domingo, 18 de novembro de 2012

Tebas sexta à noite (depois de um monte de baboseira escrita)


17h43. Eu e meu computador, meu computador e eu. Ele nem tem tempo para sentir saudades de mim, passo o dia quase todo fazendo cafuné em suas teclas. Ele é um companheirão. Tem quase tudo o que preciso. Só não tem a mulher amada, café, Coca-Cola e cigarros. Tirando a mulher amada, possuo agora todo o resto. Então posso dizer que minha existência está quase completa. Tirando esse vazio enorme no peito, tudo o mais eu tenho. Tenho tempo, o que muita gente não tem. Isto é muito precioso, o tempo. Mesmo que para refletir baboseiras, mas é um tempo meu, eu comigo mesmo e o meu companheirão que materializa em texto estes meus momentos únicos. Sem engarrafamentos. Sem compromissos. Sem ter que correr atrás de dinheiro. Sem necessidade de realização profissional. Sem grandes ambições (tirando novamente um grande amor). Não tenho um tostão furado, mas sou riquíssimo de tempo. O inverso do que a sociedade espera (inclusive de mim, mesmo que à boca miúda). Vou fumar tomando aquele cafezinho esperto. 17h49.

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18h06. Tive a mais bizarra das ideias agora. O café está bem ao lado de uma tigela com água onde minha mãe pôs um bacalhau para dessalgar. Pensei em derramar a garrafa inteira dentro da água do bacalhau para ver como minha mãe reagiria. Obviamente, é uma péssima ideia e o caos ia ser grande, posto que este seria um ato muito caótico de acontecer. E provavelmente eu não acharia tão engraçado quanto imagino agora. Seria punido com uma série de sanções e ouviria uma gritaria que duraria mais de hora. Mas que foi engraçado pensar nisso, foi.

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Traquinagens de lado, o que posso dizer agora? Não comi nada hoje (e não estou com fome). Já ouvirei sermão por causa disso. Dizer que só sinto fome de madrugada não ajudaria em nada minha situação. Então, o que me resta fazer para amenizar as coisas é, antes que mommy chegue, eu detone a salada de frutas que ela deixou para mim na geladeira. Mesmo a contragosto, não vai ser nenhum sofrimento. Vou lá. 18h16.

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18h20. Pronto, salada de frutas devorada. Foi até bom, estava gostosa. Gostosa, taí uma palavra que eu gosto de dizer. Eu acho que pronuncio de um jeito interessante a palavra “gostosa”, não sei por quê. Ninguém nunca me confirmou o fato, logo não tenho base experimental para concluir se estou certo ou não. Mas me sai bem da boca. Putz, realmente não tenho assunto nenhuma para colocar aqui.

18h23. Mommy acabou de chegar, comi a salada na hora exata! Parece até sexto sentido! Já aconteceu muito esse tipo de coincidência comigo, principalmente com namoradas, a gente parecia ter um lance telepático. Acho que as duas existências estavam tão sincronizadas, um tão habituado ao modo de ser do outro que conseguia prever certas coisas ou pensar nas mesmas coisas simultaneamente. Era bem divertido quando acontecia, parecia algo meio mágico, meio místico. Mas acho que eram apenas duas pessoas que se conheciam muito bem.

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18h34. Por ser com o meu outro primo-irmão, minha mãe ficou meio desconfiada quando comentei sobre o pôquer (é eu fui convidado para uma jogatina de pôquer na casa de um grande amigo nosso, que também tem um PS3! Eu uma filhota bebê!), mas é um programa tão família que, ele me levando e trazendo, ela não vai objetar.

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Há uma mão articulada de madeira ao lado do meu computador, do tamanho de uma mão de garota. Quantas pessoas no mundo tem um negócio desses além de mim? É um instrumento para ajudar a desenhar mãos, você bota a mão na pose que quer e tenta olhá-la e desenhá-la. Presente do meu padrasto. Achei sensacional ele ter investido em mim nesse aspecto da arte. Ganhei, junto com a mão, um boneco de madeira todo articulado que está logo atrás da mão, em pose de alegre aceno para mim. Pena nunca tê-los usado para seus fins... ainda..., quem sabe...

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18h42. Nada para escrever. Fumar para ver se a fumaça e o andar de lá para cá no hall me trazem alguma inspiração.

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19h01. Duas xícaras de café e três cigarros depois estou de volta para falar de algo que me maravilha: a espantosa e magnífica harmonia do universo. Apesar e muito além das frustrações e pensamentos dos homenzinhos em seus carros ou na bolsa de valores, o universo segue obedecendo inescrutavelmente suas leis, desde sua parte mais infinitesimal (se esta existe) até as maiores galáxias. Penso muito nessa grandiosa harmonia quando olho as nuvens no céu ou quando penso que é possível erguer estruturas como este prédio que habito, ou no computador. E nos próprios homens, que são efeitos maravilhosos dessa sinfonia de coisas grandes e pequenas que segue seu ritmo independentemente de nossas vontades. Essa coisa mais imensa do que a minha imaginação. Mágica e harmônica, infalível.

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O pôquer morgou. Vou tentar ir ao Tebas, mas isso depende da carteira e do humor da minha mãe. Provavelmente será um não, mas, como sempre, tentarei reverter o quadro, dizendo que minha amiga-arengueira-que-não-quer-ser-chamada-assim vai etc. e tal. 19h27.

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Vou acabar este post por aqui porque meu padrasto falou que o Google Analytics é que é a ferramenta de contagem de visitas, não a do Blogger, que é muito limitada. Vou tentar agora fazer toda a burocracia virtual para por o Analytics.

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Recife, 17 de novembro de 2012, 22h41.

Não sei se consegui colocar o Google Analytics na página, terminei hoje e a essa hora porque realmente fui ao Tebas ontem com meu primo-irmão, seu amigo psicólogo e seu amigo que quer ser cineasta. Coloquei o código do Analytics como se fosse um gadget do layout, não sei se vai funcionar.

TEBAS - sexta-feira à noite



Voltando ao Tebas. Me diverti muito à minha maneira, fomos de buzão, chegamos cedo antes de lotar, compramos logo um monte de fichinhas (para mim de refrigerante, obviamente) e ficamos no patamar de baixo. Tive a sorte de o DJ colocar duas músicas que eu conhecia e que curto muito Blue Monday, do New Order e Fullgas, de Marina. Dancei as duas e foi tudo o que dancei a noite inteira. Os meninos me chamaram para subir ao piso superior que não tem teto (e a noite estava estrelada para os padrões recifenses, o que foi uma beleza à parte) e cuja vista é linda. Além disso, que não havia da outra vez que fui, colocaram cercado de proteção e – para minha alegria – um outro bar, bem menos tumultuado que o de baixo. Havia também mesas e cadeiras, outra grande benesse, que decidimos aproveitar. Como disse ainda não estava completamente lotado. Depois tivemos que defender nossas cadeiras a unhas e dentes sempre que um ficava em pé por algum motivo. Acabou que passei a noite sentado na minha cadeira, apenas saindo apara urinar ou pegar uma Coca e um copo com muito gelo. Ficava sentado, mas com meus olhos bem abertos para localizar possíveis gatinhas para entregar o endereço deste blog. Localizei várias, mas dentre todas, tenho que mencioná-las, elas que foram o grande destaque da minha noite: Danielle e Camila, duas garotas muito alto-astral (e engraçadinhas, tiradoras de onda) com as quais havia cruzado na volta de uma das minhas cruzadas ao banheiro e que convidei para dar um-dois conosco posto que Dani (desculpe a intimidade) havia pensado que o papel era um beque. Nisso ficamos conversando e uma certa empatia se formou. Nada que gerasse uma ficada, eu creio, mas simpatia de uma forma ou de outra. Tanto que elas voltaram umas duas vezes mais para trocar uma ideia conosco (comigo?). Foi uma interação muito agradável e divertida que me valeu a noite. Também conversei com Caio, o cavalheiro (e para quem também entreguei o endereço do blog), que está muito puto com tudo isso e naquele momento achando que todo mundo era, no fundo, grandes filhos da puta – ele mesmo sendo um – embora, em realidade, fosse um cara muito gente boa. Só acho que sofria de coração partido.

No mais, entreguei o papel a várias gatinhas e a um formador de opinião (eu creio), o que fez da minha noite um divertido sucesso à minha maneira. Não agarrei ninguém, não bebi, nem dancei até o sol raiar. Nem precisava, para mim era muito melhor ficar ali sentado, olhando as pessoas existindo, as estrelas o no céu, o alvorecer, sempre à procura de gatinhas. Queria que elas – e eles – realmente acessassem o blog. E que elas saibam, desde já, que elas foram as mais lindas, dentre as mais lindas, que encontrei durante a noite. E que se sintam especiais por causa disso.

Infelizmente só faltou uma Clementine. Mas não se pode ter tudo ao mesmo tempo. Foi um tempo feliz, meu primo-irmão estava feroz na caça às meninas. E parece ter encontrado uma que realmente o agradou. O cineasta também se deu bem. Só quem ficou no zero a zero fomos eu e o psicólogo. Mas apenas o fato das meninas Dani e Cami terem voltado para falar comigo (conosco?) para mim é considerado quase um gol. J
0h16. Vou postar esse e ver se escrevo outro

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