de compras é
relativamente pequena. Se ela se perder, não será muito difícil localizá-la.
Mas ela vai precisar indispensavelmente de um celular. Não sei se deveríamos
viajar nessas circunstâncias, mas as passagens já estão compradas. Na verdade,
sou eu que não quero viajar. Mas vamos. O que se há de fazer? Mamãe só não irá
se o meu padrasto estiver se submetendo ele também a tratamento contra câncer,
de próstata, o que acho bastante improvável. Tudo não passa de hipocondria e
fatalismo da parte dele na minha opinião de leigo outra vez. Ele nem se
submeteu aos exames ainda. E parece que houve uma querela com minha mãe, que
iria marcar os exames para ele amanhã de manhã. Sei lá eles que são o casal que
se entendam. Não deveria nem estar tratando das intimidades deles aqui. Deveria
tratar das minhas intimidades. No que penso intimamente? Hoje pensei muito em
Aurora, pois na transcrição do caderno da internação seu nome foi muito
mencionado, isso me embriagou um pouco dela. Mas é quase tão impossível quanto
eu namorar Björk. Pronto, eu iria para a Europa de boa se fosse conhecer a
Islândia. Acho que é o país que tenho mais curiosidade de conhecer por causa da
minha musa. Quem sabe eu não cruzaria com ela por lá? Hahahahaha. Eu a pediria
em casamento. Juro! Hahahahahaha. Seria uma oportunidade única, eu iria direto
ao assunto. Mesmo ela sendo uma coroa já, é a única coroa que desejo na vida.
Mas obviamente isso são delírios. Como Aurora o é. Mas é ela que emerge do meu
íntimo agora. “Aurora, Godess sparkle” como canta justamente Björk. É estou
fazendo uma mistureba de fantasias agora. Perdoe-me. É a solidão que faz isso
com este ser. O bom é que Aurora defenestrou Clementine do meu coração. O que
por si só foi uma bênção sem tamanho. Ela era como um câncer, já que tratei
tanto da doença, um câncer emocional que só me fazia mal e me machucava com seu
desprezo e repúdio. Aurora foi minha quimioterapia da alma e é tão inatingível,
tão inacessível que não tem como me ferir. Mas não quero tratar de paixões platônicas
agora. Clementine, Aurora, Björk, foi bom pensar em quase todas vocês, mas
chega.
22h46. Vejo jogos sendo lançados para Nintendo Switch que
poderiam muito bem ser lançados para Wii U, como é o caso de Ultra Street
Fighter II. Mas não quero falar disso também. Sobre o quero falar? Sobre o que
quero falar realmente só cabe nos Desabafos do Vate, mas não vou criar um post
do meu blog fechado agora, falta-me disposição e o assunto não está tão
pulsante assim. Espero que continue dessa maneira. Voltando um pouco à viagem,
não gostaria de sair de Munique e visitar outra cidade ou país (exceto a
Islândia!), queria que o tempo passasse o mais rápido possível. Que minha irmã
não leia isso e se ler que não me interprete mal. Não é porque desgoste dela,
de sua família e da própria cidade. É uma cisma em deixar a minha zona de
conforto. Sei que acabarei me divertindo, principalmente se rolar a Oktoberfest
mesmo enquanto estivermos lá. Tem vários brinquedos em que posso passear. E
muitas garotas bonitas para se ver. Reitero que o que não queria era ter
contato com os vizinhos. Essa é a parte socialmente mais desconfortável para
mim. Não queria mesmo. Mas estou achando que vai ser inevitável. Preciso avisar
a minha irmã para não divulgar minha ida para eles. 23h18. Acabei de mandar um
WhatsApp para ela alertando para que não comente da minha ida com eles. E pedi
para que se rolar algum show de Björk, Strokes ou da filarmônica de Berlim
tocando a Nona de Beethoven na época em que estaremos lá que ela compre os
ingressos mais perto do palco possíveis. Claro que não vai rolar nada disso,
não tenho tanta sorte assim. Mas não custa nada deixá-la de sobreaviso. Achei
que depois que parei de vender bonecas de macumba no eBay minha vida melhorou,
mas pode ser só outra ilusão fantasiosa minha. Ver se amanhã aparo a barba, mas
embora seja um processo relativamente rápido, não estou com a mínima disposição
de fazê-lo. De toda sorte me esforçarei para isso. Ela já está grande e sem
jeito. Meu amigo cineasta ainda não mandou o link do seu curta para eu ver.
Acho que pelo jeito não vai rolar documentário nenhum. Se bem que eu mesmo
posso documentar o que quiser se comprar um celular novo com mais memória e
espaço para cartão de memória. Não precisa ser nenhum celular top, só precisa
filmar em 1080 por 720. Acho que até o meu filma, mas só tem 8 GB de memória
não expansível. E ainda é obrigado a ter todos os aplicativos da Google, eles
são inapagáveis e são inúmeros, o que consome uma memória danada do celular.
Toda vez que tem atualização dos aplicativos é uma luta para conseguir mais
espaço. A fome do remédio começa a bater. Farofa com feijão será a minha
refeição. 23h31.
23h53. Comi. Bastante. Primeiro um pato de macarrão. Depois
um prato de macarrão com farofa e ainda uma fatia de gorgonzola. E fumei o
digestivo. Minha boca pede algo doce, mas não vou obedecer. Está bom de
calorias por um dia. Há alguns games que quero jogar antes de morrer. Mas não
muitos. Não são nem todos os que estão agora nas minhas prateleiras. Espero que
minha preguiça para com os games não invada a minha escrita, como vem
acontecendo neste post. Que preguiça é essa tão enorme que me acomete? Não sei.
Mas gostaria de saber. Acho que já estou ficando com sono. Sempre depois de
comer me bate sono. E a vontade de comer algo doce ainda me invade. Acho que
vou dar essa brecha e comer uns biscoitos tortinhas de limão. Mas não agora que
acabei de sentar. Por sinal, acho que essa cadeira não é tão durável como a
anterior. Pelo menos o assento parece ser revestido de uma espuma mais mole, que
tem me dado assaduras. Mas se é o que tenho no momento que seja. É muito melhor
tê-la que não tê-la. Não sei como vou interagir com os meus sobrinhos. Não
tenho o mínimo jeito ou paciência com crianças pequenas. Queria ter um porão
para ficar lá durante toda a viagem. Se bem que sem gosto para escrever e sem
nada para comprar, de nada adiantaria. Me vejo ficando em casa da minha irmã o
mínimo de tempo possível durante o dia, embora não tenha nada na Marienplatz
que eu queira desbravar ou revisitar. Mas a linha de metrô vai até a Allianz
Arena, ou seja, bem longe. Enquanto mantiver referência do metrô posso descer
em qualquer uma das paradas para dar uma perambulada. Em verdade queria passar
o dia enrolado no meu edredom sem sair do canto, assistindo filmes na TV, mas
isso será impossível de se cumprir, visto que dormirei na sala de estar. E que
seria um comportamento deveras estranho e diria que até um pouco depressivo. Eu
não sei se é porque estou com frio e sono aqui que projeto essa ideia maluca
para a viagem. Só sei que não gostaria de viajar e que viajarei mesmo assim. É
bom que com expectativas tão negativas eu posso me surpreender positivamente.
Acho que toda essa rixa com a viagem é por causa de preguiça, de sair da minha
zona de conforto, de onde faço de tudo para não sair. Amanhã continuo. Sem
disposição nenhuma hoje.
0h53. Recebi um comunicado de uma pessoa daqui do meu
prédio, muito bem quista por seus escritos, que está lançando um blog para
divulgá-los para o mundo. Acho que mandarei um comentário no seu blog para que
leia o meu e diga o que acha. Minha mãe é fã dela e podem se tornar amigas,
visto que ambas têm carência nessa área. Um primeiro contato já foi feito,
veremos se renderá bons frutos para ambas. O que eu queria mesmo era publicar o
meu livro sobre os internamentos e, não sei por quê, acho que um dos caminhos
mais sólidos seria através do contato com esta escritora. Mamãe está com livros
dela aqui, mas posso agora ler seus conteúdos pela internet. Que coincidência.
Uma que não deixarei passar em brancas nuvens. Bom amanhã escrevo mais ou
termino por aqui e deixo apenas a revisão e a publicação para amanhã, sabe-se
lá como acordarei, que impulsos me dominarão.
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