Recife, 24 de março de 2017.
X está na área, não sei se vem falar comigo e também já não
me interessa muito, acho que minha paixão platônica se dissipou. Pelo menos não
sinto mais o encantamento nem o sentimento de desprezo quando ela não me dá
atenção, o que me faz crer que a "paixonite" já era. Tanto melhor, um
amor impossível a menos para me atormentar a alma. Preciso me focar no real,
embora o real seja bastante estéril de possibilidades. Pelo menos não as
encontro ou não as vejo. Talvez não as procure. Onde fui procurar ultimamente
não foi o lugar emocional e social mais adequado. Na verdade, é um lugar
deveras inóspito em ambos os aspectos. São 11:50 e estou no CAPS. Está tendo
dois grupos dos quais não participo por justamente ser o período em que costumo
– ou costumava – conversar com X. Mesmo sem ela – que acho que está no grupo de
Ioga –, não me interessa nem ioga, nem Tecendo Fios, embora esse último grupo me
anime um pouco mais, desde que haja pouca gente na sala, visto que quando tem
muita, quase nunca tenho oportunidade de falar, pois deixo que os demais se
expressem antes de mim. E passar uma hora ouvindo as mazelas alheias, por mais
que possa ser terapêutico por conta da identificação, não é lá muito atrativo.
Eu saio com a alma pesada das dores de outros. Se houvesse a garantia de que
teria meus cinco minutos de fala, talvez até me animasse, mas isto está longe
de ser uma coisa certa. Eu digito tão devagar no celular que enquanto escrevo
me passam várias outras coisas pela cabeça. Estou com dor de barriga, mas tenho
vergonha de usar os banheiros daqui. Poderia sair agora e ir... Um psicólogo
sentou-se à minha frente e começamos a conversar...
13h24. Quando uma menina entrou na conversa sobre Dom
Casmurro ter ou não ter sido traído por Capitu, eu me levantei, dei no pé e
deixei os dois batendo papo. Já estou em casa digitando do meu querido
computador. E sendo interrompido a cada três minutos por ligações de
telemarketing. Que saco. Espero que parem agora. Se não fosse tamanho
desrespeito com o ser humano do outro lado da linha, eu desligaria o telefone
na cara da pessoa. Acho muito invasivo telemarketing. O cara tem que parar o
que está fazendo para atender uma ligação, achando que pode ser alguém
conhecido, para ouvir propagandas e propostas “supervantajosas”. É um pé no
saco. Imagino que deva ser um pé no saco ainda maior ser o operador de
telemarketing e passar o dia importunando as pessoas, ouvindo desaforos e
repetindo a mesma mensagem de novo e de novo, por isso tento tratá-los com o
máximo de respeito possível, afinal é um trabalho de cão. Não queria nunca um
emprego desses para mim. Acho que surtaria logo no primeiro dia. Vade retro! 97 kg batidos na balança.
Não acredito. Como foi que engordei tanto se pouco comi na hora do almoço e não
tomei café da manhã? Ah, foi a comida de ontem à noite. Tenho que pedir à minha
mãe para voltar a trancar a cozinha. É a única solução possível. Vai ser
torturante sentir a fome do remédio sem comer nada, mas a recompensa é mais do
que válida. Para quem queria chegar com 93, 94 kg no final da semana o tiro não
poderia ter saído mais pela culatra. Como isso é frustrante. E me esforcei, mas
ontem à noite me descontrolei valendo. Saco. Aqui se come, aqui se pesa.
13h57. Fui ao banheiro e miraculosamente voltei pesando 95,6
kg. Menos mal. Muito menos mal. Mas mal o suficiente para trancar a porta da
cozinha. Acho que vou tirar um cochilo, pois a noite pode ser longa.
14h13. Porra, puxei papo com a ex do meu amigo de novo! Que
ozzy! Ela acha que ele não ficará com ciúmes, mas tenho para mim que ficará
puto. Vai achar que estou urubuzando a sua ex. E, como disse, a coisa toda
ainda está muito recente. Para ambos. O líquido do Vaporfi está acabando muito
rápido. Isso é outra coisa preocupante, pois, nesse ritmo, não sei se terei
líquido suficiente para passar o ano. Mas estou mais preocupado com essa
amizade com a ex do meu amigo. Ele pode ficar realmente injuriado comigo. Até
porque não sei se é só amizade da minha parte. Isso me preocupa. Mas ela
vendo só como amizade já ajuda bastante. Ela confirmou presença na CiBrew hoje.
Eu também estarei lá. Talvez o meu amigo também esteja lá, embora não tenha
confirmado presença ainda. Apenas se colocado como interessado no Facebook.
Tenho que me focar na galeguinha que serve as cervejas, lembro que a achei
interessante na vez que estive lá. Tentarei arrumar coragem para perguntar se
ela é solteira. Eu queria saber por que as garotas com quem converso viram
sempre minhas amigas... isso às vezes é bastante limitador do ponto de vista
afetivo. Mas melhor ter amigas que não tê-las. Sempre achei mais interessantes
as amizades femininas. Por mais que saia e converse muito mais com homens. Sim,
sobre X. Ainda a considero uma garota atraente, inteligente e interessante, mas
não estou mais com aquele sentimento de bem-querer, aquela saudade que sentia
por ela. O que é ótimo, como mencionei no começo do post. Seria outra mulher
que gostaria de ter como amiga. Mas como acontece com a ex do meu amigo,
gostaria de ter mais do que como amiga. Ainda bem que nenhum dos dois
sentimentos ganhou tração. Não ainda. E espero que nunca. Para a amizade já
perdi algumas garotas por quem tinha interesse romântico. Inclusive a maioria
hoje já está casada e tem filhos. Só eu continuo nessa desértica solidão. Eu
sei que o errado sou eu. Que quem não sabe jogar o jogo da sedução moderno sou
eu. Quem é tímido para abordar desconhecidas sou eu. Quem é chegado a paixões
platônicas sou eu. Quem é todo errado sou eu. Todos conseguem ficar ou arrumar
namoradas ou até esposas, menos eu, logo, o problema está em mim. E o pior que
estou ficando velho e não me interesso por coroas. Acho que nunca me sentirei
atraído por uma mulher de 40 anos. A não ser que esteja com ela desde os 30,
claro. Mas começar com uma de 40, estou fora. Até 30 eu já acho quase velha
demais. Mas isso depende de garota para garota. Além disso, percebo que, a cada
ano que passa, minha tolerância para idade vai aumentando com a mesma.
Entretanto, só consigo achar atraentes mulheres no mínimo dez anos mais jovens
do que eu. É uma sina minha. Uma questão de preferência estética. E,
infelizmente, dou muito valor à estética. Só me encanto por mulheres jovens e
bonitas, do meu ponto de vista de beleza. Mesmo sendo feio e gordo e cada vez
mais velho. Por fora, pelo menos. Se bem que, por dentro, sinto que a memória
não é mais a mesma, como também não o são os reflexos. Por isso a minha
limitação para os videogames. Eles talvez já demandem algo que não posso
oferecer. Mas, para ser sincero, não acredito nisso. Fui um gamer a minha vida
toda, tenho a mente treinada para isso. Há pessoas de 40 anos que jogam
videogame com destreza, eu sou potencialmente um deles. Me falta mesmo é o
interesse. E isso me angustia, pois tenho um bando de clássicos para jogar e
não tenho disposição de encará-los. Sei que para o mundo isso é uma questão
idiota, mas para um gamer é uma questão vital. E eu sou um gamer e sofro com
essa minha apatia diante dos jogos. Um lado ruim de ter namorada é que
provavelmente teria que abdicar do meu tempo de escrever e de jogar videogames
para amá-la. Ou não. Visto que ela pode trabalhar e eu não preciso trabalhar,
então posso usar o horário em que a hipotética pessoa está no serviço para
jogar e escrever à vontade. Eu sou aposentado, graças aos céus e a uma vida de
sofrimentos e abuso de drogas. Acho que esse texto não está fazendo coerência
alguma. Vou tirar um cochilo que é o melhor que eu faço.
15h10. Digo que vou tirar um cochilo e, mecanicamente,
coloco outro copo de Coca. Vai me entender. Coloquei o disco do U2 para tocar e
quando ele acabar, eu vou me deitar. Durmo das 16h até às 18h e aí me apronto
para ir para a night. Como não queria nutrir interesse nenhum por ela. Nem por
ela. Nem por ela, se for para incluir todas. Mas principalmente pela segunda
ela. Por essa não queria sentir nada, ainda mais sendo um sentimento tão
profundo. Preciso amar outrem para esquecê-la. Quaisquer das outras would do the trick, eu acho. Não sei.
Não sei se eu me daria bem com a primeira ela, ela me parece meio indomável. Se
bem que a segunda ela não vai muito atrás. A terceira ela, X, é a mais pacífica
de todas. Pena que tão impossível quanto as demais. E posso estar enganado
sobre X. Sinto que por trás de toda a simpatia demonstrada no CAPS, há uma
mulher de personalidade forte. Acho que meu coração só escolhe mulheres de
personalidade forte. Acho que deve ser por causa da minha mãe. Não sei se há
uma correlação entre uma coisa e a outra. Mas minha mãe tem uma personalidade
bastante forte. Mas de um modo que me irrita profundamente. Essas outras têm
personalidades fortes que me encantam. Entretanto creio que deva ter algo de
compensatório ou projetivo da relação com a mãe. Posso estar viajando aqui, mas
acho que se minha mãe fosse doce e gentil, eu escolheria mulheres doces e
gentis. Meu irmão casou-se com uma mulher de personalidade forte também, o que
é outro indicativo. Minha irmã, por outro lado escolheu um cara inteligente,
prestativo e gentil como o meu pai. Posso estar tecendo comparações que não
existam, mas acho que isso tudo tem uma certa plausibilidade. Novamente o texto
começa a não fazer nenhum sentido. Tem dias que são assim: nem eu me entendo
direito, saio vomitando pensamentos disparatados.
15h35. Fui pegar mais um copo de Coca. Impressionante como o
meu celular está descarregando rápido. Acho que realmente preciso de um
aparelho novo, como a minha mãe vinha sugerindo. Mas primeiro quero o som. Pode
ser que ela tenha algum tipo de desconto em celulares por conta do plano que
tem. Foi assim que conseguiu o meu, gratuitamente, pelos bônus que o plano a
proporcionava. O problema é que ela mudou de operadora e não sei se a atual
oferece as mesmas facilidades, mas como a competição é ferrenha, é bem possível
que se uma passa a oferecer tal facilidade as outras vão atrás e passem a
oferecer também para não ficarem em desvantagem no mercado. Ou novamente estou
falando besteira. É o caso de investigar. Não quero o último modelo, quero
apenas um que não me obrigue a ter todos os aplicativos da Google, venha com
uma quantidade boa de memória e obviamente seja um smartphone que dê para
colocar Uber. E Spotify. E todos os aplicativos que realmente uso. Seria bom
também se ele tivesse uma câmera bem legal. Mas aí já estou pedindo demais. E
falar sobre celular é algo muito chato. Acho que está chegando na última música
do CD do U2. 15h52. Espero conseguir pegar no sono. Quem me dera sonhar um
sonho bom e me lembrar. Correria aqui para digitá-lo. Tive que encher o Vaporfi
outra vez. Desse jeito... e não era a última música do disco. Me enganei. Vou
pegar o último copo de Coca antes da soneca.
16h04. Espero que agora seja a última música do bendito CD.
Vou é dar stop e pronto. Até depois do cochilo.
0h58. Voltei da CiBrew. Meu primo seguiu para um outro local
onde se encontraria com uma gatinha com quem tem um rolo. Passamos antes em sua
casa para que deixasse a garrafa da CiBrew (que quem possui, enche de cerveja a
preços promocionais, com quase 50% de desconto) e, a meu pedido, pegar os jogos
de Wii que estavam na casa dele. Encontrei com a ex do meu amigo e nos falamos
brevemente. Ela puxou assunto, mas eu fiquei muito encabulado, principalmente
porque não tinha assunto nem para responder às suas perguntas. Acabei de comer
meio brownie vendido pela artista do happy hour, Catarina Dee Jah, por
extorsivos 15 reais. Mas ela disse que era feito com chocolate belga e
amêndoas, eu acho, não lembro o nome da noz que ela mencionou. Achei muito
gostoso, por sinal. Vamos ver no que é que dá. A coisa mais marcante da noite
foi sem dúvida minha interação aquém de medíocre com a garota, fiquei muito
decepcionado comigo mesmo. Ela é tem um porte muito elegante e é naturalmente
charmosa, sua maquiagem valorizava bem os seus traços bastante peculiares e o
vestido lhe caía como uma luva. Percebi que estava com o cabelo sensivelmente
mais claro que da última vez que a encontrei e sua franja maior. Também achei
seu Português com sotaque ligeiramente mais estrangeiro que nas demais vezes
que cruzei com ela. Talvez porque não tenha prestado tanta atenção anteriormente
ou porque não conversamos muito. É uma pessoa de presença luminosa, sui
generis, e se esforçou bastante para engatar uma conversação comigo, eu é que
não respondi à altura. Também não acontece nada de relevante na minha vida, o
que haveria eu de contar? Eu sou um idiota mesmo. Ainda bem que ela me vê só
como um amigo. Um amigo caladão, eu devo acrescentar, agora depois dessa
desastrosa interação. No mais, a noite foi bem agradável, com presenças
inusitadas de duas boas amigas. Achei que uma, também ex de outro amigo meu,
estava um pouco se jogando para o meu lado, mas sou péssimo em ler esses
sinais. Porém, tendo essa interpretação em mente e sabendo como o meu amigo é
possessivo em relação às ex, fiquei encabulado. Até porque não sinto nada além
de amizade por ela. Espero que tenha tido a impressão errada. Talvez a veja
amanhã novamente se for com o meu primo ao aniversário de uma amiga dela e dele.
Conversei muito pouco com a turma. Via de regra, ouvi mais, como sempre, mas
perguntei algumas coisas e fiz algumas colocações. Estou começando a ficar
sinceramente incomodado com essa minha incapacidade de comunicação. Com o meu
primo ainda consegui trocar umas ideias antes de o pessoal chegar. Estando
todos reunidos, emudeci praticamente. O que não me impediu de ter uma noite
alegre, pois ouvia o que estava sendo conversado e aquilo para mim era o
bastante para me entreter. Em retrospecto é que sinto a frustração de não ter
me colocado mais. 1h24 e até agora permaneço sóbrio. Vou colocar o disco do U2
para rolar. Tenho gostado dele mais agora do que quando o comprei e ouvi. Pronto,
coloquei. Vou pegar mais Coca.
1h27. Penso em repartir o endereço do blog com a garota luminosa.
Não sei. É algo a ser decidido ainda. Ela havia me perguntado o endereço do blog
numa conversa pelo Facebook. Agora que faço uma menção mais abrangente sobre a
sua pessoa, talvez a leitura a interesse mais. E espero que não arruíne a nossa
relação. Ou talvez seja melhor que arruíne. Também não sei. Olhando para dentro
de mim, desejo que não arruíne, eis a verdade. Mas não posso prever a sua
reação em relação ao meu texto. Nossa, como me arrependo de não ter pelo menos
feito as mesmas perguntas que ela me fez de volta para ela. Acredito que ela,
ao contrário de mim, teria novidades para me contar.
1h41. E nenhum efeito so
far. Dizem que em mais ou menos uma hora a coisa bate, vamos ver. Já disse
no CAPS que planejava em utilizar-me desse expediente, que vejo como redução de
danos e que em nada remete às minhas drogas de preferência. E falo isso com
muita sinceridade. Posso estar somatizando, mas acho que um pouco do efeito
está vindo. Assim espero, não quero ter gastado 15 reais à toa. Vou mudar de
assunto. Mas sobre o que falar? A galera repartiu um dos brownies e ninguém
sentiu nada, mas ninguém comeu metade dele. Estou quase comendo a outra metade.
Acho que estava somatizando, era coisa da minha imaginação, um esforço em ver
uma alteração onde não havia nenhuma. Pode ser que não tenha havido tempo
suficiente para a digestão ter sido feita e a metabolização realizada. Será
muito frustrante se não der em nada. Passou a música do U2 que queria mais
ouvir e não prestei atenção a ela. Vou voltar o disco. “I’ll Go Grazy If I
Don’t Go Crazy Tonight”. É a música mais U2 do disco. Com direito a dois
refrões. Estou me sentindo sonolento. Não era esse o efeito que buscava. Espero
que mais venha. Quero escrever sobre a minha percepção alterada se essa se
alterar realmente. O que já começo seriamente a duvidar. Além de fazer um som
tosco, ainda pirangar na massa do brownie é de lascar. Ainda mais cobrando o
preço que custou-me. 1h58. Uma hora depois de comer o danado do brownie e nada.
Lembro que o outro eu comi fez efeito mais rápido que isso, mas não dou certeza
sobre isso. Vou já-já colocar mais Coca. Aliás, vou agora que está passando uma
música chata do U2, a que serviu como primeiro single do álbum, se bem me
recordo.
2h03. Ainda à espera do que acho que não virá. Estava de
estômago praticamente vazio. A última vez que comi foi por volta das 18h, logo
a digestão do brownie deveria começar o mais rápido possível. Ou talvez o
estômago leve esse tempo todo para processar o negócio mesmo. Sei lá, só me
resta esperar e escrever. Ainda não sei se reparto com a garota o endereço do
meu blog. Acho que vou deixar para decidir isso quando acordar amanhã. Estou
com vontade de comer a outra metade do brownie.
2h09. Pulei um parágrafo, pois minha mãe nem pode suspeitar
que fiz uma coisa dessas. Ela me proibiria de sair.
2h10. Pulei outro parágrafo para que ela não leia o anterior
também. Talvez haja muito líquido no meu estômago, afinal bebi nada menos que
quatro litros de Coca Zero hoje à noite. Mas da outra vez havia bebido também
grande quantidade de refrigerante. A diferença foi que da outra vez era Coca
normal, o que não acho que altere o resultado. Acho que vou comer o resto.
Perdido por um, perdido por mil.
2h17. Devorei a outra parte do brownie. Ainda bem que o fiz
no banheiro, pois minha mãe acordou para me pastorar na hora em que dei a
primeira mordida. Senti mais gosto da massa nessa segunda parte. Talvez veja
algum efeito agora. Será que terei que esperar mais uma hora? Espero que não.
Bom, pelo menos já tenho uma história para contar no CAPS na segunda. Pelo
menos o brownie era de fato saboroso. Não sei se era feito com chocolate belga,
mas o gosto era bom. Só deviam ter calibrado mais no ingrediente principal, que
é o diferencial da iguaria. Muito mais forte e eficaz foi o que comi no dia da
prévia dos Amantes de Glória. Aquele sim, era mágico. Se der 3h30 e eu não
sentir alteração, vou dormir. Estou ficando é com sono. Definitivamente não é o
efeito que estava procurando. Meus olhos ardem. Vou fumar um cigarro de verdade
para ver se “ativa” o negócio.
2h38. Enviei a foto que a turma tirou na CiBrew para o meu
e-mail. Ela servirá para ilustrar esse texto. Acho que os meus colegas e amigos
não vão se incomodar, visto que não há nada de difamatório ou incriminador na
imagem. Até porque não estávamos fazendo nada demais. Apenas ouvindo uma
brega-rap, tomando chopes – eu na Coca, claro – e conversando sobre a vida.
Conversar sobre a vida... a minha vida não tinha, desde a última saída muito de
relevante a ser conversado. Meus dias são quase repetições dos mesmos temas,
tirando as saídas e um ou outro tópico abordado no CAPS. Praticamente vivo para
escrever isso. E falar sobre isso é falar sobre nada ou sobre coisas que não
quero revelar. Pensando nisso, estou quase desistindo da ideia de compartilhar
este texto com a garota. Por outro lado, uma curiosidade maior de sua
apreciação sobre o texto se impõe. Talvez com a outra metade ingerida o negócio
faça algum efeito, mas creio que vai ser brando, o que é uma grande frustração.
O disco do U2 acabou faz um tempinho já. Colocá-lo de novo. Queria mesmo era
ouvir minha playlist no Spotify de
mamãe. Descobri outro aplicativo que preciso ter no meu celular se um dia
colocar Spotify nele: o Shazam (não sei como escreve). Ele é um complemento
para o Spotify, pois é capaz de identificar virtualmente qualquer música e o
cantor que a está interpretando e, de quebra, ainda diz se a música está
disponível no Spotify. Parece mágica o negócio. Um bróder do meu grupo botou
para captar o som que rolava lá em determinado momento e mesmo com o barulho ao
redor, ele identificou música e intérprete. É a tecnologia ficando cada vez
mais inteligente. Sinto um leve aumento de bem-estar. Sim, colocar o disco do
U2. Ou ouço outra coisa. Acho que outra coisa. Acho que vou de “Recanto” de
Gal.
2h57. Foi o que fiz. Acho que perdi 15 reais. Vamos dar mais
um tempo. Mas parar de falar desse assunto. Não estou com muito saco de ouvir
Gal. Acho que está batendo bem de leve. Espero que se acentue bastante. Ainda
me sinto com os pensamentos completamente no lugar. Nada de concatenações
mirabolantes e inesperadas, que é o que espero. Estava quase tirando o CD de
Gal, eita, posso ouvir Rivotrill, é um som instrumental viajado e misturado com
o regional. Não empata e é viajante. Conheci o percussionista da banda que foi
quem me deu o CD. Sabe de uma coisa? Vou é digitar um pouco os meus diários,
esperando algo bater. Ou nada bater, o que me parece ser mais provável. Não,
não estou com capacidade de digitar, essa maresia que o brownie me deu me desmotiva
completamente. É concentração demais para mim. Acho que finalmente algo mais
consistente está vindo. Espero que seja do somatório das duas metades do
brownie e não apenas da primeira. Não quero ter desperdiçado uma metade
desnecessariamente. O Rivotrill está muito acelerado. Uma coisa boa para ouvir
era “A Love Supreme” de John Coltrane. Tenho aqui no meu computador. Vou pôr.
3h15. Acabei colocando Audioslave, mas não sei se
continuarei nele. Estou sensivelmente lentificado, nas ações e raciocínio. Mas
é uma alteração muito branda. Não sei se deveria estar tratando desse assunto
aqui. Começo a pensar que não. Isso é uma característica do efeito da maconha
em mim. Eu fico meio paranoico. E estou meio paranoico. Talvez não publique
este post ou corte as partes relativas a esse assunto. Mas isso vai contra a
minha política de transparência e de não adulterar de forma tão drástica o
conteúdo do post. O efeito se intensificou um pouco, mas me sinto sobre total
controle das minhas faculdades mentais, embora lentificadas não estão me
fazendo ter pensamentos especiais. Está é me dando sono. Também já são 3h21. Eu
dormi pouco à tarde. O iTunes está em modo aleatório, acho até melhor que me
surpreende com músicas que não espero, inclusive algumas que tenho e que nunca
ouvi. Assim espero. Pois foi logo para “Sunday Bloody Sunday”. Parece que o
disco base da nova turnê do U2 será o “The Joshua Tree”, o show do disco que eu
mais queria ver do U2. Se for verdade, vamos ver se consigo amealhar grana para
ir. Eles bem que poderiam vir ao Recife. Se bem que estou tão bem acomodado no
meu mundinho e Bono com a voz tão destruída que nem sei se valeria a pena todo
o esforço. Outra coisa que sei lá. Não é o momento mais produtivo para me
decidir sobre isso. Que decepção, o brownie só fez multiplicar a minha preguiça
e lentificar pensamentos e movimentos. Que pena e eu que guardava tantas
expectativas, afinal a Dee Jah vendeu como “os originais”, logo deviam ser os
com efeito mais potente. Uma música do The Cure que nunca ouvi. Bastante
experimental para um grupo que não considero muito experimental. Mas estou
gostando da música. É difícil para mim não gostar de qualquer coisa que tenha a
voz de Robert Smith. Minto, não gostei muito do último disco, nem da canção
tema do filme “The Crow”, nem das covers de “Hello, I Love You” do Doors.
Chico. Que coisa boa. Está descendo macio.
3h46. Desperdicei 15 reais. Que decepção. Ainda bem que é
uma coisa menor frente a todo o caos da sociedade em que vivemos. Será que a
injustiça vai acabar em algum momento? Só acredito nisso com o advento da
Singularidade e, mesmo assim, acho um traço da personalidade humana difícil de
sanar, pois há sempre alguém que se ache injustiçado. A não ser que o mundo
oferecido pela Singularidade seja tão maior que a condição humana, que esta se
torne algo de importância menor, e as injustiças sanarão porque todo e cada um
que quiser vai ter o muito que é a consciência expandida da Singularidade.
Apesar de tudo isso, a frustração é grande. Esperava o que ocorreu no dia da
prévia dos Amantes de Glória e não tive nem um décimo daquilo. Fuleiragem.
17h19. O grupo “Leitores Anônimos” não deu tantas
visualizações quanto esperava do post que publiquei exclusivamente nele. Apenas
24. Acho que o outro teve mais visualizações por conta da imagem e do título e
porque divulguei em todos os canais. Esse post não vou divulgar. Os grupos têm
políticas contra a apologia às drogas. Não sei se o que escrevi é uma apologia,
mas não quero me arriscar a ser banido deles. Também não vou deixar de publicar
esse texto que me deu trabalho de escrever e conta vivências importantes do meu
cotidiano.
É isso. Vou publicar.
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