terça-feira, 6 de junho de 2017

BOBAGENS E UM POUCO DE FICÇÃO


13h54. Voltei do CAPS há algum tempo já. Eis o que produzi lá:





Não lembro muito do que escrevi sobre este postal, recordo-me de ter posto no questionário que nos foi passado antes da confecção do postal, baixa autoestima, desejar uma namorada e que para isso precisava de melhor autoestima e autoconfiança, talvez cara de pau também. Sobre o postal acho que disse que as culpas que carrego são como flechas que abrem feridas finas e profundas no meu ser. E que a energia que me move hoje é forte e caótica como o estouro de uma caixa de leite arremessada no chão. Em verdade o que tenho é uma falta de energia, principalmente no que tange à escrita. No segundo grupo, que passou uma animação que é a descrição perfeita da evolução de uma adicção, do começo inebriante até o trágico desfecho, que é quando os adictos que pedem ajuda, como eu, se encontram, mencionei sobre a minha falta de vontade de escrever e a psicóloga me perguntou se não estava tendo escrever por uma obrigação, o que eu e ela sabemos que não é a minha praia, com o que concordei. Hoje, agora, estou escrevendo meio que por obrigação. Isso é muito chato. Acho que vou trocar de som hoje, em vez de Infected Mushroom, acho que vou de New Order. Coloquei logo “Atmosphere” do Joy Division. 14h13. Acho que vou tirar um cochilo e depois assistir “John Wick: Chapter 2”. Vou passá-lo logo para o HD externo e escanear o postal que produzi no CAPS para pôr aí em cima. Péra.

14h22. Missões cumpridas. O que dizer agora quando não se há mais nada que queira ser dito, nada me emana da alma para ser posto em palavras? Não posso esboçar uma recaída de cola por causa disso. O tédio não é completo, tenho o filme, aliás os filmes para ver. Posso começar a jogar “Persona 4”, provavelmente vá ter que ir comprar Coca hoje. Não quero ir à cozinha encher o meu copo, pois percebi que meu padrasto se calou quando eu adentrei o recinto da última vez, o que me constrange a ir lá mais uma vez na sua presença. Terei que esperar ele e mamãe saírem da cozinha. Que nada, se ele quiser calar, que cale; eu vou pegar a Coca.

14h39. Acabei de descobrir uma música linda do New Order, “All Day Long”. Coisas boas ainda acontecem na minha vida. Nem tudo está entregue ao tédio, que bom. Tédio só me lembra a cola, tenho que quebrar essa correlação nefasta de duas coisas nefastas. Prefiro, entretanto, o tédio mil vezes a trabalhar de novo. Só de pensar nessa possibilidade já me dá angústia. Angústia grande e gorda, não essa angústia miúda que o tédio me traz. Confesso que me peguei pensando na morte umas duas ou três vezes nos últimos dias, mas foram pensamento fracos e fugidios, não foi o desejo desesperado pelo fim da vida que o trabalho me causava. Dou graças a Deus por essa pensão. Por falar em Deus, minha prima fez um cursilho e descobriu seu lado espiritual, até o modo como falou comigo está diferente, mais em paz, aceitando com mais tranquilidade as adversidades da vida. Já convenceu o marido a fazer um também. E pretende, após isso, fazer o de casais. Realmente está empenhada em sua recém descoberta fé. Me incentivou a fazer também, mas não é a minha praia. Como os leitores devem saber, não acredito no além, minha divindade criadora dos céus e da terra é materialista. É uma máquina inteligente e poderosa. Inconcebivelmente inteligente e poderosa. Mas não onipotente, visto que limitada pelas limitações energéticas do universo. Mesmo assim, muito poderosa, pois há muita energia no universo. E parte dessa máquina inteligente será criada pelo homem dentro dos próximos 30 anos aproximadamente. Se tudo correr de acordo com as projeções de Ray Kurzweil. Ouvir New Order é bom, me faz bem. A máquina inteligente que homem criará também é boa e fará muito bem não só a mim, mas à humanidade toda, a você também, mesmo que você não queira se fundir à máquina. Eu vou querer, eu anseio por isso, em verdade. Mas não sei se quero tratar disso mais uma vez. Se não for disso, do que tratarei? Do aqui e agora? Agora o tempo se fecha novamente, é aconchegante, estando no conforto do meu quarto-ilha. Acho que o que meu primo disse de bastar a si mesmo é viver uma vida sem sentido é balela. Eu me basto em mim mesmo, desde que esteja tendo prazer em escrever. Agora que dei uma esquentada estou gostando mais de digitar essas palavras. Vi um vídeo do caso de uns brasileiros que descobriram uma cura para o câncer e que a patente não foi reconhecida por nenhum órgão de saúde brasileiro porque eles não quiseram abrir mão da patente. Não sei se é verdade, mas a reportagem pareceu bem autêntica. Quem postou culpa os illuminati por isso. Aí já cai muito a credibilidade na história. Mas, sei lá, sem dúvida se achassem a cura do câncer e fosse tão barata e simples, que até um leigo fosse capaz de produzir essas pílulas em casa, a indústria da saúde iria perder bilhões de dólares. Faz todo o sentido eles quererem vetar. Mas por que não criam uma petição no change.org ou algo assim? A pressão popular poderia mobilizar essa iniciativa da USP de São Carlos. Pelo menos é o que acho. Fica a dica.

16h54. Me meti na briga de um ex-casal e acabei bloqueado do Facebook por ela. A situação é complicada. Eu que não queria estar na pele de nenhum dos dois. É com essas que fico um pouco mais contente com a minha solidão. Hahahahaha. Por mais que tenha respondido hoje no questionário do CAPS que o meu desejo era ter uma namorada! Hahahahaha.

17h13. Meu amigo, o do casal, não para de falar comigo, então não posso escrever. Tenho que dar assistência. E quero assistir o novo John Wick. Sei que amigo é para essas horas, estou tentando demovê-lo da ideia que estar a fim de botar para frente, que não acho nenhum pouco boa para nenhum dos dois, mas ele parece irredutível.

17h35. Ainda conversando com o meu amigo. Parece decidido a fazer o que se propôs a fazer. Como disse a ele agora, seja o que deus quiser. Mas novamente incorro em fuxico aqui e detesto isso. Eu posso falar da minha vida, não da dos outros. Vou esperar dez minutos 17h42. Se ele não falar mais nada, eu boto John Wick para assistir.

17h48. Meu primo-irmão marcou que tinha interesse no “Encontrão de Dia dos Namorados no Marco Zero para Quem é Solteiro” no Marco Zero nesse domingo e eu fui atrás e marquei também, pode ser divertido e que sem sabe um local ideal para arrumar uma namorada? Não custa nada o passeio. Agora que vi que é organizado por um tal de “Vale dos Homossexuais”...  não sei se vai ser muito a minha praia, ainda mais pelos posts dos que estão dispostos a ir. Me desmarquei. Mas, se meu primo for, eu vou, só para ver como é. Pode ser que dê heteros também. Mas acho que vai ser um evento eminentemente gay.

18h02. Como não houve mais nenhuma mensagem, vou assistir o filme. Até a volta. Vou até sair do Facebook. Como se isso adiantasse tendo o Messenger no celular.

20h42. Acabei de ver “John Wick: Chapter 2” e posso dizer que é um filme de ação quase ininterrupta. Eu que gosto dessas coisas, gostei. É mais violento do que os filmes de super-heróis, então espere para ver sangue, mas não é gore. Por falar em esperar, espero muito que façam o “Chapter 3” e só o 3. Seria um fechamento massa para a série pelo que o que “Chapter 2” deixa sugerido. Mas não vou dar mais spoilers que isso, pois odeio spoilers, ah, como odeio spoilers. Mudando de assunto, acho que uma mudança está se dando. Achava que era só comigo, mas parece que meu primo-irmão também anda entediado com a noite recifense. Logo ele, o mais instigado de todos, o chefe da turma. Isso deve significar algo. Quando há estagnação é porque uma mudança está em operação, geralmente. Se eu fosse sugerir algo de diferente seria um piquenique, com álcool, claro, e Coca Zero, é evidente, nos gramados da UFPE. Não, mas isso só funciona depois que as chuvas passarem. De toda forma, levaríamos um som, os isopores com cerveja, petiscos, lençóis para forrar na grama e faríamos um piquenique à tarde, no final de semana, lá. Poderia sugerir isso também para as minhas psicólogas. Não, acho que não funcionaria com elas. Acho que não funcionaria com ninguém, na verdade, pois todos bebem, quem iria dirigir? Estou com divagações nada produtivas ou querendo um verdadeiro momento de intimidade com os meus amigos. Poderia sugerir, pelo menos para as minhas amigas psicólogas, um encontro na piscina do meu prédio. Não sei. A Fazendinha está de bom tamanho. Temos a intimidade que precisamos lá e é perto da casa delas. E não, não acredito realmente que esteja rolando uma estagnação na noite recifense que levará a uma mudança. Acho que é só a época de chuva que faz o número de eventos na cidade diminuir, só isso. Quando o sol voltar a brilhar, pipocarão festas.

21h41. Me perdi no Pinterest de um cara. Personagens da Marvel. Mas estou de volta e sem muitas pretensões. Gostaria de assistir “Logan”. Talvez ainda assista hoje. Não sei. Prometi ver com mamãe. Tem “Assassin’s Creed” em 3D para ver. Além de “A Cure For Wellness” que faltou salvar no HD externo. Assistiria esse, pois não precisa da TV da sala. 3D, para mim, só na sala. Vou passar para o HD. Em breve. Estou gostando de escrever no escuro. Estou gostando de escrever e isso me basta. Preciso criar a tabela de gastos desse mês para mamãe informar mamãe. Hoje foram 80 reais só de Coca. Mas também é Coca para a semana inteira, espero. Agora que não estou descendo mais para a piscina por causa do período de chuvas, nem tenho mais o meu amigo da piscina como parceiro lá embaixo, tanto a Coca quanto o cigarro duram mais. Mas terei que comprar nova carteira provavelmente antes da sexta. Que mais poderia dizer de mais profundo? Nada, só tenho coisas bobas para escrever. Habitam minha cabeça as ilustrações que salvei e visualizei no Pinterest. Preciso aprender a ver WhatsApp no computador. Não é tão complexo, meu primo-irmão me mostrou como, mas não decorei.

21h56. Minha mãe passou aqui para me dar os remédios e aproveitei para pegar o HD externo para salvar o filme que verei logo mais.

22h00. Pronto. Salvo e já conectado à TV. Sobre o que eu gostaria de escrever? Sobre Aurora. Mas, sério, queria poder ser capaz de criar algo de ficcional. Não, não quero. É muito demandante. Vamos tentar. O homem tinha uma dúvida. Ela o consumia. Era preciso saber a verdade, se alguma, por detrás daquilo. O que tinham dito que estava ocorrendo no apartamento dos vizinhos. Algo de estranho, segundo comentou mais de uma vez a babá do apartamento debaixo dos deles. Dizia que ouvia barulhos muito estranhos durante a noite, móveis sendo arrastados e depois cânticos em uma língua que ela não entendia, além de uns gemidos muito estranhos. Mas seus vizinhos eram pessoas gentis e amáveis e Maria fazia uma bacalhoada de primeira, receita da avó portuguesa. Era sempre convidado nos domingos ocasionais em que preparava o prato. Tudo regado ao autêntico vinho do Porto e ótimos bate-papos. O homem não conseguia imaginar o que poderia o casal estar escondendo, considerava-os como amigos. E jamais ouvira barulho estranho sequer advindo do apartamento ao lado. Decidiu que iria averiguar naquela noite. Às dez da noite, depois de se certificar de que o casal já estava em casa, saiu sorrateiramente pela porta de serviço e foi caminhando silenciosamente em direção à porta da frente dos vizinhos. Ouvia a televisão ligada no canal de esportes. Pensou consigo mesmo “Estou ficando louco. O que estou fazendo aqui espiando Maria e Chico? É óbvio que não há nada de errado com eles. Dona Benedita está ficando gagá”. Mesmo duvidoso e porque duvidoso resolveu permanecer lá meia-hora. E em meia-hora ouviu apenas as notícias de esportes advindas da TV, sabia que Maria era fanática por futebol, bem mais que Chico, e que não havia nada de anormal naquilo. Cansou-se de esperar e resolveu voltar para o seu próprio apartamento e ouvir um pouco de música, fumando o seu Malrboro e tomando uma Coca Zero bem recheada de gelo. Tentou até relaxar enquanto os primeiros acordes de “A Letter To Elise”, do Cure, tocavam em sua vitrola. Ele era colecionador de vinis, achava a sonoridade mais profunda e rústica que a dos CDs e nem imaginava o que poderia ser o Spotifi. Ouvira falar do aplicativo, mas não lhe despertou nenhum interesse. Pensou em fumar unzinho para fechar a noite tranquilo, mas a dúvida ainda habitava a sua cabeça. Será que havia algo mais? Acendeu seu baseado e enquanto fazia a cabeça, decidiu-se que iria mais uma vez lá perto da meia-noite. Ficou viajando no “Wish” do The Cure e depois pôs o “Disintegration” para ouvir. Perto da meia-noite, com a mente enevoada de maconha, desligou o som e novamente foi prostrar-se na porta da casa dos amigos. Já de longe ouviu o barulho de móveis sendo arrastados. Se aproximou da porta e, em poucos minutos o barulho dos móveis cessou. Começou a tocar uma música estranha e, logo depois gemidos estranhos, tanto de Chico como de Maria. Havia uma iluminação soturna, como se fossem de velas. Os gemidos, que realmente soavam muito estranhos, amplificaram-se. Ele correu até sua casa, pegou o balde de gelo vazio e sem pensar muito para não espantar a coragem, apertou a campainha dos vizinhos. Ouviu pela porta um certo alvoroço, o som foi desligado e cerca de um minuto depois, uma Maria vestindo um robe vermelho como sangue atendeu descabelada a porta. “Mário?!”, indagou ela surpresa. O homem pigarreou, e disse que havia acabado o gelo da geladeira e esquecera de fazer e perguntou se não poderiam arrumar um pouco para ele quando lhe escapuliu pela boca, “Está tudo bem com vocês? Escutei uns barulhos estranhos enquanto esperava vocês atenderem...”. Maria corou na hora e respondeu sem jeito “Estamos praticando as nossas lições de sexo tântrico... desculpe se incomodamos você”. Foi a hora do homem corar e mentalmente amaldiçoar Dona Benedita. Sem pegar gelo nem nada, pediu desculpas baixinho, deu meia volta e andou quase correndo de volta ao seu apartamento. “Além de intrometido, empata-foda! Maldita Dona Benedita”, pensou e começou a gargalhar. Fim. Pronto eis o meu exercício de ficção. Eu, hein? Que porcaria. Hahahahaha. Pelo menos fugiu um pouco da rotina do conteúdo desse blog. Eu juro que pensei a priori em ser realmente um culto satânico ou algo do gênero, mas daria muito trabalho seguir por aí, poderia ficar muito longo. Mas posso fazer um final alternativo. Maria abriu a porta com um robe da cor de sangue e espantou-se com a presença do vizinho àquela hora, “Mário?!” Indagou confusa. “É que eu fiquei sem gelo e pensei que talvez pudessem arrumar um pouco para mim... está tudo bem por aí, escutei uns barulhos...”. Maria pareceu ficar pálida por um segundo, mas logo abriu um sorriso e disse “Nada demais, venha ver”. Ao adentrar o apartamento foi atingido fortemente na cabeça por Chico. Tombou inconsciente no meio da sala onde um pentagrama estava montado e cercado por velas. Foi a última coisa que Mário viu. Um sacrifício humano certamente faria a entidade muito mais feliz que o sangue de porco que pegavam no abatedouro. Fim 2. Pronto, botei o culto satânico no final da história. Agora, o final você decide. Hahahahaha. 22h56. É bom começar a assistir o filme logo. Fico por aqui hoje. Amanhã reviso e posto.

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14h53. Não assisti filme nenhum, fui dormir.

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