quinta-feira, 8 de junho de 2017

CAPS BOTANDO MEUS MIOLOS (E MEU CORAÇÃO) PARA TRABALHAR

Aka CAPS Casa Forte



“Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino.” Essa foi a frase que ficou para mim do grupo de arteterapia. Será? Me sobra sensibilidade e me faltam coragem, ação, pulso, autoridade, traços que vejo como essencialmente masculinos. Será que são as medicações? Ou um movimento, aliás, uma inércia interior? Não sei a causa, sei das consequências, uma indisposição cada vez mais abrangente e um isolamento cada vez maior. Nenhuma das duas coisas me desagrada e isso é precisamente o que me preocupa. Me incomoda essa preocupação, talvez por ser mais da minha mãe que minha. Mas não totalmente dela. Ontem me preocupou ter evitado premeditadamente meu primo urbano por achar que não teria conteúdo para conversar com ele e previ uma interação incômoda, cheia de constrangedores silêncios. Esses silêncios foram a razão maior do meu silêncio em relação à sua mensagem de WhatsApp. Tal ato de covardia social calou fundo em mim. E nada tem a ver com a minha mãe, visto que nem tomou conhecimento do fato. 11h41. Malavestros, o último boneco que comprei, o último da minha vida, me vem à mente e me faz questionar se fiz a escolha certa. Me peguei em dúvida se não teria sido mais interessante ter escolhido a Wonder Woman ou a Thor Jane Foster. Mas no fundo sei que qualquer figura que escolhesse me causaria as mesmas incertezas. Se escolhesse qualquer uma das outras, estaria me roendo pelas demais. Acho, pensando emocional e racionalmente, que fiz a escolha certa. Emocionalmente porque fiz uma entrevista especialmente sobre Malavestros com o seu escultor, à época em que me dedicava integralmente ao meu blog de bonecos. Fiquei completamente encantado com o protótipo e ele é um dos grandes escultores desse mercado. Foi uma honra tê-lo entrevistado. Como foram todos os demais. 13h08. Estava conversando com um psicólogo sobre um garoto no Acre que mandou fazer uma escultura de Giordano Bruno e depois sumiu, deixando para trás uma série de escritos em código. Sem dúvida procurarei na Internet quando chegar em casa. Vou fumar. 13h23. Racionalmente, a escolha foi por ser um dos bonecos mais perfeitos que eu já vi, além de ser um dos últimos feitos à mão – o que não acho que seja o caso das demais bonecas que, acredito, foram modeladas no computador – afora ser de uma coleção – Court of the Dead – que é uma propriedade intelectual da fabricante e que é tratada com especial cuidado por esta, tanto é que o boneco já está há tempos disponível para pre-order, mas só vai ser entregue em abril do ano que vem, um prazo muito mais longo que as demais peças. Em suma, se pudesse escolher de novo, escolheria Malavestros novamente. É a vontade de ter que me impele a uma dúvida que realmente não há. Eu acho o boneco perfeito, as outras, só as acho bonitas. Se fosse escolher uma segunda boneca, acho que ficaria com a Wonder Woman. Mas essa é uma decisão tomada há muito tempo. Não comprar mais estátuas. Minha coleção se encerra em Malavestros.

15h09. O grupo AD de hoje foi acachapante. Falei de duas coisas que estão no limiar entre o possível e o impossível. Pendendo muito mais para o impossível na minha opinião, que foram A Singularidade e Aurora. Foi para mim, acachapante porque a psicóloga não descartou nenhuma das (im)possibilidades de acontecer. Perguntou como eu lido com o impossível e eu respondi que nada é impossível, se tentarmos com afinco suficiente. Embora não sei se acredito nisso realmente. Complementei dizendo que não acho possível eu sair voando do CAPS. De toda sorte, ela pediu, como dever de casa, que eu enumerasse dez desejos de curto ou médio prazo que eu quisesse realizar. Isto é uma tarefa difícil para quem, dentro das suas possibilidades, tem todos os desejos satisfeitos. Eu não tenho muito o que desejar. Entretanto, tenho que fazer o dever de casa e é a isso que me dedicarei abaixo:

1) Gostaria de voltar a gostar de fazer sexo;
2) Gostaria de perder o bucho só na base da dieta;
3) Gostaria que minha vida continuasse do jeitinho que está;
4) Gostaria de ter coragem de chegar numa desconhecida que me agradasse e que, de alguma forma miraculosa, ela me fosse receptiva;
5) Gostaria de não perder o prazer de escrever;
6) Gostaria de ser capaz de publicar na plataforma Kindle sem que minha mãe lesse/soubesse;
7) Gostaria de terminar de digitar os meus diários de internação, revisá-los na Consultexto, prepará-los para publicação no Kindle e efetivamente publicá-los lá, sem que minha mãe lesse/soubesse;
8) Gostaria de ter todos os meus bonecos aqui comigo, devidamente expostos;
9) Gostaria de ter ao menos um encontro mensal com minhas amigas psicólogas;
10) Gostaria de voltar a gostar de videogames;
11) Gostaria de não ir à Alemanha e ser acolhido nessa minha decisão.

Pronto. Pensei que seria mais difícil. Não quero muito mais que isso. Talvez ir bimestralmente no Spettus. Acho que vou digitar os diários. 15h55. Depois volto, eu acho.

16h42. Antes de começar a transcrever o caderno, eu vi as reportagens sobre Bruno, o garoto desaparecido do Acre, muito interessante e curioso, gostaria de saber o conteúdo do que foi escrito por ele. Ele disse que era algo que revolucionaria a humanidade para o bem, resta saber o que é. Alguém há de transcrever e lançar. Seria um livro que eu leria, embora, pelas ilustrações no quarto, não pareça ser algo de muito bom senso. De qualquer forma, eu leria. Até onde minha paciência permitisse, é claro, pois a obra é volumosa. Bem, vamos à digitação da minha obra, bem menos significativa e chamativa que a de Bruno.

Quarto do desaparecido do Acre.


18h32. Digitei dois ou três dias, nem sei. Só sei que é uma tarefa muito da chatinha transcrever os cadernos. Vixe. E toma um tempo danado.

20h22. Me perdi na internet, como o meu alter-ego que usava/usei para interagir na comunidade que coleciona bonecos. Eu queria escrever algo que tivesse importância como acredita nosso amigo do Acre, mas, infelizmente, não tenho nada do tipo na manga. Nunca estive ansioso pelo lançamento de um livro, aparte os da série “Harry Potter”, mas confesso que estou ainda mais curioso para saber o que esse cara escreveu. Acredito que vá vender. Já deve haver editoras interessadas. Por falar nisso, eu poderia mandar os meus diários para alguma editora. De livros de papel, eu digo. Mas não vamos sonhar com isso enquanto ainda nem acabei de digitar. Pelo menos no Kindle vai sair ou assim quero crer.

21h25. Enviei o meu primeiro eBook para o Kindle. A confirmação será dada em até 72 horas. Torcendo aqui.

21h27. Tomara que tenha feito tudo direitinho. Mesmo que não venda nada, que é o que vai acontecer provavelmente, gostaria de saber que está online e disponível para milhares de possíveis leitores no Brasil. Ou centenas. Realmente não sei o grau de penetração do Kindle no mercado brasileiro. Espero que não dê nenhum problema em relação à minha curatela. Afinal a única conta corrente que tenho é a da pensão. Isso me faz gelar. Meu livro pode ser rejeitado também por alguma razão. Bom, a sorte está lançada, é esperar para ver. Tomara que tudo dê certo. Principalmente que não cortem a minha pensão. Esse é o meu maior medo. Para ser sincero, estou sentindo mais medo que excitação com essa novidade. Mas era o que eu queria, não era? Pronto, consegui. Agora o resto é com o destino. Espero que o destino me seja caridoso uma vez mais.

21h50. O receio permanece. Um frio na barriga incômodo. Dentro de três dias terei a resposta. Não sei por que fiz isso. É o desejo de ser lido, ou mais, de ser publicado, não num blog, mas em algo um pouco mais concreto. Espero que minha mãe não esteja lendo o meu blog. Embora seja público, não gosto de escrever imaginando que minha mãe ou meu padrasto ou alguém da minha família vá ler. Não deveria ter colocado essa informação do Kindle aqui, mas é aqui que eu reparto minhas dores e conquistas. E não sei ao certo em qual das duas categorias essa novidade se enquadra. A palavra “tragédia” me vem à cabeça. Hahahahaha. Riso nervoso. Estou nervoso. Não quero perder a pensão só para agradar o meu ego. Espero realmente que isso não ocorra. Meu padrasto disse que não havia problema. Fui na conversa dele. Espero que ele saiba o que está falando. Ele entende desse negócio de banco, transações financeiras etc. Ele também acha que qualquer bobagem lançada no Kindle acaba sendo comprada por alguém. Quero saber como vou saber, caso seja aprovado, se vendeu algum exemplar. Amanhã tenho que encarar a Doutora. E acordar cedo. Uma combinação altamente desestimulante para uma quinta-feira. Ou qualquer outro dia da semana. O desaparecido de Rio Branco realmente me deixou supertentado a ler o seu livro. Será que me convencerá de suas elucubrações? Será que esse livro verá a luz do dia mesmo? A irmã do rapaz é a maior gata. Vi na matéria do Fantástico. Linda, linda. Me pareceu que carrega certa culpa, mas pode ter sido só impressão. Foi a única da família que apareceu em prantos por causa do sumiço do irmão. Pode ser apenas a mais sentimental, mas senti como sendo a mais pressionada pela situação. Afinal, estava presente enquanto seu irmão estava enfurnado no quarto fazendo o que fez. Que eu quero muito ler. O cara fez o tipo de marketing que me cativa completamente. Não sei se esquizofrênico ou em crise de mania ou realmente um ser iluminado, quero lê-lo independentemente disso. Entrar na cabeça de quem planejou algo tão bem articulado até o último detalhe. Só não entendi na sua história para que queria o manto branco. Bom, creio que descobriremos assim que o livro for publicado. Isso se a polícia não o localizar antes, seu rosto é bem peculiar, facilmente identificável, eu diria. Se bem que ele sumiu no final de março, já estamos em junho e nada. Deveras curioso. Mas não vou ficar aqui narrando o que li na internet sobre o caso. Bem, falar disso pelo menos isso alivia a minha ansiedade em relação ao negócio do Kindle, outro assunto sobre o qual não quero pensar. Postei com meu alter-ego de colecionador de bonecos a pergunta “quais as três estátuas que estão deixando vocês mais empolgados?” Não param de pipocar opiniões aqui na minha tela. Pelo menos na área de bonecos, eu ainda sei atrair alguma atenção do público. Hahahahaha. Estava pensando em publicar este post e dizer à psicóloga que se quisesse saber da minha lista que viesse ao blog e lesse o post, mas acho que não tenho cara de pau para isso. Preciso criar a planilha dos meus gastos deste mês. Caramba, havia esquecido completamente. Um momento.

22h46. Pronto, planilha gerada, com valor da pensão atualizado e o meu primeiro débito, advinha em quê? Coca Zero, claro. Logo 12 de uma vez, que é para a semana inteira. Está até rendendo, talvez entre na próxima semana. Veremos. Por falar nisso, pegar um copo para mim. Estive na página do CAPS para colher o logotipo para ilustrar esse post e vi lá que a psicóloga com quem tenho maior afinidade não estudou na UFPE e que onde ela estudou não define a profissional que é, a vocação é mais definitiva, eu diria. E ela tem vocação. Mas não vou ficar rasgando seda aqui, que vai parecer que fiz isso propositadamente, para que leia, caso indique a página do blog para que ela veja os dez desejos que me pediu que enumerasse. Mas ainda não me decidi sobre o assunto. Acho que vou fazer isso mesmo. É, vou. Ela só precisa ler os dez desejos. Não precisa ler esta besteirada toda. Vou ficar por aqui.

0h08. Minha mãe pediu o endereço do blog para ler. Que ozzy. Não dá vontade de publicar mais nada. Escrever com a sombra da minha mãe pairando sobre a minha cabeça é horrível. Espero que ela esqueça como procurar. Não ensinarei de novo. Quero é que ela procure o danado do psicólogo. Quando voltar da Doutora amanhã, talvez tenha algo a acrescentar. Por ora, fico por aqui. Não, ainda não fico. Estou muito empulhado com o fato da minha mãe ler o meu blog. Queria que ela entendesse que não divulgo nem para os meus amigos, que dirá para ela? Vou acabar criando um novo blog se ela começar a ler este. É bom que começo do zero. Sei lá. Ela pode estar lendo meu blog agora. Isso me deixa com um misto de raiva e apreensão. Ouço a voz do meu padrasto conversando com ela. Espero que ela esqueça de acessar o blog ou de como acessá-lo.

0h22. Minha mãe veio toda carinhosa para o meu lado agora, confesso que não entendi. Mas gostei. Espero que ela realmente não tenha lido o blog. Mas veio falar de sedentarismo que é um dos temas que podem ser tirados do meu último post. Sei lá o que pensar. Só penso em mudar o endereço do meu blog. 0h39. Preciso de um cigarro de verdade. E de um copo de Coca. Só falta o meu padrasto que acordou agora, passar a noite de tetéu aqui. Vou encarar o cigarro mesmo assim.

-x-x-x-x-

14h16. Fiquei até impressionado em como a Doutora me tratou bem hoje. Estava sorridente e simpática, muito diferente de quando eu estava internado no Manicômio. Não consegui ter uma interação legal com o meu (ex?) psicólogo. Alguma coisa em mim gerou um entrave. Mas tentei ser o mais simpático e cordial possível. Acabei tendo a medicação aumentada em mais um antidepressivo por ter dito que experimentava alguns momentos de melancolia, o que acho perfeitamente normal, disse que foram momentos passageiros, mas ela resolveu logo prevenir. Espero não entrar em mania, caso a medicação seja excessiva. Veremos. 14h25. Meu primeiro eBook está à venda no Kindle! Seja o que Deus quiser. 

eBook. Mesma besteirada que escrevo aqui. Só que se paga R$ 1,99 para ler. Hahahahaha.
  

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