quinta-feira, 7 de junho de 2018

SERÁ QUE HOJE VEJO UM FILME?


Uma promessa de diversão adiada para amanhã. Outra promessa de diversão praticamente assegurada para o sábado. Essa semana está sendo boa para mim. E parece que passou voando por causa da saída que fiz ontem para o lançamento do livro de nossa amiga escritora. O chato é que estou sem ânimo de ler o livro. Essa minha aversão a tudo que não seja a escrita começa a ser sufocante. Estou me sentindo desconfortável escrevendo isso, ao mesmo passo que não sinto ânimo para fazer mais nada. Talvez um filme mais tarde. Tenho dois em mente, “Cargo” e “Thor: Ragnarok”. Talvez, talvez. E talvez começando a ver eu retome o hábito. Seria ótimo, uma ótima variação no meu cotidiano, desgrudar um pouco desse teclado. Eu sei que isso me faria bem. Racionalmente eu sei. Mas o difícil é o resto de mim fazer o movimento, tão condicionado está com esse hábito, esse vício das palavras.

17h10. Me perdi no site de filmes. Estou cada vez mais motivado a ver um filme, é quase uma ideia concreta.

17h47. Copiei uma série de filmes, três de zumbis, dois de super-heróis e um de ficção científica para assistir. Vi que tenho as duas primeiras temporadas da série “Twin Peaks”, mas não tenho disposição para tanto. Porém estou com vontade de me transportar para mundo outro que não esse onde existo e me dedico às palavras. Vou marcar a sessão para começar as 20h00. Estou com um pouco de fome. Pedirei que mamãe, se puder, faça a farofa de charque para mim. Estou com saudade de Maria, mas acho que é tarde para ligar. Vou tentar.

17h54. Não consegui. Tento outra hora, noutro dia. Amanhã quem sabe. Espero me lembrar. Vou me lembrar, pois vou revisar isso. Vou divulgar o meu post nas redes sociais. O de Camila Coutinho quase ultrapassa a marca das 60 visualizações, parou em 59. Mudei de ideia, não vou divulgar o post anterior porque não quero que alardear a mudança que talvez se dê na minha vida. Puxa, até agora não passei da primeira página, é a falta de disposição para a escrita, acho. O que não quero mencionar me domina a mente. Fantasio. Mas juro que queria estar conversando com uma mulher jovem, bela, legal e inteligente nesse momento. Acho que todo homem hetero queria. Não sei por que Ju ainda não me mandou as opções, espero não estar armando uma cilada para mim. A semana se aproxima do fim. Amanhã já é quinta, o que significa que nessa semana provavelmente não vá rolar o primeiro encontro. Estou tomando a minha última xícara de café. Acho que vou ver “Cargo”, mas não dou certeza, posso ir para o outro extremo e assistir “Valerian”, realmente não sei, mas algo me diz para assistir “Cargo”.

18h45. Estava até agora conversando com minha antiga dupla na 3Pontos e ele me mandou uns trailers superengraçados de “Thor: Ragnarok” que não passaram no Brasil. Fiquei com vontade de ver o filme. Minha bunda está doendo de passar tanto tempo nessa cadeira. E volto eu para essas palavras que estão tão sem graça ultimamente. Estou baixando um bocado de filmes e nem sei ainda se vou ver algum. Hahaha. Isso não é lá muito engraçado, mas vamos ver o que acontece às 20h00. Talvez veja o Thor, talvez o “Cargo”. Talvez um depois o outro. Ou não veja nada e fique aqui a escrever sobre a minha vã existência, mas há tempos não me sinto tão empolgado para ver um filme. Acho que dessa vez vai. Coloquei outro para baixar “Coco” da Disney ou da Pixar, nem sei. Tenho várias animações para ver. E tenho vontade de fumar um cigarro para dar um descanso às minhas nádegas.

19h05. Voltei. Estava sonhando enquanto fumava. Com a possível AT. O que é AT? Não quero revelar agora. Já revelei em outro post. Nesse, que pretendo talvez divulgar quero que permaneça em segredo. É algo que não fala bem de mim e diz muito da minha condição de isolamento social. Será talvez uma bênção nesse sentido, então fico a elucubrar sobre o assunto. Ju ficou de me passar as possibilidades ontem e não o fez. Deve ter esquecido. Entendo. Talvez esteja esperando para a próxima consulta, não sei. Não gosto de chamar de consulta, prefiro sessão, é menos frio e mais próximo do que nossos encontros significam para mim. É uma experiência orientada de troca de impressões e percepções acerca da minha vida e da vida de modo geral. E chegamos à conclusão de que eu estava insatisfeito com a minha atual situação de ficar a minha vida inteira escrevendo e que a possibilidade de passar a minha vida inteira escrevendo me assustava. Nossa, vai ser uma decepção se a AT for feia. Seria muito mais fácil e interessante para mim que fosse uma gata. Que eu a considerasse bonita. Que me encantasse. De todo modo será uma revolução social para mim, como já disse no outro post, e acho que será inevitável uma transferência afetiva da minha parte. Eu sou carente demais. Talvez por causa disso Ju esteja pensando em me indicar um homem. Não rolaria para mim de jeito maneira. Se for homem, não vai rolar para mim, eu que só faço interagir com homens ou, mais raramente, com mulheres que não me atraem. Mas vou mudar de assunto. Pode ser que o meu amigo da piscina satisfaça as suas necessidades sexuais (e as de sua namorada) e venha dormir aqui ainda hoje o que possibilitaria talvez um encontro hoje à noite, mas acho difícil. Vai querer dormir junto, eu creio. Ele me ensinou que para mulher não importa bucho, feiura, nada disso, o que importa é a conversa. E a conversa é justamente o que me falta. Ou oportunidade para ter tais conversas. É aí que a AT entra. Como esse assunto vai dominar meus escritos se AT realmente existir, vou falar mais abertamente aqui sobre o assunto, pois é a expectativa do momento. É a coisa que mais me acende a alma. Mas tenho quase certeza que vou me decepcionar. O acaso-destino poderia me sorrir dessa vez. Sei que em muito já me sorri, mas dessa vez seria essencial. Seria outro divisor de águas para mim. Acho que Ju está considerando, dado o meu nível de carência, que vou me apaixonar rapidamente pela pessoa e que esse não deveria ser o foco da coisa, mas são dez anos de carência, vou me frustrar com a impossibilidade de concretização desse amor, que não é concretizável, e tal frustração acabe sendo um impedimento para a relação terapêutica. Mas acho que a transferência afetiva vá ser inevitável. Será que conseguiria seduzir uma AT? Acho improvável, para dizer o mínimo. Acredito que elas saibam como manter o distanciamento emocional adequado (para elas). Quem não vai saber sou eu. Eu não sei para onde sair com a pessoa. Eu preferia, das primeiras vezes, ficar na piscina conversando. Eu acho. Só de pensar já me bateu um medo. Medo que é natural quando uma novidade se apresenta na vida, uma mudança. Eu tenho uma pessoa específica em mente, ex-estagiária do CAPS/Espaço Rizoma, casada até onde sei e gatinha. Ela seria uma opção que me contentaria imenso. Mandei a sugestão para Ju, para ela ter ideia do que me passa pela cabeça. Que tipo de pessoa me seria perfeita.

20h10 e não coloquei filme nenhum para assistir, parece que vontade sumiu falando desse assunto que é tão mais interessante e humano para mim. Mais pessoal também. Vai acrescentar um fator novo na minha vida com o qual eu não contava até segunda passada e que não me sai da cabeça desde então. Meu padrasto chegou. Interroga minha mãe sobre o joelho, creio. Acho que dentro em breve vou ver o filme mesmo. Acho que vou de “Cargo” mesmo. Caramba, a viagem me atingiu como uma locomotiva o juízo. Tenho que relaxar quanto a isso. Também. Interessante como fico mais tenso quando o meu padrasto chega. Não sei por que isso, nunca me fez mal e só me deu um esporro na vida. Mas que esporro. Até hoje não me desceu a goela. Eu não verei mais jogos de futebol na presença dele. E tenho dito. Mas posso desdizer. Embora me lembrar me dê raiva até hoje. E já fazem quatro anos. O post sobre Camila Coutinho chegou à marca das 60 visualizações. Ela tem lá o seu poder. Eu gosto do post da AT. Acho que vou divulgá-lo. Ou não. Mas será uma parte importante da minha rotina. Sei lá. Esse post já dá uma boa ideia do que uma AT seja. Acho que meu padrasto está comendo, sinto o cheiro da comida daqui. Queria fumar um cigarro, mas isso só quando ele sair da cozinha. A sessão de cinema foi protelada até as 21h00. Assim posso escrever mais. Embora agora que falei de todas as minhas expectativas em relação a AT, não resta muito a dizer.

20h36. Ju não viu minhas mensagens e não verá hoje, tenho convicção. Não sei o que achará delas. Não sei bem o que pensar, talvez em destruir um casamento... hahaha. Obviamente não me acho tão interessante assim. A figura é casada com um baixista de uma banda de rock daqui, como posso competir com isso? Já estou delirando completamente agora. Estou curioso com quem Ju vai me sugerir. Muito curioso. Curiosíssimo.

20h56. Já tomei o remédio e a hora de sessão de cinema chegou, mas não estou disposto ainda a enfrentá-la. O que me bloqueia eu realmente não sei. Não estou com vontade suficiente de assistir. Estou com minhas fantasias na cabeça. Graças aos céus a fantasia do livro só me veio agora. E hoje acho pertinente, por mais que achasse que tivesse que ter narrado mais comportamentos dos pacientes com distúrbios mentais, mas não tive essa visão na época e agora já foi. Vivi, escrevi, está vivido e escrito. Entrou na parte da lista 6 que é o disco de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. Tocou no lançamento do livro. Só falta achar um meio meritório de ser publicado. Mas o dia vai chegar. Eu sei que é só triscar em mim, ser engraçadinha para eu me apaixonar. E não ser gorda. Não curto. Me perdoem as gordinhas, mas prefiro as magrinhas. Nem gosto das gostosonas, tipo avião, não gosto de mulher grande, intimida. E não tenho tesão. Bom, estou redundando eu creio e creio que deveria ver o filme. Cadê a disposição? É de lascar, se fosse posto de frente para a TV ligada com o filme passando talvez assistisse. Não sei. Vou ao menos plugar o HD externo na TV. Pronto pluguei. Uma etapa a menos. É só ligar a TV conectar e assistir. Que saco não ter saco para ver um filme que tenho vontade de ver. É tão frustrante, é como se houvesse uma gravidade desse teclado e dessa tela que me atrai para eles. As palavras, as palavras. E o som com Ella & Louis está tão gostoso de ouvir. Sei não, eu, viu? Mas vou assistir o filme ainda hoje, eu acho. Hahaha. Ozzy, ozzy. Estou pensando na sugestão que dei a Ju.

21h29. Olhei o Twitter. Perdi o meu tempo. Por que eu não boto a droga do filme para assistir. Acho que vou jantar. Talvez de barriga cheia, alguma coisa mude.

22h04. Eu cheguei a botar na tela para clicar e começar o filme, fui jantar, mas quando voltei não tive vontade nenhuma de assistir. É ozzy ao extremo. Mas é a vida como se revela agora para mim. Não estou com saco de escrever tampouco. O que me resta? Existir por existir? Isso é de uma pobreza imensa. Vou seguir me dizendo aqui, por mais que a saciedade me roube quaisquer disposições. A saciedade rouba-me de mim. Fico sem motivação para nada. Só fumar cigarro e beber Coca.

22h23. O dia ficou tão desinteressante de barriga cheia, o tédio impera e começou Faith No More na lista 6, não estou a fim de ouvir. Vou pular. Pulei para a única do Lemonheads da lista “Into Your Arms”. Acho que vou comer a coisa doce e ir dormir. Veremos.

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8h49. Hoje tive um pesadelo do qual minha mãe me despertou para tomar o remédio e cá estou nesse horário extremamente cedo para os meus padrões. Meu amigo redator gostou tanto da dedicatória da nossa amiga escritora que colocou como foto de perfil do WhatsApp. Ele certamente pagou com juros e correção o que aprontou com ela. Seria tão bom que essas duas almas se reencontrassem.

8h58. Mandei o parágrafo acima para a nossa amiga escritora. Adoro cutucar a existência. E se é pelo bem de duas figuras que gosto e admiro bastante e que tiveram a relação interrompida pela imaturidade dele à época, acho que é uma boa causa. Ainda estou acordando. Já tomei duas xícaras de café. E tenho só uma Coca. Menos de uma Coca. E um longuíssimo dia pela frente, como há muito não tinha. Isso não é ruim, pode ser que hoje assista um filme. Hahaha. Até parece. A história da AT já vem me assombrar, é a minha nova fixação. Não gosto disso, posso ter uma tremenda decepção. Aliás, certamente vou ter uma decepção.

9h19. Fui pegar café e fiquei zanzando pela internet. Não há mais o que ser dito sobre a AT. Só esperar pela manifestação de Ju. Que acho que não vai gostar da minha sugestão. Já estou com vontade de fumar outro cigarro. Preciso me segurar. Só tenho seis. Mas pela manhã é quando fumo mais. Vou esperar dar 9h30. O bicho apitou pensei que era Ju, mas era o meu colega de CAPS perguntando se eu queria conversar porque lhe contei sobre o pesadelo que me pôs de pé mais cedo que o habitual. Não sei se gosto ou desgosto de ter acordado mais cedo. Acho que gosto mais do que desgosto. Sobre o que foi o pesadelo? Chegávamos eu e meu amigo com quem morei de um final de semana na praia e várias pessoas, amigos, estavam em nosso apartamento, estavam todos com maconha e o apartamento estava todo sujo. Até com areia de praia. Sei que minha avó materna aparecia para dar uma arrumada no apartamento e pegava no pesado, com rodo, água e sabão e nada de o apartamento ficar limpo, em grande parte porque os cigarros que eu estava fumando deixavam muitas cinzas, cinzas demais, no chão vermelho tijolo do local. E era me dada a incumbência de montar uma daquelas fonte de água, que a mesma avó, a única que é viva, havia me dado e eu não conseguia entender as instruções e montar a geringonça. Em certo momento, minha avó pegou ar porque ela limpava e o chão ficava sujo, meu amigo também estava puto com a aglomeração lá em casa que nada fazia e eu só queria tudo arrumadinho para poder fumar um com a galera. Tentava abraçar minha avó e acalmá-la, sem muito sucesso, foi quando minha mãe me acordou. Vou tomar um café e fumar um cigarro.

9h47. Fiquei tão absorto pensando em garotas e amor, dois assuntos interessantíssimos, que fumei o cigarro sem perceber. Foi um cigarro desperdiçado, bem dizer, pois não me concentrei em momento sequer no ato de fumar. Foram vários pensamentos, não os enumerarei aqui, resta dizer que acabei de fumar pensando que havia ido cinco vezes a um motel na minha vida. Duas vezes com prostitutas, que não comi, duas com uma namorada e uma para uma festa com os amigos da agência. Na segunda vez que levei a minha namorada, aluguei o maior quarto do hotel. Era imenso, tinha três andares, elevador e piscina, só para dar uma ideia, além de vários quartos, foi uma experiência meio fantasmagórica aqueles lugares todos vazios e só nós dois lá dentro. Acabamos que ficamos na cama de casal que achamos mais aconchegante e de lá não saímos. Era tudo o que precisávamos, todo o resto foi desnecessário. E bote resto nisso. Pelo menos conhecemos a dependência mais cara do motel, foi, bem, educativo. Aprendi que para duas pessoas que se desejam, elas se bastam e uma cama ajuda. Nossa, como queria que minha amiga escritora e meu amigo redator acertassem os ponteiros. Acho que seria ótimo para ambos. Preciso dar uma chance ao livro dela, mas nesse meu lento despertar é uma ideia que passa longe. Escrever é mais fácil e demanda menos de Tico e Teco. Acho que às 11h00 vou dar um passeio. Estou deixando o celular dar uma carregada. Hoje parece que é um dia abafado, estou com o ar ligado aqui e não sinto frio. Choveu pela manhã. Espero que não aconteça de chover quando eu for à rua. Não sei se terei disposição mesmo, mas seria uma boa. Lembrei! Eu preciso ajeitar o acesso ao meu cartão poupança no banco. Que saco, odeio ir a banco, mas vou fazer isso, é uma caminhada e resolvo logo esse problema. É uma saída com objetivo, chato, mas prefiro que uma saída a esmo.

10h10. O que queria agora? Nada. Do jeito que está, está bom. Não queria nenhuma notícia boa ou ruim. Queria me deixar estar aqui como aqui me deixo no momento. Já estou na quinta página. Invadi o quarto do casal, que dormia ao ar livre, na calçada ao lado do prédio de luxo, para passar para comprar itens desnecessários à minha sobrevivência e aos quais o casal nunca teria ou terá acesso em sua miserável existência. Me senti quase indecente fazendo isso, como se estivesse sendo acintoso com aqueles dois corpos magros, marrons, abraçados no passeio público cobertos por uma velha, surrada e rota manta. Tudo o que tinham estava ali a vista das pessoas que olhavam com descaso e até ofendidos com a cena, como se fossem intrusos dentro de suas realidades pequeno-burguesas. Foi uma imagem que não saiu da minha cabeça e o contraste quando olhei para o meu carrinho de compras só me fez me sentir mais culpado por ter nascido em berço de ouro. Não trocaria de lugar, entretanto, com eles, por mais que eles tivessem ao que me pareceu, algo que meu mundo pequeno-burguês não me proporciona, amor de casal. São mais ricos de coração que eu. E que muitos dos que passavam por ali, desconfiados e injuriados com a cena. Já postei as duas fotos antes, mas como não divulguei o post anterior as coloco aqui também.






Depois disso ainda fui à Universidade Católica para o lançamento do livro da minha amiga e vi uma garotada jovem, bonita e bem nutrida de barriga e cuca, muitos com carro, oportunidade que aqueles dois jovens no chão duro nunca terão acesso, que nem lhes passa pela cabeça, pois vivem o momento, vivem em busca da próxima refeição ou quiçá do próximo tiro da pedra, sabe-se lá. Sei que guardo profunda admiração por esses seres a quem o acaso-destino fechou praticamente todas as portas, que não são bem-vindos e bem vistos em lugar nenhum. Que são uma ofensa aos que passam talvez por lhes mostrarem quão dura a realidade pode ser, por mostrarem até aos que pouco têm que têm pelo menos alguma coisa, um teto, uma cama, um jantar para preparar. Sei lá o que digo. E como disse no outro post, acho que uma foto vale mais que mil palavras. E duas fotos valem mais que duas mil.

10h31. Preguiça de ir no banco. Não acredito que passarei por um processo de burocracia digital. Isso é um enorme contrassenso. A tecnologia deveria reduzir a burocracia, mas ela conseguiu se imiscuir na tecnologia, ô, praga.

10h50. Quase hora de ir ao banco. Acho que vou repartir esse post com a minha amiga escritora. Nesse caso, quero dizer a ela que meu amigo redator não pediu que eu interviesse em seu favor, que o fiz de livre e espontânea vontade, que ele até hoje se lembra da bola que você deu a ele (“para você o que você gosta diariamente”) e que seu filho é seu fã e não entende como o pai pode ter perdido “uma garota assim”. Pronto disse tudo o que precisava dizer. Estou novamente me intrometendo na vida de vocês, mas mais do que no direito, me sinto no dever. É tão ruim viver sem ter alguém para amar. Eu que o diga que estou, como os leitores mais assíduos sabem, há uma década sozinho. Minha solidão é tanta e minha dedicação às palavras tão obstinada – ou obcecada – que não consigo colocar um filme para assistir e preciso de uma AT para me fazer companhia. Mas não queria falar de mim, queria falar de duas pessoas que considero especiais, inteligentes e divertidas, que têm senso de humor (que meu pai diria que é a principal característica de quem é inteligente) e que podiam somar muito um na vida do outro, em um nível diferente do que foi no passado, afinal muito tempo passou e a maturidade, no que interessa, chegou para ambos. Acho que estou só desperdiçando palavras aqui, mas essa é a minha especialidade. Escrevo quase sempre para ninguém ou para pouquíssimos. Agora que tenho convicção, se tiver coragem, de que terei uma leitora assegurada, posso gastar minhas palavras com ela. Meu amigo redator, que espero, não leia isso, iria morrer de vergonha desse papel de cupido que faço. Mas o problema é dele, não meu. O meu problema é ver dois “1” solitários e querer ser o “+” para que virem par. Não sei, amiga escritora, se você está solteira de fato, se não estiver descarte isso. Foram e serão realmente palavras em vão. Caso esteja solteira, saiba que o nosso amigo redator sonha com uma outra chance. E acho que ambos estão à altura um das expectativas do outro. 11h06. Vou lá no banco. Quando voltar, escrevo a sétima página publico e posto. Provavelmente a próxima página será escrachando o sistema bancário. Hahaha. Vamos à luta.

11h43. Voltei, o banco estava insanamente cheio, lotadíssimo, não tive coragem de enfrentar aquilo e um bando de gente de idade tendo que passar por aquele inferno, homem primata, capitalismo selvagem. Vou de novo quando os bancos estiverem mais tranquilos. Aproveitei e passei no banco onde o meu amigo de CAPS trabalha para dar um abraço nele, que está passando por uma crise e tendo que trabalhar num dia de imenso movimento. Embora o banco em que eu deveria ter entrado estivesse muito pior, talvez por ser uma agência menor. Não sei, sei que o meu problema pode esperar, não preciso disso agora, queria só solucionar um problema com a minha conta poupança, pobre daqueles que realmente precisavam estar lá e enfrentar as filas. Coitados. Voltando e respirando outros ares acho que essa minha ideia de servir de cupido deveras ridícula, mas as regras do meu blog são claras, se está escrito, fica. Vou pagar o maior papel de palhaço, mas era o que eu era nos velhos tempos, visto-me mais uma vez desse papel no picadeiro da vida para o revival ser completo. Hahaha.

11h55. Pelo visto ainda tem uma sobra da página seis para escrever. O que digo agora. Ainda não consegui ler Natasha, na verdade, amiga escritora, não gosto de ler, gosto apenas de escrever o que, eu sei, é contraditório, pois quanto mais se lê, em tese, melhor se escreve. Prometo que tentarei, nem que seja um conto por dia. Assim que publicar e divulgar esse post, eu tento ler um capítulo e ver um filme. Acho que não começarei por “Cargo”, por ser muito demandante emocionalmente, vou para uma coisa que precise de menos miolos, o Thor. Ah, amiga escritora, obrigado pela dedicatória, muito daquele menino agridoce ainda existe de fato, tanto é que me passo por esse papel ridículo, tentando refazer um laço rompido há vinte anos e cujo interesse da outra parte é confesso, real e sincero. Meu deus, se nosso amigo redator souber do que escrevo aqui, acho que terá um enfarto. Hahaha. Mas eu posso dizer a você porque eu não sou ele. Então uso minha boca, ou os meus dedos, para fofocar o que ele me disse. É interessante imaginar que estou conversando com você. Por sinal você está muito bem, não mudou nada desde aqueles tempos há muito idos. Quanto a mim? Ah, passei por cada coisa que você não pode nem imaginar. Daria outro post só para te contar. Síntese? Burnout, abuso de drogas, tentativa de suicídio, manicômio privado, repeat. Mais ou menos isso. Hoje já não trabalho, sou curatelado e passo os meus dias a escrever asneiras como essas que lhes são dirigidas nesse blog para um punhado de gente desconhecida ler. Raramente tenho mais de 40 visualizações. Escrevi um diário quando de um internamento no manicômio que sonho em transformar em livro, mas só se alguém meritório ou uma editora achar o material merecedor disso, não me publicarei por egolatria somente. Meu ego não é tão grande. O fantasma do meu pai, por outro lado, é imenso e castrador. Está sendo revisado. Mas não sei se vai ser publicado, justamente porque preciso dessa aprovação prévia para sentir que o material é válido. Mandei para Raimundo Carrero que disse que leria com prazer, mas não cumpriu o que prometeu. Foi um baque para mim. Mas estou de boa agora. Quando a revisão ficar pronta e a incrível revisora (como a chamo aqui) e eu acharmos que está redondo eu vou apelar para um tio meu que é secretário de comunicação e se este não der jeito eu saio mandando para as editoras que aceitam originais. Ah, eu e meu amigo redator, com o seu filho de 16 anos estaremos no Relaxa o Bigode no sábado provavelmente do finalzinho da tarde em diante. Tem uns chopes afrescalhados, uns petiscos legais (tudo carne) e uma radiola de ficha inacreditável. Querendo aparecer... fica em Casa Forte, na Estrada das Ubaias. Mas é óbvio que você não vai aparecer e vai achar isso tudo uma grande macaquice da minha parte. Como você pode ver eu poderia ser um dos personagens do circo de Natasha. Hahaha. Desculpe se continuo ridículo e com aspirações tolas como ver dois pombinhos felizes. Mas adoro dar essas cutucadas na existência. A existência é o melhor brinquedo que existe. Sempre que acho uma brecha brinco com ela. A estimulo sem saber direito qual vai ser a resposta, fico só na expectativa do que ela vai me mandar de volta. A existência é fantástica. Pronto, nisso eu mudei. Na maior parte dos meus dias, na maior parte das minhas horas, eu gosto de existir. Isso para mim é uma transformação radical e tremenda. É ótimo gostar de viver, levei 20 anos para chegar a essa conclusão. Minhas depressões sempre foram de rachar. Mas está tudo controladinho agora, tomo os meus remedinhos e faço a minha terapia, agora em busca de gostar de mim. É, ainda não aprendi esse detalhe básico, mas não perdi a esperança de descobrir ainda nessa encarnação, que acredito ser a única, por sinal. Ah, vi o seu filho, que guri bonito. Parabéns. Mostra pra ele o Meu Hulk e o meu Coisa. O Hulk é em tamanho real, diz a ele. Eu achando que você vai ler até aqui. Sou realmente muito sem noção. Ah, e conta pra ele que o meu elevador é cor-de-rosa! Hahaha.



Além de rosa, o elevador é monitorado por HAL. Hahaha.


12h32. Nossa, mas eu sou dado a passar vergonha mesmo. Parece que eu tenho uma vocação para isso. Que saco. Mas é a vida e segue. Tentei cutucar a existência para ver se faço o quase impossível acontecer. Mas só farei papel de um idiota sem noção. Que seja, pelo menos tentei. E você, superego, se comporte na frente da menina, não seja tão grosseiro como costuma ser. Pois é, amiga meu superego é ozzy. Gosta de me humilhar e me rebaixar e me fazer sentir como se fosse titica de galinha. Ou em outra metáfora fecal, a merda do cavalo do bandido. Hahaha. Estou na sétima página e a nova regra do blog é que o post não pode ter mais de sete páginas. Não sei se você leu até aqui e, em verdade, tenho vergonha de saber. Saiba que me diverti bastante escrevendo pensando que o fazia especialmente para você. E para você outro ou outra que porventura aporte por aqui por engano ou interesse. Mas principalmente para a minha amiga escritora, sem dúvida, ela e meu amigo redator foram os personagens que dominaram a minha cabeça no dia de hoje. O café acabou e tenho pouca Coca para tomar e poucas linhas para traçar. Saco é revisar e montar este post. Será que encararei o Thor? Estou com mais espírito para ele. Acho que vou encará-lo, sair dessa fixação de escrever e só escrever. Ou começo outro post, mas estou sem conteúdo, o que nunca foi um impedimento, mas quero me sentir um pouco mais uma pessoa normal, daquelas que usa o tempo livre para ver um filmezinho. Eita a página sete acabou, pulou para oitava. Hora de parar, palhaço imbecil. Obrigado por esse final, superego. Eu fiz por merecer. 12h45.


Adendo 16h23. Eu finalmente consegui assistir um filme! "Thor: Ragnarok"! Você não imagina a conquista que isso é para mim. Não quero ver outro agora, mas acho que verei mais nos próximos dias, quiçá hoje à noite depois do encontro com o meu amigo da piscina (se esse se der).

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