terça-feira, 20 de junho de 2017

POESIA? E ANGUSTIAZINHA




Se sou o que faço
Não sou ninguém
Ou quase
Pois quase nada faço
A não ser tecer palavras
A fio
Afio o meu ser
Afasto a vontade de não ser
Me afasto dos outros
E me aproximo de mim
Desse quase ninguém
Que quase quero ser alguém
Mas falta vontade sincera
Então esse alguém espera
Boneco de cera
No será
Do meu ser

Pronto, uma poesia para agradar ou desagradar minha leitora número um. Se vier outra, eu coloco. Não sou bom de poesia, minha poesia se perdeu, como já disse. Antes era um rapaz bem poético, hoje sou homem de prosa solitária, amanhã, quem sabe?

Concordo com tudo
Para que discordar
Quando tudo é discórdia?
Minha voz é fraca
Meu verbo não se conjuga
Quem pode julgar
O que ninguém julga
Necessário ser ou estar?
É ou está bom assim
Eu aqui
Eles longe de mim
Noutra linha
Noutra página
Avulsa
Repulsa
Repousa, não ousa
Dizer a que veio
Dizer o que é feio
Para quem não quiser ouvir
O que tudo isso diz?
Muito pouco
Que o resto contradiz
O resto, para que saber do resto
Se me basto?
Se me castro
Para caber em mim?

Pronto. Mais uma. Acho que já está bom. Aliás, está péssimo, mas é isso que me vem, essa coisa sem sentido ou qualidade. Não sei se está do agrado de alguém. Só sei que as fiz da mesma forma que as demais, espontaneamente, como que me veio à cabeça. Sem pensar muito, sem métrica, sem técnica, sem conteúdo, acho eu. Ou não acho. Ou me desencontro. Sei lá. Sei que agora até no escrever prosa quero enfiar poesia. Hahahahaha.

Entreguei o papel no CAPS junto com a minha prescrição medicamentosa. Mas acho que ao falar do “efeito CAPS”, estava falando mais do efeito em mim do que nos/nas demais. Generalizei, mas acho que esta dependência nos outros é geralmente inicial, quando ainda estão muito debilitados pelas suas patologias ou distúrbios, depois, à medida que evoluem no tratamento, criam asas para voar por si sós. E partem. Eu permaneço. Então, o “efeito CAPS” é em verdade o “efeito CAPS em Mário”. Mas, embora presente, isso é passado. Vamos para outra seara. Não sei qual. Não tenho nada na minha cabeça. Ah, conversei com mamãe sobre ela me deixar gerenciar o meu sono. Não sei se vai funcionar, mas eu mereço a oportunidade de tentar e evitar receber esporros ou chantagens emocionais no meio da noite. Por falar em sono, estou sonolento, mas resistirei. Vai haver um segundo dia do show do U2 e novamente abriram ingressos antecipados para os clientes com cartão igual ao de mamãe. Ela me repassou o e-mail. Vou até sentar com ela para ver isso, mas confesso que não é o show da minha vida. Seria em 1987, na turnê original do “The Joshua Tree”. Se fosse Björk ou Strokes, estaria mais animado. Ou Cure. U2 eu já vi na Popmart e me decepcionei com os vocais de Bono, acho que ele estava com a garganta lascada quando cantou aqui, deve ter pego algum resfriado ou coisa do gênero. Mas se mamãe vier sacar a parada do ingresso comigo e ainda tiver na Red Zone, eu até que compro. Mas não vai haver. Sou eu colocando condicionantes para não ir. Mas só iria se fosse para ficar na Red Zone mesmo. Para ver de longe, melhor comprar o Blu-Ray, que certamente vão lançar, do show. E que eu acho que nem isso vou comprar, tamanho é o meu desinteresse. Pode ser que transmitam o show em algum canal. Na MTV talvez. Aí assisto. Mas não custa nada ver se ainda há ingressos na Red Zone. Vou ver em quanto está a fila virtual. “Apenas” 15.305 pessoas na minha frente. Hahahahaha. Minha senha era número 71.207, ou seja, a Red Zone já voou há muito tempo. Quando eu fui tentar da outra vez eu era número 1.500 e pouco e não havia mais Red Zone, imagina agora. Não sei quantos desse 70 mil efetivamente compraram ingressos ou só deram uma espiada como eu, mas mesmo assim. 14h47. Pegar Coca.

À minha leitora número um, peço perdão por não gostar de ler, mas espero ter a oportunidade de perguntar pessoalmente qual o nome do livro e do(a) autor(a) ao menos. Gostei de sua metáfora em relação à depressão ser como uma teia, cheia de fios dos quais é necessário se desvencilhar. No meu caso foi mais simples, pois o foco era realmente o trabalho. Não nasci para trabalhar, ainda mais numa profissão tão demandante intelectualmente e corrida quanto a minha. Mas acho que não me daria bem em trabalho nenhum. Talvez num trabalho burocrático, tipo carimbador. No turno da tarde. Hahahahaha. Graças aos céus tenho a pensão e não posso mais trabalhar. Não me canso de repetir e me regozijar disso. Agora eu posso fazer o que realmente gosto que é escrever besteiras para alguns gatos pingados lerem. Obrigado a todos os gatos pingados, por gotejarem aqui, by the way. Vocês me dão um gás a mais para continuar produzindo. Hoje está sendo um dia vazio. Posso contar do que fiz no CAPS. A única imagem que me chamou a atenção foi a de De Niro em “Touro Indomável”. Nem lembro o que escrevi sobre ela, mas foi algo no sentido de continuar lutando e não desistir. O que até me motiva, por sinal, a digitar mais um pouco do meu caderno da internação no Manicômio. O segundo grupo foi voltado para diluir alguma coisa através da tinta com água e, nesse, escrevi a palavra “solidão” diluída e depois, pensando mais um pouco, acrescentei “ou não”, mostrando minha ambivalência em relação ao meu isolamento. Que adoro no mais das vezes e em algumas poucas, quando bate o tédio, me atormenta. O “ou não” também vem pelo medo de assumir uma nova relação. Especialmente, como já mencionado n vezes aqui, do sexo. Então vou deixando tudo como está. Ancorado numa paixão pra lá de platônica que em nada condiz com a realidade. Mas é uma paixão forte, robusta da qual não sei nem quero me desvencilhar. Prefiro viver a fantasia que o real, eu acho. É menos complicado e ao mesmo tempo complicadíssimo. Mas não quero tratar disso aqui. Acho que vou digitar o caderno, depois volto. Posso tentar fazer mais uma poesia, só para agradar a minha leitora número um. Vamos ver.

Vamos ver
Aonde a vida leva
Se leve ou pesada
Se calmaria ou trovoada
Vamos ver
O que virá depois
Desse longo agora
Vem vamos embora
Que já é hora de fechar
E abrir as janelas do coração
Para arejar a alma
Que ela anda murcha
Como passa
Com todo esse tempo
Que a oprime
Contra si mesma
Ensimesmado penso
Que não há muito mais
O que ver
Que da vida já tive
A parcela que cabe
Agora é uma espera
Para que acabe
Mas a vida surpreende
Vamos ver

Pronto. Agora, aos cadernos.

18h05. Digitei dois dias. O próximo tem nada menos que cinco folhas de caderno, digito nada agora. Haja saco. Por que diabos sou tão prolixo? O que é que poder ter acontecido em um dia internado num Manicômio com o mesmo grupo de desajustados que renda cinco folhas de caderno? Eu, hein?

18h11. Recebi um e-mail do meu amigo cineasta e ele quer realmente me filmar para fazer um curta. Que coisa mais surpreendente. Quer começar a filmar nessa sexta, pelo que entendi. Vou assistir o curta dele agora. Péra. 18h13.

18h38. Fiz de tudo e não consegui acessar os curtas... sou um tapado no YouTube ou ele me mandou os links errados. Sei lá. Ele disse que um era do formato que ele quer fazer comigo, queria muito assistir. Uma pena. Estou morrendo de vergonha e curiosidade em relação a esse projeto, como disse a ele. Realmente não sei como ele vai construir um vídeo que prenda a atenção do espectador sobre um cara que só fica sentado escrevendo no computador, mas ele é o cineasta, o problema é dele, coitado. Hahahahaha. Também não sei como me portar diante da câmera, fazer parecer “natural” uma coisa que não é, mas topei o desafio, vou encarar. Ele vai me emprestar até uma câmera para filmar a minha viagem para a Alemanha, quiçá para os EUA no final do ano. Não sei por que mamãe está com essa ânsia toda de viagem. Pelo menos isso dá uma variada no filme. Eu acho. Não sei o que ele quer que eu capte lá onde quer que eu esteja.

19h30. Ele me respondeu o e-mail. Me mandou os links corretos. Assisti o documentário e o curta homenageando Hitchcock que ele fez. Gostei. Entretanto continuo sem saber como ele vai fazer no meu caso, mas espero ansioso. Marcou para as 14h. Seja o que deus e o diretor quiserem! Hahahahaha.   

19h45. Respondi que estava tudo certo para as 14h da sexta. Posso dizer que tenho conhecimento avançado da discografia do Infected Mushroom. Para o bem ou para o mal. É que é uma música que não me faz perder a concentração sobre o que estou escrevendo. Sempre com Coca e o Vaporfi, existe muita oralidade em mim. Talvez porque não ande falando muito. Não, não é por isso, sempre fumei muito e bebi muita Coca. Mesmo quando era sociável, quando não tinha virado esse ermitão urbanoide que cada vez menos sai da sua toca. Espero sair nesse final de semana. Parece que vai haver um evento na CiBrew, deixe-me ver... mas é na quarta e é para acompanhar a fabricação de uma cerveja. Não faz a minha praia mesmo. Nem beber, eu bebo mais. Há anos. Me bateu uma saudade forte agora. Xapralá. Foi o texto que digitei, eu acho. Não, não foi saudade de beber. Disso, não sinto a mínima. Se bem que uma cervejinha serviria para me socializar. Em excesso. E pensar em crack. Tô fora. Cansei de queimar meu filme e de queimar pedra. Melhor ficar na minha Coca Zero mesmo. Preciso fazer a minha barba amanhã sem falta. Vou pedir o dinheiro a mamãe logo hoje. Vontade de fumar um cigarro normal. Mas só na hora de dormir. Vou de Vaporfi mesmo.

20h09. O tempo voa. Estou aqui divagando sobre esse evento da filmagem, morrendo de vergonha. Deveria ter ido escrever na piscina hoje. Espero que o céu continue firme amanhã. Aí, sem falta eu vou. Estou com medo do Word acabar a licença logo às vésperas da filmagem. Ontem já havia me dado o alerta de que faltavam apenas três dias. Teoricamente hoje faltam dois, embora não me lembre de ter visto alerta. Não sei sobre o que escrever, mil pensamentos me passam pela cabeça, o meu desânimo para a viagem para a Alemanha, por exemplo. Por que tal desânimo? Só pode ser porque estou muito mais ermitão do que costumava ser. É esse isolamento social que me faz encarara a viagem até com certa angústia. Só sei que não posso deixar a minha mãe viajar sozinha. Ela está debilitada física e mentalmente demais para ir sozinha. Espero que ambas as coisas melhorem daqui para lá. Mesmo assim a acompanharei. Péra que vou fechar o Word e ver se ele vai me dar o alerta de novo quando abri-lo. 20h25.

20h30. Interessante deu o prazo de três dias de novo. Será que eu vi depois da meia-noite? Ou o programa conta a partir do horário da instalação do Office em minha máquina? Eis a questão. Vou esperar até amanhã para ver se diminui para dois dias. Se isso ocorrer, não terei alternativa outra senão comprar o Office ou então ele só vai ficar dando a mensagem, que desapareceu, de falha de ativação com uma tarja vermelha em cima do programa. É não pagar para ver. Se ele ficar nessa de três dias, não faço nada. Acho que vou não pagar para ver. Queria ter o Office original, mas esses programas são caros. Ainda mais porque o cara que instalou colocou a suíte Professional no meu computador, se fosse a normal, sairia mais em conta e viria com o que uso que é Word e Excel (muito pouco). Se forem 3 dias, a licença acaba na quinta-feira, logo ainda posso comprar o Office para na sexta fazer as filmagens se o bicho travar mesmo. Estou com uma angustiazinha dentro de mim, totalmente desnecessária. Vou pegar uma Coca para ver se passa.

20h51. É o meu lado antissocial pensando sobre essa filmagem. Por isso a angustiazinha. O conflito interior se dando entre o meu lado exibicionista e o meu lado ermitão. Agora já fechei. Não vou pular fora do barco. Não estou nem com cara de encontrar a minha leitora número um. Mas é outra que vou ter que encarar. Ela não vai me morder. E se diz antissocial também. Então, acho que não teremos muitos problemas. Angustiazinha chata. Tenho que parar com essa frescura. Aí penso na viagem e angústia aumenta. Que negócio chatinho. Vamos por partes. Primeiro um papo com a minha leitora, o que não tira pedaço. Depois a filmagem, que vai ser ozzy, pelo menos a princípio, depois de um tempo pode ser que eu relaxe. Assim espero! E depois a viagem. Que pode ser uma boa surpresa. Assim espero também! Queria não ir à Áustria ou encontrar os sogros da minha irmã. Nem os vizinhos. Nem os totalmente inevitáveis sobrinhos. Provavelmente tudo, não só os sobrinhos, irá acontecer e terei que me virar nessas situações sociais, que antes me eram tão facilmente lidáveis, do jeito que der. Ou seja, mal e porcamente. Nossa, como fui me tornar isso que sou agora? Estou abismado comigo mesmo. A que ponto cheguei? Não querer ver a família? É demais. Acho que estou fazendo um bicho de sete cabeças aqui. Todos são pessoas adoráveis. Vou tirar Infected Mushroom e botar o novo de Mallu. Não, não vou. O que faço agora? Estou sem vontade de escrever. Poderia ver “Kick-Ass 2”. Acho que farei isso... no seu devido tempo. Hoje tenho a noite para mim, embora esteja com um pouco de sono. 21h13 já? As horas estão voando.

21h22. Me perdi no Facebook, ainda bem que por pouco tempo. Os vídeos me tiram a paciência. E ainda assisti dois. Ozzy. Acho que já-já começo a assistir. Eu vou assistir agora. Se me der vontade, depois escrevo mais.  

23h19. Estava o HD errado, assisti “The Lazarus Effect” filme de terror passável. Diferente porque o sobrenatural vem da “ciência”. Vou assistir “Kick-Ass 2” agora.


1h31. Divertido, mais sanguinolento do esperava, mas nada demais também. Acho que estou muito exigente. Valeu assistir, entretanto. Vou revisar e postar. 

Um comentário:

  1. Hahahaha... Não sou dada à mordidas... Hahahahaha... Não se preocupe c isso, talvez eu gagueje um pouco ou fale demais ( sou uma tagarela, sabe)... Sim, sempre gosto das suas poesias, pq há muita verdade nelas; escutei uma vez, que prosas mostram nossa mente, mas só a poesia desnuda a alma... Meio romântico isso, mas acho que sou um tanto boba quando a questão é sentimentalismo...
    Ficarei bem feliz em conversar c vc :D
    Ah... E não fui segunda pq estava tão doente, espero estar melhor na quarta ... Fica bem tá

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