Quando ouvi pela primeira vez o termo autoestima fiquei sem compreender. “Como assim, quer dizer que pessoas podem sentir estima por si próprias?” Para mim aquilo era um conceito tão implausível que me soava quase abstrato. Eu me odiava na época e não conseguia me lembrar de nenhum momento na vida em que eu tivesse gostado realmente de mim. Até hoje me sinto assim, desgostoso comigo e com quem me tornei. Ou vou me tornando, pois o processo de tornar-se é ininterrupto. Pelo menos não me odeio mais, só não vou muito com a minha cara. E com todo o resto, por dentro e por fora. Ou seja, minha autoestima é lá embaixo. Mas já foi muito pior. Quando achava que ser eu era uma invalidade, quando desejei a morte, cessar de existir, porque a condição de ser eu e de estar no meu lugar no mundo me eram insuportáveis. Que era doloroso demais e um erro continuar vivo. Tanto que atentei contra a minha vida algumas vezes, quase fatais. Fico feliz que não tenha conseguido, pois hoje gosto de viver, mesmo que continue sem gostar muito de mim. Digamos que, hoje, aceitei a minha falta de autoaceitação. Que isso é um traço da minha personalidade muito forte para se tentar apagar. Tudo bem que desisti da terapia e que, talvez com ela, eu conseguisse reverter esse quadro que pinto de mim mesmo, afinal foi ela que me trouxe até aqui, foi através da terapia medicamentosa e ambulatorial que passei do odiar viver a gostar dos meus dias, que substituiu a fortíssima pulsão de morte por uma frágil, porém bela, pulsão de vida. Desejar ou esperar algo mais de mim, é desejar e esperar demais, eu acho. A solidão e a falta de amor verdadeiro – não-platônico – ajudam a manter minha autoestima baixa, ou minha autoestima baixa contribui para a solidão e falta de amor, sei lá. Só sei que tenho o CAPS para desabafar as minhas agruras e por isso não sinto necessidade de uma psicóloga agora. Sim, quero uma psicóloga, mulher e jovem. Mais jovem do que eu. Eu não sou mais jovem, beirando os quarenta, por mais que minha mentalidade seja a de uma criança de doze, treze anos misturada com a de um velho de 80. Sou uma pessoa de extremos. Como disse em outro texto, meu superego oscila violentamente entre o superpermissivo e o tirânico opressor. Geralmente, nas coisas inversas. Sendo permissivo quando deveria ser repressor e sendo opressor quando deveria ser libertário. Por exemplo, em relação às mulheres, o meu superego me destroça me faz me sentir um verme defeituoso que não merece a atenção ou o carinho delas, minando assim, minhas raras investidas românticas. No que tange às drogas, ao contrário, geralmente ele parece evaporar no ar, deixando que meus impulsos me guiem obviamente para o pior caminho. Graças aos céus ultimamente, ele tem me enchido de pavor em relação às consequências do uso, como desgraçar a relação com a minha mãe e ser internado num manicômio privado. Queria só que ele parasse de me botar para baixo a respeito das garotas. Aí estaria tudo muito bem. Mas minha insegurança é tão grande nesse aspecto quanto a minha solidão. Inclusive a solidão, de cerca de uma década, só alimenta a minha insegurança e o meu despreparo em como abordar uma garota romanticamente. 13h42. Perdi o fio da meada, perdido em pensamentos e lembranças de garotas que achei interessantes e não abordei ou para as quais mandei “torpedos” que em nada resultaram. Principalmente porque eu não sei o que fazer depois que se manda um bilhete desses. Nem escrevo um bilhete que incite uma resposta. Tentarei fazer isso da próxima vez. Caso essa vez se apresente. 13h48. Minha mãe e meu padrasto estão almoçando na cozinha. Não quero almoçar por causa da minha dieta somaliana leve. Se for lá pegar um copo de Coca agora possa ser que seja coagido a almoçar, por mais que tenha dito à minha mãe que já belisquei um pouco da comida – o que é verdade – e que não iria almoçar. Quero ver se durmo um pouco. Afinal fui dormir de quase três da manhã e acordei às 8h15. Como deu para perceber não sei como usar horários de forma apropriada no texto. Embora tenha quase certeza que não se misturem horários escritos por extenso com horários em forma numeral. Xapralá. Como sempre digo, está escrito abaixo do nome do blog: “aqui eu posso tudo”. 13h57. Vou me deitar um pouco. Vamos ver se consigo dormir. Se bem que está tão gostoso escrever. Pensei que estivesse enjoando também desse hábito, como sinto que estou em relação a videogames. Mas aparentemente minha vontade de dizer é mais forte que a de jogar. Espero que eu seja aceito no grupo de leitores, talvez lá, minhas palavras encontrem olhos dispostos a lê-las. Nos de escritores, infelizmente não estou obtendo grandes resultados, pois acho que, como eu, os demais escritores querem ser lidos, não querem ler. Pelo menos soube que há editoras numa das páginas, o que me acende uma fagulha de esperança – fugidia, devo acrescentar – de que alguma me “descubra”. Hahahahaha. Que ilusão idiota. É óbvio que ninguém vai se interessar por esse apanhado de mim e da minha vida. É muito autoengano querer crer no contrário. Além do quê, acho que as editoras presentes na página querem é oferecer seus serviços de publicação, por um preço, é claro. Não vão publicar o texto só porque gostaram, querem é fazer dinheiro às custas de escritores, independentemente de medíocres ou não, que sonham em ter um livro de sua autoria materializado em forma de papel e tinta. Ou seja, não estão no grupo garimpando novos talentos, mas, sim, garimpando os bolsos alheios. Pelo menos esta é a minha impressão baseada em alguns posts de editoras que eu vi. 14h11. Bocejei um grande bocejo agora. Vou pegar o embalo e tentar cochilar.
14h27. Estava relendo o texto e não me deitei ainda. Sempre
remancho muito para me deitar e acabo não o fazendo. Minha mãe e meu padrasto
acabaram de almoçar. Vou pegar um copo de Coca.
14h42. Li a resenha do jornal sobre o show de Sandy aqui em
Recife que mamãe separou para mim. Foi bem fidedigna ao que aconteceu no
evento. Nossa, como queria poder tê-la visto de perto. Da próxima vez fico na
fila do gargarejo, mesmo que tenha que ver o show da extrema lateral do teatro.
Pelo menos soube que ela atendeu os fãs antes do show começar e que eram todos
selecionados de fã-clubes dela, então não adiantava nada esperar depois do
show. Fiz bem em ter ido embora logo.
14h56. Tenho que tirar o cochilo logo. Antes, porém, mais um
copo de Coca.
15h01. Peguei a Coca e coloquei o botijão de água no filtro.
Tenho que limpar o tanque do Vaporfi assim que o líquido estiver no fim, o
gosto de queimado está me incomodando. Tenho mais dois blogs ativos, um sobre
bonecos de colecionador e outro secreto, ao qual só eu tenho acesso e onde
realmente me desnudo por inteiro, quando não acho o conteúdo válido de se
tornar público. Mas queria falar do de bonecos e o seu número de acessos. A
média de acessos de cada post do blog de bonecos é de mil hits. O sonho de
qualquer escritor. É uma pena que este blog, que é bem mais literário que o
outro, não chegue nem a cem visualizações por post. Fico feliz quando
ultrapassa a marca dos 50, o que raramente acontece. É uma pena. Mas o outro é
escrito sobre um assunto pelos quais há fãs apaixonados e ávidos por informação
e os divulgo nos canais específicos para isso, o que gera sempre uma
repercussão fenomenal. Basta dizer que o post mais visualizado tem quase 5 mil
hits. Quem me dera a publicação nos canais de escritores ajudassem na
divulgação do blog, mas, pelo visto, de nada ajuda, visto que sou membro de
quatro grupos de escritores e o meu novo post não chegou nem a 30
visualizações. Estou na esperança de ser aceito num grupo de leitores e nesse,
talvez, encontre mais feedback para as minhas publicações. Embora não nutra
muita esperança disso.
15h25. Sempre me surpreendo com a quantidade de texto que
escrevo. Acabo de entrar na terceira página de Word (fonte Calibri, corpo 11,
formato A4, bordas padrão do Word). E peguei mais um copo de Coca e decidi que
só vou tirar um cochilo depois que mamãe sair de casa para visitar a minha avó.
Quero fazer uma coisa antes que a ausência dela favorece. Quando acordar vou
ver se digito mais dos “Diários De Um Manicômio III”. Já vai em 60 páginas e
não acabei nem o primeiro dos três cadernos ainda. Essa é uma obra que pretendo
transformar em e-book. E, quem sabe, um dia publicar em livro mesmo. Mas e-book
já está de bom tamanho. Acho que minha mãe já foi. Vou tirar um cochilo agora.
18h49. Estou digitando os diários e tenho quase certeza
agora que o meu padrasto sabe que eu fumo cigarro eletrônico dentro do quarto,
pois se consigo ouvir sua voz se falando alto no escritório, ele deve ouvir
minhas crises de tosse aqui do quarto. Não sei se ele fez o link, mas deve ter
feito. Se tem uma coisa que ele não é, é burro. Coloquei o disco de Sandy para
ouvir, pois a conversa do meu padrasto estava me desconcentrando.
20h16. Digitei um dia e mais um pouco do outro. A droga do
toca-CDs ficou engasgando no disco de Sandy em partes diferentes das de ontem.
É um som esquizofrênico. Mamãe já quer comprar um celular novo para mim que é para
colocar Spotify. Ela não compreende que eu gosto de ter a mídia física, com
encarte e letras. Mas para isso preciso de um som bom, não de um celular novo.
Mas acho que vai ser difícil convencê-la.
22h10. Eu não tenho o mínimo tato com mulheres. Que ozzy.
Nem conversando pelo Facebook eu consigo manter um contato decente com elas.
Acabei de conversar com duas agora, uma inclusive a garota que me agarrou há um
tempo, e as duas pararam de falar comigo. A que me agarrou pelo menos se
despediu. Mas falou pouco e o trivial. Com a outra, com quem não acho que não
deva ter relação maior que amizade por ser ex de um grande amigo meu, o papo
estava fluindo bem até que ela... epa, me respondeu. Está tendo uma conversa no
Skype. Disse que volta a falar comigo depois que acabar a ligação.
22h25. A minha ficante em dois remotos encontros me
respondeu pelo WhatsApp. Nem tudo está perdido para mim, então. Mas ela
realmente não é de conversar por redes sociais. Seja no Messenger, seja no
WhatsApp. Sempre foi lacônica comigo. Pelo menos comigo. Pedi desculpas pelo
meu desempenho sexual pífio nas duas noites que passamos juntos e ela disse pra
colocar isso no passado e ficarmos amigos. Tanto melhor.
0h44. Conversei bastante com a ex do meu amigo, mas foi só
na amizade. Trocamos palavras motivacionais um para o outro, desejando que cada
um segure sua barra da melhor maneira possível. Nos identificamos em alguns
aspectos, mas nada de romântico aconteceu na conversa. Graças. Não quero
arruinar uma amizade de mais de 20 anos por causa de uma mulher, por mais interessante
que ela possa me parecer.
1h04. Já estou me preparando para dormir. Estou sonolento e
vou acabar esse copo de Coca para me deitar. Quando acordar reviso e posto.
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