quarta-feira, 21 de junho de 2017

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?

Olha o que ganhei! Nem sei por quê.


Estou com vergonha de falar com a minha leitora número um. Mas falarei. Ela aparentemente já entrou no grupo. Pena, pois estava particularmente corajoso agora para essa interação. Ela parece estar tão receosa quanto eu em relação a isso, o que é bom, pois não me sinto tão alienígena assim. 11h31. Acho que vou fumar outro cigarro. Não agora. Daqui a pouco. Deixar-me-ei estar mais um tempo com estas palavras. Me sinto relaxado agora, ainda bem. Talvez porque ela não esteja aqui. Mas, pensando bem, não há muito a temer. Só não posso deixar de falar com ela hoje. Quebrar esse gelo ou essa geleira que há entre nós. A interação via blog mitifica muito as coisas, cria uma proximidade distante. Uma relação que dá margem a muita fantasia. Mas o que eu quero dizer a ela? Sinceramente não sei. Espero que ela esteja na mesma situação. Espero que ela não peça para adicioná-la como amiga no Facebook, pois odeio conversar por esses canais virtuais. Espero que depois dessa interação não nos sintamos obrigados a nos falarmos todos os dias em que nos encontramos no CAPS, isso não seria legal. Se tivermos que nos falar que seja espontaneamente, não por obrigação. Não falei nada no grupo de arteterapia e não estou disposto a falar no de hoje à tarde. A não ser que só houvesse eu no grupo, o que até agora é o caso. Queria que continuasse assim, mas acho difícil. Aposto que minha outra leitora, pelo menos ela, irá chegar. Sempre se atrasa para o CAPS e acho que hoje não vai ser diferente, até porque gosta muito da psicóloga de hoje, como eu. É a única pessoa com quem faria terapia. Mas não me sinto preparado para isso, como já disse aqui. Por mais que essa crise de isolamento esteja fugindo do controle. Meu amigo de grupo chegou. Já não estarei sozinho. Vou fumar.

12h19. Falamos das mazelas do país e dos problemas familiares do meu amigo. Agora ele foi para a fila do almoço e eu voltei para cá. Acho que só acabou o grupo aqui de baixo, creio que a minha leitora número um está no grupo de cima, que não acabou ainda. Mas definitivamente vou falar com ela depois do almoço ou mesmo durante este. Veremos. Confesso que, agora que o momento se aproxima, estou ansioso. Ansioso de ansiedade mesmo. 12h30. Acho que o grupo ainda não acabou. 12h35. A localizei. Vou fumar um cigarro e vou sentar lá com ela.

15h43. Já estou em casa. A conversa com a minha leitora número um foi mais tranquila do que esperava. Ela me lembrou meu pai, por causa da memória e por ser uma devoradora de livros. Aparentou também ter o mesmo afinco pela profissão. E gosta de pintar (ganhei até uma obra dela). Acredito que seja perfeccionista, mas não dou certeza. Meu pai era. Eu posso dizer que sou o exato oposto. Li muito pouco, tenho uma memória péssima, odeio pintar e odeio a minha ex-profissão além de não ser nem um pouco meticuloso. Temos em comum a dificuldade de no socializarmos. Mas nem sempre fui assim, era tido como o sociável da família, veja só. Espero que ela não se incomode se eu utilizar sua bela pintura para ilustrar este post. Não consegui achar o exemplar de “O Mundo de Sofia” da minha irmã, confesso que tenho curiosidade de ler esse livro. Parece que é uma introdução bem acessível à Filosofia, o que parece uma pedida acertada para um curioso e leigo sobre o assunto como eu. Se me daria ao trabalho de lê-lo? Acho que sim. Se soubesse que o livro predileto dela era esse, talvez tivesse aceitado o presente. Agora é tarde. 16h33. Pegar uma Coca.

16h41. Escrevi a dedicatória no livro que vou dar a ela. Confesso que não li linha sequer do livro, mas já ouvi duas de suas histórias em grupos do CAPS. Talvez ela capte a ideia do livro, que me escapa. Acho que é profunda demais para a superficialidade do meu entendimento. Ou vai ver que é coisa para mulher mesmo. Sei lá. Só sei que é dela. Temo apenas que ela confunda as coisas. Espero que não.

Por falar em confundir, saí confuso do grupo AD de hoje. Perplexo que, apesar de estar sendo do jeito que sou, as pessoas guardem uma ótima impressão de mim. Certamente não leem isso daqui. Hahahahaha. Se bem que a minha leitora número um escreveu num comentário que vê coisas linda em mim ou algo do gênero. Novamente espero que ela não confunda as coisas. A outra leitora do meu blog parece torcer pelo contrário com as indiretas que me deu hoje no grupo, outra coisa que me deixou perplexo e com uma pulga atrás da orelha. Mas, voltando ao grupo, produzi isso:





Falei que estou muito confortável na minha zona de conforto e que cada vez fecho mais o meu círculo social, excluindo pessoas de entrar nele. Por quê, fui indagado? E acabei soltando que não tenho paciência para interações sociais. Falei do temor/angústia que me bateu ontem, que por um momento até a interação com Dona Carmelita me meteu medo/angústia. Eu não sei o que está dando em mim. Só sei que me preocupa bastante. Falei do temor com a viagem. De ser um mau exemplo para os meus sobrinhos. Foi quando me elogiaram inesperadamente. E fui indagado em como recebia isso e disse que a maneira como me veem é bem diferente da maneira como me vejo. Não me parece a verdade. Ouvi o conselho de deixar o passado para trás e me ater ao que sou agora. Retorqui que a minha mãe fica relembrando o meu passado, não me deixando esquecer. Pelo contrário, me fazendo me sentir culpado. E o pior é que, em várias instâncias, eu concordo com ela, principalmente em relação, não ao passado, mas ao presente, ao meu comportamento antissocial. Não sei nem mais sobre o que estou escrevendo, estou com pensamentos e sentimentos ruins, isso é o que sei. Angustiado. Nada de muito forte, mas incômodo. Não sei o que dizer. Estou cheio de temores. Temor de não querer sair mais de casa. Temor da viagem à Alemanha. Temor de passar o resto da vida encastelado no meu quarto-ilha. Penso em Aurora. Isso me acalma. O que diabos está acontecendo comigo? O comentário que mais me marcou foi quando eu fui comparado com um ogro. Nesse eu acreditei. É como me vejo. Há um novato no grupo que parece ser muito culto e inteligente. Acho que minha leitora número um gostaria de conversar com ele. Foi-me sugerido ir ao CAPS amanhã, visto que sexta-feira não haverá serviço. Não me decidi sobre o assunto. Acho que iria se não participasse de grupo nenhum. E pegasse a psicóloga de hoje para conversar. Meu deus e se ela estiver confundindo as coisas? Se se apegou ao personagem que descrevo aqui? Primeiro, como isso seria possível? Se o retrato aqui é de um fracassado? Odiaria ter que partir o coração de alguém. É tudo o que eu não preciso agora, mais essa culpa. Que não é culpa pequena. Sei como dói um coração partido. Se tem uma coisa que eu sei é isso. Mas devo estar viajando. Tomara, tomara, tomara. Tomara que a outra leitora esteja viajando também, porque ela deu a entender isso. Mas não cativei ou cultivei nada nesse sentido. Apenas escrevo o que me dá na telha. Não ficaria com ninguém por compaixão. Já fiz isso uma vez e me fodi para caramba. Não sei de mais nada. Queria dormir por um mês. Queria desaparecer. Não posso estar entrando numa crise depressiva. Ou numa crise de sei lá o quê. Por algum tipo de crise eu estou passando. Não estou “normal”. Não estou gostando de viver minha vida dessa forma, com esses temores. Não quero nem sair nesse final de semana. Só se fosse para encontrar as minhas amigas psicólogas. E olhe lá. Por sinal, as encomendas da Livraria Cultura chegaram, os três CDs de Mallu e o documentário do Los Hermanos. Já dei o de mamãe. Ela ficou tão feliz de ter recebido o presente, valeu a pena, mesmo que não goste do disco. Com um pouquinho de esforço acho que ela pode acabar gostando. Eu adoro. Por isso encomendei. Pelo menos essa parte foi boa. O papo com minha leitora número um também foi legal, mas a outra leitora me deixou numa paranoia danada. Sei lá. Sei não realmente. Mas é só me focar que é uma fase, que vai passar. Sempre passa. O Word me alertou que falta um dia para regularizá-lo. Ainda tem mais essa. Para comprar a versão mais barata, terei que desinstalar a versão Professional que tenho aqui primeiro. Isso é um problema para amanhã. Um problema que tem que estar resolvido antes das 14h da sexta, que é quando o meu amigo cineasta vai começar com essa loucura de documentário. Timing perfeito do Word para melar o projeto. Sei lá quanto tempo leva para dar o download e fazer a instalação do Office. Pode ser que não dê tempo, e aí? Aí uso o computador de mamãe. Mas o bom seria captar com o meu computador. A coisa como realmente se dá. Não estou me sentindo bem emocionalmente falando. Mas não vou remoer isso, pois é como se cavasse mais fundo a minha fossa. Acho que vou ver um filme. E vou publicar isso logo.

Peço perdão à minha leitora número um se estou viajando. E por emprestar sua pintura a um post tão sorumbático. É que minha alma anda em torvelinho. Tentarei fazer uma poesia para compensar.

Noite negra
Em pleno meio-dia
Mente maculada
Por pensamentos insensatos
Onde me esconder de mim?
Como fugir de mim?
Queria ir para outro lugar
Que não aqui dentro
Aqui dentro é oco, vazio
E não tem espaço
Para a alma respirar
Quarto escuro
Só a tela onde escrevo
Ilumina
Algo em mim se apagou
Quero a chama de volta
E eu chamo, chamo, chamo
E ninguém responde
Que negrume é esse
Que estrume é esse
No qual afundo
Bem fundo
Dentro de mim


Não deu muito certo...

2 comentários:

  1. Suas poesias sempre são lindas, pq são verdadeiras... Como eu já disse: poesias revelam a alma, e eu consigo ver VC de verdade nelas...
    Não se preocupe, pois não confundirei as coisas, sou bem mais observadora e compreensiva que aparento... E bem consciente
    Sobre o passado, entendo a angústia de não esquecer o passado, pois é um dos principais motivos do meu adoecimento, seria legal ter um apagador de memórias... Imagina que incrível...
    Sobre o mundo de Sofia, é sim meu livro favorito, e darei a vc meu exemplar, que tem uma dedicatória feita p mim p mim mesma, e acrescentarei uma dedicatória p vc... Pq livros c dedicatórias, são livros c historias ... :D
    Nossa conversa foi ótima, mas confesso que gostaria de ter me dedicado mais a ouvi-lo, tenho tantas coisas p conversarmos... Espero que possamos fazer isso de uma forma mais tranquila e sem conversas paralelas, mesmo eu amando aquela conversa sobre literatura ...
    No mais... Respira... E fica bem... ;)

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  2. E não... Vc definitivamente não é um fracassado

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