17h43. Eu e meu computador, meu computador e eu. Ele nem tem
tempo para sentir saudades de mim, passo o dia quase todo fazendo cafuné em
suas teclas. Ele é um companheirão. Tem quase tudo o que preciso. Só não tem a
mulher amada, café, Coca-Cola e cigarros. Tirando a mulher amada, possuo agora
todo o resto. Então posso dizer que minha existência está quase completa.
Tirando esse vazio enorme no peito, tudo o mais eu tenho. Tenho tempo, o que
muita gente não tem. Isto é muito precioso, o tempo. Mesmo que para refletir
baboseiras, mas é um tempo meu, eu comigo mesmo e o meu companheirão que
materializa em texto estes meus momentos únicos. Sem engarrafamentos. Sem
compromissos. Sem ter que correr atrás de dinheiro. Sem necessidade de
realização profissional. Sem grandes ambições (tirando novamente um grande
amor). Não tenho um tostão furado, mas sou riquíssimo de tempo. O inverso do
que a sociedade espera (inclusive de mim, mesmo que à boca miúda). Vou fumar
tomando aquele cafezinho esperto. 17h49.
-X-X-X-
18h06. Tive a mais bizarra das ideias agora. O café está bem
ao lado de uma tigela com água onde minha mãe pôs um bacalhau para dessalgar.
Pensei em derramar a garrafa inteira dentro da água do bacalhau para ver como
minha mãe reagiria. Obviamente, é uma péssima ideia e o caos ia ser grande,
posto que este seria um ato muito caótico de acontecer. E provavelmente eu não
acharia tão engraçado quanto imagino agora. Seria punido com uma série de
sanções e ouviria uma gritaria que duraria mais de hora. Mas que foi engraçado
pensar nisso, foi.
-X-X-X-
Traquinagens de lado, o que posso dizer agora? Não comi nada
hoje (e não estou com fome). Já ouvirei sermão por causa disso. Dizer que só
sinto fome de madrugada não ajudaria em nada minha situação. Então, o que me
resta fazer para amenizar as coisas é, antes que mommy chegue, eu detone a
salada de frutas que ela deixou para mim na geladeira. Mesmo a contragosto, não
vai ser nenhum sofrimento. Vou lá. 18h16.
-X-X-X-
18h20. Pronto, salada de frutas devorada. Foi até bom,
estava gostosa. Gostosa, taí uma palavra que eu gosto de dizer. Eu acho que
pronuncio de um jeito interessante a palavra “gostosa”, não sei por quê.
Ninguém nunca me confirmou o fato, logo não tenho base experimental para
concluir se estou certo ou não. Mas me sai bem da boca. Putz, realmente não
tenho assunto nenhuma para colocar aqui.
18h23. Mommy acabou de chegar, comi a salada na hora exata!
Parece até sexto sentido! Já aconteceu muito esse tipo de coincidência comigo,
principalmente com namoradas, a gente parecia ter um lance telepático. Acho que
as duas existências estavam tão sincronizadas, um tão habituado ao modo de ser
do outro que conseguia prever certas coisas ou pensar nas mesmas coisas
simultaneamente. Era bem divertido quando acontecia, parecia algo meio mágico,
meio místico. Mas acho que eram apenas duas pessoas que se conheciam muito bem.
-X-X-X-
18h34. Por ser com o meu outro primo-irmão, minha mãe ficou
meio desconfiada quando comentei sobre o pôquer (é eu fui convidado para uma
jogatina de pôquer na casa de um grande amigo nosso, que também tem um PS3! Eu
uma filhota bebê!), mas é um programa tão família que, ele me levando e
trazendo, ela não vai objetar.
-X-X-X-
Há uma mão articulada de madeira ao lado do meu computador,
do tamanho de uma mão de garota. Quantas pessoas no mundo tem um negócio desses
além de mim? É um instrumento para ajudar a desenhar mãos, você bota a mão na
pose que quer e tenta olhá-la e desenhá-la. Presente do meu padrasto. Achei
sensacional ele ter investido em mim nesse aspecto da arte. Ganhei, junto com a
mão, um boneco de madeira todo articulado que está logo atrás da mão, em pose
de alegre aceno para mim. Pena nunca tê-los usado para seus fins... ainda...,
quem sabe...
-X-X-X-
18h42. Nada para escrever. Fumar para ver se a fumaça e o
andar de lá para cá no hall me trazem alguma inspiração.
-X-X-X-
19h01. Duas xícaras de café e três cigarros depois estou de
volta para falar de algo que me maravilha: a espantosa e magnífica harmonia do
universo. Apesar e muito além das frustrações e pensamentos dos homenzinhos em
seus carros ou na bolsa de valores, o universo segue obedecendo
inescrutavelmente suas leis, desde sua parte mais infinitesimal (se esta
existe) até as maiores galáxias. Penso muito nessa grandiosa harmonia quando
olho as nuvens no céu ou quando penso que é possível erguer estruturas como
este prédio que habito, ou no computador. E nos próprios homens, que são
efeitos maravilhosos dessa sinfonia de coisas grandes e pequenas que segue seu
ritmo independentemente de nossas vontades. Essa coisa mais imensa do que a
minha imaginação. Mágica e harmônica, infalível.
-X-X-X-
O pôquer morgou. Vou tentar ir ao Tebas, mas isso depende da
carteira e do humor da minha mãe. Provavelmente será um não, mas, como sempre,
tentarei reverter o quadro, dizendo que minha
amiga-arengueira-que-não-quer-ser-chamada-assim vai etc. e tal. 19h27.
-X-X-X-
Vou acabar este post por aqui porque meu padrasto falou que
o Google Analytics é que é a ferramenta de contagem de visitas, não a do
Blogger, que é muito limitada. Vou tentar agora fazer toda a burocracia virtual
para por o Analytics.
-X-X-X-
Recife, 17 de novembro de 2012, 22h41.
Não sei se consegui colocar o Google Analytics na página,
terminei hoje e a essa hora porque realmente fui ao Tebas ontem com meu
primo-irmão, seu amigo psicólogo e seu amigo que quer ser cineasta. Coloquei o
código do Analytics como se fosse um gadget do layout, não sei se vai
funcionar.
TEBAS - sexta-feira à noite
Voltando ao Tebas. Me diverti muito à minha maneira, fomos de buzão, chegamos cedo
antes de lotar, compramos logo um monte de fichinhas (para mim de refrigerante,
obviamente) e ficamos no patamar de baixo. Tive a sorte de o DJ colocar duas
músicas que eu conhecia e que curto muito Blue
Monday, do New Order e Fullgas,
de Marina. Dancei as duas e foi tudo o que dancei a noite inteira. Os meninos
me chamaram para subir ao piso superior que não tem teto (e a noite estava
estrelada para os padrões recifenses, o que foi uma beleza à parte) e cuja
vista é linda. Além disso, que não havia da outra vez que fui, colocaram
cercado de proteção e – para minha alegria – um outro bar, bem menos tumultuado
que o de baixo. Havia também mesas e cadeiras, outra grande benesse, que
decidimos aproveitar. Como disse ainda não estava completamente lotado. Depois
tivemos que defender nossas cadeiras a unhas e dentes sempre que um ficava em
pé por algum motivo. Acabou que passei a noite sentado na minha cadeira, apenas
saindo apara urinar ou pegar uma Coca e um copo com muito gelo. Ficava sentado,
mas com meus olhos bem abertos para localizar possíveis gatinhas para entregar
o endereço deste blog. Localizei várias, mas dentre todas, tenho que
mencioná-las, elas que foram o grande destaque da minha noite: Danielle e
Camila, duas garotas muito alto-astral (e engraçadinhas, tiradoras de onda) com
as quais havia cruzado na volta de uma das minhas cruzadas ao banheiro e que
convidei para dar um-dois conosco posto que Dani (desculpe a intimidade) havia
pensado que o papel era um beque. Nisso ficamos conversando e uma certa empatia
se formou. Nada que gerasse uma ficada, eu creio, mas simpatia de uma forma ou
de outra. Tanto que elas voltaram umas duas vezes mais para trocar uma ideia conosco
(comigo?). Foi uma interação muito agradável e divertida que me valeu a noite.
Também conversei com Caio, o cavalheiro (e para quem também entreguei o
endereço do blog), que está muito puto com tudo isso e naquele momento achando
que todo mundo era, no fundo, grandes filhos da puta – ele mesmo sendo um –
embora, em realidade, fosse um cara muito gente boa. Só acho que sofria de
coração partido.
No mais, entreguei o papel a várias gatinhas e a um formador
de opinião (eu creio), o que fez da minha noite um divertido sucesso à minha
maneira. Não agarrei ninguém, não bebi, nem dancei até o sol raiar. Nem
precisava, para mim era muito melhor ficar ali sentado, olhando as pessoas
existindo, as estrelas o no céu, o alvorecer, sempre à procura de gatinhas. Queria
que elas – e eles – realmente acessassem o blog. E que elas saibam, desde já,
que elas foram as mais lindas, dentre as mais lindas, que encontrei durante a
noite. E que se sintam especiais por causa disso.
Infelizmente só faltou uma Clementine. Mas não se pode ter
tudo ao mesmo tempo. Foi um tempo feliz, meu primo-irmão estava feroz na caça
às meninas. E parece ter encontrado uma que realmente o agradou. O cineasta
também se deu bem. Só quem ficou no zero a zero fomos eu e o psicólogo. Mas apenas
o fato das meninas Dani e Cami terem voltado para falar comigo (conosco?) para
mim é considerado quase um gol. J
0h16. Vou postar esse e ver se escrevo outro
Nenhum comentário:
Postar um comentário