quarta-feira, 1 de março de 2017

TELA DE ENTRADA

Minha grande companheira de carnaval.



Que irônico. Eu aqui na maior solidão e a tela de abertura do Windows é a foto de um grupo de pessoas, amigos em tese, na proa de um barco having a good time. Liberdade, interação com outras pessoas, aventuras em grupo, tudo o que eu não tive e não terei nesse Carnaval. Pelo menos pude acordar quando o meu corpo pediu. São 13h47 e faz cerca de meia-hora que acordei. O que tive nesse Carnaval foi um acontecimento bem triste; a morte do meu avô. Ainda bem que foi tudo muito rápido. Ele não sofreu muito e o velório e enterro passaram num flash. Estou preocupado com a minha avó, que não quer morar com nenhum filho, prefere ficar sozinha no apartamento em que morava com o meu avô. Não sei se esta decisão vai permanecer, mas, conhecendo vovó, acredito que sim. Também acredito que ela vá parar de tomar os seus remédios, numa pulsão de morte gerada pela perda do marido. Fato, que eu acho que ninguém ainda se deu conta, é que agora, sem vovô, ela é capaz de viajar. E, como a família vive viajando, poderia levá-la a tiracolo. Talvez isso trouxesse nova vida a ela que acho que sempre gostou de viajar. Principalmente uma ida aos Estados Unidos, país que ela ama e idolatra. Posso eu estar viajando aqui. Mas acho que meus pensamentos têm certo fundamento na realidade. 14h00.

Estou sem saco e sem conteúdo para escrever. Só faço assistir “The Walking Dead”. Que por sinal é o que farei dentro em pouco. Estava suando aqui, acho que preciso tomar um banho, mas, como contramedida, liguei o ar. Disse que iria digitar o diário, jogar Assassin’s Creed e não fiz nada disso. Já é terça de carnaval e tudo o que faço ver TWD e escrever no Word. Teve também todo o lance de vovô. Mas isso não foi uma escolha minha. Acho que estou meio doente. Minha garganta dói e me sinto meio mole. Pode ser por ter dormido demais. A moleza, pois a garganta é fato.

17h04. Assisti TWD até agora e chega uma hora que tem que se dar uma parada, a quarta temporada não é tão boa ou não está sendo tão boa quanto a terceira. Ainda não cheguei no ápice da história, mas duvido que seja tão interessante quanto a anterior. Não estou com vontade de escrever também. Estava chovendo ainda agora, mas parou. Melhor para os foliões, pior para mim que gosto – do conforto do meu lar – ver a chuva se derramar. Estou quase com vontade de encarar “Assassin’s Creed”, mas só quase. Estou ficando com calor de novo. Vou ligar o ar. Até de beber Coca estou meio de saco cheio. Isso é incrível. Devo estar ficando doente mesmo. Me sinto meio mole, mas isso pode ter sido o excesso de sono. A vontade que tenho é de me deitar e tirar um cochilo e acho que vou obedecê-la.

17h47. Não sei como o tempo pulou 40 minutos, mas aconteceu. O que fiz desde que parei de assistir o seriado, foi olhar a chuva da varanda por poucos minutos, pois estava me molhando; pegar um copo de Coca e vir para cá escrever. Não escrevi muito. A quantidade que preencha 40 minutos. Para onde esse tempo foi eu não sei... estou acabando de comer o gelo do copo para me deitar. Estou com vontade de parar de assistir TWD. Está meio chata essa quarta temporada, mas depois dessa só tem mais uma e eu acabo de assistir. Pode ser que o caldo engrosse nos próximos episódios, mas esse que estou vendo está muito chato, arrastado.

19h50. Tirei um leve cochilo até agora há pouco quando o meu padrasto bateu na porta do quarto dizendo que minha mãe queria me ver. De 20h45, vou pedir os meus remédios e aceitar o Benegripe que me foi ofertado. Estou me sentindo meio mole e com dor de garganta. Sutilmente adoentado, com sintomas parecidos com os de mamãe. Se bem que ela tem catarro nos seios nasais e febre pouca, mas tem. Eu não sei se estou com febre pois não medi minha temperatura, mas estou com um pouco de frio. Também o ar está ligado há algumas horas.

19h58. Desliguei o ar, subi as persianas e abri a janela para o ar do meu quarto circular. Acho que vou ver o resto do episódio de TWD e depois pedir os remédios para mamãe.

20h01. Sem saco de escrever. Vou ver TWD.

23h28. Depois de três horas seguidas de “The Walking Dead” é bom dar um tempo. Já estou no oitavo episódio da quarta temporada. Ainda bem que as coisas se tornaram mais interessantes, mas ainda fica devendo à terceira temporada. Se bem que devo estar na metade da temporada agora, a julgar pela quantidade da anterior.

23h39. Meu avô morreu. Gostaria de ter algum sinal dele de que existe o além.


23h42. Os outros habitantes da casa ainda não foram dormir. Há luzes no quarto. Isso deve ser algum tipo de recorde. Bom, pouco se me dá, se não vierem me mandar dormir. Estou com dor de garganta e o Vaporfi agride a minha garganta muito mais que os cigarros normais. Será que morrerei ou terei câncer de garganta? Deve ser uma morte ou um padecimento péssimo, provavelmente ficarei mudo, se o câncer for nas cordas vocais. Mas não quero pensar nisso. Dizem que atrai. Mas faço por onde. Preciso ir a uma otorrinolaringologista. Há muito venho protelando a ida a este tipo de especialista. Vou esperar a minha mãe ficar boa, ou seja, passar por toda as sessões de radioterapia que virão depois das quimios, para marcar. É bom que ela esteja. Espero não precisar do expediente da traqueostomia. Mas peço por algo assim, levando a vida que levo. Tenho medo dessa ser uma etapa da vida que o destino reserva para mim. Me deu vontade de ver Rattle & Hum novamente. Mas não vou fazê-lo agora ou hoje. 

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