Uma promessa de diversão adiada para amanhã. Outra promessa
de diversão praticamente assegurada para o sábado. Essa semana está sendo boa
para mim. E parece que passou voando por causa da saída que fiz ontem para o
lançamento do livro de nossa amiga escritora. O chato é que estou sem ânimo de
ler o livro. Essa minha aversão a tudo que não seja a escrita começa a ser
sufocante. Estou me sentindo desconfortável escrevendo isso, ao mesmo passo que
não sinto ânimo para fazer mais nada. Talvez um filme mais tarde. Tenho dois em
mente, “Cargo” e “Thor: Ragnarok”. Talvez, talvez. E talvez começando a ver eu
retome o hábito. Seria ótimo, uma ótima variação no meu cotidiano, desgrudar um
pouco desse teclado. Eu sei que isso me faria bem. Racionalmente eu sei. Mas o
difícil é o resto de mim fazer o movimento, tão condicionado está com esse
hábito, esse vício das palavras.
17h10. Me perdi no site de filmes. Estou cada vez mais
motivado a ver um filme, é quase uma ideia concreta.
17h47. Copiei uma série de filmes, três de zumbis, dois de
super-heróis e um de ficção científica para assistir. Vi que tenho as duas
primeiras temporadas da série “Twin Peaks”, mas não tenho disposição para
tanto. Porém estou com vontade de me transportar para mundo outro que não esse
onde existo e me dedico às palavras. Vou marcar a sessão para começar as 20h00.
Estou com um pouco de fome. Pedirei que mamãe, se puder, faça a farofa de
charque para mim. Estou com saudade de Maria, mas acho que é tarde para ligar.
Vou tentar.
17h54. Não consegui. Tento outra hora, noutro dia. Amanhã
quem sabe. Espero me lembrar. Vou me lembrar, pois vou revisar isso. Vou
divulgar o meu post nas redes sociais. O de Camila Coutinho quase ultrapassa a
marca das 60 visualizações, parou em 59. Mudei de ideia, não vou divulgar o
post anterior porque não quero que alardear a mudança que talvez se dê na minha
vida. Puxa, até agora não passei da primeira página, é a falta de disposição
para a escrita, acho. O que não quero mencionar me domina a mente. Fantasio.
Mas juro que queria estar conversando com uma mulher jovem, bela, legal e
inteligente nesse momento. Acho que todo homem hetero queria. Não sei por que
Ju ainda não me mandou as opções, espero não estar armando uma cilada para mim.
A semana se aproxima do fim. Amanhã já é quinta, o que significa que nessa
semana provavelmente não vá rolar o primeiro encontro. Estou tomando a minha
última xícara de café. Acho que vou ver “Cargo”, mas não dou certeza, posso ir
para o outro extremo e assistir “Valerian”, realmente não sei, mas algo me diz
para assistir “Cargo”.
18h45. Estava até agora conversando com minha antiga dupla
na 3Pontos e ele me mandou uns trailers superengraçados de “Thor: Ragnarok” que
não passaram no Brasil. Fiquei com vontade de ver o filme. Minha bunda está
doendo de passar tanto tempo nessa cadeira. E volto eu para essas palavras que
estão tão sem graça ultimamente. Estou baixando um bocado de filmes e nem sei
ainda se vou ver algum. Hahaha. Isso não é lá muito engraçado, mas vamos ver o
que acontece às 20h00. Talvez veja o Thor, talvez o “Cargo”. Talvez um depois o
outro. Ou não veja nada e fique aqui a escrever sobre a minha vã existência,
mas há tempos não me sinto tão empolgado para ver um filme. Acho que dessa vez
vai. Coloquei outro para baixar “Coco” da Disney ou da Pixar, nem sei. Tenho
várias animações para ver. E tenho vontade de fumar um cigarro para dar um
descanso às minhas nádegas.
19h05. Voltei. Estava sonhando enquanto fumava. Com a
possível AT. O que é AT? Não quero revelar agora. Já revelei em outro post.
Nesse, que pretendo talvez divulgar quero que permaneça em segredo. É algo que
não fala bem de mim e diz muito da minha condição de isolamento social. Será
talvez uma bênção nesse sentido, então fico a elucubrar sobre o assunto. Ju
ficou de me passar as possibilidades ontem e não o fez. Deve ter esquecido.
Entendo. Talvez esteja esperando para a próxima consulta, não sei. Não gosto de
chamar de consulta, prefiro sessão, é menos frio e mais próximo do que nossos
encontros significam para mim. É uma experiência orientada de troca de
impressões e percepções acerca da minha vida e da vida de modo geral. E
chegamos à conclusão de que eu estava insatisfeito com a minha atual situação
de ficar a minha vida inteira escrevendo e que a possibilidade de passar a
minha vida inteira escrevendo me assustava. Nossa, vai ser uma decepção se a AT
for feia. Seria muito mais fácil e interessante para mim que fosse uma gata.
Que eu a considerasse bonita. Que me encantasse. De todo modo será uma
revolução social para mim, como já disse no outro post, e acho que será
inevitável uma transferência afetiva da minha parte. Eu sou carente demais.
Talvez por causa disso Ju esteja pensando em me indicar um homem. Não rolaria
para mim de jeito maneira. Se for homem, não vai rolar para mim, eu que só faço
interagir com homens ou, mais raramente, com mulheres que não me atraem. Mas
vou mudar de assunto. Pode ser que o meu amigo da piscina satisfaça as suas
necessidades sexuais (e as de sua namorada) e venha dormir aqui ainda hoje o
que possibilitaria talvez um encontro hoje à noite, mas acho difícil. Vai
querer dormir junto, eu creio. Ele me ensinou que para mulher não importa
bucho, feiura, nada disso, o que importa é a conversa. E a conversa é justamente
o que me falta. Ou oportunidade para ter tais conversas. É aí que a AT entra.
Como esse assunto vai dominar meus escritos se AT realmente existir, vou falar
mais abertamente aqui sobre o assunto, pois é a expectativa do momento. É a
coisa que mais me acende a alma. Mas tenho quase certeza que vou me
decepcionar. O acaso-destino poderia me sorrir dessa vez. Sei que em muito já
me sorri, mas dessa vez seria essencial. Seria outro divisor de águas para mim.
Acho que Ju está considerando, dado o meu nível de carência, que vou me
apaixonar rapidamente pela pessoa e que esse não deveria ser o foco da coisa,
mas são dez anos de carência, vou me frustrar com a impossibilidade de
concretização desse amor, que não é concretizável, e tal frustração acabe sendo
um impedimento para a relação terapêutica. Mas acho que a transferência afetiva
vá ser inevitável. Será que conseguiria seduzir uma AT? Acho improvável, para
dizer o mínimo. Acredito que elas saibam como manter o distanciamento emocional
adequado (para elas). Quem não vai saber sou eu. Eu não sei para onde sair com
a pessoa. Eu preferia, das primeiras vezes, ficar na piscina conversando. Eu
acho. Só de pensar já me bateu um medo. Medo que é natural quando uma novidade
se apresenta na vida, uma mudança. Eu tenho uma pessoa específica em mente,
ex-estagiária do CAPS/Espaço Rizoma, casada até onde sei e gatinha. Ela seria
uma opção que me contentaria imenso. Mandei a sugestão para Ju, para ela ter
ideia do que me passa pela cabeça. Que tipo de pessoa me seria perfeita.
20h10 e não coloquei filme nenhum para assistir, parece que
vontade sumiu falando desse assunto que é tão mais interessante e humano para
mim. Mais pessoal também. Vai acrescentar um fator novo na minha vida com o
qual eu não contava até segunda passada e que não me sai da cabeça desde então.
Meu padrasto chegou. Interroga minha mãe sobre o joelho, creio. Acho que dentro
em breve vou ver o filme mesmo. Acho que vou de “Cargo” mesmo. Caramba, a
viagem me atingiu como uma locomotiva o juízo. Tenho que relaxar quanto a isso.
Também. Interessante como fico mais tenso quando o meu padrasto chega. Não sei
por que isso, nunca me fez mal e só me deu um esporro na vida. Mas que esporro.
Até hoje não me desceu a goela. Eu não verei mais jogos de futebol na presença
dele. E tenho dito. Mas posso desdizer. Embora me lembrar me dê raiva até hoje.
E já fazem quatro anos. O post sobre Camila Coutinho chegou à marca das 60
visualizações. Ela tem lá o seu poder. Eu gosto do post da AT. Acho que vou divulgá-lo.
Ou não. Mas será uma parte importante da minha rotina. Sei lá. Esse post já dá
uma boa ideia do que uma AT seja. Acho que meu padrasto está comendo, sinto o
cheiro da comida daqui. Queria fumar um cigarro, mas isso só quando ele sair da
cozinha. A sessão de cinema foi protelada até as 21h00. Assim posso escrever
mais. Embora agora que falei de todas as minhas expectativas em relação a AT,
não resta muito a dizer.
20h36. Ju não viu minhas mensagens e não verá hoje, tenho
convicção. Não sei o que achará delas. Não sei bem o que pensar, talvez em
destruir um casamento... hahaha. Obviamente não me acho tão interessante assim.
A figura é casada com um baixista de uma banda de rock daqui, como posso
competir com isso? Já estou delirando completamente agora. Estou curioso com
quem Ju vai me sugerir. Muito curioso. Curiosíssimo.
20h56. Já tomei o remédio e a hora de sessão de cinema
chegou, mas não estou disposto ainda a enfrentá-la. O que me bloqueia eu
realmente não sei. Não estou com vontade suficiente de assistir. Estou com
minhas fantasias na cabeça. Graças aos céus a fantasia do livro só me veio
agora. E hoje acho pertinente, por mais que achasse que tivesse que ter narrado
mais comportamentos dos pacientes com distúrbios mentais, mas não tive essa
visão na época e agora já foi. Vivi, escrevi, está vivido e escrito. Entrou na
parte da lista 6 que é o disco de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. Tocou no
lançamento do livro. Só falta achar um meio meritório de ser publicado. Mas o
dia vai chegar. Eu sei que é só triscar em mim, ser engraçadinha para eu me
apaixonar. E não ser gorda. Não curto. Me perdoem as gordinhas, mas prefiro as
magrinhas. Nem gosto das gostosonas, tipo avião, não gosto de mulher grande,
intimida. E não tenho tesão. Bom, estou redundando eu creio e creio que deveria
ver o filme. Cadê a disposição? É de lascar, se fosse posto de frente para a TV
ligada com o filme passando talvez assistisse. Não sei. Vou ao menos plugar o
HD externo na TV. Pronto pluguei. Uma etapa a menos. É só ligar a TV conectar e
assistir. Que saco não ter saco para ver um filme que tenho vontade de ver. É
tão frustrante, é como se houvesse uma gravidade desse teclado e dessa tela que
me atrai para eles. As palavras, as palavras. E o som com Ella & Louis está
tão gostoso de ouvir. Sei não, eu, viu? Mas vou assistir o filme ainda hoje, eu
acho. Hahaha. Ozzy, ozzy. Estou pensando na sugestão que dei a Ju.
21h29. Olhei o Twitter. Perdi o meu tempo. Por que eu não
boto a droga do filme para assistir. Acho que vou jantar. Talvez de barriga
cheia, alguma coisa mude.
22h04. Eu cheguei a botar na tela para clicar e começar o
filme, fui jantar, mas quando voltei não tive vontade nenhuma de assistir. É
ozzy ao extremo. Mas é a vida como se revela agora para mim. Não estou com saco
de escrever tampouco. O que me resta? Existir por existir? Isso é de uma pobreza
imensa. Vou seguir me dizendo aqui, por mais que a saciedade me roube quaisquer
disposições. A saciedade rouba-me de mim. Fico sem motivação para nada. Só
fumar cigarro e beber Coca.
22h23. O dia ficou tão desinteressante de barriga cheia, o
tédio impera e começou Faith No More na lista 6, não estou a fim de ouvir. Vou
pular. Pulei para a única do Lemonheads da lista “Into Your Arms”. Acho que vou
comer a coisa doce e ir dormir. Veremos.
-x-x-x-x-
8h49. Hoje tive um pesadelo do qual minha mãe me despertou
para tomar o remédio e cá estou nesse horário extremamente cedo para os meus
padrões. Meu amigo redator gostou tanto da dedicatória da nossa amiga escritora
que colocou como foto de perfil do WhatsApp. Ele certamente pagou com juros e
correção o que aprontou com ela. Seria tão bom que essas duas almas se
reencontrassem.
8h58. Mandei o parágrafo acima para a nossa amiga escritora.
Adoro cutucar a existência. E se é pelo bem de duas figuras que gosto e admiro
bastante e que tiveram a relação interrompida pela imaturidade dele à época, acho
que é uma boa causa. Ainda estou acordando. Já tomei duas xícaras de café. E
tenho só uma Coca. Menos de uma Coca. E um longuíssimo dia pela frente, como há
muito não tinha. Isso não é ruim, pode ser que hoje assista um filme. Hahaha.
Até parece. A história da AT já vem me assombrar, é a minha nova fixação. Não
gosto disso, posso ter uma tremenda decepção. Aliás, certamente vou ter uma
decepção.
9h19. Fui pegar café e fiquei zanzando pela internet. Não há
mais o que ser dito sobre a AT. Só esperar pela manifestação de Ju. Que acho
que não vai gostar da minha sugestão. Já estou com vontade de fumar outro cigarro.
Preciso me segurar. Só tenho seis. Mas pela manhã é quando fumo mais. Vou
esperar dar 9h30. O bicho apitou pensei que era Ju, mas era o meu colega de
CAPS perguntando se eu queria conversar porque lhe contei sobre o pesadelo que
me pôs de pé mais cedo que o habitual. Não sei se gosto ou desgosto de ter
acordado mais cedo. Acho que gosto mais do que desgosto. Sobre o que foi o
pesadelo? Chegávamos eu e meu amigo com quem morei de um final de semana na
praia e várias pessoas, amigos, estavam em nosso apartamento, estavam todos com
maconha e o apartamento estava todo sujo. Até com areia de praia. Sei que minha
avó materna aparecia para dar uma arrumada no apartamento e pegava no pesado,
com rodo, água e sabão e nada de o apartamento ficar limpo, em grande parte
porque os cigarros que eu estava fumando deixavam muitas cinzas, cinzas demais,
no chão vermelho tijolo do local. E era me dada a incumbência de montar uma
daquelas fonte de água, que a mesma avó, a única que é viva, havia me dado e eu
não conseguia entender as instruções e montar a geringonça. Em certo momento,
minha avó pegou ar porque ela limpava e o chão ficava sujo, meu amigo também
estava puto com a aglomeração lá em casa que nada fazia e eu só queria tudo
arrumadinho para poder fumar um com a galera. Tentava abraçar minha avó e
acalmá-la, sem muito sucesso, foi quando minha mãe me acordou. Vou tomar um
café e fumar um cigarro.
9h47. Fiquei tão absorto pensando em garotas e amor, dois
assuntos interessantíssimos, que fumei o cigarro sem perceber. Foi um cigarro
desperdiçado, bem dizer, pois não me concentrei em momento sequer no ato de
fumar. Foram vários pensamentos, não os enumerarei aqui, resta dizer que acabei
de fumar pensando que havia ido cinco vezes a um motel na minha vida. Duas
vezes com prostitutas, que não comi, duas com uma namorada e uma para uma festa
com os amigos da agência. Na segunda vez que levei a minha namorada, aluguei o
maior quarto do hotel. Era imenso, tinha três andares, elevador e piscina, só
para dar uma ideia, além de vários quartos, foi uma experiência meio
fantasmagórica aqueles lugares todos vazios e só nós dois lá dentro. Acabamos
que ficamos na cama de casal que achamos mais aconchegante e de lá não saímos.
Era tudo o que precisávamos, todo o resto foi desnecessário. E bote resto
nisso. Pelo menos conhecemos a dependência mais cara do motel, foi, bem,
educativo. Aprendi que para duas pessoas que se desejam, elas se bastam e uma
cama ajuda. Nossa, como queria que minha amiga escritora e meu amigo redator
acertassem os ponteiros. Acho que seria ótimo para ambos. Preciso dar uma
chance ao livro dela, mas nesse meu lento despertar é uma ideia que passa
longe. Escrever é mais fácil e demanda menos de Tico e Teco. Acho que às 11h00
vou dar um passeio. Estou deixando o celular dar uma carregada. Hoje parece que
é um dia abafado, estou com o ar ligado aqui e não sinto frio. Choveu pela
manhã. Espero que não aconteça de chover quando eu for à rua. Não sei se terei
disposição mesmo, mas seria uma boa. Lembrei! Eu preciso ajeitar o acesso ao
meu cartão poupança no banco. Que saco, odeio ir a banco, mas vou fazer isso, é
uma caminhada e resolvo logo esse problema. É uma saída com objetivo, chato,
mas prefiro que uma saída a esmo.
10h10. O que queria agora? Nada. Do jeito que está, está
bom. Não queria nenhuma notícia boa ou ruim. Queria me deixar estar aqui como
aqui me deixo no momento. Já estou na quinta página. Invadi o quarto do casal,
que dormia ao ar livre, na calçada ao lado do prédio de luxo, para passar para comprar
itens desnecessários à minha sobrevivência e aos quais o casal nunca teria ou
terá acesso em sua miserável existência. Me senti quase indecente fazendo isso,
como se estivesse sendo acintoso com aqueles dois corpos magros, marrons,
abraçados no passeio público cobertos por uma velha, surrada e rota manta. Tudo
o que tinham estava ali a vista das pessoas que olhavam com descaso e até
ofendidos com a cena, como se fossem intrusos dentro de suas realidades
pequeno-burguesas. Foi uma imagem que não saiu da minha cabeça e o contraste
quando olhei para o meu carrinho de compras só me fez me sentir mais culpado
por ter nascido em berço de ouro. Não trocaria de lugar, entretanto, com eles,
por mais que eles tivessem ao que me pareceu, algo que meu mundo
pequeno-burguês não me proporciona, amor de casal. São mais ricos de coração
que eu. E que muitos dos que passavam por ali, desconfiados e injuriados com a
cena. Já postei as duas fotos antes, mas como não divulguei o post anterior as
coloco aqui também.
Depois disso ainda fui à Universidade Católica para o
lançamento do livro da minha amiga e vi uma garotada jovem, bonita e bem nutrida
de barriga e cuca, muitos com carro, oportunidade que aqueles dois jovens no
chão duro nunca terão acesso, que nem lhes passa pela cabeça, pois vivem o
momento, vivem em busca da próxima refeição ou quiçá do próximo tiro da pedra,
sabe-se lá. Sei que guardo profunda admiração por esses seres a quem o
acaso-destino fechou praticamente todas as portas, que não são bem-vindos e bem
vistos em lugar nenhum. Que são uma ofensa aos que passam talvez por lhes
mostrarem quão dura a realidade pode ser, por mostrarem até aos que pouco têm
que têm pelo menos alguma coisa, um teto, uma cama, um jantar para preparar. Sei
lá o que digo. E como disse no outro post, acho que uma foto vale mais que mil
palavras. E duas fotos valem mais que duas mil.
10h31. Preguiça de ir no banco. Não acredito que passarei
por um processo de burocracia digital. Isso é um enorme contrassenso. A
tecnologia deveria reduzir a burocracia, mas ela conseguiu se imiscuir na
tecnologia, ô, praga.
10h50. Quase hora de ir ao banco. Acho que vou repartir esse
post com a minha amiga escritora. Nesse caso, quero dizer a ela que meu amigo
redator não pediu que eu interviesse em seu favor, que o fiz de livre e
espontânea vontade, que ele até hoje se lembra da bola que você deu a ele (“para
você o que você gosta diariamente”) e que seu filho é seu fã e não entende como
o pai pode ter perdido “uma garota assim”. Pronto disse tudo o que precisava
dizer. Estou novamente me intrometendo na vida de vocês, mas mais do que no
direito, me sinto no dever. É tão ruim viver sem ter alguém para amar. Eu que o
diga que estou, como os leitores mais assíduos sabem, há uma década sozinho.
Minha solidão é tanta e minha dedicação às palavras tão obstinada – ou obcecada
– que não consigo colocar um filme para assistir e preciso de uma AT para me
fazer companhia. Mas não queria falar de mim, queria falar de duas pessoas que
considero especiais, inteligentes e divertidas, que têm senso de humor (que meu
pai diria que é a principal característica de quem é inteligente) e que podiam
somar muito um na vida do outro, em um nível diferente do que foi no passado,
afinal muito tempo passou e a maturidade, no que interessa, chegou para ambos.
Acho que estou só desperdiçando palavras aqui, mas essa é a minha
especialidade. Escrevo quase sempre para ninguém ou para pouquíssimos. Agora
que tenho convicção, se tiver coragem, de que terei uma leitora assegurada,
posso gastar minhas palavras com ela. Meu amigo redator, que espero, não leia
isso, iria morrer de vergonha desse papel de cupido que faço. Mas o problema é
dele, não meu. O meu problema é ver dois “1” solitários e querer ser o “+” para
que virem par. Não sei, amiga escritora, se você está solteira de fato, se não
estiver descarte isso. Foram e serão realmente palavras em vão. Caso esteja
solteira, saiba que o nosso amigo redator sonha com uma outra chance. E acho
que ambos estão à altura um das expectativas do outro. 11h06. Vou lá no banco.
Quando voltar, escrevo a sétima página publico e posto. Provavelmente a próxima
página será escrachando o sistema bancário. Hahaha. Vamos à luta.
11h43. Voltei, o banco estava insanamente cheio,
lotadíssimo, não tive coragem de enfrentar aquilo e um bando de gente de idade
tendo que passar por aquele inferno, homem primata, capitalismo selvagem. Vou
de novo quando os bancos estiverem mais tranquilos. Aproveitei e passei no
banco onde o meu amigo de CAPS trabalha para dar um abraço nele, que está
passando por uma crise e tendo que trabalhar num dia de imenso movimento.
Embora o banco em que eu deveria ter entrado estivesse muito pior, talvez por
ser uma agência menor. Não sei, sei que o meu problema pode esperar, não preciso
disso agora, queria só solucionar um problema com a minha conta poupança, pobre
daqueles que realmente precisavam estar lá e enfrentar as filas. Coitados.
Voltando e respirando outros ares acho que essa minha ideia de servir de cupido
deveras ridícula, mas as regras do meu blog são claras, se está escrito, fica.
Vou pagar o maior papel de palhaço, mas era o que eu era nos velhos tempos,
visto-me mais uma vez desse papel no picadeiro da vida para o revival ser completo. Hahaha.
11h55. Pelo visto ainda tem uma sobra da página seis para
escrever. O que digo agora. Ainda não consegui ler Natasha, na verdade, amiga
escritora, não gosto de ler, gosto apenas de escrever o que, eu sei, é
contraditório, pois quanto mais se lê, em tese, melhor se escreve. Prometo que
tentarei, nem que seja um conto por dia. Assim que publicar e divulgar esse
post, eu tento ler um capítulo e ver um filme. Acho que não começarei por “Cargo”,
por ser muito demandante emocionalmente, vou para uma coisa que precise de
menos miolos, o Thor. Ah, amiga escritora, obrigado pela dedicatória, muito
daquele menino agridoce ainda existe de fato, tanto é que me passo por esse
papel ridículo, tentando refazer um laço rompido há vinte anos e cujo interesse
da outra parte é confesso, real e sincero. Meu deus, se nosso amigo redator
souber do que escrevo aqui, acho que terá um enfarto. Hahaha. Mas eu posso
dizer a você porque eu não sou ele. Então uso minha boca, ou os meus dedos,
para fofocar o que ele me disse. É interessante imaginar que estou conversando
com você. Por sinal você está muito bem, não mudou nada desde aqueles tempos há
muito idos. Quanto a mim? Ah, passei por cada coisa que você não pode nem
imaginar. Daria outro post só para te contar. Síntese? Burnout, abuso de drogas, tentativa de suicídio, manicômio privado,
repeat. Mais ou menos isso. Hoje já
não trabalho, sou curatelado e passo os meus dias a escrever asneiras como
essas que lhes são dirigidas nesse blog para um punhado de gente desconhecida
ler. Raramente tenho mais de 40 visualizações. Escrevi um diário quando de um
internamento no manicômio que sonho em transformar em livro, mas só se alguém
meritório ou uma editora achar o material merecedor disso, não me publicarei
por egolatria somente. Meu ego não é tão grande. O fantasma do meu pai, por
outro lado, é imenso e castrador. Está sendo revisado. Mas não sei se vai ser
publicado, justamente porque preciso dessa aprovação prévia para sentir que o
material é válido. Mandei para Raimundo Carrero que disse que leria com prazer,
mas não cumpriu o que prometeu. Foi um baque para mim. Mas estou de boa agora.
Quando a revisão ficar pronta e a incrível revisora (como a chamo aqui) e eu
acharmos que está redondo eu vou apelar para um tio meu que é secretário de
comunicação e se este não der jeito eu saio mandando para as editoras que
aceitam originais. Ah, eu e meu amigo redator, com o seu filho de 16 anos
estaremos no Relaxa o Bigode no sábado provavelmente do finalzinho da tarde em
diante. Tem uns chopes afrescalhados, uns petiscos legais (tudo carne) e uma
radiola de ficha inacreditável. Querendo aparecer... fica em Casa Forte, na
Estrada das Ubaias. Mas é óbvio que você não vai aparecer e vai achar isso tudo
uma grande macaquice da minha parte. Como você pode ver eu poderia ser um dos
personagens do circo de Natasha. Hahaha. Desculpe se continuo ridículo e com
aspirações tolas como ver dois pombinhos felizes. Mas adoro dar essas cutucadas
na existência. A existência é o melhor brinquedo que existe. Sempre que acho
uma brecha brinco com ela. A estimulo sem saber direito qual vai ser a
resposta, fico só na expectativa do que ela vai me mandar de volta. A
existência é fantástica. Pronto, nisso eu mudei. Na maior parte dos meus dias,
na maior parte das minhas horas, eu gosto de existir. Isso para mim é uma
transformação radical e tremenda. É ótimo gostar de viver, levei 20 anos para
chegar a essa conclusão. Minhas depressões sempre foram de rachar. Mas está
tudo controladinho agora, tomo os meus remedinhos e faço a minha terapia, agora
em busca de gostar de mim. É, ainda não aprendi esse detalhe básico, mas não
perdi a esperança de descobrir ainda nessa encarnação, que acredito ser a
única, por sinal. Ah, vi o seu filho, que guri bonito. Parabéns. Mostra pra ele
o Meu Hulk e o meu Coisa. O Hulk é em tamanho real, diz a ele. Eu achando que
você vai ler até aqui. Sou realmente muito sem noção. Ah, e conta pra ele que o
meu elevador é cor-de-rosa! Hahaha.
Além de rosa, o elevador é monitorado por HAL. Hahaha. |
12h32. Nossa, mas eu sou dado a passar vergonha mesmo.
Parece que eu tenho uma vocação para isso. Que saco. Mas é a vida e segue.
Tentei cutucar a existência para ver se faço o quase impossível acontecer. Mas
só farei papel de um idiota sem noção. Que seja, pelo menos tentei. E você,
superego, se comporte na frente da menina, não seja tão grosseiro como costuma
ser. Pois é, amiga meu superego é ozzy. Gosta de me humilhar e me rebaixar e me
fazer sentir como se fosse titica de galinha. Ou em outra metáfora fecal, a
merda do cavalo do bandido. Hahaha. Estou na sétima página e a nova regra do
blog é que o post não pode ter mais de sete páginas. Não sei se você leu até
aqui e, em verdade, tenho vergonha de saber. Saiba que me diverti bastante
escrevendo pensando que o fazia especialmente para você. E para você outro ou
outra que porventura aporte por aqui por engano ou interesse. Mas principalmente
para a minha amiga escritora, sem dúvida, ela e meu amigo redator foram os
personagens que dominaram a minha cabeça no dia de hoje. O café acabou e tenho
pouca Coca para tomar e poucas linhas para traçar. Saco é revisar e montar este
post. Será que encararei o Thor? Estou com mais espírito para ele. Acho que vou
encará-lo, sair dessa fixação de escrever e só escrever. Ou começo outro post,
mas estou sem conteúdo, o que nunca foi um impedimento, mas quero me sentir um
pouco mais uma pessoa normal, daquelas que usa o tempo livre para ver um
filmezinho. Eita a página sete acabou, pulou para oitava. Hora de parar,
palhaço imbecil. Obrigado por esse final, superego. Eu fiz por merecer. 12h45.
Adendo 16h23. Eu finalmente consegui assistir um filme! "Thor: Ragnarok"! Você não imagina a conquista que isso é para mim. Não quero ver outro agora, mas acho que verei mais nos próximos dias, quiçá hoje à noite depois do encontro com o meu amigo da piscina (se esse se der).
Adendo 16h23. Eu finalmente consegui assistir um filme! "Thor: Ragnarok"! Você não imagina a conquista que isso é para mim. Não quero ver outro agora, mas acho que verei mais nos próximos dias, quiçá hoje à noite depois do encontro com o meu amigo da piscina (se esse se der).
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