quinta-feira, 23 de março de 2017

NÃO SEI AINDA

Recife, 22 de março de 2017.

Estou no CAPS. Horário de almoço. Não vou comer por causa da minha dieta somaliana leve. Não consegui perder peso nos últimos dias. Hoje é o dia perfeito para fazê-lo, pois fico aqui até as 15h. Participei da oficina de sonhos, mas não tinha sonho para contar, fiquei apenas como ouvinte. Foi interessante mesmo assim, como os sonhos geralmente são. Não tenho realmente o que dizer. Em verdade, tive um sonho, mas não quis reparti-lo, basta dizer que o sonho me fez decidir cortar contato com a garota com quem vinha conversando no Facebook essa semana. Embora tenha encomendado um livro para ela e que em algum momento terei de entregá-lo. Meu amigo do grupo AD veio tocar violão na minha mesa, o que me constrange a parar de ouvir iPod para escutá-lo. Não sei por que ele vem sentar-se sempre perto de mim. Mas vem e fico embaraçado de não lhe dar atenção. Isso é ozzy. Mas é a vida e esse é um infortúnio menor. Há mazelas realmente inomináveis no mundo. Ainda há escravidão, só para citar um inominável mal que assola os homens. Então, dar atenção ao meu amigo cantador é o de menos.

13:33. Fui fumar. Voltei e meu amigo cantor havia abandonado o violão. Já está em cima da hora do grupo, pouco escreverei até porque digitar no celular me é deveras complicado. Espero que o grupo traga algum conteúdo mais profundo para tratar aqui. Geralmente traz. Oba, hoje usaremos pincel, talvez o método de expressão artística mais prazeroso para mim.

15h06. Já estou em casa. Infelizmente a pintura a ser feita não era em um papel, mas em uma pedra, escolhida por cada membro do grupo nos jardins da casa. O tema do grupo foi “quais as pedras que estão no nosso caminho nas quais a gente tropeça e recai (nas drogas)?” Ou algo assim.



15h28. Antes de falar sobre a pedra, tenho que comentar que acabei de conversar com o meu irmão que mora nos EUA e foi uma delícia. Amo muito ele e o admiro enormemente, além de considerá-lo um cara supergente boa de conversar, batemos um papo de mais ou menos dez minutos sobre tudo um pouco: trabalho, família – daqui e de lá –, show de Sandy, jogos, as desaparecidas camisas dos Strokes que eu encomendei e acho que só foi isso, uma geral nos nossos cotidianos. Bom, voltando à pedra e em que eu tropeço. Eu tropeço em várias coisas, mas as únicas que me vieram à cabeça foram depressão profunda e solidão. Essas duas são batata, recaída na certa. Não a solidão que eu vivo aqui, sozinho no quarto, sabendo que há mais pessoas na casa. Mas a solidão de fato. Se, de repente minha mãe viajasse com o meu padrasto e me deixassem aqui no apartamento, por exemplo (o que é impossível; me mandariam para a casa da minha tia). No grupo, eu não tive tempo de me expressar, pois os demais integrantes utilizaram o tempo todo antes que eu pudesse me colocar. A psicóloga pontuou que é um movimento recorrente meu deixar com que todos falem e ficar por último, muitas vezes perdendo a oportunidade da fala, o que é a mais absoluta verdade. Não sei se quero trabalhar isso e me impor a falar antes dos demais. Não me sinto confortável com isso, nem sinto muita necessidade de fala. Acho que já falo demais aqui e às vezes com as psicólogas que ficam à disposição pelo CAPS ao longo do dia. Por isso não tenho essa urgência de falar nos grupos ou de fazer terapia. Sobre a depressão profunda, é óbvio que eu vou tentar buscar alguma fuga dela, algum prazer na coisa mais prazerosa que conheço que é a minha droga de preferência, a cola. Às vezes meus dedos não acompanham o meu pensamento e digito as palavras todas truncadas. É um saco quando isso ocorre. Graças aos céus, à medicina, à terapia e à curatela eu nunca mais tive depressão. E todos os dias me sinto grato por isso. Como já disse em outros momentos, aprendi a gostar de viver. Meus dias são prazerosos e quando não são, é porque são entediantes, mas não tenho dias realmente ruins. Não que me lembre. Acho que isso se deve aos remédios que eu tomo, que controlam minhas emoções. Por consequência, também não tenho dias fantásticos, só tive um, no ano passado, que considero um dos dias mais felizes da minha vida. Acho que jamais esquecerei desse dia. Foi um dia em que conscientemente e emocionalmente pensei “hoje eu me sinto 100% feliz”, como nunca mais imaginava que poderia me sentir. Foi muito especial, foi perfeito. Não tinha como melhorar. Meu coração só faltou pular pela boca de tanta alegria, de tanta felicidade, de tanto amor. Recíproco amor. Pena que só durou um dia. Ou dois encontros. Mas foi melhor que o melhor dos sonhos. Foi um dia encantado, tão único e tão raro e tão belo que beira a impossibilidade. Relembrando, eu ainda sinto reminiscências muito sólidas da felicidade que experimentei. A minha vida inteira valeu e se justificou por causa daquele dia. Não encontro palavras para descrever a indescritível felicidade que tomou conta do meu ser naquelas eternas horas da minha existência. Como me arrependo de não ter respondidos alguns “sins”. A ausência deles me pesa tremendamente a alma. Se arrependimento matasse a falta desses “sins” seria minha causa mortis. Mas a vida continua e guardo esse dia como a gema mais preciosa de toda a minha vida. Nada que vivi depois ou antes se equipara àqueles momentos mágicos. E foi tudo tão natural, tão espontâneo, tão nosso, que parecia que o mundo girava por causa de nós e ao nosso redor. Pareciam só existir no universo eu e ela e eu para ela e ela para mim. Se acreditasse em almas. Senti naquele dia ter encontrado a minha alma gêmea. Foi um sentimento muito forte e intenso que tomou conta de nós, sem que nos esforçássemos ou pedíssemos, simplesmente se deu e nos amamos plenamente, completamente, profundamente. Nossa, vi um vídeo ozzy agora de uma mulher sendo torturada a pauladas e humilhada publicamente. Não sei porque alguém posta isso no WhatsApp. Fui responder ao meu amigo sobre uma coisa que ele havia me pedido para fazer e carregou esse vídeo monstruoso. Crueldade absurda. Quebrou totalmente o clima de fantasia que eu estava vivendo, ou melhor, revivendo momentos antes. Como disse no texto, no mundo dos homens há mazelas inomináveis. Pura violência, pura barbárie. E nada do que a mulher possa ter feito justifica tamanha covardia. O chão onde estava sentada todo melado de sangue. Coisa horrível. Definitivamente evitar a torrente de posts que esse meu amigo envia diariamente é a melhor opção. Agora estou com as cenas impressas na minha cabeça. Que ozzy. Muito ozzy mesmo. Vou até jogar um pouco de Yoshi para desopilar.

17h10. Morri umas cinco ou seis vezes na mesma fase do Yoshi, mas pelo menos isso me levou a desanuviar um pouco do vídeo da mulher. É incrível que sejam do mesmo mundo o dia que de absoluta felicidade que vivi e um vídeo bizarro e cruel como este. É como se eu vivesse numa realidade paralela. Eu me sinto até constrangido – essa é uma palavra que tenho usado muito ultimamente – de falar dos meus problemas existenciais frente a cenas como aquela, sabendo que existe esta outra faceta hedionda do mundo acontecendo enquanto escrevo isso. É um choque de realidade muito grande. Eu vivo praticamente no mundo de sonho. Tenho conforto, paz, moradia, comida, ninguém atenta violentamente contra mim, ninguém me viola – a não ser a minha privacidade –, eu vivo num paraíso social que a maioria dos brasileiros não desfruta. Também não acho que o caso da mulher seja uma regra, é um extremo de realidade que talvez seja mais frequente do que gostaria de imaginar, mas não é o comportamento da maioria das pessoas das classes menos favorecidas. Acredito que a maioria das pessoas do mundo são gente de bem. Senão já teríamos nos exterminado uns aos outros, viveríamos numa constante e ininterrupta guerra civil onde todos são inimigos de cada um. Não é o que vejo nas ruas. Do Brasil, pelo menos. Obviamente e infelizmente há zonas de guerra no planeta e que certamente são o inferno na terra e que eu acredito que só com a Singularidade tais tipos de conflito tenham fim. Não vejo que os seres humanos que perpetram essas atrocidades vão parar de fazê-lo por si sós em menos de meio século, época em que a Singularidade está prevista para acontecer. Por volta de 2045 para ser mais específico, segundo Ray Kurzweil. Mas à parte toda a violência, sinto que vivo numa bolha fantástica que é o meu quarto, onde nada pode me atingir a não ser a minha mãe, que não oferece ameaça nenhuma, apenas me aperreia com suas cobranças, ameaças e chantagens emocionais. E mesmo isso está bem melhor. Já foi muito, muito pior. Então cá estou, num quarto climatizado, com um copo de Coca Zero cheio de gelo, fumando meu cigarro eletrônico enquanto ouço Sandy e digito no meu computador relativamente potente, com acesso à internet banda larga, tendo ao meu lado dois videogames e dezenas de jogos à disposição. A única coisa negativa é o som engasgando vez ou outra. Mas pretendo solucionar esse problema comprando um som novo. Como presente de aniversário, minha mãe pode rachar comigo. Já inclusive fiz uma pesquisa e meio que já selecionei um, LG. Com Bluetooth toca-CDs e duas entradas USB. Só não tem o line in normal, como a entrada de um fone de ouvido, ele tem um line in melhor, com entradas L e R, mas deve haver um adaptador para isso. Preciso ver como são as saídas e ir na loja especializada em sons de Casa Amarela. É capaz de, em não havendo o cabo, eles mesmo montarem um para mim. Acho possível, para que possa ouvir meu iPod no som. Mas isso ainda são planos que tenho que discutir com a minha mãe. Espero que a qualidade da LG seja melhor que a da Phillips, que me deixou bastante decepcionado. Desde o começo o som já apresentava um defeito de reprodução de CDs: se o CD fosse muito longo, ele não reproduzia as últimas músicas do disco. Isso já me deixou com o pé atrás. Agora ele fica engasgando os CDs de forma completamente aleatória. É irritante. Mas antes de comprar, quero fazer o teste na loja para ver se o tal som que me interessa não apresenta o mesmo defeito quando a CDs de longa duração, como as coletâneas que tenho do REM e do Radiohead ou mesmo o “Disintegration” do The Cure que tem aproximadamente 72 minutos de maravilhosa música. Sem contar a “Nona Sinfonia” de Beethoven. Levarei um desses CDs para testar no som. Mas não quero me estender nesse assunto, pois é por demais fútil e desinteressante. E já disse tudo o que tinha para dizer sobre o tópico. Preciso ir com mamãe no Rio Mar para fazer isso e comprar os CDs de Sandy e Nirvana na Cultura de lá. Ou na Saraiva, onde estiver mais barato.

17h56. Hoje as horas voaram. Vou tentar ver “Inherent Vice” hoje, como comentei com o meu amigo do CAPS. Acho que deve ser a maior doideira. Com a idade os cabelos e pelos vão caindo em velocidade cada vez mais rápida. Vivo a tirar pelos e cabelos de cima do teclado do meu computador. É um pequeno e frequente inconveniente. Todos os meus problemas ficaram menores depois daquele vídeo atroz. Me sinto reclamando de barriga cheia. Por sinal, só tomei café da manhã hoje. E comi muita banana frita. Deveria ter me contido, mas banana frita é algo difícil de resistir para mim. 18h02. Fui me pesar agora e para a minha grande decepção estou pesando 96,9 kg. Não entendo. Mas a balança não mente. De onde veio todo esse peso é que ignoro. Estou quase tão gordo quanto quando comecei a dieta. É um mistério. Só se foi todo o líquido que tomei hoje. Vou me pesar amanhã assim que acordar para ver no que é que dá. E tentar não jantar. E cortar as minhas unhas da mão. Já estão grandes de novo. Não faço agora pois não enxergo bem à noite, pois a luz da varanda é muito fraca. Mas 96,9 é de lascar. Tem alguma coisa errada aí. Só pode ser por causa dos líquidos que ingeri durante o dia.

18h11. Fui pegar mais Coca e urinei. O peso já deu 96,2 kg. Deve ser acúmulo de líquido mesmo. Mas poxa, no começo da semana eu estava com 94 e uns quebrados, ontem estava com 95 e alguma coisa, agora pulei para 96. E não comi muito de ontem para hoje. Mistério. Bom, tenho dois dias para pelo menos voltar aos 94. Não vou comer hoje de noite, está decidido. Vou pedir para mamãe trancar a cozinha. Só assim consigo não comer à noite. Pois a fome provocada pelo remédio é severa. Fase chata eu estou no Yoshi. Pensei em jogar, mas só de lembrar que vou ter que encarar a fase em questão já me desmotiva. E já tinha passado da metade dela, creio. Mas morri por vacilo meu. O pior é isso. Não era nada de extremamente difícil onde caí. Mas deixa isso pra lá. Estou começando a me animar para o filme e estou um pouco sonolento. Puxa, já entrei na quarta página de Word e puxa, já acabou o copo de Coca que acabei de colocar. Acho que vou ouvir “Vulnicura” de Björk. Dar um tempinho para Sandy. Faz uma semana que a bichinha canta aqui no meu quarto. E talvez vá ouvi-la mais quando mamãe chegar com o seu celular. Estou um pouco sonolento. Acordei algumas vezes durante a noite e não fui dormir exatamente cedo.

18h29. Não achei o “Vulnicura”, só o “Vulnicura Strings” que é só com arranjo de cordas como o nome diz. Separei-o, mas dei de cara com “Recanto” de Gal e preferi ouvir este. Mamãe chegou. Acabou-se a minha privacidade. Estava pensando em me utilizar dela, mas agora só quando mamãe for dormir. Penso na garota do Facebook e sinto um incômodo, como se ter falado com ela tenha sido um engano. Acho que foi. É, foi um erro. Agora é como se tivesse um segredo para com o meu amigo. Ele certamente não ficaria feliz em saber que ando conversando com sua ex com certa intimidade até. Só falarei com ela se o contato partir do outro lado. Não serei impolido e deixar de respondê-la também. Mas tenho quase certeza de que ela não vai principiar uma conversa comigo. O que é ótimo. É melhor deixar as coisas como estão.

18h48. Estava dando uma fuçada no Facebook para descobrir onde é a CiBrew, onde quero ir na sexta, e recebi a excelente notícia de que fui aceito no grupo de leitores do Facebook. Vamos ver se nesse grupo meu blog é mais lido. Seria massa. Poderia publicar o post de ontem, mas acho que vou publicar este. Espero que venham coisas mais legais do que eu já escrevi até agora. A coisa complicada do evento da CiBrew é que a ex do meu amigo com quem tenho falado na rede social e o meu amigo estão interessados em comparecer. Eu não sei o que faria se os dois fossem. Ficaria numa sinuca de bico. Mas não deixarei de ir. Se os dois forem, será um curioso experimento social. Uma situação bastante inusitada, mas também talvez inconveniente. Provavelmente inconveniente, em verdade. Acho que o meu amigo não gostaria de me ver falando com relativamente intimidade com a sua ex. Não sei se ela aceitaria que apenas a cumprimentasse e ficasse em companhia do meu amigo. Certamente o inverso, ficar conversando com ela em vez dele, causaria estranhamento e até raiva de mim por parte do meu amigo, visto que os dois aparentemente ainda se gostam, até onde sei. Mas não sei muito. Sei que ela anda sofrendo com a separação. Ele é muito fechado e quando perguntei como andava seu coração, se resumiu a dizer “batendo” e emendou uma risada. Usando uma palavra que tenho usado muito neste texto, tem tudo para ser uma situação constrangedora para mim. E embaraçosa também para eles, por estarem coexistindo no mesmo ambiente. Mas muito mais para mim, que ficaria dividido entre os dois, sem saber a quem dar atenção. Para piorar a situação, meu primo-irmão disse que só vai poder chegar mais tarde, então eu terei de ir sozinho. Não terei nem esse amparo social de falar com os dois e grudar na turma do meu primo. Meu desejo mais profundo seria conversar com ela. Mas acho que o mais prudente será me privar desse desejo. Nenhum dos dois confirmou presença, apenas interesse em comparecer. Mas estou com uma sensação de que os dois irão. Sei lá. Na hora eu vejo o qual é o clima e o que é que eu faço. Só não deixarei de ir. Tenho até que falar com a minha mãe sobre o evento, confirmei sem ter a permissão dela. Mas antevejo que não haverá grandes problemas por parte dela. É um evento que começa cedo e termina relativamente cedo. Talvez a turma do meu primo e eu até estiquemos de lá para outro lugar, como ocorreu da última vez. Bom, quem viver, verá. Outro cabelo caiu no teclado. Minha mãe disse com a idade os cabelos vão caindo e ficando mais ralos mesmo. É, eu já estou na boca dos 40. Em menos de um mês entrarei nos “enta”. Isso não me agrada nem um pouco, mas também não é o fim do mundo. Só não vou mais revelar a minha idade com a mesma frequência de outrora, principalmente às garotas, pois pode afugentá-las. Pelo menos disseram que o meu corte de cabelo me deixou parecendo mais jovem, o que é ótimo. É exatamente o que quero parecer. Hahahahaha. E baixar mais o lombo até a sexta. Perder uns dois quilos seria ótimo. Chegar aos 93 e alguma coisa seria perfeito. Mas acho impossível. Só se não comer nada daqui até lá! Hahahahaha. Vou tentar comer o mínimo. O disco de Gal acabou. Vou pôr o “Vulnicura Strings”. E pegar Coca.

19h29. Já?! O tempo realmente está voando hoje. Daqui a pouco vou assistir o filme. Daqui a pouco, não. Acho que às 22h. Será que terei disposição para escrever depois disso? Comentar minhas impressões do filme? Sei lá. Amanhã não tenho CAPS, logo não tenho hora para acordar, posso dar uma esticadinha à noite. Resta saber se vou aguentar. E se minhas opiniões sobre o filme têm algum mérito para serem reproduzidas aqui. Logo minhas, um cara que gosta de blockbusters e lançamentos. Hahahahaha. Vou tentar passar da fase do Yoshi. 19h42.

20h11. Passei da fase irritante veio uma bem mais divertida, porém morri de forma estúpida, me enfureci e desisti por um tempo. Puxa fumar, mesmo que cigarro eletrônico é muito prazeroso para mim, pena que faça tanto mal... Queria saber onde foi parar o meu “Vulnicura”. O original. 20h16. Depois de esgotadas todas as possibilidades óbvias, fui numa improvável e achei. Massa. Falta agora achar os dois da coletânea do REM! Hahahaha. Xapralá. Na minha busca achei o “No Line On The Horizon” do U2 que estava procurando um dia desse e não conseguia achar de jeito nenhum e estava bem na minha cara. Os do REM são um problema mais difícil. Mas como disse, xapralá. Já achei muito CD sumido hoje. Tem uma coisa “arriscosa” e ao mesmo tempo excelente para acontecer na sexta. Espero que dê tudo certo. Senão as consequências podem ser para lá de danosas. Não só para mim. E não estou falando do ex-casal na CiBrew. E do que estou falando nada posso acrescentar. Não devia nem ter trazido à baila aqui. Acho que vou assistir o filme logo mais, às 21h. São 20h28. Isso me dá meia-horinha para escrever. Mas estou meio seco de conteúdo. Ah encontrei o meu amigo do prédio com quem conversei um final de semana desses na rua hoje, pilotando a sua moto. A princípio não o reconheci de capacete. Ele está muito diferente mais velho e bem mais gordo. Mas é exatamente como estou também! Hahahahaha. Hoje estou todo risonho, que negócio chato. Deve ser enervante para o possível leitor. Me perdoe, mas preciso pôr as risadas para enfatizar que não estou levando o assunto muito a sério e, sim, na esportiva. Ou porque achei engraçado mesmo. Foi inclusive ele quem me mandou o vídeo ozzy da pobre mulher. O “Vulnicura Strings” acabou. Vou de U2 agora. Pegar Coca antes.

20h35. Pronto. Coca e disco postos. Será que este disco do U2 tem alguma balada. Não lembro. Minha impressão é que não. Mas devo estar enganado. Todo disco do U2 tem. A vida é muito irônica, aquele vídeo foi aparecer justamente quando estava me deliciando com minha memória mais preciosa. É lasca. Minha sexta promete ser repleta de emoções não tão positivas. Isso me preocupa. O que era para ser bom e divertido pode se tornar problemático de forma talvez irremediável. Espero que não, que isso seja o meu lado paranoico se manifestando. Esse lado emerge quando as coisas não estão sob o meu controle, quando depende de terceiros. Fui perguntar de baladas, já se pode considerar a segunda música uma “balada agitada”, se é que existe tal coisa. Não sou crítico musical. Muito menos crítico de filmes, mas não me furto a dar opiniões mesmo assim. Esse disco do U2 é bem estranho. O que não é ruim. Bono grita mais do que o habitual. A terceira é outra que poderia ser categorizada mais como balada. É um disco mais experimental do grupo. E usa muitos coros e overdubs da voz de Bono. Mas é um experimental que não se sai tão bem quanto o “Pop” ou o “Zooropa”. Não sei se foi porque foi o disco do U2 que menos escutei à exceção do mais novo, que ouvi menos ainda, só durante minha viagem à Europa para visitar a minha irmã. É, é um disco fora dos padrões do U2. Mas deixemos o disco de lado. A sexta me recheia de sentimentos antagônicos. Torçamos pelo melhor. The Edge solando por mais de um minuto. Definitivamente for dos padrões. Pelo menos os dois últimos discos não pularam. A quinta música é a música mais U2 do disco até agora. Mas eu ia deixar o disco de lado. O problema é que estou focado nele e não tenho muito o que falar. Caramba, estou na sexta página de Word. Outro post que ninguém vai ler. Mas escrevo mais para mim mesmo. É, como já devo ter dito – velhos costumam se repetir –, uma autoterapia. Tudo o que não falo no dia-a-dia, digo aqui. A palavra escrita tem sido, nos últimos meses, a minha melhor amiga. Não reclamo, afinal ela nunca reclama de mim. Passivamente aceita o que quer que faça dela. E abuso demais da bichinha. É um abuso usar as palavras para encher seis páginas de mim e do que está o meu redor ou do que me ronda. Mas elas são amigas ou, mais além, amantes, muito permissivas. Por isso as amo tanto. Por isso essa intimidade indiscreta com a palavra escrita. Uso as palavras indiscriminadamente e parece que nunca acabam, sempre tem mais uma a ser posta. Não sei de onde elas me vêm, de dentro, de fora de todas as direções do tempo e do espaço. Passado, presente e futuro se misturam na minha escrita e não há muito esforço para a coerência. Só a necessidade urgente de dizer tudo o que calo para o resto do mundo. E ponho aqui neste blog na expectativa que um você venha emprestar sua voz a elas. Mas não guardo muitas esperanças disso, portanto elas permanecem sendo vozes apenas da minha cabeça. Vamos ver se esse grupo de leitores é realmente feito de pessoas que lêem. Pelo menos há uma pessoa que leu dois dos meus posts publicados no grupo de escritores. Sandra Leal. Ela foi a única que demonstrou alguma reação, me dando duas curtidas. Se o você for você de novo, Sandra, muito obrigado. De coração. Você me motiva a continuar tentando repartir estes textos desvairados que teço sem muitas pretensões. Se houvesse alguma responsabilidade em fazer isso, eu já teria parado de fazê-lo, pois sou alérgico a responsabilidades. Faço por prazer e por necessidade. Uma necessidade maior que eu. Ou do tamanho exato da minha alma que clama se mostrar, exibicionista que é. Despudorada que é. Mas nem tanto porque não tenho coragem de postar esses textos na minha página pessoal, pois tenho medo de me revelar assim demais e totalmente para as pessoas que conheço. Procuro o anonimato que a rede social me permite. Por isso, se publicar o meu livro sobre os internamentos que passei por causa da maldita droga, eu o faça em formato digital e secretamente para que nem minha mãe nem meus amigos achem. A verdade é que tenho vergonha de mim e dos meus pensamentos, por isso talvez ande tão calado no lidar com as pessoas e tão prolixo aqui. Cada vez mais calado e cada vez mais prolixo. Eita já são 21h30 e não comecei a ver o filme. Mas está tão gostoso ficar apertando estas teclas quase a esmo que vou continuar mais um pouco aqui. Depois vou revisar e publicar. Ou deixo isso para amanhã. Não sei se os leitores são notívagos como eu. Acho que vou deixar para revisar e publicar amanhã se pretendo ainda escrever sobre o filme. O que sinceramente ainda estou na dúvida. O disco do U2 acabou. É uma boa deixa para eu começar a ver o filme. Não colocarei outro CD para que o silêncio me empurre daqui para a TV. “Inherent Vice”. Já baixei faz um tempão, só me animei quando numa saída dessas me disseram que era do mesmo diretor de “Magnolia”. Mas já disse isso recentemente. Talvez até no post anterior. É, estou ficando caduco. É porque o meu mundinho é tão limitado, o repertório fica tão restrito. Afora o CAPS e as possíveis saídas de final de semana... minha mãe entrou no quarto e desatou a falar, me interrompendo, mas afora esses momentos o meu mundo se resume ao meu quarto e não acontece muita coisa no meu quarto, não é lá o ambiente mais agitado do mundo (graças aos céus!). Gostaria de um dia ter uma mulher na minha cama, de vê-la dormir, de namorar com ela, mas isso é um sonho distante, uma ficção e este blog é de não-ficção. Aliás é da ficção que minha mente cria e que chama de realidade. São as percepções que os estímulos externos e internos me despertam. E o que me despertam agora é preocupação sobre os eventos de sexta. Mas já disse e redisse isso um sem-número de vezes. Seja o que o acaso quiser. Entrego nas mãos dele o outcome desse dia 24. 21h48. Vou colocar, enfim, o filme.

0h34. Acabei de ver “Inherent Vice”. Achei sem graça. A história é cheia de arrodeios e pontos de conexão, mas todos me pareceram forçados, nem imagino como o livro em que foi baseado deva ser. Se for como a história do filme deve ser muito chato. Ousaria dizer mais chato que este texto. O filme tem muitos diálogos com muitas gírias, então houve momentos em que a compreensão das falas com legenda em Inglês se tornou complicada. Mas não afetou a minha compreensão geral do filme. Que não tem muito o que compreender na verdade. É uma trama policial fajuta, caricata, com inclinações para a comédia de humor negro. Nada faz muito sentido, tudo é meio psicodélico. O personagem principal, embora tenha atuação magistral de Joaquin Phoenix, é apático e passivo. As coisas meio que acontecem com ele, ele raramente faz as coisas acontecerem. É como se tudo fossem coincidências no filme. Não gostei e não recomendo. Achei tedioso, demorado e sem graça. Nesse clima junkie viajado, “Medo e Delírio” ou “O Grande Lebowski” são muito melhores. Preciso tomar banho ainda. Prometi a mamãe. Se o banho me despertar escrevo mais. Senão completo amanhã, pois estou com muito sono.

1h10. O banho me tirou mais o sono. Talvez tenha criado expectativas demais em relação ao filme, por isso me decepcionei. Mas não retiro uma palavra do que escrevi acima. Achei o roteiro fraco. Tudo bem quem vê uma crítica social no filme, especialmente no que tange a polícia de forma geral, mas isso não é razão suficiente para assisti-lo. Para mim não foi uma perda de tempo maior porque alguns personagens são bons e os atores são ótimos. Não chega ao dedo mindinho de “Magnolia”. Uma obra menor de um grande cineasta. Boto muito mais fé em “Sangue Negro”, também de Paul Thomas Anderson. Procurarei baixar num futuro próximo. Ou não tão próximo, já que tenho tantos filmes baixados por assistir. E não ando com saco para filmes. Não ando com paciência para muita coisa, fora escrever e sair com os meus amigos. E ir ao CAPS. Tirando essas três atividades, as demais não me despertam muito interesse. Não sei o que ocorre. Torço que seja porque escolhi tanto um jogo quanto um filme medíocres para me entreter. Mas no acervo de filmes baixados que eu tenho, não há nenhum que me desperte particular interesse. Se bem que nem me lembro os filmes todos. Sei que a grande maioria é de terror. É incrível como terror é um gênero prolífico em produções. Tenho alguns de Herzog para ver, se é que os baixei direito. Tenho curiosidade, mas falta-me motivação real. Se há um filme que gostaria de ver? “Assassin’s Creed” 3D, que baixei recentemente. Talvez o assista amanhã. Por incrível que pareça me bateu vontade de jogar Yoshi. Acho que é o que vou fazer. 1h50.

2h16. Passei de mais uma fase do Yoshi. Agora vou pegar meu último copo de Coca e fumar um cigarro para ir dormir antes que mamãe apareça aqui de novo com seu misto de ira e tragédia. Sete páginas de Word já. Acho que este post já deu o que tinha que dar. Vamos ver o que sinto depois de fumar o cigarro.

2h30. Botei água em vez de Coca senão minha mãe vai dizer que eu bebi a Coca quase toda durante a noite. Fumei o meu cigarro de final de noite, resgatei a chave da cozinha que desta vez Dona Carmelita não conseguiu arremessar para dentro de casa, tive de pegá-la pelo lado de fora, no hall de serviço, que é onde fumo cigarros de verdade. Mas esse texto já está para lá de extenso, acabo de entrar na oitava página de Word. Se digitar os diários se desse tão rápido assim, iria ser uma beleza. Pena que é um processo bem mais lento. Bom, quando acordar reviso e posto. E faço a divulgação no Facebook.

Nenhum comentário:

Postar um comentário