domingo, 21 de agosto de 2016

FIV E OUTRAS BABOSEIRAS

Fui ao FIV – Festivas de Inverno da Várzea – e achei o ambiente bastante peculiar. A Várzea aparenta ter uma comunidade própria que se aproxima da de Olinda, mas não completamente. Muitos rastas, muitos homossexuais, muitas morenas bonitas, negras bonitas, pouquíssimos obesos, gente geralmente da classe C média, muito aprazível. Não consegui dar em cima de ninguém e quem me apeteceu ou aparentava ser jovem demais ou já estava acompanhada. Muita maconha no ambiente e sabe-se lá mais o quê. A coca estava barata variando entre três a quatro reais. Fiquei perto de um lugar onde ela estava a três e cinquenta. Agora o Word tira tremas, que droga. Acabei de descobrir ao escrever cinquenta. Encontrei a psicóloga do meu grupo de CAPS. E devia ter seguido o conselho dela e perguntado onde ela estava bebendo sei lá o quê que não reparei o preço da Coca antes de ter pago quatro contos na minha (lá onde ela estava era três). Arrependi-me, mas foi também a última coca da noite, pois os meninos partiram para o antigo e eu queria pegar a festa da minha prima e vizinha. O que de fato fiz, interagindo muito pouco com os convidados restantes porque eles não estavam muito a fim de conversar comigo, o que me deixou levemente irritado. Ninguém gosta de ser ignorado e foi assim que me senti, mesmo quando eu puxei o papo. Tem nada não. Achei-os meio boçais, estes novos amigos dela que nunca havia visto antes. Bom, perderam de conversar com alguém superiormente interessante, com uma vivência completamente diversa da deles. Perdi pelo mesmo modo. Mas não foi escolha minha. Ainda penso em voltar lá. Já que ainda está rolando e a porta está aberta. Mas entrarei mais para comer alguma coisa e encher meu refil de coca quando acabar. Estou trêmulo. Isso é falta de comida.

2h56. Deixei a idéia besta de ir lá e comi aqui em casa mesmo. Acho que a tremedeira está começando a passar. Queria comer bife à milanesa com purê. Vou pedir a mamãe para ela pedir a Dona Carmelita fazer quando ela vier. Aliás, queria comer bife à milanesa com batatas fritas. Ia ser perfeito. Eu sei que eu estou de dieta, mas ela iria para uma pequena viagem interespacial nesse dia. Eu mereço, eu acho. Nem sei se mereço alguma coisa. Já tenho mais do que mereço, tendo em conta o meu passado, mas, que seria bom, isso seria.

Por falar em passado, encontrei um companheiro de internação na Villa Passos. Ele me pareceu muito bem. Fiquei muito contente com isso. Conheci finalmente sua família, a qual tinha sincera curiosidade de encontrar, já que ele falava incessantemente nela durante a internação. Foi interessante e com colocar rostos e corpos nos personagens de suas histórias.

Foi bom esse encontro. Ele me tratou com calor e animação, o contrário da receptividade que tive na festa da minha prima. Puxa, realmente a frieza, a meu ver infundada, dos amigos da minha prima realmente me incomodou, pois voltei a falar nisso. Vou deixar esse assunto de lado. Eu estou com a vida ganha, graças a Deus. E agradeço a ele aqui com certa fé. Não sei de onde vem, mas surge, sempre que penso nesse assunto da curatela. A paz de espírito que ela me garantiu. Nunca havia experimentado tamanho alívio na minha vida. E todos os dias me sinto grato por isso. Morro de medo de perder. Acho que nem sei o que aconteceria comigo. Mas não quero falar disso para não atrair. Não acredito muito na lei da atração. Mas por via das dúvidas. Mudar de assunto.

Como venho dizendo, tem me trazido um prazer enorme o outro blog. E agora, uma certa ansiedade, posto que estou ficando sem ter sobre o que escrever.

Estou escrevendo encontro instalo o jogo Evolve do qual comprei o boneco Goliath há mais de um ano e que agora é gratuito. O jogo é enorme. Parece que tem 19 GB. Não sei nem se vai rodar nessa máquina, mas, como comprei o boneco, quero testar o jogo. Só para ver como é. Se não gostar ou não rodar, apago.


Faltam dez horas de download até eu poder instalar o jogo e ver se o meu computador roda. Cara como me arrependo de não ter comprado o outro computador... mas tudo conspirou contra. É a vida. Não tenho do que reclamar. Tenho um computador relativamente rápido, pelo menos para coisas não tridimensionais (como jogos ou ZBrush, que também não sei nem para onde vai :P). Tenho dois blogs que me preenchem o tempo, me preenchendo assim. Tenho um PS3 com vários jogos e acho que aprendi como consertar a armadura do meu personagem no Diablo 3, pois só faço morrer porque minha armadura está toda danificada. O ícone, além de partido em três partes, ficou vermelho agora. Aí, em qualquer luta que entro, me lasco. Espero que tenha entendido as coordenadas do meu amigo fã de Diablo (que estava conosco no FIV) e consiga reparar meus equipamentos. Aprendi que posso vender os itens que não quero do jogo (e pensar que joguei várias dezenas fora...) e fazer uma grana extra para poder pagar o conserto das minha armadura. Vou testar isso amanhã. Acho... Ando tão sem paciência para videogame ultimamente... E isso me incomoda bastante, pois tem zilhões de jogos irados que eu quero jogar e vou jogar. Não é possível. E ver filmes também. Preciso me reeducar a ver um filme por dia. Vamos ver se consigo pôr essas duas coisas em prática, quem sabe amanhã. Quem sabe... não sei de que horas eu vou acordar... só sei que vou acordar debaixo de esporro porque certamente, indo dormir mais de 3h43 da manhã eu vou acordar tarde. E aí enfrentarei um surto de mau humor por uma hora, pelo menos. Mas assim é minha vida, com seus percalços, mas finalmente agradável de ser vivida. Vou ficar por aqui, senão o “tetéu” vai aparecer aqui furioso.

10 horas de download...

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

UMA OUTRA ESTAÇÃO





Ouvindo “Uma Outra Estação” do Legião. Pois é, dei uma pausa pra Mallu e pro Bowie. Está tocando a música título, a segunda do disco e minha predileta. Para mim, é o melhor disco póstumo – brasileiro, pelo menos – empatado com de Cássia Eller cujo nome é uma data que não me recordo. Péra, vou ver no mestre Google. “10 de dezembro”. Pronto. Esses dois são os dois melhores discos póstumos que já ouvi. Se bem que não me lembro de ter ouvido outros. Só tributos. Entretanto, esses dois poderiam entrar na discografia original com louvor. Mas não sei se quero falar do meu gosto musical ultrapassado. O que me faz me lembrar de algo que não devo lembrar. Mariana, esqueci disso. De cobrar ao amigo do meu primo-irmão o contato dela no Facebook. É chato cobrar, mas com o blog de bonecos, estou aprendendo a ser mais chato do que já sou. Amanhã cobro a ele. Se me lembrar, quero dizer. Por falar nisso, não pude ir à Vila Edna no Dia dos Pais, pois estava tendo o Dia dos Pais do meu padrasto aqui em casa. E depois do almoço peguei num sono ferrado e só fui acordar quando mamãe veio me dar os remédios. Aí também fiquei acordado até as quatro da matina. No mundo fantástico dos bonecos. Darei mais um golpe financeiro na minha mãe. Na minha mãe, não! Vou usar minha pensão para pagar os fees do eBay. Acabei de fazer isso. Não sei se vai passar pelo crivo dela quando ela olhar a fatura do cartão. É o velho, se colar, colou. Por falar nisso, não sei se a atividade de hoje do grupo foi muito terapêutica, pois era para fazer uma história em quadrinhos do uso da minha droga de preferência, obviamente, a Norcola. Isso me deu um pouco de fissura, mas tenho muitas razões para não recair. Boas razões. Como não voltar para a clínica, como ganhar a aposta que fiz com um amigo meu de que não recairia de novo até o final do ano (e nem depois! Mas a aposta foi até dezembro). Como uma possível viagem no ano que vem, como o meu blog de bonecos, como não sofrer mais em troca de apagões. Como não ficar mais seqüelado do que já sou. Não, não e não! Mas esse exercício foi meio fora de contexto por gerar em mim memórias eufóricas da droga. Se tiver oportunidade de comentar sobre o exercício no próximo encontro, levarei esta observação. E amanhã seria o dia perfeito para recair, pois minha mãe vai passar o dia todo fora de casa. Mas não o farei. Tô cansado de me foder. Simples assim. Vou mudar até de assunto que falar sobre isso alimenta a fissura.

Sobre o que falar, então?

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16 de agosto de 2016.

Continuando ou recomeçando, melhor dizendo. Tanto tempo desde a última frase. Fui pegar o “Blackout” de Britney Spears para ouvir e achei embaixo “Recanto” de Gal (que Caetano compôs para ela e arranjou com um arranjo bem diferente, meio eletrônico, o disco todo é meio difícil a priori, depois se torna o bicho. Um dos discos que mais gosto da minha coleção). Minha coleção de CDs... é uma pena... só sei onde está no máximo 1/3 dela. Vários CDs que gostaria de ouvir estão perdidos pela casa ou para sempre. E eu não tenho ânimo para localizá-los, sei que há muitos no quarto da minha irmã, num armário específico, mas nem me dou ao trabalho de ir resgatá-los, pois não há espaço no meu quarto para coloca-los. Meu quarto é um amontoado. De coisas minhas e não minhas. No mínimo, 1/3 do volume é não meu. Quero ver com essa reforma, o que será das coisas todas que amontoam o meu quarto, pois terei que abrir espaço para as bonecas e bonecos. Quando esta reforma vier. É uma pena and a pain in the ass minha mãe não deixar eu usar o dinheiro da pensão para bonecos. É só remédio, vestuário, plano de saúde, psicólogo, coca-colas, saídas e quetais. É uma pena que eu não posso eu mesmo gerir o dinheiro, mas teria que pagar tudo o que é pago com a pensão para poder pensar em gastar em boneca, não iria adiantar de quase nada. Não daria para eu comprar uma boneca, só se poupasse. Mas não posso. Então tenho que me contentar com as que já tenho e em como elas são. É a vida. E é bonita, é bonita e é bonita. Finalmente acho assim. Por mais que o caos às vezes opere contra. São várias variáveis, como diria Humberto Gessinger, e não se pode dar conta de todas. É impossível. É incrível que ainda mantenha esse quantidade enorme de controle sobre a minha vida quando penso que sou eu contra o universo inteiro de coisas que podem vir contra minha vontade! Chega a ser miraculoso isso. Que cada pessoa consiga isso ainda mais aglomerada no mesmo planeta, um monte de quereres e vontades dissonantes coexistindo em sua maior parte em paz cada um respeitando o máximo que consegue o quadrado do outro. É fantástico. Parece mágica e deve ser. Como a mágica dos formigueiros se auto-organizarem espontaneamente.


1h57. Nem lembro do que estava falando. Me perdi no Facebook. E uma googleada ou outra por aí atrás do que botar no blog de bonecos. 2h21. Ainda perdido no meu mundo de bonecos. Como diz a música “Estou longe, longe, estou em outra estação...”. Ah, cobrei ao amigo do meu primo-irmão que arrumasse o endereço de Mariana. Vamos ver no que é que dá. Ah 2, levarei o texto da Novíssima Religião para duas meninas do meu grupo do CAPS amanhã! Vai ser doideira!

sábado, 13 de agosto de 2016

EQUILÍBRIO

Chamei de "Liberdade da Plenitude", concluíram que eu era desequilibrado
depois que interpretei o desenho...




Num dos grupos do CAPS quarta-feira, num debate sobre a figura acima, que elaborei durante a atividade, o mediador do grupo pediu que eu pensasse sobre a palavra equilíbrio. Disse a ele, então que escreveria sobre ela aqui neste espaço. Passaram-se dois dias e eu não consegui achar motivação para escrever sobre o tema. Mencionei o fato para ele hoje e ele me disse para tentar equilibrar coisas, fisicamente falando mesmo, para ver se isso me dava uma luz sobre o texto. E não foi que deu? Tentei equilibrar meu isqueiro em pé na minha mão e descobri que alcançar o equilíbrio é a parte mais fácil; mantê-lo é que é extremamente difícil e, no caso do isqueiro, para mim, impossível.

Eu sou uma pessoa de extremos ou pelo menos assim me julgam. É fato que nem sempre consigo manter o controle sobre certos aspectos da minha vida. Me considero inexperiente emocionalmente em relação a garotas e ando um tanto quanto introvertido. Por outro lado, pego uma psicóloga do CAPS e falo abertamente da minha vida, como faço aqui. Da mesma forma, muitas vezes repetitiva, como aqui. É fato que tenho baixa autoestima no que diz respeito à minha aparência e minha cultura, por outro lado o meu blog de bonecos bota meu ego lá para cima quando recebo um elogio. Enquanto fisicamente me sinto um fracasso e isso me põe para baixo, assim como os meus defeitos de caráter que não consigo ainda controlar (e há também alguns que não quero controlar), de resto vou muito bem comigo mesmo. Acordo gostando de viver. Tenho coisas para preencher todos os meus dias e todas as minhas horas. Coisas que gosto de fazer. Então não tenho do que reclamar. Não me vejo como um desequilibrado emocional. Sou desequilibrado corporalmente falando e acho que isso se deva em parte aos remédios que eu tomo ou assim quero crer. A droga é que não consigo me lembrar os extremos que o terapeuta mencionou no grupo para transcorrer melhor sobre o assunto. É óbvio que não consigo manter o equilíbrio o tempo todo e cometo excessos. Mas, em comparação com dois anos atrás, eu estou muito mais comedido. Como consegui isso? A custa de muito esforço e de muita cabeçada na parede. Ainda ando dando com os cornos no muro, mas muito mais de leve agora, adquiri um autocontrole que não me imaginava capaz de ter, que ainda me é penoso controlar, mas a sensação de não ter feito uma besteira que vem depois e é recompensadora. Uma coisa que me incomoda, mas não o suficiente para que eu tome uma atitude é que me sinto em débito com uma série de pessoas, mas, por outro lado, gosto tanto de usar meu tempo da forma que me apraz que esse prazer empalidece qualquer vontade mudar a minha rotina. É algo que preciso trabalhar. Há certas responsabilidades de cunho emocional mesmo que preciso assumir. Não são tarefas domésticas. São cultivos de relações afetivas que estou deixando ao deus dará. É uma das mudanças que vejo como mais prementes na minha vida. Isso vai requerer esforço e privações aos quais certamente não estou disposto a me submeter, mas por um bem maior que eu, se fazem necessários. Falo principalmente da minha mãe e, num segundo plano, dos meus avós; e num plano intermediário das garotas. Por sinal a Mariana que encontrei na Bodega do Eduardo não me saiu da cabeça ainda e ainda estou batalhando por seu Facebook, muito embora eu tenha grandes suspeitas de ela ser lésbica, por mais que não aparentasse no agir, como também não aparentavam suas amigas, mas nas gírias relacionadas a mulheres. Espero estar redondamente enganado e espero conseguir o Facebook dela. Mas estou fugindo do meu assunto que é o equilíbrio. A pergunta que me vem é: se estou me sentindo majoritariamente bem – e bote majoritário nisso – deveria eu me forçar a mudar o andamento das coisas? Obviamente gostaria de emagrecer, mas exercícios estão cortados do meu rol de possibilidades, só me resta fechar a boca, por mais que este remédio da noite me dê uma fome do cão. Vou ter que voltar a pedir para trancarem a cozinha. Agora mesmo, 23h36. Estou com uma larica enorme. Doido para colocar algum alimento para dentro. O meio pacote de biscoitos que comi para enganar já não enganam nada. Por isso é bom trancar a cozinha. Para que eu não vá lá “estraçaiá” tudo o que encontrar pela frente. Funcionou antes. Pode funcionar agora. Reduzir a quantidade de Coca-Cola Zero também está fora de cogitação. Se minha barriga for por causa de contenção de líquidos por causa dos remédios, um abraço, xau pro louro, que as Cocas eu não abandono. Poderia tomar menos Coca, seria a decisão equilibrada, mas eu prefiro do jeito que está. Afinal a decisão tem que ser a mais equilibrada para quem? Este é o meu equilíbrio. Pelo menos por ora. Todos procuram o seu próprio bem-estar, se eu encontrei  e construí meu bem-estar por que deveria alterá-lo? Por que um adulto precisa de mais responsabilidades, mais repressão e mais sofrimento para amadurecer? Ah, só quem já passou pelo que eu passei sabe das responsabilidades, da repressão e do sofrimento inerentes à minha condição. Para mim tá bom disso. Serei para sempre infantilizado? Talvez, quem sabe? Tentarei dar mais atenção à minha mãe. É a única meta que me coloco no momento. E isso significa visitar meus avós domingo sim, domingo não. Vamos ver se consigo, pois estou sem a menor disposição para isso.


No que mais estaria desequilibrado? Nos gastos? Esta é a parte em que tenho exercido mais o meu autocontrole. Eu não tenho culpa se o estabilizador queimou. Mas tenho culpa de ter encomendado duas camisetas para mim. Infelizmente, não me sinto culpado pelas camisetas. Acho que, de vez em quando, eu posso escolher as roupas que quero vestir, não ser sempre uma escolha da minha mãe. Fato é que estou muito feliz do jeito que estou, tirando essa caspa que me deu na barba, meu bucho e a falta de uma flor na minha vida. Eu não sei, posso estar completamente equivocado, mas me sinto equilibrado. Em vista do que já fui. Em vista dos demais que me cercam. Estou em paz comigo e com o mundo. Nunca 100% em paz nem com um, nem com o outro, mas quem está? Não sou Buda, nem tenho pretensões budistas. Falta-me mais auto-aceitação e mais autoestima, mas um passo de cada vez, já percorri um caminho enorme e tenho sempre que ter cuidado para não tropeçar no meio dele, porque buraco preu cair é o que não falta. Já está de bom tamanho para mim, não preciso de responsabilidades outras, sofrimentos outros, repressões outras. Quero a vida o mais livre, leve e solta possível. Eis aí meu ponto de equilíbrio. Poder fazer minhas próprias escolhas dentro dos limites da curatela. A curatela é um fator bastante limitante, mas mesmo assim, existem graus de liberdade a se apreciar. E eu os aprecio. E como.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

MUITO DO POUCO QUE ME CERCA

Casa dos três velhos



Ouvindo, Blackstar de David Bowie. Venho ouvindo com frequência agora que me acostumei com o disco. Também tenho escutado bastante New Adventures in Hi Fi do REM, aquele disco que meu primo me deu anos atrás e ao qual não havia ainda dado uma chance. Maria Rita agora me faz lembrar a época em que estava jogando FEZ (jogo nota 10 que aconselho a qualquer gamer jogar, desde que com acesso à internet, pois certas coisas só com a ajudinha de um bom walkthrough). E Mallu. Ah, Mallu é para quando eu quero deixar a vida mais leve e doce. É um disco tão inofensivo que chega a ser indefeso. É tão carinhoso, posto que devotamente apaixonado, e um tanto hesitante, inseguro, como uma garota de 18, 19 anos que ama profundamente um cara barbudo de trinta e tantos anos.

Faz tempo que não venho aqui ao território das palavras livres, leves e soltas, das palavras jogadas ao balanço do mar de pensamentos que as carrega de mim para o papel digital. Ainda estou me sentindo desapontado comigo mesmo por ter perdido a oportunidade de conversar coma menina solitária do Forró da Casa Astral. Quando me decidi ir ter com ela, ela não estava mais lá. E foi uma garota que sinceramente me agradou e que me pareceu simpática. Por mais que parecesse chateada com algo. Não é como a minha outra musinha do forró, que sempre está com cara de poucos amigos ou de estar acima da humanidade. Não sei porque, nem como se consegue, alguém se dar tanta importância e se achar tão especial. Gostaria de saber, mas não de praticar. Quem sabe, sabendo isso, eu não saberia agir normalmente e não como um sub-humano? Meu psicólogo disse que minha casa havia se tornado uma casa de velhos e que eu deveria dar mais atenção à minha mãe. O chato foi que ele me incluiu dentre os velhos da casa. E não me sinto velho por dentro. Embora a idade já pese um pouco por fora. Talvez por dentro também. Não aguentei a farra dos meninos na sexta ou no sábado, nem lembro. Fui embora bem mais cedo que eles. Por volta das duas da manhã. Eles ficaram até umas quatro. Num lugar barulhento, tocando música que não gosto, com gelo pago, onde não conseguia ouvir as conversas direito. Ou seja um lugar inóspito para a minha velha alma. Muito melhor seria a máquina de chope ter funcionado e termos ficado na casa dos meninos, sentados, jogando conversa fora. Mas o destino e o tanque de gás não quiseram assim. É a vida. A vida. Que coisa mais estranha é a vida. Nos apresenta impossíveis. Nos faz desejar impossíveis. Como não morrer ou não envelhecer. Eu acho que minha vida está perfeita do jeito que está agora. Pena apenas não haver gatinha para me aconchegar e aninhar. Mas também não sei se estaria disposto a transformar minha rotina para fazê-la caber na minha vida. Dependendo de quem fosse, faria sim. Daria o meu mundo e minhas bonecas. Mas a vida não está querendo assim. Nem vai querer. É bom que continuo com as minhas bonecas. E todo o resto da minha vida que está estruturado de um jeito muito cômodo para mim. Se pudesse, ainda desistiria do CAPS e talvez até do psicólogo. Mas sei que não posso. Senão viro um vampiro. Troco a noite pelo dia e não me sociabilizo mais com ninguém durante a semana. E não acho que consigo achar tanto conteúdo para o meu outro blog para preencher minha vida só disso. Se bem que consegui um novo estabilizador e meu videogame está operacional mais uma vez. Então, estivesse eu com disposição para jogar, que não estou com a mínima no momento, eu teria centenas e centenas de horas de jogo para me distrair, ou seja, me tornaria praticamente um eremita urbano. O que praticamente já sou, não fora o CAPS e as saídas de final de semana. O psicólogo não deixa de ser uma forma de sociabilização. Mas não gostei da idéia da “casa de velhos”, por mais que ela se me afigure de certa forma verdadeira. O nome “casa de velhos”, me soa mal aos ouvidos, me lembra asilo para idosos debilitados. Será que tão em breve serei isso? Eu que nem quarenta fiz ainda (embora não falte muito). Acho um tanto forçada essa nomenclatura para o meu lar ainda mais estando eu incluso neste lar, mas sinto uma certa validade nesta afirmação daqui a dez anos. Não por mim, ainda, mas por mamãe e meu padrasto. “Casa de velhos”, vocês gostariam que dessem essa nomenclatura ao lar de vocês? Mas o meu lar é deveras sui generis, assim como a minha situação pessoal, assim como a minha própria pessoa. Mas me recuso a ser considerado ou me sentir, aos 39 anos, um velho. Tudo bem que tenho a alma empoeirada de solidão. Tudo bem que carrego nela amores que mais se parecem fantasmas de tão etéreos, mas não sou velho. Sou apenas alienado. Da maioria das coisas do cotidiano de uma pessoa dita normal. Não sou alienado sobre bonecos ou games (até que de games estou um pouco alienado, pois decidi ficar na geração passada, por ter tantos jogos para zerar), mas não me alieno da vida, a vivo com a intensidade que me é particular e peculiar, como qualquer outro ser humano. Com a grande benesse de ter uma pensão que me garante quase que certamente que não descerei ao inferno da depressão profunda, da angústia sem tamanho e do pânico imensurável nunca mais. Vivo um paraíso em terra, frente ao tanto que já sofri. Então casa de velhos ou não casa de velhos, me sinto melhor agora do que não me sentia há anos. Não fôra a falta da costela para me esquentar ou para eu esquentá-la, tudo estaria perfeito. Tirando que não contei a mamãe que resolvi me dar três camisas de presente: uma da Majora’s Mask (quem é gamer sabe o que é) e duas dos Strokes. As dos Strokes estavam com 25% de desconto, não consegui resistir. Há mais de ano quero uma camisa dos Strokes, cheguei a encomendar uma, a camisa dos Strokes dos meus sonhos, que nunca chegou, deu back-ordered, que eu nem sei o que é. Só sei que nunca me cobraram nada e nunca chegou nada. Então comprei essas duas agora. Como é roupa, mamãe vai chiar menos... eu espero. Não é boneco, nem game, então tá “quase” limpeza.

Não sei mais o que escrever por ora, está no lusco-fusco do final do dia, já não consigo ver as letras direito. Vou acender a luz. São 17h37. O disco de Bowie, que também é curto, há muito já acabou. Vou encher também meu copo de coca que já secou faz tempo. E vou voltar ao mundo dos bonecos. Se der na telha, volto a despejar palavras aqui. “Palavra minha, criatura, palavra, que me conduz...”

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23h16. Acabei de brincar de boneco por, por enquanto. Foi divertido. É uma coisa que me absorve porque gosto muito. Estou com uma vontadezinha de jogar Diablo 3, porém não posso dormir muitíssimo tarde porque amanhã vou ao manicômio participar de uma dinâmica com os pacientes da casa e o meu psicólogo, que agora faz grupos terapêuticos por lá. Nem sei o que me espera, só sei que me espera acordar cedo que odeio. É uma das coisas que mais odeio na vida. Mas torço para que um dia isso mude, sabia? Gostaria de gostar de acordar cedo. Mas é incompatível com o meu amor pela solidão da noite. Quando me sinto meio que dono do mundo adormecido. Sempre fui notívago desde que me entendo por gente. Sempre tive extrema dificuldade em acordar cedo para ir para o colégio. Sempre fui coruja. Não sei mais o que dizer. Estou ouvindo Mallu agora. Já é a terceira ou quarta vez que boto o disco para tocar. Logo, logo vai ser a quinta, pois a última música, que está tocando agora não vai durar até eu terminar essa frase. Dito e feito. Hora de recolocar minha pilulazinha musical de candura para ouvir novamente. Por falar nisso, não gostei nem um pouco do clipe de “Velha e Louca”, preferia nunca tê-lo visto, aliás, nem suportei assistir todo. Muito mais interessante foi vê-la executando algumas das canções do disco e respondendo perguntas no programa de China na MTV. Adorei. Mas será que é de Mallu que quero falar ou da expectativa de entrar no manicômio sabendo que não vou ficar internado lá? O que será que vou sentir? Como serei recebido? Dúvidas, dúvidas. Mas dúvidas que não me acanham ou amedrontam, já que eu sei que não vou ficar lá com eles. Eles que devem ser vários que já cruzei pelas internações da vida. É uma pena que a menina que eu mais queria encontrar teve alta. Uma convergência de fatores impediu o encontro. Talvez o destino não queira que nos reencontremos. A mãe dela certamente não quer. Tanto que me ameaçou caso voltasse a contactar a filha dela pelo Facebook. Coisas da vida. É uma família bem mais adoecida que a minha. Tenho pena da garota, que pelo menos via em mim um confidente e ombro amigo. Alguém que compreendia sua condição e as vicissitudes decorrentes dela, sem a repreender ou com moralismos. É triste, sinto saudade dos nossos papos. É a vida que muitas vezes corre por regatos que a gente não deseja. A vida é assim, para a gente valorizar o que tem quando perde. Se bem que eu valorizava desde antes da ameaçadora mensagem que surgiu no meu Facebook vetando nossas relações cibernéticas. E pior que não é a primeira vez que acontece. Acho que atraio essas coisas. Fui banido dos dois maiores blogs de bonecos e foi uma luta para ser aceito de novo. E estou preparando mais uma bomba que talvez me leve ao banimento novamente. Acho que não ao banimento, embora a hipótese não esteja descartada, mas ao veto das minhas polêmicas publicações. Polêmicas para quem é muito inocente nos grupos, pois eu mesmo não precisei de muito tempo para perceber que rola um mercado negro de figuras muito bem estruturado e lucrativo. E vou abordar diretamente esse tema. Que é velado, embora a divulgação dos produtos se dê nos próprios grupos apenas as negociações sejam feitas via mensagem privada no Facebook. É um negócio relativamente sigiloso, ma non tropo. Eu apenas exporei o que a maioria já sabe. Talvez eu surpreenda um ou outro e revele um mundo novo para alguns colecionadores, mas acho que a imensa maioria já sabe do movimento. De qualquer forma o meu blog de bonecos de nada interessa aqui. E em nenhum lugar senão nos grupos especializados do Facebook. O disco de Mallu já vai acabar de novo. Queria que meu padrasto já tivesse ido dormir para eu poder fumar o meu cigarro de verdade antes de dormir. Se fumar agora, certamente ele vai sentir o cheiro no corredor, devido à geografia da minha casa. Que saco. Já-já dou uma bizoiada para ver se ele já se retirou ao recinto conjugal. E aproveito para encher meu copo de coca-cola. O disco de Mallu acabou. Acho que vou dar essa bizoiada agora.

0h02. Ele já foi dormir. Vou aproveitar que a minha janela ainda está aberta e não liguei o ar para fumar e torcer para o cheirão sair. Porque minha mãe pega quando eu fumo. É muito ozzy. O cara reduz para um cigarro por dia e ainda ouve esporro. Tenha dó. Tem dias que não fumo nenhum. Até porque não tenho. Bom. Vou lá fumar. Quando voltar, sai Mallu e entra REM de novo.

0h13. Já fumei, já coloquei REM e já estou aqui de volta. Estou puto por que tecla de Shift do meu computador já não está respondendo bem. É uma das teclas principais de qualquer computador (maiúsculas, anyone?) e já está dando pau. Devo confessar que não sou dos mais delicados com as teclas, gosto de teclar com certa violência, acho que resquícios do uso de teclados de desktop antigos com suas teclas altas e resistentes. Estou pensando, mas este pensamento se tornou mais distante agora, em ligar meu computador à TV para usá-la de monitor. O cabo HDMI eu já tenho, faltam o teclado e mouse wireless e principalmente um apoio para tudo isso. Talvez essa migração tecnológica se dê quando minha mãe resolver fazer a reforma do meu quarto, quando poderei enfim exibir minhas bonecas e bonecos para poder contemplá-los em todo o seu esplendor. Ter meu sonho finalmente contemplado. Mas acho que isso ainda demora alguns anos. Espero que menos de cinco. Mais do que isso fica meio chato. Meio intranquilo e desfavorável. Uma espera muito longa. Espero que a suposta arquiteta(o) que desenhará o meu quarto arrume lugar para todos os meus bonecos. Amealhei muitos ao longo dos últimos 10-15 anos. Muitos me desfiz para comprar novos e me arrependi. Outros, não. Espero que não me arrependa do custom que comprei com a venda de bonecos, ele me alisou completamente. E nem sei se vai ficar pronto mesmo. Espero que sim, que galera não dê calote. Pois nessa área de customs há muitos caloteiros e este boneco que comprei é 100% made in Brasil, o que foi decisivo na hora de definir a compra. Já paguei o boneco, só falta o frete, que vai ser caro porque, segundo os caras o boneco vai ser sólido e deve pesar uns 10-12 quilos. Sólido que eu digo é que não vai ter partes ocas, vai ser maciço. O que é uma coisa que nunca vi ninguém fazer e que pode muito bem ser uma enrolada. Só sei que só vou pagar o frete depois que me mostrarem uma cópia da nota do frete com o meu tracking number. Se eu fui o único cliente fiz um voto de confiança e já paguei o boneco inteiro, sem nem o protótipo ficar pronto, eles vão ter que fazer um voto de confiança em mim e confiar que eu vou pagar o frete depois do envio. Minha grana tá reservada para isso. E para os outros pre-orders que vão chegar lá na casa do meu irmão nos EUA. Tive que vender bonecos valiosos para conseguir estes. Este é o lado bom de colecionar bonecos, eles se valorizam muito. Mas estes que comprei não vou querer vender de jeito nenhum. Assim espero.

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Recife, 2 de agosto de 2016.


Só mais um pouquinho sobre bonecos. Ontem eu intermediei uma possível parceria entre dois caras que, se der certo, vai causar o maior frisson no mundo dos bonecos. Eu nem acredito que participei desse momento que pode ser histórico. Intermediei = passei o e-mail de um para o outro que me pediu. Mas já me senti “o phoda”. Hahahahaha. Só porque repassei um e-mail. Mas a vida é feita dessas pequenas conquistas. A minha pelo menos é. O resto da minha semana está repleta de compromissos chatos de ordem médica e psicológica. Que saco. E eu ainda estou com um sono arretado aqui e percebendo que estou me tornando disléxico, pelo menos em relação à digitação. Talvez seja o sono. Vou tentar dormir um pouco. 16h33. Vou publicar logo isso que já está com quatro páginas de Word. E eu nem em apercebi.