terça-feira, 28 de março de 2017

GUARDO O MEU PAI NO ARMÁRIO

Recife, 25 de março de 2017.

Guardo as cinzas e os restos de osso carbonizados e triturados do meu pai num saco plástico no meu armário. Não é uma coisa que me agrada, mas também não é uma coisa que me incomoda como pensei primeiramente ser o caso. Acho que isso fala bastante da relação que eu tenho com cadáveres e com a morte. Para mim, quando a vida se vai do corpo, o corpo deixa de ser uma pessoa, vira carne em decomposição. Por mais que retenha o aspecto físico de quem animava o corpo, esta que é a parte essencial, que é a pessoa de fato, não está mais lá. Não guardo, entretanto, os restos mortais do meu pai no armário por escolha, ou alguma fixação mórbida, mas sim por força das circunstâncias. Aguardo a oportunidade de ir a Macau, terra natal dele, para jogar as cinzas na maré em frente à sua casa, por ser um desejo manifesto e reiterado seu de que seu corpo fosse jogado lá. Provavelmente só conseguirei levar a cabo este intento quando o meu irmão vier dos EUA nesse final de ano. Acredito que ele seja o único da família com sangue frio para realizar comigo o que para os demais membros da família parece ser uma missão funesta demais. Ou pelo menos é assim que percebo. Já eu vejo tal ato como uma reverência à lembrança do meu pai, a tudo o que ele significou e a tudo que Macau significou para ele. Entendo o seu desejo pois ouvia as suas histórias de nostalgia dos tempos de mocidade vividos lá e de como foram importantes tais tempos para a sua formação de caráter, para o bem ou para o mal. Mas acredito que mais para o bem. Descrevia os tempos em que lia histórias em quadrinhos à luz de candeeiro, ou das coleções de “cédulas” de carteiras de cigarro, ou do comércio informal de revistas que fazia em frente à loja do seu pai, meu avô (obviamente). Falava das madrugadas em que tinha que acordar às 4h30 para levar um copo de água com limão para vovô na loja, ou dos discursos e recitais que, cheio de vergonha, era obrigado a fazer para homenagear convidados ilustres de vovô. Ou dos solitários e meditativos momentos de paz nas demoradas pescarias que fazia na maré onde planejamos jogar as cinzas, momentos que ele tinha em alta conta, como muito preciosos em sua vida.

0h41. Mas fui dar uma olhada no Facebook e nas janelas abertas no browser como um todo e, para variar, perdi o fio da meada. Sei apenas que acredito que estejamos tomando a decisão adequada em relação ao destino a se dar ao que um dia foi meu pai. No mais, como fui dormir tarde, acordei igualmente tarde e emendei logo com compras com a minha mãe, que são verdadeiros momentos de tortura, pois ela nunca segue as listas de compras que elabora e precisa percorrer todos os corredores do supermercado e olhar tudo, pegando várias coisas que não estão na lista, aliás, a maioria das coisas que ela acaba levando não estão na lista, o que é bastante enfadonho para quem acompanha, ainda mais se for uma pessoa mais prática e objetiva como eu. Vi o som que queria comprar lá, a versão com menos Watts, mas quando o vendedor colocou o pen drive e começou a aumentar o som, achei bastante alto. Vamos ver como ele se sai com um CD meu. E se o Bluetooth funciona com o Spotify de mamãe. Mamãe ficou de voltar lá comigo amanhã. E comparar os preços com o do Hiper. Seria supermassa se no Hiper tivesse a versão com 440 Watts por um preço camarada. Achei o de 440 Watts pelo mesmo preço do de 220 no extra, só que só na modalidade “retirada em loja” sem entrega pelos Correios. Vi que o Walmart também tem o som e parece que o Walmart, segundo mamãe, tem uma política de preços de cobrir qualquer oferta da concorrência. Tanto é que já imprimi a página do site do Extra com o preço promocional para levarmos amanhã, se ela estiver mesmo disposta a fazer isso. Como não achei os CDs da coletânea do REM, levarei os da coletânea do Radiohead que apresentaram o mesmo problema no meu som, além da “Nona Sinfonia” de Beethoven, para ver como o som se comporta com ela.

2h33. Passei esse tempo todo pesquisando e viajando no som na internet. Mas só compro depois de testar o drive de CD. Vou dormir agora. Por mais que quisesse continuar escrevendo. Mas não sobre sons. Também não tenho muito o que dizer. Talvez voltar a falar da morte. Depois de perder meu tio-herói e meu pai eu meio que me empederni em relação a mortes, acho difícil outras me gerarem o mesmo impacto. Embora fique chocado em como a minha mãe esteja envelhecida tanto física quanto psicologicamente. A impressão que eu tenho é a de que ela não vá chegar à idade da minha avó. Não inteira como a minha avó está. Eu já acho a minha avó mais disposta fisicamente que a minha mãe hoje, que dirá daqui a 20 anos? Isso me preocupa. Perder minha mãe me preocupa, há um laço muito forte entre mim e ela. Um laço que eu acho que ela joga para me enlaçar e eu me permito ser preso nesse laço. Apesar de todo esse enlace emocional, não sei se me abalaria a morte dela. Acho que nenhuma morte me abala mais. Talvez a do meu irmão. É interessante que mamãe é de uma geração teoricamente mais saudável e preocupada com o corpo e que tem a disposição todo um aparato médico que meus avós não tiveram à época e mesmo assim ela me parece mais deficiente pela idade que sua própria mãe. Acompanhar a decadência física e mental da minha mãe é como viver um luto prévio. Acho que para ela, como para vovô, seu pai, a morte quando chegar vai ser um alívio, uma libertação, tanto para ela e quanto para os que a cercam. Esse tipo de perda é o mais fácil de lidar. Bem mais fácil que uma morte inesperada, como foi o caso do meu pai. A hora mais difícil para mim, no caso do funeral do meu pai, foi o enterro. Ele ficou no “andar” mais baixo do jazigo triplo que meu tio tem no Morada da Paz e o fechamento da cova foi bem demorado e, para mim, claustrofóbico. O que selou para mim qualquer possibilidade de vida naquele corpo que parecia dormir. Outra coisa que me causou extrema impressão foi ver uma formiga caminhando desenvoltamente pelo seu rosto, coisa que qualquer pessoa viva meteria a mão para tirar, por causa do incômodo das perninhas cutucando a pele da face, mas ele, morto, cadáver, nada fazia e a formiga caminhava livremente pela sua fronte. Foi outra confirmação de aquilo ali dentro do caixão não era meu pai. Minha estratégia em funerais é não ficar olhando muito para o caixão, para que a ilusão de que a pessoa está apenas dormindo não crie pernas e braços na minha cabeça. Se bem que depois de observar quatro corpos de pessoas queridas em menos de dez anos, eu meio que me acostumei com a perda oriunda da morte. Novamente, se fosse a morte do meu irmão e talvez da minha mãe – a depender das circunstâncias – eu me emocionasse. Graças aos céus, acredito que meu irmão vá depois de mim, é mais jovem e não abusa nem nunca abusou do corpo dele, embora abuse da mente, o que também é danoso, mas meu padrasto abusa de sua mente e está aí inteiríssimo. Talvez eu é que tenha hipersensibilidade ao estresse – e esse é um dos sintomas da minha condição de bipolar, eu acho –, mas não suportaria a carga de pressão que meu irmão e meu padrasto e até minha irmã incidem sobre si próprios. Mas o pior de todos acho que é o meu irmão, pois ele não descarrega o estresse em ninguém, ele o acumula não sei onde nem de que forma. Eu me estresso facilmente hoje em dia, alguma coisa fez com que meus nervos ficassem mais à flor da pele com o passar dos anos. Acho que meu isolamento na minha bolha que é minha zona de conforto e o fato de ela ser raramente perturbada, torna qualquer saída dela um momento de estresse e moderada angústia. A vontade que tenho é a de gritar “me deixem em paz! Façam isso por mim”. Mas esse é um pedido egoísta e que me empurra mais fundo para o meu isolamento. Se por acaso minha mãe morrer e eu ficar sob guarda do meu irmão, acho que não sairei mais do porão de sua casa, onde será o meu provável quarto. Lá onde ele mora, tudo é longe e tudo se faz de carro. Não tenho paciência para passeios com os meus sobrinhos, que acho que é a principal razão de saída para a minha cunhada durante a semana. Não terei amigos, será um tédio infinito. Embora ache Munique mais aprazível, pois tudo é perto e a tudo se vai de transporte público, lá, provavelmente, eu acabaria viciado em heroína e meu destino seria ainda mais trágico. Mas preciso dormir. 3h19. Amanhã continuo mais um post sem pé nem cabeça.

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16h50. Minha mãe foi descansar, mas já confirmou que vai ver o som no Carrefour e no Hiper comigo hoje. Deveria estar mais excitado com isso, mas confesso que não estou nem um pouco. Separei os CDs da “Nona Sinfonia”, da coletânea do Radiohead (visto que não encontrei a coletânea do REM) e o de Sandy, que ficava pulando no meu som atual. Com esses três acho que terei uma ideia abrangente da qualidade do toca-CDs do aparelho e da qualidade de som. Fora isso, testar o Spotify de mamãe no Bluetooth.

17h00. Não estou com saco nenhum de ir. Acho que em parte isso se dê porque o CD do U2 que venho ouvindo cotidiana e repetidamente não pula. Mas a maior parte é simples e pura preguiça. Acordei agora há pouco. Almocei, o que me dá preguiça e sono, e o banho foi morno, logo, relaxante e não estimulante como um banho gelado. Odeio banhos gelados, embora seja uma questão de costume. Já morei em dois apartamentos que só dispunham de banho gelado e me acostumei com o incômodo choque térmico e por vezes, quando vinha andando e o verão estava a pino, até achava o efeito de uma prazerosa refrescância. Tive de tomar recentemente um banho gelado aqui em casa, especificamente quando fui me aprontar para ir à CiBrew com o meu primo e o gás do prédio ainda não havia sido religado (nosso sistema de aquecimento de água é um boiler a gás).

17h30. Passei o endereço do meu blog para a ex do meu amigo e o primeiro post que aparece é justamente o da ida a CiBrew que relata o meu encontro com ela. Não sei o que achou e se leu. Acabei de perguntar. Não sei se ela me responderá mais, caso tenha lido. Há uma grande probabilidade de não fazê-lo. Muitas vezes assusto as mulheres por meu coração pular etapas. Acho que é o que vai se dar aqui. Mas eu sou do tipo que ladra e não morde. Puxei papo com uma amiga, a que eu achei que estava meio que dando bola de leve para o meu lado no dia da CiBrew, mas não estamos falando de nada relacionado a afeto. Não quero entrar nessa seara. Nem quero que saiba que pensei isso dela, pois devo estar redondamente enganado. E essa minha percepção distorcida, se descoberta por ela, pode causar um clima chato entre nós.

18h00. Mamãe já acordou e fala ao telefone. Acho que não demora agora para a ida ao Carrefour. Se bem que ela precisa se arrumar e não vai fazer isso enquanto o meu padrasto ainda dorme, acredito. Estou com mania de dar longos suspiros quando algo me desagrada, isso é muito chato para quem está interagindo comigo. E o pior é que é um cacoete meio automático. Acabei de dar um longo suspiro ao pensar nessa hipotética ida aos dois supermercados. Espero que estejam menos lotados que ontem, mas tenho as minhas dúvidas. Não conheço do comportamento de manada em relação a supermercados do recifense. Só sei que quando recebem dinheiro é quando geralmente vão. Só quero ir no Hiper por causa da promessa de cobrir qualquer preço da concorrência e ter o som de 440 W que encontrei por 650 reias na internet. Apenas 50 reais a mais que o som que de 220 W no Carrefour. Seria uma baita barganha se isso se desse. Por isso, vale a investida no Hiper. Só por isso. Pode ser que nem tenha esse som lá. Espero que sejamos práticos e objetivos nessa saída.

18h27. Fui pegar Coca e descobri que mamãe estava falando com o meu irmão, ela me obrigou a falar com ele, mesmo não havendo nada de novo a acrescentar de ambos os lados. Tanto é que nos falamos por dez, quinze segundos, no máximo. Constatamos a falta de assunto, rimos disso, e foi esta a nossa conversa. Não estou com disposição para escrever. Mamãe ligou para vovó e acabou agora, 18h35, a ligação. Meu padrasto acordou. Acho que vamos nos preparar para levantar velas rumo aos supermercados. Provavelmente acabarei ficando com o som do Carrefour, seria uma pequena loteria achar o som de 400 W no Hiper e aceitarem o desconto bastante substancial da oferta que imprimi da internet. É pagar para ver. Só espero que mamãe não vá ver outras coisas nos supermercados. O Vaporfi já está com gosto de queimado. Em breve terei de substituir mais um atomizer. Espero que não pegue outro defeituoso. É de abismar como o meu padrasto fala de forma autoritária, ríspida, alta e professoral, mesmo coisas bestas. É como se estivesse em sala de aula o tempo inteiro. Salvo raras exceções, esse é o seu tom cotidiano de comunicação. Talvez ele dissuada minha mãe de ir em busca do som. 18h48. Se os supermercados fecharem mesmo às 20h hoje, o tempo começa a ficar exíguo. Agora que estou com a minha alma preparada para ir, só falta a coisa toda dar para trás. Não tenho cara de pressionar a minha mãe. Ainda mais ela estando sob tutela do meu padrasto. 18h55. Uma hora até as lojas fecharem, segundo estimativa de mamãe. Como meu ânimo mudou e estou com vontade de ir em busca do som, começa a me enervar que minha mãe, sob comando do meu padrasto, esteja vendo televisão e que o tempo esteja escasseando para realizar nosso intento sonoro hoje.

19h14. Pesquisei na internet e descobri que tanto o Hiper quanto o Carrefour fecham às 22h hoje. Espero que esta informação esteja correta. Vou esperar até meu celular carregar 100% e perguntar se mamãe vai. Ele está em 83% da carga. Creio que em mais 20 minutos chegue aos 100%.  Eita post chato. Mais um que não vou divulgar nas redes sociais. Se bem que tem todo aquele papo sobre morte que acho que vale esse post. Pode ser também que consiga comprar o som, o que daria um desfecho positivo a essa parte chata da postagem. Vou pegar Coca porque necessito e para dar uma pressãozinha em mamãe com a minha presença.

19h22. Funcionou. Ela se sentiu pressionada e disse que eu esperasse um pouco que já-já ela vai.

19h50. Passei de mais uma fase do Yoshi e minha mãe nada. Daqui a pouco o tempo vai ficar curto até para as 22h.

22h32. Som de 400 W devidamente comprado e instalado e passando, via Bluetooth, o “Sim” de Sandy do Spotify de mamãe. Estou muito impressionado com a qualidade do som do aparelho. Em comparação com o antigo, este tem um som mais nítido e com mais profundidade, mais rico de forma geral, mesmo que não esteja alto. Foi bom tem comprado um som mais potente, pois eu acho que as caixas, mesmo tocando baixo, tem melhor resolução. Pode ser só impressão, coisa da minha cabeça, mas acho que há um pouco de verdade nisso. Nunca tive um som tão potente na minha vida e, para mim, é uma verdadeira revolução. Meu padrasto não quer dar o braço a torcer mas acho que o CD tem mais nitidez que o Spotify, pelo menos na velocidade de conexão que eu ouvi. Não sei se mp3 pode se equiparar a qualidade de um CD, talvez sim, mas eu percebi uma certa diferença e não sou lá esse prodígio em audição. Não era uma diferença gritante, só achei o som do CD mais limpo e nítido. Em uma palavra, estou muito feliz com a aquisição. É interessante as diferenças de comportamento dos públicos de Sandy, ao menos. O show que ouço agora, gravado em Niterói, até onde sei, tem um público que acompanha muito mais com palmas do que o público de Recife fez aqui, mesmo a pedido da cantora. O de Recife, entretanto foi muito mais efusivo nos aplausos após cada canção e ao identificar qual música iria ser cantada. Só uma curiosidade inútil. Com um som tão bom – para as minhas condições financeiras – é um bom momento para se estar vivo. Sei que é uma felicidade material e consumista, mas ouvir músicas com mais qualidade e mais potência é um deleite para mim. Seria uma pena ter que voltar ao meu padrão antigo. Por falar nisso, tenho que testar o CD de Caetano nesse som para ver se ele não pula, mesmo estando relativamente arranhado. No som da loja não pulou em nenhum momento. Não espero nada de diferente no meu. Mas vou aproveitar que estou com o celular da minha mãe para ouvir Sandy e Nirvana, e seguirei me utilizando de seu celular enquanto não tiver oportunidade de comprar os respectivos CDs. Mas acho que chega de música. A ex do meu amigo disse que quando tivesse acesso a um computador leria o meu blog. Enquanto não o fizer não postarei nada. Afinal quero que ela leia o primeiro post que aparece, pois trata justamente, em parte significativa, dela. Quero saber como reage a minha visão de sua pessoa, tanto estética quanto emocional. Esta última certamente gerará ruído na nossa relação. Talvez a invalidando, inclusive. 23h11. Tenho que começar a pensar em parar a minha farra literário-musical e ir dormir, pois amanhã tenho CAPS, com grupo AD logo no primeiro horário, aliás, no segundo. O som só tem dois poréns: é muito grande e muito feio. Mais feio do que grande, mesmo assim é bem maior que o anterior, que, por comparação, tinha ou tem, já que não cessou de existir, 150 W. Penso em colocá-lo no brechó para venda. Minha vontade maior era dá-lo a alguém que não tem som. Pensei na Gatinha. Se bem que acho que, como eu, ela só teria raiva com o som. Ah, e ela tem Spotify e uma caixa Bluetooth. Está bem servida de música. Não precisa de um som “normal”. Pensei também e primeiramente nas empregadas aqui de casa, mas perdi a antena AM/FM do som. Um som com toca-CD defeituoso e sem antena AM/FM é praticamente um som inútil. A parte mais útil é a entrada de Audio In para que a pessoa possa plugar um celular, ou outro dispositivo com saída para headphones e tocar músicas a partir dele. Bom, não sei o que fazer com o som. Acho que vai para o brechó mesmo. O gelo da geladeira está acabando. A garrafa de Coca também. A garota que quero que leia o blog com quem encontrei e falei pouco, disse que detestava refrigerante e que fazia muito mal. Mal sabe ela que é uma compensação minha por não estar bebendo nada alcoólico. E também que sou viciado na “água negra do imperialismo”, como meu pai costumava chamar a Coca-Cola. Dos males o menor. Melhor a Coca-Cola que a coca ou a cola. Por mais que nunca tenha tido problemas com o primeiro, só usei três vezes na vida e não senti nada de relevante. A cola, por outro lado, já me levou a um estado de alteração mental que considero “o nirvana”, quando senti que eu e o universo éramos uma coisa só. Foi um dos momentos de maior prazer e iluminação da minha vida. Então não posso menosprezar o poder e o papel que a cola tem na minha vida. E que, se bebo Coca e não uso cola, estou num lucro absurdo. A cola é muito mais danosa que qualquer refrigerante. Isso sem mencionar o crack, que é a desgraça em forma de droga. Ainda bem que com o crack eu só pus um pé do outro lado da linha que separa o uso recreativo do vício. Se tivesse entrado com os dois pés, certamente estaria numa situação muito pior e não teria dúvidas sobre que destino dar ao som antigo: trocar por pedras. Ainda bem que não entrei nessa. Meu mergulho não foi de cabeça, por mais que tenha insistido na história. Mas a vontade de usar só me dá quando bebo algo alcoólico. Álcool sem dúvida me puxa para o crack. Novamente entre Coca e crack, fico com a primeira, sem pestanejar. Crack é a droga mais sem futuro que já experimentei. Só dá fissura e a necessidade pungente de saciar a fissura. Eu já dava um “tiro” pensando no próximo. Coisa horrível, devastadora. E muito cara. 23h58. Começou Nirvana. “In Utero”. A mensagem que eu capto do disco é uma só: fuck the system. Estou com sono, acho que são os remédios, mas é só eu deitar na cama que começo num levanta e deita muito chato. Vou pegar mais Coca. 0h03.

0h09. Não me controlei e comi quatro pedacinhos do Suflair que comprei ontem para mim. Adoro a sensação táctil na língua das bolinhas de ar. Sei que em tese estou comprando ar por preço de chocolate mais esta sensação deliciosa compensa. Percebo também que os meus dentes estão mais sensíveis a coisas doces. Eles ficaram e ainda estão meio doloridos depois de comer o chocolate. Talvez seja a Coca corroendo minha arcada dentária. Não duvido. Pode ser a idade também. Pode não ser nada disso. Sei lá. E não intendo descobrir. 0h17. Fui checar o Facebook para ver se já havia resposta da figura sobre o meu blog, mas até agora nada. Acho que ela vai cortar relações comigo. Nada de surpreendente nisso, mas não deixa de ser desagradável. Não gosto de climas ruins. Mas que estímulo estava eu querendo criar repartindo o texto com ela? Eu bem sei o que queria criar, mas já o sabia inviável. Acho que inconscientemente quis destruir a relação. Sei lá, de novo. Minha cabeça é tão complicada. Conscientemente, eu gostaria de construir uma relação, mas agora nem sei mais se quero. Fique muito encantado com a sua presença na CiBrew, mesmo assim não acredito que ela seja alguém que vá se encantar por mim. Ainda bem que a minha fantasia com ela é muito embrionária, então fácil de ser extirpada. Não será uma grande frustração se ela decidir que não devamos mais nos falar pelo Facebook ou por qualquer outro meio. 0h27. Não estou inspirado para escrever. Não adianta ficar falando da garota, isso não mudará nada. O que mudará é minha postura, muito embora não saiba que postura tomar. Ora, claro que sei! Eu tenho que tomar apenas a postura de amigo. Bom, vou digitar um pouco dos diários. 0h49. Já?! Não. Então vou acabar de tomar o copo de Coca e ir me deitar. Coloquei o disco de Caetano, “Livro”, que está meio arranhado para ver se não pula e estou impressionado como consigo ouvir com clareza todos os instrumentos e perceber a riqueza dos arranjos do disco. E já está na terceira música e nenhuma pulo. Acho que vou dormir ouvindo o disco. Segundo li, o som se desliga após 20 minutos sem utilização. O meu antigo som também tinha essa função. Parece que nesse ela pode ser desativada, mas não quero fazer isso. Prefiro que fique ativa. Incrível a diferença de um som para o outro. Nunca ouvi esse disco com tamanha clareza e profundidade de som, e eu já ouvi bastante, diga-se de passagem. Este é realmente um dia feliz para ser eu. Amanhã vou testar o disco de Mallu Magalhães, o “Pitanga”, que é cheio de barulhinhos também. E “Blackstar”! Há tantos a serem degustados no novo som que nem sei. 1h00. Hora de ir para a caminha. Vou ligar logo o ar para esfriar a cama. O som do ar atrapalha um pouco a audição das músicas. Que pena. Amanhã tenho que digitar os diários sem falta. Quero acabar logo para mandar revisar e publicar na Amazon para Kindle. Uma grande pena que o aplicativo da Amazon que converte para formato Kindle não pegue no Windows 10. Tenho que me confiar em outros aplicativos e sites da internet. Bem, preciso digitar primeiro e organizar os textos em um só arquivo, criar um sumário com hyperlinks para cada dia de cada diário. Vai dar um trabalhão. Mas é a obra que tenho para publicar. É isso. Dou por terminado este post. Mas só o publicarei depois da resposta da garota. Talvez acrescente aqui sua percepção sobre o texto. Ou os textos. Não sei se lerá mais de um (o que acho difícil). 1h25. Vou me deitar. Fumar, tomar o restinho da Coca e voltar para o perrengue que é tentar dormir tendo acordado de 15h. Mas fui dormir de mais de 3h. E ainda tenho que revisar essa porcaria toda. Pelo menos farei isso ouvindo música num som decente. Hahahaha.

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12h58. Voltei do CAPS. Como estou num bom astral, muito por causa do meu som novo, a composição do cartão postal e o texto no primeiro grupo foram alegres e leves (ainda mais tendo como inspiração a música “Felicidade” de Marcelo Jeneci). O postal saiu assim:





Depois fomos convidados a escolher duas ou três palavras dentre inúmeras recortadas. Escolhi “acreditar”, “consistente” e “diferente”. E o texto que elaborei baseado no postal e nas palavras foi o seguinte:

“Felicidade independe de classe social. É mais uma questão de postura, de acreditar que a vida é boa e merece ser vivida. A felicidade é diferente de pessoa para pessoa e embora a felicidade não esteja presente todos os dias e a todas as horas, para quem enxerga o lado bom da vida, ela é bastante consistente.”

No grupo AD, mencionei o episódio frustrante do brownie e ia falar do som, mas ainda bem que não falei, fui interrompido e minha fala, porque uma das minhas companheiras de grupo havia gastado o que não podia com bebida e outra estava pagando como promessa, da quaresma, se não me engano, de não comprar nada, pois tem compulsão por compras, então falar da aquisição de um item que não é barato pegaria supermal dentro desses contextos, na minha opinião. Eu ficaria muito embaraçado de contar sobre o som e depois ouvir esses dois depoimentos. Dei sorte de ter sido interrompido. Espero que a maré de bons acontecimentos ou pelo menos a ausência de acontecimentos maus, persevere por mais algum tempo. Por falar em bons e maus acontecimentos, a garota, ex do meu amigo, não respondeu sobre o post, logo não leu, nem sei se lerá. Serei otimista e aceitar de forma positiva qualquer que seja o resultado desse ímpeto meu de repartir o texto com ela. O deadline para ela ler será hoje. Pronto está dado. Amanhã publico esse post.

Estou ouvindo “Livro” de Caetano de novo, um pouco mais alto, pois agora é de manhã, e percebo ainda mais a riqueza dos arranjos. Com limpidez fantástica. Ih, já deu o primeiro pulo no CD. Será que estou amaldiçoado ou o CD está muito arranhado? De qualquer forma, não trocaria esse som, que acho que tem bons graves (nos quais posso ainda posso dar um boost apertando botão “bass blast”), mas não sinto necessidade disso. Quando acabar este disco. Vou ouvir do U2 e depois provavelmente o de Mallu. Mas acho que já falei isso lá em cima.

Acho que posso falar um pouco de morte, visto que foi o tópico que iniciou esse post. Não senti praticamente nada no funeral do meu avô, o mais recente de todos. O médico nos preparou muito bem para a iminente perda. Então a morte não veio como surpresa. Nem tão dolorosa, pois já estava velho e com Alzheimer relativamente avançado. Não tanto quanto o da minha avó paterna, mas estava quase alheio a tudo. Quase. Minha avó, por seu lado, estava totalmente alheia à realidade e sua morte também não me trouxe nenhum sentimento significativo, a não ser que foi um alívio para ela e principalmente para as minhas tias que cuidavam dela. O funeral de vovó foi, no entanto, mais marcante que o de vovô, pois passei a noite toda acordado “velando” o corpo para não deixá-lo só, apenas ficaram lá, o irmão dela e sua esposa, um frágil e disposto casal de idosos, e meu tio mais novo (entre os vivos), que mora em Macau, além de mim. Não estava com sono e achei que podia fazer esse esforço para acompanhar os resistentes e com meu tio impor uma presença masculina que afastasse qualquer engraçadinho de roubar qualquer coisa lá do local. Foi uma aventura interessante e me fez descobrir que o verso dos Titãs, “as flores têm cheiro de morte”, é muito verdadeiro, pois passar a noite inteira junto a um cadáver sentido o triste perfume das flores cria uma relação macabra com o odor. O disco do U2 não apresenta diferença do que ouvia no outro som, pois todos os instrumentos são muito “na cara”, não há muita sutileza, é como se tudo fosse equalizado no máximo. Embora tenha percebido barulhinhos agora numa das músicas que nunca tinha ouvido. Acho que este post já está gigantesco demais. Vou parar por aqui e revisá-lo. E começar outro. Aliás, digitar os diários, como havia me prometido à noite.


19h44. Digitei dois dias dos diários. Me dou por satisfeito por hoje. Vou começar outro post. A única coisa que posso acrescentar aqui é se a garota responder o que achou do post. E se nada comentar, nada mais comentarei dela, acho que não faz sentido. Aliás, vou dar uma pausa na escrita para desopilar. Jogar um Yoshi.

sábado, 25 de março de 2017

CAPS, CASA, CIBREW, CASA

Recife, 24 de março de 2017.



X está na área, não sei se vem falar comigo e também já não me interessa muito, acho que minha paixão platônica se dissipou. Pelo menos não sinto mais o encantamento nem o sentimento de desprezo quando ela não me dá atenção, o que me faz crer que a "paixonite" já era. Tanto melhor, um amor impossível a menos para me atormentar a alma. Preciso me focar no real, embora o real seja bastante estéril de possibilidades. Pelo menos não as encontro ou não as vejo. Talvez não as procure. Onde fui procurar ultimamente não foi o lugar emocional e social mais adequado. Na verdade, é um lugar deveras inóspito em ambos os aspectos. São 11:50 e estou no CAPS. Está tendo dois grupos dos quais não participo por justamente ser o período em que costumo – ou costumava – conversar com X. Mesmo sem ela – que acho que está no grupo de Ioga –, não me interessa nem ioga, nem Tecendo Fios, embora esse último grupo me anime um pouco mais, desde que haja pouca gente na sala, visto que quando tem muita, quase nunca tenho oportunidade de falar, pois deixo que os demais se expressem antes de mim. E passar uma hora ouvindo as mazelas alheias, por mais que possa ser terapêutico por conta da identificação, não é lá muito atrativo. Eu saio com a alma pesada das dores de outros. Se houvesse a garantia de que teria meus cinco minutos de fala, talvez até me animasse, mas isto está longe de ser uma coisa certa. Eu digito tão devagar no celular que enquanto escrevo me passam várias outras coisas pela cabeça. Estou com dor de barriga, mas tenho vergonha de usar os banheiros daqui. Poderia sair agora e ir... Um psicólogo sentou-se à minha frente e começamos a conversar...

13h24. Quando uma menina entrou na conversa sobre Dom Casmurro ter ou não ter sido traído por Capitu, eu me levantei, dei no pé e deixei os dois batendo papo. Já estou em casa digitando do meu querido computador. E sendo interrompido a cada três minutos por ligações de telemarketing. Que saco. Espero que parem agora. Se não fosse tamanho desrespeito com o ser humano do outro lado da linha, eu desligaria o telefone na cara da pessoa. Acho muito invasivo telemarketing. O cara tem que parar o que está fazendo para atender uma ligação, achando que pode ser alguém conhecido, para ouvir propagandas e propostas “supervantajosas”. É um pé no saco. Imagino que deva ser um pé no saco ainda maior ser o operador de telemarketing e passar o dia importunando as pessoas, ouvindo desaforos e repetindo a mesma mensagem de novo e de novo, por isso tento tratá-los com o máximo de respeito possível, afinal é um trabalho de cão. Não queria nunca um emprego desses para mim. Acho que surtaria logo no primeiro dia. Vade retro! 97 kg batidos na balança. Não acredito. Como foi que engordei tanto se pouco comi na hora do almoço e não tomei café da manhã? Ah, foi a comida de ontem à noite. Tenho que pedir à minha mãe para voltar a trancar a cozinha. É a única solução possível. Vai ser torturante sentir a fome do remédio sem comer nada, mas a recompensa é mais do que válida. Para quem queria chegar com 93, 94 kg no final da semana o tiro não poderia ter saído mais pela culatra. Como isso é frustrante. E me esforcei, mas ontem à noite me descontrolei valendo. Saco. Aqui se come, aqui se pesa.

13h57. Fui ao banheiro e miraculosamente voltei pesando 95,6 kg. Menos mal. Muito menos mal. Mas mal o suficiente para trancar a porta da cozinha. Acho que vou tirar um cochilo, pois a noite pode ser longa.

14h13. Porra, puxei papo com a ex do meu amigo de novo! Que ozzy! Ela acha que ele não ficará com ciúmes, mas tenho para mim que ficará puto. Vai achar que estou urubuzando a sua ex. E, como disse, a coisa toda ainda está muito recente. Para ambos. O líquido do Vaporfi está acabando muito rápido. Isso é outra coisa preocupante, pois, nesse ritmo, não sei se terei líquido suficiente para passar o ano. Mas estou mais preocupado com essa amizade com a ex do meu amigo. Ele pode ficar realmente injuriado comigo. Até porque não sei se é só amizade da minha parte. Isso me preocupa. Mas ela vendo só como amizade já ajuda bastante. Ela confirmou presença na CiBrew hoje. Eu também estarei lá. Talvez o meu amigo também esteja lá, embora não tenha confirmado presença ainda. Apenas se colocado como interessado no Facebook. Tenho que me focar na galeguinha que serve as cervejas, lembro que a achei interessante na vez que estive lá. Tentarei arrumar coragem para perguntar se ela é solteira. Eu queria saber por que as garotas com quem converso viram sempre minhas amigas... isso às vezes é bastante limitador do ponto de vista afetivo. Mas melhor ter amigas que não tê-las. Sempre achei mais interessantes as amizades femininas. Por mais que saia e converse muito mais com homens. Sim, sobre X. Ainda a considero uma garota atraente, inteligente e interessante, mas não estou mais com aquele sentimento de bem-querer, aquela saudade que sentia por ela. O que é ótimo, como mencionei no começo do post. Seria outra mulher que gostaria de ter como amiga. Mas como acontece com a ex do meu amigo, gostaria de ter mais do que como amiga. Ainda bem que nenhum dos dois sentimentos ganhou tração. Não ainda. E espero que nunca. Para a amizade já perdi algumas garotas por quem tinha interesse romântico. Inclusive a maioria hoje já está casada e tem filhos. Só eu continuo nessa desértica solidão. Eu sei que o errado sou eu. Que quem não sabe jogar o jogo da sedução moderno sou eu. Quem é tímido para abordar desconhecidas sou eu. Quem é chegado a paixões platônicas sou eu. Quem é todo errado sou eu. Todos conseguem ficar ou arrumar namoradas ou até esposas, menos eu, logo, o problema está em mim. E o pior que estou ficando velho e não me interesso por coroas. Acho que nunca me sentirei atraído por uma mulher de 40 anos. A não ser que esteja com ela desde os 30, claro. Mas começar com uma de 40, estou fora. Até 30 eu já acho quase velha demais. Mas isso depende de garota para garota. Além disso, percebo que, a cada ano que passa, minha tolerância para idade vai aumentando com a mesma. Entretanto, só consigo achar atraentes mulheres no mínimo dez anos mais jovens do que eu. É uma sina minha. Uma questão de preferência estética. E, infelizmente, dou muito valor à estética. Só me encanto por mulheres jovens e bonitas, do meu ponto de vista de beleza. Mesmo sendo feio e gordo e cada vez mais velho. Por fora, pelo menos. Se bem que, por dentro, sinto que a memória não é mais a mesma, como também não o são os reflexos. Por isso a minha limitação para os videogames. Eles talvez já demandem algo que não posso oferecer. Mas, para ser sincero, não acredito nisso. Fui um gamer a minha vida toda, tenho a mente treinada para isso. Há pessoas de 40 anos que jogam videogame com destreza, eu sou potencialmente um deles. Me falta mesmo é o interesse. E isso me angustia, pois tenho um bando de clássicos para jogar e não tenho disposição de encará-los. Sei que para o mundo isso é uma questão idiota, mas para um gamer é uma questão vital. E eu sou um gamer e sofro com essa minha apatia diante dos jogos. Um lado ruim de ter namorada é que provavelmente teria que abdicar do meu tempo de escrever e de jogar videogames para amá-la. Ou não. Visto que ela pode trabalhar e eu não preciso trabalhar, então posso usar o horário em que a hipotética pessoa está no serviço para jogar e escrever à vontade. Eu sou aposentado, graças aos céus e a uma vida de sofrimentos e abuso de drogas. Acho que esse texto não está fazendo coerência alguma. Vou tirar um cochilo que é o melhor que eu faço.

15h10. Digo que vou tirar um cochilo e, mecanicamente, coloco outro copo de Coca. Vai me entender. Coloquei o disco do U2 para tocar e quando ele acabar, eu vou me deitar. Durmo das 16h até às 18h e aí me apronto para ir para a night. Como não queria nutrir interesse nenhum por ela. Nem por ela. Nem por ela, se for para incluir todas. Mas principalmente pela segunda ela. Por essa não queria sentir nada, ainda mais sendo um sentimento tão profundo. Preciso amar outrem para esquecê-la. Quaisquer das outras would do the trick, eu acho. Não sei. Não sei se eu me daria bem com a primeira ela, ela me parece meio indomável. Se bem que a segunda ela não vai muito atrás. A terceira ela, X, é a mais pacífica de todas. Pena que tão impossível quanto as demais. E posso estar enganado sobre X. Sinto que por trás de toda a simpatia demonstrada no CAPS, há uma mulher de personalidade forte. Acho que meu coração só escolhe mulheres de personalidade forte. Acho que deve ser por causa da minha mãe. Não sei se há uma correlação entre uma coisa e a outra. Mas minha mãe tem uma personalidade bastante forte. Mas de um modo que me irrita profundamente. Essas outras têm personalidades fortes que me encantam. Entretanto creio que deva ter algo de compensatório ou projetivo da relação com a mãe. Posso estar viajando aqui, mas acho que se minha mãe fosse doce e gentil, eu escolheria mulheres doces e gentis. Meu irmão casou-se com uma mulher de personalidade forte também, o que é outro indicativo. Minha irmã, por outro lado escolheu um cara inteligente, prestativo e gentil como o meu pai. Posso estar tecendo comparações que não existam, mas acho que isso tudo tem uma certa plausibilidade. Novamente o texto começa a não fazer nenhum sentido. Tem dias que são assim: nem eu me entendo direito, saio vomitando pensamentos disparatados.

15h35. Fui pegar mais um copo de Coca. Impressionante como o meu celular está descarregando rápido. Acho que realmente preciso de um aparelho novo, como a minha mãe vinha sugerindo. Mas primeiro quero o som. Pode ser que ela tenha algum tipo de desconto em celulares por conta do plano que tem. Foi assim que conseguiu o meu, gratuitamente, pelos bônus que o plano a proporcionava. O problema é que ela mudou de operadora e não sei se a atual oferece as mesmas facilidades, mas como a competição é ferrenha, é bem possível que se uma passa a oferecer tal facilidade as outras vão atrás e passem a oferecer também para não ficarem em desvantagem no mercado. Ou novamente estou falando besteira. É o caso de investigar. Não quero o último modelo, quero apenas um que não me obrigue a ter todos os aplicativos da Google, venha com uma quantidade boa de memória e obviamente seja um smartphone que dê para colocar Uber. E Spotify. E todos os aplicativos que realmente uso. Seria bom também se ele tivesse uma câmera bem legal. Mas aí já estou pedindo demais. E falar sobre celular é algo muito chato. Acho que está chegando na última música do CD do U2. 15h52. Espero conseguir pegar no sono. Quem me dera sonhar um sonho bom e me lembrar. Correria aqui para digitá-lo. Tive que encher o Vaporfi outra vez. Desse jeito... e não era a última música do disco. Me enganei. Vou pegar o último copo de Coca antes da soneca.

16h04. Espero que agora seja a última música do bendito CD. Vou é dar stop e pronto. Até depois do cochilo.

0h58. Voltei da CiBrew. Meu primo seguiu para um outro local onde se encontraria com uma gatinha com quem tem um rolo. Passamos antes em sua casa para que deixasse a garrafa da CiBrew (que quem possui, enche de cerveja a preços promocionais, com quase 50% de desconto) e, a meu pedido, pegar os jogos de Wii que estavam na casa dele. Encontrei com a ex do meu amigo e nos falamos brevemente. Ela puxou assunto, mas eu fiquei muito encabulado, principalmente porque não tinha assunto nem para responder às suas perguntas. Acabei de comer meio brownie vendido pela artista do happy hour, Catarina Dee Jah, por extorsivos 15 reais. Mas ela disse que era feito com chocolate belga e amêndoas, eu acho, não lembro o nome da noz que ela mencionou. Achei muito gostoso, por sinal. Vamos ver no que é que dá. A coisa mais marcante da noite foi sem dúvida minha interação aquém de medíocre com a garota, fiquei muito decepcionado comigo mesmo. Ela é tem um porte muito elegante e é naturalmente charmosa, sua maquiagem valorizava bem os seus traços bastante peculiares e o vestido lhe caía como uma luva. Percebi que estava com o cabelo sensivelmente mais claro que da última vez que a encontrei e sua franja maior. Também achei seu Português com sotaque ligeiramente mais estrangeiro que nas demais vezes que cruzei com ela. Talvez porque não tenha prestado tanta atenção anteriormente ou porque não conversamos muito. É uma pessoa de presença luminosa, sui generis, e se esforçou bastante para engatar uma conversação comigo, eu é que não respondi à altura. Também não acontece nada de relevante na minha vida, o que haveria eu de contar? Eu sou um idiota mesmo. Ainda bem que ela me vê só como um amigo. Um amigo caladão, eu devo acrescentar, agora depois dessa desastrosa interação. No mais, a noite foi bem agradável, com presenças inusitadas de duas boas amigas. Achei que uma, também ex de outro amigo meu, estava um pouco se jogando para o meu lado, mas sou péssimo em ler esses sinais. Porém, tendo essa interpretação em mente e sabendo como o meu amigo é possessivo em relação às ex, fiquei encabulado. Até porque não sinto nada além de amizade por ela. Espero que tenha tido a impressão errada. Talvez a veja amanhã novamente se for com o meu primo ao aniversário de uma amiga dela e dele. Conversei muito pouco com a turma. Via de regra, ouvi mais, como sempre, mas perguntei algumas coisas e fiz algumas colocações. Estou começando a ficar sinceramente incomodado com essa minha incapacidade de comunicação. Com o meu primo ainda consegui trocar umas ideias antes de o pessoal chegar. Estando todos reunidos, emudeci praticamente. O que não me impediu de ter uma noite alegre, pois ouvia o que estava sendo conversado e aquilo para mim era o bastante para me entreter. Em retrospecto é que sinto a frustração de não ter me colocado mais. 1h24 e até agora permaneço sóbrio. Vou colocar o disco do U2 para rolar. Tenho gostado dele mais agora do que quando o comprei e ouvi. Pronto, coloquei. Vou pegar mais Coca.

1h27. Penso em repartir o endereço do blog com a garota luminosa. Não sei. É algo a ser decidido ainda. Ela havia me perguntado o endereço do blog numa conversa pelo Facebook. Agora que faço uma menção mais abrangente sobre a sua pessoa, talvez a leitura a interesse mais. E espero que não arruíne a nossa relação. Ou talvez seja melhor que arruíne. Também não sei. Olhando para dentro de mim, desejo que não arruíne, eis a verdade. Mas não posso prever a sua reação em relação ao meu texto. Nossa, como me arrependo de não ter pelo menos feito as mesmas perguntas que ela me fez de volta para ela. Acredito que ela, ao contrário de mim, teria novidades para me contar.

1h41. E nenhum efeito so far. Dizem que em mais ou menos uma hora a coisa bate, vamos ver. Já disse no CAPS que planejava em utilizar-me desse expediente, que vejo como redução de danos e que em nada remete às minhas drogas de preferência. E falo isso com muita sinceridade. Posso estar somatizando, mas acho que um pouco do efeito está vindo. Assim espero, não quero ter gastado 15 reais à toa. Vou mudar de assunto. Mas sobre o que falar? A galera repartiu um dos brownies e ninguém sentiu nada, mas ninguém comeu metade dele. Estou quase comendo a outra metade. Acho que estava somatizando, era coisa da minha imaginação, um esforço em ver uma alteração onde não havia nenhuma. Pode ser que não tenha havido tempo suficiente para a digestão ter sido feita e a metabolização realizada. Será muito frustrante se não der em nada. Passou a música do U2 que queria mais ouvir e não prestei atenção a ela. Vou voltar o disco. “I’ll Go Grazy If I Don’t Go Crazy Tonight”. É a música mais U2 do disco. Com direito a dois refrões. Estou me sentindo sonolento. Não era esse o efeito que buscava. Espero que mais venha. Quero escrever sobre a minha percepção alterada se essa se alterar realmente. O que já começo seriamente a duvidar. Além de fazer um som tosco, ainda pirangar na massa do brownie é de lascar. Ainda mais cobrando o preço que custou-me. 1h58. Uma hora depois de comer o danado do brownie e nada. Lembro que o outro eu comi fez efeito mais rápido que isso, mas não dou certeza sobre isso. Vou já-já colocar mais Coca. Aliás, vou agora que está passando uma música chata do U2, a que serviu como primeiro single do álbum, se bem me recordo.

2h03. Ainda à espera do que acho que não virá. Estava de estômago praticamente vazio. A última vez que comi foi por volta das 18h, logo a digestão do brownie deveria começar o mais rápido possível. Ou talvez o estômago leve esse tempo todo para processar o negócio mesmo. Sei lá, só me resta esperar e escrever. Ainda não sei se reparto com a garota o endereço do meu blog. Acho que vou deixar para decidir isso quando acordar amanhã. Estou com vontade de comer a outra metade do brownie.

2h09. Pulei um parágrafo, pois minha mãe nem pode suspeitar que fiz uma coisa dessas. Ela me proibiria de sair.

2h10. Pulei outro parágrafo para que ela não leia o anterior também. Talvez haja muito líquido no meu estômago, afinal bebi nada menos que quatro litros de Coca Zero hoje à noite. Mas da outra vez havia bebido também grande quantidade de refrigerante. A diferença foi que da outra vez era Coca normal, o que não acho que altere o resultado. Acho que vou comer o resto. Perdido por um, perdido por mil.

2h17. Devorei a outra parte do brownie. Ainda bem que o fiz no banheiro, pois minha mãe acordou para me pastorar na hora em que dei a primeira mordida. Senti mais gosto da massa nessa segunda parte. Talvez veja algum efeito agora. Será que terei que esperar mais uma hora? Espero que não. Bom, pelo menos já tenho uma história para contar no CAPS na segunda. Pelo menos o brownie era de fato saboroso. Não sei se era feito com chocolate belga, mas o gosto era bom. Só deviam ter calibrado mais no ingrediente principal, que é o diferencial da iguaria. Muito mais forte e eficaz foi o que comi no dia da prévia dos Amantes de Glória. Aquele sim, era mágico. Se der 3h30 e eu não sentir alteração, vou dormir. Estou ficando é com sono. Definitivamente não é o efeito que estava procurando. Meus olhos ardem. Vou fumar um cigarro de verdade para ver se “ativa” o negócio.

2h38. Enviei a foto que a turma tirou na CiBrew para o meu e-mail. Ela servirá para ilustrar esse texto. Acho que os meus colegas e amigos não vão se incomodar, visto que não há nada de difamatório ou incriminador na imagem. Até porque não estávamos fazendo nada demais. Apenas ouvindo uma brega-rap, tomando chopes – eu na Coca, claro – e conversando sobre a vida. Conversar sobre a vida... a minha vida não tinha, desde a última saída muito de relevante a ser conversado. Meus dias são quase repetições dos mesmos temas, tirando as saídas e um ou outro tópico abordado no CAPS. Praticamente vivo para escrever isso. E falar sobre isso é falar sobre nada ou sobre coisas que não quero revelar. Pensando nisso, estou quase desistindo da ideia de compartilhar este texto com a garota. Por outro lado, uma curiosidade maior de sua apreciação sobre o texto se impõe. Talvez com a outra metade ingerida o negócio faça algum efeito, mas creio que vai ser brando, o que é uma grande frustração. O disco do U2 acabou faz um tempinho já. Colocá-lo de novo. Queria mesmo era ouvir minha playlist no Spotify de mamãe. Descobri outro aplicativo que preciso ter no meu celular se um dia colocar Spotify nele: o Shazam (não sei como escreve). Ele é um complemento para o Spotify, pois é capaz de identificar virtualmente qualquer música e o cantor que a está interpretando e, de quebra, ainda diz se a música está disponível no Spotify. Parece mágica o negócio. Um bróder do meu grupo botou para captar o som que rolava lá em determinado momento e mesmo com o barulho ao redor, ele identificou música e intérprete. É a tecnologia ficando cada vez mais inteligente. Sinto um leve aumento de bem-estar. Sim, colocar o disco do U2. Ou ouço outra coisa. Acho que outra coisa. Acho que vou de “Recanto” de Gal.

2h57. Foi o que fiz. Acho que perdi 15 reais. Vamos dar mais um tempo. Mas parar de falar desse assunto. Não estou com muito saco de ouvir Gal. Acho que está batendo bem de leve. Espero que se acentue bastante. Ainda me sinto com os pensamentos completamente no lugar. Nada de concatenações mirabolantes e inesperadas, que é o que espero. Estava quase tirando o CD de Gal, eita, posso ouvir Rivotrill, é um som instrumental viajado e misturado com o regional. Não empata e é viajante. Conheci o percussionista da banda que foi quem me deu o CD. Sabe de uma coisa? Vou é digitar um pouco os meus diários, esperando algo bater. Ou nada bater, o que me parece ser mais provável. Não, não estou com capacidade de digitar, essa maresia que o brownie me deu me desmotiva completamente. É concentração demais para mim. Acho que finalmente algo mais consistente está vindo. Espero que seja do somatório das duas metades do brownie e não apenas da primeira. Não quero ter desperdiçado uma metade desnecessariamente. O Rivotrill está muito acelerado. Uma coisa boa para ouvir era “A Love Supreme” de John Coltrane. Tenho aqui no meu computador. Vou pôr.

3h15. Acabei colocando Audioslave, mas não sei se continuarei nele. Estou sensivelmente lentificado, nas ações e raciocínio. Mas é uma alteração muito branda. Não sei se deveria estar tratando desse assunto aqui. Começo a pensar que não. Isso é uma característica do efeito da maconha em mim. Eu fico meio paranoico. E estou meio paranoico. Talvez não publique este post ou corte as partes relativas a esse assunto. Mas isso vai contra a minha política de transparência e de não adulterar de forma tão drástica o conteúdo do post. O efeito se intensificou um pouco, mas me sinto sobre total controle das minhas faculdades mentais, embora lentificadas não estão me fazendo ter pensamentos especiais. Está é me dando sono. Também já são 3h21. Eu dormi pouco à tarde. O iTunes está em modo aleatório, acho até melhor que me surpreende com músicas que não espero, inclusive algumas que tenho e que nunca ouvi. Assim espero. Pois foi logo para “Sunday Bloody Sunday”. Parece que o disco base da nova turnê do U2 será o “The Joshua Tree”, o show do disco que eu mais queria ver do U2. Se for verdade, vamos ver se consigo amealhar grana para ir. Eles bem que poderiam vir ao Recife. Se bem que estou tão bem acomodado no meu mundinho e Bono com a voz tão destruída que nem sei se valeria a pena todo o esforço. Outra coisa que sei lá. Não é o momento mais produtivo para me decidir sobre isso. Que decepção, o brownie só fez multiplicar a minha preguiça e lentificar pensamentos e movimentos. Que pena e eu que guardava tantas expectativas, afinal a Dee Jah vendeu como “os originais”, logo deviam ser os com efeito mais potente. Uma música do The Cure que nunca ouvi. Bastante experimental para um grupo que não considero muito experimental. Mas estou gostando da música. É difícil para mim não gostar de qualquer coisa que tenha a voz de Robert Smith. Minto, não gostei muito do último disco, nem da canção tema do filme “The Crow”, nem das covers de “Hello, I Love You” do Doors. Chico. Que coisa boa. Está descendo macio.

3h46. Desperdicei 15 reais. Que decepção. Ainda bem que é uma coisa menor frente a todo o caos da sociedade em que vivemos. Será que a injustiça vai acabar em algum momento? Só acredito nisso com o advento da Singularidade e, mesmo assim, acho um traço da personalidade humana difícil de sanar, pois há sempre alguém que se ache injustiçado. A não ser que o mundo oferecido pela Singularidade seja tão maior que a condição humana, que esta se torne algo de importância menor, e as injustiças sanarão porque todo e cada um que quiser vai ter o muito que é a consciência expandida da Singularidade. Apesar de tudo isso, a frustração é grande. Esperava o que ocorreu no dia da prévia dos Amantes de Glória e não tive nem um décimo daquilo. Fuleiragem.

17h19. O grupo “Leitores Anônimos” não deu tantas visualizações quanto esperava do post que publiquei exclusivamente nele. Apenas 24. Acho que o outro teve mais visualizações por conta da imagem e do título e porque divulguei em todos os canais. Esse post não vou divulgar. Os grupos têm políticas contra a apologia às drogas. Não sei se o que escrevi é uma apologia, mas não quero me arriscar a ser banido deles. Também não vou deixar de publicar esse texto que me deu trabalho de escrever e conta vivências importantes do meu cotidiano.

É isso. Vou publicar.

sexta-feira, 24 de março de 2017

OBRIGADO, GRUPO LEITORES ANÔNIMOS

Recife, 23 de março de 2017.



Aparentemente, o grupo “Leitores Anônimos” realmente tem pessoas que estão dispostas a ler. Meu post, com menos de 10 minutos de publicação em todos os grupos que participo, já 69 visualizações. Eu só tenho a agradecer, pois finalmente acho que minha voz é ouvida, não se limita mais às quatro paredes do meu quarto. Não sei se a imagem da minha pintura ajudou e o título também foi misterioso e despertou curiosidade, mas acho que isso foi o de menos. Acredito que o meu ingresso para o grupo é que tenha multiplicado de forma tão significativa as visitações ao meu blog. Fantástico. Quem sabe não chegue a cem visualizações? 17h51. 80 visualizações. Muito massa. De repente não me sinto mais tão solitário. Graças aos integrantes deste grupo. Espero que esta não seja uma exceção, sorte de principiante. Gostaria muito que meus posts encontrassem seu lugar nesse grupo. Sei que não trato de temas relevantes. Embora ache que a reforma previdenciária esteja vindo antes do tempo, pois a expectativa de vida com qualidade não chegou no Brasil (e no mundo) a um nível em que as pessoas desfrutar de suas aposentadorias com tempo de contribuição tão grande e não morrer trabalhando ou se aposentar sem ter mais tempo ou saúde para desfrutar de suas aposentadorias. Este momento virá, eu acredito, e não está muito distante, a ciência avança a passos largos nessa direção, mas querer impor isso agora ao povo brasileiro é um abuso absurdo do Governo na minha opinião. Mas sou totalmente alienado politicamente e você raramente me verá falando de política aqui. Este é um raro caso em que tenho uma opinião sobre um assunto corrente. Minha mãe vai fazer 66 e segue trabalhando, mas ela é uma exceção. Ela tem acesso a uma rede privada de saúde e ama seu trabalho. Há também o fato de o meu padrasto trabalhar no mesmo local que ela e ser uma workaholic e viver motivando-a a seguir trabalhando. Mas, mesmo minha mãe já sente o peso da idade a atrapalhar no seu desempenho física e mentalmente. O verbo aposentar já vem sendo conjugado por ela com frequência cada vez maior, então acho que não falta muito para que ela dê por encerrada sua carreira profissional. Não sei porque estou falando sobre isso, simplesmente pipocou esse tema na minha cabeça. Não devia nem me manifestar, visto que nada entendo sobre o assunto. Perdoem-me a empáfia. Parece que não chegarei aos cem leitores, os hits “congelaram” em 81 acessos. Mas já é um resultado bastante significativo para a minha média de acessos. Já ganhei o meu dia por 81 leitores dedicaram seu tempo a tentar ler o que produzi.

19h11. 88 leitores. Parece que houve um boom inicial e depois o negócio estagnou. Pelo menos recebi duas curtidas. E uma veio do grupo de escritores. Ambas de mulheres. Será que meu texto tem mais apelo para o público feminino? Afinal só recebi curtidas de mulheres até agora. Curioso. Quem sabe o público de leitores e escritores é na sua maioria feminino, embora não ache que seja o caso. Vejo muitos homens postando. Qualquer que seja o motivo, agradeço às damas pela apreciação! É muito bom ter um feedback sobre o que escrevo. Principalmente positivo! Hahahahaha. Mas, sério, saber que alguém se identificou ou gostou do texto é algo muito positivo para mim. Acho que para qualquer um(a) que se mete com a produção de algo que faz com paixão tão grande (que é irmã da necessidade) se sente feliz com uma recepção positiva, nem que seja de uma ou duas pessoas. Não pararia de escrever se não recebesse nenhum tipo de feedback. Mas eles certamente me motivam a dar o meu melhor nos meus textos. 19h36. 89 visualizações. Tenho que parar de ficar olhando isso. Mas preciso aprender sobre os comportamentos nos grupos. Pelo visto, o post só é acessado quando ainda está fresquinho na página, ou seja, no topo das publicações. Depois é tchau pro louro, ninguém mais acessa. É bem diferente do que acontece com o blog de bonecos, mas também é outro público. Lá, a média de era de 500 a mil acessos por post. E o número continuava crescendo por alguns dias. De qualquer forma, era uma condição bem diferente, eu estava escrevendo exatamente sobre o assunto que os membros do grupo queriam ler. Logo, meus posts chamavam mais atenção. Além disso era um público muito apaixonado pelo hobby. Não que os leitores e escritores não sejam, acho até que o são na mesma medida, senão mais, pois tratam não do que é material, mas das sutilezas de suas almas e das suas identificações com as obras de outros que também colocaram sua alma e intelecto para produzir seus textos. Desse prisma é uma paixão mais profunda, embora os colecionadores de estátuas também acreditem que os personagens que compram sejam obras de arte contemporâneas. Quero deixar claro para o leitor que não são bonecos que se vendem em lojas de brinquedos. Não são brinquedos. São peças produzidas em edições limitadas, com acabamento feito a mão e esculpidos por gente muito talentosa. É um hobby bastante caro, tanto que tive de pular fora porque estava dilapidando o meu patrimônio com as ditas estátuas. Como abandonei o hobby não escrevo mais para esse blog. Mas nada is set on stone, sempre há a possibilidade de voltar e escrever sobre alguma figura ou tema que me sinta disposto a tratar. Mas, por ora, esse blog está na geladeira. Fora que recebia várias críticas por causa do meu Inglês macarrônico. É, eu ousava escrever em Inglês mesmo sem ter feito nenhum curso de Línguas na minha vida. Ia pelo que aprendi nos filmes, músicas, videogames e livros. Poucos livros, pois, pasmem, não tenho hábito de ler, muito embora saiba que isso incrementaria e muito o meus escrever, mas é tão mais prazeroso escrever que ler que nem penso duas vezes: entre uma folha em branco de Word – e suas infinitas possibilidades – e uma folha já preenchida por outrem, eu fico definitiva e certamente com a primeira opção. Sei que isso é deve levantar as sobrancelhas de alguns, mas é a minha opção e deve ser respeitada. Na escrita encontro libertação e expressão pessoal. Na leitura encontro sabedoria, vocabulário e estilo. Mas já li bem mais, quando escrevia bem menos. Minha obra predileta é “Dom Casmurro”. Única obra que reli – e treli – na vida. Muito embora a obra mais importante da minha vida tenha sido “The Singularity Is Near”, de Ray Kurzweil. Ela de certa forma confirmou minhas crenças em um deus materialista, se quiserem saber mais sobre a minha crença, podem ler aqui. É bem mais curta que esse texto. E pode ser encarada como um texto de ficção científica. É nisso que dá ter sido educado sem religião! Hahahahaha. Nunca fui batizado, o meu pai dizia que, para ele, Deus era como Papai Noel ou o Coelhinho da Páscoa, mitos que ele também tratou de desmistificar na nossa mais tenra infância. Deixou-nos livre para achar a religião que mais nos identificássemos, tanto que nem batizados eu e meus irmãos fomos. Eu não consegui achar resposta plausível para a existência de tudo isso em nenhuma das religiões, mas precisava de uma justificativa plausível para tudo existir, pois na minha cabeça o mais lógico é que não existisse nada, entretanto existe um complexo universo, governado por leis e forças inquebrantáveis e eu precisava de uma explicação para isso. Em não achando em nenhum lugar, inventei a minha e esse livro de Ray Kurzweil meio que me deu uma confirmação que minha hipótese é possível. Pelo menos não é completamente fora da realidade, assim como ela se afigura ou se afigurará para o autor. Por mexer em temas tão profundos e fundamentais para mim, esta foi a obra mais importante que li. É um livro meio técnico e chato, mas ele me veio como uma confirmação de que a minha crença tem fundamento. Pelo menos essa foi a mensagem que extraí dele. É como se o livro de Kurzweil fosse, mal comparando, o Antigo Testamento e o meu texto fosse o Novo. Sei que isso é de extrema petulância da minha parte, mas é a fé que carrego e a qual, na minha opinião a obra em questão só veio dar embasar. Só sei que quando e se a Singularidade Tecnológica acontecer, e se eu estiver vivo até lá, eu serei um dos primeiros a me fundir a ela. Já estamos cada vez mais envolvidos em tecnologia – celulares, computadores, smart TVs, videogames, Realidade Virtual etc. – que não será muito difícil aceitar uma imersão completa nela. Bom, não vou falar mais sobre isso aqui, se quiser leia o texto no link acima. Ele é curto, acho que contém 12 tópicos que não dão nem duas folhas de Word. Eu preciso até revisá-lo e atualizá-lo. Mas não o farei agora. É algo que para mim necessita de muita consideração. Gosto do jeito que está, embora os postulados sobre Física sejam completamente hipotéticos e talvez até já até descartados pela ciência. Não sei. Faz tempo que parei de ler “NewScientist” também. Desde que papai morreu, pois era ele quem assinava. É, meu pai morreu. Relativamente cedo, 57 anos. Era a pessoa mais inteligente e mais culta que jamais conheci. Vocês ficam tirando fotos das suas bibliotecas e eu acho graça, quando as comparo coma biblioteca do meu pai. Ele tinha um Enciclopédia Britânica original do século XVII ou IX, não lembro, e tomos cujas lombadas das páginas eram folheadas a ouro. Ele foi, durante muitos anos, membro do Limited Editions. Quem realmente é amante do objeto livro deve conhecer. Eu só conheço por causa do meu pai. Como disse, em vez de livros em edições de luxo, eu investi em bonecos em edições de luxo. Os dois, depois me dei conta, ficarão como fardos para a família, depois da morte, como quinquilharia à qual só o dono dava o devido valor. Ainda bem que um tio meu tinha uma sala vazia numa casa que possui e liberou este cômodo para acomodar as 46 caixas de livros de cerca de 60 cm x 60 cm x 60 cm que compunham a biblioteca de papai. Fora os livros que minha mãe levou quando se separou dele que estão aqui em casa. Papai tinha mais de mil livros, facilmente. Eu separei para mim, não mais que 50 ou 60. Meus irmãos, nem sei o que farão se escolherem alguns, pois moram no exterior. Já vai fazer seis anos que papai morreu, eles já vieram aqui algumas vezes, mas nunca foram ver os livros. Sei que minha irmã me ajudou a guardar todos os livros e não me recordo de ter separado nenhum para ela. Meu irmão, infelizmente, quando vem, passa tão pouco tempo porque as férias nos EUA são de 15 dias e tem tantas coisas para fazer que acaba sem tempo para ver os livros. Ele fez menção de fazê-lo no final do ano que passou, mas deu preferência a outras coisas. Talvez esse ano, se vier, ele vá ver os livros. Acha que não estão bem acomodados, dentre um zilhão de zelos que tem pela biblioteca de papai. Agora que eu percebo! Que emulei papai com suas centenas de livros que nunca leu, comprando bonecos que estão a maioria estocado no porão do meu irmão ou as dezenas de jogos de videogame que possuo e não tenho disposição para jogar e filmes que tenho que não tenho disposição para assistir. Incrível como agora isso é claro como o dia para mim. Eu pensei que era uma coisa minha, um defeito meu, mas eu estava emulando o comportamento compulsivo do meu pai para com os livros. Não quero dizer com isso que é culpa dele. Mas que inconsciente fiz o mesmo movimento. E, como ele, fico esperando alguma coisa para jogar ou ver os filmes. Ele esperava a aposentadoria e morreu antes dela. Eu não tenho nada o que esperar, mas parece que me contenta apenas ter os objetos, mesmo que não usufrua deles. Preciso combater isso com mais veemência e começar a jogar e assistir o que tenho aqui em casa. Ainda bem que cheguei à conclusão recentemente que já tenho quase tudo o que desejo. Afora um game de Wii U (o novo Zelda), uma boneca da Sideshow (para gastar os meus reward points), trocar meu som que está com o leitor de CDs defeituoso e alguns CDs, não há nada que me falte. Tenho tudo de material que desejo. Ah, gostaria de mandar pintar alguns kits japoneses que eu tenho. E só. Digo isto, pensando no resto da minha vida toda. Não consigo pensar em nada mais que queira de material. Não quero fazer viagens, não quero visitar restaurantes chiques, não quero um videogame novo, livros muito menos. Gostaria, é verdade, de mandar revisar os meus diários dos internamentos por uso de drogas, quando acabar de digitar o último, para ver se publico esses registros como e-book. Queria ver ainda alguns shows na minha vida, mas não considero o show como algo material. E queria mais que tudo um novo amor. Ou o amor da minha vida, se pudesse ser tão específico. Infelizmente não posso. Por uma série de razões. Mas queria amar e ser amado de novo. Não queria só uma das metades. Queria o todo, que é o que realmente é gostoso de se viver. 21h20. Me perdi no que estava falando. Bom, mesmo que não consiga o que eu ainda não tenho, não me frustrarei muito. Tirando o toca-CDs que considero uma prioridade. Pois, posso não ler, não assistir filmes nem jogar videogames, mas sempre estou ouvindo uma música, especialmente quando escrevo. Por falar em videogames, vou dar uma nova chance para o Yoshi. 21h46.

21h53. Morri três ou quatro vezes e desisti de jogar. Acho que vou apelar nessa fase. O jogo deu um salto em dificuldade grande de uma fase para a outra. Odeio fases que não têm chão e essa é toda no céu. Não é absurdamente difícil, mas acho que esse negócio de jogar o jogo todo partido não me faz desenvolver a habilidade e o costume com a jogabilidade do game. Já combinei com o meu primo-irmão que irei a CiBrew com ele, por volta das 20h. Como começa às 19h, não perderei muita coisa e vou ter minha escolta social se os dois integrantes do ex-casal resolverem aparecer lá como demonstram suas intenções na página de Facebook do evento. A saia não vai ser tão justa para mim, tendo o meu primo com ponto de referência social, fica mais fácil interagir com um e com outra sem criar grandes celeumas. Não é desmerecendo o meu amigo de mais de 20 anos, mas preferia que só ela aparecesse. Não, isso é um pensamento completamente errado e antiético da minha parte. Eles acabaram há pouquíssimo tempo e as feridas e os desejos ainda estão muito recentes e pulsantes. Não posso me meter no meio dessa história, mais do que já estou metido. Seria como dar um passo a mais para dentro da areia movediça. E quem vai acabar se atolando sou eu. Meu amigo se sentiria traído se soubesse do contato que estou tendo com ela. Por isso hoje não a procurei no Facebook e, como ela também não me contatou, fica tudo bem.

22h13. Fui pegar Coca com muito gelo. Alguma coisa me remeteu ao cheiro de cola e o que pior, não senti a repulsa que vinha sentindo desde a minha recaída. Não gosto disso e vou afastar o meu pensamento disso, pois escrever é cutucar o monstro com vara curtíssima. Daí para uma fissura é fácil, então mudemos de assunto. Sobre o que falar? Amanhã tenho CAPS. Nosso grupo é logo o primeiro e antes era dividido em duas equipes, cada uma em uma sala coordenada por uma psicóloga diferente, porém ultimamente tem sido com todos reunidos em um grupo único que nunca dá para todos falarem. E como eu tenho a tendência de me deixar por último, acho que não falarei de novo. Se bem que como a psicóloga já está de olho nessa minha tendência, pode ser que ela me ponha para falar antes. Ou que voltem a dividir o grupo em dois subgrupos. O que acho mais salutar. E que a divisão permaneça a mesma, pois há dois membros bem falastrões que ficam no outro subgrupo. Não os queria no meu grupo. Principalmente a usuária que fala pelos cotovelos e ouve muito pouco dos inputs das psicólogas, seu discurso geralmente revolve sempre ao uso de medicamentos, onde ela elenca tudo o que usa, como se fosse uma consulta psiquiátrica em vez de um grupo para dependentes. Tudo bem que ela esteja há algum tempo sem beber, mas suas falas me enervam e é difícil fazê-la parar, a psicóloga diz que vai precisar fechar a sua fala, mas ela parece que não escuta e continua a falar, geralmente com muitos detalhes irrelevantes do seu dia-a-dia e dos remédios que toma. Não queria ela no meu grupo de jeito maneira, por mais que goste da pessoa que é. Não tenho nada contra ela pessoalmente, apenas acho que ela desperdiça o tempo de grupo pela impossibilidade de ser objetiva e não-redundante. Veremos como será amanhã. 22h31.

22h55. Me perdi vendo os meus e-mails (a maioria de propagandas e dois do Kurzweil.net). Tinha um com um depoimento bem interessante de um bilionário que quer investir na Singularidade. O mundo está se preparando. Isso é muito bom. Do meu ponto de vista, é claro. Muitos puristas não se fundirão à Singularidade e nunca vão saber o que é ter a consciência expandida inimaginavelmente. Respeito essa decisão e acho que vai ser de uma minoria. Vou pegar uma Coca e talvez comer um pouco, estou faminto por causa das medicações para o meu juízo que, por esse papo de Singularidade, não é um dos meus pontos fortes. Hahahahaha.

23h20. Comi – moderadamente – fumei um cigarro de verdade como digestivo e cá estou. O U2 não quer sair do CD player. Acho que é porque apesar de ser uma disco regular e estranho da banda, esse “No Line On The Horizon” ainda é U2. E U2 tem uma longa relação com a minha vida. Estou me sentindo meio sonolento, por incrível que pareça, pois acordei por volta das 15h30 hoje. Acho que foi a comida. Posso aproveitar o embalo e tentar dormir. Mas antes acabar o copo de Coca e dar umas baforadas no Vaporfi.

23h35. Me perdi pelo Facebook. É tão fácil perder tempo ali. Geralmente vou bem resguardado, noutras caio completamente na sua rede de inutilidades (geralmente). Conseguiria viver num mundo sem Facebook, as únicas coisas para que ele me serve são divulgar esses textos e saber as datas dos aniversários das pessoas e de eventos. Talvez não o esteja usando do modo correto, mas assinar canais de informação só tomaria ainda mais o meu tempo, por isso me esquivo disso. Sem a mínima inspiração para escrever. E já chegando numa hora boa para dormir, afinal meu dia de aventuras começa no CAPS amanhã cedo. Eu tenho coleção de Coca-Colas, de jogos, de filmes, de CDs, de bonecas japonesas e de estátuas de colecionador. Será que sou um acumulador? Quero ver, se forem fazer a reforma do meu quarto, como arrumarão espaço para tudo isso. Pois como disse ainda há a grande parte da minha coleção que está na casa do meu irmão nos EUA. Fora os livros.


0h09. Como se percebe ainda não fui dormir e estou sem uma gotícula de sono. Mas também não sei sobre o que escrever. Poderia escrever sobre o amor, mas isso demoraria muito, talvez em um próximo post. Não que eu seja entendido no assunto. Mas já amei e desamei, já fui ao céu e ao inferno por causa de amor. Estou cometendo muitos erros de digitação, o que significa que estou cansado de fazê-lo. Meu copo de Coca praticamente acabou. Vou ficar por aqui. Amanhã reviso e posto. Mais uma vez agradeço aos membros de “Leitores Anônimos” pela honrosa atenção.   

quinta-feira, 23 de março de 2017

NÃO SEI AINDA

Recife, 22 de março de 2017.

Estou no CAPS. Horário de almoço. Não vou comer por causa da minha dieta somaliana leve. Não consegui perder peso nos últimos dias. Hoje é o dia perfeito para fazê-lo, pois fico aqui até as 15h. Participei da oficina de sonhos, mas não tinha sonho para contar, fiquei apenas como ouvinte. Foi interessante mesmo assim, como os sonhos geralmente são. Não tenho realmente o que dizer. Em verdade, tive um sonho, mas não quis reparti-lo, basta dizer que o sonho me fez decidir cortar contato com a garota com quem vinha conversando no Facebook essa semana. Embora tenha encomendado um livro para ela e que em algum momento terei de entregá-lo. Meu amigo do grupo AD veio tocar violão na minha mesa, o que me constrange a parar de ouvir iPod para escutá-lo. Não sei por que ele vem sentar-se sempre perto de mim. Mas vem e fico embaraçado de não lhe dar atenção. Isso é ozzy. Mas é a vida e esse é um infortúnio menor. Há mazelas realmente inomináveis no mundo. Ainda há escravidão, só para citar um inominável mal que assola os homens. Então, dar atenção ao meu amigo cantador é o de menos.

13:33. Fui fumar. Voltei e meu amigo cantor havia abandonado o violão. Já está em cima da hora do grupo, pouco escreverei até porque digitar no celular me é deveras complicado. Espero que o grupo traga algum conteúdo mais profundo para tratar aqui. Geralmente traz. Oba, hoje usaremos pincel, talvez o método de expressão artística mais prazeroso para mim.

15h06. Já estou em casa. Infelizmente a pintura a ser feita não era em um papel, mas em uma pedra, escolhida por cada membro do grupo nos jardins da casa. O tema do grupo foi “quais as pedras que estão no nosso caminho nas quais a gente tropeça e recai (nas drogas)?” Ou algo assim.



15h28. Antes de falar sobre a pedra, tenho que comentar que acabei de conversar com o meu irmão que mora nos EUA e foi uma delícia. Amo muito ele e o admiro enormemente, além de considerá-lo um cara supergente boa de conversar, batemos um papo de mais ou menos dez minutos sobre tudo um pouco: trabalho, família – daqui e de lá –, show de Sandy, jogos, as desaparecidas camisas dos Strokes que eu encomendei e acho que só foi isso, uma geral nos nossos cotidianos. Bom, voltando à pedra e em que eu tropeço. Eu tropeço em várias coisas, mas as únicas que me vieram à cabeça foram depressão profunda e solidão. Essas duas são batata, recaída na certa. Não a solidão que eu vivo aqui, sozinho no quarto, sabendo que há mais pessoas na casa. Mas a solidão de fato. Se, de repente minha mãe viajasse com o meu padrasto e me deixassem aqui no apartamento, por exemplo (o que é impossível; me mandariam para a casa da minha tia). No grupo, eu não tive tempo de me expressar, pois os demais integrantes utilizaram o tempo todo antes que eu pudesse me colocar. A psicóloga pontuou que é um movimento recorrente meu deixar com que todos falem e ficar por último, muitas vezes perdendo a oportunidade da fala, o que é a mais absoluta verdade. Não sei se quero trabalhar isso e me impor a falar antes dos demais. Não me sinto confortável com isso, nem sinto muita necessidade de fala. Acho que já falo demais aqui e às vezes com as psicólogas que ficam à disposição pelo CAPS ao longo do dia. Por isso não tenho essa urgência de falar nos grupos ou de fazer terapia. Sobre a depressão profunda, é óbvio que eu vou tentar buscar alguma fuga dela, algum prazer na coisa mais prazerosa que conheço que é a minha droga de preferência, a cola. Às vezes meus dedos não acompanham o meu pensamento e digito as palavras todas truncadas. É um saco quando isso ocorre. Graças aos céus, à medicina, à terapia e à curatela eu nunca mais tive depressão. E todos os dias me sinto grato por isso. Como já disse em outros momentos, aprendi a gostar de viver. Meus dias são prazerosos e quando não são, é porque são entediantes, mas não tenho dias realmente ruins. Não que me lembre. Acho que isso se deve aos remédios que eu tomo, que controlam minhas emoções. Por consequência, também não tenho dias fantásticos, só tive um, no ano passado, que considero um dos dias mais felizes da minha vida. Acho que jamais esquecerei desse dia. Foi um dia em que conscientemente e emocionalmente pensei “hoje eu me sinto 100% feliz”, como nunca mais imaginava que poderia me sentir. Foi muito especial, foi perfeito. Não tinha como melhorar. Meu coração só faltou pular pela boca de tanta alegria, de tanta felicidade, de tanto amor. Recíproco amor. Pena que só durou um dia. Ou dois encontros. Mas foi melhor que o melhor dos sonhos. Foi um dia encantado, tão único e tão raro e tão belo que beira a impossibilidade. Relembrando, eu ainda sinto reminiscências muito sólidas da felicidade que experimentei. A minha vida inteira valeu e se justificou por causa daquele dia. Não encontro palavras para descrever a indescritível felicidade que tomou conta do meu ser naquelas eternas horas da minha existência. Como me arrependo de não ter respondidos alguns “sins”. A ausência deles me pesa tremendamente a alma. Se arrependimento matasse a falta desses “sins” seria minha causa mortis. Mas a vida continua e guardo esse dia como a gema mais preciosa de toda a minha vida. Nada que vivi depois ou antes se equipara àqueles momentos mágicos. E foi tudo tão natural, tão espontâneo, tão nosso, que parecia que o mundo girava por causa de nós e ao nosso redor. Pareciam só existir no universo eu e ela e eu para ela e ela para mim. Se acreditasse em almas. Senti naquele dia ter encontrado a minha alma gêmea. Foi um sentimento muito forte e intenso que tomou conta de nós, sem que nos esforçássemos ou pedíssemos, simplesmente se deu e nos amamos plenamente, completamente, profundamente. Nossa, vi um vídeo ozzy agora de uma mulher sendo torturada a pauladas e humilhada publicamente. Não sei porque alguém posta isso no WhatsApp. Fui responder ao meu amigo sobre uma coisa que ele havia me pedido para fazer e carregou esse vídeo monstruoso. Crueldade absurda. Quebrou totalmente o clima de fantasia que eu estava vivendo, ou melhor, revivendo momentos antes. Como disse no texto, no mundo dos homens há mazelas inomináveis. Pura violência, pura barbárie. E nada do que a mulher possa ter feito justifica tamanha covardia. O chão onde estava sentada todo melado de sangue. Coisa horrível. Definitivamente evitar a torrente de posts que esse meu amigo envia diariamente é a melhor opção. Agora estou com as cenas impressas na minha cabeça. Que ozzy. Muito ozzy mesmo. Vou até jogar um pouco de Yoshi para desopilar.

17h10. Morri umas cinco ou seis vezes na mesma fase do Yoshi, mas pelo menos isso me levou a desanuviar um pouco do vídeo da mulher. É incrível que sejam do mesmo mundo o dia que de absoluta felicidade que vivi e um vídeo bizarro e cruel como este. É como se eu vivesse numa realidade paralela. Eu me sinto até constrangido – essa é uma palavra que tenho usado muito ultimamente – de falar dos meus problemas existenciais frente a cenas como aquela, sabendo que existe esta outra faceta hedionda do mundo acontecendo enquanto escrevo isso. É um choque de realidade muito grande. Eu vivo praticamente no mundo de sonho. Tenho conforto, paz, moradia, comida, ninguém atenta violentamente contra mim, ninguém me viola – a não ser a minha privacidade –, eu vivo num paraíso social que a maioria dos brasileiros não desfruta. Também não acho que o caso da mulher seja uma regra, é um extremo de realidade que talvez seja mais frequente do que gostaria de imaginar, mas não é o comportamento da maioria das pessoas das classes menos favorecidas. Acredito que a maioria das pessoas do mundo são gente de bem. Senão já teríamos nos exterminado uns aos outros, viveríamos numa constante e ininterrupta guerra civil onde todos são inimigos de cada um. Não é o que vejo nas ruas. Do Brasil, pelo menos. Obviamente e infelizmente há zonas de guerra no planeta e que certamente são o inferno na terra e que eu acredito que só com a Singularidade tais tipos de conflito tenham fim. Não vejo que os seres humanos que perpetram essas atrocidades vão parar de fazê-lo por si sós em menos de meio século, época em que a Singularidade está prevista para acontecer. Por volta de 2045 para ser mais específico, segundo Ray Kurzweil. Mas à parte toda a violência, sinto que vivo numa bolha fantástica que é o meu quarto, onde nada pode me atingir a não ser a minha mãe, que não oferece ameaça nenhuma, apenas me aperreia com suas cobranças, ameaças e chantagens emocionais. E mesmo isso está bem melhor. Já foi muito, muito pior. Então cá estou, num quarto climatizado, com um copo de Coca Zero cheio de gelo, fumando meu cigarro eletrônico enquanto ouço Sandy e digito no meu computador relativamente potente, com acesso à internet banda larga, tendo ao meu lado dois videogames e dezenas de jogos à disposição. A única coisa negativa é o som engasgando vez ou outra. Mas pretendo solucionar esse problema comprando um som novo. Como presente de aniversário, minha mãe pode rachar comigo. Já inclusive fiz uma pesquisa e meio que já selecionei um, LG. Com Bluetooth toca-CDs e duas entradas USB. Só não tem o line in normal, como a entrada de um fone de ouvido, ele tem um line in melhor, com entradas L e R, mas deve haver um adaptador para isso. Preciso ver como são as saídas e ir na loja especializada em sons de Casa Amarela. É capaz de, em não havendo o cabo, eles mesmo montarem um para mim. Acho possível, para que possa ouvir meu iPod no som. Mas isso ainda são planos que tenho que discutir com a minha mãe. Espero que a qualidade da LG seja melhor que a da Phillips, que me deixou bastante decepcionado. Desde o começo o som já apresentava um defeito de reprodução de CDs: se o CD fosse muito longo, ele não reproduzia as últimas músicas do disco. Isso já me deixou com o pé atrás. Agora ele fica engasgando os CDs de forma completamente aleatória. É irritante. Mas antes de comprar, quero fazer o teste na loja para ver se o tal som que me interessa não apresenta o mesmo defeito quando a CDs de longa duração, como as coletâneas que tenho do REM e do Radiohead ou mesmo o “Disintegration” do The Cure que tem aproximadamente 72 minutos de maravilhosa música. Sem contar a “Nona Sinfonia” de Beethoven. Levarei um desses CDs para testar no som. Mas não quero me estender nesse assunto, pois é por demais fútil e desinteressante. E já disse tudo o que tinha para dizer sobre o tópico. Preciso ir com mamãe no Rio Mar para fazer isso e comprar os CDs de Sandy e Nirvana na Cultura de lá. Ou na Saraiva, onde estiver mais barato.

17h56. Hoje as horas voaram. Vou tentar ver “Inherent Vice” hoje, como comentei com o meu amigo do CAPS. Acho que deve ser a maior doideira. Com a idade os cabelos e pelos vão caindo em velocidade cada vez mais rápida. Vivo a tirar pelos e cabelos de cima do teclado do meu computador. É um pequeno e frequente inconveniente. Todos os meus problemas ficaram menores depois daquele vídeo atroz. Me sinto reclamando de barriga cheia. Por sinal, só tomei café da manhã hoje. E comi muita banana frita. Deveria ter me contido, mas banana frita é algo difícil de resistir para mim. 18h02. Fui me pesar agora e para a minha grande decepção estou pesando 96,9 kg. Não entendo. Mas a balança não mente. De onde veio todo esse peso é que ignoro. Estou quase tão gordo quanto quando comecei a dieta. É um mistério. Só se foi todo o líquido que tomei hoje. Vou me pesar amanhã assim que acordar para ver no que é que dá. E tentar não jantar. E cortar as minhas unhas da mão. Já estão grandes de novo. Não faço agora pois não enxergo bem à noite, pois a luz da varanda é muito fraca. Mas 96,9 é de lascar. Tem alguma coisa errada aí. Só pode ser por causa dos líquidos que ingeri durante o dia.

18h11. Fui pegar mais Coca e urinei. O peso já deu 96,2 kg. Deve ser acúmulo de líquido mesmo. Mas poxa, no começo da semana eu estava com 94 e uns quebrados, ontem estava com 95 e alguma coisa, agora pulei para 96. E não comi muito de ontem para hoje. Mistério. Bom, tenho dois dias para pelo menos voltar aos 94. Não vou comer hoje de noite, está decidido. Vou pedir para mamãe trancar a cozinha. Só assim consigo não comer à noite. Pois a fome provocada pelo remédio é severa. Fase chata eu estou no Yoshi. Pensei em jogar, mas só de lembrar que vou ter que encarar a fase em questão já me desmotiva. E já tinha passado da metade dela, creio. Mas morri por vacilo meu. O pior é isso. Não era nada de extremamente difícil onde caí. Mas deixa isso pra lá. Estou começando a me animar para o filme e estou um pouco sonolento. Puxa, já entrei na quarta página de Word e puxa, já acabou o copo de Coca que acabei de colocar. Acho que vou ouvir “Vulnicura” de Björk. Dar um tempinho para Sandy. Faz uma semana que a bichinha canta aqui no meu quarto. E talvez vá ouvi-la mais quando mamãe chegar com o seu celular. Estou um pouco sonolento. Acordei algumas vezes durante a noite e não fui dormir exatamente cedo.

18h29. Não achei o “Vulnicura”, só o “Vulnicura Strings” que é só com arranjo de cordas como o nome diz. Separei-o, mas dei de cara com “Recanto” de Gal e preferi ouvir este. Mamãe chegou. Acabou-se a minha privacidade. Estava pensando em me utilizar dela, mas agora só quando mamãe for dormir. Penso na garota do Facebook e sinto um incômodo, como se ter falado com ela tenha sido um engano. Acho que foi. É, foi um erro. Agora é como se tivesse um segredo para com o meu amigo. Ele certamente não ficaria feliz em saber que ando conversando com sua ex com certa intimidade até. Só falarei com ela se o contato partir do outro lado. Não serei impolido e deixar de respondê-la também. Mas tenho quase certeza de que ela não vai principiar uma conversa comigo. O que é ótimo. É melhor deixar as coisas como estão.

18h48. Estava dando uma fuçada no Facebook para descobrir onde é a CiBrew, onde quero ir na sexta, e recebi a excelente notícia de que fui aceito no grupo de leitores do Facebook. Vamos ver se nesse grupo meu blog é mais lido. Seria massa. Poderia publicar o post de ontem, mas acho que vou publicar este. Espero que venham coisas mais legais do que eu já escrevi até agora. A coisa complicada do evento da CiBrew é que a ex do meu amigo com quem tenho falado na rede social e o meu amigo estão interessados em comparecer. Eu não sei o que faria se os dois fossem. Ficaria numa sinuca de bico. Mas não deixarei de ir. Se os dois forem, será um curioso experimento social. Uma situação bastante inusitada, mas também talvez inconveniente. Provavelmente inconveniente, em verdade. Acho que o meu amigo não gostaria de me ver falando com relativamente intimidade com a sua ex. Não sei se ela aceitaria que apenas a cumprimentasse e ficasse em companhia do meu amigo. Certamente o inverso, ficar conversando com ela em vez dele, causaria estranhamento e até raiva de mim por parte do meu amigo, visto que os dois aparentemente ainda se gostam, até onde sei. Mas não sei muito. Sei que ela anda sofrendo com a separação. Ele é muito fechado e quando perguntei como andava seu coração, se resumiu a dizer “batendo” e emendou uma risada. Usando uma palavra que tenho usado muito neste texto, tem tudo para ser uma situação constrangedora para mim. E embaraçosa também para eles, por estarem coexistindo no mesmo ambiente. Mas muito mais para mim, que ficaria dividido entre os dois, sem saber a quem dar atenção. Para piorar a situação, meu primo-irmão disse que só vai poder chegar mais tarde, então eu terei de ir sozinho. Não terei nem esse amparo social de falar com os dois e grudar na turma do meu primo. Meu desejo mais profundo seria conversar com ela. Mas acho que o mais prudente será me privar desse desejo. Nenhum dos dois confirmou presença, apenas interesse em comparecer. Mas estou com uma sensação de que os dois irão. Sei lá. Na hora eu vejo o qual é o clima e o que é que eu faço. Só não deixarei de ir. Tenho até que falar com a minha mãe sobre o evento, confirmei sem ter a permissão dela. Mas antevejo que não haverá grandes problemas por parte dela. É um evento que começa cedo e termina relativamente cedo. Talvez a turma do meu primo e eu até estiquemos de lá para outro lugar, como ocorreu da última vez. Bom, quem viver, verá. Outro cabelo caiu no teclado. Minha mãe disse com a idade os cabelos vão caindo e ficando mais ralos mesmo. É, eu já estou na boca dos 40. Em menos de um mês entrarei nos “enta”. Isso não me agrada nem um pouco, mas também não é o fim do mundo. Só não vou mais revelar a minha idade com a mesma frequência de outrora, principalmente às garotas, pois pode afugentá-las. Pelo menos disseram que o meu corte de cabelo me deixou parecendo mais jovem, o que é ótimo. É exatamente o que quero parecer. Hahahahaha. E baixar mais o lombo até a sexta. Perder uns dois quilos seria ótimo. Chegar aos 93 e alguma coisa seria perfeito. Mas acho impossível. Só se não comer nada daqui até lá! Hahahahaha. Vou tentar comer o mínimo. O disco de Gal acabou. Vou pôr o “Vulnicura Strings”. E pegar Coca.

19h29. Já?! O tempo realmente está voando hoje. Daqui a pouco vou assistir o filme. Daqui a pouco, não. Acho que às 22h. Será que terei disposição para escrever depois disso? Comentar minhas impressões do filme? Sei lá. Amanhã não tenho CAPS, logo não tenho hora para acordar, posso dar uma esticadinha à noite. Resta saber se vou aguentar. E se minhas opiniões sobre o filme têm algum mérito para serem reproduzidas aqui. Logo minhas, um cara que gosta de blockbusters e lançamentos. Hahahahaha. Vou tentar passar da fase do Yoshi. 19h42.

20h11. Passei da fase irritante veio uma bem mais divertida, porém morri de forma estúpida, me enfureci e desisti por um tempo. Puxa fumar, mesmo que cigarro eletrônico é muito prazeroso para mim, pena que faça tanto mal... Queria saber onde foi parar o meu “Vulnicura”. O original. 20h16. Depois de esgotadas todas as possibilidades óbvias, fui numa improvável e achei. Massa. Falta agora achar os dois da coletânea do REM! Hahahaha. Xapralá. Na minha busca achei o “No Line On The Horizon” do U2 que estava procurando um dia desse e não conseguia achar de jeito nenhum e estava bem na minha cara. Os do REM são um problema mais difícil. Mas como disse, xapralá. Já achei muito CD sumido hoje. Tem uma coisa “arriscosa” e ao mesmo tempo excelente para acontecer na sexta. Espero que dê tudo certo. Senão as consequências podem ser para lá de danosas. Não só para mim. E não estou falando do ex-casal na CiBrew. E do que estou falando nada posso acrescentar. Não devia nem ter trazido à baila aqui. Acho que vou assistir o filme logo mais, às 21h. São 20h28. Isso me dá meia-horinha para escrever. Mas estou meio seco de conteúdo. Ah encontrei o meu amigo do prédio com quem conversei um final de semana desses na rua hoje, pilotando a sua moto. A princípio não o reconheci de capacete. Ele está muito diferente mais velho e bem mais gordo. Mas é exatamente como estou também! Hahahahaha. Hoje estou todo risonho, que negócio chato. Deve ser enervante para o possível leitor. Me perdoe, mas preciso pôr as risadas para enfatizar que não estou levando o assunto muito a sério e, sim, na esportiva. Ou porque achei engraçado mesmo. Foi inclusive ele quem me mandou o vídeo ozzy da pobre mulher. O “Vulnicura Strings” acabou. Vou de U2 agora. Pegar Coca antes.

20h35. Pronto. Coca e disco postos. Será que este disco do U2 tem alguma balada. Não lembro. Minha impressão é que não. Mas devo estar enganado. Todo disco do U2 tem. A vida é muito irônica, aquele vídeo foi aparecer justamente quando estava me deliciando com minha memória mais preciosa. É lasca. Minha sexta promete ser repleta de emoções não tão positivas. Isso me preocupa. O que era para ser bom e divertido pode se tornar problemático de forma talvez irremediável. Espero que não, que isso seja o meu lado paranoico se manifestando. Esse lado emerge quando as coisas não estão sob o meu controle, quando depende de terceiros. Fui perguntar de baladas, já se pode considerar a segunda música uma “balada agitada”, se é que existe tal coisa. Não sou crítico musical. Muito menos crítico de filmes, mas não me furto a dar opiniões mesmo assim. Esse disco do U2 é bem estranho. O que não é ruim. Bono grita mais do que o habitual. A terceira é outra que poderia ser categorizada mais como balada. É um disco mais experimental do grupo. E usa muitos coros e overdubs da voz de Bono. Mas é um experimental que não se sai tão bem quanto o “Pop” ou o “Zooropa”. Não sei se foi porque foi o disco do U2 que menos escutei à exceção do mais novo, que ouvi menos ainda, só durante minha viagem à Europa para visitar a minha irmã. É, é um disco fora dos padrões do U2. Mas deixemos o disco de lado. A sexta me recheia de sentimentos antagônicos. Torçamos pelo melhor. The Edge solando por mais de um minuto. Definitivamente for dos padrões. Pelo menos os dois últimos discos não pularam. A quinta música é a música mais U2 do disco até agora. Mas eu ia deixar o disco de lado. O problema é que estou focado nele e não tenho muito o que falar. Caramba, estou na sexta página de Word. Outro post que ninguém vai ler. Mas escrevo mais para mim mesmo. É, como já devo ter dito – velhos costumam se repetir –, uma autoterapia. Tudo o que não falo no dia-a-dia, digo aqui. A palavra escrita tem sido, nos últimos meses, a minha melhor amiga. Não reclamo, afinal ela nunca reclama de mim. Passivamente aceita o que quer que faça dela. E abuso demais da bichinha. É um abuso usar as palavras para encher seis páginas de mim e do que está o meu redor ou do que me ronda. Mas elas são amigas ou, mais além, amantes, muito permissivas. Por isso as amo tanto. Por isso essa intimidade indiscreta com a palavra escrita. Uso as palavras indiscriminadamente e parece que nunca acabam, sempre tem mais uma a ser posta. Não sei de onde elas me vêm, de dentro, de fora de todas as direções do tempo e do espaço. Passado, presente e futuro se misturam na minha escrita e não há muito esforço para a coerência. Só a necessidade urgente de dizer tudo o que calo para o resto do mundo. E ponho aqui neste blog na expectativa que um você venha emprestar sua voz a elas. Mas não guardo muitas esperanças disso, portanto elas permanecem sendo vozes apenas da minha cabeça. Vamos ver se esse grupo de leitores é realmente feito de pessoas que lêem. Pelo menos há uma pessoa que leu dois dos meus posts publicados no grupo de escritores. Sandra Leal. Ela foi a única que demonstrou alguma reação, me dando duas curtidas. Se o você for você de novo, Sandra, muito obrigado. De coração. Você me motiva a continuar tentando repartir estes textos desvairados que teço sem muitas pretensões. Se houvesse alguma responsabilidade em fazer isso, eu já teria parado de fazê-lo, pois sou alérgico a responsabilidades. Faço por prazer e por necessidade. Uma necessidade maior que eu. Ou do tamanho exato da minha alma que clama se mostrar, exibicionista que é. Despudorada que é. Mas nem tanto porque não tenho coragem de postar esses textos na minha página pessoal, pois tenho medo de me revelar assim demais e totalmente para as pessoas que conheço. Procuro o anonimato que a rede social me permite. Por isso, se publicar o meu livro sobre os internamentos que passei por causa da maldita droga, eu o faça em formato digital e secretamente para que nem minha mãe nem meus amigos achem. A verdade é que tenho vergonha de mim e dos meus pensamentos, por isso talvez ande tão calado no lidar com as pessoas e tão prolixo aqui. Cada vez mais calado e cada vez mais prolixo. Eita já são 21h30 e não comecei a ver o filme. Mas está tão gostoso ficar apertando estas teclas quase a esmo que vou continuar mais um pouco aqui. Depois vou revisar e publicar. Ou deixo isso para amanhã. Não sei se os leitores são notívagos como eu. Acho que vou deixar para revisar e publicar amanhã se pretendo ainda escrever sobre o filme. O que sinceramente ainda estou na dúvida. O disco do U2 acabou. É uma boa deixa para eu começar a ver o filme. Não colocarei outro CD para que o silêncio me empurre daqui para a TV. “Inherent Vice”. Já baixei faz um tempão, só me animei quando numa saída dessas me disseram que era do mesmo diretor de “Magnolia”. Mas já disse isso recentemente. Talvez até no post anterior. É, estou ficando caduco. É porque o meu mundinho é tão limitado, o repertório fica tão restrito. Afora o CAPS e as possíveis saídas de final de semana... minha mãe entrou no quarto e desatou a falar, me interrompendo, mas afora esses momentos o meu mundo se resume ao meu quarto e não acontece muita coisa no meu quarto, não é lá o ambiente mais agitado do mundo (graças aos céus!). Gostaria de um dia ter uma mulher na minha cama, de vê-la dormir, de namorar com ela, mas isso é um sonho distante, uma ficção e este blog é de não-ficção. Aliás é da ficção que minha mente cria e que chama de realidade. São as percepções que os estímulos externos e internos me despertam. E o que me despertam agora é preocupação sobre os eventos de sexta. Mas já disse e redisse isso um sem-número de vezes. Seja o que o acaso quiser. Entrego nas mãos dele o outcome desse dia 24. 21h48. Vou colocar, enfim, o filme.

0h34. Acabei de ver “Inherent Vice”. Achei sem graça. A história é cheia de arrodeios e pontos de conexão, mas todos me pareceram forçados, nem imagino como o livro em que foi baseado deva ser. Se for como a história do filme deve ser muito chato. Ousaria dizer mais chato que este texto. O filme tem muitos diálogos com muitas gírias, então houve momentos em que a compreensão das falas com legenda em Inglês se tornou complicada. Mas não afetou a minha compreensão geral do filme. Que não tem muito o que compreender na verdade. É uma trama policial fajuta, caricata, com inclinações para a comédia de humor negro. Nada faz muito sentido, tudo é meio psicodélico. O personagem principal, embora tenha atuação magistral de Joaquin Phoenix, é apático e passivo. As coisas meio que acontecem com ele, ele raramente faz as coisas acontecerem. É como se tudo fossem coincidências no filme. Não gostei e não recomendo. Achei tedioso, demorado e sem graça. Nesse clima junkie viajado, “Medo e Delírio” ou “O Grande Lebowski” são muito melhores. Preciso tomar banho ainda. Prometi a mamãe. Se o banho me despertar escrevo mais. Senão completo amanhã, pois estou com muito sono.

1h10. O banho me tirou mais o sono. Talvez tenha criado expectativas demais em relação ao filme, por isso me decepcionei. Mas não retiro uma palavra do que escrevi acima. Achei o roteiro fraco. Tudo bem quem vê uma crítica social no filme, especialmente no que tange a polícia de forma geral, mas isso não é razão suficiente para assisti-lo. Para mim não foi uma perda de tempo maior porque alguns personagens são bons e os atores são ótimos. Não chega ao dedo mindinho de “Magnolia”. Uma obra menor de um grande cineasta. Boto muito mais fé em “Sangue Negro”, também de Paul Thomas Anderson. Procurarei baixar num futuro próximo. Ou não tão próximo, já que tenho tantos filmes baixados por assistir. E não ando com saco para filmes. Não ando com paciência para muita coisa, fora escrever e sair com os meus amigos. E ir ao CAPS. Tirando essas três atividades, as demais não me despertam muito interesse. Não sei o que ocorre. Torço que seja porque escolhi tanto um jogo quanto um filme medíocres para me entreter. Mas no acervo de filmes baixados que eu tenho, não há nenhum que me desperte particular interesse. Se bem que nem me lembro os filmes todos. Sei que a grande maioria é de terror. É incrível como terror é um gênero prolífico em produções. Tenho alguns de Herzog para ver, se é que os baixei direito. Tenho curiosidade, mas falta-me motivação real. Se há um filme que gostaria de ver? “Assassin’s Creed” 3D, que baixei recentemente. Talvez o assista amanhã. Por incrível que pareça me bateu vontade de jogar Yoshi. Acho que é o que vou fazer. 1h50.

2h16. Passei de mais uma fase do Yoshi. Agora vou pegar meu último copo de Coca e fumar um cigarro para ir dormir antes que mamãe apareça aqui de novo com seu misto de ira e tragédia. Sete páginas de Word já. Acho que este post já deu o que tinha que dar. Vamos ver o que sinto depois de fumar o cigarro.

2h30. Botei água em vez de Coca senão minha mãe vai dizer que eu bebi a Coca quase toda durante a noite. Fumei o meu cigarro de final de noite, resgatei a chave da cozinha que desta vez Dona Carmelita não conseguiu arremessar para dentro de casa, tive de pegá-la pelo lado de fora, no hall de serviço, que é onde fumo cigarros de verdade. Mas esse texto já está para lá de extenso, acabo de entrar na oitava página de Word. Se digitar os diários se desse tão rápido assim, iria ser uma beleza. Pena que é um processo bem mais lento. Bom, quando acordar reviso e posto. E faço a divulgação no Facebook.