quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Mal





18h59. Fragile Tension. Não se preocupem já combinei com meu primo de pegar umas músicas novas para ouvir. Ele quer que eu comece com A Love Supreme de John Coltrane. Vamos ver no que dá.
Agora começou Neguinho. Neguinho nem quer saber o que afinal define a vida de neguinho...
Tenho me inteirado muito pouco culturalmente ultimamente, tirando Esse Cara Sou Eu, estou por fora do resto. Restrito ao meu mundinho. Confesso que isso empobrece o conteúdo deste blog. Mas a vontade que tenho não é de viver experiências culturais. As novidades que vivi no final de semana já foram todas narradas à maneira do chef. É difícil arrancar assunto de um dia em que passei sentado ao computador, mas algo há de sair, é só pensar em um assunto que me interesse. Vou fumar para ver se surge algo. 19h18.

-X-X-X-

19h29. Eu estava pensando lá, enquanto fumava meus dois cigarros com água, que eu sou uma das raríssimas pessoas com o tempo livre para me aprofundar nas questões da vida e não o faço. Eu poderia mergulhar bem mais fundo em certas questões porque não estou no Facebook o tempo todo, não trabalho, não tenho de atender celular, não saio de casa (muito). Poderia ir mais adiante, sem dúvida. Burro eu não sou. Vamos ver um tema para eu tentar me aprofundar. Já sei: o mal.

Não acredito que exista o mal em qualquer forma jungiana ou sobrenatural. O que é mal para mim pode não ser para você. A lei é que define o que é mal para a sociedade e, embora seja verdade que ela tenha derivado em tese do desejo geral do povo em questão, cada um tem sua acepção própria do que é mal. O meu conceito se confunde com o de crueldade, em poucas situações a crueldade não seria um ato de maldade para mim. Acho que apenas em situações extremas e não consigo imaginar uma agora que ilustre isso. E não consigo ver fora da crueldade muitas outras coisas que considere más. O crack considero mal, mas ele mesmo é, na minha opinião, uma crueldade de quem o inventou e do mercado que o comercializa. Inveja, não é um mal em si, pois ter inveja não faz mal a ninguém, a não ser a quem sente e se  levar a um ato de crueldade. Há crueldades de diversos tamanhos e formas, mas considero-as todas formas de mal, desde a fofoca até a tortura. Não acho aborto ou eutanásia crueldades, portanto não os acho males. Não sei mais o que dizer sobre o mal. Legítima defesa não é crueldade, embora eu não sei se eu seria capaz de revidar um agressor, não sei se tenho tanto amor assim pela minha vida. Ou talvez tenha respeito demais a vida alheia. (Quem me dera fosse esse segundo.) Acho que está mais para o fato de eu ser um covarde. Me acho o esteriótipo do covarde, dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para sair o mais rapidamente possível dela. Nunca briguei realmente. Fisicamente falando. Já tive graves discussões. E muitas vezes fui cruel durante elas, fui mal. E me arrependo disso. Acho que as pessoas que sofreram a maior parte das minhas crueldades foram a minha mãe e meus irmãos. Olhe, logo as pessoas que mais amo.

20h50. Minha mãe chegou, pediu para eu pegar as compras lá no carro (trouxe Coca!), encher as caçambas de gelos, que já estavam quase todas vazias, e tomar banho.

Voltando ao tema da maldade/crueldade. Descobri uma crueldade que acho aceitável: o uso de animais nos teste e experimentos científicos. Qual seria a alternativa? Nos privarmos dos avanços que estes procedimentos proporcionam para o bem-estar e saúde humanos? Utilizar cobaias humanas? Quem se voluntariaria? Infelizmente, enquanto não há simuladores suficientemente reais, esta é uma crueldade, um mal, que acho necessário. A crueldade por oposição ao mal, é um conceito menos abstrato e, portanto, acho que exista uma maior igualdade de compreensão do que é cruel entre os homens. É aquela velha máxima, se dói em mim, se me fere, me agride, agredirá o próximo também. Embora eu ache que a liberdade de expressão é superveniente à agressão, expressar algo que agride o outro – como as antigas campanhas da Benetton – não é necessariamente um mal, pois não agride a todos, não é um sentimento comum, como a dor física é. Mas a expressão pode ser cruel de forma má, como aventei no caso das discussões familiares que já tive. Halo, do Cure rolando. A música do babaca apaixonado. Acho linda, uma delícia de ouvir e sentir. Quantas vezes já me senti como esta música tão bem reflete. E como foi bom!

Por falar em bom, minha mãe achou o tema “mal” mau. Prometi que quando esgotasse meu assunto sobre o tema, escreveria sobre o bem. Vou fazer isto no próximo post, para esse não ficar tão grande e cansativo. Seria crueldade com você J. 21h06. Dar uma olhada no Facebook para ver se meu primo-irmão está online e vai fazer algo hoje, fumar um cigarro, revisar e postar isso. E achar um diabo bem legal no Google para ilustrar o post.

Nada do meu primo vou chamar no cel de mommy e ver. Depois faço todo o resto que disse.
Ele disse que vai pro Antigo com um amigo e que vai me dar as coordenadas quando estiver saindo do curso. Eu já tomei meus remédios e estou mais a fim de ficar aqui. Mas o chamado da noite é sedutor. Vamos ver no que é que dá. Agora, revisar, achar imagem e postar.

Adendo:
Morguei a saída. Ele quer ficar dando um role pelo Antigo ou ir prum show de Reginaldo Rossi que custa 30 conto para entrar no Forte de Brum. Encontrei com o irmão do meu outro primo-irmão e ele disse que ia prum tal de Lesbian Bar que fica perto do Capibar. Me pareceu muito mais interessante. É grátis para entrar, o público são possíveis alvos do Jornal do Profeta e eu queria muito que minha mãe deixasse eu ir. Vou tentar falar com ela. E vou receber um não. Recebi um não, depois negociei, negociei, até que ela cedeu se eu fosse e voltasse com meu primo e o dinheiro ficasse com ele, isto tudo acordado antes dela ir dormir, no ato. Toquei na casa do meu primo, ninguém atendeu, eu concluí que eram muitas responsabilidades nas costas dele (como são na do meu primo-irmão) e decidi poupá-lo disso. Pode ser até que os pais não queiram que eu saia com ele.

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