sábado, 29 de dezembro de 2012

Natal Materno ou Carta ao Meu Avô


Não sei se o título deveria ter todas em maiúscula – como fiz – ou só a primeira. Ficou assim e pronto.

O Natal hoje foi muito feliz, revi fotos que me remeteram a um passado feliz junto aquelas pessoas felizes. Eles continuam felizes, à medida e às dificuldades que a vida lhos impõe. Eu chegarei lá. Vovô sofre de solidão. Você, vô, queria alguém para lhe ouvir, ouvir suas ideia. Você queria e quer divulgar suas ideias. Por isso lhe sugiro um blog. Quando o senhor, assim como outros, diz(em) que eu estou ocioso, em verdade, eu escrevo este blog. Foi o que eu decidi fazer da vida ultimamente, já que minha vida me permite ter o prazer de exercer o meu ofício. Meu ofício, cuja remuneração é baixíssima, é quase nula, reduzida a cents conseguidos com o Ad Sense (52 cents, se bem me recordo), é o que me dá prazer de fazer. Faço uma novela de mim mesmo e a publico para a humanidade ler, deixo minha marca no ciberespaço. Eu lancei um blog onde exponho as teorias/professias de Algo0003, em 66 idiomas – usando o Google Translate – e botei nele o nome de Bible of The Millennium. (Eu ainda não sei com certeza absoluta se Millennium é escrito com dois “n” ou não.). Voltando ao assunto, eu espero vô, que você perceba que eu não estou oicoso, que eu estou produzindo, do meu jeito torto, pode ser uma idéia idiota, um jeito muito fácil de levar a vida, vida de aposentado (só que, em vez do estado, é a mãe e não uma pensão que o sustenta...) infelizmente esse é o revés no meu ofício. Há reveses em todos os ofícios, o do meu é causar má impressão nas pessoas que acham que eu não sou produtivo e não estou produzindo, pelo menos não produzindo o que todo mundo produz: dinheiro. O valor sentimental e emocional da pessoa que se exploda. Mas eu vou conseguir, Deus vai me ajudar a conseguir a pensão de papai, aí eles, você, vô, não vão poder reclamar de dinheiro. E eu vou ficar bem mais aliviado com isso, seguindo adiante com esta autobiografia no tempo mais real possível. Isso se não falarmos das profecias, donde a mais importante é, sem dúvida, Algo 0003. E as outras novas que trago são boas e as alcançaremos. Simplesmente porque a cada dia nos tornamos todos mais sensatos. Tá vendo, vô, dá para escrever o que quiser e nem precisa revelar o nome. Mande seu e-mail para mim que eu faço o resto. Talvez você vá precisar responder um e-mail do blogspot para habilitar, eu acho. Não sei, mas manda um e-mail para mim: botodegatas@gmail.com . Aí quando tiver pronto eu ajeito ele para você e é só você escrever no Word, dar um título e copiar e colar o texto lá. Aperta publicar e pronto, está na rede. Se você quiser configurar melhor ele, eu passo um dia na sua casa lhe ensinando. Palavra de honra. Você vai ver que dá para adicionar um bocado de coisas legais no seu blog. Se você quiser, posso criar um Facebook para você encontrar velhos amigos, saber o que está acontecendo com a família e compartilhar seu blog com eles. Quem quiser ler que leia, pois saiba desde já, nem todo mundo lê. Minha mãe, por exemplo e graças a Deus, não lê o meu. Aqui eu posso falar por exemplo que um universo pode surgir de três maneiras, ou ele expande e se comprime sem haver tempo de formar nem, no mínimo, corpos celestes, ou ele pode se expandir rápido demais sem haver possibilidade de aglutinamento de corpos celestes ou ele pode expandir (o que é uma possibilidade mínima dentre a infinidade de outras onde a coisa dá errado) de forma galáxias, sóis, planetas, vida, computadores. Por que o acaso, dentre tantas possibilidades escolheu logo a de menor margem, a que dá certo? Não, isso, para mim não é acaso, tem alguma inteligência por trás, o melhor, lá na frente.

Bom, amanhã eu vou ligar para o meu avô e dizer para ele acessar este blog. E, vô, se você chegou até aqui clique aí em Algo 0003, leia e dê seu comentário na parte de baixo, você vai ver a palavrinha, “comentários” ou “comments”. Eu quero lhe dizer apenas que eu levei dez anos para conseguir por isso por escrito, tirar da mente, tirar de mim isso, esse peso de ter outra explicação para a origem e a razão de tudo e não conseguir reparti-lo com a humanidade. Está feito em 66 idiomas. Pronto, não há mais nada que eu possa fazer, portanto me contento em narrar esta novela de mim mesmo, o que me é muito mais prazeroso. Espero que você se convença a usar o blog, eu lhe ensino a colocar imagens, vídeos (e com os vídeos, música) é o bicho. Você pode colocar links para outros sites (como o Wikipedia) para referências. Você pode fazer de cada postagem um pequeno capítulo de uma história. E você pode divulgar isso para a família toda via Facebook, ou distribuindo o endereço do blog para o pessoal. Você vai ver que eu, além do Facebook, imprimo o meu e entrego para as meninas mais interessantes da festa, mas isso dá muito pouco retorno, eu acho. Às vezes eu dou a um cara ou outro que poderia se interessar ou é legal. Eu só não entendo como o que eu escrevo agora possa ainda ser de interesse de alguém. Mas tenho alguns leitores, como eu sei que você terá, meu avô e estará deixando seu legado para a humanidade até que a Google o permita. E ela deve permitir e perdurar por muuuuuuito tempo ainda. A Google é peça chave do quebra-cabeças que dará surgimento à consciência coletiva, na minha opinião. A Nintendo poderá ser se criar a subdivisão de Edutainment, poderia ser o desafio que Mr. Miyamoto estava procurando e um blue ocean para a Nintendo, pois há poucos competidores de peso investindo. Nintendo Wii U nas escolas, imagine quantos não seriam vendidos se os softwares fossem de qualidade e realmente ajudassem no aprendizado. Shigeru Miyamoto consegue.

-X-X-X- (imitei de você, Vô)

Vô, eu gostaria de mandar os 15 Dias de Ócio em 50 Páginas (um texto que escrevi algum tempo atrás, quando estava pior) para o concurso literário da Fundarpe (inclusive, você pode mandar o seu também, você não já acabou, o da Segunda Guerra? Senão, tem até o dia 30 de janeiro para se inscrever, o link para a página do concurso está aí em cima, em azul, presumo. O problema é que eu queria mandar e não queria que ninguém lesse (mamãe e Alfredo, principalmente). Tenho até que revisar para ver no que posso melhorar, o que posso cortar etc. O que fazer? Você acha que eu devo pedir para mamãe imprimir e não ler? E peço para mandar?

Vô, mundo, todos, universo, fico por aqui.

P.S.: Ah, já ia me esquecendo mande no e-mail o nome do blog que você quer: “Cantinho do Edgar”, “A Moselândia”, qualquer coisa, só não pode ser muito manjado, pois os nomes manjados já foram todos pegos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal família paterna e Natal Jack Daniel's

Eu estive lá...
...e nesse copo só entrou Pepsi... :P


Natal antecipado da minha família paterna
Fui com minha tia (e vizinha) para a casa da minha amada tia, mãe do meu primo-irmão, onde geralmente todos os encontros familiares são realizados. Havia gente da família e gente que é praticamente da família, então tivemos casa cheia, com direito a pocket show de Kelly Rosas. As comidas estavam deliciosas, em especial o filé que minha amada tia fez. O macarrão também estava muito gostoso, parecia aqueles de restaurante italiano, não sei bem como descrever, parecia massa fresca. Foram todos os sobrinhos (exceto meu irmão e minha irmã que moram fora), o que achei muito legal. Faltou mais interação entre nós, sobrinhos, infelizmente. Deveria ter aceito o convite dos mais novos para jogar Ponto de Vista, um jogo sobre o qual nunca tinha ouvido falar. Talvez assim nos aproximássemos mais. Falha minha. Voltando às comidas, a mesa de sobremesa foi uma fartura, com cupcakes, bolos, sobremesas geladas, tudo em grande quantidade. Pior foi que depois de tanto doce, o tema dos presentes de Natal foi guloseimas e, tirando um café aqui, um vinho ali, todo mundo recebeu chocolates ou jujubas, ou chocolates, chicletes e jujubas, tudo menos coisa diet. Epa, minto, houve um kit diet, tirado pela namorada do meu primo que não precisa disso (acho que ela conseguiu trocar com alguém, não lembro). Bom mesmo foi quando todo mundo foi embora e ficou só a família e a fofoca começou a rolar solta. Foi muito engraçado e divertido. Tão divertido quanto ver duas amadas tias dançando “flamenco” no final do show de Kelly. Deixaram a vergonha de lado e mandaram ver. Foi demais. Também vi as fotos ao lado do Rei Roberto Carlos que duas felizardas (?) tias tiraram e mostravam orgulhosas a todos os presentes. Uma ressaltando que o “Rei” dela é Chico, mas, na falta de Chico... vai o Rei mesmo. Perguntaram maldosamente se elas tinham sentindo a famosa perna de pau do rei durante a fotografia. No final das contas me diverti bastante, principalmente por ver a família reunida mais uma vez. E sorrindo. Sobrevivemos.

-X-X-X-

16h16. Pausa para ajudar minha mãe a preparar o bacalhau com natas para o natal da família materna hoje à noite. Emendamos com o almoço e cá estou de volta para narrar o resto do dia 22.

-X-X-X-

Festa Jack Daniel’s
Houve a Clementine do dia, com indubitável certeza, mas não entreguei o papelzinho do blog (entreguei às tias que talvez ainda não tivessem conhecimento deste espaço). Fomos Prisci, sua fiel escudeira, meu primo-irmão e eu para o Natal da Jack Daniel’s no Forte do Brum. Ambiente superastral, encontramos, logo na entrada, André (com quem simpatizo e aprendo a simpatizar mais a cada novo encontro). Ao entrarmos demos de cara com minha prima e seu namorado(?) e editor do boraver. Havia, na parte inferior, dois palcos montados onde duas bandas se alternavam tocando num “duelo”. Achei a idéia interessante e, começo de festa, era onde a maioria das pessoas se concentravam. Antes disso, entretanto, tive a minha primeira – e única – decepção. Ao lado do blimp da Jack Daniel’s estava um blimp da Pespsi. Como assim, eu paguei 70 conto e não vou poder nem beber Coca-Cola? Infelizmente essa foi a dura realidade, que nem foi tão dura assim, me acostumei logo com o sabor da Pepsi e segui em frente. Havia em todos os lugares freezers daqueles de loja de conveniência cheias de refrigerante e água, era só pegar e se servir. Claro que pedia para encher meu copo de gelo até a boca toda vez que ia pegar uma nova latinha. Minha meta era tirar o preço do ingresso só bebendo Pepsi, mas para isso, contando que uma latinha sairia por três reais, eu teria que beber 23 latinhas, então me botei como meta beber 25 latinhas e sair lucrando cinco conto da festa. Sonho meu... acabei, com muito esforço, bebendo 15 latinhas até sermos expulsos pelos organizadores que precisavam fazer a faxina do lugar. Saímos literalmente na vassoura da festa. Nosso amigo pegador (que, além de ser bonito, charmoso e gente boa, ainda é filósofo e psicólogo!) apareceu com mais dois amigos, mas não ficou muito com a gente, não. Prisci, sua fiel escudeira e mais duas amigas saíram da festa antes de amanhecer. Uma delas eu já conhecia, mas estava tão transformada pela produção para o evento que não a reconheci! E eu curti a festa ao meu estilo, fiquei lá perto da tenda de DJ’s, lugar mais tranquilo, com pufes, para sentar, tomando minha Pepsi com gelo e observando as beldades passíveis de receber o papel do Jornal do Profeta. Infelizmente, só duas tiveram a honra dessa dádiva. Uma ruiva toda de preto, com tatuagem no ombro e pernas belíssimas e uma amiga do cara que tem bigodes de Mario Bros. (que agora sei se chamar Bruno e ser super gente boa). Pedro, o editor do boraver me prometeu uma foto de nós três para eu postar aqui, mas depois desta promessa não mais o vi na festa. Prisci ainda conseguiu me arrastar para a parte de baixo onde duelavam duas bandas tocando U2, foi o ponto alto da noite para mim, digamos o momento mais excitante, pois cantei e dancei como se estivesse no show dos originais. Muito legal. A segunda vez que me arrastou lá para baixo, pouco antes de partir, tocavam bandas de hardcore ou coisa que valha e isso não me animou muito. Tanto que, após a partida delas voltei para o meu cantinho perto da tenda de DJ’s. Havia muitas meninas bonitas na festa, mas não me senti especialmente predisposto a abordar nenhuma delas com o papelzinho, pois pela aparência e grau de embriaguez não acessariam mesmo. Acabou que nosso amigo pegador, arrastou mais uma de suas vítimas e ficamos os dois amigos dele, meu primo-irmão e eu para voltar de táxi. Paramos primeiro no Mercado da Encruzilhada, mas tudo estava fechado. Partimos então para o da Madalena. Só que um dos caras estava quase em coma alcoólico e mantê-lo acordado era esforço hercúleo, para não dizer inútil. Sorte foi que, ao ver a comida, ele vomitou (e vomitou e vomitou), o que deve ter melhorado seu estado. Preocupado com o amigo, o outro bróder pegou um táxi, deixando eu e meu primo-irmão no mercado. Como não gosto de macaxeira, não comi, dei umas beliscadas, por insistência do meu primo. Ele ainda sugeriu que voltássemos de ônibus. Aí, confesso que peguei ar. Eu disse que não queria ir pra porra de mercado nenhum e que não iria pegar busão e andar por causa desse despropósito. Meu primo concordou, até porque fui imperativo, e voltamos de táxi. Dormi o dia todo, minha mãe foi me buscar lá na casa do meu primo. Cheguei em casa, tomei meus remédios e fui dormir de novo. Acordando hoje às 10 da manhã. Estou ficando velho, preciso de 24 horas para me recuperar de farras, mesmo sem beber. Sem beber, vírgula, dei três ou quatro goles no Maracujack de Prisci, mas o aftertaste do Jack Daniel’s me fez estrilar. Chegou um momento na festa, que ficava embrulhado com o cheiro da bebida quando ia pedir gelo nos diversos balcões dispostos no forte. Enfim, uma festa muito divertida, voltada para a elite, muito bem organizada onde não faltou nada... só Coca-Cola e um par, para ser perfeita. Ainda trouxe o copinho que eles distribuíam lá como suvenir. Vou ver se tiro uma foto para postar aqui.

-X-X-X-

Agora que estou livre das obrigações narrativas, vamos ver o que é que sai. Mas antes, uma café e um cigarro e ver se as máquinas de lavar prato e roupas acabaram seus ciclos para que eu possa tomar as devidas providências em relação a ambas (incumbências de mommy que foi descansar um pouco).  

-X-X-X-

As máquinas haviam terminado seus ciclos, eu tomei três xícaras de café e fumei dois cigarros. A contagem regressiva para o dia em que pararei de vez (28/12, após a confra da turma de faculdade) me assombra. Ainda não consigo imaginar minha vida sem cigarros. Mas é isso ou daqui a 5, 10 anos viver com um balão de oxigênio. Quero isso não. Mais do que não quero parar de fumar. Fico pensando se tivesse tentado abordar a ruiva, pois ela deu umas olhadas para mim no final da festa. O que teria ocorrido? No mínimo um “não to interessada”, no máximo, quem sabe? Mas minha autoconfiança com mulheres ainda não chegou a esse ponto e o máximo que fiz foi encará-la também por alguns segundos e depois virar o rosto, meio que encabulado. Ou às vezes eu segurava o olhar e ela que perdia o dela do meu. Também não havia quase mais ninguém na festa... e havia um cara a aperreando. Deve ter sido isso. Sei lá, com um bucho desses não posso imaginar uma mulher me olhando com desejo. Mas a neurose de neguinho vem e estraga tudo... Hei, hei, neguinho rei...

-X-X-X-

Para não dizer que não tento algo cômico no meu blog vou contar uma piada que ouvi na reunião de família: Gretchen está de cavanhaque. Esticou tanto a pele com plástica que a xoxota veio bater no queixo. Pronto. Ha... ha... ha...

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Quarta-feira vou ver com minha psiquiatra se poderei beber na confraternização da turma de faculdade. Espero que ela não faça objeções. Tocarei também no assunto da pensão de papai sugerida pela psiquiatra do meu plano de saúde. É tudo o que mais quero, além de uma Clementine todinha para mim, é claro. Para lamber e beijar o quanto quiser e conversar e nos divertirmos o quanto quisermos e pudermos também. E espero que possamos bem muito.

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Fluxo
Os olhos dela nunca em minha direção
O coração dela indo para o norte enquanto o meu é todo América do Sul
Coisa quebradas dessas que não têm conserto
Cacos espalhados, é melhor não por os pés para não ferir
Magoa a mágoa que por um mero i com ponto bem colocado não é magia
Maré agitada, amar é agitado, mesmo amar para ninguém
Amo todas as virgens do mundo
No sentido sexual e pictórico da palavra
Os olhos dela nunca em minha direção
Não faz mais diferença
A indiferença é minha também
Mudaram as estações
Saí do outono, saí do inverno, passei pelo inferno
E estou aqui, são e salvo e só
Só por hoje
Só até quando o acaso quiser
Se por acaso quiser
Nem importa
A porta está só encostada
Nunca tranco
Minha alma é o meu lar
E nele todos podem entrar
Mesmo com os pés sujos de lama
Minto. Já fui assim
Hoje depende da lama e dos pés.
Minha alma é minha casa não é a casa da mãe Joana
Maria Joana de Souza essa é a alma que está sempre aberta
E minha mãe que nunca trancou as portas para mim
E meu pai que sempre me convidou a entrar
E minha família que não também não se trancou para mim
Que foi até o manicômio, onde estava trancado
Liberdade, ó doce liberdade, seu sol aquece meu rosto e todo o resto
E o mundo é meu também
E eu sou meu mais uma vez e talvez de vez
Os olhos dela nunca na minha direção
Que ela veja o belo como eu vejo o belo
E tenho certeza que vê só que nunca na minha direção
Pelo menos temos isso em comum
Por enquanto, pois vou aprender a me amar
Já me amo mais que ontem e muito mais que anteontem
Quase me amo de fato
Quando me amar de fato, ah... nem sei...
Só sei que vai ser bom demais
Meu olhar vai mudar em todas as direções
Inclusive em minha direção
Amo todas as virgens, botões de flor
Amo quem me ama e isso é uma boa proporção
E não amo por porção, amo por inteiro
Que é como sei me dar
Quem quiser que não concorde
E vá se lascar
(Final em homenagem ao Imperador da Casqueira)


sábado, 22 de dezembro de 2012

Velhas amizades, novo Natal


16h10. Ontem as luzes espalhadas pelo gramado pareciam estrelas caídas do céu enquanto a levava ao carro. Foi um encontro memorável de velhos amigos e novas crianças, muita alegria, muitas memórias, novidades e cheetos ao forno. Depois fomos eu e ela para a piscina do meu prédio esticar um pouco mais as ideias, como nos bons e velhos tempos. É incrível falar com alguém que está realmente dentro da indústria dos games, no coração dela, no Vale do Silício. Foi incrível ver que ainda temos a mesma sintonia, a mesma amizade. Foi foda e relevante levar os puxões de orelha, mas reitero, amiga, que os tempos são outros. O passado triste ficará onde está, adormecido e pegando a poeira do tempo, até um dia em que não se verá traço dele em mim. Obrigado pelo incentivo ao blog, por mais que você não o leia. Foi muito bom rever todos e todas e Toddy, por mais que tenha ficado mais como espectador. É como gosto de ficar ultimamente, apreendendo os momentos, sorvendo a existência que de forma tão especial se desenrolava neste dia único ao meu redor. Foi muito especial ter encontrado você, que me acompanhou nos altos e baixos dessa vida trôpega que levo, ou melhor, levava. Ainda dou meus tropeções, mas agora em novas pedras, pois sempre há uma pedra no caminho, como dizia o poeta. Foi muito bom saber de você, assim saindo de sua própria boca e olhando nos seus olhos. Foi bom e assustador saber dos seus desafios, o que me deixou muito orgulhoso da sua coragem, empenho e foco. Foi bom saber que apesar de alguns pesares, como o trânsito e o madrugar, sua vida está boa e em paz. Foi muito bom, enfim ter você um pouquinho só para mim. Ah, e foi foda para acordar no hoje! Mas valeu demais. Repetiria a dose mais vezes, pena não haver tempo. Tempo, tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda, eu sei...

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Hoje foi meu terceiro dia no CAPS, o primeiro com todas as atividades normais. Há um grupo específico para álcool e drogas do qual participei e, por incrível que pareça, fui o mais eloquente. Foi bom botar para fora alguns bichos, nada que já não apareça ou tenha aparecido aqui, mas verbalizar tem um sabor diferente de escrever, parece que o ar saindo pela goela e boca a fora em forma de som dá um tipo de sensação diferente da de escrever. Ainda mais quando todos estão prestando atenção ao seu depoimento. Foi, de longe, o grupo mais interessante e produtivo. Os outros foram ioga e escrita criativa, onde jogamos uma versão invertida de Dicionário (jogo que costumava ser um clássico nas reuniões familiares paternas), onde uma pessoa lia a definição para as outras adivinharem a palavra.

A faixa etária dos pacientes do CAPS é maior que a minha, mas isso é irrelevante (ou quase, pois aí me faltam potenciais Clementines). É bem diferente dos outros locais que frequentei pois o foco não está só na terapia, as atividades são as mais diversas como ioga e escrita criativa, fotografia e sei lá mais o quê.

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18h32. No Facebook, descobrindo e definindo o meu destino nas noites de hoje e amanhã. Acho que vou pular a noite de hoje e ficar em casa. Escrevendo e esticando as ideias.

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Hoje, 22 de dezembro de 2012.

11h23. Não saí para canto nenhum ontem, dormi antes das 22h. O mundo não acabou, estamos todos ou quase todos aqui no mesmo planetinha nos aquecendo para o Natal. O da minha família paterna, por sinal, é hoje. Finjamos que Jesus teve um parto prematuro. Estou sem cigarros e não sei onde minha mãe se meteu. Abri o armário dela que, graças ao senhor, ela esqueceu aberto e peguei a última carteira de cigarros, também já aberta, que estava lá. Já liguei para mommy e pedi que ela comprasse mais cigarros que durassem até o dia 27 que é o último dia que pretendo fumar, confraternização da turma de faculdade. Ela concordou (e não ficou com raiva por eu ter fuçado o armário). Vou hoje, após a festa de família, para o Natal do Jack Daniel’s mesmo sem beber, parece que vai ser legal. Amanhã ou depois eu conto. Preciso imprimir papeizinhos do Jornal do Profeta!

Vou ficando por aqui por falta de assunto e porque já, já terei de me aprontar para a festa. Abraços calorosos aos sobreviventes do apocalipse maia.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

E o tema é...





Parto e reparto minha alma aqui, como quem se desnuda em praça pública, mostrando peles e pelos e pênis e músculos
Parto como bebê que sai em forma de palavras que esperneiam e gritam e choram sem poder voltar atrás
Infelizmente, não consigo repartir minhas coerências de minhas incoerências, irmãs siamesas tão distintas e indistintas entre si
Parto indo sem destino, sem guia, sem norte, sem amor nem sorte
Parto como uma rosa que murcha e vai perdendo aos poucos o seu olor
Parto só por saber um dia poder voltar

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Voltei! E agora o tema é... contradições. Por que elas existem, eu não sei, sei que possuo um monte delas e que muitas vezes elas me são apontadas. Mas eu, por mim só, não as vejo, são coisas invisíveis às mentes desavisadas. Não sei se preferia ficar sem vê-las ou se sua revelação me é de alguma forma benéfica, pois não sei se sou um bom exterminador de contradições. Afinal contradição é que nem barata, a gente tem que desinfestar ou matar a chineladas. (Embora não acredite que exista esse que não tenha contradições, como acho que não existe casa sem baratas.) Só que elas se escondem, se camuflam, passeiam pelo escuro. Onde a gente menos repara, lá está uma contradição. Uma contradição que me é apontada repetidas vezes por meu primo-irmão é o meu desejo de conquistar uma garota e a mania de me por para baixo perante ela. Para mim, aparentemente não é uma contradição, estou apenas sendo sincero, mas pelo lado dele, mais óbvio e racional, eu estou detonando qualquer chance de gerar algum interesse da garota em questão por mim. Essa é apenas uma das contradições que existem em mim. Há outras, mais profundas e perigosas que talvez só venham à tona no meu subconsciente e que me são e – aos outros também – inacessíveis. Essas são as que causam dor, que geram o conflito entre o desejo e a repulsa entre o querer e o poder. São elas que me castram ou libertam demais, mas que definitivamente me fazem o que sou. Queria defenestrar uma série delas se as pudesse vislumbrar. É para isso que terapia funciona, talvez seja disso que eu precise. Embora não me sinta especialmente angustiado ou em conflito comigo mesmo. A grande luta agora é palpável e real, o tabagismo, cumprir as obrigações do CAPS e emagrecer. Com essas coisas palpáveis me distraio das minhas contradições e elas podem passear tranqüilamente pelos cantos escuros da minha alma sem me assustar. É, eu tenho medo de baratas.

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O tema agora é... fumar um cigarro com café. 16h58.

17h15. Bom, vamos lá, café e cigarro. É difícil encontrar combinação mais perfeita que essa (para um fumante, é claro). Parece haver uma atração entre a nicotina e a cafeína que é mágica. O resultado é maior que a soma de ambas as partes, ou seja, tomar um cafezinho e depois fumar um cigarro ou fumar um cigarro e depois tomar um cafezinho não tem nem metade da graça de fumar enquanto se toma um cafezinho. Pensar que vou ter que abdicar desse imenso prazer é quase uma heresia ao meu modo de vida. Mas se eu quero continuar tendo fôlego para andar, infelizmente terei de fazer esse sacrifício enorme, gigantesco e épico. Sinto prazer semelhante tomando uma Coca geladíssima e fumando um cigarro, mas, com certeza, além do cigarro, serei podado da Coca-Cola, dessa vez pela nutricionista. Isso significa, olha aí uma contradição, que minha qualidade de vida vai melhorar e piorar ao mesmo tempo. Mas entre uma Coca-Cola geladíssima e o beijo quente de uma Clementine, eu fico com a segunda opção, logo, vou aquiescer com quaisquer torturas que a nutricionista recomendar (menos beterraba!! E qualquer tipo de folha!!). Quanto ao cigarro, à Coca-Cola e ao café, aproveitarei ao máximo enquanto ainda tenho tempo, ou seja, enquanto o estoque de cigarros que mamãe comprou durar. Depois disso, a dor do parto vai ser grande, mas estarei renascendo para uma existência melhor e mais saudável. Assim seja.

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E o tema é... música. Confesso que comecei e parei nos anos 80 e 90 com uma pitada de anos 60 do meu pai. Não garimpo coisa nova, não sei baixar mp3. Sou da geração LP/CD. Eu gosto de ter o produto nas mãos, olhar o encarte, botar o disco para tocar. Por mais que tenha mp3 no meu computador (dadas por outros) e seja o que mais ouça hoje em dia (mais uma contradição para a coleção), eu adoro ir numa loja como a Livraria Cultura sacar se alguma das minhas bandas prediletas lançou algo novo. Gosto principalmente do pop/rock dos anos 80 (New Order, Echo & The Bunnymen, The Cure, Depeche Mode, SugarCubes, Björk, Jesus & Mary Chain, U2, Legião, Lulu Santos e por aí vai, mas não muito mais longe). Afora isto gosto de Radiohead, Beatles, Belle & Sebastian, Los Hermanos, Zizi Possi, Sandy & Junior, Reginaldo Rossi, Simon & Garfunkel, Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, o A Love Supreme de John Coltrane, Nirvana, o Ten do Pearl Jam, Little Joy, The Strokes, Smashing Pumpkins, Chico, Caetano, Gal, Elis, Djavan das antigas e por aí vai, também não muito mais longe. Não sei tocar nada (sei quatro acordes ou cinco, todos sem pestana!), mas se eu fosse escolher uma posição numa banda, se não fosse cantor, seria baixista ou baterista. Mas isso não vai acontecer nessa encarnação, pelo menos (e espero do fundo do meu coração que não haja outras!).

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E o tema é... beijo. Adoro beijar. Beijar e lamber. Vocês não imaginam a falta que me faz não ter uma pessoa desejada para beijar e lamber. Beijar e lamber toda. Beijar e lamber tudo. Acho que minha fase oral foi mal resolvida ou coisa assim. Mas viajo muito em beijar e lamber. Na hora de dar dois beijinhos eu beijo as bochechas mesmo. Quero nem saber, não é para dar beijinhos? Faltou e carinhos sem ter fim, né? Mas isso tá incluso no pacote.

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E o tema é... Jornal do Profeta. É algo que me encabula e me enche de orgulho ao mesmo tempo. Por que não me escondo, me exponho ao ridículo diariamente. O texto contido em Algo 0003 levou mais de uma década fermentando na minha cabeça até ser condensado naquilo. Foi um parto muito dolorido e confuso, como foi minha vida durante o processo. É como se eu tivesse uma revelação, a maior revelação de todos os tempos, mas não conseguisse expô-la, não achasse forma adequada para dar-lhe e me fazer compreendido. Até que um belo dia sentei, depois de dezenas de tentativas, algumas com mais de 20 páginas e saíram aqueles 12 tópicos. E aquilo era tudo o que precisava ser dito e senti um alívio enorme de ter posto para fora. Agora a revelação está aí para quem quiser ler e quiser levar a sério. Ou não. No mais o blog não tem regras, é apenas o meu cotidiano e minha visão sobre ele. Não é uma leitura divertida e por vezes não é leve, afinal a alma às vezes pesa. E quando pesa, esvazio o excesso de peso aqui. Acho incrível que o meu cotidiano ainda atraia leitores e é nessa parte que me sinto orgulhoso deste espaço, de alguma forma que me escapa, eu consigo cativar algumas pessoas, muitas delas amigos amados, eu sei, mas também desconhecidos, o que me deixa pasmo. Esse blog é, em vários sentidos, a minha vida. É a ele que dedico a maior parcela do meu tempo. É sobre o que escrever nele que penso em muitos momentos quando saio da frente do computador e de casa.

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Facebook me chamando sem para. Fico por aqui.

P.S.: uma curiosidade – esta é a ducentésima postagem deste blog.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Ontem e Hoje (so far...)






Eu Vs. Cigarro – Dia 2 (nocaute do cigarro)

13h59. Comecei mal o dia, fumei sete cigarros logo pela manhã e tomei umas cinco ou seis xícaras de café. Vomitei tudo. Só para ser ranhento, depois de vomitar fui lá e acendi mais um com outra xícara de café. Pretendo, apesar disso, me ater a uma carteira apenas (até porque mamãe não me daria outra). Para compensar, hoje vou à pneumologista e ela certamente vai me ajudar na minha estratégia contra o fumo (afinal acho que pneumologistas servem também para isso).  Estou com um oco no estômago, então acho que hoje vou almoçar. Ah, chegaram Cocas!

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A procuração de divórcio do meu pai foi rejeitada pela minha tia advogada por falta de especificidade em relação a qual ação o documento se refere. Tentei repassar este dado para o meu irmão, mas ele não estava em casa, o que é plenamente justificável para um recém pai de um bebê prematuro, cuja maternidade fica em outra cidade. Amanhã será o dia de resolver o assunto do CAPS. Ou seja, as engrenagens da mudança já estão começando a girar. Começaram ontem, por mais que o resultado do cigarro hoje esteja sendo pífio.
 
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Morri de inveja do boraver ontem, que alcançou a média de 500 visualizações em um dia. O meu máximo foram 125. O problema é que não sei escrever comédia, ou sátiras, ou qualquer coisa do gênero. E eles são feras nisso, então não há como competir. O blog deles é pura diversão. O meu é pura diversão apenas para mim.

Hermetismos à parte, parabéns para eles e sucesso mais e mais.

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Cochise rolando. Na cabeça, nada. Ou quase nada. A lembrança do nascimento de mais um sobrinho, mais um filho do meu amado irmão, a hora da pneumologista se aproximando e o negócio da procuração. Nada de novo, enfim. Poderia estar pensando em dragões e espadas, em viagens espaciais, na natureza da matéria, mas estes seriam pensamentos forçados, que não emanam espontaneamente de mim agora. Estou à espera. Ah, falei com minha tia amada de Natal e Maria sobre tudo e principalmente sobre o mais novo membro da família. Não estou com vontade de fumar agora. E esses brancos sempre foram horas propícias para um bom cigarro e uma arejada nas ideias. Eu teimo em escrever ideia com acento e o Word teima em tirá-lo. Pelo visto a luta vai ser eterna e o Word vai sempre ganhar, pois não vou reeditar a palavra todas as vezes por amor à Língua. E olhe que amo a Língua. Graças a ela posso apreender mais completamente Chico e Fernando Pessoa. Se bem que se escrevesse em Inglês, este blog teria muito mais leitores potenciais. Não importa, a parte que importa está em Inglês e agora em 64 outros idiomas no novo blog que criei só para acomodá-la (e que só teve 4 acessos até agora, infelizmente e provavelmente bots [espero que ele seja indexado logo pelo Google, o que pode dar um boost nos acessos]).

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Andei dando uma passeada pelo eBay olhando as estátuas de super-heróis, mas não achei nenhuma que realmente me ganhasse. E se houvesse, não teria grana mesmo. Esse bonecos são para lá de caros. Prefiro um PS3. Por falar em PS3, já é fato que não ganharei um de Natal, só quando mommy e meu padrasto forem visitar meu irmão e família em abril, o que é uma pena. Mas sempre temos o novo Zelda para recomeçar a jogar. Só faltou enfrentar o último mestre e umas side quests, mas quando joguei, estava muito deprimido, então não aproveitei o jogo como deveria. Agora que estou melhor, tenho certeza que a experiência vai ser outra. Só Se For a Dois com Cássia Eller. Linda, linda. Ela bota a alma para fora nessa interpretação. Depois a grande noite vai esconder a cor das flores e mostrar a dor...

And so it is... vocês que acompanham este blog já devem estar cansados das sempre mesmas canções, mas justamente por serem as mesmas eu me desligo delas e consigo escrever, elas se transformam em ruído branco e anulam o som externo, que me distrairia com seus picos, como conversas mais exaltadas entre minha mãe e meu padrasto, os cliques e clanques da faxina etc. Eu já estou tão acostumado a por os fones que às vezes estou com eles e não estou escutando nada, esqueço de botar o som para rolar. Esquisito...

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Já sei qual vem depois. Fragile Tension, do Depeche Mode. Não disse? Acho que só ouvi este disco do DM inteiro, que tenho, uma vez ou duas no máximo. Deveria dar uma chance. E é o que vou fazer agora. Pronto, botei. 15h12. Mamãe disse que passa aqui às 16h00 para me pegar, às 15h30 vou tomar banho. Vou cometer o pecado de fumar um cigarro. Ainda não.

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15h56. Fumei e já estou pronto para ir ao médico, faltam apenas os sapatos. Decidi que não levarei cigarro nenhum nessa epopeia como forma de fazê-los durar o resto do dia e para mostrar a mamãe que estou me esforçando. Achei uma boa ideia. Mas vou fumar um agora. Certamente vou entrar no meu estoque particular hoje, ai, ai... Um dia perdido na luta contra o tabagismo...

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16h07. Liguei para mainha e ela ainda está saindo do trabalho. Isso dá tempo para mais um ou dois cigarros. Cara de pau. A quem estou tentando enganar? Não posso continuar assim. Tenho que recobrar minha consciência e diminuir, parar de fumar essa porra. O problema é que já dei esse dia como perdido então estou cedendo a todas as investidas do cigarro. Que idiotice minha. Mas, infelizmente, esta é a realidade. O pior é que provavelmente terei de dizer isso na frente da médica e da minha mãe. Direi da maneira mais delicada que encontrar, certamente. Mas, certamente também, não omitirei nenhum fato. A não ser que tenho um pequeno estoque particular (que por sinal já está quase acabando). Isso é segredo. Por mais que publique aqui. Uma prova que minha mãe não acompanha o blog. Tanto melhor para mim. Ela poderia querer me censurar e isso é inadmissível. Aqui eu posso tudo. Embora seja sempre mais do mesmo, eu posso fazer mais do mesmo o quanto quiser. É meu espaço, minha voz para o mundo. Se eu for o único a ler, não tem problema. Faço para e por mim mesmo. Para não deixar a cabeça vazia e para esvaziar a cabeça. Embora nutra um desejo indissociável de ser lido por outrem. De que haja escuta para minha voz. É ambíguo, eu sei. Mas qual ser humano não o é? Se eu queria ter o blog mais lido do mundo? Claro que eu queria. Se fosse exatamente igual a este. Sem fazer concessões. Sem a obrigação de ser criativo e ter uma nova tirada a cada post. Apenas narrando o que me vem à mente, apenas respondendo aos impulsos da minha alma. Colocando apenas as palavras que querem sair, que querem ser ditas. Sem esforço, de acordo com meu fluxo interior e as condições exteriores e minha resposta a elas. 16h22. Vou fumar mais um antes de mommy chegar. Na volta conto como foi com a pneumologista.

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16h37. Mommy chegou, aperreada como sempre por causa dos horários que invariavelmente perde.

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Hoje (parei com os adesivos e voltei a ser fumante até os cigarros que mamãe comprou acabem)

A pneumologista não foi muito esclarecedora. Só disse que usar o adesivo e fumar era burrice, pois estaria ingerindo o dobro da nicotina. Sobre os meus apagões quando tive duas grandes crises de tosse, disse que era assunto para neurologista. Me passou dois bronco dilatadores para inalar, mas eu disse para minha mãe que não precisava tomar corticoide, que a minha canseira era falta de condicionamento físico e muito cigarro e uma vez que cuidasse desses dois fronts, me sentiria melhor. Ela pediu uma tomografia do tórax para examinar melhor os meus pulmões, olhou os outros exames, disse que estava tudo ok e praticamente foi isso. Portanto, para não ser idiota só vou voltar a usar os adesivos quando não houver mais cigarro aqui em casa. E fumarei e tomarei cerveja (se minha psiquiatra assim consentir) no dia 27, confra da turma da faculdade com gente que há 15 anos eu não vejo. Não beberei no Natal, nem no réveillon, mas no dia de reunião da Cana’a Gang vou tomar umas.

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O CAPS começou hoje finalmente com o aval da avaliadora da Cassi, que já me acompanha de longa data. Ela disse para mamãe que não seria difícil receber a pensão de papai posto que minha “capacidade laborativa” não iria melhorar muito mais do que está hoje. Falou para mamãe procurar um advogado para se informar sobre os trâmites legais. Eu nem acreditei no que estava ouvindo. Era tudo o que eu mais queria. No CAPS em si não houve nenhuma atividade habitual posto que era o dia de confraternização da galera, fui mais para conhecer o pessoal e passei meu tempo no fumódromo (muito mais legal que o do Raid, com cadeiras e mesa e telhado). Começarei indo todos os dias da semana, de segunda a sexta, por vinte dias, que é o período de observação. Depois a rotina pode mudar para menos dias. Dei sorte que, devido ao final de ano, as próximas duas semanas começarão na quarta-feira. Não sei se me adaptarei, tive a impressão que não, afinal é gente problemática que nem eu, então acabo absorvendo um pouco da paranoia de todo mundo. Mas vamos ver. Posso estar julgando muito precipitadamente. Pelo menos há duas estagiárias interessantes. Um colírio para os olhos é sempre bom. No mais, o ambiente é agradável, as pessoas foram super-receptivas comigo, de funcionários a pacientes e ainda tive oportunidade de almoçar. Cheguei agora a pouco, fugindo de uma atividade de bioenergética ou ioga que ia rolar. Sei que não conseguirei escapar em dias normais, por mais que não seja obrigado a fazer tudo o que é proposto durante o dia, a psicóloga que vai me assistir disse que é bom ao menos tentar. São 15h27. Não paro de pensar na pensão. Pagar meu plano de saúde, fazer uma poupança, bancar minhas saídas, quem sabe morar com alguém que me encontrar e me encantar pelo caminho. Mas tudo isso ainda são sonhos. Pode ser que não role pensão coisa nenhuma. Conversar com mamãe hoje. Se tiver coragem.

Bom, é isto. Vou postar e começar um novo texto. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Eu Vs. Cigarro - Dia 1 (mais surpresa inesperada)






12h08. Coloquei o primeiro adesivo de NiQuitin há mais ou menos 20 minutos, segundo o “Programa de Determinação Pessoal”(no qual não conseguir me cadastrar de jeito nenhum, embora tenha fornecido todos os dados) no momento em que começo a usar devo para de fumar de uma vez. Não sei se é porque o adesivo ainda não fez efeito, mas estou com uma vontade louca de fumar e é o que farei agora. Depois tentarei segurar por duas horas o próximo cigarro.

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12h23. Como fumei dois cigarros seguidos e como tem que ser cabra homem para parar de fumar, vou passar, em vez de duas, três horas sem fumar, só acendendo o próximo às 15h23. Se acender. Já trouxe um pacotinho de Halls para enganar aqui e o negócio agora é segurar a onda. Realmente agora, neste exato momento, não estou com vontade de fumar, o que é um bom sinal. Senti uma leve coceira quando coloquei o adesivo, mas já passou. Estou com o estômago meio embrulhado mais isso deve ser psicológico porque li que poderia haver desses sintomas adversos na bula. Ou por ter acordado e ido direto para a Coca-Cola... sei lá.

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Fiquei pensando sobre o papel social deste blog, que achava ser nulo até encontrar o rapaz que se identificou com minha história de vida e de abuso de cola. Pensei em tentar ser mais prestativo nesse sentido, mas sinto que não tenho jeito para a coisa, além do mais, eu estaria me policiando e me podando em relação ao conteúdo do blog e isso é o que menos quero em relação ao Jornal. O que posso dizer é que o que começou como um romance, uma paixão pela cola, me levou num espiral descendente e acabei internado num manicômio, perdendo a mulher que me amava e a confiança da minha família. Sei que o efeito ainda me seria delicioso, dadas as condições certas, mas o caos que a cola gera após o seu uso tornou-se caro demais para pagar. Usei muitas vezes para fugir da realidade que me era insuportável, mas desde que meus demônios interiores foram calados por medicação e terapia, ela já não me assombra. E espero que continue assim para sempre. Não aguento mais internações, lágrimas, dor e sofrimento para mim e para os que me amam. Não sei o que farei com a minha vida agora, por enquanto faço este blog e ele tem preenchido bem meu tempo. Além dele, como já mencionei diversas vezes, talvez frequente o CAPS três vezes por semana e entre em uma academia. Além de parar de fumar, é claro. E realmente o adesivo está funcionando, pois não me bateu vontade de fumar ainda, o que é ótimo, se bem que só se passaram alguns minutos. :P

(Ao meu amigo do Facebook, que também trava uma luta contra a cola, deixo um dado: mais de 60% dos viciados tem outra doença, muitas vezes primária, associada ao vício, como depressão, transtorno bipolar, borderline etc. É bom ir a um psiquiatra para ver se não é o seu caso. Comigo, o inferno mental só passou com medicações. E terapia.)

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Eu sinto as cutucadas que geralmente me levariam a fumar, mas elas vêm bem mais fracas, suportáveis e evitáveis. Acho que o adesivo está fazendo efeito. Mas ainda são 12h50. Vamos ver o que acontecerá até as 15h28. Tenho que ser cabra homem, como dizia um colega de albergamento e sempre fuleirava. Será que repito a fala dele porque acho que vou me auto-sabotar? Espero que não. Não quero viver sem fôlego o resto da minha vida. Nas caminhadas que fiz na última sexta-feira, eu sempre ficava para trás, era um esforço acompanhar os passos da galera. Não quero isso para mim. O pior é que está rolando comigo o contrário do que Amarante canta nO Vento, a vontade de esquecer é o esforço para lembrar (da porra do cigarro). Chupar um Halls. Mas vamos mudar de assunto, se conseguir.

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O que eu queria escrever eu realmente não posso, senão feriria sentimentalidades que não merecem ser tocadas. Está me dando é sono. Pronto, uma ideia de vídeo que eu queria muito editar, cheguei a capturar os dois vídeos, mas nunca tive o programa de edição. Eu peguei uma filmagem de dois macacos bonobos em que um abre a jaula para o outro vir e repartir a comida com ele. Depois disso eu colocaria os letreiros: “os bonobos são capazes de fazer coisas que só um ser humano é capaz”. Aí entraria o vídeo de um tarado sendo linchado até a morte pelos moradores de um bairro. Aí entraria outro letreiro dizendo “bem, nem tudo o que um ser humano é capaz”. Eu tenho esses vídeos não sei em que pen drive, mas, como disse, não tenho aplicativo de edição de vídeos. Fica aí registrada a ideia. E a cena do linchamento é chocante, da mesma maneira que é tocante a comunhão dos bonobos. Por sinal meu antigo blog chamava-se O Bonobo (que de trás para frente tem a mesma leitura :P).

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Acabei de ler a nova paródia do boraver e está muito boa. Passem lá.

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Eita, que bateu uma fissura de cigarro da pitomba agora. Vixe! Sai! Escrever, escrever para ver se passa... iniciei o Skype aí passou. Bem que meu primo disse que as fissuras são rápidas, não duram mais que um minuto. Será que vou conseguir, hein? Largar essa desgraça? Acho tão diferente de mim ter uma ação que requeira tanta força de vontade...  Se tivesse um santo a quem me apegar, esse seria o momento. Mas como não tenho, vai com a cara e a coragem e o NiQuitin mesmo. 13h28, ainda faltam duas horas... ai, ai... e mudar de assunto que não consigo? Estou ouvindo Perfeição do Legião. (Grande novidade...) Com medo de ir na cozinha pegar Coca-Cola e passar direto para fumar. Que Ozzy. Acho que vou falar sobre cigarro este post inteiro, se é a forma que tenho para ficar longe dele de fato. Vou à cozinha encher o copo de Coca e gelo e NÃO vou fumar...

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Missão cumprida com êxito! Foi até fácil. Eu é que fico criando bichos na minha cabeça.  Outro Halls para adoçar a vida e vamos em frente. Mandei o link sobre a festa de Natal do albergue para uma das ATs que mais simpatizo, espero que ela tenha gostado. Gostaria que ela lesse o de ontem também. Quem sabe eu não mando para ela? Vou fazê-lo. Mudei de ideia, vou não. Se ela se interessar, é só clicar no blog verá. Não quero importunar. O pessoal tá no Facebook fechando o encontro da nossa turma de faculdade, aproveitei e joguei o endereço do blog pra galera. Vou perder uma boquinha publicitária dessas? :P

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13h58. Ouvindo Los Hermanos e viajando... sem assunto...

Fui botar mais Coca, incrível como isso é gatilho para o fumo para mim. Titubeei, quase fumei, mas segurei a onda. Estou meio encabulado de ir a essa reunião da turma de faculdade, perdi o contato com a maioria faz tanto tempo que nem sei com que cara eu vou chegar lá. Além do mais, tá todo mundo trabalhando e eu sou o único vagabundo da história, essa parte vai pesar. Ou quem sabe a reativação desse network me leve a um novo emprego? Vai sonhando profeta, vai sonhando... você nem quer mais isso, lembra? Você quer a vida boa que vem levando, sem estresse ou prazos. Mas vou. Isto está decidido, acho que vai ser bom assim que a cerveja começar a entrar (em mim, inclusive. Pelo menos, espero que me liberem para este dia tão especial). 14h06. Ainda falta mais de uma hora para fumar. Puxa vida...

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 Esta história de blog e fissura de cigarro não está combinando muito bem, não. Eu só penso em cigarro, sobre o que mais posso escrever se isso não me sai da cabeça? O Vento. 14h14...
E o pior é que esse é apenas o primeiro dia do resto da minha vida de ex-fumante... dizem que vai ficando mais fácil a cada novo dia. Tomara. Tomara mesmo.

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14h35. Chupar outro Halls... Meu pai me olha de uma fotografia. Tô fazendo isso por você também, pai. E por você Maria e você, Clementine. Vou encher as caçambas de gelo para passar o tempo.

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15h14. Enchi as caçambas, troquei o botijão e assisti um pouco de BBC. Faltam quatorze minutos. Eu consegui me segurar. Não sei se conseguiria sem o adesivo. Mas isto não é a questão. Placebo ou não, eu passei três horas sem fumar. Mas não acredito que seja um placebo. 15h26, os dois minutos mais longos da História. 15h27. Vou tirar o gelo e preparar um copázio de Coca-Cola para acompanhar o(s) cigarro(s).

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16h12. Fumei dois e nem me senti tão bem. Agora só vou fumar quando mamãe chegar. Estou sem saco nenhum para escrever...

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16h46. Aviso aos familiares e amigos: o segundo filho do meu irmão nasceu! Prematuro, vai passar 15 dias na incubadora, mas está tudo bem com ele. Essa surpresa, esse presente de Natal antecipado merece o quê? Um cigarro fora de hora para comemorar!

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22h16. Média do dia: fumei 5 cigarros antes de colocar o adesivo e 10 depois. Pensei que seria pior. Boa noite, universo.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sexta: peregrinação pela night recifense volta quase aonde começou (e outra coisa importante)




Saímos, meu primo-irmão, Prisci, sua escudeira fiel e eu de ônibus para o Antigo para sacar a homenagem aos 100 anos de Gonzagão. Passamos mais ou menos uma hora lá, mas meu primo estava a fim de night de verdade, destas de raiar o dia. Seguimos então a pé para o Tebas. Na frente do Tebas, diferentemente do que esperávamos, não havia quase ninguém, a festa parecia, como diz a gíria, “miada”. Foi então que meu primo ligou para seu amigo predador que disse que o quente seria o Cobogó. As duas princesas decidiram ir para casa e meu primo-irmão e eu aportamos no Espinheiro. Nos juntamos ao nosso perfeitinho e ao predador e fomos andando até o Cobogó, entramos, olhamos e eles identificaram como sendo festa de veado, então morgamos de pagar a entrada e ligamos para uma amiga. Ela estava no Central, disse que tava massa e zarpamos para lá. Pegamos, depois de alguma procura uma mesa num dos bares da frente e ficamos os quatro a jogar conversa fora, à espera que nossa amiga viesse dar as caras na nossa mesa. Quando isso enfim aconteceu, ela trouxe mais duas amigas e ficamos instigando, com todo tipo de recurso (mordidas, cócegas, massagens, beliscões) as meninas a se juntarem a nós e seguir para onde? Para o Tebas, pois havia uma amiga do nosso amigo predador que disse que lá tava astral. Depois de muito estica e puxa, finalmente partimos para o Tebas. Três andando – nosso amigo perfeitinho, o amigo predador e a amiga beliscada – e quatro de táxi – as duas outras garotas, meu primo-irmão e eu. Conseguimos persuadir todos a entrar pagando R$ 20,00 (a entrada era R$ 25,00) já que já eram três horas da manhã. Meu primo-irmão e eu ficamos com apenas R$ 20,00 para beber o que deu para três cervejas e três refrigerantes. Eu, como de praxe, subi para o topo do Tebas, peguei uma Coca Zero (não tinham da normal) e um copo com gelo, me sentei numa mesa e fiquei a cismar olhando as pessoas e a paisagem. Foi aí que vi uma galera dando um bolero e resolvi arregar. E foi então que a coisa mais inusitada da noite aconteceu, uma das pessoas me pediu o endereço do blog, depois de se explicar sobre uma história aí que rolou entre um amigo dele(a) e eu. Fui descobrir no final que esta pessoa era um(a) traficantezinho(a) e que o que estávamos fumando era haxixe, um dos produtos (ou o único) que ela comercializava. Tivesse eu R$ 30,00, compraria na hora, pois o efeito foi muito bom. Mas antes de falar do efeito e do resto da noite, gostaria de dizer a esta pessoa que já me internei num albergue de tratamento de drogados e lá encontrei dois trafecantezinhos, em épocas diferentes, ambos viciados nos produtos que vendiam. E eu digo viciados a ponto de estragarem suas vidas por causa da droga. Os dois, inclusive, tendo envolvimento com a polícia. Por isso, se você estiver lendo isso, peço que, primeiro, não dê bandeira demais, e, segundo, se sentir que está perdendo o controle sobre a droga, por favor, crie coragem e peça ajuda o quanto antes, abra o jogo com seus pais, se interne, porque o fundo do poço de um viciado é muito fundo. Eu sou viciado e só eu sei o que passei para ficar limpo da minha droga de preferência, cola de sapateiro. E uma vez viciado, sempre viciado, você só mantém o vício sob controle, adormecido, mas não pode nunca mais chegar perto da substância. Você me disse que tem tudo sob controle e acredito em você. Espero muito que continue assim. (E que continue lendo o blog!!!)

No mais, depois do haxixe, entrei numa vibe muito astral e me deliciei vendo o sol raiar e as nuvens e a cidade aparecerem em tons alaranjados e violáceos, absorvendo tudo aquilo com um deslumbramento e intensidade fora do comum. Fiquei só nessa, pensando que espetáculo a galera lá embaixo estava perdendo. Mas eles não estavam na minha vibe, tava todo mundo tomando todas para ver se se davam bem na noite. Por fim a galera subiu um pouco, mas, em vez de se sentarem perto de mim, preferiram se reunir ao redor do nosso amigo predador, o que não me feriu ou perturbou, pois eu estava num momento muito meu, viajando no que escreveria neste blog, fumando meu cigarrinho, tomando minha Coca com gelo e apreciando como a natureza é esplêndida. Acabou que, além dos meus amigos, todas as outras pessoas desceram e fiquei só eu a cismar com o romper da aurora, até que chegou um cara e muito educada e pacientemente me pediu para descer, pois eles precisavam começar a faxina do topo. Ainda consegui trazer uma cadeira para baixo e continuar olhando o sol já mais alto colorir o céu. Fiquei nessa até ser interrompido por uma garota que meu primo devia estar azucrinando que me convidou a bailar, o que rejeitei com certo estranhamento, voltando ao meu assento. Ainda mais inesperada foi a força que nosso amigo predador me deu, me colocando para cima, estimulando meu potencial “latente”. Enfim quando restava praticamente a gente na festa decidimos ir. Meu primo que tinha vinte reais para voltar de táxi, miraculosamente ficou só com R$ 15,00 e por causa disso tivemos que dar uma bela caminhada de onde o táxi nos deixou até a sua casa. Melhor realmente teria sido tomar mais Coca-Colas e voltar de ônibus, pois acho que andaríamos até menos. Mistérios do destino.

Não postei este texto ontem pois dormi o dia inteiro (isso inclui a tarde e a noite), só me levantando para meu primo me deixar em casa e voltando a dormir até hoje pela manhã.

(P.S.: não menti para minha mãe quando ela me perguntou se eu estava tão detonado por ter fumado maconha, afinal, eu não fumei maconha, fumei haxixe. E andei pra caralho, o que ajudou no prego em que fiquei.)

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 Coisa mais inusitada ainda me aconteceu hoje em relação ao blog. Eu nunca imaginei de alguém me pedir o endereço do blog para visitar, como aconteceu na sexta-feira, mas imaginava menos ainda que um usuário de cola (em abstinência) através de uma imagem que postei no blog que ele encontrou no Google, tivesse acessado o Jornal do Profeta e tivesse se identificado com a minha história. Ele surgiu com um pedido de amizade no Facebook, e mesmo sem conhecê-lo, resolvi adicionar, quando vi estávamos batendo altos papos sobre os danos da cola, como é difícil a abstinência e muitas outras coisas. Foi incrível e renovou minha esperança no poder de alcance deste recanto obscuro da internet. Ele tem 17 anos e uma vida inteira pela frente. Limpo da cola, tenho certeza que vai longe. E, se bater a fissura, ou algum baixo-astral, pode falar comigo pelo Face, você encontrará apoio aqui deste lado da internet. Lembre-se que cola não leva a lugar nenhum, então não adianta seguir este caminho que você já sabe onde vai dar.

É isso. Já tomei minhas medicações. Vou revisar, postar e dormir.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Lesbian Bar 12/12/12 e Natal do Albergue


14h33. Ontem não tive disposição para escrever, não. Hoje acumulam-se as tarefas de falar da ida ao Lesbian Bar, na quarta, e ao Natal no albergue, na quinta.

Vamos começar pelo passado mais passado.


Lesbian Bar 12/12/12
Depois de mudar de ideia  e decidir sair, meu primo-irmão chegou por volta das 23h para me pegar, pensei que nosso amigo perfeitinho estava no carro, mas era apenas o encosto de cabeça do banco traseiro. Meu primo disse que ele não tem saído de casa em dias de semana. Chegando no Lesbian nos deparamos com quem? Nosso amigo perfeitinho e mais dois colegas. Alegria geral. Ainda mais porque outro amigo da galera que tem passado temporada estudando no Rio de Janeiro também iria pintar, como efetivamente fez uma hora, hora e meia depois. O cara com o bigode de Mario Bros. estava lá e disse que viu no meu blog as menções sobre ele, mas achei que ele não gostou muito, por isso e para poupá-lo vou deixar de mencionar suas aparições aqui neste espaço. Outras que apareceram foram a loura e a morena (musa do meu primo-irmão). Elas se separaram durante a noite pois só vi a morena circulando pela festa. Não entendi por que meu primo não foi falar com ela, talvez falta de álcool no juízo. (Álcool dá coragem, caso vocês ainda não saibam, para os feitos mais loucos e idiotas também, infelizmente.) Pena não ter visto a loura, perguntaria se ela tinha acessado meu blog e, em caso de negativa, entregaria outro papelzinho a ela porque ela é linda. Houve uma potencial Clementine na festa, a menina que considerei mais linda dentre as que estavam lá, mas como nos cruzamos poucas vezes e muito rápido não pude confirmar minha opinião, tampouco entregar-lhe o papelzinho do blog (e ela estava aparentemente acompanhada). No mais, fiquei na Coca-Cola, com muito gelo e canudinho, e numas coisitas mais. Tocou New Order, então, gostei do som. O ambiente, artístico-decadente já me é familiar, mas impressionou os novatos, disseram que era um lugar para trazer gringos e mostrar uma vibe diferente a eles. Não vi ninguém da turma ficando com ninguém, mas todos conversaram bastante entre si o que acho que já valeu a noite. Eu, como, membro novato e mais distante da alcateia, fiquei mais observando o movimento e sorvendo a água negra do capitalismo. Por falar em Coca-Cola, vou encher um copão e fumar um cigarro, Péra. 14h50.

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15h24. Aproveitei para fumar conversando com as empregadas aí do lado. Fui recebido por uma dedada dupla de uma delas, talvez porque, em vez de ter falado “oi”, eu tenha dito “bu” e haja um conceito jungiano que “bu” significa susto, mesmo dito baixa e calmamente. Já houve outros momentos em que isso aconteceu. Falei brandamente “bu”, em vez de “oi” e a pessoa levou um susto. Coisas do inconsciente coletivo.

Sobre a festa do Lesbian Bar, não tenho muito a acrescentar, a não ser que uma mulher que não me atraía veio meio sedutora me pedir um cigarro. Fiquei surpreso em ter despertado a atenção de alguém e meio desanimado por ter sido aquele alguém. Talvez tenha que mudar os meus parâmetros ou talvez seja melhor eu emagrecer e aparar melhor a barba. Prefiro a segunda opção. Embora ainda esteja com meu amigo: o amor aparece dos locais mais inusitados.

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Natal no Albergue
Foi bom rever o pessoal do albergue, tanto hóspedes quanto ATs (Acompanhantes Terapêuticos). Até o todo poderoso diretor do albergue veio falar alegremente comigo (aproveitei e dei o endereço do blog para ele, não que eu espere que alguém tão atarefado como ele vá ler, mas não podia deixar a oportunidade passar). O Natal congregou muita gente, entre hóspedes, ex-hóspedes, ex-ATs e familiares, calculo que mais de 50 pessoas estavam presentes. A festa toda organizada pelos hóspedes foi show, mostra que este grupo está empenhado nas atividades do albergue e, por conseguinte, em suas reabilitações. Fiquei feliz com isso. Confesso que estava com saudade das pessoas, mas não de estar albergado. Ouvindo uma das hóspedes falando com um novato sobre a rotina da casa me deu uma certa agonia e um alívio de estar livre de tais obrigações. Especialmente tocante foi meu contato com Crica, minha ex-terapêuta. Estava com uma saudade e um receio especial dela. Me sentindo um pouco traidor por abandoná-la. Continuo sem terapia, a não ser por este blog, mas isso não me faz falta no momento. Se minha vida continuar como vem seguindo para mim está ótimo. Bom, enfim, a festa foi bonita e emocionante, meu padrasto achou muito bom o discurso do diretor supramencionado, concluindo que “não conseguiu discordar em nada dele”, o que é um grande elogio. Além disso, foi destaque o pandeiro que um ex-hóspede tocou. Ele tirou sons do pandeiro que eu nunca imaginei possíveis. Fera mesmo.

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15h41. Eu mencionei acima que se minha vida continuasse seguindo como vem estaria ótimo. Felizmente ou infelizmente (isso veremos depois) minha vida está com várias reviravoltas engatilhadas: CAPS, academia, parar de fumar. Ou seja, uma nova realidade se apresenta que vai inserir uma série de atividades ao meu cotidiano e extirpar o meu vício mais arraigado: o fumo. Esse futuro que se afigura me incomoda um pouco, pois, comodista como sou, preferia continuar no meu lugarzinho, tendo como ocupação este blog e mais nada. No entanto, meu lado racional me diz que todas essas mudanças são para um bem maior. Então racional eu serei para acatá-las. Pode ser até que acabe me tornando uma pessoa mais social e fisicamente mais ativa (e mais magra!!). Afinal estes são os objetivos: mais saúde mental e física. Como poderia eu negar a mim mesmo tais benesses? Só sendo muito burro (ou muito preguiçoso...hehehehehehehehe). Mas vou encarar tudo o que vier. Pelo menos tentar. Não posso desistir sem ao menos fazer isso. Fumar e tomar Coca-Cola.

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15h59. Estão vendo se organizam um reencontro da turma de faculdade. Taí um evento em que eu gostaria muito, além de participar, de tomar uma cervejinha. Ficar na Coca num evento como este é Ozzy. Tanto é que, quando formos ao CAPS, aparentemente no começo da semana que vem, eu vou pedir liberação para beber neste dia. Afinal, o psiquiatra de lá disse que eu passasse um mês sem beber e este prazo já passou. E não estou pedindo para beber em todas as saídas, apenas nessa específica. Nas outras eu me contento com Coca-Cola. Mas na reunião da Cana’s Gang (como nos autoproclamamos) é quase uma heresia. Minha mãe vai odiar a ideia, mas, se o psiquiatra liberar, ela vai ter que engolir suas apreensões. Assim espero. Se bem que nossa turma sempre foi muito desorganizada e é capaz que não passe de fumaça esta reunião. O futuro – e o Facebook – dirá. (Vou até entrar para ver se há alguma novidade, uma data fechada, por exemplo.)

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16h19. Outro profeta, de maior calibre do que eu, está sendo reinterpretado e, pelo visto, o fim está próximo: saquem “Profecia de Nostradamus menciona Gangnam Style como sinal do fim do mundo”. Dá vontade até de acessar o vídeo só para ajudar na profecia, mas não vou dar esse mole para outro profeta, não! :P

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16h21. Faz tempo que não posto uma profecia. Não sei nem se resta alguma nos meus arquivos, preciso dar uma olhada, mas não estou a fim agora. Agora estou a fim de... fumar e tomar Coca-Cola, para variar e para variar será o que farei. Nice, empregada aqui do lado, disse que vai me dar 10 cigarros quando Tanita voltar com a compras e uma carteira de cigarros para ela.

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16h38.  A Cana’s Gang já fechou o dia: quinta 27/12. Só falta o lugar. Olha a coisa tomando forma.

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16h42. Deu aquela seca nas ideias. O assunto se escondeu em algum lugar e não estou conseguindo encontrá-lo. Detesto esconde-esconde, já estou meio crescidinho para esse tipo de brincadeira. Por falar em coisas escondidas, eu tenho a sensação de que a maioria das coisas feitas às escondidas são erradas... tirando sexo, esconder ovos de páscoa e botar presentes de natal nas árvores, não consigo imaginar que outras coisas feitas às escondidas não tenham motivos escusos.

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17h12. Como o tempo está passando rápido. Estou sozinho em casa agora. Minha mãe só chega lá pelas 20h, 21h... é boa essa sensação de dono da casa. Não sei por que não gostava quando morava sozinho. Talvez porque eu soubesse que seria assim todos os dias, que a solidão era uma regra, não uma exceção.

17h23. Sem assunto, isso é chato e me leva advinha ao quê? Se você pensou em fumar, acertou! Tá vendo que você também seu lado profeta? J Vou lá.

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17h32. Vou é criar o blog Bible of the New Millennium. E botar o texto de Algo em todas as línguas do Google Translate lá. Isso vai me ocupar por algumas horas. Revisar e postar este antes.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Na Carreira





15h07. Li na IGN que vão fazer um filme com Johnny Depp em que ele faz o upload de sua consciência para um computador. Olha aí as profecias se manifestando no imaginário popular.


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15h15. O começo de um post é sempre assim para mim, me dá um branco total. A não ser que seja depois de uma saída (que gera espontaneamente assunto). Mas aos poucos a coisa sai (e não me refiro ao rebaixamento do Sport). Bom, uma coisa me passou pela cabeça agora. Coisas como o teto da Capela Sistina são impraticáveis de surgir nos dias de hoje, onde imperam a correria e os deadlines apertadíssimos. Por conta deste novo modo de vida nós abrimos mão de várias técnicas e obras que requerem tempo e paciência o que não deixa de ser um pouco empobrecedor para a humanidade. Mas os tempos são outros e as necessidades também. Por ironia uma das áreas onde há mais dedicação aos detalhes é uma das mais recentes: os videogames. Onde centenas de pessoas se unem por dois, três anos para criar um mundo o mais realista e detalhado possível para oferecer ao jogador. Tanto é que às vezes eu prefiro olhar alguém jogando um jogo de última geração, que jogá-lo eu mesmo, para poder apreciar a riqueza de pequenos detalhes cuidadosamente colocados ali, coisa que o jogador, focado em sua missão e sobrevivência não tem tempo ou atenção para reparar. Infelizmente, a Nintendo, minha empresa de jogos do coração, não desperdiça recursos enriquecendo os cenários dos seus jogos, tudo nos jogos da Nintendo é muito prático e tem sua utilidade, nenhum detalhe a mais, desnecessário, é colocado para embelezar o jogo. Não que os jogos da Nintendo sejam feios, eles apenas não desperdiçam recursos. Espero que agora que chegaram à geração HD, a coisa mude. Amaria ver um Zelda com a riqueza arquitetônica de um Assassin’s Creed. Ou de um Bioshock.  

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Pagan Poetry, de Björk. Esta música é hipnótica, me faz viajar profundamente, é quase uma lombra auditiva. 15h33... 15h37. Outra que amo: It’s In Our Hands... Tava com saudade de ouvir Björk. O que me encanta nela, além da pessoa em si, é que ela sempre busca se reinventar, achar novos caminhos musicais a cada novo disco, fazendo parcerias com a vanguarda musical ou com parceiros inusitados, como um coral feminino da Islândia. Para mim, ela já tem uma obra-prima, difícil de ser superada pela sua originalidade e genialidade: Medúlla, um disco gravado só com vozes mixadas. É uma viagem musical onde apesar de o instrumento ser o mesmo – a voz – cada música tem suas sonoridade e atmosfera diferentes. Mas o principal é que sou encantado por Björk, ela será sempre uma Clementine para mim. Adoraria conviver com ela, nem que fosse por um dia, para apreender um pouco mais o seu espírito, penetrar um pouquinho que fosse em sua alma e ela na minha. Acho que a pediria em casamento nesse dia! Eu acho que ela não se esconde detrás de um personagem, acho que o que mostra ao público é o que ela realmente é. Mas acho que todo fã viaja nisso em relação ao seu ídolo e quase nunca é verdade... Sei lá, ela me transmite sinceridade e ponto. Uma sinceridade que o U2 em seus shows não transmite, por exemplo.

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16h05. Estou de volta depois de duas xícaras de café e dois cigarros. Hoje, ao contrário de ontem, mommy deixou a carteira inteira de cigarros e veio passar a tarde em casa. Está repousando. Falando ainda em Björk, meu amigo e poeta Daniel Násser gravou o disco novo dela para mim e eu não sei onde coloquei. Isso é Ozzy porque só ouvi uma vez e é um disco difícil de entrar de primeira, então não tive tempo de degustá-lo apropriadamente. Como não é o de Gal novo e depois de algumas vezes eu comecei a gostar muito. Da mesma forma o novo do Strokes. No começo achei tudo muito agudo, mas aprendi a gostar. Queria fazer o mesmo com o de Björk. Péra que vou dar uma olhada para ver se encontro.

16h37. O único disco que ele me mandou que não achei foi justamente o de Björk. E olha que eu procurei. A vida prega dessas mesmo. Xapralá. Botei O Grande Circo Místico no drive de CD e já, já, vou ouvir. Curtindo um Little Joy agora.

Olhando por aí eu percebi que eu tenho um monte de CDs massa que não ouço, fico restrito às mp3 do computador por pura comodidade. Se eu tivesse um toca CDs que prestasse, talvez ouvisse mais (o que tenho aqui no quarto de tão velho, além de nenhum botão funcionar, está assombrado e liga o rádio sem ninguém tocar nele, então tive de tirá-lo da tomada [altos sustos]).

16h44. Tomar água, café e fumar um cigarro.

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17h00. Fumei dois, com duas xícaras e dois copázios d’água, um antes e um depois. Trouxe mais um para bebericar enquanto escrevo. Começou a parte The Cure da lista, logo com Plainsong. Vou adiar O Grande Circo Místico por ora. Esse som do The Cure, o Disintegration, é para ser escutado alto. Tem até isso na capa do LP. Então botei no talo aqui e estou viajando. Quando boto alto, eu percebo que um ouvido meu escuta melhor que o outro. Percebi isso também quando usei o iPod, cheguei a inverter os fones, mas deu na mesma. Em suma, sou meio moco de um ouvido. Se me tornasse mendigo e nunca mais pudesse ouvir o Disintegration iria ser uma falta enorme na minha vida. Junto com o Rattle & Hum do U2, foi o disco que mais ouvi na vida. Foram os LPs que moldaram meu gosto musical pessoal, fora e além das influências paternas, quero dizer. Minha mãe teve menos influência musical em mim, era papai que controlava as pickups lá em casa.

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17h12. Sem assunto... gostaria de ir ao Lesbian Bar hoje, afinal é uma data especial que merece ser celebrada, nunca mais teremos neste milênio outra data em que dia, mês e ano sejam os mesmos, 12/12/12. Depois de hoje só em 01/01/3001. E duvido que muitos de nós cheguem com vida a esta data. Só se fizermos como Johnny Depp em Transcendence. Transcendência... eu acredito que já vivi momentos disso. Pelo menos me senti assim, transcendendo meu eu consciente. Obviamente só consegui isso sobre o efeito de entorpecentes, mas a sensação é mágica e pura, extremamente pura. Embora me sinta transcendendo ouvindo certas músicas também, como esse álbum do The Cure. Eu entro num estado emocional diferente, a música transforma minha percepção, torna tudo mais belo, melancolicamente belo. O belo pop show como meu primo-irmão chamaria. É uma pena que ele nunca vá sentir isso. Mas tenho certeza que muitas outras pessoas que ouviram e ouvem o Disintegration sentem e sabem do que estou falando. Também não é um disco que te ganha de primeira, mas quando te conquista é para sempre, acho eu. Para mim, é para sempre. A não ser que façam como Laranja Mecânica e usem junto com alguma forma de tortura. Mas não acho que mereça tal tipo de punição. Quem sabe, vai que as minhas profecias desagradem alguém com poderes suficientes para me prender e torturar... Hahahahahahahaha!

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17h26. Daqui a pouco mais um cigarrinho com o resto do café, mas não ainda. Ainda estou saciado de ambos. Saciedade, taí um sentimento que ao mesmo tempo me agrada e desagrada. A saciedade dá um certo desânimo, um quê de tristeza, de desmotivação, de apatia. Eu já sinto tudo isso por natureza, mas a saciedade amplifica esses sentimentos. Espero nunca me saciar das palavras. Acho que nunca vou, pois as vomito sempre! Hehehehehehehe... Bulimia verbal. Uma nova doença para os anais da Medicina...

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Homesick rolando. Confesso que tive saudade de casa poucas vezes na vida. Também poucas foram as oportunidades de sentir isso. Praticamente se resumem aos meus internamentos.

17h34. Pausa para um cigarro.

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17h56. Mommy despertou. Mas, voltando ao assunto do primeiro tópico, a pressa em que vivemos, onde tudo é “pra já”. Acho que devemos muito disso à evolução da tecnologia. Imagino que com a tecnologia de hoje, para construir uma capela, leve-se mais ou menos um ano. Você acha que esperariam mais quatro para inaugurá-la por causa da pintura no teto? O aumento da eficiência e da produtividade devido às máquinas nos levou juntos com elas. Nossa paciência encurtou. Sei que isto é uma generalização e generalizações são perigosas. Falo principalmente dos urbanóides aqui. Gente dos grandes centros. Sei lá, vou mudar de assunto. E botar O Grande Circo Místico.

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O começo do disco com o coral é como o encantamento e mistério que se tem ao ver a tenda do circo ao longe, sem saber o que vai encontrar lá dentro, logo depois vem a música circense e a alegria do picadeiro se revela, as palhaçadas e todo o ambiente animado por crianças, moços, moças e velhos da plateia.

Puta que pariu aí vem logo de cara Beatriz com Milton. E se eu pudesse entrar na sua vida... Aí me quebra, é muito linda, divina, não é à toa que acho este um dos melhores discos da MPB de todos os tempos. Sim, me leva para sempre Beatriz, me ensina a não andar com os pés no chão... a nota do “chão” lá embaixo como se a voz descesse realmente ao chão. Sei não, velho, é maravilhosa. Não tenho nem palavras.

A segunda música começa como que com um tropeço do palhaço e embora sugira uma música alegre, logo se vê que é uma ilusão, como a maquiagem do palhaço, que esconde outro farrapo humano que morre na cochia...

Bom, não vou descrever o disco faixa a faixa, quem quiser e puder, não se prive de ouvir. Fazia tanto tempo que não ouvia que não imaginava a falta que me fazia à alma. Pelo menos a busca ao CD de Björk de Daniel me fez achar este.

18h25. Viajando no som... A História de Lily Braun. Chico deixa a dúvida no final da música quando Gal canta nunca mais feliz. Tanto pode ser “nunca mais fui feliz” como “nunca fui tão feliz”.

Vamos ver se desgrudo do som e me agarro ao texto. Porra, mas aí vem Meu Namorado, com Simone (a única música que gosto de Simone, diga-se de passagem). Sei que ele vai me guiando, me guiando de mansinho pro caminho que eu quiser... Vejo, meu bem, com seus olhos e é com meus olhos que meu bem me vê...

Aí é para arrombar, Ciranda da Bailarina com um coral de crianças, a coisa mais linda e delicada do mundo, por mais que a letra seja cheia de nojeiras. É uma contradição belíssima.

Puta, aí vem Gil cantando Sobre Todas as Coisas. Só voz e violão. Não preciso dizer mais nada.

A Bela e a Fera. E a fera, quem mais poderia ser? Tim Maia. Perfeito. A letra, o arranjo, os vocais, tudo. Assim não dá, só to descrevendo o disco. Isto lá é post? Bela, abre teu coração ou eu arrombo a janela...

Aí vem uma das minhas musas Zizi Possi nO Circo Místico. A música é linda de morrer e o vocal dela é lindo de morrer também.

E pra fechar tudo os criadores do disco, Chico e Edu Lobo, vão Na Carreira, cantando a vida do artista circense, sempre chegando e partindo, partindo e chegando, sem jamais dizer adeus.

Pronto, acabou o disco, para a sorte do leitor. Voltemos a um set list que não me confunde a atenção, mas antes, 18h55, um cigarro com água, pois o café acabou.

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19h13. Sorte grande! Quando fui fumar havia acabado de chegar as encomendas que mamãe fez ao mercado e havia Coca-Cola!! Tô que nem pinto no lixo agora. Enquanto não há nutricionista há Coca-Cola! Depois... é depois, não é agora. Agora é um copão cheio de gelo e Coca-Cola aqui do meu lado. Acho que vou tirar a parte que me denigre do post em Inglês de Algo, ela pode desestimular as pessoas a lerem o resto. Está decidido, vou fazer isso agora. O Blogger não está respondendo! Droga. Vai ver que é um sinal para não mexer no texto. J

19h23. Mudei de ideia, vou tirar não. Eu fiz daquele jeito e ainda é meu desejo que seja assim, é como se eu quisesse provar que dos lugares mais inóspitos pode brotar algo. Ou como se eu quisesse começar logo chocando as pessoas, como é do meu feitio. Um começo chocante pode motivar a leitura. Será? Tomara, porque agora não vou mudar. E já está com este começo em todas as demais línguas. Que se ferre. Não estou fazendo mal a ninguém. Nem a mim, por mais que às outras pessoas possa parecer. Eu não menti nem exagerei nada. Bom, vamos mudar de assunto. Este já é passado (como a Coca-Cola que estava no meu copo). Vou enchê-lo e fumar mais um cigarro.

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19h41. Talvez não nas direções que você tem olhado, vire sua cabeça, tudo está repleto de amor, tudo à sua volta... Eu devo ser míope para o amor ou ele cego para mim, Björk...

Amanhã tem Natal no albergue. Eu, titubeante, irei, sem saber como me sentirei voltando lá. Detesto esse sentimento de insegurança, esta antessala do fato. Mas isso é futuro e com o futuro lidarei depois. Voltemos ao agora. Agora eu queria sair com meu primo-irmão. Agora eu não tenho mais o que dizer. Mas quero continuar escrevendo, se bem que já estou na quinta página de Word. Mas e daí? O blog é meu e eu faço do jeito que eu quiser! (Estou me sentindo meio revoltado, que coisa estranha e despropositada.) Vou é postar logo isso.

P.S.: meu primo não vai sair... L

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Divagações espaciais





13h41. Não consigo compartilhar o post que escrevi ontem no Facebook, que Ozzy. Mais Ozzy ainda é que pedi a mamãe só 7 cigarros ontem à noite e ela, em vez de me dar a costumeira carteira da manhã, me deu espertamente apenas os 13 cigarros que sobraram da outra carteira. Eu já fumei 6 e vou fumar o 7º agora. Tô ferrado. Vou ter que fazer uma contenção punk ou apelar para o meu estoque particular (que acho que vai ser a alternativa mais viável). Vamos ver se consigo, depois deste cigarro, ficar  1 ½ hora sem fumar.

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13h57. Se só for fumar daqui a uma hora e meia, só poderei acender o próximo às 15h27. Eu acho. Putz. É tempo demais. Vamos ver o que faço aqui para este tempo passar. Adorei a Capa de Caras feita pelo Ozzy mor e repartida no Facebook (meu chat finalmente voltou). Já compartilhar na rede social o post que escrevi ontem tá difícil, ele não carrega a figura e por isso não compartilha o post de jeito nenhum.

14h06... losteando...

14h17...losteando e querendo fumar outro cigarro. E é o que vou fazer...

14h28. Realmente estou com a cabeça vazia hoje, não me aparece assunto nenhum a dissecar... o Facebook insiste em não compartilhar o link do post de ontem... Jô está na área, arrumando tudo na sua velocidade a jato de sempre. Pense num mulher trabalhadeira. Parece uma formiguinha, diminuta, mas cheia de disposição, indo pra lá e para cá com baldes, aspirador, vassoura e toda sorte de instrumentos que a profissão e minha mãe requerem.

14h39. Compartilhei diretamente pelo Facebook. Aí rolou limpeza, automaticamente, com foto e tudo. Que coisa estranha...

A parte acima é irrelevante. Papo chato sobre minha fase quase-ex-fumante e problemas com o Facebook. Penso que é como a fase religiosa do Rei, vai passar.

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14h42... losteando... Ouvindo Neguinho, com Gal. Certamente vou ter que apelar para o meu estoque particular, pois só tenho cinco cigarros sobrando. E Jô está fazendo mais café para nós. A pedido meu, claro, burguês explorador que sou. Se bem que acho que sempre fui um bom patrão quando assumi esta postura à época em que morava sozinho. Parece-me um passado tão distante e doloroso este de morar sozinho. Não incluo aqui o tempo em que morei com Clementine, pois aí morávamos nós dois. Mas antes e depois disso. A solidão realmente não me cai bem. O interessante é que hoje, aqui, eu praticamente me isolo e fico sozinho, mas, de alguma forma, eu sei que há gente em casa, que eles vão voltar e isso ameniza a solidão.  
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Preciso criar instiga para criar mais coisas Visuais. 15h55. Dei um tempo aí do lado enquanto a frenética Jô dava uma guaribada no meu quarto. Vi o trailer do novo Super-Homem e achei bem legal. O diretor é o mesmo de 300 e o produtor é o diretor dos últimos três Batman, logo, promete.  



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A mão de madeira está com seu dedo levantado à minha esquerda, como se pedisse a palavra. Eu a coloquei nessa posição e gostaria muito que ela realmente tivesse algo a dizer, pois eu estou realmente seco de ideias. Escrever sobre o nada. O nada é a única coisa infinita, pois não tem começo nem fim, não tem limites. Pronto, escrevi sobre o nada. Escrever sobre o tudo. Não acredito em multiversos, acredito que o tudo que existe está contido neste universo, não existe o fora deste universo, o além deste universo. O que há, há dentro dele. E, um dia, dentro dele haverá aquilo que lhe deu/dará origem, a consciência suprema, capaz de manipular as leis do universo, que, do futuro, ativará o Big Bang no começo dos tempos. Como fará isso sem alterar o futuro ou o nosso presente? Mas o próprio fato de ter havido o Big Bang já influenciou e influencia nossa existência e nosso presente. Sem o Big Bang não haveria nós para começo de conversa. De qualquer forma há muito espaço “vazio” no universo que pode ser utilizado como rota para a semente – Espírito Santo? – fecundar o nada em tudo. Como já disse em, vamos lá mais uma vez, Algo 0003, o nada é maior que tudo, pois contém, além de tudo, o seu inverso, o que o anula em nada. Basta esta semente causar um desequilíbrio – extremamente bem calculado – para que o universo desabroche, se descompacte, de uma forma estável que permita a evolução de seres altamente complexos como nós e outros que devem haver por aí. Acho extremamente improvável que o ecossistema terráqueo seja a única fonte de vida do universo. Seria um extremo desperdício de energia. Acho que só entraremos em contato com estas outras raças inteligentes quando estivermos mais evoluídos – e elas também – para que a interação seja amigável e sinergética. Depois da singularidade tecnológica, em uma palavra. Ainda nem resolvemos nossas pendengas internas, ainda não alcançamos a paz mundial e a igualdade de direitos entre todos os seres humanos, para quê se preocupar com outros povos de outros planetas? Façamos nosso dever de casa primeiro. É isso que a consciência suprema do universo – Deus, se quiser chamar assim – espera de nós. E será inevitável que assim ocorra, por mais que leve tempo, seremos, o mundo todo, uma grande nação guiada por princípios sistêmicos, como sustentabilidade e democracia de fato através de dispositivos tecnológicos. Mas aqui apenas repito o que já disse em outros posts. Me deixei levar pelos meus sonhos, minhas profecias mais uma vez. 16h19. Fumar e ver se volto com um novo assunto.

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16h29. Sentimental. Quem é mais sentimental que eu? Bote fé que o páreo aqui é duro. Eu acho que sou sentimental demais da conta. Mas não fica mais bem se eu sofro um pouco mais. Tô cansado de sofrer. Passei mais da metade da minha vida sofrendo um inferno dentro da cabeça. Claro que intercalado por momentos de alegria, mas se fosse fazer uma média, ela daria negativa. E o pior é que o inferno nunca foram os outros, sempre fui eu mesmo. Mas acho que está tudo sob controle agora. E espero muito que continue assim. Mais que tudo não quero que o inferno volte. O negócio agora é apontar para fé e remar. Mesmo que o vento venha contra o cais. Será, morena? Sobre estar só, isso me incomoda, mas a vida é engraçada e do nada nos planta um novo amor. Meu coração é solo fértil para novos amores, por mais que seja seletivo em relação aos grãos. A flor perfeita brotaria frondosa no meu peito. E brotará, seja lá quem for. Quem dá a flor sua perfeição é o meu olhar, o meu sentir, o nosso sentir. Se alguém numa curva me convidar, eu vou lá, que andar é reconhecer o olhar. Vou buscar alguém, que eu nem sei quem sou. Nem sei tampouco o que quero ser, além de feliz, de longe do inferno. Não preciso ser feliz, aliás, só preciso estar fora do inferno de dentro de mim. É o suficiente para seguir. É com isso e um certo otimismo que tenho seguido ultimamente. Otimismo antes impossível de se sentir. Otimismo que é como sol da manhã e a brisa leve nos lençóis brancos da minha alma. Secando todas as lágrimas que guardei dentro de mim.

17h03. Eita, papo emo da porra, totalmente pop show. Mas e daí? Eu sou pop show mesmo. Meu lado mais rocker é The Strokes. E olha que eles têm um pezinho nos anos 80, principalmente no novo álbum. Meus sons prediletos, tirando os medalhões da MPB como Chico e Caetano e unanimidades como os Beatles (o álbum branco é perfeito) se situa nos anos 80 e 90. O que veio depois, só Strokes mesmo e os que continuaram daquela época a fazer som até hoje. Se bem que não gostei do CD de volta do Echo & The Bunnymen, tanto que nem procurei pelo segundo.

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17h09. Tomara que o acaso seja amigo do meu coração e que eu ouça quando ele falar comigo. Aí a gente corre para se esconder e se amar. Minhas janelas estão abertas e as cortinas também, não me escondo de ninguém. Já não vejo motivo para o amor de tantas rugas não ter o seu lugar. E esse lugar no coração de alguém há de surgir e, quando surgir, vai ser lindo. Gostei dessa brincadeirinha com as letras das músicas. Mas com Santa Chuva não dá. Se bem que a chuva já passou por aqui, eu mesmo que cuidei de secar, com a ajuda de um monte de gente, é verdade, mas uma partezinha enxuguei eu mesmo. Spaceballs The Ballad, esta não tem como. Se bem que voltando ao meu papo futurista nós só entraremos em contato com outras civilizações quando ambas não acreditarem mais em guerra. E nos espaço viajaremos como dentro de um sonho, conectados à consciência coletiva terráquea, imersos numa realidade maior que nós mesmos, maior do que a percepção dos nossos sentidos (que acredito sejam mais de cinco). Stop Whispering agora. Essa eu nem entendo direito o que ele diz. Mas, de qualquer forma, eu sinto que estou apenas sussurrando minhas profecias na internet e que é preciso gritá-las, mas eu não tenho dinheiro para tanto. Então sussurrando do meu cantinho continuarei. Fumar e tomar um cafezão.

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18h00. Acabou que fumei mais cigarros e tomei mais cafés conversando com Jô. Lendo um pedacinho do livro de Stephen Hawking enquanto estava no banheiro me deparei com alguns números literalmente astronômicos que gostaria de repartir com vocês (a tradução é minha): “[...] Nós sabemos agora que nossa galáxia é uma entre centenas de bilhões de galáxias visíveis usando modernos telescópios, cada uma contendo centenas de bilhões de estrelas.” Em outras palavras, esta porra em que estamos flutuando é muito gigantesca, inimaginavelmente gigantesca. Bilhões vezes bilhões dão quadrilhões, vezes centenas de centenas, dão dezenas de quintilhões de estrelas, nas quais orbitam de tudo, inclusive planetas, muitos planetas. E só o nosso, no meio dessa imensidão de corpos celestes, ter vida? É egocentrismo demais, acha não, cara-pálida? E esses quintilhões de estrelas são apenas as que são visíveis, aquelas cuja luz conseguiu viajar o suficiente para serem captadas pelos nossos telescópios... Enquanto tudo isso acontece nós vamos a supermercados. Ou escrevemos blogs. Alheios às dimensões do universo onde estamos inseridos. E nos achando importantes. O pior é que somos. Somos milagres físico-químicos, uma combinação mágica de componentes elementares do cosmo que produz poesia, prédios, amor e guerra. Que se reproduz e evolui, que cria utilizando os mesmos componentes elementares das formas mais inusitadas, que compreende e tenta compreender sempre mais esta vastidão que chamamos de existência. Para mim, isto é fantástico. E acredito que no meio desta imensidão outros seres façam o mesmo à sua maneira. E que um dia, quando a boa hora chegar, cruzaremos caminhos e caminharemos juntos em busca de um bem maior, de um todo maior, de uma compreensão e consciência maiores. Mas como disse antes, primeiro devemos fazer o dever de casa. Se o fizermos direito, o resto virá naturalmente. Acredite em mim.

18h36. Revisar e postar.