Voltei de Ju, ela me sugeriu uma acompanhante terapêutica
uma vez por semana. Eu disse que iria pensar no caso, desde que seja mulher e
jovem. Quem me dera bonita, mas aí já é pedir demais. Ela me perguntou por que
mulher e jovem, eu disse porque me intimidaria menos, eu iria me sentir mais à
vontade e seria mais agradável. Parece-me uma ideia interessante, seria massa
se tivesse carro. Se bem que existe Uber para isso. Não sei onde eu quereria
ir. Não há lugar nenhum que me apeteça. Talvez um passeio ao shopping para um
filme. Talvez uma caminhada até o parque do baobá. Sei lá. Ter alguém para
conversar no coração da semana, no coração da tarde, ainda mais mulher e jovem,
seria interessante. Me colocaria num movimento que não conseguiria e não
consigo fazer sozinho. Obviamente, se for bonita, eu vou acabar projetando
fantasias sobre ela. Talvez seja lésbica, mas se for mulher, jovem e bonita,
sendo lésbica ou não, está de bom tamanho. Melhor seria hetero, mas é tão
difícil psicóloga hetero. Bem, difícil não é, mas há muitas lésbicas no meio.
Se for gorda e feia vai ser uma decepção, mas acho que até assim encararia.
Sendo mulher. E jovem. Uma ida até o Açude seria uma. Nossa, estou tomado pela
ideia, é como se uma lufada de benfazeja brisa airasse as concavidades do meu
ser. É definitivamente uma possibilidade. Para depois da viagem.
17h50. Alguém apagou o post que coloquei no site da tal da
Camila Coutinho. Hahaha. Censura! Hahaha. Que pena, sem esse auxílio luxuoso
meu post não alcançará as 60 visualizações. Perguntei se apesar da censura, ela
havia lido. Fiquei curioso. Hahaha. Camila Coutinho, eu quero é que essa figura
exploda de tanto sucesso.
17h59. Outro assunto para me obsediar agora. Quem será a
minha acompanhante terapêutica? Eu disse a Ju que estava cansado, enfastiado de
pensar sobre o livro. Me perguntou do que achava sobre a atuação do meu tio.
Disse-lhe que achava que ele julga estar me ajudando mandando publicidade para
eu fazer e que não quer meter o seu nome numa publicação tão polêmica quanto a
minha obra, que julga não ser meritória, digna de publicação. Isso é o que eu
afiro da sua postura. Mas não me farei de rogado e pedirei que me ajude a
encaminhar para as editoras para avaliação assim que o livro chegar a bom termo
com a incrível revisora. Falamos sobre a minha relação com as margens da
sociedade. Eu disse que tinha piedade, compaixão e admiração pelos que estão à
margem da sociedade. Que eu mesmo vou até o limite das margens, que sempre fui
um transgressor. E que transgrido no modo de vida que escolhi, mas que admiti
não ser suficiente a vida que eu levo, que estou insatisfeito com ela. Ju ficou
satisfeita com a minha insatisfação e daí a sugestão da acompanhante. Me
lembrei do meu amigo redator com essa história de acompanhante. Hahaha. Nem
olhei muito para o meu Hulk hoje e agora é tarde, já anoiteceu e ele perdeu sua
exuberância de quando é dia. Estou com a acompanhante na cabeça. Aposto que Ju
vai querer me empurrar uma lésbica. Dificilmente me proporá alguém que me
encante, pelo menos é o que acho. Não adianta elucubrar sobre o assunto. Eu
ronco e babo quando durmo. Foi o que me veio à cabeça agora. Hahaha.
Dificilmente me acompanhará tão longe a tal acompanhante. Hahaha. O que é uma
pena, a depender da pessoa. E não, não penso em sexo, mas tão somente dormir
com alguém, saber uma garota na minha cama, observá-la dormir. Acordar e ela
ainda estar lá. Mas isso definitivamente não vai acontecer. Queria que meu
celular já estivesse carregado. Para me comunicar com Ju. Está numa fase Björk
a lista 6, que ótimo. Não sei o que dizer. Não queria esperar até a viagem para
começar esse experimento social. Queria antes, na próxima semana já. Nossa,
como queria que fosse uma gata. Me sentiria superbem. Me apaixonaria no
primeiro dia, tão carente estou. Hahaha. Eu já sei o que a acompanhante vai
dizer se eu puxar um papo romântico, ou que já tem namorado ou que é lésbica.
18h56. Fui comer uma paçoca com feijão agora e minha mãe
acha que eu deveria começar o mais rápido possível com a moça, antes mesmo da
viagem. Eu sinceramente acho também, estou tomado de esperança e fantasias. Ter
alguém, uma mulher jovem para conversar, é uma ideia fantástica. Que me deixa
ansioso de um jeito ruim e bom ao mesmo tempo. Eu só precisar ser eu e mesmo
assim ser escutado por uma garota é fantástico. Queria isso agora. Espero que
Ju não me venha com barangas. Quem me dera fosse uma garota atraente. Sei que
não trocaríamos carinhos, a não ser que ambos quiséssemos, mas sei que isso não
vai acontecer. Já penso até numa figura comprometida e gata que ela poderia me
sugerir. Já a sabendo comprometida, esfriaria os meus calientes ânimos, mas não deixaria de ser uma companhia agradável.
19h31. Me perdi no Pinterest. Meu novo passatempo. Minto.
Não me anima a ponto de ser chamado de passatempo.
19h48. Mandei um WhatsApp para Ju, sugerindo que
começássemos o experimento social antes da viagem e pedindo para ela não me
mandar nenhuma baranga. Hahaha. Acho que ela vai ficar ofendida. Agora já foi.
Não sei “desenviar”. Sei que é possível, mas não sei se quero desfazer o que
foi dito, prefiro uma figura bonita mesmo, não vou mentir. Estou com medo de
enfrentar esse contato com a acompanhante terapêutica agora que ele se aproxima
mais de sua concretude. Saco isso.
20h21. Ju riu e disse que amanhã me manda as possibilidades.
Ótimo. Excelente.
21h16. Estava conversando no WhatsApp com o meu amigo
redator que não poderá ir ao lançamento do livro amanhã e com meu amigo de
Lisboa que parece um pouco carente. Meu padrasto acaba de chega e reclama do
fedor no hall. Reclama em vão. É o preço da convivência com um fumante. Eu
estou mais na minha casa do que ele na dele. Não me incomodo com as gritalhadas
dele com a minha mãe e suas manias, que ele me deixe com as minhas. Comuniquei
à minha mãe que vou ao lançamento do livro amanhã e ela achou ótimo. Parece que
finalmente saio da minha péssima fase. Estou até animado com a viagem, veja só.
Será que tudo isso é por causa da possível acompanhante terapêutica? Sabe o que
penso fazer a respeito? No primeiro encontro? Que ela realize um desejo meu,
uma entrevista para o blog. Ela pergunta, eu respondo. Tudo pelo computador.
Vai ser bastante estranho para ela, mas é um começo bem ao meu estilo. Quem me
dera fosse uma gatinha. Estou torcendo por isso. Muito. É melhor não criar
expectativas. Mas a expectativa da entrevista não vou deixar de considerar.
Quem sabe não comece essa semana mesmo? Que ousadia. Sem ao menos me preparar
com Ju para o evento. Mas não descarto nada. “Ciranda da Bailarina”; pense numa
música que levanta o meu astral. Descobri isso um dia desses e confirmo agora.
A lista está passando em modo contínuo. Vai vir duas massas do Counting Crows e
depois The Cure a dar de rodo. É até melhor ouvir assim. “A Murder Of One” do
supracitado Counting Crows toca, depois vem “Colorblind” deles, para mim a
melhor da banda. Estou mais de bem com a vida e não acho que seja apenas por
conta da cafeína, acho que tenha a ver com essa ideia da acompanhante
terapêutica, que passarei a chamar de AT até saber o seu nome, se é que vai
acontecer mesmo. Mas não teria por que não acontecer. A não ser que eu não me
encante por nenhuma das alternativas. Ou seja demasiado caro. Vamos ver o que
Ju vai me apresentar amanhã. Obviamente pesquisarei no Facebook pelos perfis
das garotas. Se soubesse usar Instagram pesquisaria lá também. Acho que essa
possibilidade de ter uma mulher na minha vida, mesmo que paga para me fazer
companhia é uma ótima. Eu que há tempos não tenho isso e que sinto tanta falta.
Experiência social curiosa. Espero que deliciosa e agradável também. Estou
gerando muita expectativa a respeito disso. Ainda tinha Cranberries e uma banda
que toca uma música de Super Mario Galaxy antes do Cure entrar. Não me empata
em nada. Cure entrou. E com uma linda “Underneath the Stars”. Estou pensando e
pensando sobre a quem dedicar o livro amanhã. E a ideia me parece bem fixa na
cabeça. Nessa cabeça torta.
22h35. Fui tomar os remédios. Minha cabeça está repleta de
pensamentos sobre garotas, perspectivas, prognósticos, esperanças, confissões,
desabafos, encontros, desencontros, sonhos, muitos sonhos. Meu amigo redator já
sinalizou que quer ir para o Relaxa o Bigode no próximo sábado com o filho. Eu
de pronto concordei. Ainda mais para começar mais cedo e acabar quando o bar
fechar à meia-noite. Perfeito. Estou animado com a vida como a dias não me
sentia. Tudo conspira a favor para que hoje o dia seja especial. A consulta com
Ju foi boa, minha mãe está empolgada como eu com a ideia da AT, tomei muito
café, meu amigo redator já sinalizou um programa massa para o sábado, tomei
coragem de ir sozinho para o lançamento do livro, uma série de fatores que,
graças, vão além do meu livro, isso apareceu na sessão e permeou uma parte do
papo, mas não foi o assunto que definiu a nossa conversa. Estou excitado com o
porvir, não vai ser uma mera repetição do meu cotidiano. Não vai ser somente
sentar a bunda e escrever. Quero dar uma rosa para a AT. Hahaha. Juro! Qual a
explicação que darei a ela? Que faz tanto tempo que não faço uma gentileza a
uma dama que não poderia perder a oportunidade de fazê-lo. Apresentá-la ao
quarto-ilha e a entrevista na piscina. Estou... agora me bateu medo. Mas, como
Ju me disse pelo WhatsApp o medo surge sempre que uma novidade se afigura. Só
queria que fosse gatinha e legal. Só? Isso é o que todo homem quer, eu suponho.
Mas não poderei pegar nela. E acho que não vai ser gatinha, se for é muita
sorte e muita bondade de Ju. Veremos. Amanhã não poderia demorar mais a chegar.
Quem imaginaria, minha situação ficar tão crítica que eu precise de uma
acompanhante terapêutica para me colocar de novo no mundo. Para redescobrir o
que é intimidade com uma desconhecida ou talvez uma conhecida do CAPS, quem
sabe? Acho que estou esperando muito da AT. Preciso baixar o meu facho. Mas
será uma pequena grande revolução na minha vida. Mandei um e-mail para a
Cultura perguntando se eu lançar um livro de forma independente eu posso
colocar à venda lá. Não consigo ficar parado em relação ao livro por muito
tempo. Sempre me pipoca uma ideia – estapafúrdia – que sinto necessidade de
tentar. Vou pegar Coca e fumar um cigarro.
23h25. Eu gosto de entrar no meu quarto-ilha, mas a
permanência nele me cansa. Essa coisa a AT, se rolar, espero que mude um pouco
isso. Eu poderei fazer o programa que quiser com ela. Até passar uma tarde no
meu quarto, o que seria o último programa que eu escolheria, eu acho. A ideia é
me libertar do quarto-ilha, seria burrice ficar aqui confinado.
23h47. Me perdi no Pinterest. Estou com receio dessa
empreitada da AT não dar certo e eu não saber dizer não, interromper o
processo. Será que ela terá carro? Já me indaguei isso, já estou me repetindo
faz tempo. Acho que vou comer e dormir. Melhor que faço.
-x-x-x-x-
11h54. Acabei de acordar. Não encontro em mim a coragem de
ir só ao lançamento. Ou de encarar a AT. Muito menos ainda para isso. Tive um
pesadelo desesperador de que estava numa festa de universidade, calourada, e
todos começavam a virar zumbis e a única coisa que importava era sobreviver. Em
síntese foi isso. Não estou com disposição para escrever e não tenho café.
Ouvindo a lista 6 em modo contínuo já está em U2. “Rejoice” do “October”. Pelo
menos não estou de baixo astral. Ou não o sinto ainda. Acabei de dar uma boa
olhada para o Hulk sob a luz do dia. Vou pegar Coca que está acabando.
12h21. A Coca acabou. Mamãe disse que vai fazer café. Veio
aqui e cobriu o nariz com a camisa, está meio pesado o clima do quarto mesmo. É
sempre assim quando acordo. Hahaha. Obviamente se a AT for uma gatinha vai
rolar transferência afetiva. É inevitável, eu acho. Dado o meu grau absurdo de
carência. Não adianta, mil pensamentos me passam pela cabeça, não apreendo
nenhum. Ou quase, lembro das histórias do meu amigo redator, da ida ao
lançamento do livro e da AT. Legal que não me passou a história do meu livro.
Me passou agora que notei sua ausência do meu rol de pensamentos. Nossa, chegar
a um grau tal de isolamento que me seja necessário pagar uma pessoa para me
fazer companhia me envergonha. Não quero que a minha família materna saiba
disso. Não queria que ninguém além da minha tia-mãe soubesse. Ela já sabe,
mandei uma mensagem lhe contando. Mandei uma nova mensagem pedindo
confidencialidade. Bom o que tiver que ser será. Passeando pelas músicas do
“Rattle And Hum”. Vamos ver se o café me inspira mais. Espero que essa
empreitada da AT seja bem-sucedida e útil para a minha pessoa. Vidinha
medíocre. Precisar de um expediente desses para me socializar, para ver coisas
novas. Acho que terei que ir ao Bompreço antes de ir para o lançamento do
livro. Preciso comprar Cocas e cigarro. Dois itens de primeiríssima necessidade
para mim que não existem mais nessa casa para além da carteira de cigarros que
tenho para fumar hoje. Estou animado com o encontro no Relaxa o Bigode no
sábado. Meu amigo redator se diz confiante que as mídias convencionais vão
sobreviver às mídias de internet. E deu como exemplo que o maior anunciante de
TV seja um site de turismo. O que parece incoerente com a tendência. Eu já sou
um pouco mais cético em relação a isso. Acho que tudo converge para a internet.
13h13. Estou vazio de pensamentos, espero que mamãe tenha
feito o café, preciso do meu dopping
diário de cafeína para funcionar bem.
13h39. Uma xícara e meia de café depois estou cá de volta.
Ainda sem inspiração. E sem saco para ir a lançamento de livro ou ao Bompreço.
Tenho que preparar o meu espírito para ambas as coisas. A lista 6 recomeçou uma
vez mais. “Them Bones” do Alice In Chains tocando.
13h59. Tive que reiniciar o computador para atualizar o
iTunes. Me sinto mais desperto, mas igualmente sem conteúdo. Do que quero falar
não cabe aqui no Profeta. Ah, meu tio ainda não viu as mensagens de WhatsApp
que mamãe mandou para ele. Não importa, uma vez com o livro revisado eu
entrarei em contato com certeza. “Orange Sky” de Alexi Murdoch, uma música que
fala de amor de irmãos. Garimpada pelo meu irmão que mora nos EUA e nos dada de
presente, a mim e à minha irmã que mora na Alemanha e a qual vou visitar dentro
de alguns dias. Estou menos indisposto com a viagem, mas não estou disposto
hoje como me encontrava ontem. Ontem foi um dia singular, estava animado com a
vida e suas novas possibilidades, não me encontro com similar empatia pela
existência hoje, estou mais contido e ensimesmado. Uma desesperança em relação
à AT me toma. Se não for gatinha, perderá metade do encanto para mim. Vamos ver
quem Ju me sugere. Já estou me repetindo demais nesse tópico. Acho que é a
falta de conteúdo ou/e a esperança de a AT ser alguém apaixonável do meu ponto
de vista. Não acredito que vá conseguir seduzir a AT se ela me for sedutora.
Mas gostaria muito que ela fosse agradável aos olhos e à cuca. Minha tia-mãe me
respondeu que nada contou da AT e que não contará. Ótimo. Preciso fazer o mesmo
pedido à minha mãe.
14h24. Acabei de pedir, ela concordou. O irônico é que
reparto isso aos quatro ventos aqui, mas sei que além da minha tia-mãe e sua
irmã ninguém mais da família lê, então estou de boa. Preciso ir ao Bompreço.
Sem saco nenhum. Preciso ir até as 15h00. São 14h27. Tomar coragem. Se
estivesse acompanhado, iria sem problemas, tendo com quem conversar é outro
astral, torna-se um passeio e não um fardo. Vou botar mais uma xícara de café,
quando acabar, eu vou. Nem botei a xícara toda, acho que vou fumar um cigarro
antes de ir, acompanhando esse café, já que não tenho nada a dizer aqui. É bom
que ainda estou na quinta página sobra tempo para dizer como foi o negócio do
livro.
14h38. Bem, fumei o meu cigarro, tomei o meu café e, mesmo
sem disposição nenhuma, vou encarar esse Bompreço porque tenho necessidades
básicas a serem supridas. Hahaha.
Assunto: Natasha
17:15. Estou no local de lançamento do livro. Estou morrendo
de vergonha. Vim sozinho e já cumprimentei dois amigos da época de faculdade.
Um se reproduziu, não sabia e a julgar pelo tamanho do bebê acho que é uma
recente novidade. Estou, como sempre, me escondendo nas palavras. Espero ter
coragem de comprar e pegar os autógrafos. Minha vontade é pegar um Uber e sumir.
Eu não fiz a festa devida por causa do bebê. Não soube fazer. Não me senti
disponível para tal. Acho que minha amiga escritora já está no recinto. Está
sentada na mesa principal escrevendo, só não consigo ver o rosto. Estou muito
errado, nossa. As fotos que tirei hoje mostram como a realidade pode se
afigurar de formas completamente diversas num único dia. Parece que ela está
dando uma entrevista. E está sendo filmada. Me projeto na mesma situação e
sinto um calafrio. Para ela é mais fácil, eu acho, afinal é professora. O que
posso dizer da situação? Me sentei bem isolado das pessoas. Preciso tomar
coragem para comprar o livro, aliás, os livros, e pegar os autógrafos. Ai, ai,
ainda não me sinto apto. Ainda mais com alguém filmando. Como me meti nessa? Se
estivesse com a acompanhante gatinha ou com o meu amigo redator, seria uma
situação social bem mais fácil. Acho que vou ficar para o final. Talvez seja
mais tranquilo. Talvez seja tranquilo demais. Talvez o mais salutar seja no
momento de maior concentração, quando eu serei apenas mais um. Nossa, será que
sairei daqui sem livro? Não posso ser tão bicho do mato.
17:47. Meu amigo redator me pergunta se já peguei o livro,
os livros. Às 18:00, faça chuva ou faça sol, eu vou lá. Tenho dez minutos para
me preparar para isso, que situação ozzy. A fila já está grande, acho que não
vai ser tão difícil quanto estou projetando aqui na minha neurose escrita. A
música ambiente ao vivo é agradável e deixa o ambiente menos hostil. Penso na
AT. Cinco minutos para enfrentar a parada. Quatro. Que ozzy. Mas é a vida e eu
vou cumprir a missão. Três minutos. Ainda vou ter que mandar o abraço para o
amigo que se reproduziu do meu amigo redator. Dois minutos. Saco. Um minuto.
Não há por que protelar mais. Vou nessa, encarar o desafio.
Assunto: Pós autógrafos
18:28. Peguei os autógrafos. Foi difícil, mas sobrevivi.
Estou contente e com o coração ainda retumbando dentro do peito por causa da
adrenalina. Ela é uma mulher interessante, seria massa se ela e meu amigo
redator se reentendessem. Vou fumar um cigarro e voltar pra cá. Está friozinho
e tem onde sentar. Mas preciso fumar.
18:54. Fumei e voltei. Vou dar um tempo até as 20:00. Aqui e
quando terminar, lá embaixo. O que posso dizer? Aqui parece que já se aproxima
do fim. E não posso gastar muito mais bateria por causa do Uber. Mas acho que
dá legal para escrever mais um pouquinho, 66%. O filho dela é bem bonitinho.
Está vendo algum desenho por celular com outro guri aqui na minha frente.
Mandei a foto da dedicatória para o meu amigo redator. Acho que ele gostou
bastante. Vou parar de responder. De repente, se a galera for daqui para algum
lugar... Não. Não teria coragem. E só tenho três cigarros e dezoito reais no
bolso. O negócio está acabando mesmo aqui. Acho que já-já saio de fininho.
Consegui fazer tudo o que me propus. Só não consegui dar o abraço e dois
beijinhos, mas não me propus a tanto. Ah, uma foto da minha dedicatória.
19:18. Está chegando a hora de partir. Acho que vou dar o
ninja. Dou um tempo de 40 minutos lá embaixo e chamo o Uber. É, é o melhor a
fazer. Vou nessa. Continuo o post de casa.
20h51. Cheguei em casa. Ah, as fotos das diferentes
realidades pelas quais passei hoje
Acho que imagens valem mais do que mil palavras. Da completa
miséria à arte, passando pela compra de artigos fúteis num só dia. É uma grande
variação. Por falar em variação, Ju esqueceu de me mandar referência das ATs.
Ainda bem, meu espírito já sofreu oscilações demais por um dia só. Estou de bem
comigo, ainda bem.
21h46. Minha mãe chegou e quis ver o livro e a dedicatória.
As dedicatórias. E quis que eu tomasse o remédio, o que já fiz. Tenho uns
filmes massa para assistir, de zumbi, estou ficando motivado a assisti-los,
isso é um ótimo sinal. Preciso recomeçar a assistir filmes. É uma coisa boa, me
desfoco disso aqui. Espero que tal ímpeto continue amanhã. Quando acordo parece
que meus desejos evanescem. Sei lá que me dá o sono que me rouba dos meus desejos.
Vou experimentar o Grego de frutas vermelhas da Betânia.
22h24. Que decepção. Ele é branco com um gosto estranho e
tem uma calda de “frutas vermelhas” no fundo. Espero que o meu padrasto goste.
Eu não mais os comerei. O pior que peguei doze. Bem, onze agora. Detonei um
Bono de morango também. Não vou comer mais nada hoje. Será que terei disposição
para ler “Natasha”? Fico na dúvida.
22h50. Estou entediado, acho que vou jantar e vou dormir.
Amanhã, reviso e posto isso.
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