Nova folha em branco, Dalmadorm já tomado e bebendo Coca
Zero (mas não da latinha!). Não sei por que o post sobre a morte é tão acessado
(vejo nas estatísticas do blog). Deve ser alguma sutileza macabra da natureza
humana.
Todos foram dormir e me sinto dono do meu próprio reinado –
a noite – agora. Pena que talvez eu mesmo sucumba em breve devido à medicação.
-X-X-X-
21h47. Liguei para o meu irmão para saber da herança e ele
também anda meio por fora. Fumar e encher o refil de Coca Zero.
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22h10. Fumei quatro cigarros. Nem me encantei com a voz e o
sorriso “da” Clementine que ouvi através da porta. Ou os remédios estão
começando realmente a fazer efeito – e estão – ou o encanto finalmente está se
quebrando. Pensei numa frase enquanto fumava: sou pior do que vou ser. Por
favor, entendam-na de forma positiva, que estou acreditando que estou me
tornando uma pessoa melhor. Vou continuar a escrever até a Coca Zero acabar,
depois, caminha.
Não importa quantas vezes já tenha dito isto, eu adoro por
palavras para fora de mim, mesmo que não tenha nada de relevante a dizer, como
agora.
-X-X-X-
Uma dos piores momentos do meu cotidiano é limpar minha
bunda.
-X-X-X-
Like a Stone rolando. Botei a lista ALGO
para tocar do começo de novo, pois já a ouvi toda enquanto teclava aqui (e ela
tem duração de 3,7 horas). Passei o dia escrevendo e publicando e procurando
imagens para o Algo estilo cordel que quero fazer (o que não foi muito
produtivo [acho que estou com expectativas altas demais em relação ao visual]).
O sono está batendo, um certo cansaço também. Acho que passei umas doze horas
aqui.
-X-X-X-
Eu não sei mais o que meu pai significa para mim. Meus
sentimentos em relação a ele são difusos e sempre acompanhados de sua imagem no
caixão. Ver a foto dele sorrindo que tenho aqui me traz um sentimento vazio,
sem emoção. Acho que é o remédio. Ainda bem que a empregada vem amanhã e vai
encher as caçambas de gelo, senão ia sobrar para mim.
-X-X-X-
A noite é minha, mas estou entorpecido, então ela me escapa
pelos dedos e me sinto esvaziar como uma ampulheta. 22h27. Vou fumar e botar
mais Coca Zero.
-X-X-X-
22h41. Uma coisa que esqueci de contar do Ocupando a Aurora
foi que encontrei a mesma menina que tinha me encantado no Côco da Lua há dois
meses. Fui tentar entregar o papel com o endereço do meu blog e ela foi
novamente grosseira comigo e se recusou a aceitar o papel. Minha vontade é,
caso a encontre uma terceira vez, mandá-la tomar no cu.
-X-X-X-
Não tenho nada a dizer, mas a vontade de dizer não me
abandona. É um sentimento estranho, contraditório. É uma necessidade de continuar
a apertar estas teclas, de fazer sair de mim o mínimo que seja. Desired Constelation, de Björk, rolando.
Acho sublime, delicada, viajante.
Por que existo? A probabilidade disto acontecer era tão
pequena e mesmo assim aconteceu. Por que eu sou assim? Genética maldita?
Escolhas erradas? Acho que ambos. E outros mistérios que não tenho capacidade
nem cabeça agora de decifrar. Eu me trouxe até aqui. Eu sou o único responsável
por este estado de coisas em que muitas delas estão fora de lugar. Eu me
desorganizei, me desestruturei. Estou apostando minhas fichas no CAPS. Não vejo
ainda luz no fim do túnel, se este túnel for o que me leva a me tornar um
adulto que produz seu próprio sustento. It’s
In Our Hands, como canta Björk. Minhas mãos não querem se agarrar a isso.
Querem apenas estas teclas, cigarro, Coca-Cola e café. E amor, muito amor.
Desesperadamente amor e alumbramento pela pessoa amada. Nisto também estou
apostando no CAPS. Espero tanto encontrar uma gatinha carente como eu que vá
com a minha cara. Aposta alta demais. E já disse isso em outro post. Desculpe,
leitor, se me repito.
Acho que o efeito do Dalmadorm está passando, me sinto menos
vazio agora. Olhei para a foto de papai de novo e ela continuou sem me dizer
muita coisa, entretanto. É como se ele tivesse desaparecido de dentro de mim. Acho
que ele devia ter me abraçado mais. Mas não era do feitio dele tais afeições.
Lembro do último (e talvez único) grande abraço que lhe dei. Foi depois de uma
recaída de cola. A cola me deixa extremamente carente, sinto como se tivesse
passado séculos na solidão após o efeito ir embora. Então fui à sala onde ele
assistia um dos seus seriados e o abracei muito forte e fiquei assim, abraçado à
sua barriga, um tempão. Pude sentir seu corpo bem junto ao meu, seu calor. Foi
uma experiência única. Mesmo que tenha havido um certo constrangimento entre
nós justamente por não estarmos acostumados a trocar este tipo de afeto. Uma
experiência muito diferente do último beijo que lhe dei na testa fria e morta.
Fumar.
-X-X-X-
23h20. Agora foi que o sono me pegou de vez. Vou revisar e
postar esta e ir dormir.
-X-X-X-
Revisando o sono passou mais, vou fumar outro cigarro e
encher o refil de Coca.
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23h39. Fui fumar e o sono me pegou de novo. Mesmo assim vou
tentar escrever mais um pouco.
Tenho pensado em entrar numa academia para ver se perco esse
bucho que tanto me incomoda, quem sabe até definir braços, ombro, peito e
costas, mas principalmente perder peso e me recondicionar fisicamente. Passei
vários meses basicamente só sentado e deitado. Vou pedir pro instrutor pegar
beeeem leve comigo, senão desisto na primeira aula.
-X-X-X-
Pensando ainda em morte, não sei o que faria se minha mãe
morresse. Eu tenho uma relação muito simbiótica com ela, mommy praticamente
governa minha vida e se intromete em todos os aspectos dela. Só não lê esse
blog. Fragile Tension, do Depeche
Mode. Espero que ela viva bastante ainda e graças aos céus ela investe muito
nisso.
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23h48. Sono monstro. Postar e ir dormir.
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Eita, começou Neguinho
com Gal, me deu uma instigada. Já selecionei a imagem do post: uma cartela de
Dalmadorm. Vou colocar a música aqui embaixo, acho que vale conhecer.
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Nada mais a dizer, não sai mais nada. Vou postar
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