sexta-feira, 31 de agosto de 2018

AMIGO DA PISCINA E BOLSONARO


19h59. Meu amigo da piscina está completamente convertido ao “bolsonarismo”. Diz que o povo anseia por isso. Saiu enumerando todos os defeitos dos demais candidatos, invalidando-os um a um. Elencou momentos históricos que provavam a honestidade de Bolsonaro. E a corrupção de todos os demais membros do congresso. Falou de um movimento mundial socialista que visa a destruição da família e com isso ampliar o poder e abrangência do Estado. Falou sobre a possibilidade de guerra entre o Brasil “bolsonarista” e países fronteiriços “socialistas”. Que o plano dos comunistas, que na visão dele está se concretizando, sempre foi tornar as Américas do Sul e Central num grande bloco socialista e disso decorrer uma guerra com os Estados Unidos. Falou que Bolsonaro pretende impor o modelo de colégio militar a todas as instituições de ensino (públicas, imagino). Disse ser surreal explicar igualdade de gêneros e qualquer outro assunto tratado no famigerado “kit gay” a crianças de seis anos de idade. Disse que na Suíça, se bem me recordo, toda família tem em casa um fuzil. Para ele, Bolsonaro é o único candidato à presidência que não tem rabo preso com ninguém e que ter colocado um general com vice-presidente ajudará no aparelhamento e militarização do país. Vi muita sinceridade, fé e reflexão em seus julgamentos, de sua forma, com os seus valores, é um voto embasado e consciente. Ele é realmente ótimo de papo e sua conversa é muito persuasiva. Fala com o coração. Enunciou várias vezes que a sociedade não aguenta mais a situação de corrupção do país e que isso irá nos tornar uma nova Venezuela, especialmente caso o PT chegue uma vez mais ao poder. Perguntei-lhe se acreditava que os brasileiros chegariam um dia ao nível de civilidade dos europeus e disse que não. Que nosso histórico cultural, desde os primórdios da colonização portuguesa foi a de que tudo tem o preço, tudo é negociável, comprável. Que um dos reis pagou a um país para liberar uma parte dominada do território (ele supõe que o Rio de Janeiro capturado por holandeses, mas não tem certeza). Enfim, falamos muito de política e Bolsonaro. Mas não só disso. Concluí dessa conversa toda que as escolas públicas são a principal ferramenta de catequização e formação de opinião alinhada com o pensamento do Governo. Se usadas tendenciosamente dessa forma. Tanto o “kit gay” quanto o militarismo são formas de incutir o pensamento e o modo de agir do Estado nas novas gerações. Meu amigo acha que sexualidade deveria ser um assunto a ser debatido no âmbito da família, dentro do núcleo familiar, e não ensinado em escolas. A não ser a parte fisiológica. Estou muito cansado para escrever ou fazer quaisquer outras coisas. Vou comer e dormir. Amanhã escrevo mais sobre esse sempre fecundo encontro com o meu amigo da piscina. Ele é uma pessoa com opiniões fortes que me dão sempre muito o que pensar. Sou grato por isso. É um prazer compartilhar de sua presença. O papo flui. Muito mais por causa dele do que de mim. Boa noite.

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15h11. Estou a meditar sobre ter dito o que disse à minha amiga diretora sobre perder suas amizades (dela e da minha amiga psicóloga) por conta do conteúdo do livro. Será que preferirá ou odiará barbas? Não sei por que o silêncio dela desde então.

15h15. Estou com um desconforto físico que não saberia definir. Tomei quatro xícaras de café desde que acordei e fumei quatro cigarros, sei que é disso que decorre tal desconforto, pois não pode decorrer de mais nada, pois nada fiz ou ingeri desde que acordei. Não me agrada me sentir assim. E por algum princípio masoquista irei tomar mais uma xícara de café e fumar mais um cigarro. Por quê? Porque posso e desejo. Preferiria Coca, mas não disponho no momento.  

15h26. Tomei, fumei e coloquei mais uma xícara para me acompanhar na escrita. Por alguma razão inexplicável me sinto melhor. A minha fisiologia é curiosa. Não a compreendo ou a respeito. Voltando à noite de ontem, meu amigo da piscina e eu conversamos sobre toda a evolução tecnológica que acompanhamos. Eu sugeri que, como não poderíamos imaginar o que decorreu tecnologicamente desde que éramos crianças como, por exemplo, como do Atari chegamos a uma PS4 Pro, não somos capazes de prever onde estaremos daqui a 15 anos. O que me vez intuir que, com o desenvolvimento das tecnologias de realidade virtual, a princípio muito caras e grandes para serem aparelhos domésticos, veremos o ressurgimento dos “fliperamas”, amplos locais dedicados a entretenimento dessa natureza, pagos, obviamente. O renascimento dos fliperamas nesses novos moldes é a profecia que deixo hoje aqui para o leitor.

15h34. Enquanto lá embaixo ontem, meu amigo da piscina, que se admitiu um dependente do celular (o que me fez constatar que sou extremamente dependente do meu computador, que canalizei a minha adição por drogas para o uso desta maravilhosa máquina), recebeu uma meme do famoso, segundo ele, “negão do zap”. Ficou abismado que eu nunca houvesse ouvido falar ou recebido a impressionante imagem pelo aplicativo. Pedi que me mandasse a tal foto, mas não chegou, pois era uma meme mais elaborada, que necessitava de um código, então só conseguiu me enviar a parte da bela moça que serve de chamariz para que o incauto bote o código e se depare com a foto do “negão do zap”. Sobre o “negão do zap” devo confessar que foi a única imagem que me fez contente em ter um pau pequeno, não o trocaria pela aberração que a evolução pregou nesse ser humano, que nem sei se é real ou Photoshop devido ao tamanho, dando-lhe um pênis com mais de 50 cm, grosso como um braço. Uma imagem nada agradável, devo acrescentar.

15h47. Meu amigo estava com o braço e o dedão do pé enfaixados e imobilizados devido ao jiu-jitsu que começou a praticar e já se diz apaixonado pelo esporte, do qual fez grande propaganda para que eu ingressasse. E emendou dizendo que toda escola deveria oferecer desde a mais tenra idade aulas de algum tipo de luta para que os cidadãos saibam se defender em situações de perigo ou ameaça. Para ele, as escolas deveriam ter um dia dedicado aos estudos “intelectuais” digamos e outro dedicado ao cuidado e desenvolvimento do corpo e assim sucessivamente. Como disse, ele pensa na sociedade muito mais do que eu. E não teme defender as ideias muito próprias dele. Eu fiquei a imaginar um filme de ação e luta ambientado numa sociedade como a proposta por ele onde todos sabem lutar e começamos a extrapolar as situações até chegarmos a um quebra-pau generalizado num jogo de futebol, quando caímos na gargalhada. Fui adiante e imaginei que em vez de um jogo de futebol, numa sociedade com esta o que se assistiria em estádios seriam lutas entre os melhores. E que o protagonista (esse seria o clímax do filme, que não poderia ser mais clichê), enfrentado dezenas de torcedores no completo caos que tomou a plateia, em busca da irmã da qual se perdeu no tumulto, vai deixando um rastro de pessoas inconscientes e a sua desesperada busca o leva à beira do gramado onde o torneio se dá e onde deixa sua irmã a salvo. Seu prodigioso feito, acompanhado pelos olhos de águia do atual campeão, que acaba de matar o deslealmente o mestre da escola onde o rapaz estudou, convida o nosso herói para uma luta no ringue. A luta final do filme que obviamente o protagonista com sobrehumano esforço ganha.

18h51. Acabei de voltar do supermercado. Pelo menos refiz o meu estoque de Coca Zero e Bono de morango. Fiquei aliviado pois o meu primo pegou um plantão no sábado, então não terei com quem sair nos finais de semana por um bom pedaço. É assim que me sinto, confortável com o meu isolamento. Pensei em chamar o meu amigo da piscina para descermos hoje, mas algo me faz ficar grudado aqui nessa cadeira. Vou perguntar, hoje tenho Coca e gelo para levar. Escrevi o convite, mas não postei. Algo me impede. Indecisão se quero ou não tal interação. Acho que preciso acabar este post antes.

19h00. Mandei uma mensagem dizendo que desceria quando acabasse de escrever isto. Vamos ver o que ele responde, se responder. Pode nem estar aqui. Perguntei se a minha amiga diretora está chateada comigo. Não sei precisar a razão, mas tenho a intuição que o que lhe disse de alguma forma a magoou. Vou pegar mais Coca com muito gelo, que delícia da existência. Obrigado realidade por se organizar dessa forma, é certo que tive que agir para que isso acontecesse, mas tudo se dá numa complexa cadeia de interações da qual eu sou uma mínima parte.

19h12. Meu amigo disse que descerá, mas não se demorará muito. Minha amiga diretora disse que não estava chateada comigo nem a pau e que queria aprofundar as questões levantadas na nossa conversa. Queria poder dizer do que se trata, mas não posso revelar a ninguém. Muito menos a ela. Estou ouvindo Britney Spears nas alturas. Mamãe não reclamou. Ainda. Depois das duas de Britney não sei o que virá na lista 6. É bom ouvir música alta, que eu goste, claro. Por incrível que pareça, essas duas músicas de Britney me agradam sobremaneira. Gosto da voz dela doce e sussurrada... minha mãe gritou a plenos pulmões para ser ouvida e me mandou baixar o som. Hahaha. Desculpe rir, mas a situação é peculiar para mim, nunca ouso botar música dessa altura em casa quando ela e meu padrasto estão, ademais com a porta aberta. Sabia que a represália viria, mas resolvi arriscar mesmo assim. Ciranda da Bailarina na lista 6 depois de Britney. O que será que o meu amigo da piscina achará do texto de hoje? Será que sentirá que suas ideias foram fidedignamente apresentadas aqui? Gosto do jogo de compra e venda do eBay. Um boneco que havia colocado em leilão, findou seu tempo sem receber nenhum lance. O que foi ruim e bom. Ruim, pois não o vendi e bom porque acabou quando um cara resolveu colocar o mesmo item em leilão por um valor demasiado baixo, desvalorizando a figura aos olhos dos compradores. Esperarei pelo menos quinze dias para colocá-la de volta online. Mas esse papo é mais chato ainda que o resto que o cerca. Obviamente estou acompanhando esse leilão para aferir o quanto estão dispostos a pagar pela estátua. Mas nunca a colocarei à venda ou em leilão por menos do que paguei. É um item exclusivo com baixa numeração. O celular vibra no meu bolso, vou ver o que é. É a moça de perfil fake do Tinder que entrou no aplicativo dessa forma para testar o companheiro, este não passou no teste e entendo que acabaram o relacionamento. Desde então conversamos esporadicamente. Curioso isso. Ela acredita na lei do retorno. Eu acredito que o mundo é muitas vezes injusto e cruel mesmo e pronto. Estou curioso para ver o que ela disse e vou matar a minha curiosidade agora. Acho que ela me avisou que iria sair do Tinder ou me “desgostar” no aplicativo, pois não tenho mais acesso as mensagens dela. Bom, foi uma experiência cibernético-social interessante. Nenhuma das que curti me curtiu de volta e não recebi nenhum “superlike” até o momento, o que me permitiria saber que alguém que não curti me curtiu. Acho que não mereço superlikes, também tirei uma foto sem camisa mostrando o meu bucho, para não deixar dúvidas da minha compleição física e me disse um aposentado de 41 anos. Descobri uma nova tendência entre as mulheres jovens (ou seria uma velha tendência trazida para o meio virtual?): são as “sugar babies” mulheres jovens que querem um homem que banque tudo para elas. Ou seja, querem ser dondocas donas de casa como a esposa do Temer, que seria o exemplo mais ilustrativo e notório de “sugar baby”. O que deveria significar “açúcar” em inglês assume vários significados mais significativos se virmos a palavra como o verbo “sugar” em português. Hahaha. Acabou a terceira página. Bem a tempo de revisar postar e descer para encontrar com o meu amigo. Como foto para esse post vai o que desejo que seja a minha última compra até a próxima SDCC. Azure Dragon.







sexta-feira, 24 de agosto de 2018

ALERTA


“Eu sou o herói só Deus e eu sabemos como dói”
Caetano Veloso

Ontem passei umas boas duas horas em depressão. Não sei por que veio ou como passou. Sei apenas que é um sofrimento existencial tão intenso que chega a ser físico, que se sente no corpo, não apenas nas abstrações da mente. Não é uma dor física, mas algo oprimindo o corpo, apertando o peito, é terrível. E não tem causa, explicação, motivo. Confesso que fiquei desesperado acreditando que não iria passar e que não me sentia emocionalmente ou racionalmente preparado para enfrentar isso de novo. Pensava que nunca mais experimentaria tal angústia novamente. Estou com medo. Agora eu sei a diferença da depressão para a tristeza e melancolia apenas.

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16h00. Não ando bem essa semana. Não sinto nem vontade de escrever aqui. Isso me preocupa. Não há nada de errado com a minha vida eu é que estou completamente errado, todo o meu sofrimento decorre das minhas escolhas e do desamor que tenho pelo pouco que sou. Queria compor um post para o blog de bonecos, afinal sempre posto nas quartas-feiras, mas não tenho assunto ou interesse. Fiz um café para mim, estou sem Coca, e foi algo diferente que me ajudou a fugir do tédio que me assola. Há tantas contradições dentro de mim. Eu queria simplesmente gostar ou estar em paz com quem eu sou, mas não sou capaz disso. Não sei nem por onde começar. Há algo muito profundo, antigo, arraigado no meu eu que não imagino como descolar de mim. Todo e qualquer aspecto de mim me traz desgosto. Eu não me sinto merecedor da vida que tenho tampouco quero abrir mão dela. O isolamento é pesadíssimo, mas não quero encontrar com ninguém. Sinto-me culpado e não cesso de fazer coisas que me incutem mais culpa. Eu me sinto culpado de ser eu. Julgado e condenado a ser eu. Julgado por mim mesmo. Eu olho para o meu irmão, a pessoa que mais amo e admiro no mundo, e isso, além de me provocar tremendo afeto, me diminui enormemente. Ele é sobrenaturalmente bom, eu sou sobrenaturalmente odioso. Eu sou o inverso das expectativas que meu pai tinha a meu respeito. Eu fiz quase tudo errado e fracassei em absolutamente tudo. Eu me vejo como uma aberração, não há melhor definição. Ademais sou um inútil que não quer ser útil. Eu penso na enormidade de recursos que roubo da existência para manter a minha própria e acho um completo desperdício. Em nada acrescento ao mundo. Nada dou em troca do que tomo. E mesmo assim recebo e não paro de receber. Sei que a minha morte ainda tarda, então essa troca injusta com o mundo ainda continuará por bastante tempo. O mais curioso é que não quero mudar o meu modo de vida, não tenho motivação para isso. Não tenho interesse e, mais, tenho medo. Só deus e o diabo sabem o que passei para alcançar a vida que agora tenho. Ela é tudo o que eu sonhei, o que mais desejei. Não ser escravo do estresse e das complexidades do trabalho e da vida adulta no geral, ser livre para escrever, o que achei ser o meu ideal de vida quando me encontrei sem saída outra que não a morte. Alcancei tudo o que queria, não quero perder nada disso. É extremamente precioso e querido para mim. Mas falta algo que não previa. O acaso/destino se encarregou de satisfazer todos os meus desejos. Mas a minha atual condição e tudo o que passei para chegar aqui me transformaram de uma forma inesperada. Vou parar de reclamar. Acho que a cafeína está fazendo seu efeito benéfico. Eu não olho para as fotografias de pessoas amadas que tenho no meu quarto. Me sinto culpado por isso. Me sinto culpado por não sentir, afora pelo meu irmão, afeto verdadeiro por mais ninguém. Talvez pela minha mãe e pela minha tia-mãe. E minhas paixões platônicas. Repassando as pessoas próximas na minha cabeça, vejo que exagero. Que guardo afeto por várias delas, só não sinto afeto suficiente. É tão duro dizer isso. Vou perdendo intimidade, a fluidez das interações já não existe para mim, tornou-se um líquido espesso o lidar com os demais. É necessário esforço e encaro interações sociais cada dia mais como obrigações às quais me forço para não sucumbir ao isolamento total. Queria muito não precisar ir fazer compras com mamãe. Ela me fez concordar em acompanhá-la ontem. Não gosto de fazer compras com ela. O único período em que gostei de fazer compras foi quando tive um lar com a Gatinha e comprávamos coisas para a nossa casa. Estou incomodado no momento. Por me revelar uma pessoa tão reles e fria. Por querer-me só para mim mesmo. Por desejar que ninguém venha me interromper, me tirar do quarto-ilha. Eu queria ter delicadeza nos gestos e toques, não ser essa coisa bruta e desengonçada. E trêmula. Tenho pensado muito em carma. Do ponto de vista de ter um carma que não compreendo. Carma para mim é folclore, mas me vem à mente. Penso que se continuo a receber as benesses do mundo é porque eu estou cumprindo o meu carma de acordo. Por mais que não se me afigure assim. Tanto faz, não existe carma. Eu dei muita sorte apenas. Eu sou extremamente sortudo. Sou constantemente abençoado pela vida. O Batman que comprei me incomoda. Mas não voltaria atrás na compra. Me incomoda o transtorno que darei a meu irmão. Eu só trago transtornos para as pessoas. A única a qual faço bem, aparentemente, é à portuguesinha. As minhas palavras pelo menos para isso servem, fazer bem a uma pessoa de bem, uma garota muito fixe que o acaso/destino me agraciou conhecer. Pensar nela me faz bem, me envergonha sobremaneira saber que lê essas verdades negras a meu respeito. Eu me percebo insensível para com o mundo ao mesmo passo que me sinto em carne viva, hipersensível por dentro. Odeio as minhas contradições. Eu sou a pessoa mais desprezível que jamais conheci. Me comparo sempre com os outros e em todas as esferas me considero menor, pior do que eles. A única coisa que tenho a mais do que elas são bonecas e o número de palavras digitadas. Coisas insignificantes, ridículas, que são minhas principais ocupações. Preciso levar a vida de alguma maneira. Não consigo só ficar sentado ou deitado a cismar, saindo para o hall para fumar um cigarro ou outro. Transformar as minhas cismas em palavras é melhor que nada fazer. Mergulhar no maravilhoso mundo dos bonecos é melhor que nada fazer. E pronto, eis a minha vida e todas as minhas atividades e ocupações.

17h37. Pelas minhas contas eu terei 15 estátuas de 1/4 e uma de 1/3 (o bendito Batman) para exibir no meu quarto, sem contar algumas dezenas de bonecas menores de PVC. Eis todo o espaço que disponho e que espero que a arquiteta tenha a capacidade de transformar para que toda a minha coleção caiba e, se possível sobre espaço para mais aquisições. Tarefa dificílima. Levando ainda em conta os filmes, games e livros que possuo. É o meu maior sonho material.








17h46. A minha memória já não é a mesma. Outra parte defeituosa de mim. É necessário ser algo realmente marcante ou muitas repetições para que eu memorize algo. Passo pela vida sem prestar atenção nas coisas, ensimesmado, nada se fixa.

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16h28. Meu fabuloso irmão mandou-me ontem as medidas das bonecas que queria colocar à venda no eBay, o que ocupou meu tempo e me distraiu. Descobri hoje quando acordei que havia sido bloqueado do Facebook que uso para me comunicar com os colecionadores por ter divulgado “nudez”, no caso uma boneca que coloquei à venda na rede social. Sem poder interagir com eles, me sinto restrito em minhas opções, além de punido injustamente, tal puritanismo do Facebook me enerva, a nudez deveria ser encarada com algo natural. E até onde me constava só maiores de 18 anos podiam entrar nele. Bom, ainda restam 22 horas de bloqueio, me lembra um episódio de “Black Mirror” onde o condenado se torna invisível aos demais, situação curiosa. Ainda bem que tenho, com a ajuda indispensável do meu irmão, o eBay para me entreter.  

17h17. Acho que esta semana foi uma das piores que passei comigo mesmo em muitos anos. Não estou bem. Não estou absolutamente péssimo como na fugaz crise de depressão, mas rumino pensamentos negativos a meu respeito e um desencanto permanente com a minha vida. Como Ju me pontuou, parece que estou me enfiando num buraco para ver até onde ele vai dar, o quanto eu suporto. Mas não consigo vislumbrar caminho alternativo. Não vejo mais saída. Estou tentando o Tinder, mas sem interesse sincero por isso. Recebi apenas um “match” até agora que não me responde.

17h50. Sem saco para isso aqui. Sem saco para nada. Isso é um saco. Acho que vou escrever a proposta de entrevista para levar para o show de Caetano.

18h30. Acabei e acho que não ficou persuasiva at all. Hahaha. Veja e julgue.





18h32. Sábado tem encontro da minha família paterna na casa da minha tia-mãe. Uma saída socialmente menos hostil com grades possibilidades de ser aprazível. Não requer muito esforço para ir. O tipo de socialização que preciso. Ou que não recuso, não me gera repulsa, resistência. Nossa, como estou me sentindo mal por dentro. Não é nem um pouco legal me sentir assim. Esse sentimento me acompanha desde a minha última sessão com Ju, não sei sobre o que conversamos que me deixou tão para baixo. Sinto como se estivesse entrando em depressão. Espero que não seja. Tentarei não me entregar. Mas há algo de muito errado comigo. Minha amiga diretora disse que vai ligar para conversar comigo amanhã. Não queria falar por telefone com ela. Odeio falar por telefone. Mas confesso que estou curioso já que ela quer a minha opinião e especialmente a minha pelo modo de vida que levo. Estarei armado da minha sinceridade e honestidade e espero ajudá-la. Se pudesse contar tudo para ela. Mas não posso. E não vem ao caso. Acho que ela quer a minha opinião sobre o ostracismo em que vivo. Tudo o que mais quero hoje é beber Coca-Cola e café e fumar. O café acabou e a Coca rende mais um copo e meio, o que significa que terei de ir ao supermercado comprar. Tenho que me preparar para esse inevitável fato. Estou aliviado que já estou na terceira página. Troquei as tintas da impressora. Ela agora está funcionando e é com ela que imprimirei o meu ingresso para Caetano e a carta. As cartas. Preciso fazer uma sem os dizeres maiores para, caso ele não pegue a que jogarei em cima do palco, eu possa entregar a um segurança ou ao técnico de som para que entregue ao cantor.

19h08. Comi um donut de creme e isso me fez me sentir melhor. Aconteceu da mesma forma quando da crise de depressão que me assolou. Comi uns docinhos trazidos da casa da minha avó e aquilo me aliviou a alma. Acabou-se a terceira página, enfim.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

FAZ PARTE DO PLATONISMO

Querida portuguesinha, faz parte do platonismo projetar qualidades exageradamente belas e boas à destinatária do sentimento, creio eu. Como creio estar sendo absolutamente sincero e não exagere as percepções que tive e com elas montei essa imagem de você que desencadeio em palavras. Você tem razão a meu respeito, não gosto de mim e não estou gostando muito da vida. Enquanto o não gostar de mim só seria resolvido com uma namorada, o não gostar da vida acho que é temporário, por mais que tenha esse sentimento muito presente dentro de mim nesse momento. Ultimamente tenho achado que não tem jeito, solução para a minha existência. Eu não consigo vislumbrar. Para mim, vai ser sempre assim. Trancado no meu quarto matando tempo. Estou acostumado, mas às vezes me parece muito pouco. E certas coisas que faço me fazem duvidar do meu caráter.

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19h08. Abandonei o texto ontem por me faltar palavras. Agora preciso cuidar do processo que mamãe quer mover contra a TAP por causa da nossa viagem que nos levou a conhecer você.

19h38. Impossível escrever sobre o tal processo se não entendo as anotações e não sei o que se passou. Mamãe quer me delegar esse trabalho, mas só posso fazê-lo com ela ao meu lado. Ela está mais relapsa e preguiçosa do que eu, o que é dizer muito. Não estou num bom astral hoje. A vontade de morrer me assola, mas não classifico como desejo suicida, apenas um desinteresse completo por continuar sendo eu.

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13h51. Tenho terapia hoje. Meu humor só melhora lá pelas duas da manhã. Acordo sempre muito desencantado. A vida roubou um sonho muito esperado de um casal de amigos. Ela é crudelíssima às vezes. E dessa vez foi praticamente sádica. Acontecimento terrível que nem consigo mensurar. A vida perdeu o tom para eles. Momentaneamente eu espero. Há futuro depois desse momento negro, como disse ao pai. Espero que o persigam, não desistam de sonhar, de tentar. Tenho para mim que não desistirão. Espero estar certo.

14h18. A portuguesinha, ou você, não compreende por que sou tão mau comigo mesmo. Eu mesmo não sei. Não acho que seja uma pessoa válida. Eu não consigo gostar de mim, do que há por dentro e por fora. Eu sou algo que não merece o dom da existência. E me torno cada vez pior. Não acrescento em nada, não ajudo em nada, nem quero. Esse confortável e ao mesmo tempo dilacerante não querer é a prova da minha pequenez e mesquinhez. Só faço dar trabalho e despesa aos outros, sou como uma sanguessuga. Eu não sou homem para você, portuguesinha. Nem para ninguém. Nem para mim mesmo. Apesar de me desgostar profundamente, passo a maior parte do meu tempo em companhia de mim mesmo, o que é uma condição torturante. Perdido em pensamentos cíclicos de rejeição levo os meus dias de forma inglória e ingrata. Estou em sofrimento. Vou à terapia dentro em breve mas temo repetir as mesmas lamúrias de hoje e sempre. Não há luz no fim do meu túnel, só mais escuridão. Não tenho grandes aspirações...

15h35. Estou indo à terapia.

17h26. Voltei da terapia. Foi estranho e dolorido porque não avancei nada. Embora Ju tenha me mostrado muito claramente que o que construo para mim, o caminho que estou trilhando, esse do isolamento, não me faz feliz. Ela questionou o que a terapia estava me trazendo. A melhor resposta seria um lugar para ser eu mesmo além da solidão do meu quarto-ilha, ser eu mesmo para outra pessoa, uma pessoa querida por sinal. Ela é a única pessoa com quem eu não preciso fazer o mínimo esforço, encenar, falar do que não me interessa, para interagir. A única. O que faço lá é verbalizar o que escrevo aqui e ouvir insights de uma pessoa extremamente sensível e inteligente. Preciso desse espaço desesperadamente. Um espaço onde possa ser eu mesmo para alguém. Nem que seja para uma única pessoa. Isso já é um alento enorme. Não preciso de mais de uma. Ela perguntou onde esse caminho ia dar. Eu juro que não sei. Só sei que qualquer coisa diferente do que eu vivo me causa imenso desconforto. Eu concluí que encaro as minhas interações sociais como “deveres de casa”, obrigações às quais me submeto para cumprir o mínimo possível a minha meta de mudança. Não me agradam e muitas vezes me desagradam tais interações. Mas quando penso, estando nessas situações, que a outra opção é voltar para o já conhecido isolamento no quarto-ilha, isso me motiva a permanecer mais um pouco. Ela me perguntou também o que eu encaro como estar deprimido no que lhe respondi que é ter ideário suicida. Ela achou que este era um limiar muito alto para ser a medida do meu sofrimento. Muito extremo. Também falamos sobre o meu pai e cheguei a conjecturar que em sendo incapaz de reproduzir dele as características boas (por falta de caráter, disciplina e inteligência da minha parte), restou-me emulá-lo no que tinha de pior no final de seus anos, a frustração afetiva, o isolamento, o limitado repertório e a eterna lamúria com as coisas do mundo. Aquilo que meu pai era sou eu hoje. Não sei se tal correlação é verdadeira, mas há muitas semelhanças para não deixar de ser suspeito. Falamos muito de culpa, sinto-me extremamente culpado por ser do jeito que eu sou. É uma culpa que não sei como estancar. Não consigo me aceitar como um ser humano válido. Houve um momento, em uma de suas colocações após um pesado desabafo que senti que iria às lágrimas. Que pena que não vieram, necessito delas há tanto tempo. Em suma, sou um espírito atormentado por mim mesmo. Eu sou o meu próprio carrasco, a minha própria vítima. Me protegi de tudo o que me rodeia, fechado no conforto do meu quarto-ilha, mas não consigo escapar de mim. Não acho que a vida está boa assim, mas de todas as outras maneiras a imagino pior. Um relacionamento afetivo seria a minha salvação. Mas não me sinto preparado para um. Me falta resistência sexual, me falta disponibilidade, me falta coragem. Eu sou o maior covarde que já existiu, por isso me escondo de tudo e de todos. Também sou o mais preguiçoso de todos. Me falta disposição para tudo exceto para essas palavras e o maravilhoso mundo dos bonecos. É tão pouco e incrivelmente, de forma quase surreal, isso me basta. Será que me basta mesmo? Acho que sim. Não consigo mais que isso nem tenho motivação para tentar. A vontade de morrer me ronda, me olha, me cheira, me lambe. Mas não serei eu a dar cabo da minha vida. Não quero dar cabo da minha vida, mas me sinto indisposto para vivê-la. Me falta disposição e interesse para tudo. Exceto novamente para essas palavras e para o maravilhoso mundo dos bonecos. Eu tenho vergonha de comer em público. Eu mal me comunico com o meu padrasto. Eu me comunico com a minha mãe apenas porque ela me busca, mas não consigo ser tão sincero quanto deveria com ela. Pobre mulher, parir um ser como eu e ter que suportá-lo dependurado ao pescoço a esta altura do campeonato. Coitada. Alguém que não lhe traz nenhuma felicidade, nenhuma satisfação, nenhum orgulho, que não oferece nada, só suga. Um ser imprestável e que se acostumou a ser assim, que se contenta em ser assim. Que tem imensa vergonha de ser assim. Que sofre por ser assim. Que não aceita ser assim. Que não consegue mais ser de outra forma. Necessito da terapia, de Ju, como quem necessita de uma droga. Sou dependente dela. Acho que sem nossos encontros semanais acabaria por fazer uma besteira. Eu que me encanto por mariposas. Eu que esqueci como se faz poesia. Eu que nada tenho de meu a dar ao mundo. Eu que não sou bom ou virtuoso. Eu que sou falho em todo e qualquer aspecto. Eu que dei completamente errado. Tudo em mim é fracasso. Ser completamente fracassado me traz alívio e um certo conforto, pois sei que daqui não passa. Não tenho como piorar, já estou no meu pior. Isso me compraz. Não gosto de compartilhar o meu enorme fracasso com o mundo. Apenas através dessas palavras. Que talvez a portuguesinha leia, que alguns desconhecidos lerão. Eu não sou digno do amor de ninguém, embora, por mais insensível que tenha me tornado, acho que tenho um imenso amor para dar. Nem sei mais, me falta tudo para amar de verdade. Para viver o amor a dois. Amo sozinho, de dentro do meu quarto-ilha. E acho suficiente. Desaprendi e tenho medo do amor de verdade. Platonismos são tão mais cômodos e perfeitos. E o toque? Os toques? Não me fazem mais falta depois de dez anos, esqueci de como eram, se não lembro, não posso sentir falta. Mas há dias, momentos em que mesmo anestesiado como estou, acovardado como estou, eu sinto. Eu sinto, prova de que meu coração não é de todo frio, não é de todo pedra. Eu sinto deveras, mas só os sentimentos errados, só os sentimentos negativos, esse ódio de ser eu, essa não aceitação crítica, ácida, cruel e violenta de mim mesmo. Eis o que sinto mais. E sinto pena de mim. Coitadinho de mim, eu penso. E não ganho nada com essa vitimização de mim para mim mesmo. Não mereço piedade, nem a minha própria. Muito menos esta.




19h03. Parece que a maracutaia que eu fiz para consegui 25% de desconto na estátua do Batman não vai funcionar. O outro cara que aproveitou a promoção da forma correta recebeu um invoice no valor de metade do desconto sabe-se lá por que cargas d’água. A minha lapada deve vir quando a estátua do Batman estiver para ser enviada em dezembro ou janeiro. Mamãe vai ficar possessa. Eu contei tudo a respeito desse caso em um texto que decidi não publicar, ou melhor, fiquei de publicar no Vate e ainda não fiz. Nele contava também das tentativas de contatar Caetano Veloso para uma entrevista nesse blog. Obviamente, empreitada que não rendeu nenhum fruto. Mas não desisti ainda, tentarei a última cartada, literalmente: escreverei uma carta e jogarei em cima do palco quando for ao show e guardarei uma cópia para, caso ele não a pegue, pedir para o segurança entregar a ele no final do evento. Falta confeccioná-la, que é o que vou fazer quando acabar aqui. Já estou no final da terceira página mesmo. Para variar sonho alto e em vão. Saio pulando de um sonho frustrado para o outro. Nada de concreto se anuncia nos meus horizontes, pois não construo nada de concreto para a minha vida, deixo-a exatamente do jeito que está. Paralisada. Inerte. Minto. Botei o Tinder no meu celular e ocorreu um “match”. Enviei algumas frases para a garota e não obtive resposta. Também comprei o Batman. E ligarei para o meu irmão daqui a uma hora para que ele meça e pese os bonecos que quero vender que estão na casa dele nos EUA. Imagina que até para falar com o meu irmão eu estou com vergonha? Pois é. Isso me deixa triste. É a pessoa que mais amo e admiro no mundo. Eu sou um merda, me sinto um merda e não sei como sair da merda. Me acostumei com o cheiro disso aqui em que estou metido. Queria chorar por dois dias para ver se aliviava um pouco da angústia, mas lágrimas me são tão raras como o afeto. Em verdade, é muito fácil e cômodo viver a minha vida, desde que você não seja eu. Hahaha. O mais curioso é que eu não trocaria o que tenho para em retorno gostar de mim. Já me acostumei a me odiar, a dor que me inflijo me é quase insensível. Só que quase não é o suficiente aparentemente. Mas sigo e seguirei até o fim dos meus dias. Que são cada vez menos, ainda bem. Não sou ingrato. Sou extremamente grato por tudo o que possuo, só não me acho merecedor. E não ser merecedor dói deveras, não sei explicar por quê. Talvez um resquício de moralidade. Um vestígio de algum caráter. Não sei, sei que acho profundamente injusto. E a injustiça ainda me incomoda, o que talvez seja um sinal de que não sou de todo corrupto. Sei lá. E acabou a terceira página. Um beijo, portuguesinha. Você me sabe na medida e proporção exata em que me meço. É uma das poucas. É muito vergonhoso isso para mim. Mas sem esse espaço sufocaria, enlouqueceria ou coisa pior. E me agrada que leias, me sinto menos completamente só. Terapia é dose, faz a vida doer mais às vezes.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

THE KILLING OF A SACRED DEER






18h23. Antes de ler o review da portuguesinha, o que estou morrendo de curiosidade de fazer, afinal foi ela que me incentivou vivamente a ver o filme que dá título a esse post, eu vou escrever as minhas impressões.

Bem, é um filme onde todos os personagens são estranhamente contidos emocionalmente, o que cria um clima psicologicamente tenso. Todos são frios, há um distanciamento emocional que beira o surreal. Tal estado de ânimo se reflete nas excelentes interpretações. Mesmo a ira e o desespero acontecem de uma forma quase racional o que faz todo o filme parecer estranho. É definitivamente um filme estranho que gera um constante desconforto, um inexplicável incômodo. Os acontecimentos e certas atitudes e reações dos personagens também são surreais. É um filme que não tem intenção de explicar, deixando nas mãos do espectador decidir sobre quais são as motivações dos personagens em relação a determinados eventos, bem como os eventos em si e onde a verdade reside. Para um brasileiro como eu, acredito que a coisa toda pareça ainda mais estranha por sermos um povo afetivamente mais quente, eu creio. Destaca-se dentre todos, Martin (Barry Keoghan), numa magistral atuação do jovem ator, cuja escolha para o elenco deve ter sido meticulosa. Aliás, tudo nesse filme reside na direção e atuação, visto que o roteiro em sim é vago, intencionalmente vago. Certamente é um daqueles filmes que fica na cabeça após tê-lo assistido. Nisso, a portuguesinha tinha razão. Se você quiser ler seu ponto de vista acerca da obra, clique aqui, que é o que vou fazer agora.

18h55. Ela foi mais longe do que eu em todos os aspectos, mas, ei, ela é a crítica cinematográfica e faz disso o seu hobby ou segunda profissão, tal qual faço com os bonecos, cujo blog vai muito bem e o tomo às vezes como a minha principal obra. Preciso reiniciar a máquina, o filme – que assisti com mamãe na TV da sala – está no pen drive onde todos os meus arquivos estão salvos e este não está sendo reconhecido pelo computador o que me põe preocupado. Tive que salvar o que agora escrevo na área de trabalho. Vou reiniciar a máquina para ver se ao fazer isso ela reconhece novamente o dispositivo. Tomara!

19h26. Funcionou! Graças. Vou assistir com mamãe agora “Avengers: Infinity War”, nada mais contrastante. Dessa vez vou salvar no HD externo. Não quero comprometer o meu precioso pen drive.

22h34. Acabei de assistir, uma megadose de entretenimento hollywoodiano da melhor qualidade, poucos são os momentos para recuperar o fôlego. Gostei bastante, um dos melhores filmes da Marvel. Até o vilão, embora computadorizado, presta. Só a teoria dele é que não tem o menor sentido, visto que seres vivos se reproduzem. E pensar que tudo não funcionou por causa da ira de um coração partido. Como a mensagem é muito cifrada, creio não estar dando um odioso spoiler. Estou saciado de filmes no momento. Um não poderia ser mais diferente do outro. Ambos foram experiências interessantes e satisfatórias. Fico curioso em relação a como será o próximo filme da Marvel. Se dará sequência a esse “Infinity War”. Os roteiristas terão de ser muito mirabolantes, mas no mundo dos quadrinhos tudo é possível. Muito filme de um só vez me cansa mentalmente. Amanhã tenho o aniversário do meu primo para ir. Não posso deixar de comparecer até pelo combinado com o meu amigo redator.

23h02. Vou me dedicar um pouco ao maravilhoso mundo dos bonecos.

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23h35. Acabei de chegar do aniversário do meu primo-irmão. Interagi razoavelmente e conversei sobre isolamento – o meu, no caso – com o nosso amigo filósofo (e psicólogo) e ele me lançou a questão: “mas você quer interagir com as pessoas?” Fiquei perplexo que realmente não tinha muito interesse em interagir com a maioria das pessoas. Raras são aquelas que me deixam realmente confortáveis e cujo relacionamento não requer (muito) esforço da minha parte. Perguntaram se eu estava virando misantropo (o que eu aprendi hoje significar o repúdio/rejeição à humanidade). Disse que amava a humanidade e que a achava fantástica. Tal constatação da minha falta de vontade em interagir me deixou um tanto cabisbaixo, triste e preocupado. Já na piscina do meu prédio tentando espantar o desconforto com a minha postura introvertida frente ao mundo, em especial em relação aos meus amigos, a única coisa que me trouxe algum contentamento foi a aquisição da boneca da Rebel Terminator. Patético.

-x-x-x-x-

14h02. Acordei num baixo-astral, não sei por quê. Acho que por causa da pergunta do amigo filósofo-psicólogo que me calou tão fundo e cuja conclusão a que cheguei não me agradou nem um pouco. Também a conclusão que meus amigos são sexualmente confiantes e que eu vivo numa hesitante negação em relação a esse assunto tão crucial para a humanidade desde sempre. Além do mais todos pareciam estar se divertindo mais do que eu, vendo mais sentindo naquilo do que eu. Também estavam bebendo. Posso contar isso como um fator, mas não o determinante. Fato é que o meio social, se posso chamar assim, onde me sinto mais confortável hoje em dia é a comunidade de bonecos. Parece que o efeito socializante da viagem está passando. E isso me preocupa, mas me preocupa mais o desinteresse pelo social. Não preciso, não sinto necessidade de muitas pessoas, queria ter apenas uma a qual dedicar a minha atenção e energia emocional, uma namorada. Até a palavra me assusta. Estou tão fora de forma que vivo a sentir câimbras se me curvo ou me dobro mais do que o normal. Não tenho a mínima motivação para fazer algo a respeito, entretanto. Eu tenho o alento de que todos os meus problemas estão dentro da minha cabeça. Às vezes penso que é o pior lugar para estarem. Pelo menos eles inexistem para além de mim e isso me agrada. Desagrada o fato de não saber e não ter esperanças de solucioná-los. Deposito toda a minha expectativa numa pessoa que não existe em minha vida e que não vai haver da forma que as coisas andam e vão. Amanhã tenho Ju, estou receoso de encontrá-la ao mesmo passo que estou desejoso de que ela me traga alguma luz.

15h00. Me causa admiração como existem opiniões bem formadas acerca das coisas, eu alienado de tudo que sou, sei cada vez menos das coisas, a vida vai se tornando à medida que o tempo passa cada vez mais misteriosa, por mais que tenha visto mais dela. As certezas de outrora se esfarelam esmagadas pela cruel marcha que me empurra para a morte. Do meu amigo que morreu tive praticamente a confirmação que sucumbiu ao inferno existencial que o rodeava. Pelo menos não estou mais no inferno existencial, talvez me encontre no purgatório, o que me é suportável mesmo que incômodo. Quando penso em quem gostaria de encontrar não me vem ninguém possível. Apenas Ju. Acho que estou com uma espécie de ressaca social. Também me incomoda a falta de vontade de fazer coisas outras que não sejam atreladas ao meu notebook e à escrita. Não sei porque o meu universo de interesses se tornou tão restrito. E compreendo menos ainda por que há uma parte de mim que se agrada disso. Que se sente totalmente confortável e completo com apenas isso. E não é parte pequena, é a maior parte de mim, o que para mim é óbvio, senão seria impelido à mudança. Não é o que ocorre. A portuguesinha não comentou o meu post anterior que foi praticamente todo dedicado a ela, sinto que desperdicei palavras, mas isso – desperdiçar palavras – é a minha especialidade. Assim como desperdiçar a minha energia emocional. Sinto cada vez menos as emoções. Tenho que me conformar que só tenho como alento as palavras e o recém redescoberto maravilhoso mundo dos bonecos. A incrível revisora ainda não me mandou a versão revisada do livro maldito.

19h48. Estou de volta pro meu aconchego, fui visitar a minha avó. Amo. A cabeça não está com a clareza de outrora, mas, apesar de muito ligada ainda a vovô, está ótima para a idade que ostenta. A incrível revisora mandou o livro revisado e enxuto. Resta-me agora reler a coisa toda, mas não estou com a mínima disposição. Há um desejo de fazê-lo, entretanto, para enviar ao meu tio e ver o que pode fazer com o material.

20h19. Respondi o e-mail da incrível revisora. Ela é o máximo, o e-mail foi extenso e demonstra a pessoa formidável que é. Ouvindo “Você é Minha” lembrei-me do que mamãe comentou no carro a respeito de “Sacred Deer”, disse para dizer a você, portuguesinha, que o filme é bom, pois ela conseguia se lembrar do filme todo, o que não aconteceu com “Infinity War”. Me sinto menos miserável do que quando acordei. Isso é bom. Essa mania de viver a me martirizar, embora meio inevitável, muito cristalizada, não faz bem à alma. A sensação que tenho é como se a vida estivesse em carne viva e qualquer mínimo movimento me causasse sofrimento, por isso continuo o mais imóvel que posso. Tornei-me hipersensível e me acovardei, aninhado na mesma posição. Por mais que quando me abra ao novo, geralmente me faça bem. Como a viagem. Não fui por opção, mas por falta desta, e revelou-se ser uma experiência sui generis, encantadora, onde encontrei uma pessoa que ainda permanece viva e vívida na minha cabeça.

22h27. Me perdi nas infinitezas de momentos alegres do Instagram. Tudo é belo, lindo e maravilhoso. Me sinto menor diante de tanta felicidade. Não tenho sorrisos para capturar, nem momentos para compartilhar. Talvez este, do aniversário do meu primo-irmão. Risos posados para a foto.

eu estou lá no fundo, no meio.



22h40. Fui fumar um sempre bem-vindo cigarro. Esta terceira página custa a acabar. Da foto acima presume-se uma vida social ativa e alegre da minha parte. Quem me dera. Sempre soube rir em fotos, um superpoder que eu tenho. Hahaha. Acho que Caetano vai estar indelevelmente ligado à portuguesinha na minha psique. Curiosa essa curva do acaso/destino.

0h27. Um cara que adicionei como amigo, um desconhecido (adiciono vários, todos desconhecidos, no meu alter ego criado para lidar com o maravilhoso mundo dos bonecos, visto que não conheço ninguém que colecione o que eu coleciono e, pelo que vejo nas comunidades do Facebook,  há muitos como eu, é o assunto do meu próximo post lá, em termos), o cara surgiu no Messenger agora e essa conversa se desenrolou:

hey welcoem thanks for the add
how do u do
🙂?


I'am fine. And you, how it's your life in the other side of the screen?

do u have instagram please?

No, I don't. But even if I had why would a give to a person I just met?

lol
nice work

How's that?
Why your profile only have police news? I love the question on your avatar, by the way. You work at Abbot Publishing. What do you publish?

0h42. Curioso. Há pessoas estranhas como eu. Ou era um perfil falso e o cara queria fazer um scam comigo. Sei lá, ele parou de falar. Não deixa de ser um evento cibernético interessante e surpreendente. Acabou-se a terceira página. Foto que eu peguei no perfil do nosso amigo. Bem que poderia surgir um bloco do carnaval de Olinda chamado os zumbis onde os integrantes se vestiriam e se maquiariam de acordo.



A frase no avatar dele era “if sand is little pieces of sand then are rocks big pieces of sand?” Com um velociraptor desenhado ao fundo. Duas fotos que achei interessantes e que parecem ser obra do interlocutor:






Xau.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

VIROTE E UM DUVIDOSO SEMPRE DA PORTUGUESINHA




                               Qwq433 <- Fantástica faxineira – ou acaso – deixando sua marca no meu texto ao limpar o meu computador.

9h55. Coloquei “Livro” de Caetano, trilha sonora da portuguesinha, disco que costumava ouvir no quarto 401 do Novotel enquanto escrevia e pensava nela. Penso nela agora. É um pensamento dos mais agradáveis. E inútil. Mas os meus bonecos são completa e inteiramente inúteis e nem por isso os aprecio menos. A existência tem coisas que aprecio. Ainda bem. Não dormi desde ontem. Decidi emendar para ver se organizo um pouco mais o meu horário de sono, embora ache que não vá funcionar. Meu cérebro não está funcionando com capacidade total, mas meu astral é ótimo. Prefiro assim que o contrário. Nossa, quando me lembro da portuguesinha tão cheia de vida e de aspirações, espetáculo tão bonito de se ver, além de ser uma moçoila bastante encantadora esteticamente, da cabeça aos pés, passando pelas lindas mãos, sou tomado por um carinho profundo. E inteligente, raciocínio rápido, língua afiada, senso de humor, profissionalismo, um exemplo de gente. Apaixonante é a palavra, tanto é que a coisa se deu como se deu comigo. Mas eu tenho uma carência abismal. Isso faz parte do fato de ela continuar a inundar os meus pensamentos. Que inunde, que transborde. Quero apreciar esse sentimento torto nesse momento em que tenho e não tenho sono. Já estou na quinta xícara de café forte. Ela tem um lar, a portuguesinha. Como eu tive com a Gatinha. Não posso nem tenho capacidade de usurpar-lhe essa divinal conquista. Contento-me com as migalhas que ela me joga aqui e acolá num post ou outro. “Você é Minha” toca. É a música-tema dela. Nada poderia estar mais distante da realidade, mas a realidade é que eu ouço a música e lembro dela. Lembro do sorriso maroto-simpático-acolhedor dela ao me trazer a Coca cheia de gelo logo que cheguei ao A Bicicleta antes mesmo que a pedisse. Nunca me esquecerei. Detalhes. Detalhes são importantes em algumas circunstâncias. Ela, você, sabe muito bem disso, atenta que é a todos eles. Nossa, foi bom ter virado a noite. É como se pensando menos eu fosse mais leve e mais feliz. Eu penso demais, racionalizo demais. Eu nunca vou beijar a portuguesinha, mas cheguei a abraçá-la com um pouco mais de afeto, com afeto mesmo diria, da segunda vez, na despedida para um bem possível sempre. Da primeira vez foi um abraço receoso, tenso e formal. Detalhes. Não sei porque eles me vêm nessas condições mentais. Ela me abraçou soltamente e distante em ambas as ocasiões, abraço profissional-amigável. Mas a rosa que lhe dei disse sem que precisasse ler o bilhete ou esse blog que carregava algo além de gratidão, algo mais denso e mais íntimo. Não que a gratidão não possua densidade. A minha gratidão por tudo o que tenho é incessante e chega a me torturar por não compreender porque eu sou merecedor de tantas bênçãos. Não há razão. Talvez seja o prêmio por suportar tão completa solidão. Que não sei extinguir. Quando tento, dá em nada, ou em comentários esporádicos no meu blog que me acalentam a alma e me fazem sentir sei lá o quê. Só sei que é bom.

10h44. Fui falar de você, portuguesinha, para a fantástica faxineira e falei da minha vida afetiva e sexual praticamente nula há dez anos. Ela disse que eu era muito exigente e eu concordei e disse que isso me atrapalhava deveras. Falei da boneca e a expliquei em todos os seus detalhes. Além de ser exigente, não sei ser gente perto de uma mulher que me atrai, pareço um menino acanhado, eu sou um menino tímido e acanhado perto das mulheres que me encantam. Para quebrar o gelo só sendo desenrolada como você, portuguesinha, foi no nosso último dia. Parabéns por me fazer sentir confortável, depois que me recuperei da ousadia que foi lhe presentear. A vida é cheia de surpresas. Você foi a melhor surpresa em muito tempo. Recebi um WhatsApp de uma pessoa muito querida, que me quer aparentemente igual bem, e que irá me odiar caso o meu livro seja publicado. Por sinal ao reativar o WhatsApp e comunicar aos meus contatos que tinha novamente acesso ao aplicativo, uma colega veio me perguntar do livro. Quando disse que era impublicável, ela brincou chamando de “proibidão”. Achei a alcunha divertida e pertinente, é como chamam os funks que exaltam o tráfico e o crime no Rio. Eu cheguei a comprar um CD de proibidão quando lá estive com a Gatinha, mas não sei por onde anda, meus CDs estão no limbo desse apartamento cheio de obscuras gavetas e armários. Quando da possível reforma, tentarei localizá-los todos. Gosto dos meus CDs. Na Alemanha comprei os dois últimos CDs da discografia oficial de Björk que me faltavam, mesmo os tendo disponíveis no Spotify. Joguei dinheiro fora, eu sei. Mas mais vale um gosto que dois vinténs, já dizia o meu carbonizado pai, que agora habita o meu armário. Meu pai tem vindo muito à tona nos meus pensamentos ultimamente, acho que por causa da entrevista da Gatinha, outra que também se faz bem presente nos últimos textos acho que por ter tido com ela há tão pouco e ter sido bom e saudável para ambos, até onde eu sei. É triste pensar que não mais terei o imenso prazer de dormir ao lado de alguém que ame. Não faço por onde e nada tenho a oferecer a uma companheira. Nada tenho a oferecer a você, portuguesinha. Não chego a unha do dedo do pé do seu “namorido”, tenho plena convicção disso. Tenho todo o amor do mundo dentro de mim mas todo o resto me falta. Não quero descambar para a autodepreciação. “Você é Minha” toca outra vez. “Mas naquele tempo eu não sabia que isso é que dissiparia a treva em que o amor lançou meu coração”. Quem me dera haver um “isso” para mim que eu não saiba. Não adianta, vivo de enganos, mas me agrada mais a minha vida com os comentários seus do que sem eles. Sem eles, seria mais doído, mais completamente e claramente só. Estou pensando na boneca que encomendei. A beleza, ah, a beleza... está no olho de quem vê. Aos meus olhos a beleza capaz de me encantar é rara. Meus olhos já viram tanto que se tornaram cegos para o ordinário, tem que ser extraordinário, como um detalhe de um vestido não vulgar que sugere o seio e a nudez de forma singela e delicada, sem extravagância; como uma enorme mariposa com a qual tive a sorte de me deparar um dia desses; como todas as nuvens densas. As nuvens me encantam. São um espetáculo épico e gratuito. Nada é maior e mais magnífico que o céu tomado por densas nuvens durante o pôr-do-sol. E não nos custa nada apreciar, apenas o ímpeto de fazê-lo. A natureza como a vejo é encantadora. Por mais que possua um lado cruel, na injusta hierarquia da cadeia alimentar. Abençoado sou por estar no topo dela, salvaguardado de toda miséria no meu quarto-ilha onde o meu egoísmo e egolatria predominam. Onde me protejo de tudo e de todos. Me fecho para novas possibilidades por livre e espontânea vontade. Eu não consigo me entender. Eu me faço sofrer. Acho que sou masoquista. Não me sinto merecedor. De nada. De menos que nada. Eu sou um ser nulo para a sociedade. Não gosto de pensar no que penso a meu respeito. Machuca. E a pergunta de Ju ecoa, para que me serve isso? Para que me serve me ter por tão pouco? Por algo negativo, corrompido, doente, covarde, inútil e preguiçoso? Não sei, mas sei que essas qualidades negativas todas me cabem, encaixam perfeitamente na mina autoimagem. São uma síntese da minha autoimagem. Eu me nego. Me renego. Sei lá por quê. Eu não espero nada de bom de mim. Nem quero fazer nada de bom, só se a oportunidade se oferecer e não requerer muito esforço. Vou beber Coca e fumar.

12h28. Você me respondeu, portuguesinha! Disse-me, como bem sabe (mas o leitor desconhece), que sempre estará aqui a ler. Que coisa pequena para você e tão grande para mim, como é a diferença de tamanho entre os textos que trocamos. Ou que eu te ofereço e você aceita. Não sei se por pena, provavelmente por isso, creio, visto que carinho acho que você acharia uma palavra exagerada para a sua motivação. Você não tem carinho por mim, bem sei. Como poderia, lendo o que escrevo? Sonho, mas com os pés firmes no chão. Carinho suporia uma carência de mim, um afeto, por mínimo que fosse, um bem querer que não tem sentido me conhecendo tão a fundo como você me conhece através dessas palavras. Definitivamente não tenho essa importância na sua vida. Você me lê por pura piedade de psicóloga. Se é que existe tal coisa, mas creio que exista, pois você me lê. “Você é Minha” acabou de tocar uma vez mais.

12h56. Será que alguém lê os horários que encabeçam os meus parágrafos? Eu nunca leio quando reviso. Acho que ninguém o faz. É uma informação desnecessária que insisto ou me habituei a enumerar. Nossa, estou com muito sono. Acabei de entrar na terceira página. A palavra “sempre” me traz uma garantia, uma gostosa sensação de companhia de quem realmente quero a companhia. Estou hiperbolizando as coisas para variar. Se eu não gosto de mim e elenco todas as razões pelas quais chego a essa conclusão, dando provas mais do que concretas desse desgosto e da minha incapacidade de mudar, por que quem lesse, por que você, teria impressão diferente da que tenho a meu respeito? Uma amiga bastante religiosa, (tornou-se assim com os anos e o é há vários), disse que “todos somos falhos, perfeito só Deus.” Há os mais falhos que a média e há os menos falhos. Não aguento, vou dormir um pouco, estava cochilando aqui. Preciso me deitar e deixar de ser eu por algumas horas.

-x-x-x-x-

12h29. Não aguentei ontem e dormi, fui acordado para a arrumação do quarto pela fantástica faxineira, que provavelmente terá a sua carteira profissional assinada quando mamãe se aposentar, tal como sugeri ser o mais digno a se fazer, jantei uma gordurosa bisteca de porco e voltei a dormir até as 11h de hoje. Tive sonhos e, como sempre, envolviam muitos personagens, a maioria, pessoas da minha juventude aqui nas Ubaias, culpo a solidão por tais onirismos tão populosos. Mas não guardo detalhes do que sonhei, só a certeza da presença e aparição de uns e outros. Deixei esse texto refletindo sobre qual a razão de a portuguesinha ler as minhas postagens e dizer que sempre lerá. Elucubrei se era um traço de carinho ou “piedade de psicóloga”. Continuo ficando com a segunda opção, pois não vejo razão para a primeira ainda mais me revelando como sou. Sei que minha mãe adoraria a ter como nora, pois a adorou como pessoa. Minha mãe, ao contrário de mim, ainda guarda a esperança que me envolva em novo enlace afetivo. Com 41 anos e sendo tão seletivo, precisando de alguém que julgue encantadora para me arrebatar a alma, acho difícil. Me resignei à companhia dos meus bonecos. Como dormi muito, estou especialmente disposto hoje. Quem sabe não encare um filme (hoje estou mais para filme que videogame)? Veremos. A terceira página está quase no fim, a portuguesinha já deve estar no hotel a iniciar o seu último dia de labuta na semana e eu sigo ouvindo “Livro” de Caetano.

13h09. Que prazer tomar um café fumando um cigarro e observando este ensolarado início de tarde de sol brasileiro. É um sol diferente do que aparece do outro lado do oceano, mais quente, mais dourado, mais alegre. A portuguesinha agora deve estar distribuindo sua exuberante personalidade de forma gentil a pessoas que a veem como uma funcionária a servi-los. Cegos, veem tão pouco. Se bem que o clima informal do A Bicicleta meio que nivela as interações, mas há sempre aqueles que não entram em tal clima. Queria muito que ela conseguisse um estágio, é uma pena como portugueses encaram a psicologia, com tamanho preconceito, ademais parece que há uma resistência dos veteranos a darem espaço para os novatos, só posso crer nisso para que a portuguesinha, tão qualificada e tão determinada e apaixonada pela profissão, não tenha conseguido ainda o tão sonhado ingresso na OPP. Isso não a impede de se impor plena na vida. Ela tem segurança e não tem medo de desafios. O estágio é um detalhe importante? É, é um sonho para ela, como pude aferir, mas, como também pude aferir, ela lida muito bem com a situação como se dá e segue adiante abarcando a vida a generosas colheradas. A terceira página acabou. Vamos ver se a piedade de psicóloga me renderá um novo comentário. Hahaha.

P.S.: acabei de ver no Instagram e acho que cabe perfeitamente, além de ser genial.

“Como já foi dito:
O amor e a tosse
não podem ser disfarçados.
Nem mesmo uma pequena tosse.
Nem mesmo um pequeno amor.”
Anne Sexton

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

CONSUMISMOS



Novo game fotografado pelo novo celular.


Sem nada mais que me motive a alma, embora haja opções dentro do quarto-ilha (videogames e filmes), não me sinto disposto para nada e venho para este recanto escrever pois é o que de mais fácil há para fazer. A disposição para existir é fraca, sinto-me no limiar de uma depressão não fora o precioso equilíbrio químico dos remédios. A vida no maravilhoso mundo dos bonecos vai bem, tenho duas entrevistas entregues à espera da resposta dos entrevistados. Redigi um novo post ontem para lá tratando da incompreensão dos que me cercam para com o meu hobby. Começo a colocar enxertos pessoais no texto, o que é curioso e não sei se válido. Já me desnudo aqui, para que fazê-lo lá também? Minha miséria fica melhor confinada apenas nesse pouco acessado espaço. O livro me veio à cabeça agora, meu tio respondeu de uma forma relativamente animadora ou quis ver assim. Quando tiver o livro devidamente revisado mando para ele a versão definitiva e peço que lhe dê o devido destino. O que ele julgar melhor. O livro, por assim dizer, é em verdade um diário da minha internação no Manicômio, me lembra à cola, mas não de forma saudosa, ainda bem. Mas pensar na minha droga de preferência, indissociável do conteúdo da, por assim dizer, obra, nunca é bom. Estou escrevendo de forma muito truncada, deveria ser mais direto. Mas o desrespeito pelo leitor aqui impera, a minha vontade é absoluta nesse texto e ele segue como os meus pensamentos se sucedem. Minha mãe menciona com mais frequência a reforma do meu quarto, talvez saia. Meu novo celular já está no Brasil, na casa do sogro do meu irmão. Com ele veio também o último grande jogo lançado para PS3, “Persona 5”, o qual, tal como as coisas se encaminham em mim, nunca jogarei. A vida me parece demasiado longa, não era preciso tanto se é para viver apenas isso. Poderia revolucionar a minha vida, como quase qualquer ser humano pode, mas me falta ânimo ou razão para fazê-lo. A razão seria esse desgosto por existir, mas ele é suportável e não é o suficiente para operar tal transformação. Há a celebração oficial do aniversário do meu primo-irmão nesse sábado. Mais uma exposição a qual me dou sem a menor satisfação. Se bebesse ainda poderia talvez extrair daí algum prazer. Ou ser apenas ridículo e constrangedor para os demais, como era do meu feitio quando bebia. Bêbados são geralmente ridículos, mas eu era um tanto mais, eu ia além e me tornava patético. As ressacas morais ao saber do que havia feito durante a embriaguez eram terríveis. Ah, são 17h07. Talvez um dos entrevistados do blog de bonecos mande-me as suas respostas amanhã. Ella & Louis começam a tocar no som, que delícia. São 21h00 em Portugal, dentro de duas horas a portuguesinha estará largando para viver o restinho da sua vida nesse hoje português. Meu padrasto acaba de chegar. Isso me incomoda, mas não muito. Me incomoda unicamente por causa do cigarro. Do meu cigarro incomodando ele, digo. Minha mãe vai morrer algum dia e não sei o que se dará da minha vida depois dela. Soube que ela cogitou fazer o doutorado nos EUA à época, mas Maria foi absolutamente contra por ser analfabeta e não dominar a língua, o que significaria uma existência limitada e alienígena para ela. Mamãe cedeu à possibilidade de perdê-la e acabamos por ir parar em São Paulo. Quem eu seria caso tivesse tido essa vivência nos Estados Unidos? Certamente alguém bem diferente de quem sou hoje, visto que tal experiência impactaria todas as minhas decisões subsequentes ao evento. Fui saber dessa história quando da degustação do Chartreuse verde com mamãe. Preciso fazer algo diferente. Estou quase disposto a encarar o começo de Deus EX para PS3. Não encontro ainda vontade de assistir filmes. O dia se despede pela minha janela, já estou na penumbra aqui no quarto-ilha. Será que estaria disposto a viver todo o revés social decorrente da publicação do livro, caso meu tio operasse o feito de publicá-lo? Nesse momento em que me sinto esquecido pelos meus amigos, eu diria foda-se a eles e seguiria em frente com o projeto. O isolamento já existe e é sólido como rocha com ou sem livro. Não gosto da ideia de chocá-los e magoá-los, mas meu sonho pessoal sempre foi ser escritor. Desde a epifania drogado de cola. Quando não via saída nenhuma, nenhuma solução para a minha vida, num dos momentos mais baixos da minha existência, época de profunda depressão e desespero, me surgiu como uma luz de clareza absoluta que o meu destino seria escrever. Tudo na minha vida decorreu então em prol dessa epifania e finalmente a alcancei e confesso que limitar minha vida a isso, embora seja algo que faça com extrema facilidade e prazer, não é o bastante, como imaginava. Aliás, alcancei todas as minhas metas profissionais – não podia esperar ter total liberdade criativa e ainda esperar reconhecimento, isso seria demais, não o mereço – e mesmo assim, sinto que é tão pouco. Entra dia e sai dia e eu com os olhos grudados nessa tela. Eu criei um monstro de mim mesmo. Uma anomalia, eu sou socialmente desfigurado. Eu me sinto completamente fora dos padrões sociais e é difícil conviver em sociedade sob a égide de tal paradigma. E eu não sei mais ser de outra forma, eu me sinto desconfortável em sociedade mais das vezes. Afora as interações que tive na viagem, tudo para mim é teatro. Não quero estar ali, mas encarno o papel de estar gostando. O alívio de voltar ao quarto-ilha, à minha carapuça, é efêmero, entretanto. No entanto é aqui que me sinto menos pior e mais meu. Sou completamente meu dentro do meu quarto-ilha e essa autopossessão, se posso assim chama, me agrada e é preciosa. Em verdade, toda essa bobalhada teria solução se arrumasse alguém para dar carinho e conversar e criar intimidades as mais variadas. Uma namorada, enfim. Sonho distante que não vai passar disso se não fizer algum movimento a esse respeito.

17h54. Minha mãe chegou, aventou a possibilidade de ir comigo pegar o celular hoje à noite, quiçá comprar um isqueiro, pois o meu sumiu.

20h00. Mamãe decidiu que vai amanhã. Estou quase a convencendo a encomendar uma das bonecas. Preciso tratar disso e, por isso, abandonar essas palavras por um momento.

22h58. Foi mais do que um momento, bem sei. Muito da vida se desenrolou desde então, mas nada que mereça menção aqui. O que de mais diferente pensei é que queria que morrer fosse como uma dormência que vai tomando os membros até adormecer para nunca mais. Não é o mais alegres dos pensamentos nem me sinto a mais alegre das pessoas.

-x-x-x-x-

20h08. Estou mais animado hoje, publiquei a entrevista com o colecionador, encomendei a boneca e achei meu isqueiro. Logo mais, mamãe virá me pegar para que vá buscar o celular na casa do sogro do meu irmão. As coisas que me incomodam não podem ser nomeadas aqui.

20h11. Minha mãe ontem falou do destino e da portuguesinha, do fato de ter encontrado uma garota tão bacana em outro país, no hotel em que ficamos (a priori íamos nos hospedar no do outro lado da rua) e desatou a elogiar ela. Bom partilharmos da mesma opinião. Falei com o meu irmão a respeito das figuras que quero vender e ele concordou em me ajudar.

2h54. Recebi uma nova mensagem da portuguesinha me traduzindo uma expressão muito louca do português de Portugal. Ela é adorável. E eu a adoro. Parece que está deixando o cabelo crescer. Não sei também se a foto de referência é recente. Acho que ela nunca vai me mandar as perguntas. De nuncas a minha vida está cheia. Estou feliz porque encomendei a boneca e pela resposta da portuguesinha. Acho que a boneca ainda vai me dar dor de cabeça, preciso amealhar logo os fundos.

3h11. Acho que através dos comentários do blog eu e a portuguesinha mantemos a distância e a proximidade mais confortáveis para ela e também para mim. Não saberia o que conversar por muito tempo com ela num chat de Facebook ou WhatsApp. Por falar em WhatsApp, peguei o meu novo celular! Já instalei tudo o que me veio à mente (pouquíssima coisa por sinal), mas estou uma vez mais conectado com o mundo. Espero que este celular dure. Estou meio temeroso de sair com ele na rua. Mas terei que encarar esse receio já neste sábado, comemoração oficial do aniversário do meu primo-irmão. Estou com a portuguesinha na cabeça porque acabei de ler o seu comentário à minha resposta. Gosto muito dela. Já deu para perceber, né? Muitas vezes, escrevo isso muito mais para ela que para mim mesmo. Noutras vezes tenho vergonha de como me revelo frágil e desenganado da vida diante dos seus olhos. Ainda bem que não me sinto assim no momento. Fui desleal em duas ocasiões hoje e a consciência pesa. Fui vencido pelo desejo. Mas isso não cabe aqui. Por um lado, acho justo, só não gostei dos métodos empregados, mas não divisei outros. O futuro dirá qual vai ser a minha pena. Não gosto de ser desleal, de jogar sujo, me constrange e me faz me sentir mais canalha do que me acho. Mas sem baixo-astral. A semana se encaminha para o seu fim. Estou de novo com Uber e câmera fotográfica, coisas que mais me fizeram falta nesse período sem celular. Pena ter perdido as fotos que tirei em Lisboa, imagens maravilhosas que vão evanescendo da minha memória. Fica mais a lembrança do que eu senti do que a visão que invadiu minha retina. Queria nunca perder contato com a portuguesinha. Eu leio tão afoita e ansiosamente os seus comentários que geralmente os entendo de forma incorreta. Isso é uma droga, gera ruído na comunicação. Meus horários estão completamente de pernas para o ar. Tenho um novo jogo de PS3 para jogar. Preciso agradecer ao tio da minha cunhada que trouxe o telemóvel (acho uma graça como chamam celular em Portugal e tão pertinente ao mesmo tempo) amanhã, sem falta. Tenho mais de mil mensagens de WhatsApp para ver, o que obviamente não farei. O WhatsApp começará para mim a partir de amanhã. O que passou, passou. Não sou muito de WhatsApp, embora seja apegado até demais ao passado. Não acho que isso é exagero meu, só me apego mais às coisas boas, que me são positivamente marcantes. Lembrei-me agora de meu pai morto no banheiro e de Poeira, a minha cadelinha, que tive de doar. Não são as melhores lembranças embora guarde ótimas recordações de ambos. Pessoas. Pessoas me marcam mais do que as demais coisas. Ou não. Sou bastante materialista também. Lembro de momentos inesquecíveis com videogames. Com revistas em quadrinho. Sei lá, nem sei do que trato ao certo. Acho que é o sono chegando. Ainda bem que já estou na terceira página. 3h53. Se minha mãe inventa de levantar vai ser um escândalo.

4h50. Já penso em não dormir mais, dar o virote, mas isso raramente me faz bem. Melhor dormir pouco, mas dormir algo. Vou acabar esse post publicar e me deito. Não falta muito. Minha mente é tomada por pensamentos materialistas e pela portuguesinha, hoje foi um dia de conquistas materiais (celular, jogo, boneca), além, é claro da entrevista com o colecionador que conta com nada menos que 750 peças em sua coleção. Só do Hulk tem praticamente umas vinte. Ou mais. A mim me basta o enorme busto que me faz companhia nessa longa madrugada. É o melhor. Não há outro. Meu amigo jurista está a passeio pelos EUA e viu que o R2-D2 que orna a entrada da Lucas Arts/Industrial Lights And Magic é em verdade uma peça da Sideshow, o que muito me surpreendeu, podendo eles usarem material das filmagens para decorar o ambiente. Tenho enorme apreço pela Sideshow. Toda a minha coleção de figuras de 1/4 e 1/5 são da Sideshow e são a nata do que possuo. Por sinal acho que vou vender o Boba Fett que eu comprei para financiar a minha nova aquisição. Preciso mandar um novo e-mail para o meu irmão, ou melhor, me comunicar com ele por WhatsApp nesse final de semana. Eita, tem o aniversário do meu primo no sábado e quer que eu chegue cedo lá, por volta do meio-dia. Posso tentar ligar de lá, porém haverá um trio de forró tocando. Veremos. Acabou-se a terceira página. Vou revisar e postar isso.   

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

ENTREVISTADO PELA GATINHA


16h50. Como a portuguesinha não se manifestou a respeito da entrevista (não demonstrou interesse algum para ser sincero), aproveito hoje a presença honrosa e querida da Gatinha para elaborar uma entrevista que responderei a posteriori quando retornar ao quarto-ilha. Estamos aqui embaixo na piscina e muita prosa já rolou desde a sua chegada. É sempre bom tê-la por perto e saber que tenho uma amiga do mais alto quilate para contar. Passo o teclado agora à Gatinha para que ela elabore quaisquer questões que lhe vierem à cabeça.


1- O que te faz ter medo?
Sofrimento. Físico e existencial. A solidão.

2- Qual o seu maior pesadelo?
Dois, uma morte lenta e dolorosa, voltar à depressão profunda.

3- Você já sonhou com seu honroso pai (Benicio), como foi o sonho?
Devo ter sonhado mais vezes, mas as duas que me recordo foram as seguintes: eu fazia uma grande merda com o carro de mamãe, toda a família gritava e me condenava por aquilo, meu pai chegava com um olhar de demência perto de mim se ajoelhava e me abraçava; no outro Maria (Crossing Jordan) descobria um suposto papelote de cocaína na casa de papai e a certeza de que havia sido eu fazia meu pai irromper em ira e começar a me bater, esmurrar, eu, por outro lado o acarinhava por entender o seu preconceito a meu respeito e ignorância sobre a minha inocência.

4- Tem medo de morrer, o que você acha sobre esse assunto?
Acho que a vida a minha vida é longa demais, toda vida é longa demais sem companhia, afeto. Não tenho medo da morte, quase todos os dias penso nela, a convido. Tenho medo de morrer dolorosamente, incapacitado, mas uma vez morto, ah, que alívio deixar de ser eu, de existir.

5- O que você acha do mundo digital influencer?
Acho que uma revolução digital além da imaginação humana está a caminho. Esta é minha fé que, embora não seja sólida como as demais, é a única que eu possuo ou consegui construir. Fatos pipocam todos os dias corroborando com isso, na minha opinião, e vejo como sinais da minha profecia.

6- Conte-nos qual foi sua grande decepção?
Perder você, Gatinha. Tínhamos uma vida feliz, éramos um time campeão e estraguei tudo. Adorava dormir ao seu lado. Mas o tempo passou, as coisas mudaram. O amor permanece, mas transformado.

7- Como você se vê em 5 e 10 anos?
Mais perto da morte. Com a minha coleção de bonecos exposta. Daqui a onze anos me vejo com dois livros talvez publicados e sem nenhum amigo.

8- O que você acha sobre o empoderamento feminino?
Acho que não pode virar um machismo às avessas, um repúdio da mulher ao homem. Sem exageros dessa extirpe acho um movimento muito salutar e apoio.

9- Que conselho você daria a seu filho, sobre uso de drogas?
Lembra o homem branco que chegou cheio de lindos e reluzentes presentes para os negros e índios e depois os escravizou? As drogas funcionam bem assim. (Graças a deus não tenho filhos! Hahaha.)

10- Como é sua relação com o consumo exagerado e como você faz para evitar?
Minha relação é a pior possível. Prefiro não consumir o que sei que me traz grandes problemas e grandes prazeres. Foi uma luta, mas acho que consegui me livrar disso. Cigarro e Coca, infelizmente, continuo a consumir em doses cavalares.

11- Sobre espiritismos e evoluir com encarnações, o que tem a dizer sobre isso?
É uma boa explicação, mas as demonstrações que vi não me convenceram.

12- O que mudou em 10 anos sobre sua teoria do caos?
Sobre a minha teoria (que não é a do caos, ainda acredito que o universo tenda à entropia absoluta), o que mudou é que estou menos obcecado por ela, não preciso mais de grandes explicações. Ela volta e meia me assombra e dou voz a ela, como fiz na questão 5, mas não é algo mais tão fundamental em minha vida. Sou um expectador à espera dos resultados que creio estão por vir, são inevitáveis e transformarão o mundo de uma forma inimaginável. Para melhor, eu espero.

13- Qual o seu nível de tolerância quando o assunto é racismo?
Eu tolero os racistas, meu grau de tolerância é alto em relação à maioria das pessoas. Tolero bem os diferentes pontos de vista. Não admito violência, entretanto. Somos todos uma só raça, é como sinto e vejo.

14- Você se acha uma pessoa preconceituosa, o que não te faz ser?
Sou preconceituoso, sim, todos nós somos. Acho bonito dizer que só tenho preconceito contra quem tem preconceito, mas sei que comigo não é bem assim, especialmente no que diz respeito à escolha de um par, sou bastante seletivo, ou seja, preconceituoso, em relação a isso.

15- Quem são seus ídolos?
Meu irmão e Maria de Buria.

16- Porque você parou e fotografar e porque não volta?
Não sei de onde você tirou que eu fotografei em algum momento da vida. Hahaha. Não fotografo ultimamente pois não tenho celular. Uma vez de posse de um, provavelmente voltarei a tirar fotos. Eu gosto de fotografar o que me agrada, mas não tenho técnica, visão, ou feeling para boas fotografias.

17- O que você pensa sobre padrões?
Curiosa pergunta. Vou fumar um cigarro e volto para responder. Pronto, voltei. “Padrões” é uma palavra bastante abrangente. Eu acredito que o ser humano compreende o mundo através de padrões (patterns) então padrões são algo indissociável à condição humana, tendemos categorizar coisas e criar vínculos entre elas a fim de compreender a realidade e assimilar toda a enxurrada de estímulos que recebemos através dos sentidos. Padrões de qualidade no setor de produção de insumos é algo que acho bastante útil também. Padrões no sentido de modismos/tendências não me afetam, sou imune a eles (e me sinto tanto mais estranho alienígena por causa disso).

18- Qual a mulher mais bonita atual e qual o seu padrão de beleza?
Para mim são três atrizes: Jennifer Connelly, Nora Arnezeder e Gal Gadot. Meu padrão? Jovem, não-gorda, de cabelos naturalmente lisos e com um belo rosto. Não gosto de mulherão também. Sou cheio de frescuras nesse aspecto, o que me atrapalha bastante.

19-  Qual o seu melhor momento?
Acho que o momento em que agradei mais (os demais) foi na infância. O momento que eu mais gosto do meu cotidiano eu não sei. Eu meio que desgosto do meu cotidiano. Talvez seja quando conquiste ou ganhe algo que realmente desejo. Você me pegou não sei qual é o meu melhor momento. Acho que é quando estou dormindo.

20-  O que te deixa triste? Você se acha menos feliz porque?
A solidão afetiva me entristece deveras. Eu não sei por que me acho menos feliz, só sei que me acho. Essas perguntas vão levar anos de terapia para serem respondidas.

21- Fale um pouco sobre a crise migratória na Europa.
Eu não tenho muito o que dizer, não entendo do assunto. O que vi foram imigrantes fazendo os trabalhos mais básicos, de pior remuneração. Soube que há um crescente preconceito a respeito dos imigrantes e que o ingresso de jovens de outros países contrabalanceia o envelhecimento da população na Europa. Afora isso é curioso andar em meio a tantas pessoas de culturas e aparências diferentes.