O mesmo tanto que tenho de vontade de namorar, eu tenho de
medo de namorar. Principalmente do sexo envolvido em namorar. Gostaria de ser
como os meus amigos que não têm problema nenhum com sexo, que têm sua dose
periódica de sexo. E a encaram com normalidade e prazer, sem a ansiedade e a
cobrança com que enfrento tais intimidades plenas do corpo. Mas meu medo de
namorar vai além disso. Tenho medo da radical transformação da minha vida
cotidiana, de não saber se tenho amor bastante para dar (embora ache que
tenha), de como fazer para me encontrar com a figura se ela não tiver carro, se
nossos gostos forem muito diferentes... se bem que se nossos gostos forem muito
diferentes, eu provavelmente não me apaixonarei pela pessoa. Eu não sei, eu
tenho muito medo de namorar pela revolução que isso fará em minha vida, à qual
estou bastante acomodado (a ponto de já me sentir muitas vezes entediado dela).
Na verdade, ando sem disposição para nada que não seja escrever. Isso é uma
vida bastante limitada e não sei porque ocorre assim, se tenho dois videogames
com um monte de jogos para jogar. Sim, minha vida se resume a escrever
(principalmente), jogar videogames e, sempre que possível, sair com os amigos.
Esta última parte é vital para mim, pois é o que realmente quebra a minha
rotina e o que abre espaço para quem sabe encontrar meu par. Preciso me
desligar de X, pois sei que é uma impossibilidade, só não aceito ainda. É
difícil para mim conciliar o racional com o emocional. Diria que meu emocional
é como um cavalo selvagem que vai por onde quer, indomável. Meu racional tenta,
mas não consegue dominá-lo. Isso é problemático para mim em uma série de
âmbitos. E eu tenho a mania idiota de seguir meus impulsos, sem sequer mensurá-los
como sadios ou prejudiciais. Talvez porque sejam esses impulsos que me façam
sentir mais vivo. Não vivendo apenas uma existência sem sentido ou direção. Mas
preciso aprender a controlar os meus impulsos, ao menos classificá-los como válidos
ou inválidos e descartar ou reprimir estes últimos. Ainda não sei se fiz a
coisa certa ao mencionar para X de suas aparições frequentes aqui neste blog,
não sei aferir se foi um impulso sadio ou prejudicial. Não sei se é bom matar
assim uma paixão platônica. Mas o que me dizem meus amigos – e estão certos – é
que paixões platônicas não levam a lugar nenhum. A nenhum lugar concreto pelo
menos, pois em fantasia me levam a sentimentos muito bons. Mas, contando a X,
matei ou fiz aterrissar minha paixão platônica no campo do real. Se ela leu,
agora sabe dos meus sentimentos e reagirá de acordo com os sentimentos ou
ausência de sentimentos dela. Obviamente com a ausência de sentimentos, pelo
menos recíprocos, pois me tem como um ser defeituoso, alguém com o ego doente,
um viciado em drogas. Há uma série de rótulos negativos atrelados à imagem que
ela faz de mim, basta ela ler o meu prontuário. Ela teria que passar por cima
de um monte de preconceitos para me enxergar realmente e ver em mim alguém
passível de ser amado por ela. Isso não ocorrerá, estou certo disso. Há uma
grande possibilidade de ela começar a me evitar e não a culpo por isso, só
doerá em mim. Mas um dos caminhos para matar essa fantasia, um caminho frio e
egoísta é o desprezo. É o caminho mais fácil também. Não me assombraria se este
fosse o caminho escolhido por ela. Me magoaria apenas. Mas já estou acostumado
com mágoas de amor. Já as tive em grau e quantidade suficientes para saber que
há vida após elas. Em não sendo X e sendo A, o mais próximo do impossível que
existe para mim, não me restam alternativas afetivas, meu destino estará
entregue à sorte. Sorte essa que não me sorriu ainda. Nesses dez anos, ela
apenas deu um enigmático sorriso de Mona Lisa, quando a guria da minha
juventude me agarrou – e quando eu falhei miseravelmente no sexo – e antes ou
depois, nada. E cada vez mais me engaiolo no meu quarto, e cada vez mais eu me
afasto da humanidade e cada vez mais achar alguém se torna difícil para mim. Eu
tento me confortar com o pensamento de que já amei muito e profundamente, que
talvez o meu quinhão de amor nessa vida eu já tenha tido, tento acreditar que
está de bom tamanho tudo o que amei, mas a verdade é que sinto que não está. E
me lembro da música “Eleanor Rigby” em que a personagem título vive e morre à
espera de um amor que nunca chega. Tento me confortar sabendo que para mim o
amor chegou pelo menos três, quatro vezes, e que isso é mais do que muitas
pessoas têm na vida. Hoje eu queria morrer. Fazia tempo que não sentia isso. É
tão triste viver sem amor. Mas a vida continua, eu não sei o que o rio da
existência me trará na próxima curva. Quem sabe amanhã X não diga que sente
algo por mim também? Deixa de ser idiota! É verdade, tenho que deixar de ser
idiota. Eu queria respeitar as mulheres um pouquinho menos, eu acho. Tirá-las
do pedestal de criação mais sublime do universo e trazer para o campo dos
humanos, normais e falhos, como eu. O problema todo reside aí: eu não sou um
humano normal, eu sei e amo a frase que diz que “de perto ninguém é normal”, o
problema é que mesmo de longe eu já me apresento defeituoso. Sobre diversos
ângulos. Diversos aspectos. Me dizem que é assim que me vejo e por isso é assim
que as pessoas me vêem: defeituoso. Na medida em que eu aceitar que as minhas
limitações não são muito maiores do que as de qualquer outro ser humano, a maré
vira para o meu lado. Quando falo com X, não me vejo defeituoso, o que não
deixa de ser curioso. Me vejo até como dono de certas qualidades morais no que
tange às mulheres que muitos homens de hoje não possuem ou cultivam. É claro
que não me sinto o mais perfeito dos homens, mas me sinto alguém válido de ser
amado. Isso é deveras interessante. Com ela, eu me sinto uma pessoa boa, uma pessoa
digna de tê-la. Não acho, naquele momento em que privamos um da companhia do outro,
que ela seja uma impossibilidade para mim. Sou tomado por sei lá que
autoconfiança, sei lá que autoestima que acredito que posso conquistá-la, por
tudo o que já conversamos, pelos conteúdos e valores afins. Coloquei “Debut”
para rolar de novo. Não quero que meu padrasto ouça o barulho que faço ao
sorver a fumaça do Vaporfi. Não tenho certeza de que aporta isola este som.
Acredito que sim, mas é melhor prevenir. “Human Behavior” passando. Nada mais
apropriado. A música me desconcentrou completamente. Perdi o fio da meada ou
talvez tenha esgotado o assunto. Não sei. Só sei que o amor não tem sido meu
amigo há muito tempo já. Acho que vou digitar o meu diário, visto que a vontade
de jogar Yoshi não se manifesta por completo.
19h26. Cansei de digitar. Ô texto chato. Imagino como devam
ser estes. Tudo de uma chatice sem tamanho. Aliás de tamanho gigantesco, dada a
minha prolixidade. Chega. Me desmotivei de escrever isso aqui. Mas é o que faço
de mais produtivo nesse momento da minha vida, então é o que continuarei
fazendo. Vou pegar Coca.
19h35. Sem saco para isso também. Sem saco para nada. Por
mim, já estaria dormindo. Vou publicar logo isso. Putz. Revisar antes. Que
saco.
Adendo:
20h17. Joguei mais uma fase do Yoshi e passei sem morrer.
Isso, entretanto, não me motivou a emendar na terceira fase. Eu não sei o que
está acontecendo comigo no que tange a videogames. Não sei se o jogo é chato (que
nem é) ou eu é que sou o chato da história. A verdade é que preferia muito mais
ver alguém jogar e eu apontar as dicas de locais escondidos do que eu mesmo
jogar. Hoje foi um dia totalmente em vão para mim, podia muito bem não ter
existido. Mas, pensando bem, melhor um dia vão que um dia ruim. Mas se pensei
em morrer hoje é porque não foi um dia bom. Embora tenha acontecido duas coisas
boas: recebi o meu Wolverine e resolvi um problema. Ainda digitei um pouco do
meu diário e passei, sem muito prazer, mais uma fase do jogo que me propus a
jogar. Escrevi mais um post sobre a minha existência e ouvi Björk. Somando-se
tudo isso, eu poderia dizer até que tive um dia bom, mas há um desarranjo na
alma que fez todos esses acontecimentos empalidecerem. Espero que isso passe
logo. E não, não é fissura. É uma deprê que eu acho que até o final da semana
passa. Até porque no final da semana tem o final de semana, ou seja, uma
oportunidade de ver meus amigos e o mundo. É sempre um momento muito especial
para mim. Embora nem assim me sinta livre. Aliás, onde me sinto mais livre é
aqui neste aplicativo da Microsoft. É uma ferramenta mágica onde a liberdade
que eu tenho dentro da cabeça se manifesta, com muito pouca censura, fora dela.
É um materializador de desejos e anseios e angústias, saudades, paixões,
tédios, sono, música, cor... em forma de palavras. Não é a realização destes
(será algo assim quando e se eu me fundir à Singularidade), mas não deixa de
ser uma transposição para o real, material do que antes era só pensamento.
Escrever é a minha libertação. É uma pena que não goste de ler, mas é uma
condição minha que aprendi a respeitar. É feio dizer que não se gosta de ler,
pega mal, eu me envergonho. Mas não muito, pois eu gosto de escrever, o que a
maioria detesta. A mim me dá muito mais prazer em “dizer” através de texto do que
“escutar” o que os outros disseram através do texto. Embora já tenha me
deliciado com alguns poucos livros. E deliciar não é um verbo posto à toa,
senti o mesmo prazer lendo os textos que teria comendo um sundae da McDonald’s
com muita calda quente de chocolate. Acho que estou me encaminhando para ser um
velho triste e solitário. Serei eu só com as minhas palavras. Ah, também me
envergonho de ser um completo alienado sobre política e todas as causas justas
e injustas desse mundo. O máximo que eu faço é assinar petições cujo conteúdo
acho pertinente. Às vezes elas conseguem provocar a mudança requisitada e não é
tão infrequente assim. Me sinto bem fazendo isso. É minha contribuição para o
nosso belo quadro social. E só. Nossa, como hoje estou desmotivado. Nem para
escrever tenho saco. Que saco. 21h09. Ainda bem que está chegando a hora de
dormir. Já tomei os meus remédios. Já-já dá a fome de leão em mim e vou detonar
uma paçoca com feijão gelados. Olho para o Wii U e uma vontade distante de
encarar a terceira fase do jogo me vem. Mas é muito distante mesmo. Não queria
nem ir para o CAPS amanhã. Ah, mas X pode estar lá, o que é bastante motivador
e assustador ao mesmo tempo, pois não sei como ela recebeu os meus textos, se é
que leu algum. Agora, preferia que ela tivesse se esquecido disso. Bom seja o
que o universo quiser. Só acho que nesse âmbito eu e o universo estejamos em
desacordo. Tanto melhor, não precisarei sair da minha zona de conforto, que por
sinal hoje me pareceu um tanto quanto desconfortável. Minha existência hoje me
parece completamente desprovida de sentido. Acho que estou encolhendo como
pessoa, minh’alma aos poucos se apequena mais. Falei sobre isto um dia ruim
destes. Sou muito pouco. Sou a espera de um milagre. Por mais que não tenham
faltado milagres em minha vida. Tive muitos, muitos destes. Sou um cara de
extrema sorte. Tenho tudo o que quero. Só me faltam dois bens materiais e uma
namorada. Que terei que cultivar com carinho para que sobreviva à fase pós
paixão e se torne amor. Mas essa namorada não virá porque não faço por onde. Nem
sei fazer por onde. Esse é o maior problema. Preciso pedir perdão a duas
pessoas. Uma não encontro e a outra eu não tenho coragem. Até porque meu pedido
de perdão à segunda, minha mãe, acarretaria uma sucessão de neuroses sobre eu
recair na droga. Que droga. Mas o tempo virar para eu pedir esses perdões.
Assim espero, pelo menos. 21h29. Estou escrevendo besteiras para passar o
tempo, não há nada que queira realmente dizer. Outra vontade longínqua se
alevanta: a de abrir a caixa do Wolverine e ver se ele chegou em ordem. Mas não
vou me dar ao trabalho hoje. Aposto que minha mãe vai querer fazer uma revista
no meu quarto amanhã atrás de cola. Talvez não. Sei lá e pouco se me dá. Vou
postar esse adendo que nada acrescenta ao texto.
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